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15 outubro 2024

Adoção da IA

Eis o trecho do resumo:

 Este artigo relata os resultados da primeira pesquisa nacionalmente representativa dos EUA sobre a adoção de IA generativa no trabalho e em casa. Em agosto de 2024, 39% da população dos EUA, com idades entre 18 e 64 anos, utilizou IA generativa. Mais de 24% dos trabalhadores a utilizaram pelo menos uma vez na semana anterior à pesquisa, e quase um em cada nove a usou diariamente no trabalho. Dados históricos sobre o uso e o lançamento de produtos para o mercado de massa sugerem que a adoção de IA generativa nos EUA foi mais rápida do que a adoção do computador pessoal e da internet. A IA generativa é uma tecnologia de uso geral, no sentido de que é utilizada em uma ampla gama de ocupações e tarefas, tanto no trabalho quanto em casa.

E um dos gráficos do artigo:

 

Certamente o comparativo com outras tecnologias recentes mostra o impacto da IA:

 

O ponto azul é a adoção da IA. 

Mundo moderno em uma tribo isolada da Amazônia

Os Marubo vivem às margens do rio Ituí, no Amazonas. Relativamente isolados do mundo, eles usam cabanas comunitárias, realizam cerimônias com ayahuasca e só começaram a usar roupas após o encontro com os seringueiros no século XIX. Vivem isolados do mundo, com uma cultura a preservar.

Então, alguém conseguiu acesso ao mundo através da Starlink. Com a internet, poderiam chegar educação, ajuda em casos de emergência e comunicação familiar. No entanto, uma reportagem do NY Times (via aqui) revelou que, apenas nove meses após a chegada da Starlink, a vida da tribo mudou: adolescentes fissurados no celular, grupos cheios de fofocas, redes sociais viciantes, videogames violentos, desinformação e pornografia. Se a tribo não aprova beijos em público, o compartilhamento de pornografia se torna ainda mais preocupante.

Se a internet pode trazer coisas boas, há os problemas também. 

Efeito Vênus da Vila

Para refletir


O "efeito Vênus da Vila" descreve a experiência de alguém vivendo em uma vila isolada e conhecendo a pessoa mais bonita do local. Como essa pessoa é a mais atraente que já viram, é fácil pensar que ninguém poderia ser mais bonita. No entanto, além da vila existe um mundo inteiro de pessoas, muitas das quais podem ser ainda mais belas.

O efeito Vênus da Vila pode nos lembrar que muitas vezes pensamos dentro de um contexto e de restrições, sem perceber ou considerar o que pode existir além deles. Dessa forma, ele pode nos incentivar a pensar de forma mais ampla ou olhar para fora da nossa esfera de familiaridade.

Viajar pode ser uma forma de evitar o efeito. Outra é ter acesso ao que se passa em outros lugares, através de jornais, livros, internet... Temos também o efeito Vênus da Vila em nossa área de conhecimento. Em muitos casos, podemos encontrar em outros ramos do conhecimento soluções para nosso problema. Atitudes corporativas tendem a provocar o efeito.

Rir é o melhor remédio

 

Apenas terminando meu livro.

Prêmio Jovem Cientista - Até 15/10

 


Se encerram hoje as inscrições para o Prêmio Jovem Cientista. 

Categorias "Estudante de Ensino Superior" e "Mestre e Doutor" 
1. Tecnologias alternativas para acesso à internet e inclusão digital para promoção da cidadania digital 
2. Ensino de computação desplugado e educação digital 
3. Formação, conhecimentos e competências digitais, conectividade e diversidade 
4. Ética digital, E-gov, governança digital e green digital 
5. Usabilidade, letramento digital para idosos e estratégias para acessibilidade universal 
6. Tecnologias assistivas na educação, conectividade para estudantes e professores 
7. Inclusão digital na internet das coisas, infraestrutura e equipamentos 
8. Divulgação científica, divulgadores e tecnologias educacionais 
9. Medicina de precisão e Inteligência Artificial 
10. Telessaúde, Saúde digital e Inteligência Artificial, e Telemedicina 
11. Inclusão digital e interseccionalidades, questões de raça/cor, gênero e orientação sexual no mundo digital 
12. Mulheres em atividade no campo digital, equidade de gênero e inclusão digital com equidade 

 Mais informações: aqui.

14 outubro 2024

Você pode deixar isso mais claro?

Sobre o uso da IA em ciência, achei o texto bastante ponderado, como usualmente é o caso dos textos da The Economist. A tradução foi feita pelo GPT: 

 Muitas pessoas estão ocupadas experimentando chatbots na esperança de que a inteligência artificial generativa (IA) possa melhorar suas vidas diárias. Cientistas, sendo inteligentes como são, estão vários passos à frente. Como relatamos, 10% ou mais dos resumos de artigos em revistas científicas agora parecem ser escritos, pelo menos em parte, por grandes modelos de linguagem. Em áreas como a ciência da computação, essa porcentagem sobe para 20%. Entre os cientistas da computação chineses, chega a um terço.

Alguns veem essa adoção entusiástica como um erro. Eles temem que grandes quantidades de artigos de baixa qualidade possam introduzir vieses, aumentar o plágio e sobrecarregar o sistema de publicação científica. Algumas revistas, incluindo a família Science, estão impondo exigências rigorosas de divulgação sobre o uso de grandes modelos de linguagem. Essas tentativas são fúteis e equivocadas. Não é fácil controlar o uso desses modelos. Mesmo que fosse possível, muitos cientistas descobrem que seu uso traz benefícios reais.


Os cientistas pesquisadores não estão apenas dedicados ao trabalho de laboratório ou a grandes reflexões. Eles enfrentam grandes demandas de tempo, desde escrever artigos e dar aulas até preencher infinitas solicitações de bolsas. Os grandes modelos de linguagem (LLMs) ajudam acelerando a redação de artigos, liberando tempo para que os cientistas desenvolvam novas ideias, colaborem ou verifiquem erros em seus trabalhos.

A tecnologia também pode ajudar a equilibrar um campo de jogo inclinado a favor dos falantes nativos de inglês, já que muitas das revistas prestigiadas estão nessa língua. Os LLMs podem ajudar aqueles que não falam bem o idioma a traduzir e editar seus textos. Graças aos LLMs, cientistas em todo o mundo devem ser capazes de disseminar suas descobertas mais facilmente e serem julgados pelo brilhantismo de suas ideias e engenhosidade de sua pesquisa, em vez de por sua habilidade em evitar erros gramaticais sutis. 

Como ocorre com qualquer tecnologia, há preocupações. Como os grandes modelos de linguagem (LLMs) facilitam a produção de textos com aparência profissional, eles também facilitam a geração de artigos científicos fraudulentos. A revista Science recebeu 10.444 submissões no ano passado, das quais 83% foram rejeitadas antes da revisão por pares. Alguns desses certamente foram fantasias geradas por IA.

Os LLMs também podem exportar, por meio de suas palavras, o ambiente cultural em que foram treinados. Sua falta de imaginação pode estimular plágio inadvertido, no qual copiam diretamente trabalhos anteriores feitos por humanos. "Alucinações" que são obviamente erradas para especialistas, mas muito convincentes para o público geral, também podem aparecer no texto. E o mais preocupante de tudo: escrever pode ser uma parte essencial do processo de pesquisa, ajudando os pesquisadores a esclarecer e formular suas próprias ideias. Um excesso de dependência dos LLMs, portanto, pode empobrecer a ciência.

Tentar restringir o uso de grandes modelos de linguagem (LLMs) não é a maneira correta de lidar com esses problemas. No futuro, eles rapidamente se tornarão mais comuns e poderosos. Eles já estão integrados em processadores de texto e outros softwares, e em breve serão tão comuns quanto os corretores ortográficos. Pesquisas com pesquisadores indicam que eles veem os benefícios da IA generativa não apenas para escrever artigos, mas também para codificar e realizar tarefas administrativas. E, crucialmente, seu uso não pode ser facilmente detectado. Embora as revistas possam impor todas as exigências rigorosas de divulgação que desejarem, isso não adiantaria, pois elas não conseguem identificar quando suas regras foram violadas. Revistas como a Science deveriam abandonar exigências detalhadas de divulgação para o uso de LLMs como ferramenta de escrita, além de um simples reconhecimento.

A ciência já possui muitas defesas contra a fabricação e o plágio. Em um mundo onde o custo de produzir palavras cai para praticamente nada, essas defesas precisam se fortalecer ainda mais. A revisão por pares, por exemplo, se tornará ainda mais importante em um mundo com IA generativa. Ela deve ser reforçada de acordo, talvez pagando aos revisores pelo tempo que sacrificam para examinar os artigos. Também devem haver mais incentivos para que pesquisadores repliquem experimentos. Comissões de contratação e promoção em universidades devem garantir que os cientistas sejam recompensados com base na qualidade de seu trabalho e na quantidade de novos insights que geram. Controlando o potencial de uso indevido, os cientistas têm muito a ganhar com seus auxiliares LLMs.

(Uma observação: vou evitar usar a palavra crucial)

Santa Casa da Misericórdia e o negócio com a Máfia

A MCE, empresa na qual a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa detém uma participação de 55%, terá contas em seis banco brasileiros que não estavam identificadas na contabilidade da empresa e onde não existe informação sobre os movimentos, apurou uma auditoria forense, avança este domingo o Observador.

A mesma publicação acrescenta que apesar da auditoria realizada pela BDO, terem começado em setembro de 2023, só em 2024, e através de um relatório do Banco Central do Brasil foi possível identificar pelo menos seis contas associadas à MCE.



Em junho o Expresso, numa investigação conjunta com a revista brasileira Piauí, tinha avançado que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa teria feito negócios com a máfia do Brasil, e teria mesmo uma dívida de 40 mil euros, ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que é considerada a maior organização criminosa brasileira.

A investigação do Expresso e Piauí referiu que um gestor da MCE, empresa que foi comprada pela Santa Casa, teria revelado, em novembro de 2023, essa dívida da empresa ao PCC.

A notícia é de junho, mas é interessante quando uma entidade do terceiro setor se envolve com uma organização criminosa. Observe que a Santa Casa foi fundada dois anos antes do descobrimento

Filmes Polêmicos

Quais os filmes mais polêmicos? Uma pesquisa usou as notas dadas para vários filmes e cálculo a dispersão. Os filmes mais polêmicos tinham maior dispersão nas notas. Bastante simples e lógico. A lista final é a seguinte:

O filme mais polêmico da história é Plan 9. O filme possui erros óbvios de continuidade, efeitos especiais ruins e pouco convincentes, sets falsos, incluindo um de papelão, que oscilou durante a filmagem, conforme consta no link acima. Lógico que nunca vi este filme, mas reconheci o nome do seu diretor: Ed Wood.Sua vida já foi tema de um filme, com o nome do personagem, dirigido pelo conhecido diretor Tim Burton (de Beetlejuice, Edward Mão de Tesoura, Batman (1989), entre outros) , com Johnny Deep no papel principal.

10 outubro 2024

Wikipedia e a Inteligência Artificial


(...) uma equipe de editores da Wikipédia se reuniu para criar a "WikiProject AI Cleanup", que se descreve como "uma colaboração para combater o crescente problema do conteúdo gerado por IA sem fontes e mal escritos na Wikipedia".

O grupo é claro que eles não desejam proibir o uso responsável de IA, mas, em vez disso, procuram erradicar instâncias de conteúdo de IA mal elaborado, ou de outra forma inútil, que corrói a qualidade geral do repositório de informações de décadas da web.

Fonte: aqui

Em alguns casos, a linguagem da IA é bem característica. Mas uma das medidas foi rebaixar certos sites que foram pegos usando a IA para produzir material.  

Impacto Pós-Pandemia: A Queda no Valor de Mercado das Empresas Farmacêuticas

 

A pandemia gerou riqueza para os acionistas de algumas empresas farmacêuticas, como mostra o gráfico acima. No entanto, três anos depois, as ações dessas empresas caíram. Veja o caso da Pfizer, que desenvolveu a primeira vacina aprovada e utilizada globalmente. Desde então, o preço das ações despencou, impactando seu valor de mercado. Em agosto de 2021, a BioNTech tinha um valor de mercado próximo a 100 bilhões de dólares. Hoje, esse valor está em torno de 30 bilhões de dólares.

Dinheiro para acadêmicos defenderem os monopólios


O novo responsável pelos casos de monopólio na maior economia do mundo expôs o papel de acadêmicos na defesa de empresas gigantes. Esses acadêmicos aceitaram subornos e receberam dinheiro para testemunhar que os monopólios são bons e eficientes. Essa estratégia foi utilizada nos anos cinquenta e nas décadas seguintes pelas empresas de cigarro, que contrataram médicos e estatísticos — inclusive o mais famoso deles, Fisher — para tentar desacreditar a ligação entre o produto e o câncer.

Repetidas vezes, grandes empresas usaram ataques à epistemologia para fornecer cobertura a crimes impensáveis. Isso gerou a crise epistemológica atual, na qual não apenas discordamos sobre o que é verdade, mas (muito mais importante) discordamos sobre como a verdade pode ser conhecida.

Em uma palestra, Jonathan Kanter, da Divisão Antitruste do Departamento de Justiça, recentemente nomeado por Biden, apresentou alguns casos, todos relacionados à Universidade George Mason (GMU). Um fiscal internacional participou de um seminário de treinamento acreditando que o evento estava vinculado ao governo dos Estados Unidos. No entanto, o seminário foi patrocinado por empresas e contou com uma série de especialistas defendendo essas corporações. Um acadêmico defendeu as empresas na OCDE, mesmo tendo recebido dinheiro da indústria de tecnologia, omitindo essa informação. Joshua Wright, da GMU, fez um estudo defendendo a Qualcomm, recebendo dinheiro da empresa, mas também sem revelar suas fontes de financiamento.

Recentemente, o renomado economista Paul Milgrom foi apresentado como testemunha de defesa do Google, em um processo movido pelo DOJ.

09 outubro 2024

Teoria da precificação por inteligência artificial

Apresentamos a teoria de precificação por inteligência artificial (AIPT). Diferentemente da hipótese da APT, que assume uma estrutura de fatores de baixa dimensão nos retornos, a AIPT sugere que os retornos são influenciados por um grande número de fatores. Verificamos essa hipótese empiricamente e mostramos que modelos não lineares com muitos fatores (mais do que o número de observações ou ativos-base) são melhores em descrever o comportamento dos retornos fora da amostra do que modelos simples. A teoria da AIPT explica esses resultados, enquanto a hipótese da APT é contradita pelos dados.

O texto está aqui, que fala na virtude da complexidade.

Climate Scanner

O Climate Scanner é uma ferramenta que permitirá a órgãos de controle internacionais fazerem o monitoramento e a avaliação de políticas públicas sobre mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo. O projeto foi desenvolvido pela Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai, que reúne 195 órgãos de controle do mundo e é presidida atualmente pelo Brasil, via Tribunal de Contas da União), com apoio do Pnud e de outros parceiros multilaterais. A iniciativa recebeu um aporte financeiro de US$ 1 milhão do BNDES.

“A ideia da plataforma, ao fornecer informações, é permitir que grandes instituições multilaterais direcionem seus esforços com mais precisão”, disse Dantas, sobre as iniciativas de enfrentamento à crise climática.

A ferramenta permite que 19 Instituições Superiores de Controle (ISCs) em diferentes países do mundo avaliem as ações governamentais de combate à mudança climática. A metodologia é organizada sobre três eixos: governança, financiamento climático e políticas públicas. O projeto, lançado em novembro passado em Dubai, durante a COP28, terá os primeiros resultados apresentados durante a COP29, que acontece em novembro deste ano, no Azerbaijão.


O texto é da Istoé Dinheiro. Há uma página no site do TCU sobre a ferramenta.  A metodologia, em inglês, pode ser encontrada aqui

Estratégia de investimento por geração

Este gráfico (via aqui) ilustra como cada geração utiliza diferentes estratégias de investimento:

- Comprar e manter: Compram ações e mantêm a longo prazo.
- Investimento em crescimento: Focam em empresas com crescimento acima da média.
- Investimento em ações fracionadas: Compram partes de ações caras.
- Negociação de curto prazo: Compram e vendem rapidamente.
- Indexação direta: Compram ações de um índice diretamente.
- Investimento socialmente responsável: Focam em critérios éticos.
- Robo-consultores: Usam serviços automatizados.
- Investimento temático: Investem em tendências específicas.


 

Falta de rigor em pesquisa científica


Parece piada, mas não é. Um artigo científico sobre a importância do rigor científico foi publicado na Nature Human Behavior. O artigo defendia o rigor científico, o que incluía o registro prévio da pesquisa - para evitar manipulação dos resultados, o uso de grandes amostras e a transparência metodológica. 

Depois de sua publicação, o texto foi retirado por críticas relacionadas com a falta de rigor científico do artigo. Os autores admitiram os erros e irão submeter uma nova versão revisada.

Private Equity e empresas de contabilidade

Da Forbes:

A profissão contábil, uma das mais confiáveis, está atraída pelos fundos de private equity, pois estes oferecem benefícios de liquidez evidentes e promessas de crescimento a longo prazo. O setor de contabilidade fragmentado, com seus fundadores envelhecendo e abundante fluxo de caixa, representa um alvo atraente. No entanto, alguns temem que a vasta propriedade de PE possa gerar conflitos de interesse, minando a independência que os CPAs devem manter ao auditar empresas públicas.

(...) O número de Contadores Públicos Certificados (CPAs) disponíveis está diminuindo, à medida que a geração Baby Boomer (e em breve a geração X também) se aposenta. Segundo o relatório 2023 Trends da American Institute of Certified Public Accountants, 65.305 diplomas de bacharelado e mestrado foram concedidos em contabilidade no ano letivo de 2021-2022, uma queda de 18% em comparação com seis anos antes. No mesmo período, o número de candidatos que passaram nos quatro exames necessários para obter a licença de CPA caiu ainda mais drasticamente — apenas 18.847 completaram com sucesso o teste em 2022, uma queda de 32% desde 2016.

(...) A tecnologia, particularmente a inteligência artificial, pode fornecer algum alívio, lidando com tarefas repetitivas que novos contadores anteriormente fariam, como entrada de dados e revisões financeiras rotineiras. Isso libera a equipe para trabalhos mais interessantes, incluindo serviços de consultoria empresarial de rápido crescimento. Mas adotar novas tecnologias custa dinheiro. (...)


Até agora, o private equity não conseguiu entrar nas “Big 4”, das maiores empresas do país. Em 2022, a Ernst & Young rejeitou uma proposta da TPG que envolveria a separação da empresa, com o investimento de PE indo apenas para o lado não relacionado à auditoria.

Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2024/09/por-que-o-private-equity-esta-correndo-para-comprar-empresas-de-contabilidade/

08 outubro 2024

Coincidências e Conexões: o Nobel de Hinton


Ontem, comecei a ler o livro de Anil Ananthaswamy, Why Machines Learn: The Elegant Math Behind Modern AI, uma recomendação que veio do Marginal Revolution. Foi só o começo, mas hoje de manhã, fui surpreendido com a notícia do Prêmio Nobel de Física para Geoffrey Hinton. Mais tarde, ao voltar ao livro, uma coincidência inesperada: uma citação de Hinton chamando-o de "Uma Obra-Prima". A conexão entre o livro e o Nobel me fez enxergar o quanto essa leitura está em sintonia com os grandes avanços da IA.

Por sinal, Hinton é citado mais de cem vezes no livro.

Ordem Alfabética afeta as notas dos alunos

Eis um extrato:

Uma análise feita por pesquisadores da Universidade de Michigan de mais de 30 milhões de registros de notas da U-M revela que alunos com sobrenomes classificados alfabeticamente mais para o final recebem notas mais baixas. Isso ocorre devido a vieses de correção sequencial e à ordem padrão de submissão dos alunos no Canvas — o sistema de gerenciamento de aprendizado mais utilizado — que se baseia na ordem alfabética dos sobrenomes. . . .  


Wang disse que alunos com sobrenomes que começam com A, B, C, D ou E receberam uma nota 0,3 ponto mais alta de um total de 100 possíveis, em comparação com quando foram avaliados aleatoriamente. Da mesma forma, alunos com sobrenomes mais próximos ao final do alfabeto receberam 0,3 ponto a menos — criando uma diferença de 0,6 ponto.  

(...) um pequeno grupo de corretores (cerca de 5%) que avalia de Z a A, a diferença de nota se inverte, como esperado: alunos com sobrenomes entre A e E são mais prejudicados, enquanto os com sobrenomes entre W e Z recebem notas mais altas em relação ao que receberiam se fossem avaliados aleatoriamente. . . 

Já se sabia da existência de um efeito ordem alfabética. E o número de casos da amostra impressiona. 

Matrimônio por rapto

Parte de um trecho bastante interessante:

Primeiro, com a ajuda de um tradutor local que me deu acesso às comunidades Nuer e Anuak, no oeste da Etiópia, perto da fronteira com o Sudão do Sul, pude entrevistar líderes comunitários, homens e mulheres casados por rapto, e também familiares de mulheres que estavam raptadas no momento da entrevista. Essas entrevistas nos permitiram caracterizar bem essa prática. A primeira surpresa foi descobrir que o raptor e a raptada geralmente já são um casal, a raptada está de acordo, e participa ativamente no rapto. 

Qual é, então, o propósito do rapto? Vamos primeiro contextualizar. Nessas comunidades, quando ocorre um casamento, a família do noivo deve pagar à família da noiva cerca de 15 vacas, o que é proibitivo para muitas famílias. Embora o valor do pagamento não dependa muito das características pessoais do noivo, da noiva ou de suas famílias, há uma característica específica que influencia o preço: a castidade da noiva. Nessas comunidades, o sexo pré-marital é muito estigmatizado, e mulheres que o praticaram têm dificuldades para se casar com outro parceiro, e quando se casam, suas famílias recebem um pagamento menor. Esse estigma do sexo pré-marital é o que motiva o rapto, que começa com a mulher passando a noite na casa da família do noivo. O primeiro passo da família do noivo após o rapto é avisar ao "Kebele" (uma espécie de prefeitura local) que a parceira de seu filho passou a noite em sua casa. Comunicar esse fato à prefeitura tem um duplo objetivo. Primeiro, anuncia à comunidade que a noiva do seu filho já não é virgem, diminuindo o poder de negociação da família da noiva nas negociações matrimoniais. Segundo, o Kebele atua como mediador nas negociações matrimoniais que se seguem ao rapto para evitar conflitos violentos entre as famílias. Embora a decisão final seja dos pais da noiva, na maioria das vezes o rapto termina em casamento formal, aceito a contragosto pelos pais da noiva, que normalmente aceitam uma redução de aproximadamente 30% no pagamento pelo casamento de sua filha. 

A tabela acima mostra que nos períodos de seca, indicando que o rapto é feito para reduzir o pagamento que deveria ser feito.

Nos comentários, o autor esclarece a razão de usar o termo rapto no texto. E conclui que, felizmente, o cenário está mudando.

Machine Learning e Nobel


Machine learning has long been important for research, including the sorting and analysis of vast amounts of data. John Hopfield and Geoffrey Hinton used tools from physics to construct methods that helped lay the foundation for today’s powerful machine learning. Machine learning based on artificial neural networks is currently revolutionising science, engineering and daily life.

Da página da Fundação Nobel. 

Contabilidade e criptomoedas

Do Jornal Econômico:

 As criptomoedas são ativos muito falados e relativamente recentes no universo empresarial, mas no que respeita à sua contabilização ainda há muita controvérsia e dúvidas a pairar no ar.  

Um pouco por todo o mundo debate-se sobre qual a melhor forma de tratar o reconhecimento destes ativos na posição financeira das entidades. Os principais emissores de normas de contabilidade têm vindo a caminhar para a adaptação das normas contabilísticas para que contemplem a sua contabilização, algo que até há bem pouco tempo não existia, sendo que a obtenção de consenso ainda está longe de ser alcançado. Esse consenso está difícil de encontrar, principalmente acerca da classificação do ativo, mas todos os reguladores concordam que se trata de ativos cuja classificação tem de ser clarificada.  

Uma das principais dificuldades na contabilização é a determinação da classificação contabilística, em virtude da multiplicidade de fins possíveis que pode ser dado a este tipo de ativos por parte das entidades que os adquirem. Os fins são distintos e podem variar desde a aquisição dos ativos para investimento de médio e longo prazo, à aquisição para negociação de curto prazo, e à aquisição destes ativos para negociação como parte do seu modelo de negócio. Ou seja, a intenção e objetivo de aquisição influencia a forma mais adequada de contabilização dos ativos.  

Esta situação cria na prática uma dificuldade acrescida na contabilização destes ativos, em virtude de ter de ser feita caso a caso, o que pode levar a erros de interpretação por parte dos contabilistas responsáveis. Outra dificuldade respeita à escolha da base de mensuração, que pode variar desde o custo histórico, o custo corrente, o valor realizável líquido, o valor presente ou o justo valor. Também sobre esta temática temos de escolher a base de mensuração mais adequada, pois atualmente não existe uma escolha única para todos os tipos de criptoativos.  

Como ainda não há uma posição específica e clara do Iasb sobre o assunto - apesar do Fasb já ter avançado na questão - as interpretações estão sendo feitas pelos reguladores nacionais. 

07 outubro 2024

Evergrande e PwC

Os reguladores chineses suspenderam recentemente a PwC China por seis meses e aplicaram uma multa recorde de 441 milhões de yuans (62 milhões de dólares) por falhas de auditoria relacionadas à Evergrande, uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China. A empresa, altamente endividada devido a empréstimos para construir grandes empreendimentos, deu calote em suas dívidas em 2021 e declarou falência em 2023. 


A PwC, auditora da Evergrande, foi acusada de ignorar e até mesmo permitir atividades fraudulentas durante as auditorias de 2019 e 2020. Entre 2018 e 2020, a Evergrande superestimou suas receitas em 78 bilhões de dólares, e a PwC emitiu relatórios falsos que retratavam uma situação financeira saudável. Durante inspeções, a PwC relatou propriedades como concluídas, quando, na verdade, ainda eram terrenos vazios. 

Os reguladores chineses descobriram que 88% das observações da PwC sobre os projetos da Evergrande eram fabricadas ou imprecisas, e que a PwC excluiu propriedades específicas de suas auditorias a pedido da Evergrande, caracterizando não apenas negligência, mas também cumplicidade em fraudes. 

Fonte: baseado aqui

Rir é o melhor remédio


 Saiba aonde tem mais risco de não fechar um balanço

Agência física ou não: o caso do JP Morgan

Culpe os cortes de custos causados pela COVID, a constante consolidação da indústria ou simplesmente os aplicativos de bancos móveis, que têm ficado cada vez melhores, mas sejamos honestos: os dias de fazer todo o seu banco presencialmente provavelmente acabaram. De fato, o número de agências bancárias físicas vem caindo desde 2012, e continuou a diminuir este ano, com os Estados Unidos supostamente perdendo mais de 500 agências locais nos primeiros seis meses de 2024.


No entanto, a tendência de longo prazo não eliminou completamente o apetite das principais instituições financeiras americanas. Nesta semana, o JPMorgan anunciou que abrirá quase 100 novas agências nos chamados desertos bancários dos EUA, a mais recente adição à sua política de expansão, que o tornou o primeiro banco com agências em todos os 48 estados contíguos. Essas agências estarão em áreas fora do alcance das agências tradicionais e provavelmente serão focadas em atender comunidades de baixa renda.

Mas para o JPMorgan, 'isso não é apenas fazer o bem, é negócio' — em uma entrevista ao Wall Street Journal, Jamie Dimon, CEO da empresa, acrescentou: 'medimos essas agências pelo número de clientes, depósitos, investimentos, e o modelo funciona.'

Ao contrário de muitos de seus concorrentes, o JPMorgan parece estar vendo suas agências físicas como os novos centros comunitários dos bairros, com foco em promover a alfabetização financeira e oferecer orientação. Até agora, o negócio tem obtido sucesso: os saldos de poupança pessoal na sua primeira agência comunitária desse tipo, no Harlem, por exemplo, cresceram 73% quatro anos após sua abertura.

Fonte: aqui

Gráfico

 

O valor da OpenAI em perspectiva com outras empresas novas. 

Negócio Premier League: caso do Manchester United

(...) a Premier League cresceu nas últimas décadas, tornando-se uma importante exportação cultural — e financeira — do Reino Unido. Acordos globais de transmissão fazem com que as partidas sejam transmitidas para até 900 milhões de lares em 189 países, ajudando os times da principal divisão da Inglaterra a arrecadar impressionantes €7 bilhões (US$ 7,8 bilhões) em receita na temporada que terminou em 2023, de acordo com a última Revisão Anual de Finanças do Futebol da Deloitte.

De fato, 6 dos 10 times de futebol mais valiosos do mundo em 2024 são ingleses — e, no topo dessa lista da Premier League, segundo a Forbes, está o Manchester United. O sucesso da equipe nas décadas de 1950 e 1960 consolidou seu legado junto a uma geração mais velha de fãs, mas o Manchester United só se tornou o fenômeno global que é hoje graças ao sucesso da equipe masculina de 1986 a 2013, quando foi comandada pelo muito condecorado técnico escocês Alex Ferguson.

Dado o seu enorme público global (o clube afirma contar com 1,1 bilhão de fãs e seguidores ao redor do mundo, mais de 3 vezes a população dos Estados Unidos) e o crescimento do futebol inglês em geral, você poderia esperar que a equipe fosse uma máquina de lucro. Graças ao fato de as ações do Manchester United serem negociadas na Bolsa de Valores de Nova York desde 2012, as finanças do time são públicas (o United permanece majoritariamente controlado pela família Glazer, mas algumas ações são negociadas na NYSE), e elas contam uma história bem diferente. 



O Manchester United, com uma avaliação de US$ 6,55 bilhões, ficando atrás apenas do Real Madrid no ranking da Forbes, registrou perdas operacionais acumuladas no valor de £205 milhões (US$ 275 milhões) nos últimos 4 anos, uma queda de quase £70 milhões apenas no último ano. A má notícia para qualquer aspirante a Ryan Reynolds com uma queda pelo futebol e um bom montante de dinheiro para investir? As finanças do Manchester United não são incomuns para os times de futebol, mesmo no mais alto nível, onde as equipes podem alavancar múltiplas fontes de renda.

Os Red Devils — um apelido infantil para o United que genuinamente me dói escrever como torcedor do Manchester City — arrecadaram quase £700 milhões (~US$ 936 milhões) em receita no último ano fiscal. Um pouco mais de 43% desse valor veio de sua divisão comercial, que inclui a venda de mercadorias de varejo e vestuário, bem como patrocínios, com marcas pagando milhões para terem seus logotipos estampados nas camisas, shorts, estádio e arredores do time. A fatia do United nos acordos de transmissão acrescentou mais £222 milhões ao seu caixa, enquanto a arrecadação com os jogos contribuiu com £137 milhões.


Mas, apesar de toda a sua receita, os custos do time ainda foram altos demais para que gerasse lucro.

Pagar jogadores como o meio-campista brasileiro Casemiro cerca de £350.000 por semana logo resulta em uma conta salarial enorme para o United, com as despesas com funcionários totalizando impressionantes £365 milhões (US$ 489 milhões) no ano passado. E, ao contrário de muitos esportes norte-americanos que tendem a operar em um sistema fechado, os times de futebol normalmente não trocam jogadores, eles simplesmente compram e vendem. Para uma franquia como o Manchester United, isso normalmente significa desembolsar para adquirir os melhores talentos. E, embora possa parecer estranhamente simplista, os jogadores são tratados como ativos, e quase todos os ativos tendem a se depreciar com o tempo — a “amortização” reportada do time (um rótulo contábil útil que essencialmente divide as taxas de transferência dos jogadores durante o tempo esperado no clube) foi de £190 milhões no ano passado.

Novo Trafford?

O icônico estádio do Manchester United, Old Trafford, está fazendo jus à primeira parte de seu nome. De fato, o 'Teatro dos Sonhos' é 33 anos mais velho que Joe Biden, tendo sido construído em 1910. Dada a sua idade avançada, o clube, e seu novo proprietário minoritário Jim Ratcliffe, estão avaliando propostas para uma reforma de sua icônica arena ou até mesmo um novo estádio.

Ambas as opções são caras. Um novo estádio poderia, segundo relatos, custar ao clube mais de £2 bilhões nos próximos 6 anos e, obviamente, seria um peso significativo sobre o frágil resultado financeiro do United. Como o clube financiaria tal investimento, dado que está fortemente endividado (e deficitário, como vimos), é um assunto quente de discussão, com autoridades de Manchester preocupadas que os contribuintes locais possam acabar arcando, indiretamente, com parte da conta.

Como mencionado, perder muito dinheiro na elite do futebol não é algo raro, com apenas 4 clubes conseguindo registrar um lucro antes de impostos na Premier League de 2022/23, uma queda em relação aos 7 do ano anterior, segundo a pesquisa da Deloitte. O que é um pouco menos comum é o status do Manchester United como uma empresa de capital aberto.

Emocionalmente investido?

Após inicialmente ter sido aberto na Bolsa de Valores de Londres em 1991, e depois fechado novamente por Malcolm Glazer em 2005, o Manchester United foi parcialmente listado na NYSE em agosto de 2012, com analistas na época cautelosos quanto às perspectivas de longo prazo das ações. Até agora, o MANU não fez muito para provar que estavam errados. Desde agosto de 2012, o valor das ações do time de futebol subiu pouco menos de 25% — no mesmo período, o índice S&P 500 ganhou mais de 300%.


As ações passaram por uma trajetória turbulenta nos últimos 12+ anos, subindo ligeiramente com resultados de destaque em partidas e contratações de estrelas, e, previsivelmente, caindo com grandes derrotas. No entanto, os maiores movimentos das ações do Manchester United tendem a seguir as mais mundanas notícias corporativas, em vez de qualquer ação emocionante em campo.

Assim como nos mundos do beisebol, basquete e futebol americano, há um número limitado de times de futebol de capital aberto para usar como comparação, embora a Juventus, da Itália, e o Borussia Dortmund, da Alemanha, talvez sirvam como dois dos paralelos mais próximos. Dois gigantes do futebol europeu, Juventus e Dortmund caíram 76% e 60%, respectivamente, desde suas aberturas, à medida que a maioria dos times no continente luta para competir com seus equivalentes ingleses... pelo menos em termos financeiros.

Uma grande lição de tudo isso? Quer você seja um bilionário aspirante a dono de time ou apenas um fã comum, investir no seu time favorito talvez só faça sentido se a emoção de acompanhar seus resultados em campo não for dramática o suficiente.