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03 outubro 2012

Norwalk Agreement

Estamos completando dez anos do acordo realizado na cidade de Norwalk, Estados Unidos, entre o Fasb e o Iasb. As duas entidades reguladoras de normas contábeis, dos Estados Unidos e do Iasb, acertaram tentar reduzir a diferença existente entre as duas abordagem.

Tammy Whitehouse, do Compliance Week, lembra que a data está passando em branco: parece que o movimento de convergência está reduzindo, com as divergências  existentes entre ambas entidades.

Previdência

Preocupado com os altos gastos da Previdência Social com pensões pagas após a morte dos contribuintes, o governo começou a estudar alterações profundas no atual sistema de concessão do benefício. A intenção é aproximar o modelo brasileiro das fórmulas utilizadas na maior parte do mundo, que contam com mais restrições em relação aos valores desembolsados e às pessoas aptas a recebê-los.

O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, afirmou ontem que as mudanças nas regras de pensões por morte no País estão entre as prioridades da pasta comandada pelo ministro Garibaldi Alves. "O Brasil tem o sistema mais benevolente de pensões do mundo e não dá para manter sistema como está", afirmou Rolim. Porém, ele não disse que ação será adotada.

(...) A cifra é elevada, mas o governo tem contas mais salgadas a pagar. O sistema de previdência dos servidores públicos terá este ano um déficit de R$ 60 bilhões, mas ele atende a apenas 953 mil funcionários inativos.

Rolim citou vários pontos nos quais o modelo brasileiro se distancia dos sistemas de outros países. "Aqui, por exemplo, não há prazo de carência nem prazo mínimo para o recebimento do benefício após um casamento ou união estável. Além disso, no Brasil são pagos valores integrais dos benefícios, não importando a quantidade de dependentes."

Outro ponto elencado pelo secretário é a transferência da cota dos dependentes para os viúvos. Se um segurado falece, a pensão é dividida entre seu cônjuge e os filhos menores. Quando os filhos atingem a maioridade, a parcela que era paga a eles passa para o viúvo ou viúva do segurado. Em outros países, ela é extinta.


Previdência é 'benevolente' e deve mudar, diz governo - 2 de Outubro de 2012 - O Estado de São Paulo - EDUARDO RODRIGUES

Preços com elevada margem

Este texto comenta produtos que possuem uma elevada margem sobre o custo. Concordei com quase toda lista e acho que se aplica perfeitamente ao Brasil:

1. Pipoca e doces no cinema
2. Remédios prescritos
3. Diamantes
4. Água engarrafada
5. Saladas
6. Armação de óculos
7. Refrigerantes
8. Mensagem de textos
9. Vinho e Champanhe
10. Minibar de hotel

02 outubro 2012

Gasb

Depois da notícia que Leslie Seidman estaria deixando o Fasb, a entidade que trata das normas contábeis nos Estados Unidos, o seu similar para o setor público daquele país, o Gasb, parece que também está procurando um novo presidente. Robert Attmore, que desde 2004 dirige o Gasb, estaria deixando a entidade.

Rir é o melhor remédio


Conheça o single Gangnam Style,o rapper sul-coreano PSY e o vídeo mais curtido da história do You Tube:





O Hitler também aderiu ao estilo Gangnam:

Até a The Economist se rendeu ao fenômeno: Investing Gangnam Style 


Burocracia

Estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), obtido pela Folha, revela que 92% dos empresários das indústrias da construção, transformação e extrativista atribuem parte de sua perda de competitividade ao excesso de burocracia.

Segundo o levantamento, o problema reflete nas vendas para o mercado nacional e internacional.

Dos empresários entrevistados, 85% afirmam que teriam melhor desempenho se o governo enxugasse a quantidade de obrigações impostas pela legislação vigente.

(...) A pesquisa foi feita com representantes de 2.388 indústrias. Foram ouvidas 867 pequenas empresas, 909 médias e 612 grandes. O período de coleta foi de 2 a 17 de abril de 2012. (...)

Para 60% dos empresários consultados, o resultado prático dessa postura de governo é o aumento de gastos das empresas e a destinação de recursos para atividades não ligadas à produção.

Outro problema apontado pelo estudo é a frequente alteração das normas, que criam um ambiente instável para os negócios.

Papelada é entrave para 9 entre 10 industriais - JULIA BORBA- Folha de S Paulo - 9 set 2012

PME

O prazo para a aplicação do novo padrão contábil para as pequenas e médias empresas, o IFRS (International Financial Reporting Standards), em vigor desde janeiro de 2010, vence em janeiro de 2013. Apesar do largo período para adequação, poucas empresas cumpriram a determinação baixada pelo Banco Central e regulamentada por portaria do Conselho Federal de Contabilidade, o CFC. E, em caso de fiscalização, poderão ser multadas.

O processo de convergência obriga todas as empresas brasileiras e órgãos da Administração Pública a adequarem suas Demonstrações Financeiras para o padrão Internacional, destacando que as Pequenas e Médias Empresas possuem uma norma internacional compilada e sintética (IFRS PME), mas que traz os mesmos conceitos da norma integral. (...)


Fonte: Aqui

Fraudes

As perdas dos bancos com fraudes eletrônicas aumentaram 60% em 2011, segundo dados da Febraban (federação dos bancos). O prejuízo total das instituições foi de R$ 1,5 bilhão.

Bancos perdem R$ 1,5 bi com fraudes - 01 de Outubro de 2012 - Folha de São Paulo

Imagens históricas

Por causa da Érika Chad "curti" uma Fan Page muito interessante no Facebook:

Imagens Históricas


A desta postagem: “Rio, 1968: imagem da Sexta-Feira Sangrenta

Em 22 de julho de 1968, diversos intelectuais e artistas participaram de uma passeata contra a repressão policial aos estudantes no Rio, episódio conhecido como a Sexta-Feira Sangrenta. Nesta foto, de autor desconhecido, aparecem da esquerda para a direita: Carlos Scliar, Helio Pellegrino, Clarice Lispector, Oscar Niemeyer, Glauce Rocha, Ziraldo e Milton Nascimento.”

01 outubro 2012

Rir é o melhor remédio


Um comercial de produto de beleza. Uma ideia simples e criativa.

Contrarreforma na Previdência (II)


FABIO GIAMBIAGI É ECONOMISTA E AUTOR DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA ED. CAMPUS) - O Estado de S.Paulo
Dou continuidade, com o texto de hoje, ao artigo da semana passada, no qual abordei o desafio previdenciário. Naquele quis mostrar as tendências com que o País se defronta e apontar para o desleixo com que se tem abordado o fenômeno. O relato da incúria nacional, porém, não acaba nas questões já tratadas.
Sabia-se há tempos que no Brasil as famílias têm cada vez menos filhos e que a sociedade está envelhecendo. Com base nessas premissas, a revisão populacional do IBGE de 2008 projetou a população até 2050, ano a ano, incluindo a previsão para 2010. Pouco depois foi possível cotejar previsão e realidade, à luz dos dados do Censo de 2010. E a realidade acabou confirmando aquele cenário, mas em escala mais intensa: o Censo informou-nos que as famílias estão tendo menos filhos - porém foi além e disse que estão tendo ainda menos filhos do que se imaginava. E ele nos informou que as pessoas estão vivendo mais - porém também neste caso foi além e disse que estão vivendo mais do que se supunha.
A comparação dos resultados observados em 2010 do Censo daquele ano com o cenário populacional para 2010 previsto na revisão de 2008 indica que a população total se revelou muito próxima da prevista - apenas 1% inferior à projeção - e o grupo de 15 a 59 anos foi praticamente o mesmo que na projeção. O mais importante, contudo, foi o que aconteceu com os grupos etários extremos. No grupo de crianças e adolescentes, a população efetivamente observada no Censo de 2010 entre zero e 14 anos revelou-se 7% inferior à prevista na projeção feita em 2008 para aquele ano. Já a população com 60 anos e mais no Censo de 2010 foi 7% maior do que a projeção. Os efeitos de longo prazo, se o País não se preparar para essa realidade, serão dramáticos: haverá poucas crianças e poucos jovens - menos ainda do que imaginávamos; e haverá muitos idosos - que viverão mais do que se pensava. Trata-se de um desafio maiúsculo.
Por um lado, isso é ótimo. Quem não gosta de poder viver mais? Por outro, mais idosos com menos indivíduos trabalhando representarão uma combinação pesada para a geração que vier a sustentar as nossas aposentadorias. Que as pessoas envelheçam e as sociedades tenham de se adaptar a isso é parte da vida. Que os nossos filhos tenham de pagar mais para financiar uma legião de aposentados que teremos nos aposentando precocemente, todavia, é um ato de egoísmo para com as gerações seguintes.
Nada disso é novidade - mas todos fingem que o problema não existe. O governo federal optou anos a fio por surfar na popularidade fácil, em vez de arregaçar as mangas e se dedicar à arte do convencimento, mostrando a importância de aprovar uma reforma previdenciária. O mercado tapou os olhos para aqueles números a fim de ganhar rios de dinheiro nos anos de euforia. E os diversos grupos sociais curtiram o período na base do "vou muito bem, obrigado", desde os mais pobres, que ganharam Bolsa-Família, até os mais afortunados, que aproveitamos os anos de dólar barato para frequentar com assiduidade o exterior.
À luz dessa situação, o virtual fim do fator previdenciário, de que o governo estaria cogitando para depois das eleições, tem um conflito insanável com a lógica. De fato, a uma situação já complexa por questões demográficas o fim do fator previdenciário adicionará um problema maior ainda: a cada aposentado que vier a falecer, nós o estaremos substituindo no sistema por outro que, em média, vai ter um plus de remuneração de 25%. A conta a ser paga pelos nossos filhos vai aumentar. O argumento de que "50 anos depois o sistema vai estar ajustado" passa por cima do fato de que a despesa do INSS em 2020 ou 2030 tende a ser maior do que com as regras atuais. Isto é, não se trata de uma reforma, mas de uma contrarreforma.
Quando na Argentina mudaram as regras de aposentadoria nos anos 1990, o então ministro da Economia, Domingo Cavallo, também dizia que 50 anos depois as contas melhorariam. Mas quando veio a crise a única coisa que interessava ao mercado era o resultado primário mês e mês - e esse, no Brasil, com a proposta do governo, e tudo o mais constante, deve piorar.
Há fatos na vida de uma nação cuja dimensão é óbvia - dez anos depois. Hoje sabemos todos que a Lei de Informática foi um desastre para o desenvolvimento do País, mas nos anos 80 era extremamente popular. Com a proposta em discussão pode acabar acontecendo a mesma coisa: o fim do fator previdenciário poderá até ser aprovado por unanimidade, mas no futuro vamo-nos arrepender amargamente.
A ideia de combinar idade de aposentadoria e tempo de contribuição, definindo uma soma mínima, é engenhosa e evitaria valores muito baixos com o fator previdenciário. Ela merece ser explorada (na direção de avançar para uma regra mais dura, como 95/100), mas não há uma única razão técnica para que a proposta tenha de ser vinculada ao que, na prática, seria a eliminação do fator.
De fato, a nova regra poderia conviver perfeitamente com o fator previdenciário, como uma exigência complementar à do tempo contributivo. A racionalidade da exigência de que a soma do tempo contributivo e da idade de aposentadoria obedeça a um valor mínimo não combina com o populismo do fim do fator. Se o problema é o baixo valor com sua aplicação quando as pessoas se aposentam cedo, o correto é fazê-las trabalhar por mais tempo. Na prática, o que o fim do fator vai fazer é promover um aumento das futuras aposentadorias, agravando o problema que temos em perspectiva em razão do envelhecimento da população.
Foi por causa desse tipo de atitudes que a Grécia se converteu no que é hoje. Se daqui a dez ou 20 anos o resto do mundo julgar que o Brasil agiu como um país irresponsável, não poderemos reclamar.

Profissões

A pesquisa partiu de um aparente paradoxo. Apesar de se constatar no Brasil um apagão de mão de obra qualificada, o salário real médio de quem tem o ensino médio completo caiu de R$ 1.378 em 2000 para R$ 1.317 em 2010. Da mesma forma, os diplomados no curso superior viram seu rendimento médio cair de R$ 4.317 em 2000 para R$ 4.060 em 2010. Se o ganho de quem tem o ensino médio ou grau universitário caiu, é um sinal de que a demanda por qualificação recuou - o que aparentemente contradiz a o fenômeno do apagão de mão de obra.  Jovens estudam humanas, mercado pede exatas

No destaque, contabilidade. Quanto mais à esquerda, maior o salário da profissão. Clique na imagem para ver melhor. Observe a boa posição de "atuária".

Rodízio

Ainda sobre a investigação do mercado de auditoria na Inglaterra, na sexta-feira o Financial Reporting Council afirmou, segundo notícia da Reuters, que as grandes empresas devem fazer rodízio a cada dez anos para garantir qualidade na contabilidade. Um relatório de março de 2011 mostrou que os auditores na Grã-Bretanha permanecem muito tempo na mesma empresa.

Os reguladores temem que um período de tempo muito longo fazem com que os auditores sejam menos rigorosos na auditoria. Durante a crise financeira, os auditores apresentaram pareceres sem ressalvas para bancos que, posteriormente, tiveram que ser socorridos pelos contribuintes britânicos.

O comunicado do FRC antecede a decisão da União Européia sobre o mesmo assunto.

Carros caros

Um texto da Forbes pergunta a razão do carro importado ser tão caro no Brasil (Why are imported cars so expensive in Brazil?). Usando como fonte o diretor de vendas e marketing da Chrysler. No Brasil é possível comprar um Jeep Cherokee por 80 mil dólares; com este dinheiro se compra dois automóveis desses e sobra dinheiro.

Usando o exemplo de um automóvel que custa R$100 mil nos Estados Unidos. Quando adquirido aqui se paga:

imposto de importação = 35%
Taxas de aduanas (3%)
Impostos (PIS COFINS)
Margem da Chrysler (7,5%)
IPI (55%)
Margem do varejo (10%)

O automóvel de 100 mil fica 170 mil após estes impostos.

Responsabilidade dos Auditores

Jonathan Weil, colunista da Bloomberg, destaca uma nova atitude da SEC com os auditores. Na semana passada a SEC acusou três ex-executivos de um banco de Nebraska por cometer fraude contábil durante a crise financeira.

Weil lembra que nos últimos anos a SEC tem evitado acusar algum executivo de uma instituição financeira de fraude contábil, mesmo após problemas de diferentes entidades:

No Countrywide, por exemplo, a SEC acusou o ex-CEO Angelo Mozilo de não divulgar perdas com empréstimos conhecidos. Se as alegações da SEC contra ele eram verdadeiras, então os relatórios financeiros da empresa, por definição, deve ter contido distorções [contábeis].

Segundo Weil, a posição da SEC tem um grande beneficiário: as quatro grandes empresas de auditoria, que podem alegar que seu trabalho não estava incorreto num potencial litigio.

Eu não sou Rafa

O tenista Rafael Nadal disfarça de um funcionário. A reação das pessoas é interessante: não acreditam que ele não é o Rafa. Em 2:18 o senhor pergunta: "você joga tenis?" e ele responde: "às vezes". 

Bug derrotou Kasparov

Em maio de 1997 um computador da IBM, conhecido como Deep Blue, derrotou o então campeão mundial de xadrez Garry Kasparov. Kasparov é considerado um dos maiores - se não for o maior - jogadores de xadrez e nunca tinha perdido para uma máquina. A derrota aconteceu após o programa da IBM fazer um sacríficio. O resultado da partida contribui para que a máquina conseguisse 2 vitórias, 3 empates e 1  vitória no confronto com o então campeão mundial.
Kasparov, e muitas outras pessoas, acham que a jogada era muito sofisticada para uma máquina e acusou existir uma intervenção humana durante o jogo. Talvez por isto, Kasparov nunca aceitou completamente a derrota; a desconfiança de atuação humana durante o jogo foi solidificada pelo fato da IBM não ter aceito uma revanche. O jogador russo pediu os arquivos e a empresa não forneceu. Existem ainda boatos de que a vitória do computador da IBM foi combinada para aumentar o valor das ações da empresa. 

Agora, uma das pessoas responsáveis pelo Deep Blue revela que o movimento inesperado ocorreu em razão de um bug do programa. Outras partidas realizadas entre humanos e computadores após 1997 mostraram que é cada vez mais difícil derrota uma máquina. Nos dias atuais o computador tem sido usado para ajudar os humanos a jogar melhor. 

Ainda sobre xadrez, o torneio de São Paulo (aqui também) apresentou a vitória do jovem italiano Caruana terminou com 11 pontos (3 vitórias e 2 empates), com o armênio Aronian em segundo (7 pontos) e o norueguês Carlsen em terceiro. O torneio terá um returno na cidade de Bilbao, Espanha. 

Seguros

Com respeito a notícia sobre uma nova rodada de discussão sobre seguros por parte do Iasb, conforme postado aqui, o Journal of Accountancy destaca alguns aspecto interessantes. Primeiro, será uma discussão direcionada para os pontos que geraram muita polêmica, o que o Iasb chamou de targeted re-exposure. Segundo, apesar do projeto ser conjunto com o Fasb, esta entidade reguladora dos Estados Unidos não adotou a mesma atitude de aceitar novos debates. Isto não significa que o Fasb considera concluído o projeto; pelo contrário, os debates ainda ocorrerão sobre a norma.

O Journal of Accountancy lembra que ocorreram muitas divergências entre o Fasb e o Iasb quanto ao tratamento contábil de seguros.

(Fonte da Imagem: aqui)

Crise na Espanha

A auditoria encomendada pela União Europeia indicou que os bancos espanhóis necessitam de pelo menos € 53,74 bilhões (R$ 140,3 bilhões) para sanear sua condição financeira.

A cifra pode chegar a quase € 60 bilhões [1], no entanto, se for levada em conta os processos de fusão entre as instituições financeiras em andamento, conforme salienta a consultoria Oliver Wyman, em relatório publicado nesta sexta-feira.

O valor foi estimado a partir do exame dos balanços fornecidos pelos 14 maiores grupos bancários espanhóis, a pedido da União Europeia. Economistas do setor financeiro estimavam um valor acima dos € 60 bi para recapitalizar os bancos da Espanha.

Dos 14 bancos examinados pela consultoria, metade passou nos chamados "testes de estresse" realizados [2]. Esses testes simulam a capacidade financeira de um banco suportar uma crise financeira.

Como reporta a agência Efe, essas sete instituições financeiras representam 62% do setor financeiro espanhol, e não precisam de capital adicional.

(...) O setor bancário da Espanha, uma das maiores economias da zona do euro, foi severamente avariado tanto pela crise de 2008 quanto pela explosão de uma "bolha imobiliária" local.

Carregados de créditos "podres" (com poucas ou nenhuma chance de pagamento), os bancos espanhóis começaram a ter problemas para manter as portas abertas, lançando a ameaça de uma crise sistêmica no país ibérico, já afundado numa recessão sem prognóstico de acabar antes de 2014.

Por esse motivo, o governo espanhol pediu em junho uma ajuda financeira de € 100 bilhões para recuperar os bancos do país.

O conselho dos ministros de Finanças da zona do euro havia aprovado o pedido ainda naquele mês, mas a liberação dos recursos ficou dependente dos resultados da auditoria divulgada hoje.

Fonte: Folha de SPaulo

[1] Existe uma divergência nos valores entre a Folha e a Isto é Dinheiro. Esta revista informa que as necessidades são de 60 bilhões de euros, mas que pode cair para 53,74 se considerar os processos de fusão. Acho que faz mais sentido isto.
[2] Isto não quer dizer muita coisa, pois o teste é  calibrado conforme o nível de "otimismo" da pessoa que fez o teste.

Tweedie

O ex-presidente do Iasb, David Tweedie, irá ajudar o International Valuation Standards Council na preparação de regras para avaliação de derivativos e outros instrumentos financeiros, informou a Reuters.

30 setembro 2012

Rir é o melhor remédio




O que acontece na internet em um minuto?


Para melhor resolução, clique na foto.
Fonte: Intel

The Big Bang Theory

Eu adoro The Big Bang Theory (indicação, há anos, do professor Paulo Cavalcanti, da UFPB). Durante a apresentação dos prêmios do Emmy, um pequeno diálogo entre Sheldon, Penny e Leonard ocorreu, antes da entrada de três auditores da Ernst Young.

Sheldon, que é muito econômico nos elogios, surpreendeu. Enquanto Penny (a loira do vídeo) perguntava se não era os caras que apenas somavam os votos, Sheldon informa que são "herdeiros intelectuais de Pitágoras, Euclides e da Vila Sésamo" (aos 30 segundos dos vídeo).

O próprio Sheldon "apresenta" os auditores: Andy Sale, Mieke Velghe (1m e 4 s) e John Nendick, como se fosse velhos conhecidos. Aos 1:32 Sheldon começa a gritar CPA.





Dica daqui

29 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

O Argumento Econômico

Fonte: xkcd

Teste da Semana

O teste a seguir tenta verificar se você acompanhou as principais notícias no mundo contábil que ocorreu na última semana. Se você acertar 9 ou 10 questões = medalha de ouro; 7 e 8 questões = medalha de prata; 5 e 6 questões = medalha de bronze; menos que 5 = troféu Felipe Massa (ou Barrichello). Vamos lá:

1 – Os problemas do banco Cruzeiro do Sul não foram descobertos de imediato por um problema na amostragem do Banco Central. O órgão regulador fixava como limite mínimo para investigar as operações de crédito nas instituições financeiras o valor de R$5 mil, que foi reduzido para:
Dois mil reais
Mil reais
Três mil reais

2 – Numa declaração à imprensa, o procurador geral do Banco Central afirmou que o sistema financeiro nacional está “hígido”. Este termo significa:
Ampliado
Inflexível
Saudável

3 – Numa pesquisa mundial feita neste setor mostrou um retorno sobre investimento desde 1982 nas empresas mundiais de 6% em média, para um custo de captação de 9%. Este setor é:
Mineração
Petróleo
Telecomunicações

4 – Os sítios financeiros, como o Google Finance, informa que o valor do Facebook é de 39 bilhões de dólares. No entanto, segundo Blodget, um especialista em avaliação de empresas, os endereços financeiros comentem um erro crasso ao submestimar:
O lucro projetado
O número dos acionistas
O valor das ações

5 – Esta semana começou o julgamento de uma fraude contábil ocorrida num país desenvolvido. A empresa é:
Barclays
Olympus
RBS

6 – O Banco Central está desconfiado de uma série de operações de crédito que instituições financeiras estão realizando nos últimos meses. Estas operações envolvem
Compra de dívidas no mercado secundário
Debêntures
Financiamentos para capital de giro

7 – Este político esteve envolvido nos últimos dias numa polêmica sobre o pagamento dos seus impostos. Trata-se de
Capriles, concorrente de Chavez na Venezuela
Romney, candidato dos republicanos nos EUA
Russomano, concorrente a prefeito de São Paulo

8 – Uma Comissão de Concorrência, que está investigando o oligopólio das big four na área de auditoria, concluiu que estas empresas não fazem arranjo entre si para evitar a disputa empresarial. O país onde isto ocorreu:
Brasil
Estados Unidos
Inglaterra

9 – Um hacker foi absolvido por tentar invadir quase sem querer o Banco Central da França. Para isto ele digitou a seguinte senha:
123456
Asdfg
CarlaBrunni

10 – O que James Taylor, REO Speedwagon e Boz Scaggs possuem em comum?
Estão processando as gravadoras
Estão produzindo um disco para o AICPA
Estão sendo acusados de fraudar o fisco

Rir é o melhor remédio


Fato da Semana

Fato da Semana: Capitalização dos bancos públicos

Qual a importância disto? O governo decidiu capitalizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal com mais de 20 bilhões. A operação foi montada de tal forma que não irá afetar o resultado do tesouro. Isto ajuda os bancos no seu esforço de manter o índice de Basiléia, mas claramente passa a impressão de ser uma operação para manipular as contas públicas.

No passado existia a "conta única", que impedia o controle dos gastos públicos. A operação lembra a balburdia financeira do Brasil na década de oitenta. Existe outro efeito perverso: dá aos bancos públicos uma vantagem competitiva na captação de recursos baratos, que por sua vez encobre as suas ineficiências.

Positivo ou negativo – Negativo. O fato pode colocar em risco grandes conquistas da contabilidade pública das últimas décadas: a extinção da conta única e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Desdobramentos – O governo pode se “acostumar” com este tipo de operação. Na realidade a história mostra que não é a primeira vez que isto ocorre.

Banco Rural e Auditoria

A Ernst Young [1] deixou de ser a auditoria do banco Rural . Em balanço a ser publicado hoje com os resultados do primeiro semestre, o Rural terá como auditores a Fernando Motta & Associados, uma firma de pequeno porte de Minas Gerais.

Segundo João Heraldo Lima, presidente do Rural, a saída da Ernst  Young foi pedida pela própria auditoria. "Fomos trocados. Não trocamos de auditoria", diz Lima. Procurada pela reportagem, a Ernst Young não quis comentar o caso. Porém, segundo Lima, a empresa continua auditando o banco Rural Europa, que fica na Ilha da Madeira (Portugal) e é controlado pela instituição.

(...) Um dos pontos problemáticos apontados pela Ernst & Young refere-se à forma como o banco contabilizou a desistência no programa de anistia de débitos fiscais, o que teria deixado o resultado líquido do Rural R$ 29,5 milhões menor em 2011, com um prejuízo de R$ 112,7 milhões. A nova auditoria, a Fernando Motta, não incluiu esse item em sua ressalva, assim como alguns outros que foram pontuados pela Ernst  Young anteriormente. [2](...)


Ernst Young deixa de auditar balanço do Rural - 28 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Carolina Mandl

[1] A Ernst Young tem sido muito "azarada" nos escandâlos contábeis. Em 2010 questionamos se seria a nova Andersen.
[2] Um dos motivos que fazem com que uma empresa de auditoria atue de maneira correta é a defesa do "nome" no mercado. Claramente a EY possui mais "nome" que a empresa contratada.

Seguros

A norma contábil do IFRS sobre seguros, que está em discussão há mais de uma década, será colocada novamente em audiência pública antes de sua publicação final.

A informação foi divulgada hoje pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), por meio de comunicado.

De acordo com o órgão internacional que escreve o IFRS, norma contábil usada no Brasil, será colocado novamente em discussão apenas um espectro limitado de assuntos relacionados com a contabilidade de contratos de seguros.

Entre eles, destaque para pontos relacionados com a conta de “outros resultados abrangentes”, que fica dentro do patrimônio líquido. Ou seja, como serão feitos e apresentados os lançamentos nesta conta, que abarca registro de variações de valor justo de instrumentos financeiros que não afetam diretamente a demonstração de resultados (lucros e perdas).

No comunicado, o presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, disse que sabe das dificuldades enfrentadas por empresas de seguros e fundos de pensão no cenário atual de juros baixos. E também da importância de que uma norma nova, e exequível, seja editada o mais rápido possível. “No entanto, é igualmente importante que façamos o pronunciamento da forma correta”, afirmou Hoogervorst, ao justificar a decisão de rediscutir essas questões pontuais.


Norma contábil sobre seguros voltará para discussão, diz Iasb - 28 de Setembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres

28 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Talvez seja a pior cena de morte jamais filmada. Trata-se do filme turco Kareteci Kiz, de 1973. O grito provavelmente foi editado.

Liberdade de expressão

Sobre a decisão da justiça de mandar prender o executivo da Google no Brasil, eis o texto da empresa (na qual hospedamos este blog e, portanto, somos parceiros):

Nos últimos dias, você provavelmente leu diversas notícias sobre pedidos de remoção de vídeos do YouTube. Por isso, queremos esclarecer o que aconteceu e o porquê. Antes de mais nada, gostaria de falar sobre alguns princípios básicos de nossos serviços. Nosso objetivo com o YouTube é oferecer uma comunidade de que todos possam desfrutar e, ao mesmo tempo, uma plataforma para a liberdade de expressão em todo o mundo. Este é um grande desafio, principalmente porque um conteúdo aceitável em um país pode ser ofensivo – ou até mesmo ilegal – em outros.

Por isso, temos políticas bem claras sobre quais vídeos são inaceitáveis – e quando denunciados, nós analisamos e, se necessário, removemos. Se um vídeo é ilegal em um país específico – e temos uma versão local do serviço nele, como é o caso do YouTube no Brasil – nós restringimos acesso ao vídeo depois de receber uma ordem judicial. Como o Google é profundamente comprometido com a luta pela liberdade de expressão, constantemente contestamos ordens que acreditamos não estarem corretas. Por exemplo, estivemos recentemente na Suprema Corte dos EUA discutindo vídeos que são perfeitamente legítimos e deveriam continuar disponíveis no YouTube.

Agora vamos falar sobre o que aconteceu no Brasil. Durante o período eleitoral, é normal recebermos diversas ordens judiciais para remoção de vídeos que criticam candidatos concorrendo a cargos eletivos. Como sempre, revisamos todas essas ordens judiciais – e recorremos daquelas que acreditamos incorretas. Por exemplo, na última semana, recorremos de uma ordem judicial para remover vídeos do YouTube. Enquanto aguardávamos a apreciação de nosso recurso, um mandado de prisão foi expedido contra minha pessoa na qualidade de representante legal do Google Brasil.

Na noite de Quarta-Feira (26/09), soubemos que nosso último recurso contra a ordem não foi conhecido, de forma que, agora, não temos outra escolha senão bloquear o vídeo no Brasil. Estamos profundamente desapontados por não termos tido a oportunidade de debater plenamente na Justiça Eleitoral nossos argumentos de que tais vídeos eram manifestações legítimas da liberdade de expressão e deveriam continuar disponíveis no Brasil.

Apesar de tudo, nós continuaremos nossa campanha global pela liberdade de expressão - não apenas porque essa é uma premissa das sociedades livres, mas também porque mais informação geralmente significa mais escolhas, mais poder, melhores oportunidades econômicas e mais liberdade para as pessoas. Nesse sentido, o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU prevê: "Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras."

Ironicamente, o usuário que publicou um dos vídeos acabou por removê-lo e fechou sua conta no YouTube – esse é apenas um exemplo dos efeitos intimidatórios do episódio para a liberdade de expressão.

Fabio Coelho, Diretor Geral do Google Brasil


É preocupante qualquer ameaça a liberdade de expressão, que tem sido fundamental para expansão e debate de ideias na internet.

Capitalização 2

Nas últimas vezes em que o governo teve que injetar grandes somas de recursos em empresas estatais, a criatividade sempre esteve presente. No caso da megacapitalização da Petrobras, o lastro usado foi o direito de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal. Teve também os aportes do fundo soberano (que a princípio investiria na compra de dólares e em ativos no exterior) em oferta pública de ações do Banco do Brasil e também da Petrobras. Em conjunto, houve uma série de complicadas reestruturações societárias que envolviam, principalmente, a troca de excedente de controle em uma estatal pela possibilidade de injetar mais recursos em outra.

(...) O que chama atenção nessa operação é o montante total, de R$ 21,1 bilhões, e também o fato de ser usada pela primeira vez com o Banco do Brasil. Antes disso, o BB só tinha captado instrumentos híbridos em condições de mercado. Os bônus perpétuos do banco, no valor total de US$ 3,25 bilhões, tem custo em dólar entre 8,5% e 9,25% ao ano. Bem mais caro, portanto, do que será cobrado pela União.


Criatividade marca capitalizações do governo em estatais - Valor Econômico - 27 set 2012 - Fernando Torres

Capitalização

Sobre o empréstimo de 21 bilhões de reais do Tesouro para os bancos estatais eis uma análise interessante:

(...) A maneira tortuosa de fazer a capitalização dos dois bancos estatais - já usada em outros momentos tanto com o BNDES quanto com a Caixa - decorreu de um fato simples: o Tesouro não dispõe de dinheiro para fazer uma injeção direta de capital sem comprometer as metas fiscais. Como empréstimo, a operação é neutra para as contas primárias do governo. Ainda não está claro como, quando e quanto os bancos vão pagar à União. Isso deve ser definido até o fim deste ano.

A agressiva expansão do crédito da Caixa e do BB praticamente consumiu os espaços concebidos pelas regras de Basileia (que mede o patrimônio de referência em relação aos ativos ponderados pelo risco), que no Brasil é de 11%. Assim, os bancos precisam ter R$ 11 de patrimônio de referência para cada R$ 100 em ativos. Enquanto, nesse índice, a média do sistema bancário é da ordem de 16%, a Caixa está com 12,9% e o BB, com 15%. (...)

Do lado fiscal, a principal vantagem da operação, segundo uma fonte do Tesouro Nacional, é que como empréstimos os recursos não afetam a dívida líquida do setor público. Isso porque o governo emitirá uma dívida que automaticamente se transforma, num primeiro momento, em um ativo na contabilidade do Tesouro. Depois haverá uma despesa decorrente do subsídio que a operação vai gerar, por causa do diferencial entre o custo de emissão dessa dívida pelo Tesouro e o quanto os dois bancos vão pagar por ela.

(...) O economista da Rosenberg e Associados Rafael Bistafa considerou essa operação uma "contabilidade criativa".

O governo limpa o caixa e as reservas de lucros das companhias estatais para engordar a receita de dividendos e devolve os recursos mediante aumento de capital com emissão de dívida. Tudo feito de forma a não elevar o endividamento líquido e não comprometer o cumprimento da meta de superávit primário. BB e Caixa possuem R$ 26 bilhões em reservas de lucro, excluindo a reserva legal.

Tesouro fará aporte tortuoso em BB e Caixa - 27 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Eduardo Campos

Remuneração Variável

A revista Época Negócios traz um texto bastante longo sobre a remuneração variável (Quanto você vale, 27 set 2012). Conforme a revista, aumentou, nas empresas brasileiras nos últimos anos, o volume de remuneração variável.

Segundo uma pesquisa da consultoria de remuneração Towers Watson, adiantada com exclusividade para a NEGÓCIOS, metade das grandes companhias instaladas no Brasil já paga incentivos de longo prazo (bônus e algum tipo de programa de ações). Para os executivos-chefes de empresas nacionais que compõem esse grupo, isso representa 86% dos rendimentos anuais. Nas estrangeiras, é 54%.

Os executivos não podem reclamar da última década. Em média, seus salários subiram 15% acima da inflação, o valor dos benefícios, 25%, e os bônus, 31%, segundo a Mercer, outra consultoria do ramo. Mas o que faz a diferença, mesmo, é o incentivo de longo prazo. Em 2003, menos de 30% das empresas adotavam programas de ações. Hoje, são cerca de metade.

Há várias explicações para a escalada na compensação financeira: a escassez de talentos, a internacionalização e o crescimento da economia, a valorização do real, o fortalecimento das empresas. Em grande medida, os executivos usufruem da mesma escalada de sucesso que comandaram nas empresas – o que é muito justo.

Esta última frase é questionável: existe muita crítica com respeito ao fato de que a remuneração variável realmente é justa, inclusive para os acionistas. O aumento substancial deste tipo de pagamento tem ocorrido independente do aumento no valor das empresas. O texto reconhece isto em parte:

Em linhas gerais, há um movimento mundial, ocasionado principalmente pela crise econômica, contra os proventos dos altos executivos – tidos como exagerados se comparados ao salário médio dos profissionais ou, pior, tidos como ultrajantes quando as empresas apresentam resultados medíocres.

Com respeito a contabilidade o texto afirma:

Falar da remuneração de um alto executivo é aventurar-se em futurologia. Para efeitos contábeis, utiliza-se uma equação complicada (a Black-Scholes, a mesma que abriu as portas para a revolução dos derivativos financeiros) para trazer a valor presente um capital a que o executivo só terá direito no futuro. Mas o valor final da remuneração costuma ser bem diferente do esperado.

(...) No Brasil, os planos de longo prazo ainda são essencialmente centrados em stock options. Eles vêm se espalhando desde a virada do milênio, com a onda de abertura de capital na bolsa de valores. A tendência é seguir o dinamismo dos americanos, especialmente por questões tributárias. Nos Estados Unidos, a adoção de uma legislação mais rígida em relação às stock options fez aumentar a proporção de pagamentos em ações restritas. Aqui, a Receita Federal diz ter identificado operações em que as stock options são usadas como forma de diminuir a tributação (a empresa reduz sua contribuição previdenciária, o profissional deixa de recolher imposto na fonte).

O texto lembra os problemas  da remuneração variável:

Na vida real das empresas, eis os principais problemas da compensação de executivos:

:: o fator sorte. Mendes da Silva, o CEO da Aché, tem suas reservas em relação ao modelo de stock options. “A gente pode fazer um baita resultado, mas daí vem a crise na Grécia e ninguém ganha nada”, diz ele. “Ou, então, o nosso resultado pode ser ruim, mas se o mercado americano estiver de bom humor, nossas ações sobem e todo mundo fica feliz. Ou seja, a remuneração fica à mercê do comportamento do mercado.” O sistema atual é de bônus diferido: uma parcela anual, de acordo com os resultados da empresa, e uma trianual, com metas que incluem a inovação (receitas de novos produtos). “Embora três anos seja pouco, crio um modelo rotativo. A cada ano, gera-se um resultado para o futuro”, diz. Ele já se considera, “com várias aspas”, um sócio da companhia. “Isso vai gerando um ganho de longo prazo. Se eu ficar dez anos, posso ganhar uma nota preta.”

:: o fator negociação. A maior diferença dos bônus para as ações é que eles são vinculados a uma negociação, não à percepção dos investidores no mercado financeiro. Uma negociação é sempre baseada em metas, padrões ou comparação com os pares. “Falhas no desenho de qualquer uma das três dimensões podem incentivar retenção de esforço, manipulação de receitas e fluxo de caixa, uso ineficiente do capital ou bloqueio de informação crítica para a gestão”, afirma Kevin Murphy, no artigo Executive compensation: where we are, and how we got there (“Compensação de executivos: onde estamos, e como chegamos aqui”), publicado no mês passado. Isso em geral é resultado da fórmula mais comum no pagamento de bônus: até 80% da meta, não há recompensa; entre 80% e 120%, a recompensa é crescente; a partir de 120% não há incentivo extra. Isso cria uma tentação para o executivo (ou vendedor) fazer negociações arriscadas, se estiver quase chegando aos 80% (atrasar despesas com manutenção, reduzir verba para projetos novos etc.). Ou postergar receitas para o ano que vem, se já tiver passado dos 120% (até porque, se fizer um resultado espetacular demais, sabe que suas metas do próximo ano serão mais altas ainda).

:: o fator comparação. Como reza o ditado, a grama do vizinho é sempre mais verde. No caso dos altos executivos, isso é garantido pela escolha dos vizinhos cujo jardim será inspecionado, de acordo com Bill George, um professor de governança corporativa da Universidade Harvard. “Escolher colegas mais bem pagos para comparar salários tem sido uma das principais maneiras de elevar a remuneração dos executivos”, afirmou à revista Bloomberg Businessweek, em abril. Em 1980, um CEO de uma das 500 maiores empresas dos EUA ganhava 42 vezes mais que um funcionário médio. Hoje, ganha 380 vezes mais. De acordo com a revista, o CEO da empresa de mídia CBS, Leslie Moonves, recebeu um pacote de US$ 69,9 milhões no ano passado, após uma análise do mercado de executivos. Mas as companhias pesquisadas eram, em média, duas vezes maiores que a CBS e incluíam negócios em setores muito diferentes. Na Monsanto, o desempenho da empresa é comparado com suas pares da indústria química e de produção de sementes. Mas o salário do CEO, Hugh Grant, passou a ser comparado com o de indústrias de saúde e bem-estar. Seu pacote subiu de US$ 2,7 milhões, em 2004, para US$ 11,6 milhões, no ano passado.

:: a avaliação do desafio. Muitas vezes, um executivo recebe uma missão. Pode ser revigorar uma empresa, ganhar mercado, tirar da falência, tornar-se líder, melhorar o resultado... Quase nunca se sabe de antemão qual a dificuldade dessa missão. Na AB InBev, o pacote de Brito foi influenciado pelo ambiente da crise econômica de 2008. Brito havia liderado a compra da Anheuser-Busch, por US$ 52 bilhões – mas isso deixara a AB InBev alavancada demais, com dívida de 5,5 vezes o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização). Cinco meses depois, no auge da crise mundial, os acionistas lhe deram um pacote generoso para baixar o endividamento a 2,5 vezes o Ebitda em 2013. Brito e seus diretores adotaram um plano agressivo, com venda de ativos e corte de custos, e atingiram sua meta dois anos antes do previsto.

:: a distância do dono. A dinâmica salarial nos negócios “sem dono” é o tema da tese de mestrado de Marcos Barbosa Pinto, sócio da Gávea Investimentos, defendida na Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro. “Quando a companhia deixa de ter um acionista majoritário, o controle torna-se mais difícil e os administradores acabam, no limite, por fixar a própria remuneração”, afirma ele. Isso ajuda a explicar por que os CEOs dessas companhias embolsam mais que o quádruplo, em média, do que presidentes de empresas familiares: R$ 5,6 milhões, ante R$ 1,3 milhão. “Os conselheiros costumam possuir apenas uma fração trivial das ações da empresa e não podem ser considerados de modo nenhum agentes perfeitos para os acionistas que os elegeram”, diz Murphy. Sob condição de anonimato, um conselheiro de duas grandes empresas de capital aberto revela como funcionam as reuniões em que se decidem os salários: “Em encontros que costumam durar três horas, a gente gasta dez minutos para decidir os salários dos funcionários, 20 para a gerência e o restante para os diretores. No final das contas, como não queremos perder os executivos, nós sempre acabamos dando mais dinheiro do que seria justo”.

:: o curto longo prazo. O prazo do executivo para exercer suas opções em geral é curto demais, às vezes apenas dois ou três anos, disse Alex Edmans, professor de finanças da Escola de Negócios Wharton, em artigo no The Wall Street Journal. Quanto ele deveria ter de esperar? “Depende da companhia”, diz Edmans. “O prazo deve ser maior em negócios nos quais suas ações possam ter consequências de muito longo prazo. Pode ser de sete anos ou mais num laboratório farmacêutico. É claro que há um outro lado. Se ele esperar demais, fica exposto a riscos que não estão sob seu controle.”

:: o risco da demissão. Ações e bônus estão longe de ser o único meio de alinhar interesses do executivo com o acionista. Existem as negociações de salário e, claro, a ameaça de demissão. “Nada prescinde o dever de casa dos acionistas de fazer seu trabalho de acompanhamento do mercado, estudar relatórios, avaliar os trabalhos da área de gestão de risco”, diz Mendes da Silva, do Aché. O desempenho insuficiente tem sido punido com rigor crescente. Segundo um estudo da consultoria Booz & Company divulgado em maio, a rotatividade dos comandantes de empresas no Brasil subiu de 16% para 22,8% no ano passado – em boa parte por não atingimento de metas. É bem mais que a taxa mundial, de 14%. Ora, uma das premissas básicas da economia é que a um risco maior corresponde uma recompensa potencial maior.

:: o fator motivação. Como qualquer ser humano, os executivos preferem um ganho certo a um valor incerto. Por isso, há sempre um desconto psicológico nos incentivos de longo prazo. Um estudo da consultoria PwC feito este ano com 1,1 mil executivos mostrou que eles preferem esquemas de pagamento simples, e dão um desconto tão grande a planos de longo prazo que os montantes têm de ser imensos para afetar sua motivação. “Temos de jogar no lixo o modelo de agência usado para pagamento de executivos, baseado na noção de racionalidade econômica”, conclui o estudo. Do outro lado da mesa, ocorre o contrário: “Os planos de stock options proliferaram tanto nos anos 90 porque os conselhos erroneamente os interpretavam como livres de custos para a empresa”, afirma Murphy. Do lado do executivo, ele fica praticamente obrigado a concentrar seus investimentos na companhia que o emprega – e essa corrente contra a diversificação também tem um preço. Em suma, tanto quem paga como quem recebe em geral preza menos do que deveria o pacote que está negociando. E, entre eles, há com fre­quência uma empresa de contratação de executivos que ganha uma porcentagem dos proventos do executivo – e tem, portanto, incentivos para que o pacote seja alto.

Apple

Estimar quando, ou se, a Apple atingirá valor de mercado de US$ 1 trilhão se tornou um passatempo no mercado, mas é possível concordar com uma coisa: hoje, ela é a gigante das Bolsas.

Em dois anos, Apple pode ser a 1ª empresa a valer US$ 1 trilhão - 27 de Setembro de 2012 - Folha de São Paulo - DO “NEW YORK TIMES”

27 setembro 2012

Rir é o melhor remédio



Pai

Teste 585

Nos últimos dois anos, quantos bancos foram liquidados pelo Banco Central no Brasil? Destes, quantos deles fraudavam a contabilidade? Qual o valor do rombo?

Cruzeiro do Sul e Amostragem Básica

O problema com o Banco Cruzeiro do Sul (e o Panamericano) revela um erro crasso da auditoria do Banco Central no que diz respeito a amostragem. Veja o seguinte trecho de um artigo publicado na revista Exame:

Por que o BC nem desconfiou que havia milhares de créditos falsos ali? Isso começa a ficar claro agora. Segundo EXAME apurou, quase todos os empréstimos irregulares eram inferiores a 5 000 reais e, até o ano passado, o BC só analisava operações de crédito superiores a esse valor. Isso mesmo: foram cerca de 300 000 empréstimos propositalmente pequenos.
A regra de fiscalização mudou em 2011, depois de descoberta a fraude no banco PanAmericano, e passou a valer em janeiro deste ano — agora, operações superiores a 1 000 reais são analisadas. O BC voltou a se debruçar sobre os números do Cruzeiro em janeiro e, aí, os problemas começaram a aparecer a rodo.

Antes de avaliar a questão da amostragem é importante destacar que fica muito claro que o problema foi descoberto por acaso. A mudança na norma, reduzindo o limite para investigação do empréstimo. Caso contrário, o problema talvez fosse descoberto mais tarde, com um prejuízo ainda maior.

Mas a questão da amostragem é mais relevante. Existe vários métodos de determinar uma amostragem. O básico é a amostragem simples, onde as operações que seriam investigadas seriam sorteadas, com igual probabilidade de sair um pequeno empréstimo e um grande empréstimo. Claramente isto não é uma alternativa adequada para a auditoria.

Num processo de auditagem o normal é fazer uma segregação entre as grandes operações e as pequenas. Para as grandes, se possível usar a investigação em todas as operações ou usar uma amostragem maior. Para as pequenas, mesmo não sendo relevantes em valores, deve-se também fazer uma investigação.

O erro do Banco Central faz lembrar a distinção entre materialidade e relevância. Empréstimos de R$1500 não são materiais para serem investigados, mas podem ser relevantes, como o caso do Cruzeiro do Sul mostrou.

Frase

"O sistema financeiro nacional está saudável, hígido e tem elevados índices de capitalização"

Procurador-geral do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira, sobre a quebra dos bancos no Brasil.

Em tempo, hígido que dizer saudável.

Investimento e retorno

Um artigo interessante (Teles perdem US$ 65 bi com investimentos malsucedidos, Valor Econômico, Juliana Colomba, 14 de set de 2012) comenta a importância de comparar o custo de captação com a rentabilidade de um investimento.

O levantamento mostrou que o crescimento expressivo dos recursos foi acompanhado por um baixo retorno sobre o investimento (ROI, na sigla em inglês), com média de 3 pontos percentuais abaixo dos custos para a obtenção do capital para o investimento. Assim, as operadoras gastaram 9% para captar o dinheiro para o investimento, sendo que o retorno obtido foi de 6%, em média.

A regra geral para criar valor é aplicar os recursos em projetos retornos com investimento superiores ao custo de captação.

Xadrez

Esta ocorrendo em São Paulo um grande torneio de xadrez, com a presença  dos maiores jogadores da atualidade: Carlsen, norueguês e maior  rating atual, Anad (campeão atual), Aronian (segundo do rating, armênio), Karjakin e Caruana, duas jovens promessas.

Caso o leitor queira acompanhar os jogos, basta usar o Chessbomb. Depois de entrar no site, clique  no torneio para assistir. Os jogos estão ocorrendo a partir das 15 horas e você poderá acompanhar na  tela do computador os movimentos dos jogadores.

Do lado esquerdo, a análise do computador, indicando quais os melhores lances que deveriam ser escolhidos. (Se o número estiver negativo isto indica que as pretas estão em vantagem; número positivo são as  brancas. Uma vantagem de "1" corresponde a uma diferença de um peão; "2" seria equivalente a dois peões  e assim por diante.) No centro, a posição atual do jogo, com o tempo que falta para cada jogador (são duas horas para 40 lances iniciais e um tempo adicional para os lances seguintes). No lado esquerdo os lances que já foram jogados: o computador destaca de "vermelho" as jogados "ruins". Como o jogo desenvolve lentamente - é um jogo onde as pessoas "pensam" ! - você pode entrar, por exemplo, as 17 horas e verificar como está cada um dos três jogos. E depois voltar meia hora depois para verificar o andamento.

Até o momento já se passaram três rodadas e o italiano Caruana está liderando, com duas vitórias  e um empate (2,5 pontos, já que vitória  vale um e empate meio).

Valor do Facebook

A questão do valor do Facebook tem despertado atenção dos analistas. Um aspecto importante foi destacado por Henry Blodget em Facebook Is Now Worth $58 Billion, Not The '$39 Billion' Everyone Thinks...

Blodget afirma que o valor da empresa é de 58 bilhões, não 39, como tem sido divulgado. Em sites como Yahoo Finance ou Google Finance aparece como sendo o valor da empresa os 39 bilhões. Onde está a "pegadinha"?

O valor da empresa é obtido pela multiplicação do valor da ação pelo número de ações. Blodget não questiona a primeira parcela da multiplicação, mas o número de ações que o Yahoo e o Google consideram. Ou não consideram, já que na fórmula dos sites não foram levados em conta as "ações restritas". Para os sites existiriam cerca de 1,9 bilhão de ação, que a 21 dólares cada apresenta um valor de 39 bilhões.

Mas com as ações restritas, o número de ações aumenta para 2,74 bilhões. O valor é dado por:

2,74 bilhões x 21 = 58 bilhões.

26 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Pagador de Impostos
- Estou ajudando a resolver a crise financeira em Wall Street.
- Então você é um gênio financeiro?
- Não, sou um pagador de impostos.

Fonte: USA Today

Olympus

Este blog acompanhou de perto dos problemas contábeis da empresa japonesa Olympus. Esta empresa apresentou fraude contábil, que foi descoberta no ano passado. Agora está começando o julgamento dos envolvidos. O ex-presidente Kikukawa assumiu a responsabilidade sobre a fraude. Mas além dele, a justiça irá analisar o antigo vice-presidente Mori e o ex-auditor Yamada.

Os ex-executivos podem ser condenados a 10 anos de prisão e multas de 10 milhões de ienes (um pouco mais de 260 mil reais). A empresa deve ser multada em 2,5 milhões de reais. Uma pena relativamente branda quando comparada com a condenação de Madoff.

A notícia boa é que existem rumores que a Sony deverá investir na empresa, tornando a maior acionista.

Lição do Mestre

Uma postagem do blog do Lino:

- Gostaria de saber se estou, efetivamente, obrigado a fazer a reavaliação, a depreciação e a perda do valor dos 50.000 itens do patrimônio mobiliário tendo em vista que não faço isso para o dinheiro que possuo na Tesouraria: tenho disponíveis R$ 1.000 em notas de R$ 100, ainda que tais notas já estejam em circulação à mais de 10 anos?
Este tipo de pergunta revela como é importante o conhecimento da área do Direito Civil relacionada com o conceito de bens, mais especificamente, de bens fungíveis e infungíveis; consumíveis e não consumíveis.

(...) Assim, enquanto o dinheiro em caixa ou tesouraria tem a característica da fungibilidade, ou seja, podem ser substituídos por outros de mesmo gênero ou espécie, quantidade e qualidade, os bens do patrimônio mobiliário e imobiliário são infungíveis a partir da sua entrada na Entidade como bens de uso com a aposição das plaquetas de identificação e, por consequência, não podem ser substituídos por outros seja em qualidade ou em quantidade.

Essa individualização dos bens patrimoniais que decorre da característica de sua infugibilidade tem como resultado a necessidade do reconhecimento e avaliação periódica por se tratar de um ativo gerador de benefícios econômicos futuros.

Debêntures no balanço

O Banco Central decidiu acompanhar mais de perto o crescimento do volume de debêntures no balanço dos bancos. No início do mês, a autoridade monetária enviou correspondência às dez maiores instituições financeiras do país pedindo explicações sobre essas operações. O tema foi discutido na última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), que aconteceu no dia 13, apurou o Valor.

As debêntures são títulos de dívida de empresas que podem ser adquiridos e negociados por investidores no mercado de capitais. Os bancos, porém, têm usado o instrumento como forma alternativa de concessão de crédito, ao ficar com a totalidade dos papéis emitidos pelas companhias e mantê-los em balanço até o vencimento da dívida.

Os quatro maiores bancos de capital aberto - Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander - registravam um total de R$ 86,6 bilhões de títulos privados em carteira, conforme os balanços mais recentes. Hoje, de cada R$ 100 em empréstimos para empresas, pelo menos R$ 10 são concedidos na forma de debêntures ou títulos similares, como notas promissórias.

Do ponto de vista das companhias que tomam recursos, a principal vantagem é que a emissão de debêntures conta com isenção de imposto sobre operações financeiras (IOF), ao contrário dos financiamentos tradicionais, o que garante taxas de juros mais atrativas.

(...) Outro ponto que mereceu atenção foi a chamada marcação a mercado dos títulos. Embora costumem manter os títulos até o vencimento no balanço, os bancos têm como prática contábil incluir a maior parte dos títulos privados como disponíveis para negociação. A grosso modo, isso significa que as instituições precisam apurar a variação no valor de mercado dos papéis e contabilizar eventuais lucros ou prejuízos.

A tarefa, no entanto, não é trivial, já que os papéis em geral não são negociados no mercado, ou seja, não há uma referência de preço, como acontece, por exemplo, com uma ação na bolsa. Assim, cada instituição pode usar uma forma diferente de apurar esse valor, o que pode provocar distorções.

(...) Embora defenda as debêntures no balanço, uma fonte ouvida pelo Valor reconhece que pode ter ocorrido "abusos" no uso do instrumento. Como exemplo, citou práticas como emissões sem relatório de classificação de risco (rating) e com valores unitários elevados, sinais de que as debêntures foram emitidas apenas para se valer do ganho tributário, sem a intenção de venda a investidores.


BC pede explicações sobre debêntures no balanço de bancos - 25 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro | De São Paulo

Perigo

Sobre a decisão do governo de "emprestar" dinheiro para CEF e BB, eis uma crítica interessante sobre o efeito orçamentário:

Por 15 anos, entre o fim da ditadura militar e o ano 2000, o país executou uma enorme tarefa para acabar com os orçamentos paralelos, a conta movimento, os ralos e as fantasias contábeis até chegar à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

É esse arsenal que tem sido furtivamente recriado. A operação autorizada por Medida Provisória na sexta-feira é parecida com as que foram feitas para o BNDES. A dívida aumentará, porque o Tesouro tem que lançar papéis no mercado, mas a operação é mascarada como empréstimo a esses bancos. Não se sabe quando eles pagarão a dívida, por isso é impossível calcular o custo disso para os cofres públicos.

(...) O Tesouro se comporta como se tivesse descoberto a fórmula mágica da multiplicação dos recursos sem ônus. Lança títulos ao mercado e transfere o dinheiro para os bancos públicos, e eles, por sua vez, pagarão com juros baixos e no prazo que quiserem. Se é que pagarão. Há gasto público embutido aí, mas não há registro como despesa em lugar algum, e por isso o impacto fiscal é escondido. Já foram emprestados assim mais de R$ 300 bilhões ao BNDES. Agora, o mesmo acontecerá com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.


O perigo silencioso - 25 de Setembro de 2012 - O Globo - Miriam Leitão

25 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui. Não entendeu? Clique aqui

Arquitetos têm orelhas?


Romney e os Impostos

Sabemos que neste momento os Estados Unidos estão em campanha presidencial. O candidato republicano, Romney, tem sido acusado de pagar poucos impostos ou não pagá-los. As críticas quanto a isto foram aumentando na medida em que Romney não divulgou sua declaração de imposto de  renda para vários anos.

Na batalha política, Romney liberou uma carta de 17 desetembro do seu contador, nada menos que a empresa Price! Na correspondência a Price informa que durante o período o candidato sempre pagou seus impostos.

Mas mesmo a carta da Price tem sido criticada. Peter Reilly, da Forbes (RomneyAccountant´s Letter – Exercise in Obfuscation?) apresenta uma discussão interessante sobre o texto da Price. Primeiro, Reilly lembra que era mais fácil para Price apresentar logo todos os dados, em lugar de fazer uma carta “pouco esclarecedora”. Segundo, a Price usa conceitos ou que não existem na legislação fiscal dos Estados Unidos ou que pode induzir a erro. (Cartoon: Aqui)

P.S. Após publicar esta postagem descobri um outro texto interessante sobre o mesmo assunto, do sítio Huffington Post. Outros aspectos foram apontados que mostram que talvez Romney não esteja pagando impostos nos últimos anos.

Auditoria

As grandes empresas de auditoria possuem 90% das auditorias das maiores empresas da Inglaterra. Apesar da concentração do mercado, uma Comissão de Concorrência afirmou não ter evidência de arranjos entre as empresas para evitar a concorrência.

Trata-se de uma vitória das Big Four (KPMB, E&Y, Price e Deloitte) numa comissão criada para verificar se a concentração estaria prejudicando os negócios naquele país.

(Cartoon adaptado daqui)

Gravadoras

O cantor James Taylor está processando a Warner Bros. Para Taylor, a gravadora lhe deve US $ 2 milhões pelo direitos de sua música, que foram submensurados pela empresa no período de 2004 a 2007.

REO Speedwagon e Boz Scaggs estão processando a Sony Music. O problema está no pagamento de músicas adquiridos pelo iTunes e outras lojas digitais. A Sony considerou os downloads como "vendas" em lugar de "licenças". A diferença no tratamento contábil tem impacto no bolso do artista: na venda, os direitos são de 15%; na licença, 50%.

Rural

Sob dupla pressão, de um lado com a condenação de sua principal acionista, Kátia Rabello, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão e de outro com o Banco Central (BC) fazendo um pente-fino nos números do banco, o Rural publica nos próximos dias [1] o balanço do primeiro semestre com novo prejuízo, da ordem de R$ 32 milhões. Ao mesmo tempo, os sócios se veem obrigados a realizar nova injeção de recursos, de R$ 100 milhões, para manter a instituição funcionando.

O aporte foi uma exigência do BC, que identificou deficiências no capital necessário para sustentar as operações do banco, com a necessidade de ajustes que somam R$ 84 milhões.

A exigência resultou da segunda etapa de uma supervisão mais rigorosa do BC sobre os bancos pequenos e médios, iniciada após as fraudes no PanAmericano. Em 2011, o BC havia determinado acerto de R$ 183 milhões no balanço do Rural, fruto de provisões abaixo do exigido e que obrigou os sócios a injetar R$ 65 milhões. Dessa vez, o foco foram os limites operacionais, ou seja, o índice de Basileia, que mede a capacidade de empréstimo frente ao patrimônio.

O Rural espera reverter parte das exigências (R$ 28 milhões), a exemplo dos R$ 30 milhões contestados na verificação anterior e cujas ponderações foram aceitas pela autoridade monetária. Mesmo que o BC mantenha a exigência total, o aporte já é suficiente, diz João Heraldo Lima, presidente do banco. (De 2007 a 2010, os acionistas colocaram R$ 125 milhões).

(...) Perguntado sobre os efeitos do julgamento [do mensalão] no banco, Lima diz que "o impacto é sobre a vida das pessoas". "O banco mantém sua regularidade operacional, atendendo nossos clientes. A fidelidade e a confiança permanecem." Ele diz não ter havido resgate de aplicações após as condenações. Nos últimos 12 meses até junho, antes, portanto, do começo do julgamento, os depósitos recuaram 4%, para R$ 4,593 bilhões.

(...) Segundo ele [Lima], o atraso na publicação do balanço de junho se deve a ajustes exigidos pelo BC. Mas o resultado não será afetado diretamente, pois a correção é referente à alavancagem. Ainda assim, o Rural fechou o primeiro semestre com prejuízo de R$ 32 milhões, número que ainda está em avaliação pela auditoria externa. "Tudo indica que vamos fechar este ano com prejuízo, mas bem menor que em 2011, quando as perdas somaram R$ 83 milhões", afirma. (...)

Sob pressão, Rural recebe aporte de R$ 100 milhões - 24 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Fernando Travaglini

[1] Com atraso, o que não é um bom sinal. E ainda sem o parecer da auditoria externa.

Compensação de Tributos

Não bastasse a apuração das contribuições de PIS e Cofins ser complexa, empresas que erram nas contas estão sujeitas a multas que podem ser milionárias.

Funciona assim: gastos com insumo para produção geram créditos, usados para pagar PIS e Cofins, no caso de empresas que pagam seus tributos pelo lucro real.

Se restarem créditos, esses podem ser usados para compensar outros débitos com o Fisco, como o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

Porém, a questão do insumo é complexa e pode gerar divergências. Se o Fisco considerar que o pedido de compensação foi feito sem a empresa ter direito ao crédito, ela será multada em 50% do valor pedido, de acordo com lei federal de 2010.

(...) "O valor da multa coloca os contribuintes em uma situação de medo", diz Heleno Torres, professor de direito tributário da USP. Para ele, usar ações preventivas é um recurso caro e que congestiona o sistema judiciário.

Márcio Shimomoto, vice-presidente administrativo do Sescon-SP (Sindicato dos Escritórios de Contabilidade), diz que a legislação é complexa por ter muitas exceções sobre o direito a crédito, dependendo da atividade e seu fim.

Para Juliana Ono, diretora da consultoria Fiscosoft, pontos que geram dúvidas quanto ao direito ao crédito são produtos e serviços que não são matéria-prima, mas são necessários -como os equipamentos de proteção.

DECISÕES

Segundo a tributarista Fabiana Chagas, o Fisco usa um conceito restrito ao considerar que apenas matéria-prima dá direito a créditos. Mas há decisões que apontam conceitos mais amplos.

Exemplo: o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) em 2010 definiu insumo como todo gasto necessário para a produção, ao autorizar o crédito sobre serviços, como o de armazenagem, da empresa Fitesa.

Procurada na quarta (dia 19), a Receita Federal informou que não haveria tempo hábil para resposta até o fechamento desta edição.

Erro em pagamento gera multa pesada - FILIPE OLIVEIRA - Folha de SPaulo

Segurança bancária

O vídeo a seguir, de um banco belga, mostra a importância de tomar cuidado com os dados que você coloca na internet.

Empresas médias

A grande maioria (73%) das empresas de médio portes são controladas por famílias. Outras 20% possuem controle pulverizado, 5% por grupo empresarial e 2% por investidor institucional. Esse é o resultado de um levantamento da Deloitte, uma empresa de consultoria e auditoria, com 336 companhias.

Outro dado da pesquisa é que as empresas desse porte consideram o sistema tributário e legal o maior entrave ao crescimento.

As companhias pesquisadas tiveram receita que variou entre R$ 3 milhões e R$ 300 milhões no ano passado. O levantamento foi feio entre abril e junho de 2012.


Empresas médias são controladas por famílias - 24/09/2012 - Folha de S Paulo

Lavagem de Dinheiro

O governo federal pretende turbinar a estrutura adminis­trativa que julga infrações rela­cionadas a lavagem de dinhei­ro, numa tentativa de aumen­tar as multas e afastar do mer­cado investidores e dirigentes de bancos flagrados cometen­do esse tipo de irregularidade.

O projeto, sob estudo do Mi­nistério da Fazenda, prevê o for­talecimento do Conselho de Re­cursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), conhecido como "Conselhinho" do Banco Central, cuja estrutura deve ser fortemente ampliada. Em estu­do no governo desde o ano passa­do, a reforma estrutural foi acele­rada na esteira do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, onde 34 dos 38 réus fo­ram acusados de falsificar a ori­gem de recursos financeiros.

Hoje, a maior parte dos casos é encaminhada ao Ministério Público, que atua no Judiciário tentando a condenação penal dos acusados. Com a mudança, ficará turbinada também a es­trutura de punição administrati­va, com foco nas instituições fi­nanceiras por onde os esque­mas são construídos.

Ou seja, o governo avalia que é preciso tornar mais explícita a punição a bancos, corretoras e outros que, embora não estejam envolvidos diretamente em tráfi­co de drogas, por exemplo, acabam permitindo a lavagem do di­nheiro ou dificultando a fiscali­zação pelo poder público. (...)


Lavagem de dinheiro deve ter punição maior - 24 de Setembro de 2012 - O Estado de São Paulo - Iuri Dantas,João Villaverde

Transparência

Depois de eleitas entre as 20 companhias mais transparentes no aspecto contábil, as empresas Usiminas, JSL logística e Eletrobras Furnas foram escolhidas os destaques do prêmio Troféu Transparência.

A premição é concedida pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), pela Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e pela Serasa Experian. O evento ocorreu anteontem em São Paulo e contou com a participação de 450 executivos.

No total foram 2.000 balanços analisados, para escolher, em uma primeira etapa, as 15 companhias abertas e cinco fechadas que se destacaram na divulgação das demonstrações financeiras.

As empresas escolhidas são organizações que superaram os princípios básicos na divulgação de suas informações contábeis, um número ainda restrito diante do mercado brasileiro, segundo os organizadores do prêmio.

A análise dos balanços leva em conta critérios como: qualidade e grau das informações contidas nas demonstrações financeiras e notas explicativas dos balanços; transparência das informações prestadas; qualidade do relatório da administração; ressalvas no parecer dos auditores independentes, divulgação de informações adicionais, como sociais e ambientais, não exigidos legalmente, mas importantes para o negócio.

QUEM SÃO AS 20

Entre as companhias abertas com faturamento superior a R$ 5 bilhões, foram escolhidas: Braskem, Sabesp, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Embraer, Gerdau, Natura, Petrobras, Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais) e Vale.

Com faturamento até R$ 5 bilhões foram selecionadas BM&FBovespa, Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Cosan, JSL e Localiza Rent a Car.

Na categoria empresas de capital fechado, foram escolhidas Alberto Pasqualini - Refap, Eletrobras Eletrosul, Eletrobras Furnas, Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) e Samarco Mineração.

O prêmio existe desde 1997 e visa estimular a melhora da qualidade dos balanços contábeis. São várias etapas de seleção e análise que contam com a participação de alunos do último ano do curso de Contabilidade da FEA, integrantes do Mestrado e do Doutorado da USP até especialistas da Fipecafi e da Anefac.

3 empresas são destaque em prêmio de transparência contábil - Folha de S Paulo