Translate

27 janeiro 2019

História da Contabilidade: Ensino à distância e o IUB

O Instituto Universal Brasileiro foi durante muitos anos uma referência no ensino à distância no Brasil. No caso, o aluno mandava um formulário indicando o curso de seu interesse, o endereço e efetuava o pagamento para receber o material em sua casa, pelos correios.

Um dos cursos oferecidos pelo Instituto era o de contabilidade. Talvez fosse um dos mais importantes, pelo volume de propaganda que era feita. Talvez seja impossível de precisar a quantidade de alunos formados pelo Instituto ao longo do anos, mas não era um valor desprezível.

Durante a década de 30 a 40, analisando a principal revista brasileira da época, “O Cruzeiro”, era possível achar uma propaganda do IUB em quase todas as edições. A seguir, um exemplo de uma destas propagandas. Ela ocupava cerca de um quarto da página 21, edição 6, de 6 de dezembro de 1941.

Aqui outra, agora com um depoimento de um aluno do Poxoreu, Mato Grosso:

História da Contabilidade: Nasser e a UBC em 1948

David Nasser foi um conhecido compositor brasileiro (“A Camisola do Dia”, “Nega do cabelo duro” entre outras) e jornalista. Talvez tenha sido um dos jornalistas brasileiros mais conhecidos de todos os tempos, tendo atuado na revista O Cruzeiro, Manchete entre outros.

Em 1948, Nasser publicou na revista O Cruzeiro um texto chamado: Que Cigarro Fuma o Tesoureiro? (edição 11 de 1948, p. 62, 4 e 6, nesta ordem, de 3 de janeiro de 1948). O texto comentava sobre uma queixa-crime apresentada por Osvaldo Santiago, tesoureiro da União Brasileira de Compositores. A UBC era responsável por ajudar os compositores a arrecadar os direitos autorais de suas obras. Na abertura do texto, Nasser escreveu:

"(...) Osvaldo Santiago deveria, imediatamente, antes de qualquer processo criminal contra seus denunciadores, vir a público e, com o desassombro de quem tem a consciência tranquila, solicitar, êle mesmo, a abertura de um inquérito, com o exame de tôda escrita da sociedade."

(grafia da época, conforme página 62 da revista. O termo "escrita" refere-se a "contabilidade")

Mais adiante, na página 4, Nasser informa que o perito Florindo Focaccia, "membro efetivo da Câmara de Peritos Contadores do Instituto Brasileiro de Contabilidade" apresentou um laudo sobre a contabilidade da UBC. E cita parte deste laudo, reproduzido, também em parte, a seguir:

a U.B.C não se esforça nem mantém aceitável serviço de contabilidade, visto que o técnico que se propõe a fazer uma investigação contábil no seu campo administrativo, enfrenta tamanho "cáos", que, fatalmente, se embaraçará no cipoal de detalhes (...) [grifo no original]. 

(...) Ora, esta modalidade é inteiramente irregular e pode bem ser chamada de "martelo contábil", porque no fim do exercício financeiro, a diretoria vê-se na situação bastante cômoda" de fazer lançamentos de ajustes" que não se recomendam. 

Na página 6, continuando o texto, Nasser afirma que não é possível analisar os balanços patrimoniais e a "receita e despesa" em razão dos problemas contábeis da entidade. Como o texto é de 1948, observe que o termo "martelo contábil" (que alguns ainda hoje conhecem como "princípio da marreta") é anterior a esta data.

Apesar de ser um famoso jornalista, Nasser esteve envolvido em diversas polêmicas. Esta parece ter sido mais uma delas.

Rir é o melhor remédio

Esta é uma história sobre gasto público. Vou contar uma versão que saiu na O Cruzeiro, de 20 de dezembro de 1930 (existem outras).

O Barão do Rio Branco, um dos maiores nomes da história brasileira, foi importante na definição das fronteiras do Brasil. Também era conhecido por esbanjar o dinheiro público. No tempo que o Barão era ministro da Relações Exteriores existia um diretor da contabilidade, ótimo funcionário, mas bastante surdo. Um dia este funcionário estava atravessando uma sala, quando o Barão gentilmente o interpelou:

- Então, como vai o senhor? Está melhor?

Como o funcionário não conseguiu ouvir, replicou frenético:

- Não há mais dinheiro, Senhor Barão, não há mais dinheiro.

O Barão achou graça e aproximando mais disse:

- Não senhor Ernesto. Estou perguntando como estás?

- Ah, entendeu o diretor da Contabilidade. Um pouco melhor, senhor Barão. Muito obrigado.

E apressou em sair, antes que o Barão arrumasse outro gasto.

26 janeiro 2019

Impostos de celebridades

A conhecida atriz chinesa Fan BingBing ficou oficialmente desaparecida em 2018. No final do ano confirmou a notícia que a atriz ficou detida em razão da evasão de impostos. A China tomou sua atriz mais conhecida para mandar um aviso para as demais celebridades: paguem seus impostos.

Segundo a Forbes, a China conseguiu obter 1,62 bilhão de dolar em impostos por parte de celebridades e empresas na área do entreterimento. A informação da Forbes tem sua origem na própria empresa estatal Xinhua.

Malásia e os auditores

A questão do fundo 1MDB, que investia recursos públicos da Malásia, realmente poderia, quem sabe, resultar em um filme, com participação de Leonardo diCaprio (no papel dele mesmo), Miranda Kerr (idem), Elva Hsiao (idem), Foxx (idem) e Alicia Keys (idem).

Uma notícia de um jornal chinês diz que os reguladores do país asiático estariam investigando a conduta dos auditores em relação ao trabalho que deveria ter sido feito no fundo. O regulador asiático diz que ainda está investigando o trabalho da KPMG e da Deloitte, para verificar se "ajudaram" ou simplesmente foram "negligentes". Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, mais de 4,5 bilhões de dólares foram roubados do 1MDB entre 2009 a 2014.

(Fotografia: Di Caprio e Jho Low, o responsável pelo desvio)

Vale e Brumadinho 2

O rompimento da barragem de Brumadinho levou um juiz a adotar uma medida de tornar indisponível e a bloquear um bilhão de reais "da Vale S/A ou de qualquer de suas filiais indicadas [...] com imediata transferência para uma conta judicial a ser aberta especificamente para esse fim, com movimentação a ser definida pelo juízo competente pelo Estado de Minas Gerais”.

Segundo a notícia:

Outras determinações foram feitas pelo Juiz de plantão, são elas: impedir que os rejeitos contaminem as fontes de nascente e captação de água [isto não faz sentido]; ter total cooperação com o Poder Público no resgate e amparo às vítimas, devendo apresentar no prazo de 48h relatório pormenorizado das medidas adotadas; iniciar a remoção do volume de lama lançado pelo rompimento da barragem, informando semanalmente ao Juízo e às autoridades competentes as atividades realizadas e os resultados obtidos; realizar o mapeamento dos diferentes potenciais de resiliência da área atingida.

O Governo de Minas também pediu a indisponibilidade das ações da empresa Vale [?] em Paris, Nova York e São Paulo, mas não foi concedido na tutela de urgência do Juiz da Vara de Belo Horizonte.


Com respeito ao bloqueio, no último balanço a empresa tinha informado um total de caixa e equivalentes de 24 bilhões de reais no consolidado e 2,8 bilhões na controladora.

Diante do fato, seria possível imaginar que a contabilidade já poderia estar lançando provisões relacionadas ao acidente que ocorreu ontem. Olhando as demonstrações de setembro a resposta seria: provavelmente não. Veja o que diz um trecho (nota explicativa 22, item d, "Contingências relacionadas ao acidente da Samarco")

Em função do estágio dos processos envolvendo o acidente da Samarco e descritos acima, não é possível determinar nesse momento um intervalo de possíveis desfechos ou uma estimativa confiável da exposição potencial para a Vale S.A. Portanto, nenhum passivo contingente foi quantificado e nenhuma provisão para os processos relacionados ao acidente está sendo reconhecida.

Vale e Brumadinho

A Vale, diante da tragédia de Brumadinho, divulgou na sua página (imagem), algumas poucas informações sobre o que ocorreu. Talvez seja cedo para ter mais informações, mas o presidente da empresa, em entrevista, afirmou que era muito mais uma tragédia humana que ambiental. Estava comparando com o rompimento de outra barragem, também em Minas Gerais, na cidade de Mariana, que provocou consequências ambientais. Afirmou também que Brumadinho tinha sido "auditada" por uma empresa alemã em setembro. Posteriormente, um grupo de técnicos da Agência Nacional de Mineração (antigo DNPM) tinha vistoriado a mesma barragem.  Em 2016, o TCU (?) tinha alertado para problemas na fiscalização das barragens no Brasil e a chance de risco de um novo problema. A barragem estaria desativada, segundo informação da Vale.

Para o presidente da Vale a pressão é grande principalmente depois que, ao assumir o cargo, declarou "Mariana Nunca Mais". Otimismo demais, comum em todos os executivos.

Por que a concorrência abre suas lojas perto das outras? -

Rir é o melhor remédio


25 janeiro 2019

Governo e Eletrobras começam a negociar modelo de privatização

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, vai iniciar as discussões com o novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o total de participação da União que será diluído dentro do plano de capitalização da empresa. Ainda não está claro se o novo plano resultará na venda do controle da elétrica, mas o executivo, defensor da privatização, pretende mostrar ao governo que a desestatização trará mais valor para as ações da companhia que ficarão nas mãos da União. "Nunca tratamos da diluição [da participação da União na Eletrobras]. Vamos começar a tratar agora. Que vai haver uma diluição não tem dúvida", afirmou Ferreira.
[...]

Segundo o executivo, a ideia é mostrar ao ministro que o plano que prevê a perda do controle da empresa pela União, a partir da criação de uma corporação, com "golden share" e limitação de concentração por acionistas é o que vai valorizar mais as ações do governo na companhia

Segundo o executivo, a expectativa é que o modelo da capitalização seja definido ainda no primeiro semestre. A partir da definição, a companhia levará no máximo nove meses para preparar a operação. Ele contou que tem se reunido semanalmente com o ministro e sua equipe, a fim de afinar esses planos.

Fonte: Aqui

Presos o ex-governador do Paraná e seu contador

O ex-governador do Paraná Beto Richa e seu contador Dirceu Pupo Ferreira foram presos nesta sexta-feira (25/1). Eles são acusados de obstruir as investigações sobre corrupção em concessionárias de pedágio.

De acordo com o Ministério Público Federal, Ferreira, a mando de Richa, teria procurado uma testemunha e pedido que ocultasse a existência de pagamento em espécie na compra de imóveis. Segundo o MPF, o ato foi praticado para impedir a descoberta do esquema de lavagem de dinheiro, interferindo na produção da prova.
[...]

Segundo o MPF, Beto Richa recebeu propinas em dinheiro vivo das empresas concessionárias, arrecadado em praças de pedágio, e parte desse dinheiro foi usada para comprar imóveis, por meio de empresas de sua família administradas por Pupo.

De acordo com a acusação, parte do dinheiro recebido por Richa como propina era lavado na compra de apartamentos. Para isso, segundo o MPF, era solicitado aos vendedores que lavrassem escrituras públicas de compra e venda por um valor abaixo do realmente pactuado entre as partes. A diferença entre o valor da escritura e o acordado era paga em espécie, de forma oculta, com propinas.

Fonte: aqui.

Frase

A Contabilizei auditou mais de dois bilhões de reais em faturamento de empresas, gerando 500 milhões de reais em impostos ao governo e uma economia de 250 milhões em serviços contábeis aos seus clientes.

Esta frase está em uma reportagem da Exame sobre o aporte de capital na Contabilizei. Veja se você consegue notar duas coisas estranhas.

(1) "auditou mais de dois bilhões" - acho que o texto queria dizer "fez lançamentos" ou ...
(2) "gerando ... em impostos" - a empresa não gera os impostos. O "fato" gerador sim. Ao fazer o lançamento, junto com ele existe o lançamento de ICMS, IR ... Isto decorre da atividade que está usando os serviços do escritório, não do escritório de contabilidade.

Contabilidade made in China

Das empresas chinesas, 38% possui um rating AA+ ou superior. Nos Estados Unidos, somente a Microsoft e a Johnson e Johnson possuem rating AAA. Parte do problema está na informação contábil.

As empresas [chinesas] têm grandes pilhas de dinheiro listadas em seu balanço. Mas quando a hora da verdade chega, esse dinheiro nem sempre existe. (...) suas demonstrações financeiras foram auditadas por empresas de auditoria chinesas.


Este é o caso Shandong, que tinha 4 bilhões de yuans em caixa em 30 de junho de 2018. Em setembro, quando o Banco Hebei procurou este dinheiro em razão de dois empréstimos não pagos, não encontrou 139 milhões ou 4% do valor informado no balanço, que era o valor que deveria ser pago. Ou da Reward Science, que tinha 4,2 bilhões em caixa no final de setembro, mas no dia 6 de dezembro não conseguiu pagar 300 milhões de yuans de um commercial paper. Ou da Kangde, que tinha 15 bilhões em 30 de setembro de 2018, mas que no dia 15 de janeiro de 2019 não conseguiu pagar 1 bilhão de um commercial paper.

Todas três empresas usavam o China GAAP, razoavelmente similar as normas do IFRS.

Efeito da educação sobre a pessoas

Medir o efeito da educação sobre a pessoas é bastante complicado e difícil. E generalizar os dados também. Há um teoria que afirma que a educação é importante por sinalizar características que não são percebidas através de outros fatores. Em contraposição, existem pessoas que acreditam que a educação é importante pelo efeito no capital humano.

Uma pesquisa realizada na Indonésia observou o programa de construção de escolas, iniciado em 1973. Anos depois, os pesquisadores analisaram os efeitos sobre as pessoas expostas ao programa de educação. Entre as diversas conclusões, os homens expostos são mais propensos a serem trabalhadores formais e a migrar. As famílias cujos pais foram expostos ao programa melhoraram os padrões de vida e pagam mais impostos. E os benefícios da educação afetam a próxima geração.

Tesco: Escândalo que não era escândalo

Em 2014 a empresa de varejo britânica Tesco informou existir uma diferença no seu resultado. Logo depois, a empresa divulga um prejuízo de 6,4 bilhões de libras, que incluiu uma amortização do ativo. Em 2017, a empresa paga para encerrar a investigação, com uma multa de 129 milhões de libras, através de um acordo denominado de DPA.

Mas o próprio regulador do mercado de capitais do Reino Unido, o FRC analisou o caso e inclusive considerou que a empresa de auditoria, a PwC, não tinha responsabilidade.

O acordo realizado pela empresa em 2017, o DPA, indicou três executivos da Tesco como responsável pelas irregularidades contábeis. Em dezembro um juiz considerou que não existem provas e absolveu dois dos executivos. O terceiro foi retirado da acusação por uma questão de saúde e na quarta foi formalmente absolvido.

Rogberg (foto com a esposa), o executivo absolvido na quarta, declarou que o problema decorreu de um “julgamento contábil diferente”. Com o resultado do processo, o acordo DPA, que estava em sigilo, tornou-se público, indicando que a própria Tesco tinha feito acusações à estes três executivos. Provavelmente a empresa fez o acordo e pagou a multa para evitar um processo muito mais demorado. Além disto, os executivos que assinaram o acordo eram novos na empresa e optaram por envolver a antiga gestão nos problemas encontrados.

Contabilmente, um aspecto importante é a declaração do executivo: "julgamento contábil diferente". Este é um ponto que gera bastante discussão, envolvendo regras contábeis baseadas em princípios (que dependem muito do julgamento).

Uma lição sobre observação

Você está observando atentamente? A educadora visual Amy Herman explica como usar a arte para melhorar seus poderes de percepção e encontrar conexões onde elas podem não ser evidentes. Aprenda com esta palestra perspicaz as técnicas que Herman usa para treinar Navy SEALs, médicos e investigadores da cena do crime para converter detalhes observáveis em conhecimento contestável.

Rir é o melhor remédio


24 janeiro 2019

Ainda sobre emprego

Mostramos ontem o que ocorreu com o mercado formal de emprego do setor contábil. Em duas postagens (aqui e aqui) mostramos os estados que foram mais atingidos pela crise.

A partir dos dados, seria possível indicar alguém que não foi tão afetado pela crise em 2018 no setor contábil? Sim, com destaque para dois grupos. O primeiro são os escriturários. Ao contrário dos contadores, que tiveram uma redução no número de horas contratadas em -12%, as horas contratadas desta ocupação para os admitidos foi 4,8% maior que os demitidos.

O segundo grupo são aqueles com curso superior, completo ou incompleto. Os empregados admitidos com curso superior completo tiveram uma contratação de horas 4,66% maior que os demitidos. Com o curso incompleto este percentual foi de 1,98%.

Isto parece um pouco contraditório. Geralmente a ocupação de escriturário deveria ter um menor conjunto de habilidades e requisitos que a ocupação de contador e auditor. Assim, isto poderia refletir na contratação de empregados com curso médio completo, o que não ocorreu.

Uma possível explicação para esta contradição talvez seja o fato de que a educação tenha sustentação na teoria da sinalização e não na teoria do capital humano. Conforme defendido por Bryan Caplan e comentado anteriormente no blog. Consequência da crise?

Qual o estado foi mais afetado pela crise de emprego no setor contábil? - Parte 2

Ainda usando os dados do Caged, verificamos a relação entre o salário dos admitidos e o salário dos demitidos, em percentual. Este é um dado importante, mas é bom alertar que geralmente há uma diferença entre os salários. O Caged é um informação do mercado de trabalho formal no Brasil e os dados dizem respeito ao ano de 2018. Usamos a base de dados para acompanhar o mercado de trabalho formal no Brasil.

Em cada mês, coletamos o valor do salário do empregado do setor contábil que foi admitido e a mesma informação para o empregado demitido. Somamos os doze meses, para cada unidade da federação.

Os números a seguir mostram onde a crise, em termos monetários, foi maior. Eis os dados:

Metodologia - Usamos os dados mensais de horas contratadas por unidade da federação. O setor contábil é definido como sendo escriturários em contabilidade, técnicos em contabilidade e contadores e auditores, conforme a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações). Os dados para admitidos e demitidos, de janeiro a dezembro de 2018, foram somados. Uma limitação desta metodologia é que não leva em consideração a quantidade de horas contratadas dos empregados que foram contratados no passado e não foram demitidos. Se uma empresa tem 20 empregados, contratados a 44 horas semanais, e reduz o número de horas destes funcionários, sem qualquer demissão, isto não é considerado aqui.

Qual o estado foi mais afetado pela crise de emprego no setor contábil?

A divulgação no dia de ontem do Caged mostrou que no ano de 2018 o setor contábil não conseguiu uma recuperação, ao contrário do que ocorreu, timidamente, com a economia. O Caged é um cadastro que todo empregador encaminha mensalmente para o governo federal. Abrange o mercado formal de emprego do Brasil. A existência de multa induz a entrega das informações.

O blog Contabilidade Financeira utiliza os dados do Caged para acompanhar o mercado de trabalho do setor contábil. Ontem mostramos que 2018 foi melhor que o ano de 2017, mas que o setor contábil, nos últimos anos, tem reduzido o número de admissões, em relação ao número de demissões. Isto, de certa forma, joga no lixo a máxima de que “não existe desemprego na contabilidade” ou similar, como “mesmo em crise, o contador não fica desempregado”. Em razão da recessão, a crise reduziu o número de empregos no setor contábil em mais de 40 mil vagas. Este valor é decorrente da relação entre as admissões mensais e as demissões.

Fizemos agora também um levantamento para sabe onde a crise foi maior. E temos dois números. O primeiro diz respeito a quantidade de horas contratadas. Somamos esta quantidade para os empregados admitidos e os empregados. Depois disto relacionamos a quantidade de horas contratadas dos admitidos pela quantidade de horas dos demitidos, retiramos a unidade e multiplicamos por 100 para ter o valor em percentual. No Brasil este percentual foi de menos 0,57%.

Em termos geográficos, entretanto, há uma grande divergência nos valores. Enquanto o número de horas contratadas no estado do Tocantis cresceu em 17%, o melhor desempenho do país, o valor para o Maranhão foi de quase -4%. Se as horas contratadas no Acre reduziram em -11%, no Amapá, na mesma região Norte, cresceu em 9%.

O quadro a seguir mostra o desempenho, do pior ao melhor, entre os estados, no que diz respeito a quantidade de horas contratadas.

Metodologia - Usamos os dados mensais de horas contratadas por unidade da federação. O setor contábil é definido como sendo escriturários em contabilidade, técnicos em contabilidade e contadores e auditores, conforme a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações). Os dados para admitidos e demitidos, de janeiro a dezembro de 2018, foram somados. Uma limitação desta metodologia é que não leva em consideração a quantidade de horas contratadas dos empregados que foram contratados no passado e não foram demitidos. Se uma empresa tem 20 empregados, contratados a 44 horas semanais, e reduz o número de horas destes funcionários, sem qualquer demissão, isto não é considerado aqui.