04 maio 2011
Balanços
A empresa tem sede em São Paulo e atua na intermediação e representação de veículos de comunicação. Basicamente a empresa representa a Editora Caras, da revista Caras. De um ativo de 14,7 milhões no final de 2010, 11,1 milhões eram caixa e equivalentes, ou 76%. Além disto a empresa tinha Contas a Receber, no valor de 3,3 milhões ou 22%. Somando as duas contas, 98% do ativo estava no Disponível ou Recebível. Para se ter uma idéia, o imobilizado da empresa era de R$44 mil, menos que o valor de um carro.
Do lado do passivo, a empresa possuía dívidas com fornecedores de R$1,1 milhão e com impostos, de R$1,3 milhão. Estas duas contas somavam 16,4% do ativo. Fora isto, o passivo apresentava dividendos a pagar (R$3,1 milhões) e patrimônio líquido (R$9,2 milhões).
Resumindo os dois parágrafos anteriores, a empresa era líquida demais e com poucas dívidas. Tanto é assim que o fluxo das atividades de investimentos foi de zero e o fluxo das atividades de financiamentos foi de menos 11,2 milhões de reais. Este valor corresponde a distribuição de dividendos. Novamente, muita liquidez, pouca dívida e muito dividendo.
Se voltarmos para o patrimônio líquido, eis a sua composição:
Capital Social = R$1,000,00
Reserva de Lucros = R$200,00
Dividendos adicionais propostos = R$9.230.283,26
(É isto mesmo, capital social de mil reais e reserva de lucros de duzentos reais) Durante o ano de 2010 a empresa gerou um lucro de R$12,3 milhões. Com receitas de R$29 milhões e despesas com vendas de R$13,8 milhões, o lucro antes do imposto de renda foi de R$16,0 milhões. Isto significa que o giro do ativo foi de 1,97 e o retorno sobre o ativo foi de 109%! Ou seja, para cada 1 real investido no ativo a empresa teve um retorno de 1 real no ano de 2010. Quando se utilizado do retorno sobre investimento (retirando do ativo os itens não onerosos) o retorno é maior ainda.
A empresa é dirigida por Edgardo Hector Martolio, um argentino naturalizado brasileiro e também Diretor Superintendente da revista Caras. O diretor Financeiro é Victor Civita.
Jornada de Trabalho
Segundo a OCDE, os mexicanos são os que mais trabalham.Uma média de 9,9 horas de trabalho por dia.
Fonte: Washington Post
Caixa e Preço da Ação
O gráfico acima é fantástico. Mostra a relação entre o preço da ação da Apple e a quantidade de caixa da empresa. Será que temos algo assim no nosso mercado acionário?
03 maio 2011
FASB atualiza a norma sobre contratos de recompra
O FASB divulgou a atualização da norma Transfers and Servicing (Topic 860): Reconsideration of Effective Control for Repurchase Agreements ,que visa melhorar a divulgação de contratos de recompra, que são conhecidos como "Repos". O contrato de recompra é uma transação em que uma entidade transfere um ativo financeiro para outra , com a comdição de que esta irá devolver o ativo para aquela.
Durante a crise estas operações vieram à tona com o caso do banco Lehman Brothers. Na ocasião, foram utilizados a Repo 105 e 108, que retiraram bilhões de dólares das demonstrãções contábeis e corroboraram para a aparente melhora do endividamento e resultado da instituição.
As instituições financeiras realizam transferências de títulos com frequência, através de acordos de curto prazo para financiar as necessidades de liquidez imediata.O FAS 140 orientava as empresas a definirem se a transferência deveria ser tratada como um acordo de venda ou financiamento , com base na entidade que detinha o controle daquele ativo financeiro.Nesta orientação, a avaliação de controle do ativo era centrada na capacidade da entidade transferidora em recomprar os títulos(the transferor’s ability criterion).
Após a crise financeira, diversas críticas forma feitas em relação a este critério de definição de controle.Assim, o FASB partiu para um "guidance" voltado para as normas internacionais, em que este critério não é utilizado.
A nova orientação do FASB indica diferentes parâmetros para que as empresas determinem se a transferência é,de fato, uma venda de um ativo e, portanto,deve ter tratamento de venda, ou se a entidade tem ainda algum controle sobre o ativo e, portanto,não pode pretende vendê-lo.Em outras palavras,o Board eliminou o antigo critério(the transferor’s ability criterion) de avaliação de controle do ativo transferido. Em suma, o FASB expurgou o critério, que permitiu a consecução dos objetivos dissimulatórios dos gestores do Lehman.
Ricos no Brasil
Segundo os novos dados da Wealth-X, uma consultoria de pesquisa de riqueza, Brasil, Rússia, Índia e China têm agora um conjunto 25.600 pessoas com US $ 30 milhões ou mais do riqueza líquida (que inclui ações de empresas de capital aberto e fechado, imóveis residencial e de investimento, arte, aviões, dinheiro e outros ativos).Os dados revelam que são 4725 ricos no Brasil, sendo 50 bilionários. A riqueza desse grupo é estimada em 890 bilhões de dólares.
Mercado ineficiente e a Morte de Bin Laden
O Intrade é uma bolsa de aposta de diversos eventos. No caso do gráfico, apostava-se a chance de Bin-Laden ser capturado até 11 de setembro de 2011. Os apostadores acreditavam numa chance remota. Se você tivesse um sexto sentido, poderia comprar aposta que ele seria morto antes da data. Como a chance dos apostadores era de 3,8%, o ganho desta aposta seria realmente elevado. (Quanto menor a chance, maior o ganho do apostador)
Isto mostra que em situações de informação imperfeita é difícil para o mercado ser eficiente.
BM&FBovespa cria mais quatro índices de ações
A BM&FBovespa iniciou o cálculo e a divulgação, em tempo real, de quatro novos índices: Índice Brasil Amplo (IBrA), Índice Dividendos (IDIV), Índice Materiais Básicos (IMAT) e Índice Utilidade Pública (UTIL).
O Índice Brasil Amplo estreia com 153 ações, englobando todos os papéis das empresas listadas na BM&FBovespa que atendam aos critérios mínimos de liquidez, como a inclusão numa lista cujos índices de negociabilidade somados representem 99% dos totais de negócios e de volume financeiro registrados e participação em pregão igual ou superior a 95% no período de doze meses anterior ao cálculo do indicador.
O Índice Dividendos mede o comportamento das ações das empresas que apresentaram os maiores retornos aos seus acionistas em termos de dividendos e juros sobre o capital (dividend yields) nos últimos 24 meses anteriores à seleção da carteira.
O Índice Materiais Básicos é composto pelos papéis mais representativos dos setores de embalagens, madeira e papel, materiais diversos, mineração, químicos, siderurgia e metalurgia.
O Índice Utilidade Pública reflete o comportamento das ações das companhias mais representativas do setor de utilidade pública, que inclui energia elétrica, água e saneamento e gás.
Os quatro novos indicadores terão suas carteiras teóricas reavaliadas a cada quatro meses, da mesma forma que os demais índices da BM&FBovespa. No total, a Bolsa conta agora com 22 indicadores .
Fonte: Bovespa
Arredondamento
Um novo comunicado do Bureau of Economic Analysis diz que a economia cresceu a 1.8 por cento ao ano. Nas tabela mostram que o crescimento foi de $13,380.7 bilhões (em dólares de 2005) para $13,438.8 bilhões.Is 1.8% the Real Real Number? - Floyd Norris - New York Times
[...] BEA recebeu muitas chamadas de pessoas que calcularam uma taxa anual de 1,7482 por cento. Você deve arrendondar para baixo o valor. Então o número deveria ser 1,7 por cento.
Invadindo o mundo da tecnologia da informação – Parte 1
[Série "Invadindo o mundo da ciência da informação": Portal Capes, Agregador de Feeds, Dropbox,JabRef, Plagius]
Eu amo a contabilidade, mas tenho uma queda pela ciência da computação e por sistemas de informações. Por isso resolvi escrever uma série de postagens para compartilhar alguns aplicativos e dicas que podem ajudar a sua vida de contador, pesquisador, leitor, estudante... Na próxima postagem da série falaremos sobre “dropbox”. (Incentivo, inclusive, a participação e sugestão nos comentários. Não sejam tímidos!).
Não sei se vocês se lembram de uma postagem do professor César em janeiro de 2009: “Por que os professores de contabilidade não blogam?”. Ao fim do texto ele afirma: “Alguns [professores] sequer conhecem os instrumentos de agregação de notícias, como o Google Reader (se o leitor não conhece, vale a pena conhecer. Entre na página do Google, cadastre usando um e-mail e faça um link para seus endereços preferidos, incluindo este, obviamente. Toda vez que tiver uma alteração no seu endereço você pode ter acesso através do Reader. Para vocês terem uma ideia, no meu Reader eu recebo em torno de 800 a 1000 alterações por dia, alterações que me ajudam a fazer atualizações diárias no Contabilidade Financeira.).” E por causa desse parágrafo hoje falaremos sobre agregadores de feeds.
Segundo a Wikipédia, o RSS é um subconjunto de dialetos XML que servem para agregar conteúdo ou "Web syndication", podendo ser acessado mediante programas ou sites agregadores. É usado principalmente em sites de notícias e blogs. Então os RSS nos ajudarão a organizar e aproveitar melhor os conteúdos que acompanhamos virtualmente.
Seguem algumas dicas de aplicativos vindas de um contadora e, portanto, sujeita a falhas.
Aplicativo de graça:
Leitor de Notícias: Aqui
Além dos feeds que você cadastra (dos sites que você quer seguir), esse programa também mostra as principais manchetes de jornais.
SpaceTime: Aqui
Caso você procure algo moderno e fora do habitual, esse é o programa pra você. Como é um programa pesado, é indicado para computadores mais atuais.
Aplicativo que provavelmente já existe no seu computador:
No Microsoft Office 2007 vem o Microsoft Outlook 2007, equipado com agregador de feeds. Segundo o software: “Depois de assinar um RSS Feed, os títulos serão exibidos em suas pastas de RSS. Os itens de RSS são exibidos de forma semelhante às mensagens de email. Quando você vir uma mensagem que lhe interesse, basta clicar no item ou abri-lo.” Mais informações aqui.
Após selecionar o programa de sua preferência, pesquise o endereço RSS dos sites pelos quais você se interessa. Alguns colocam uma ferramenta no próprio blog na qual está escrito “RSS Feed” ou há o símbolo:
. Porém, mesmo que o site não disponibilize claramente o RSS, você poderá digitar Alt+J que aparecerá o endereço, caso o site possua feeds. O dessa página, por exemplo, é: http://contabilidadefinanceira.blogspot.com/feeds/posts/default.Escolhido o programa, pesquisados os RSS, você poderá cadastra-los e acompanhar de forma mais oportuna os conteúdos que te interessam. Que tal? Boa leitura!
Alternativas ao uso do CAPM
Alternatives to the CAPM: Part 3: Connecting cost of equity to cost of debt
Alternatives to the CAPM: Part 4: Market-implied costs of equity
Alternatives to the CAPM: Part 5: Risk adjusting the cash flows
Lucros Cessantes
Lucros cessantes consistem naquilo que o lesado deixou razoavelmente de lucrar como consequência direta do evento danoso (Código Civil, art. 402). No caso de incêndio de estabelecimento comercial (posto de gasolina), são devidos pelo período de tempo necessário para as obras de reconstrução. A circunstância de a empresa ter optado por vender o imóvel onde funcionava o empreendimento, deixando de dedicar-se àquela atividade econômica, não justifica a extensão do período de cálculo dos lucros cessantes até a data da perícia. A apuração dos lucros cessantes deve ser feita com a dedução de todas as despesas operacionais da empresa, inclusive tributos.
Via aqui. Dica de Caio Tibúrcio
Jogador no Balanço dos Clubes de Futebol
DIREITO DESPORTIVO RESULTANTE DA FORMAÇÃO: EVIDÊNCIA EMPÍRICA NOS CLUBES PORTUGUESES E BRASILEIROS - Sérgio Nuno da Silva Ravara Almeida Cruz, Luís Lima Santos, Graça Maria do Carmo Azevedo - Universo Contábil Resumo
Seminário
O evento será realizado no dia 04 de maio de 2011.
Local de Realização: Auditório Joaquim Nabuco - UnB/FACE/CCA Prédio da Face, Térreo Campus Darcy Ribeiro – Asa Norte Brasília/DF CEP 70910-900 - Tel. (61) 3107-0795
KPMG
Semanas atrás, o Conselho de Supervisão Contábil das Companhias Abertas (PCAOB) dos Estados Unidos divulgou seu relatório de inspeção trienal sobre a filial em Hamilton, nas Bermudas, da KPMG, auditoria que é uma das chamadas "Big Four".
E foi um relatório terrível. A equipe do PCAOB identificou em uma das auditorias realizadas pela KPMG-Bermudas uma deficiência tão significativa que parece que "a firma não conseguiu evidências competentes para suportar sua opinião sobre as demonstrações financeiras da emissora".
Por se tratar do irremediavelmente tímido PCAOB, o relatório não revelou que empresa foi auditada pela KPMG-Bermudas. Isso porque a agência, como norma, se recusa a fornecer os nomes das companhias onde seus inspetores encontram auditorias malfeitas. Isso apenas mostra que a maior prioridade do PCAOB não é "proteger os interesses dos investidores", conforme alardeia o lema do conselho. Em vez disso, a prioridade é proteger os pequenos segredos sujos das firmas de contabilidade e seus clientes de auditorias.
(...) É quando você olha para as demonstrações financeiras da Alterra que a magnitude da burrada feita pela KPMG-Bermudas fica aparente. Ações disponíveis para venda é único grande item de linha do balanço da Alterra. Elas representavam quase metade dos ativos totais de US$ 7,3 bilhões da companhia em 31 de dezembro de 2008, e pouco mais da metade de seus ativos totais de US$ 9,9 bilhões no fim do ano passado.
Agora considere que a Alterra vai realizar sua assembleia anual de acionistas hoje, quando os acionistas terão a oportunidade de votar a ratificação da nomeação da KPMG-Bermudas como auditor independente da companhia. Até mesmo isso não tem importância para o PCAOB. Uma porta-voz, Colleen Brennan, disse que o conselho não vai confirmar se a Alterra é mesmo o cliente não revelado. Não faz mal que o segredo foi revelado. O PCAOB simplesmente não liga se os investidores conseguem ou não as informações de que precisam. (...)
Processos movido pela SEC
A SEC divide esses pagamentos em dois grupos. No ano fiscal de 2010, por exemplo, US$ 1,82 bilhão se referem à devolução de lucros obtidos ilegalmente e US$ 1,03 bilhão foram pagos por conta de multas ou acordos firmados com os envolvidos.
Segundo um porta-voz da SEC, a maioria dos processos movidos pelo órgão é encerrada por negociação entre as partes, sem a necessidade de julgamento. Esse tipo de solução, entretanto, só é eficaz quando pessoas que cometem fraude são afastadas do mercado, quando ganhos obtidos indevidamente são devolvidos e quando se passa uma mensagem ao mercado de que a “fraude financeira não compensa”.
Apesar de muita gente achar que é comum que pessoas envolvidas em irregularidades no mercado de capitais americano vão parar na cadeia, o órgão regulador dos EUA diz que uma “porcentagem pequena” dos casos é levada para a esfera criminal, notadamente quando os casos são mais graves e há mais provas sobre os delitos.
Não há tendência clara sobre o tipo e o volume de irregularidades cometidas no mercado. Entre 2008, por exemplo, a SEC moveu 671 processos sancionadores, número que caiu a 664 no ano seguinte e subiu a 681 em 2010.
Nos três anos, os casos mais comuns foram aqueles que envolvem problemas de transparência e divulgação, seguidos pelos ligados a ofertas de valores mobiliários. Essas duas categorias respondem por cerca de 40% dos processos. Casos considerados mais graves, como aqueles que envolvem negociação de ações com informação privilegiada, têm uma participação menor, com uma fatia de 5% a 8% do total nos últimos dois anos. O mesmo ocorre com as acusações de manipulação de mercado, com uma participação ainda menor no total de processos.
Um ponto que está sob o foco dos agentes da SEC neste momento são as empresas chamadas de “microcap”, de valor de mercado bem reduzido. Elas costumam ter patrimônio médio de US$$ 6 milhões, sendo que metade tem ativos líquidos inferiores a US$ 1,25 milhão. Recentemente, elas têm sido usadas para “fusões reversas” e como “empresa-casca” para companhias de capital fechado se tornarem de abertas sem passar pelos trâmites tradicionais de registro – opção que tem sido oferecida a brasileiras.
Segundo o órgão americano, esse tipo de empresa tem pouca exigência em termos de divulgação de informação, o que as torna mais vulneráveis a manipulações e fraudes, o que justifica uma atenção especial a esses casos.
Fonte: Fernando Torres, Valor Economico
O Espírito Animal
O espírito animal, que parece inspirado no latim “spiritus animales”, foi uma expressão usada por John Maynard Keynes, considerado um dos mais importantes economistas da história, que a utilizou no seu livro “Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda” (1936), considerado por muitos como a bíblia da moderna teoria econômica. Vem sendo muito utilizada, recentemente, quando está ocorrendo uma revisão da chamada macroeconomia, reconhecendo que as autoridades têm um papel importante no desenvolvimento econômico, proporcionando indicações para a ação do setor privado. Contrapõe-se à ideia neoliberal que o mercado resolve todos os problemas de forma mais adequada. Keynes colaborou na formação das Nações Unidas ao término da Segunda Guerra Mundial.
A ideia é que os empresários, na procura do lucro, contam com uma qualidade de identificar oportunidades para empreendimentos que promovem investimentos que resultarão em benefício de todos, criando empregos e bens que serão destinados ao bem-estar de toda a população.
Seria um fator muito importante para provocar um processo de desenvolvimento econômico e social, hoje condicionado também a ser sustentável, ou seja, com respeito ao meio ambiente e com adequada distribuição dos benefícios. Eles teriam um papel fundamental e as autoridades deveriam estimular este espírito animal, ao mesmo tempo em que asseguraria as condições para regular a economia, de forma que ocorra uma adequada distribuição dos seus benefícios.
Fonte: Paulo Yokota, economista brasileiro (dupla nacionalidade japonesa), ex-professor da USP, ex-diretor do Banco Central do Brasil, ex-presidente do INCRA. Viveu e trabalhou nestas regiões. Foi comissário do governo brasileiro, temporariamente, na Expo Tsukuba 85. Supervisionou os escritórios de uma trading brasileira na Ásia.
Combate à corrupção e improbidade administrativa
Ministério Público de SP começa a utilizar o "Simba", que envia dados do sistema bancário pela internet, para deter corrupção e improbidade administrativa
O Ministério Público de São Paulo ganhou um importante aliado no combate à corrupção e improbidade administrativa: o Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias (Simba), sofisticado instrumento para rastreamento de contas e aplicações financeiras de acusados por fraudes a licitações e desvios de recursos do Tesouro.
O Simba permite a transmissão pela internet, após autorização judicial, de dados oriundos de quebra de sigilo bancário entre instituições financeiras e órgãos públicos responsáveis por investigações contra organizações que ocultam e lavam dinheiro ilícito. Propicia velocidade jamais vista no repasse de informações - medida que levava de seis meses a até um ano para ser executada pela rede bancária agora sai em dez dias. O programa sepulta a era da montanha de papeis e códigos indecifráveis e dribla a prescrição de delitos.
Também permite ampla segurança (com criptografia) na captação, processamento e análise de operações bancárias porque acaba com o trânsito de CDs e cópias de extratos. Revela ainda a origem, destino e tipos de transações financeiras.
Há duas semanas, o perito criminal da Polícia Federal Renato Barbosa apresentou o Simba a 200 promotores e procuradores de Justiça. Barbosa, que atuou no esclarecimento de alguns dos casos mais emblemáticos da história recente do País - Banestado, sanguessugas e mensalão, é um dos responsáveis pela implantação do Simba.
Para Barbosa, é fundamental que o investigador faça um planejamento prévio antes de pedir documentos ao sistema financeiro. "São muitos os casos em que verificamos uma bagunça generalizada nos autos porque não se faz um simples esboço", atesta.
O perito anota que órgãos de investigação adotaram uma prática, "e não se sabe quem inventou isso", por meio da qual é requerida a abertura dos últimos cinco anos de movimentação e fluxo de valores. "Isso provoca acúmulo de quantidade desnecessária de informações. É preciso ter foco e método."
Márcio Fernando Elias Rosa, subprocurador-geral de Justiça e Gestão do Ministério Público de São Paulo, avalia que o Simba vai dar dinamismo às investigações. "São novos mecanismos, facilitadores das funções precípuas dos promotores." Para Elias Rosa, o Simba "tem uma vocação forte para as áreas de combate à improbidade e criminal".
O procurador Nilo Spínola Salgado Filho, coordenador do Centro de Apoio Operacional à Execução (CAEx) - braço do Ministério Público que emite pareceres técnicos - destaca que o rastreamento bancário, hoje, obedece a um modelo primitivo, braçal. O Simba, afirma, será primordial no cerco à corrupção. "O corrupto não tem como prescindir do sistema financeiro, até para lavar dinheiro sujo ele precisa. De alguma forma ele ingressa no sistema bancário, o dinheiro não fica aí ao Deus dará."
Fonte:Fausto Macedo-O Estado de S. Paulo - 02/05/2011






