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15 fevereiro 2021

Custo da energia renovável em queda, mas não significa seu uso

Texto do Popsci destaca que a energia solar ficou barata (postamos sobre isto recentemente). E questiona a razão de não estar usando mais. 

Sobre o custo, eis um trecho:

Quando se trata do custo da energia de novas usinas, a energia eólica onshore e a solar são agora as fontes mais baratas - custando menos do que gás, geotérmico, carvão ou nuclear.

Solar, em particular, barateou em um ritmo alucinante. Há apenas 10 anos, era a opção mais cara para construir um novo empreendimento energético. Desde então, esse custo caiu 90%, de acordo com dados do Relatório de Custo Nivelado de Energia e destacado recentemente por Our World in Data . Painéis solares em escala de serviço público são agora a opção mais econômica de construir e operar. A energia eólica também apresentou um declínio dramático - os custos de vida útil de novos parques eólicos caíram 71% na última década.


Existem algumas explicações para isto:

[A Energia] Solar tornou-se barato devido a forças chamadas curvas de aprendizado e ciclos virtuosos (...) Aproveitar a energia do sol costumava ser tão caro que só era usado para satélites. Em 1956, por exemplo, o custo de um watt de capacidade solar era de US $ 1.825. (Agora, a energia solar em escala de serviço público pode custar tão pouco quanto $ 0,70 por watt .)

O ciclo virtuoso, uma das explicações é o seguinte:


Quanto mais painéis eram produzidos para satélites, mais seu preço diminuía e mais eles eram adotados para outros nichos. Como o custo diminuiu ainda mais devido a melhorias tecnológicas e ao aumento das economias de escala, a energia solar foi capaz de finalmente estrear como uma fonte de energia de uso geral viável. Desde 1976, cada duplicação da capacidade solar levou a um declínio médio de 20,2% no preço dos painéis.

Há também o investimento do governo na tecnologia. Entretanto, as fontes renováveis ainda não são adotadas substancialmente na maioria dos países (o Brasil é um exceção). Há alguns desafios tecnológicos (como levar a energia produzida em um lugar para outro ou como armazenar a energia para ser usada quando estiver de noite). A explicação pode estar no custo perdido (o texto não usa este termo e faz uma confusão entre custo e gasto):

“Temos usinas fósseis onde já pagamos para construí-las e o custo de produção de mais uma unidade de eletricidade é mais barato do que usar a infraestrutura existente do que construir uma nova infraestrutura na maioria dos casos. Portanto, considerando que já pagamos o custo inicial dessa infraestrutura de combustível fóssil, a economia ainda não se alinha quando vamos facilitar uma rápida eliminação das usinas de combustível fóssil antes do final de seu ciclo de vida. ”

Isso pode mudar em breve, no entanto. O custo de construção de novas energias renováveis ​​está se tornando cada vez mais competitivo com o custo de adicionar capacidade adicional às instalações de combustíveis fósseis existentes. Na análise da Lazard de 2020, os custos vitalícios (quando incluindo subsídios) de energia são $ 31 por megawatt-hora para energia solar e $ 26 por megawatt-hora para vento. O custo de aumentar a capacidade foi de $ 41 para carvão e $ 28 para gás natural.

Outra questão são os contratos de longo prazo:

Além de já estar fortemente investido em combustíveis fósseis, há muita inércia no sistema devido aos contratos de longo prazo entre concessionárias, produtores de energia e mineradoras. E como o uso total de energia do país não aumenta tanto a cada ano, não há muito incentivo para construir novas energias renováveis.

E a questão tecnológica (comentado anteriormente):

O sol e o vento não são consistentes ao longo do dia ou do ano, e às vezes os melhores lugares para ter energia não têm muitas pessoas morando lá. As partes mais ventosas do país - geralmente nas regiões do interior como as Grandes Planícies - têm menos pessoas para usar essa energia do que as cidades costeiras superlotadas. A envelhecida rede elétrica americana não tem atualmente a capacidade de distribuir energia de fontes renováveis ​​por longas distâncias, diz Matt Oliver, economista de energia do Instituto de Tecnologia da Geórgia.

Esses desafios de intermitência e geografia não são intransponíveis - baterias e água podem armazenar energia e melhores sistemas de transmissão podem ser construídos. Mas as soluções exigirão investimentos maciços para desenvolver e construir a infraestrutura necessária.

Balanço Patrimonial impõe dúvidas sobre o futuro do Barcelona


Clubes de futebol são geralmente mal administrados. Não somente aqui, mas também na Europa. O Barcelona é um caso onde a crise financeira pode significar o fracasso futuro. O texto a seguir faz uma vinculação entre a questão do futebol e a questão contábil. 

Barcelona e o preço impagável do sucesso: clube mais rico do mundo enfrenta grave crise financeira 

Executivos culpam a pandemia, mas muitos de seus maiores problemas, incluindo sua enorme dívida com Lionel Messi, são culpa sua 

 Tariq Panja e Rory Smith, The New York Times 15 de fevereiro de 2021 | 12h00  

O cuidadoso plano traçado pelo Barcelona, o clube de futebol mais rico do mundo, desmoronou assim que seus negociadores entraram na sala. Em uma tarde sufocante de final de verão, os executivos do Barcelona foram a um dos hotéis mais exclusivos de Monte Carlo para fechar um acordo com o clube alemão Borussia Dortmund para um dos jovens candidatos mais incríveis da Europa: o atacante francês Ousmane Dembélé.  

Messi contesta multa de R$ 4,3 bi e indica que vai insistir para deixar Barcelona Messi permaneceu no Barcelona para temporada 2020-21, mas ainda pode deixar o clube em breve Foto: Albert Gea/Reuters LEIA TAMBÉM Jornal revela contrato 'faraônico' de Messi com o Barcelona de R$ 3,6 bilhões Jornal revela contrato 'faraônico' de Messi com o Barcelona de R$ 3,6 bilhões  

O Barcelona havia decidido sua estratégia e seu preço: Dembélé, aos olhos do clube, valia US$ 96 milhões e nem um centavo a mais. Por mais que o Dortmund pressionasse por uma taxa mais alta, os homens do Barcelona iriam se manter firmes. Os dois executivos se prepararam enquanto se dirigiam para a suíte que os alemães tinham reservado. Eles se abraçaram antes de bater na porta. E então eles entraram, apenas para descobrir que os executivos do Dortmund também tinham um plano em mente.  

Os alemães disseram aos convidados que precisavam pegar um avião. Eles não tinham tempo para conversar sobre trivialidades e não estavam ali para negociar. Se o Barcelona quisesse Dembélé, teria que pagar quase o dobro da avaliação dos espanhóis: US$ 193 milhões. O preço faria do francês de 20 anos o segundo jogador de futebol mais caro da história.  

O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, ficou chocado. Mas ele não foi embora. Ele rapidamente concordou em pagar quase todo o valor, estabelecendo uma taxa inicial de US$ 127 milhões, com mais US$ 50 milhões em bônus de desempenho facilmente alcançáveis. Apesar de todas as suas intenções de fazer jogo duro, ele sentia que não tinha escolha.  

Apenas algumas semanas antes, o Barcelona vira um de seus valiosos jogadores, Neymar, ser levado pelo Paris Saint-Germain. Bartomeu não podia arriscar decepcionar uma base de fãs que ainda se recuperava do golpe e voltar para casa de mãos vazias. Ele precisava contratar uma estrela, um troféu, uma joia de pequeno valor. Ele teve que pagar o preço.  

O CLUBE DE UM BILHÃO DE DÓLARES 
Durante grande parte da última década, o Barcelona teve a imagem de um colosso esportivo e comercial. Neste século, seu sucesso em campo e sua riqueza fora dele atiçaram a inveja até de seus rivais mais acirrados. É a primeira (e única) equipe a ultrapassar US$ 1 bilhão em receita anual. Ele emprega indiscutivelmente o melhor jogador da história, Lionel Messi. Nos dias de jogos, o cavernoso e icônico estádio que ele chama de lar fica lotado com quase 100 mil sócios do clube que pagam suas taxas como associados.  

Mas o Barcelona tem vivido no limite durante grande parte de sua história recente, uma consequência de anos de administração impulsiva, decisões precipitadas e contratos imprudentes. Durante anos, o aumento das receitas ajudou a esconder seus piores erros, mas agora o novo coronavírus mudou a matemática.  

Um ex-integrante da diretoria acredita que a pandemia acabará custando ao time mais de meio bilhão de dólares em receita. Sua folha de pagamento é a mais cara da Europa. Ele já quebrou as cláusulas de dívidas que fez com seus credores, o que quase certamente significará maiores custos com juros no futuro.  

O resultado é que o clube que arrecada mais dinheiro do que qualquer outro no futebol mundial agora enfrenta uma crise: não apenas um aperto financeiro esmagador, mas uma eleição presidencial controversa e potencialmente até a perda de sua joia da coroa, Messi. Sua busca precipitada por Dembélé, entre outros, é apenas uma parte de como chegou até aqui.  

Mesmo quando Bartomeu finalizou a negociação, em agosto de 2017, o Barcelona sabia que havia sido ferido. O clube arrecadou US$ 222 milhões com a venda de Neymar semanas antes e agora precisava de uma contratação chamativa para mudar a conversa. Todo negociante na Europa, entretanto, sabia que Barcelona era rico em dinheiro e pobre em tempo. “Você tem uma posição de negociação mais fraca”, disse Jordi Moix, ex-vice-presidente de Bartomeu para assuntos econômicos. "Eles estão esperando por você."  

Se algum clube podia pagar a mais, porém, era o Barcelona. Na década anterior, ele havia se transformado não apenas no melhor time do mundo - o vencedor de três títulos da Champions League em sete anos -, mas também na sua maior máquina de fazer dinheiro.  

Suas receitas então se aproximavam cada vez mais da meta de 1 bilhão de euros estabelecida por Bartomeu em 2015. Ele atingiu a marca - em dólares, pelo menos - em 2019, dois anos antes do previsto. Os planos para um distrito elegante de entretenimento e lazer ao redor do estádio do time e o lançamento do Barcelona Innovation Hub manteriam o fluxo de dinheiro.  

Ao mesmo tempo, porém, o clube caminhava em uma corda bamba financeira cada vez mais delicada. Há outro marco financeiro de um bilhão de dólares que ele ultrapassou: sua dívida total, incluindo o valor devido a bancos, autoridades fiscais, times rivais e seus próprios jogadores, aumentou para mais de 1,1 bilhão de euros.  

Mais de 60% disso é considerado dívida de curto prazo - mais do que qualquer time da Europa -, mas isso não impediu os gastos extravagantes no mercado de transferências: não apenas o preço pago por Dembélé, mas, alguns meses depois, os US$ 145 milhões comprometido pela contratação de Philippe Coutinho do Liverpool - outra negociação em que o Barcelona desistiu e concordou com um preço que não podia pagar.  

O fardo de pagar aos jogadores que já estão nas contas do clube também continuou a crescer. De acordo com Carles Tusquets, seu presidente interino desde que Bartomeu foi deposto no ano passado, o gasto anual com salários do Barcelona de US$ 771 milhões agora consome 74% da receita anual do clube, uma fatia muito maior do que outros clubes, muitos dos quais pretendem manter essa porcentagem não superior a 60. “É uma quantidade absurda”, disse Tusquets.  

De certa forma, o Barcelona foi vítima de seu próprio sucesso. Quanto mais seus jogadores ganhavam, maiores eram os números que eles poderiam exigir nas negociações salariais. O fato de grande parte de sua equipe - como Messi, mas também Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba - serem vistos como a alma do clube, uma prova visível do caminho desde a academia La Masia até o time principal, deu aos jogadores, não ao clube, vantagem.  

“É evidente que a falta de liderança, a liderança da diretoria com medo de dizer não, é uma das principais coisas que deve ser evitada no futuro”, disse Víctor Font, um dos candidatos a se tornar o próximo presidente do clube quando as eleições forem realizadas em março. “Os salários subiram demais.”  

Mas quando o clube podia contar com receitas de US$ 1 bilhão todos os anos, pagar quase US$ 700 milhões em salários era "um estresse, mas suportável", disse Moix, acrescentando: "Isso não nos deu muito espaço para economizar, mas eles eram a espinha dorsal da equipe. Se não tivéssemos feito os acordos, eles teriam ido embora.”  

Com a previsão de receita para o próximo ano revisada para baixo em US$ 250 milhões, os salários dos jogadores podem em breve representar até 80 centavos de cada dólar trazido para o clube. A mesma equipe que trouxe ao Barcelona tanta glória no passado recente parece, agora, dar sinal do trabalho árduo no futuro imediato.  

E não há exemplo mais claro disso do que o jogador que - acima de tudo - veio a simbolizar este Barcelona, o jogador em cujos ombros repousou a sua ascensão à superioridade global e cujo salário, agora, representa o seu maior compromisso financeiro: Lionel Messi.  

FARAÓ 
O contrato que Messi assinou com o Barcelona - no outono de 2017, logo após a saída de Neymar - tem 30 páginas, segundo um jornal espanhol que vazou uma cópia do documento. Ele contém uma série de custos de fazer chorar: um bônus de assinatura de US$ 139 milhões. Um bônus de “fidelidade” de US$ 93 milhões. Um valor total, se Messi cumprir todas as cláusulas e todas as condições, de quase US$ 675 milhões.  

No mês passado, o jornal que divulgou seu conteúdo, o El Mundo, o descreveu como “faraônico”, um negócio que estava “arruinando Barcelona”. O fato de Messi ser o jogador mais bem pago do mundo não foi uma surpresa: foi relatado na época em que o contrato foi fechado que ele ganharia um salário anual de cerca de US$ 132 milhões.  

Para quem está fora do Barcelona, ver a escala da negociação preto no branco foi mais impressionante. Para quem está dentro do clube, porém, o problema não são os números, mas o fato de eles terem sido revelados ao público. Ronald Koeman, o treinador do Barcelona, pediu a cabeça de quem quer que tenha sido responsável pelo vazamento do contrato. O clube ameaçou entrar com uma ação legal. Messi também ficou furioso com o que considerou uma tentativa de sabotar sua reputação no clube.  

A relação de Messi com o Barcelona está tensa há algum tempo. Mas no verão passado, após uma terceira temporada consecutiva de decepções e um histórico 8-2 de humilhação na Champions League, sua frustração transbordou e ele deu ao clube uma notificação formal de que pretendia encerrar seu contrato e ir embora.  

Bartomeu se recusou até a aceitar a ideia. Se algum pretendente quisesse contratar Messi, declarou ele, teria que pagar uma taxa. Embora Messi tenha visto isso como uma quebra não apenas de uma promessa, mas de uma obrigação contratual, ele acabou desistindo, não querendo levar o clube que representa desde os 13 anos ao tribunal para forçar sua saída.  

Seis meses depois, seu futuro não é mais certo. Seu acordo expira em junho. Desde 1º de janeiro, ele está livre para concordar com uma mudança neste verão para qualquer clube fora da Espanha. Em uma entrevista à televisão no mês passado, ele disse que “esperaria até o fim da temporada” antes de tomar qualquer decisão. “Se eu for embora”, disse ele, “quero partir da melhor maneira possível”.  

Embora seja um tabu para ser dito em público - e embora ninguém fique à vontade para isso -, há quem dentro do Barcelona acredite que a saída de Messi possa ser um mal necessário. No verão passado, alguns falaram pelos cantos que fazia sentido lucrar com Messi enquanto o clube ainda podia, e não apenas porque a taxa de transferência e a economia em seu salário de nove dígitos poderiam adicionar mais US$ 250 milhões ao balanço final do time.  

QUEIMA DE ESTOQUE 
À medida que a eleição presidencial do clube se aproxima, cada candidato tenta se posicionar como o único homem - e são todos homens - com uma solução para a crise financeira. Mas o charme do Barcelona, em certo sentido, também é sua maldição: cada movimento do clube deve ser feito não apenas com o apoio de quem quer que ganhe a eleição em 7 de março, mas também com o apoio de seus 140 mil ferrenhos associados.  

“Isso torna a situação um pouco mais difícil de gerenciar”, disse Moix. “Mas esse fato também é um dos diferenciais que usamos para tentar atrair patrocinadores e negócios. Os associados são os verdadeiros proprietários.”  

No passado, isso contribuiu para a generosidade do clube: Bartomeu poderia não ter ficado tão desesperado para conseguir Dembélé, qualquer que fosse seu preço, se ele não temesse uma revolta de fãs caso falhasse. Font, um de seus sucessores em potencial, está convencido de que a falta de experiência profissional entre as diretorias anteriores levou a algumas das tomadas de decisão equivocadas.  

Assim como o Borussia Dortmund percebeu que o Barcelona, em 2017, não estava em condições de pechinchar, o futebol europeu - devastado pela pandemia - sabe muito bem que agora ele é, na verdade, um negociante em apuros. É improvável que seus jogadores exijam preços premium, se os compradores em posição de pagar salários distorcidos por estrelas envelhecidas puderem ser encontrados em primeiro lugar.  

Isso obrigou os executivos a examinar outras medidas para tentar aliviar a pressão financeira. Alguns dos custos - como um pagamento anual de 5 milhões de euros ao Atlético Madrid, um suposto rival, pela primeira recusa de qualquer um de seus jogadores - fazem pouco sentido. Outros, como pagamentos de sete dígitos por contratações anteriores, já estão incluídos.  

Por enquanto, o clube tem se esforçado para renegociar parte do que deve a seus credores, mas é provável que qualquer tentativa signifique fazer isso em condições piores. Claro, existe uma outra opção. Permitir a saída de Messi pode resolver muitos dos problemas no balanço patrimonial de uma só vez e dar ao clube algum espaço para respirar. Mas, embora todos os candidatos falem da necessidade de restaurar a sanidade financeira, esse é um caminho que ninguém está disposto a seguir.  

“O melhor jogador da história desse esporte gera muito valor comercial”, disse Font. Ele está tão determinado a garantir a permanência de Messi que lhe ofereceria um contrato vitalício, que ligaria o jogador ao clube mesmo depois de ele se aposentar. Afinal, seria uma recompensa adequada para o jogador que - mais do que qualquer outro - trouxe o Barcelona até aqui. 
/ TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

NBC TG 25 - Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes

Rir é o melhor remédio

 


14 fevereiro 2021

Quanto custou o descobrimento da América

 

A Gazeta, edição infantil, 1930, ed. 55, p. 7

Cafeteria e produtividade


Algumas das pessoas mais bem-sucedidas da história fizeram seu melhor trabalho em cafeterias. Pablo Picasso , JK Rowling , Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Bob Dylan - sejam eles pintores, cantores e compositores, filósofos ou escritores, pessoas de várias nações e séculos usaram sua criatividade trabalhando em uma mesa de café .

O texto da BBC cita uma pesquisa de 2012 que mostrou que um nível baixo/moderado de ruído, como existe em uma cafeteria (mas não em uma bar) pode aumentar a produção criativa. 

Interessante. Talvez por este motivo é possível encontrar sites que simulam ruídos existentes em uma cafeteria, como o Murmur. (Foto: café onde JK Rowling escreveu Harry Potter)

Partida Tripla

 A "piadinha" eu encontrei em um jornal infantil existente na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. O autor da piada desconhece contabilidade, mas vale a pena transcrever aqui (fiz ajustes para adequar ao português atual e a leitura ficar mais fluída):

As partidas tríplices

O João Firmino, lendo, num jornal da tarde, que certa firma comercial necessitava de um guarda-livros, apresentou-se como candidato. Recebido pelo chefe do estabelecimento e tendo respondido as primeiras perguntas satisfatoriamente, o homem declarou:

- Estou inclinado a dar-lhe o lugar...

Fez uma pequena pausa, para logo prosseguir:

- ... desde que o senhor entende do sistema de partidas dobradas na contabilidade. Entende?

- Sim, entendo.

- Dê-me então uma prova concreta.
- No outro emprego que eu tive era obrigado a usar partidas triplas
- Como assim?
- Uma para o sócio principal, mostrando grandes lucros; a segunda, para o sócio minoritário, mostrando um lucro pequeno; e a terceira, para o imposto, mostrando prejuízo. 

Fonte: A Gazeta, ed infantil, 1935, ed. 112. 

Doxxing e o ato de blogar

 


Doxxing é a prática de divulgar dados privados sobre uma pessoa ou sobre uma entidade. A divulgação destas informações pode ter várias razões, incluindo extorsão, assédio, humilhação e outras possibilidades. 

No ano passado, o New York Times resolveu fazer uma reportagem sobre o blog Slate Star Codex, de autoria de Scott Alexander. Este blog tinha uma grande influencia e apresentava alguns argumentos pouco usuais em diversos assuntos. [Chegamos a fazer uma postagem usando dados e argumentos de Alexander sobre o ambientalismo, em meados de 2020]. O problema é que o jornal resolveu revelar a identidade de Alexander, mesmo o autor tendo pedido para não fazê-lo. Diversos protestos surgiram na internet (aqui um espaço criado por um deles)

Alexander resolveu apagar o blog em protesto contra a atitude do jornal. Agora, em 2021, Alexander volta a escrever através de um site chamado AstralCodexten, hospedado no “Substack”. E comenta o episódio em uma longa postagem

Após ter seu nome revelado, Alexander, cujo nome verdadeiro é Scott Siskind, perdeu seu emprego. Sobre isto, ele escreve:

Aparentemente, se você tem um blog sobre sua área, isso pode tornar mais difícil conseguir ou manter um emprego na academia . Não tenho certeza do que achamos que estamos ganhando ao garantir que as pessoas mais inteligentes e educadas ao redor não sejam capazes de falar abertamente sobre as áreas em que são especialistas, mas espero que valha a pena.

[Será que em algum momento isto aconteceu no Brasil, com algum blogueiro? Será que temos algum blogueiro que possa contar uma história de discriminação, por ser blogueiro? Não duvido]

Em outro trecho:

E uma pesquisa recente descobriu que 62% das pessoas sentem medo de expressar suas crenças políticas. Não se trata apenas de conservadores - também são moderados (64%), liberais (52%) e até mesmo muitos liberais fortes (42%). Isso é verdade mesmo entre grupos minoritários, com mais latinos (65%) sentindo medo de falar do que brancos (64%), e negros (49%) logo atrás. 32% das pessoas temem que seriam demitidas se suas opiniões políticas se tornassem conhecidas, incluindo 28% dos democratas e 38% dos republicanos. Pessoas pobres e hispânicos têm mais probabilidade de expressar essa preocupação do que pessoas ricas e brancos, mas pessoas com pós-graduação têm pior do que qualquer outro grupo demográfico. E o retrocesso é que esses números aumentaram quase dez pontos percentuais em relação à última pesquisa, três anos atrás. O maior declínio na sensação de segurança foi entre os "liberais fortes", que se sentem 12 pontos percentuais menos seguros para expressar sua opinião agora do que nos velhos tempos de 2017. 

Diante disto tudo, Alexander escreve o seguinte:

Meus pacientes estão se saindo melhor do que poderiam - alguns deles muito melhores - por causa de coisas que aprendi com todos vocês no processo de blogar. A maior parte do progresso intelectual que fiz nos últimos dez anos tem acompanhado as ligações que as pessoas me enviaram por causa do meu blog. Na medida em que o mundo faz sentido para mim, na medida em que fui capaz de desatar alguns dos nós mais espinhosos e ser recompensado com o alívio da clareza mental, muito disso foi por causa de coisas que aprendi enquanto blogava . (...) E depois de ler algumas centenas de seus e-mails, percebi, perfeitamente claro, que vou passar o resto da minha vida tentando merecer pelo menos um por cento do amor que você [leitor] demonstrou e dos presentes que você me deu.

[Sinto que minha aula, minhas orientações, meus livros e minhas pesquisas melhoraram muito depois de começar a blogar] 

Imagem: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Tirando férias

13 fevereiro 2021

Trabalho em casa e a Pandemia


Tim Harford, sobre a experiência de trabalhar em casa na pandemia:

Em fevereiro de 2014, o metrô de Londres foi parcialmente fechado por uma greve que forçou muitos passageiros a encontrar novas maneiras de chegar ao trabalho. A interrupção durou apenas 48 horas, mas quando três economistas (Shaun Larcom, Ferdinand Rauch e Tim Willems) estudaram dados da rede de transporte da cidade, descobriram algo interessante.

Dezenas de milhares de passageiros não retornaram às suas rotas originais, presumivelmente tendo encontrado maneiras mais rápidas ou mais agradáveis ​​de chegar ao seu destino. Algumas horas de interrupção foram suficientes para fazê-los perceber que estavam errando no deslocamento durante toda a vida adulta. (...)

O que a greve do metrô de 2014 nos ensina é que interrupções temporárias podem ter efeitos permanentes. Às vezes, há cicatrizes que não cicatrizam; às vezes, uma crise nos ensina lições que podemos usar quando ela passar. Então, o que aprendemos com o experimento de trabalho remoto? E até que ponto isso continuará depois que o vírus tiver retrocedido?

Fatalmente a pandemia irá mudar muita coisa. Mas seria arriscado (muito arriscado) dizer que será uma mudança radical. 

Dyatlov Pass

 


Um dos grande mistérios modernos parece ter encontrado uma explicação. O Dyatlov Pass foi um evento que ocorreu na antiga URSS, no ano de 1959. Uma expedição com dez pessoas de um instituto politécnico de Yekaterinburg foi encontrada morta, de maneira muito estranha.

Diversas teorias foram apresentadas para justificar o ocorrido, de experiência secreta do governo russo até sinais estranhos no céu. Os russos reabriram o caso em 2019, diante do interesse pelo caso (há até um site específico sobre o assunto)

Agora, dois cientistas suíços estão propondo uma explicação para o caso. Estudando os arquivos e aplicando novas técnicas de análise, os pesquisadores demonstraram que a causa da morte pode ter sido um tipo de deslizamento de neve chamado "avalanche de laje". Isto ajudaria a explicar os "estranhos" ferimentos encontrados. Assim, eles teriam sido mortos por causas naturais. 

(Não é bem interessante usar técnicas atuais para investigar eventos históricos?)


Imposto sobre tudo

 Nos dias atuais, o governo cobra impostos de quase tudo. Mas no passado, a cobrança de impostos era algo mais difícil e alguns impostos cobrados eram realmente peculiares. Eis uma lista inicial. 

ÓLEO DE COZINHA

Onde foi cobrado: Egito antigo

Razão: Uma forma de reduzir a utilização do óleo. O súdito teria que comprar um óleo de cozinha novo, pagando os impostos

URINA

Onde foi cobrado: Roma, imperador Vespasiano

Razão: A amônia proveniente da urina era muito usada em diversos processos. Os compradores de urina compravam a urina para, por exemplo, produzir lã. Há uma frase, Pecunia non olet (dinheiro não fede) que é atribuída ao próprio Vespasiano

SOLTEIROS

Onde foi cobrado: Roma, durante o reinado de Augusto. Mas também Inglaterra no século XVII e URSS após 1941

Razão: enquanto recompensava as famílias com três ou mais filhos, Augusto penalizava os solteiros. Na URSS a razão era combater o declínio demográfico

COVARDES

Onde foi cobrado: Inglaterra medieval

Razão: um convocado para lutar em uma guerra, poderia escapar pagando um valor, chamado de “imposto dos covardes”. Muitas vezes era cobrado mesmo o país não estando em guerra.

INIMIGOS

Onde foi cobra: Inglaterra, entre 1653 a 1658

Razão: o imposto era cobrado pois o reino precisava financiar a milícia que era usada contra os conspiradores


BARBAS

Onde foi cobrado: Rússia, de Pedro, o Grande (vide a série The Great) (foto)

Razão: tentativa de adotar hábitos ocidentais. Os mais pobres podiam usar barba por apenas dois copeques por ano e os mais ricos pagavam 100 rublos. Quem sonegasse teria a barba cortada pela polícia. 

JANELA

Onde foi cobrado: Inglaterra, a partir de 1696

Razão: taxar as pessoas conforme sua riqueza. Se uma casa tivesse mais janelas, a pessoa teria que pagar mais impostos, pois seria mais rico. Problemas com a definição de janela e o fato de que os donos começaram a “fechar” as janelas para reduzir o imposto. Foi revogado em 1851. 

Baseado aqui

Rir é o melhor remédio

 

O histórico de um navegador pode ser bem comprometedor

12 fevereiro 2021

Faz sentido um empresa investir em Bitcoin - 2


Investidores da montadora de carros elétricos Tesla estão questionando se o gasto de US$ 1,5 bilhão de Elon Musk em bitcoin será tão bom para a empresa quanto foi para a criptomoeda.

O anúncio da Tesla na segunda (8) de que havia movido quase 8% de suas reservas para bitcoin elevou o preço da criptomoeda a níveis históricos, subindo mais de 16% nesta semana, enquanto as ações da Tesla caíram quase 6%. Outras empresas podem seguir o exemplo da Tesla, com o vice-presidente financeiro do Twitter dizendo à CNBC que a empresa considerou adicionar bitcoin ao seu balanço patrimonial.

Acionistas expressaram preocupação de que o investimento da Tesla, que recentemente se juntou ao índice de ações S&P 500, possa alimentar mais oscilações nas ações da empresa.

“Isso aumentará a volatilidade das ações devido à exposição ao bitcoin”, disse King Lip, estrategista-chefe da Baker Avenue Wealth Management, que possui ações da Tesla desde 2015. “Isso é melhor para o bitcoin do que para o Tesla.”

Gary Black, ex-presidente-executivo da Aegon Asset Management e agora um investidor privado que está otimista com a Tesla desde 2019, anunciou na segunda no Twitter que havia vendido suas ações da Tesla. Ele citou a ausência de uma meta de entregas para 2021 e a estratégia de alocação de capital mais arriscada da empresa, entre outros motivos.

A dificuldade de avaliar a criptomoeda notoriamente volátil no longo prazo também era motivo de preocupação para os investidores.

“Elon Musk expôs a Tesla a um imenso risco de avaliação de mercado”, escreveu Peter Garnry, chefe de estratégia de ações do Saxo Bank, em relatório, referindo-se a um método contábil desenvolvido para medir o valor justo das contas – ativos e passivos – para fornecer uma medida do desempenho financeiro atual.

Fonte: aqui

Já tínhamos discutido este ponto no blog antes. Vide aqui

Batista é condenado

 

A 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro condenou, na última terça-feira (9), o empresário Eike Batista a uma pena de 11 anos e 8 meses de prisão por crimes contra o mercado de capitais. A decisão da juíza Rosália Monteiro Figueira também resultou em uma multa de R$ 871 milhões pelos crimes de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado. 

O empresário, que chegou a ser considerado o homem mais rico do país na primeira edição do ranking de bilionários brasileiros da Forbes, em 2012, teve sua primeira grande perda patrimonial no ano seguinte. Na ocasião, caiu da primeira para a 52ª posição da lista após o derretimento dos preços das ações de suas seis companhias, motivado pela desconfiança diante do sério endividamento do grupo, com rumores de um calote milionário. O tombo foi de uma fortuna avaliada em R$ 30,26 bilhões para R$ 2,95 bilhões. 

Em 2014, quando foi denunciado por ocultar do mercado informações negativas sobre sua empresa produtora de petróleo, a OGX, aproveitando-se de informações privilegiadas para lucrar, Eike Batista já não fazia mais parte do grupo de bilionários brasileiros. De acordo com o Ministério Público Federal, o empresário também teria simulado a injeção de até US$ 1 bilhão na OGX para atrair investidores, resultando no crime de manipulação de mercado. 

Esta é a terceira condenação de Eike Batista pela 3ª Vara Criminal. Além disso, ele também foi condenado a mais de 30 anos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no processo da Operação Eficiência, desdobramento da Lava-Jato, acusado por pagamento de propina ao ex-governador Sérgio Cabral. As penas já totalizam 58 anos de prisão, mas o réu responde o processo em liberdade. 

Fonte: aqui

Chefão da KPMG renuncia após mandar equipe “parar de reclamar”


Bill Michael (foto), que comanda a KPMG do Reino Unido desde 2017, renunciou após um revolta dos funcionários contra seu discurso público onde pediu para os funcionários “parar de reclamar sobre a pandemia” e evitar fazer papel de vítima. Ao renunciar, Michael afirmou que sua posição era insustentável

A revolta foi noticiada pelo Financial Times no dia 9 de fevereiro e mesmo o pedido de desculpas do executivo, que já teve Covid, não foi suficiente para colocar fim a controvérsia.  A KPMG abriu uma investigação independente. 

Como a KPMG está fazendo corte de salário e pessoal, as palavras do executivo, que ganhou 1,7 milhão de libra, talvez seja uma decorrência de “uma cultura de trabalho tóxica”. Michael fez o comentário infeliz durante um encontro onde também anunciou redução nos pagamentos e a adoção de uma “curva de distribuição forçada. (Para aqueles que vivem no escuro, o desempenho da equipe é medido em relação à curva; aqueles que estão na extremidade inferior geralmente são solicitados a revisar "suas aspirações de carreira".)

Foto: aqui

Rir é o melhor remédio

 


11 fevereiro 2021

Educação: antiguidade é posto


Das 100 melhores faculdades dos EUA, apenas 7 foram fundadas nos últimos 100 anos e nenhuma foi fundada nos últimos 50 anos. Isso contrasta com as 100 maiores empresas, onde 64 foram fundadas nos últimos 100 anos. As 100 melhores faculdades do US News and World Report Rankings. 

Os 5 mais recentes nas 100 melhores faculdades dos EUA são: 

Universidade da Califórnia em San Diego - 1960

Universidade Brandeis - 1948

Claremont McKenna College - 1946

Scripps College - 1926

Universidade de Miami - 1925

Fonte: aqui

Obviamente que isto não se aplica ao Brasil, onde o ensino superior é bem mais recente. Aqui a relação de universidade antigas no mundo, sendo a de Bolonha a mais antiga (imagem).

Mas não somente isto: 

Como Cambridge e Oxford garantiram monopólios? 

No ano de 1500, mais de 100 universidades foram fundadas na Europa. Mas entre os anos 1300 e 1820, nenhuma nova universidade foi estabelecida na Inglaterra. 

Nenhum. 

Zero. 

 Em 1320, Oxford e Cambridge alavancaram seu sucesso inicial para fazer uma petição ao rei Eduardo III para bloquear a formação de novas universidades na Inglaterra. Ao mesmo tempo, eles incentivaram os ex-alunos a não darem palestras fora dos dois campi. Com a política em vigor, as duas universidades garantiram uma vantagem inicial de 500 anos, onde construíram reputações e redes de influência na Inglaterra

Princípio de Planck


O Princípio de Planck, que homenageia o cientista de mesmo nome, afirma que uma mudança na ciência acontece quando os velhos cientistas morrem. Uma nova verdade não irá mudar a mente dos atuais cientistas. Mas os jovens, acostumados a esta nova ideia, irão substituir os antigos e promover a mudança. 

Assim, o progresso da ciência ocorre não pelo convencimento das pessoas. Raramente "Saulo se torna Paulo", lembrando de São Paulo, que foi convertido ao cristianismo (a nova ideia). Ou como lembra a wikipedia: a ciência avança a cada funeral. 

Isto ocorreu na contabilidade? Provavelmente a renovação promovida nos anos 60/70 na Universidade de São Paulo contou com o vácuo de pesquisadores com influência italiana. A renovação quantitativa nos Estados Unidos foi acompanhada desta renovação. Lembro também do impacto da renovação provocada pelo professor Corrar, em métodos quantitativos no Brasil, quando incorporou novas ideias de pesquisa, na pós-graduação brasileira. 

Foto: aqui

Pergunta de antigamente

Algumas profissões, como a contabilidade, obrigam o uso dos óculos?

Sim, mas não é porque a vista enfraqueça mais depressa em certas condições que em outras. Um contador que tem os olhos normais não tem vista pior que um agricultor da mesma idade. Apenas um olha os números a trinta centímetros de seu nariz, ao passo que outro olha o horizonte. A partir dos 45 anos, quer o confessemos quer não, necessitamos usar óculos se queremos ler o dia inteiro. 

(Fabienne Cousin, Tudo sobre olhos, A Cigarra, 1960, n.1)