03 agosto 2012
Teorema de Coase
Eleição do Conselho
A Lei 12.249, de 2010, ao incluir nas atribuições do Conselho Federal de Contabilidade o direito de responder acerca dos princípios contábeis, do Exame de Suficiência, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada, bem como de editar normas de Contabilidade de natureza técnica e profissional, acabou por transformar esse órgão em um órgão legislativo da profissão contábil. Acontece que transformar o Conselho Federal de Contabilidade em um órgão legislativo sem alterar a forma de eleição dos membros desse órgão pode levar à aprovação de normas sem que haja uma discussão mais aprofundada sobre os temas, o que poderá levar à edição de normas tendenciosas ou que atendam apenas a alguns grupos de opinião, posto que não democraticamente discutidas.
Antes da Lei 12.249, não tínhamos maiores preocupações com isso porque o Conselho Federal dirimia as dúvidas suscitadas pelos conselhos regionais e decidia, em última instância, os processos que envolviam os profissionais, fato que agora mudou. Por isso, eleger os membros do Conselho Federal de Contabilidade através de eleição direta, pelo voto dos profissionais da área, nos parece ser a forma mais segura e democrática de eleição, e não a forma como os membros são eleitos atualmente, através de indicação dos Conselhos de Contabilidade de cada estado.
Com a introdução desse novo procedimento eletivo quebrar-se-ia o monopólio de opinião, e os profissionais passariam a ter liberdade para opinar e discutir os assuntos da profissão, os quais seriam colocados em votação, através de seus representantes, junto ao Conselho Federal de Contabilidade, eleitos com essa finalidade. Somente através da democracia construiremos uma profissão de respeito e de interesse efetivamente social.
A eleição do Conselho Federal de Contabilidade - Salézio Dagostim
Contador e ex-presidente do Sindicato dos Contadores/RS
JC-RS - http://jornalcontabil.com.br/v5/?p=2235
IFRS
Este movimento foi principalmente uma estratégia de marketing (mais do que qualquer mudança profunda)
(...) o IFRS foi tremendamente mais fácil de ser aplicado quando comparado com o USGAAP (...) Por exemplo, para algumas regras em USGAAP que temos cerca de 4 ou mais pronunciamentos / interpretações, você pode obter apenas um pronunciamento para IFRS. É simples e as empresas não têm de mudar seus livros de contabilidade - só o pacote de Demonstrações Financeiras.
Os escândalos corporativos nos EUA, aliada à complexidade das regras USGAAP, fez a maioria dos países para escolher o caminho mais simples e mais barato para adotar um padrão internacional - IFRS.
Foi a mesma base do mundo da tecnologia utilizada para escolher o VHS, a escolher para o PC, etc O mais barato - o melhor;
Sucesso! Hoje, mais de 120 países adotar e aceitar o IFRS como as suas normas para as demonstrações financeiras - e alguns deles já adotaram como os seus princípios contábeis (o Brasil, por exemplo).
O IASB estava preocupado em apresentar os benefícios e estudar os mercados para permitir que mais e mais países adotem o IFRS. (...)
Lucio Barbosa, GE Energy
02 agosto 2012
19a turma do Programa Multi
Hoje a última aluna da 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi titulada. Parabéns ao orientador, professor César, e à aluna, Flavia Carvalho! \o/
Aproveito para sequestrar mais uma vez o espaço do blog para publicar dois vídeos: o primeiro foi produzido pelo Ednilto Tavares Júnior e mostra o nosso primeiro ano de curso. O segundo eu fiz para fecharmos o ciclo e abrirmos espaço para novas aventuras em nossas vidas.
Obrigada a todos pela torcida e pelo carinho.
Jogos e Idade
Olympus, Corrupção e Brasil

Agora é divulgado mais um escândalo envolvendo a empresa. E o problema ocorreu no Brasil. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a empresa está envolvida em práticas de corrupção no nosso país. O problema envolve treinamento de médicos no país e a empresa já admitiu que os fatos podem incluir violação ao Foreign Corrupt Practices Act, a norma dos EUA que pune a empresa que pratica, em outros países, atos de corrupção e similares.
A empresa seria responsável por gastos médicos com viagens, refeições e entretenimentos. O valor não é expressivo, segundo informações iniciais, mas torna-se grave já que envolve uma empresa onde diversos executivos foram demitidos por problemas contábeis no valor de 1,5 bilhão de dólares.
O suborno de médicos interessa a empresa, que fabrica, também, equipamentos médicos.
Teste 573
Resposta do Anterior: Homem de aço. Mais de 1 bilhão. Fonte: Aqui
Companhias Fechadas
Meta da Apple não é dinheiro
Durante uma conferência do grupo British Business, que reúne executivos do mundo todo, Sir Jonathan Ive declarou que a Apple está mais comprometida em “criar grandes produtos” do que em ganhar dinheiro.
“Nossa meta não é ganhar dinheiro. Isso pode soar petulante [Ahn!? Nunca! Ha!], mas é verdade”, disse o chefe de design da empresa. “Nossa meta, e aquilo que nos empolga, é criar grandes produtos. Nós acreditamos que, se tivermos sucesso, as pessoas vão gostar deles, e se formos competentes nas nossas operações, teremos lucro, mas nossa meta é muito clara”.
Levando em conta que o valor estimado da Apple ultrapassa $550 bilhões (mais de 1 trilhão de reais) e que, atualmente, a empresa está movendo um processo bilionário contra a Samsung, as declarações de Sir Ive devem gerar polêmica.
Crise e foco
Durante sua fala, ele relembrou a época em que entrou para a Apple, em 1992. Era um momento de crise e, segundo ele, de grande aprendizado. “A Apple estava muito perto da falência e da irrelevância, [mas] você aprende muito sobre a vida por meio da morte”, disse.
“Você pensaria que, quando o que há entre você e a falência é dinheiro, seu foco seria ganhar mais dinheiro, mas essa não era a preocupação [de Steve Jobs]“. De acordo com Ive, Jobs concluiu que os produtos da empresa não eram “bons o suficiente”, e que mudar esse quadro poderia evitar o fim da empresa.
Esse alto nível de exigência, curiosamente, quase evitou que o iPhone, um dos produtos mais vendidos da Apple, fosse às lojas. Um dos principais problemas do aparelho era que os usuários poderiam ativar acidentalmente a tela de toque com a orelha enquanto atendiam a uma ligação. Corrigir esta e outras falhas exigiu meses de testes e estudos.
Ive aproveitou para criticar a ideia de que realizar pesquisa de mercado é a chave para o sucesso. “Não fazemos pesquisa de mercado. Não focamos, absolutamente, em grupos. Isso seria uma negação de responsabilidade por parte do designer, e uma busca por política de seguros no caso de algo dar errado”.
Fontes: The Telegraph e HyperScience
Comité de Auditoria
Uma das novidades da Sarbox foi a criação de uma entidade de supervisão de empresas de auditoria - o PCAOB.
Agora o PCAOB enfatizou o papel do Comitê de Auditoria no processo de controle das empresas. A entidade apresentou na sua página um modelo de perguntas do comitê de auditoria para os auditores. Outro aspecto é que o PCAOB está incentivando que este comitê tenha acesso aos resultados de inspeção desta entidade, onde são apresentadas as críticas aos trabalhos dos auditores.
Incentivos e Olimpíadas
A federação mundial deste esporte decidiu mudar o critério de eliminação e fazer uma fase de grupos, parecido com o que ocorre com a copa do mundo. Os confrontos da fase de mata-mata seriam estabelecidos conforme a classificação da fase de grupos.
Nestas olimpíadas, após a derrota inesperada de uma dupla chinesa, as outras duplas começaram a fazer corpo mole, também pretendendo perder para não ter que encontrar a equipe da china no primeiro confronto. A atitude das duplas foi tão acintosa que gerou vaias da plateia e a eliminação de oito competidores dos jogos.
Os atletas estavam agindo exatamente como se espera de pessoas: respondendo aos incentivos. Entretanto foram acusados de não fazerem um esforço de competição.
Contra a expulsão dois outros exemplos, que não foram punidos. No futebol feminino, o treinador do Japão decidiu escalar um time com sete reservas para evitar uma longa viagem e enfrentar o Brasil na fase eliminatória. O objetivo era obter o segundo lugar no grupo. O plano estava funcionando até as mulheres de a Grã-Bretanha terem marcado um gol no Brasil. Resultado: o Japão terá que enfrentar o Brasil nas quartas de final. Mas o Japão não foi (e não será) punido pelo COI ou FIFA. Assim como a Alemanha, na copa de 82 não foi.
Outra situação ocorre na prova de sprint de ciclismo. É uma competição onde dois atletas tentam ficar atrás, para economizar forças, até os últimos metros. Isto parece muito com o que ocorreu com o Badminton, mas não é considerada uma manipulação ou uma atitude não esportiva.
Tênis de mesa
Jan-Ove Waldner é considerado um dos grandes jogadores de tenis de mesa do mundo. É o único atleta ocidental que venceu a medalha de outro do esporte numa olimpíadas, além de ser campeão mundial do esporte. O vídeo mostra um pouco da habilidade de Waldner.
Depressão
Queridos leitores, achei interessante publicar esta entrevista que passou na CBN pensando nos tantos alunos (de todos os níveis, desde a graduação até o doutorado) que sofrem com depressão ou com a frustração confundida com a doença. Dica de José de Assis Tito, um querido e futuro membro da minha família.
Debate com Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Miguel Chalub, psiquiatra e professor da UFRJ e UERJ.
O interessante é que eles destacam a depressão não apenas existente, mas a que possivelmente existirá. Assim, é importante se cuidar para evitar os problemas psicológicos (há incentivo, inclusive, de campanha para esclarecimento do público).
Então lembre-se:
- Faça exercícios físicos;
- Se alimente bem;
- Tenha horário para descansar, para lazer, para cuidar de você;
- Não leve a vida tão a sério (trânsito, filas, etc).
Sempre haverá um artigo a ser escrito, um trabalho a ser melhorado, uma tarefa para melhorar o currículo. Mais importante que isso é ter equilibrio, agir com harmonia e se priorizar.
01 agosto 2012
Tradução e Contabilidade
No passado brincamos com os problemas de tradução do Yahoo Finanças. A questão da tradução na contabilidade é um assunto sério. Apesar de a linguagem técnica ser facilmente absorvida e entendida por um leitor assíduo destes tipos de textos, os problemas de tradução são relevantes demais para serem ignorados. Mas em geral os especialistas acreditam que as ciências sociais e humanas são mais susceptíveis aos problemas de tradução que as ciências exatas. Sendo a contabilidade uma ciência social aplicada, os problemas culturais terminam por influenciar o jargão.
Com o processo de convergência internacional a questão da tradução dos documentos técnicos produzidos pelo Iasb tornou-se um problema real. No Brasil isto aparentemente foi reduzido com a tradução “oficial” realizada pelo CPC. Mas isto não resolve o problema por vários motivos, entre os quais citaremos três. Primeiro, o processo de discussão e aprovação das normas contábeis no Iasb é todo realizado em língua inglesa. Segundo, o processo de tradução “oficial” não é totalmente uniforme, podendo variar no tempo. Assim, uma expressão que num CPC esteja traduzido de uma forma, pode estar sendo vertido para o português de outra maneira em outro pronunciamento. Terceiro, a língua é muito dinâmica: um termo técnico pode ser incorporado a área com o passador do tempo. Lembro bem o caso da tradução de driver na discussão inicial do ABC no Brasil e que hoje tem sido associado a “direcionador” na linguagem contábil.
Considere o caso da Comunidade Europeia, que adota as normas internacionais há tempos. São 27 países com 23 línguas oficiais. Pela definição de um bloco de países, as normas comuns devem estar traduzidas para cada uma destas 23 línguas. E como na Comunidade Europeia as normas de contabilidade são adotadas como se fosse lei, isto requer um grande esforço para fazer com que estas normas cheguem a cada um dos seus habitantes. Um dado de 2008 informava que a Comunidade Europeia empregava 2300 tradutores.
O problema com a contabilidade é que a Fundação IFRS usa somente uma língua. Mas mesmo o inglês – esta língua oficial das normas internacionais – possui variações. O termo harmonização, por exemplo, é escrito de maneira distinta na Inglaterra e nos EUA: neste caso as IFRS usam a forma britânica.
Outros exemplos poderiam ser lembrados, como a questão da tradução do “valor justo”, “impairment”, termos associados a probabilidade, entre outros.
Para ler mais:
Doupnik, T.S; Riccio, E. L. The influence of conservatism and secrecy on the interpretation of verbal probability in the Anglo and Latin cultural areas. The International Journal of Accounting. Vol. 41, n. 3, p. 237-261, 2006.
Evans, L; Baskerville, R., Nara, K. Colliding worlds. Ssrn.com/abstract=1623310
Congressos e Debatedores
Tive também notícias ruins de fatos que ocorreram no congresso com um dos meus orientandos. Sendo aluno de iniciação científica, ele apresentou um trabalho no Congresso de Iniciação. Entretanto o debatedor fez críticas pesadas ao trabalho e ao aluno.
O que escutei me deixou horrorizado. O comportamento do debatedor passou longe do que se espera de um professor: de incentivar que os futuros pesquisadores a continuarem desenvolvendo seus trabalhos.
Faz parte do exercício da docência a construção de pessoas que gostem da pesquisa. Há de se saber criticar de forma educada e agregadora. Há de se lembrar o papel do professor (aqui atuando como debatedor, mas agimos também como orientadores, membros de banca, até como incentivadores informais durante conversas em fim de aula ou em breves encontros elos corredores da faculdade), um profissional cujas responsabilidades e influências frequentemente escapam a mente, especialmente dos que já estão há algum tempo na docência ou que se deixam levar pela grandeza de títulos, tal como "doutor".
Qualquer pessoa que apresente um trabalho, sendo um pesquisador iniciante, deveria ser respeitado. Deve ser respeitado.
A pesquisa no Brasil ainda precisa crescer muito - não só em relação aos objetivos e ao conteúdo dos trabalhos, mas principalmente em relação ao comportamento de pesquisadores, avaliadores e todos os demais envolvidos.
Espero que a cada dia mais acontecimentos assim sejam isolados. Que a maioria preze pelo crescimento e não por uma sina descabida de eliminar uma futura concorrência, descontar sentimentos pessoais em ambientes profissionais, ou algo similar.





