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14 dezembro 2022

Ainda FTX - 2

A Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) reconheceu novamente que o ether, associado ao blockchain Ethereum, é uma commodity. O movimento ocorreu em meio à reabertura de discussões sobre em que categoria de ativo a criptomoeda se enquadraria após uma atualização no seu mecanismo de consenso.

A posição da agência reguladora foi divulgada como parte do processo que ela está movendo contra Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da corretora falida de criptoativos FTX. Ele foi acusado pela CFTC de fraude, uma acusação que se soma às da Comissão de Valores Mobiliários do país (SEC, na sigla em inglês).

Ao explicar o arcabouço legal que dá margem para o órgão processe Bankman-Fried, a CFTC destacou que "dissuadir e impedir manipulações de preços ou quaisquer outras perturbações à integridade do mercado" em relação a ativos que sejam considerados commodities.

"Um ativo digital é qualquer coisa que pode ser armazenada e transmitida eletronicamente e tem propriedade associada ou direitos de uso. Os ativos digitais incluem moedas virtuais, como bitcoin, ether e tether (USDT), que são representações digitais de valor que funcionam como meios de troca, unidades de conta e/ou reservas de valor", explicou a CTFC.

Em seguida, a agência reguladora diz que "certos ativos digitais são 'commodities', incluindo bitcoin, ether, tether (USDT) e outros". A CFTC ressaltou que há indícios que as ações de Bankman-Fried e da FTX afetaram as cotações dessas commodities digitais, abrindo margem para a atuação do órgão.

Enquanto o reconhecimento do bitcoin como commodity não é uma novidade, as citações aos outros dois criptoativos chamaram a atenção do mercado.

O motivo é que o próprio chefe da CFTC, Rostin Behnam, havia sinalizado há algumas semanas que apenas o bitcoin poderia ser classificado como commodity. Nesse caso, o ether e demais criptomoedas entrariam em outras categorias, em especial a de valores mobiliários, com regulamentações específicas que não são bem-vistas por entusiastas do setor.

Anteriormente, a CTFC já havia sinalizado que o ether também seria uma commodity ao autorizar o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) ligados à criptomoeda. O risco de uma mudança nesse entendimento começou a ser levantado após o "The Merge", uma atualização que mudou o mecanismo de consenso da Ethereum da prova de trabalho (proof-of-work) para a prova de participação (proof-of-stake).

Como parte da mudança, o novo processo de validação de transações no blockchain, que leva à emissão de ether como recompensa, passou a exigir o depósito de certos valores da criptomoeda por validadores, prática chamada de staking.

A exigência fez com que o presidente da SEC, Gary Gensler, afirmasse que o ether poderia passar a se enquadrar na definição de um valor mobiliário e ficar sob a supervisão da autarquia, já que os investidores estariam "antecipando lucros com base nos esforços de outros".


Gensler disse ainda que a oferta por intermediários de serviços de staking para clientes interessados "parece muito semelhante - com algumas mudanças de rotulagem - aos empréstimos".

A definição da categoria em que o ether e outras criptomoedas se encaixam é importante pois é a partir dela que será definido qual regulador poderá supervisionar determinados ativos uma vez que projetos de lei sejam aprovados. Um dos mais avançados sobre o tema nos EUA estabelecia que a CFTC ficaria responsável por ativos digitais considerados commodities.

Diferente da CFTC, a SEC não trouxe nenhuma novidade na classificação de criptomoedas como valores mobiliários no processo aberto contra Bankman-Fried. Atualmente, a autarquia enfrenta uma briga judicial com a Ripple sobre o enquadramento do XRP nessa categoria, o que a empresa nega

Fonte: aqui. Foto Mariia Shalabaieva

Negrito do blog para destacar que o assunto parece muito mais uma briga de poder entre reguladores. 

Ainda FTX

Nesta terça-feira, 13, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou formalmente Sam Bankman-Fried, da FTX, por fraude contra investidores. O ex-CEO da FTX protagoniza um dos maiores colapsos do mercado de criptomoedas desde o último mês, quando sua corretora, então segunda maior do mundo, foi à falência em menos de uma semana, revelando uma série de polêmicas e má gestão.

“A Comissão de Valores Mobiliários acusou hoje Samuel Bankman-Fried de orquestrar um esquema para fraudar investidores de capital na FTX Trading Ltd. (FTX), a plataforma de negociação de criptomoedas da qual ele era CEO e cofundador. As investigações sobre outras violações da lei de valores mobiliários e outras entidades e pessoas relacionadas à suposta má conduta estão em andamento”, diz um documento publicado pela instituição.

Na acusação, a “CVM dos Estados Unidos” diz que “o réu ocultou seu desvio dos fundos dos clientes da FTX para a Alameda Research enquanto levantava mais de US$ 1,8 bilhão de investidores”.

Para a SEC, o colapso da FTX foi o resultado de “uma fraude de anos” orquestrada por Sam Bankman-Fried, o fundador da companhia. A responsabilidade fica com o ex-bilionário após este apresentar garantias falsas aos investidores, tanto da empresa quanto de sua plataforma de criptomoedas.

A FTX ganhou espaço rapidamente no mercado cripto. Fundada em 2019, a corretora de criptomoedas se tornou a segunda maior do mundo, fechando parcerias com celebridades, incluindo a modelo brasileira Gisele Bündchen.

No entanto, tudo acabou quando dados sobre o balanço da Alameda Research, empresa do grupo, despertaram temor e uma onda de saques na plataforma, que logo apresentou insolvência. Apesar das tentativas de Sam Bankman-Fried para acalmar os ânimos de investidores, a FTX não conseguiu honrar com os saques e deixou uma série deles em um prejuízo bilionário ao declarar falência e entrar em recuperação judicial.

Ao acusar Sam Bankman-Fried de ter violado as disposições antifraude da lei de negociação de valores mobiliários dos EUA de 1933 e 1934, a SEC afirma que o ex-CEO foi responsável pelas decisões de misturar o dinheiro de clientes com o dinheiro da companhia e de outras empresas relacionadas, como a Alameda Research.

Além dos problemas que culminaram na falência, a comissão também acusa Bankman-Fried de fraude ao mentir para investidores sobre os riscos e investimentos da FTX em segurança.

“Alegamos que Sam Bankman-Fried construiu um castelo de cartas com base na fraude, enquanto dizia aos investidores que era um dos edifícios mais seguros em cripto”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler.

"A suposta fraude cometida pelo Sr. Bankman-Fried é um alerta para as plataformas criptográficas de que elas precisam estar em conformidade com nossas leis. A conformidade protege tanto aqueles que investem e aqueles que investem em plataformas criptográficas com salvaguardas testadas pelo tempo, protegendo adequadamente os fundos dos clientes e separando linhas de negócios conflitantes. Também esclarece a conduta da plataforma de negociação para investidores por meio de divulgação e reguladores por meio de autoridade de exame. Para as plataformas que não cumprem nossas leis de valores mobiliários, a Divisão de Execução da SEC é pronto para agir”, acrescentou Gensler.

Além da má gestão do dinheiro de clientes dentro do grupo FTX, que investia no cultivo de alface, remédios para emagrecer e loções falsificadas, os fundos também teriam sido usados para doações políticas e compras de imóveis luxuosos.

Sam Bankman-Fried foi um dos maiores doadores políticos do Partido Democrata nos Estados Unidos e residia em uma mansão nas Bahamas onde supostamente vivia um relacionamento poliamoroso com outros dez executivos da empresa.

O cofundador da FTX foi preso na última segunda-feira, 12, nas Bahamas, onde residia. A prisão foi executada após um pedido formal do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York. Os promotores do Distrito Sul de Nova York acusaram Bankman-Fried de fraude eletrônica, conspiração de fraude eletrônica, fraude e conspiração de fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.


“Em ações paralelas, a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova York e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) anunciaram hoje acusações contra Bankman-Fried. A SEC agradece a assistência do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, do FBI e da CFTC”, conclui um documento publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.

Além de Bankman-Fried, outras personalidades curiosas estão envolvidas no caso, como Caroline Ellison e Sam Trabucco, que atuaram como co-CEOs da Alameda Research. Com o estouro do caso e a falência da empresa, Ellison chamou a atenção por declarações polêmicas de racismo, machismo e ódio contra minorias nas redes sociais.

Já Trabucco havia declarado publicamente em outras ocasiões, o uso de estratégias de pôquer e outros jogos de cartas nos negócios da Alameda Research. Nenhum dos dois foi preso, até o momento.

“Bankman-Fried permaneceu como o tomador de decisão final na Alameda, mesmo depois que Ellison e Trabucco se tornaram co-CEOs em outubro de 2021 ou por volta dela. registros e bancos de dados”, justificou o documento publicado pela SEC nesta terça-feira, 13.

Fonte: Exame. Foto: Mariia Shalabaieva

Twitter falindo?

Muita coisa acontecendo no Twitter e parece indicar uma falência. Eis um trecho do NYT sobre a situação da empresa (via aqui):

Para reduzir custos, o Twitter não pagou aluguel por sua sede em São Francisco ou por qualquer um de seus escritórios globais por semanas, disseram três pessoas próximas à empresa. O Twitter também se recusou a pagar uma fatura de US $ 197.725 por voos charter privados feitos na semana da aquisição de Musk, de acordo com uma cópia de uma ação movida no Tribunal Distrital de New Hampshire e obtida pelo The New York Times.

Os líderes do Twitter também discutiram as consequências da negação de indenizações a milhares de pessoas que foram despedidas desde a mudança de direção, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto. E o Sr. Musk ameaçou os empregados com processos judiciais se falassem com os meios de comunicação social e "agissem de forma contrária aos interesses da empresa", de acordo com um e-mail interno enviado na sexta-feira passada.

Os movimentos agressivos sinalizam que o Sr. Musk continua a cortar nas despesas e está a dobrar-se ou a quebrar os acordos anteriores do Twitter para deixar a sua marca. Seu reinado é caracterizado pelo caos, uma série de demissões e mais demissões, reversões das suspensões anteriores da plataforma e regras e decisões caprichosas que têm afastados os anunciantes.

Rir é o melhor remédio

Árvore de Natal segundo vários estilos.
 

História bem antiga

Os historiadores sabem que os primeiros registros da humanidade geralmente tinham referência a contabilidade e sexo. Já postamos aqui que provavelmente o primeiro nome conhecido da história é de um contador. 

Um artigo publicado agora por pesquisadores da Universidade de Istambul, referente a um arte esculpida em uma parede, mostra o que talvez seja a cena narrativa mais antiga conhecida. O registro não é contábil e descreve uma cena com cinco figuras, provavelmente esculpida no nono milênio antes de Cristo. Este registro foi encontrado em 2021 na Turquia. 

Embora exemplos mais antigos de arte narrativa tenham sido identificados - entre eles, as pinturas rupestres de quase 17.000 anos em Lascaux e um painel de cavernas de aproximadamente 44.000 anos na ilha indonésia de Sulawesi -, estes são os primeiros conhecidos a mostrar uma narrativa em andamento.

Via aqui e aqui

13 dezembro 2022

IA descobre piscinas e aumenta a arrecadação tributária francesa

A autoridade tributária francesa usou o software de IA para detectar piscinas não declaradas em todo o país, gerando um extra de impostos para milhares de proprietários.


O sistema, desenvolvido pelo Google e Capgemini, pode identificar piscinas em imagens aéreas e cruzá-los com bancos de dados de registro de terras. Lançado como um experimento há um ano em nove departamentos franceses, descobriu 20.356 piscinas, informou o escritório de impostos. Agora será estendido em todo o país.

Na França, modificações na propriedade, incluindo a adição de piscinas, devem ser declaradas à administração fiscal dentro de 90 dias após a conclusão. Como os impostos sobre a propriedade são baseados no valor do aluguel da propriedade, as melhorias geralmente significam um aumento de impostos. Segundo o governo francês, uma piscina típica de 30 metros quadrados seria tributada em cerca de 200 euros extras por ano.

A administração tributária agora está usando o sistema para detectar anexos, extensões e varandas não declarados. "Estamos visando particularmente extensões de casas como varandas, mas precisamos ter certeza de que o software pode encontrar edifícios com uma pegada grande e não o canil ou o teatro infantil", disse Antoine Magnant, vice-diretor geral de finanças públicas Le Parisien jornal.

Fonte: aqui

Futuro da Profissão - 2

 A sustentabilidade atravessa todos os vectores da sociedade e irá assumir cada vez mais importância no futuro. Hugo Ribeiro, contabilista certificado, CEO da HVR Business Consulting, antecipa o caminho ao Jornal Económico: “Vamos assistir a consumidores que vão ter escolhas cada vez mais conscientes dos impactos dos seus consumos, no entanto, não será de todo linear criar modelos de ‘report’ para um tecido empresarial português caracterizado por microempresas muitas delas que correspondem em muitos casos à criação do próprio emprego”.

A criação deste tipo de obrigações a determinadas áreas não terá “o impacto que se pretende”. Mais. “Será para este tipo de negócio apenas algo burocrático e sem enquadramento”. Em concreto, “na área da Contabilidade apesar de ser o tema do passado congresso ainda está num processo embrionário”, adianta Hugo Ribeiro.

A transição para uma economia mais sustentável, que parece ter-se tornado irreversível nesta segunda década do século XXI, significa que os critérios ambientais, sociais e de governança, conhecidos por ESG, serão fundamentais na gestão das empresas e organizações do futuro. Neste contexto, olhamos para o sector da Contabilidade. Como estão os contabilistas a endereçar o desafio da sustentabilidade? São necessárias novas competências? Que papel desempenha a academia neste processo?

No ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Ana Isabel Dias, diretora da licenciatura em Contabilidade e Administração, e Pedro Pinheiro, presidente do Instituto, sinalizam que os ESG, tópicos de Environmental, Social and Governance, no original em inglês, e a sustentabilidade são hoje um dos principais desafios em diversas áreas de atuação e a Contabilidade não é exceção.

“Os contabilistas, face a este desafio, têm respondido como habitualmente o fazem, ou seja, preparando-se para enfrentar uma abordagem diferente daquela que tradicionalmente enfrentam. O relato da informação de natureza não financeira e a garantia da fiabilidade desta, implica que os contabilistas adquiram um novo conjunto de competências que os possa preparar convenientemente para esta alteração de paradigma”, afirmam.

Explicam depois que “a problemática da recolha da informação de natureza não financeira, o seu tratamento e o adequado relato dessa mesma informação, de modo a suprir as necessidades dos diferentes stakeholders” faz com os contabilistas necessitem, em muitos casos, de efetuar um esforço adicional para responder de forma afirmativa ao desafio. Assim, segundo os professores do ISCAL, o foco dos contabilistas está na formação, instrumento que pode ajudar a “desenvolver as competências necessárias para endereçar o relato ESG com os mais elevados padrões de qualidade e deste modo contribuir, no âmbito das suas competências, para o desígnio do desenvolvimento sustentável”.

A perspetiva da Católica Porto Business School

Paulo Alves, professor associado da Católica Porto Business School e diretor do MSc Finance, diz ao Jornal Económico que a formação de contabilistas, que é “muito focada na excelência ao nível do conhecimento contabilístico”, carece de “uma profunda adaptação para fazer face às novas exigências” de um ambiente de negócios fortemente marcado pela agenda da sustentabilidade.

“A criação de valor por parte do profissional de Contabilidade será cada vez mais ancorada na sua capacidade de acompanhar a entidade num complexo ecossistema com exigências crescentes ao nível da informação necessária”, explica.

No geral, este cenário torna “urgente e imperativa”, a inclusão de disciplinas que desenvolvam competências nas áreas da estratégia, risco e sustentabilidade, e a interligação destas à contabilidade, ao relato de informação não financeira e às finanças empresariais.

Paulo Alves chama a atenção para o facto da formação na área da sustentabilidade não ser específica a um ramo do conhecimento. O que se trata é de formação que permita o “desenvolvimento de profissionais capazes de fazer a diferença para uma sociedade mais sustentável”. Nesse sentido, adianta, a sustentabilidade é uma matéria core na estratégia da Católica Porto Business School e no seu propósito de “formar profissionais de excelência”.

Este compromisso, acrescenta, traduz-se “na preocupação da Escola em acompanhar os mais recentes desenvolvimentos na área e incluí-los nos cursos”. Ao que refere, a inclusão das matérias relacionadas com a sustentabilidade atravessa toda a oferta formativa, desde uma abordagem mais disseminada na licenciatura, a uma formação específica ao nível da formação pós-graduada.

Exemplos? O Mestrado em Finanças inclui uma disciplina exclusivamente focada em Sustainable Finance. Na formação para executivos está atualmente em fase de candidaturas a primeira edição do curso Innovation for Sustainable & Regenerative Business. Finalmente, e em parceria com a WU – Vienna University of Economics and Business, uma das mais reputadas business schools do mundo, a CPBS organiza a Porto Sustainable Business Summer School que permite uma experiência internacional distinta.



A perspetiva do ISCAL

Ana Isabel Dias, docente e Pedro Pinheiro, presidente do ISCAL, dizem ao JE que da parte dos alunos ou futuros alunos, há não só interesse, mas entusiasmo para aumentar o nível de conhecimento neste assunto. “As novas gerações, tendencialmente mais despertas para problemáticas relacionadas com as alterações climáticas, muito devido ao foco colocado pelo ensino obrigatório nesta temática, estão mais do que predispostas para abarcar estas aprendizagens”.

A matriz de competências do International Federation of Accountants (IFAC) para a qualificação de um profissional – uma pirâmide de três níveis (fundamental, intermédio e avançado) – baseia os resultados da aprendizagem em compreender o problema, providenciar a solução e aconselhar e relatar, sempre a par de um comportamento ético expectável.

“Assim — explicam Ana Isabel Dias e Pedro Pinheiro — as competências a desenvolver para os tópicos de ESG serão baseadas nesta mesma linha de ensino-aprendizagem que permita desenvolver competências na análise de questões complexas, e por vezes, até controversas, relativamente a aspetos que se revestem de elevado nível de abstração, o que conduz a uma maior dificuldade na garantia da fiabilidade do processo de relato”. Todavia, acrescentam, as pressões dos vários stakeholders para “um relato mais transparente”, conjugada com “a necessidade do mundo empresarial de dar a conhecer os seus modelos de negócios”, conduziu “a práticas de relato que abrangem os tópicos relacionados com o ESG” e, atualmente, a que fossem “alvo de regulação”.


formação para contabilistas

O ISCAL é herdeiro da Aula do Comércio, criada por Marquês de Pombal em 1759. A sua oferta abrange Contabilidade, Fiscalidade e Auditoria. No primeiro ciclo existe a licenciatura em Contabilidade e Administração e no segundo ciclo o mestrados em Contabilidade, em Fiscalidade e em Auditoria. Nos cursos não conferentes de grau, destacam-se a especialização em Contabilidade, Fiscalidade e Planeamento no Setor Segurador, em parceria com a Associação Portuguesa de Seguradores, e a Pós-Graduação em Contabilidade e Gestão Pública, em parceria com o ISCSP-UL.

Pedro Pinheiro adianta ao JE que o ISCAL se prepara para reforçar no próximo ano a oferta formativa não conferente de grau, própria e em parceria, relacionada com a problemática da sustentabilidade e do relato integrado.

Já nas licenciaturas e mestrados, o caminho passa pela atualização das unidades curriculares, incorporando os tópicos de ESG, enquanto parte de conteúdos relacionados com o relato empresarial e com a ética profissional.

O objetivo destas alterações é que os diplomados ganhem um conjunto de competências para que possam também eles responder de forma afirmativa aos desafios futuros.

Fonte: Jornal Economico. Foto: Maximalfocus

Futuro da profissão - 1

Na última JE Talks do Jornal Económico, sobre a profissão dos contabilistas certificados, Vítor Pinho, CEO da Cloudware, disse que os contabilistas assumem muitas vezes responsabilidades que vão além daquilo que é o seu trabalho, com o propósito de canalizar o melhor auxílio possível ao empresário. Ainda assim, refere, os profissionais passam por dificuldades crescentes.

Com o trabalho a ser desempenhado, cada vez mais, de forma remota, na sequência da pandemia, “os contabilistas têm dificuldades na vivência com os vários sistemas do Estado, na relação com a dificuldade de reporte na produtividade que têm”, quando existem tarefas que obrigam a registar, diariamente, milhares de documentos.


De facto, as tecnologias transportam a profissão do contabilista para uma realidade muito distinta das funções quê se desempenhavam há poucos anos. Vítor Pinho recorda que, com “a possibilidade de [os contabilistas] trabalharem em ambientes colaborativos online”, os documentos chegam aos escritórios de contabilidade pela via digital, o que permite acelerar os processos e gastar menos (ou não gastar de todo) folhas de papel.

O responsável reconhece que esta transição significa uma “redução de custos” para as empresas e garante que a mudança passa essencialmente por “uma questão de mentalidade”. Neste contexto, “há um conjunto de hábitos enraizados na forma de fazer contabilidade que faz com que os contabilistas estejam muito presos ao registo manual” das transações. Algo que, atualmente, tendo à sua disposição “um sistema moderno, não é necessário fazer”, garante, antes de perspetivar aquilo que o futuro pode trazer para o sector da contabilidade.

“Diria que, em breve, o contabilista vai ser um verificador de transações automáticas, feitas por um robô”, sem deixar de existir a necessidade de trabalho da parte de um colaborador, que vai, essa sim, gerar valor acrescentado para o cliente. O contabilista terá que “pegar nessa informação e criar valor na informação que o empresário realmente quer como apoio ao seu negócio.” Porém, o CEO da Cloudware refere que “os contabilistas passam horas a verificar transações bancárias”, ainda que a tecnologia já o permita fazer de forma automática, ao “associar, dentro do sistema de contabilidade, qualquer conta bancária da empresa.” Algo que vai impulsionar a possibilidade de um trabalho colaborativo, permitindo ao empresário consultar o que é necessário para o seu trabalho “sem sair do seu ambiente, que é o seu sistema de gestão”.

Trata-se de “uma mudança de paradigma de trabalho que vai mudar muito as profissões e vai mudar a forma como o contabilista prepara informação para a empresa”, reitera. Ainda assim, para que tal se concretize, é necessário que os contabilistas se adaptem aos seus clientes de forma mais perspicaz. Visto que grande parte dos colaboradores do tecido empresarial não têm competências ao nível do vocabulário usado pelos profissionais da contabilidade, há que dar passos no sentido de “aproximar a linguagem do contabilista da linguagem e dos indicadores que a empresa vê como relevantes no seu negócio. É um caminho longo a percorrer”, avisa.

Por outro lado, Ana Louro, partner da Moneris, diz que é “urgente” que a contabilidade se torne uma profissão “mais sexy, mais atrativa”, num contexto pautado pela fuga de profissionais. “Está a haver uma debandada da profissão e por isso temos de atrair de talento.” Para tal, será fulcral potenciar a importância da tecnologia com que se trabalha no sector. Nesta medida, a plataforma colaborativa utilizada pela Moneris, exemplifica, “permite-nos estar em Lisboa e fazer trabalho para outros escritórios no Porto ou no sul do país”. A profissão de contabilista, garante, “tem de evoluir para uma área de consultoria, temos de desmaterializar todo este papel, mas precisamos da ajuda da máquina do Estado para tornar isto muito mais acessível à modernização. A responsável diz ainda que têm de existir mudanças ao nível da educação e formação de futuros profissionais do sector.


“Quem forma os contabilistas tem de olhar para a sua estrutura de ensino”, sublinha, antes de referir que conta com o auxílio da Ordem dos Contabilistas Certificados para desempenhar um papel neste âmbito.

“No caso da Moneris, temos apostado em novos talentos, novos recursos. Temos trabalhado junto das universidades para trazer essas pessoas para dentro da nossa empresa, para nos ajudar neste desafio da transformação digital”, destaca, lembrando que os recém-formados trazem consigo, por norma, uma maior capacidade para aprenderem sobre “novas metodologias, novos processos de trabalho e novos softwares.”

Ainda assim, Ana Louro reforça também a importância de os clientes se adaptarem às mais recentes tecnologias e, deste modo, “facilitarem o trabalho de quem lhes quer facilitar a vida”, no que diz respeito à disponibilização de informação para apoiar na tomada de decisão e no apoio à gestão.

Fonte: Jornal Econômico Foto: Werner Du plessis

12 dezembro 2022

Cooperação ou captura?

 Do site da CVM:

O Colegiado aprovou, por unanimidade, a minuta do Acordo de Cooperação a ser celebrado entre a CVM e o Banco do Brasil S.A. (“BB”), tendo por objeto a cooperação para adoção das providências necessárias à futura realização de processo seletivo para movimentação temporária de empregados do BB para composição da força de trabalho na CVM, oportunizando a troca de experiências e o aprimoramento de capacitações técnicas, entre equipes de servidores da CVM e empregados do BB, nos termos do Decreto nº 10.835/2021 e da Portaria ME n° 282, de 24 de julho de 2020.


Grifo nosso. Duas questões: 

1. faz sentido o acordo onde o regulado irá aprender com o regulador? Isto lembra a questão da captura do regulador. 

2. Se o processo fosse entre a CVM e o Banco Bradesco, por exemplo, seria aprovado por unanimidade? Provavelmente o Bradesco teria interesse neste tipo de acordo, mas será que seria fácil de obter o acordo de cooperação? 

Foto: Cytonn Photography

Relatórios Sustentabilidade no Setor Público

Com base no forte apoio das partes interessadas, o definidor internacional de padrões do setor público [IPSASB] dá o próximo passo no avanço dos relatórios de sustentabilidade do setor público, aguardando a garantia dos recursos necessários para iniciar o desenvolvimento da orientação

As ameaças ao mundo e seus cidadãos das mudanças climáticas são bem conhecidas. No entanto, apesar da influência significativa do governo sobre a economia global, não há uma estrutura de relatórios do setor público, reconhecida internacionalmente, para orientar como os governos medem e relatam suas contribuições críticas para enfrentar a emergência climática global. Os relatórios sobre mudanças climáticas são uma das questões mais importantes nos relatórios de sustentabilidade, que também abrange questões ambientais, sociais e de governança.

Em sua reunião de dezembro, à luz da urgência desta questão, o Conselho Internacional de Normas Contábeis do Setor Público (IPSASB) decidiu iniciar o escopo de três projetos potenciais de relatórios de sustentabilidade específicos do setor público, pendentes de garantir os recursos necessários para iniciar o desenvolvimento de orientações. Essa decisão se baseia nos 25 anos de experiência em definição de padrões do setor público do IPSASB, bem como no forte apoio global das partes interessadas às propostas da minuta "Promoção de relatórios de sustentabilidade do setor público".


"As orientações para relatórios de sustentabilidade específicas do setor público incentivariam a transparência, permitindo que os governos fossem responsabilizados pelos impactos de longo prazo de suas intervenções e possibilitando uma tomada de decisão mais bem informada", disse Ian Carruthers, presidente da IPSASB. "O feedback que recebemos das partes interessadas em todo o mundo é claro: o setor público precisa de sua própria estrutura específica de relatórios de sustentabilidade e o IPSASB deve liderar seu desenvolvimento. Mas, além de nossa experiência existente, é fato que precisaremos de suporte adicional, financeiro e outros, da comunidade global antes que possamos assumir o desenvolvimento de orientações globais que equipariam o setor público com as ferramentas necessárias para relatar as mudanças climáticas e outras questões de sustentabilidade."


A ação imediata do IPSASB será estabelecer uma Força-Tarefa de Sustentabilidade para liderar esta primeira fase crítica da pesquisa e do escopo. Os tópicos de pesquisa priorizados da Diretoria são: requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade; divulgações relacionadas ao clima; e recursos naturais - divulgações não financeiras (paralelamente ao desenvolvimento das orientações de relatórios financeiros propostas em sua Documento de consulta, Recursos naturais).


São necessários recursos para apoiar o programa de atividades e o envolvimento das partes interessadas do IPSASB e iniciar o desenvolvimento de orientações. Para contribuir com apoio financeiro ou outro ao IPSASB para o desenvolvimento de orientações específicas para relatórios de sustentabilidade do setor público global, envie um email para Ross Smith, Programa IPSASB e Diretor Técnico (rosssmith@ipsasb.org) or James Gunn, Managing Director, Professional Standards (jamesgunn@profstds.org).

Fonte: aqui. Foto: Casey Horner

O documento que deu origem a discussão reconhece algumas limitações do ISSB na emissão de normas. O próprio ISSB (ou a IFRS) não encaminharam nenhuma carta de comentário para o documento, o que pode sugerir um distanciamento entre as normas internacionais do IFRS e o IFAC sobre este assunto. Outro aspecto é que apesar de ser um assunto "relevante", o projeto está condicionado aos recursos que possam ser direcionados para o mesmo (vide último parágrafo). 

Economias hiperinflacionárias

A aplicação do IAS 29, sobre economias hiperinflacionárias, apresenta um conjunto de "pistas" para esta classificação. Na prática utiliza-se um critério objetivo: 100% de taxa acumulada em três anos. Convencionalmente, a listagem de economias com hiperinflação é feita pelo Centro de Qualidade de Auditoria, CAQ, que no final de cada ano apresenta sua lista para fins de aplicação da norma. 

Eis a listagem deste ano: 

Países com taxas de inflação acumuladas em três anos superiores a 100% : Argentina, Etiópia, Irã, Líbano, Sudão do Sul, Sudão, Suriname, Peru, Venezuela, Iêmen e Zimbábue. 

Países com taxas de inflação acumuladas projetadas em três anos entre 70% e 100% ou com um aumento significativo (25% ou mais) da inflação durante o período atual: Angola, Gana, Haiti, Moldávia, Serra Leoa, Sri Lanka e Ucrânia.

Há alguns países com problemas nos dados e que poderiam estar na lista. Isto inclui o Afeganistão e a Síria.


Dois comentários. O primeiro é que o número de países aumentou em relação à lista anterior. Isto ocorreu por diversos motivos. O Sri Lanka adotou uma política ambientalista desastrosa, que resultou no colapso do governo. A Ucrânia possui problemas externos com a Rússia. Confesso surpreso com a presença do Peru (não sabia da sua situação econômica) e a ausência da Turquia. 

Foto: Ricardo IV Tamayo

Rir é o melhor remédio

 

Café e cérebro. New Yorker, via aqui

11 dezembro 2022

Mapas

Uma coleção de mapas. Iniciando, onde estão as pessoas mais bonitas, segundo cada país europeu. Itália ganha da competição. 

Que país já guerreou com a Rússia. 

O esporte mais popular do mundo é o Futebol
Diferença entre América e outros termos. 
Onde fica o Irã? Eis as respostas de algumas pessoas.


Crise no mercado imobiliário comercial

Uma das consequências da pandemia foi levar parte do trabalho de escritório para as residências das pessoas. Isto fez com que os escritórios e outros endereços comerciais ficassem vazios. Em termos de negócios, os imóveis comerciais apresentaram uma queda brutal no valor, em razão da ociosidade. 

O relato sintético a seguir mostra este efeito nos Estados Unidos, onde um estudo completo foi publicado recentemente pelo NBER:


Antes da pandemia de Covid-19, aproximadamente 95% do espaço comercial de escritório estava ocupado nos Estados Unidos, de acordo com o NBER - uma organização sem fins lucrativos e não governamental. Em março de 2020, ocupação despencou para 10%, e só se recuperou para 47%, de acordo com um novo relatório do NBER, que alega US $ 453 bilhões em valor imobiliário comercial de escritório foram aniquilados neste apocalipse imobiliário."

Nos EUA, isso resultou em uma redução de 17,5% na receita de aluguel entre janeiro de 2020 e maio de 2022, e não apenas porque menos escritórios estavam sendo ocupados, mas também porque aqueles que estão sendo alugados estão com preços mais baixos por mês e é necessário muito menos espaço, pois os funcionários são informados de que podem trabalhar em casa durante a maior parte ou a semana toda.

Antes da pandemia, 253 milhões de pés quadrados foram alugados por ano; em maio de 2022, apenas 59 milhões de pés quadrados haviam sido alugados, indicam os dados do NBER.  (...)

Além do mais, enquanto as taxas de vacância atingiram uma alta de 30 anos, 61,7% dos aluguéis comerciais em vigor não foram renovados desde a pandemia - o que significa que "os aluguéis podem ainda não ter atingido o fundo do poço." (...)

Rir é o melhor remédio

 

Do vida de suporte, para alguém que reclama da falta de bons funcionários. Será que podemos substituir por "bons alunos" e "maus professores"? 

10 dezembro 2022

Efeito do Programa Saúde em Casa

This paper examines the effect of Brazil’s Family Health Program (Programa Saude da Familia, FHP) on cognitive skills of fifth-grade students. We use biennial data from national exams between 2007 and 2015, and variation in the FHP implementation date across municipalities, birth cohort, and test year to identify the effect of the program on language and mathematics test scores. We find that, in northern municipalities, students exposed to FHP at or prior to birth have 0.88 points higher language and 1.30 points higher mathematics test scores compared to those exposed to FHP in childhood. The estimated effects are intent-to-treat effects and correspond to increases of 0.021sd and 0.030sd in language and mathematics test scores. We use an event-study analysis demonstrating that the largest effects of FHP on cognitive skills are for those students exposed at or prior to birth, with trivial effects if exposed after birth. We do not find evidence for changes in parental investment behavior or child school attendance, which suggests that the effects are likely due to the direct impact of the program on child cognitive development. 


O gráfico acima é do estudo e deixa claro que a exposição da criança afetou - positivamente - no teste de matemática. Este é um benefício indireto de um gasto público e que só é possível mensurar anos depois da implantação do programa. 

Rir é o melhor remédio

Vida e celular
 

09 dezembro 2022

Wirecard - começa o julgamento - 3

Markus Braun faz sua primeira aparição pública no tribunal hoje, mais de dois anos depois que sua empresa de pagamentos digitais Wirecard AG entrou em colapso sob o peso de alegações de fraude, eliminando bilhões em valor para os acionistas e destruindo os esforços da Alemanha para criar uma nova tecnologia. campeão rivalizando com o Vale do Silício.

O Tribunal Regional de Munique abriu o caso contra Braun (foto) e dois co-acusados na quinta-feira em um espaçoso tribunal localizado na prisão de Stadelheim, entre os maiores complexos penitenciários da Alemanha. Com mais de três dúzias de jornalistas registrados para acompanhar o processo, o julgamento deve se estender até 2024, enquanto os cinco juízes presidentes debruçam sobre o material coletado em mais de 700 pastas de documentos.


O caso refaz as etapas que antecederam os primeiros meses de 2020, quando a Wirecard travou uma batalha cada vez mais fútil para se mostrar uma pioneira em pagamentos digitais . No final, o negócio desmoronou rapidamente, com a Wirecard admitindo que mais de US $ 2 bilhões em dinheiro, reportados anteriormente, como meramente desaparecido, que provavelmente nunca existiam, e a empresa entrou com pedido de insolvência alguns dias depois, em 25 de junho de 2020.

Naquela época, Braun, um austríaco que nutria uma aura cerebral com seus óculos sem aro, já havia sido preso. Ele permaneceu sob custódia por quase dois anos, fazendo apenas uma breve aparição pública em Berlim, dois anos atrás, em novembro, onde foi interrogado por uma comissão parlamentar que tentava esclarecer o escândalo. Ele não forneceu informações sobre o que pode ter levado ao colapso da antiga queridinha de investidores e políticos.

Braun apareceu no tribunal na quinta-feira com o traje instantaneamente reconhecível e o suéter preto de gola alta, seguindo de perto enquanto os promotores liam as mais de 80 páginas de acusações.

O promotor Matthias Buehring detalhou como Braun, seu co-acusado e outros membros da Wirecard supostamente criaram um sistema elaborado de contas e pagamentos falsos para fazer com que provedores e investidores de crédito acreditassem que a Wirecrad era um negócio próspero.

"O objetivo era inflar o balanço e as vendas para fazer a empresa parecer financeiramente mais forte e vesti-la como mais atraente para investidores e clientes", disse Buehring. Eles queriam "ocultar que os negócios reais da Wirecard eram deficitários e que os empréstimos solicitados eram necessários para evitar seu colapso."

Sinais de aviso

A morte de Wirecard provou ser uma vergonha para as instituições reguladoras e políticas da Alemanha, porque as bandeiras vermelhas existiam há anos. Relatos contundentes de vendedores a descoberto como Fraser Perring e uma série de artigos do Financial Times questionaram a contabilidade dos negócios da administração na Ásia e no Oriente Médio, cobravam que a empresa sempre negou. Em vez disso, os promotores de Munique inicialmente ficaram do lado da empresa, chegando a investigar jornalistas e vendedores a descoberto em vez de Wirecard.

Como resultado do colapso da Wirecard, o chefe do órgão de fiscalização financeira de Bafin, Felix Hufeld, foi forçado a deixar o cargo no início de 2021.

Os promotores finalizaram sua investigação sobre o declínio e queda da Wirecard em março, depois de passar quase dois anos refazendo o desaparecimento da empresa. Eles acusaram Braun ao lado de dois co-réus - o ex-contador-chefe Stephan von Erffa e Oliver Bellenhaus, que dirigia uma empresa Wirecard em Dubai e que se tornou uma testemunha-chave.

Segundo os promotores, o trio "inventou negócios supostamente extremamente lucrativos, principalmente na Ásia" para acreditar que a Wirecard era uma empresa de sucesso. Na realidade, porém, os ativos em Dubai, Filipinas e Cingapura não existiam e a papelada foi forjada, segundo os promotores.

Grandes pagamentos

Os bancos pagaram empréstimos de cerca de 1,7 bilhão de euros (US $ 1,8 bilhão) e dois títulos totalizando cerca de 1,4 bilhão de euros, "operando sob a suposição equivocada de lidar com uma empresa DAX bem-sucedida, próspera, gerenciada adequadamente e, de qualquer forma, digna de crédito", escreveram os promotores em uma declaração quando eles entraram com sua acusação.

Ao relatar resultados fictícios, o trio manipulou mercados, usando números fabricados para buscar empréstimos, dizem os promotores, que acusaram os três homens de fraude agravada, manipulação de mercado e contabilidade falsa.

Braun também foi acusado de quebra de confiança ao fazer a Wirecard pagar mais de € 200 milhões a uma empresa obscura, uma manobra supostamente orquestrada com seu braço direito na época, Jan Marsalek, então diretor de operações da Wirecard. Parte do dinheiro foi canalizada de volta para os homens, segundo os promotores.

Marsalek fugiu quando o escândalo quebrou e permanece em local desconhecido. Ele agora está na lista dos mais procurados da Interpol e uma investigação de Munique contra ele e outros suspeitos continua. 

A reciclagem das atividades comerciais levou uma grande equipe de investigadores por mais de um ano, envolvendo mais de 40 mandados de busca somente na Alemanha e a recuperação de dados de lugares tão distantes quanto Maurício, Filipinas e Brasil.

Sem liberação

Embora a Alemanha tenha tido sua parcela de escândalos contábeis e colapsos corporativos de alto nível, poucos se comparam ao Wirecard porque o fracasso marcou a primeira vez que uma empresa listada no índice DAX de referência da Alemanha faliu. Wirecard era vista como o bilhete da Alemanha para o mundo dos sistemas de pagamento digital, quando o mundo fazia compras, jogava e se comunicava online. Quando tudo acabou sendo construído, políticos e reguladores enfrentaram questões difíceis sobre como uma economia sofisticada como a Alemanha poderia ter sido tão facilmente enganada e por que ninguém seguiu os alertas precoces.

Braun negou as alegações e insistiu que os negócios de parceiros estrangeiros no centro das alegações de fraude eram reais. O advogado dele, Alfred Dierlamm, disse que as evidências sugerem que Marsalek e outros criaram um sistema elaborado para canalizar dinheiro do Wirecard e para seus próprios bolsos, sem o conhecimento de Braun. 

Dierlamm não respondeu a um e-mail pedindo comentários. Sabine Stetter, advogada de von Erffa, disse que comentará o caso em sua declaração de abertura. 

Mas um tribunal de apelações de Munique que teve que decidir em várias ocasiões nos últimos dois anos se Braun poderia ser mantido em prisão preventiva não foi influenciado pelo argumento de Dierlamm, descobrindo em cada ocasião que as evidências contra o ex-CEO eram fortes o suficiente para mantê-lo sob custódia.

Dois lados

No próximo julgamento, os promotores se apoiarão fortemente em sua testemunha principal: Bellenhaus, ex-chefe do Dubai da Wirecard.

Um mês depois que a Wirecard declarou insolvência, Bellenhaus retornou a Munique e se entregou. Ele foi preso e está preso desde então, compartilhando seu conhecimento interno em uma longa série de entrevistas. Ele será fundamental para provar que o negócio do parceiro era falso, e é provável que o julgamento forneça dois lados contrastantes: o Bellenhaus cooperante de um lado e o Braun de obstrução do outro.

Conselho de defesa de Bellenhaus Nicolas Fruehsorger disse que espera um longo julgamento, dadas as estratégias de defesa conflitantes e o testemunho do co-acusado de seu cliente. 

"Mas tenho fé que a verdade baseada em fatos prevalecerá no final", disse ele.

Fonte: Accounting Today

Wirecard: começa o julgamento - 2

O julgamento do ex-presidente da empresa alemã Wirecard começou nesta quinta-feira (8), em Munique, dois anos e meio depois do colapso da empresa de pagamentos digitais que abalou o mundo financeiro e político.

Todos os olhares se voltaram para Markus Braun, o comandante da gigante do setor digital, cujo auge se revelou ilusório quando colapsou em junho de 2020.

O austríaco de 53 anos, em prisão preventiva desde o início da investigação, rejeitou as acusações de desvio de fundos e apresenta-se como vítima de estelionato, embora nunca tenha falado detalhadamente sobre os fatos.

Nesta quinta-feira ele começou a responder os juízes sobre sua identidade, segundo os jornalistas da AFP presentes na audiência.

O julgamento acontece dentro da prisão de Stadelheim, na capital da Baviera, e deve durar pelo menos até 2024.

Durante os anos de crescimento da Wirecard, Braun, um engenheiro de computação por formação, vestia-se como o ex-chefe da Apple, Steve Jobs, com gola alta escura, e espalhava uma visão de um futuro digital.

A Promotoria de Munique, porém, o considera um fraudador. E para o atual chanceler Olaf Scholz, então ministro das Finanças, foi o responsável por um escândalo "sem precedentes" na Alemanha do pós-guerra.

Braun é acusado de fraude contábil, manipulação de mercado, quebra de confiança e fraude em grupo organizado.

Também são julgados o ex-chefe de contabilidade, Stephan von Erffa, e o ex-diretor de uma subsidiária em Dubai, Oliver Bellenhaus, que serviu como "testemunha-chave" da acusação.

Em 2002, Braun assumiu a gestão desta empresa emergente que ganhava dinheiro com sites pornográficos e de jogos e a fez crescer até ser incluída no índice Dax da bolsa alemã em 2018.

Naquela época, a empresa de Aschheim (sul) valia mais que o Deutsche Bank, enquanto Braun, com 7% das ações, era bilionário.

Falta de supervisão

Mas a empresa quebrou em junho de 2022 [sic], depois que seus dirigentes reconheceram que um quarto de seus ativos, o equivalente a 1,9 bilhões de euros, não existia.


O braço direito de Braun e suposta figura central nesta fraude, o austríaco Jan Marsalek, está foragido desde então.

A trama ganhou contornos de um romance de espionagem com Marsalek suspeito de ter cúmplices nos serviços secretos e de estar ligado a interesses russos e líbios.

A investigação revelou que as contas da Wirecard entre 2015 e 2018 embelezaram a situação da empresa para torná-la atrativa para os investidores e continuar se financiando por anos, escondendo suas perdas reais.

Os acionistas perderam mais de 20 bilhões de euros com a falência e os bancos credores, cerca de 2 bilhões de euros.

O escândalo revelou falhas por parte do supervisor alemão dos mercados financeiros (BaFin), colocado sob a tutela do Ministério das Finanças, e da empresa de auditoria EY.

A classe política, incluindo a ex-chanceler Angela Merkel que viajou à China acompanhada de Braun, recebeu duras críticas de uma comissão parlamentar de inquérito que, no entanto, não conseguiu apurar a responsabilidade dos governantes.

Fonte: Exame. Foto: Paul Fiedler

Wirecard: começa o julgamento

 Para relembrar do maior escândalo contábil da história da Alemanha:



Má conduta sexual e Bullying na volta ao trabalho pós pandemia

Do Going Concer:

A EY Oceania lançou um relatório abrangente sobre como a empresa está se saindo - e o Daily Mail Australia imediatamente destacou a página 33 sobre incidentes no local de trabalho. Há um crescente número de queixas de má conduta sexual e bullying, quando as Big Four retornam ao escritório após Covid.


Será que isto está ocorrendo com todas as empresas?

Rir é o melhor remédio

 

Parecerista de um artigo, dizendo para você não cometer um "erro" que até pouco tempo ele fazia

08 dezembro 2022

Há futuro na taxação das criptomoedas? Talvez não

O artigo é teórico, mas indica que haverá uso de baixa contábil para reduzir a taxação. Eis o resumo:

We describe the landscape of taxation in the crypto markets, especially that concerning U.S. taxpayers, and examine how recent increases in tax scrutiny have led to changes in trading behavior by crypto traders. We predict under a simple theoretical framework and then empirically document that increased tax scrutiny leads crypto investors to utilize legal tax planning with taxloss harvesting as an alternative to non-compliance. In particular, domestic traders increase taxloss harvesting following the increase in tax scrutiny, and U.S. exchanges exhibit a significantly greater amount of wash trading. Additional findings suggest that broad-based and targeted changes in tax scrutiny can differentially affect crypto traders' preference for U.S.-based exchanges. We also discuss other gray areas for tax regulation related to new crypto assets such as Non-Fungible Tokens and Decentralized Finance protocols that further highlight the importance of coordinating tax policy and other regulations.


Um trecho importante faz uma ligação da literatura contábil com o assunto:

First, notwithstanding increasing empirical research on cryptocurrencies in the economics and finance literature, accounting research on crypto assets is in its infancy. Cao, Cong, and Yang (2019) and Cao, Cong, Han, Hou, and Yang (2020) examine blockchain design and impact on financial reporting and auditing. Empirically, Bourveau, De George, Ellahie, and Macciocchi (2021) and Lyandres, Palazzo, and Rabetti (2021) examine the roles of analysts and disclosure in unregulated initial coin offering (ICO) markets and post-ICO operating performance. Amiram, Jørgensen, and Rabetti (2022) exploits a blockchain-enabled transparent accounting system to detect terrorist-associated transfers. Tang and Zhang (2022) examines country-level regulation effects on crypto adoption. Cong, Harvey, Rabetti, and Wu (2022) assembles a diverse set of public, proprietary, and hand-collected data, and using accounting forensics assess the economics of crypto-enabled cybercrimes. Luo and Yu (2022) compares and contrasts U.S. and international accounting and financial reporting practices for cryptocurrency. Our study is, to our knowledge, the first study of crypto markets from a tax perspective, in particular to provide evidence that changes in tax scrutiny are affecting trading behavior in these markets.

Foto: Giammarco

Inflação na Turquia

 

A Turquia é uma país que atualmente tem um problema com os preços dos produtos. A figura acima mostra que em 2015 era possível comprar um Golf com 55 mil TL. Em 2022, com este dinheiro, você comprava um iPhone. 

Em 2029 - brincadeira de quem fez a figura - o valor será suficiente para comprar em Kebab. 

... e empresa de Trump é condenada por fraude e evasão fiscal

Os negócios da família Trump, do ex-presidente, estão sendo investigados. Na terça, um tribunal condenou a empresa por questão fiscal. Eis a notícia:


A empresa da família de Donald Trump foi considerada culpada ontem por fraude e evasão fiscal por um júri de Nova York. A decisão no caso movido pela promotoria distrital de Manhattan foi um repúdio às práticas financeiras nos negócios do ex-presidente, que pretende voltar à Casa Branca.

Um júri considerou duas entidades corporativas da Organização Trump culpadas em todas as 17 acusações, incluindo as de conspiração e falsificação de registros comerciais. No julgamento, a Organização Trump foi acusada de ser cúmplice de um esquema de altos executivos para evitar o pagamento de imposto de renda pessoal sobre regalias no trabalho, como apartamentos sem aluguel e carros de luxo.

Sentença

A sentença, que ainda não foi anunciada, prevê pagamento de uma multa de até US$ 1,6 milhão (R$ 8,38 milhões) - uma quantia relativamente pequena para uma empresa de seu tamanho. Trump, que recentemente anunciou que concorrerá à presidência, disse que o caso contra sua empresa faz parte de uma "caça às bruxas" motivada politicamente e travada contra ele por democratas vingativos.

Já era possível prever que haveria algum tipo de condenação. O fato do ex-presidente não entregar suas declarações de imposto de renda não ajuda. E seus arroubos e petulância também é um fator adicional.  

Um adicional de Richard Murphy 

Obviamente, isso não foi uma condenação para Trump pessoalmente, e a penalidade não será financeiramente significativa, mas a mensagem é. A promotoria se esforçou para deixar claro que Trump conhecia e aprovava as ações fraudulentas. Se a acusação a Trump segue ou não (e eu espero que sim, porque condenações de alto nível por fraude fiscal têm um grande impacto no moral dos impostos), a medida é significativa. Trump já está se mostrando um passivo eleitoral para os republicanos. As condenações só minarão ainda mais sua chance de retorno.

Foto: Darren Halstead

Inimigo de Trump é preso por fraude fiscal

O advogado Michael Avenatti ficou conhecido quando tentou acusar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no processo da atriz pornográfica Daniels (foto de ambos a seguir). Ele é uma "estrela" no mundo jurídico, aparecendo nas mídias e sendo comentarista jurídico e político. 


Sua atitude polêmica, como acusar um futuro juiz da Suprema Corte de estar em festas com bebidas e estupros, acusação que foi repudiada e provou ter sido deturpada por Avenatti. Estas atitudes polêmicas geraram acusações criminais, que inclui sonegação de impostos, extorsão, fraude e peculato. Em 2020 ele já tinha sido condenado. Agora, no início de dezembro, Avenatti foi condenado a 14 anos de prisão por fraude e obstrução contra o Fisco. 

O ex-inimigo de Trump deverá cumprir 14 anos de pena. 

Rir é o melhor remédio

 

Resumo e artigo

07 dezembro 2022

A empresa de aluguel de carros Hertz paga 168 milhões de dólares por prisão de clientes

Esta é um história que parece surreal. A empresa Hertz denunciou alguns clientes que alugaram veículos - e devolveram - de roubo. Estes clientes honestos foram presos, sendo que em alguns casos a detenção durou mais de seis meses. Mais tarde, sendo comprovada a inocência do cliente, a empresa pediu desculpa, mas teve que responder por um processo. O resultado foi uma indenização de 168 milhões para 365 pessoas. O caso foi julgado no tribunal de Delaware - geralmente favorável às empresas. 

Eis um exemplo de situação com um cliente:


De acordo com outro processo movido no mesmo tribunal em 2020, uma mulher foi presa em abril de 2019 em Broward County, na Flórida., depois de estender e pagar pelo carro alugado Hertz. Ela passou 37 dias na prisão, onde foi separada do noivo e de dois filhos, perdeu a formatura da escola de enfermagem e descobriu que estava grávida, de acordo com o processo.

Foto com o logo: Not always perfect

SBCASP discute fontes de recursos na contabilidade pública brasileira

Com o tema “Desafios e Tendências da Contabilidade e Custos Aplicados ao Setor Público”, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) realizou, na tarde do dia 1º de dezembro, a segunda parte do VIII Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos Aplicados aos Setor Público (SBCASP).

O painel "Experiência brasileira na implementação da padronização de fontes de recursos” foi apresentado pelos painelistas: Luciano Moura Nascimento, coordenador geral de Contabilidade da União; Ricardo Borges de Rezende, contador do Estado de Goiás; Luciana Borges Teixeira, contadora do Município de Salvador (BA). A moderação foi realizada por Celmar Rech, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE/GO).

Na oportunidade, Rech destacou a importância da realização do evento tanto para os sistemas de controle externo quanto para o debate sobre a matéria no país. Segundo ele, trata-se de “um tema muito caro a todos, quando o assunto é disponibilidade financeira, que é um indicador presente e diversos requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal”.


No que diz respeito à experiência da União na padronização de fontes de recursos, Luciano Moura apresentou aos participantes a Portaria Conjunta SNT/SOF n.º 20/2021, que trata dos conceitos de natureza de receitas e de fonte de recursos. O especialista abordou, ainda, a Portaria SOF/ME n.º 14.956/2021, que dispõe sobre a reestruturação da codificação utilizada na União.

Ricardo Rezende apontou a experiência do Estado de Goiás, que, em 2022, adotou o novo padrão de fontes. De acordo com ele, Goiás iniciou o Projeto Novo Padrão de Fontes da Federação logo após a reunião em que o Tesouro Nacional, em fevereiro de 2021, aliado aos órgãos da União adotaram esse novo padrão. O especialista explicou, também, que essa adoção facilita a identificação da origem e da destinação dos recursos.

Segundo Luciana Borges Teixeira a situação dos municípios é diferente da que é vivenciada nos estados da Federação, mas que exemplos a serem seguidos nas cidades maiores. “Nos municípios maiores, sobretudo nas grandes capitais, temos ilhas de excelência. Já existe uma cultura administrativa da gestão por fonte de recursos”, disse.

 Luciana explicou, ainda, que quando se fala em municípios pequenos, a situação é díspare. “O nosso grande desafio é implantar a cultura da gestão por fonte de recursos. A legislação passa a ser, para nós, dos municípios, uma bússola, um balizador das nossas ações a partir desse momento”, finalizou.  

(Via CFC) Foto: John Wilson

Passivo oculto

Um relatório do BIS alertou para a existência de um passivo oculto. E isto não estaria no balanço dos bancos, dos fundos e das outras entidades. Eis o resumo:


Turnover in global foreign exchange (FX) averaged more than $7.5 trillion per day in April 2022 amid a volatile market environment. Compared with the previous BIS Triennial survey in 2019, trading volumes were higher because of greater activity in short-maturity FX derivatives and more inter-dealer trading. By contrast, trading with customers stagnated, mirroring a slowdown in international investment in 2022. A greater share of trading was executed via various bilateral methods, rather than via multilateral platforms that make prices available to all participants, implying that the transparency of the FX market may have decreased further. 

Investidores estão dispostos a pagar mais por fundos ESG

Eis o resumo da pesquisa, que saiu segunda:

 Environmental, social, and governance (ESG) objectives have risen to near the top of the agenda for corporate executives and boards, driven in large part by their perceptions of shareholder interest. We quantify the value that shareholders place on ESG using a revealed preference approach, where shareholders pay higher fees for ESG-oriented index funds in exchange for their financial and non-financial benefits. We find that investors are willing, on average, to pay 20 basis points more per annum for an investment in a fund with an ESG mandate as compared to an otherwise identical mutual fund without an ESG mandate, suggesting that investors as a group expect commensurately higher pre-fee, gross returns, either financial or non-financial, from an ESG mandate. Our point estimate has risen from 9 basis points in 2019 when our sample begins to as much as 28 basis points in 2022. When we incorporate the possibility that investors are willing to accept lower financial returns in exchange for the psychic and societal benefits of ESG, when we consider that the holdings of ESG and non-ESG index funds overlap, when we measure the ESG ratings of these holdings, and when we focus on 401(k) participants who report being concerned about climate change or who work in industries with lower levels of emissions, we find that the implicit value that investors place on ESG stocks is higher still. A simple model of supply suggests that the large majority of these benefits accrue to investors and firms, with intermediaries capturing 5.9 basis points in fees, half of which reflect higher markups.