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18 setembro 2012

Oxitocina

"Você deve agradecer ao estoque de oxitocina do seu cérebro, um hormônio que ajuda a permitir várias ações bondosas e gentis, do tipo que permite a nossa sobrevivência como sociedade. Cientistas já sabem há muito tempo que este hormônio tem um papel fisiológico essencial durante o nascimento e a lactação, e estudos indicam que a oxitocina pode influenciar o comportamento animal também.

Agora, estudos mostram que o hormônio está intimamente ligado aos pilares da vida civilizada, a nossa capacidade de empatia e confiança. Uma pesquisa publicada neste mês mostra que diferenças genéticas estão ligadas ao efeito da oxitocina na capacidade de entender expressões faciais, compreender as emoções de outras pessoas e de se sentir mal pela dificuldade de outras pessoas. “Entrei nesta pesquisa com muito ceticismo, mas os resultados me surpreenderam”, afirma Sarina M. Rodrigues, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos.

Além destas descobertas. Agora acredita-se que a oxitocina pode também funcionar como uma espécie de ferramenta para o capitalismo. Em uma série de estudos, Ernst Fehr, diretor do Instituto de Pesquisas em Economia da Universidade de Zurique, na Suíça, demonstrou que o hormônio tem um papel importante para que as pessoas confiem o próprio dinheiro a estranhos. Em uma das pesquisas realizadas por Fehr e colegas, um teste foi feito com 58 estudantes, que receberam um esguicho nasal de oxitocina ou de um placebo. Após 50 minutos, eles foram instruídos a jogar o “Jogo da Confiança”, utilizando unidades monetárias que eles poderiam investir ou guardar.

Os pesquisadores descobriram que os participantes que receberam a oxitocina tiveram muito mais propensão a confiar nos parceiros, com 45% deles investindo o máximo de dinheiro possível. No grupo de controle, só 21% das pessoas tiveram o mesmo comportamento. Além disso, quando as pessoas sabiam que estavam jogando contra computadores, e não pessoas, a confiança continuava inabalável.

Ainda assim, os especialistas lembram que a oxitocina não muda o comportamento da pessoa para que ela vire um otário. A pesquisadora Simone Shamay-Tsory, da Universidade de Haifa, em Israel, percebeu que, quando participantes do estudo recebiam a oxitocina e jogavam contra pessoas que consideravam arrogantes, elas ficavam mais felizes quando os outros perdiam. Quando os “arrogantes” ganhavam o jogo, o sentimento de inveja aumentava consideravelmente.

A oxitocina no nascimento e na economia

O hormônio serve como uma forma de mandar um sinal de confiança a mães, que têm a oxitocina liberada logo após o nascimento dos filhos. Sue Carter, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, é uma pioneira no estudo do hormônio, mas afirma que ele não recebia atenção quando era ligado ao nascimento, mas que agora que é ligado ao mundo da economia e das finanças, se tornou assunto recorrente.

A oxitocina viaja pela corrente sanguínea e afeta órgãos muito distantes do cérebro, e age como uma espécie de neurotrasmissor, permitindo que as células cerebrais se comuniquem. Porém, diferente de muitos outros neurotransmissores, a oxitocina tem apenas um receptor, designado a reconhecer a sua forma e reagir a ela. Outros transmissores, como a dopamina e a serotonina, têm cinco ou mais receptores ligados ao seu reconhecimento.

Por este motivo, um estudo realizado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, analisou como duas variantes no código genético de uma pessoa pode influenciar a sua capacidade de empatia, baseado em um questionário e um teste de comportamento. Neste segundo exame, os participantes analisaram a expressão facial de 36 fotografias de pessoas em preto-e-branco e descreveram a expressão com uma palavra, que deveria ser ligada ao humor ou sentimento passado pela imagem.

Este teste, feito com 192 pessoas de ambos os sexos, mostrou que aquelas que têm a versão A do receptor para oxitocina – que é ligada ao autismo e pouca habilidade paterna – tiveram pontuações muito mais baixas que as pessoas com a variação G do receptor. 'Somos todos diferentes, e isso é bom', afirma Sarina Rodrigues. 'Se todos fossem amorosos e bonzinhos, o mundo seria muito mais chato', brinca." [NY Times]

17 setembro 2012

Contabilidade: um dos cursos mais procurados

O curso de contabilidade é uma das 10 carreiras mais procuradas entre os jovens que vão prestar vestibular nas faculdades federais. A informação foi divulgada pelo Ministério da Educação, com base em levantamento do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), a partir do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

Entre o segundo semestre de 2011 e os primeiros seis meses deste ano, a procura pelo curso de contabilidade praticamente dobrou e ocupa agora a 8ª posição no ranking nacional, com 28 mil candidaturas.

Segundo Eduardo Pocetti, presidente do Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), os principais motivos que têm levado os estudantes a procurar formação em Ciências Contábeis são as novas oportunidades profissionais geradas pelo mercado financeiro.

[...]

Os profissionais formados neste curso podem trabalhar com auditoria, contabilidade, controle, perícia ou ainda seguir a carreira acadêmica. O salário inicial é de aproximadamente R$ 1.800,00 como trainee. No entanto, a remuneração de um coordenador contábil pode chegar a R$ 13 mil e de um diretor, a mais R$ 30 mil.


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio



Fonte: Humor nos Anos Incríveis

Mais uma vitória da Apple

A Apple obteve nesta sexta-feira (14) mais uma vitória legal na disputa de patentes que trava com a sul-coreana Samsung Eletronics. O juiz James Gildea, da Comissão de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, decidiu que a Apple não infringiu patentes da Samsung, numa sentença ainda sujeita à revisão pelos demais juízes da comissão. O ITC tem o poder de bloquear importações de produtos que violam patentes.

A decisão inicial do ITC é o golpe mais recente recebido pela Samsung na disputa com a Apple após ter perdido um caso de alto nível na Justiça da Califórnia no último mês. Em 24 de agosto, um júri decidiu que muitos produtos da Samsung violaram patentes da Apple, incluindo o design do iPhone. O júri decidiu ainda que a gigante sul-coreana deve ressarcir a Apple em mais de US$ 1 bilhão pelos prejuízos.

As ações da Apple, que subiram 1,2% no pregão regular hoje [14/9] em Nova York e chegaram a atingir um novo valor recorde de US$ 696,98, eram negociadas em alta de 0,17% no after hours, a US$ 692,48. Em comunicado, a Samsung disse que a companhia continua confiante de que a decisão final da comissão será em seu favor. A Apple não quis comentar a decisão. As informações são da Dow Jones.


"aplle obtém mais uma vitória legal contra Samsung", Andréia Lago, Agência Estado.

Leitor Eletrônico

"A briga pelo nascente mercado brasileiro de livros digitais promete esquentar. A Livraria Cultura anunciou na quinta-feira uma parceria com a canadense Kobo para trazer leitores eletrônicos e livros digitais para o País, na preparação para a chegada da operação de varejo da americana Amazon. "A parceria deve impulsionar o mercado de e-books por aqui", afirmou Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura.

A empresa planeja vender quatro modelos de e-readers da Kobo, sendo um deles um tablet com sistema operacional Android. Os planos são agressivos. "Ainda não definimos os preços, mas o primeiro modelo deve ser mais barato que o Kindle importado", disse Herz. Com lançamento previsto para o fim do próximo mês, o primeiro modelo será o Kobo Touch, que custa US$ 99 nos Estados Unidos. Um Kindle International [o mais simples], comprado diretamente do site americano da Amazon, sai no Brasil por cerca de R$ 450, com impostos.

[...]

?"Espero que nosso lançamento venha a incentivar as editoras brasileiras", disse Pedro Herz. "Elas já estão lançando os livros novos também na versão digital, mas existe uma oportunidade muito grande no catálogo." Assim como a Amazon, a Kobo tem um sistema em que escritores independentes podem publicar seus livros digitais diretamente. Esse serviço não será trazido ao Brasil no mês que vem, mas está nos planos da Cultura oferecê-lo por aqui.

[...]

A expectativa sobre a chegada da Amazon no Brasil é grande. A empresa tenta negociar acordos com editores e tenta aquisições. Apesar de não existirem informações oficiais, pessoas do mercado diziam, há alguns meses, que o lançamento seria em setembro. Agora, muita gente já diz que a estreia da operação de varejo provavelmente ficou para o ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
"

"Livraria Cultura entra no mercado de leitor eletrônico", Renato Cruz, Agência Estado.

Os limites entre ciência e ficção


"Você já reparou que todas as invenções tecnológicas já foram imaginadas antes de existir? Por mais extravagante que pareça, toda inovação do século XXI já havia sido cogitada por algum escritor ou cineasta décadas antes. Uma cientista social galesa, Dra. Joan Haran, defende que estas primeiras concepções do que seria uma inovação científica, e para que serviria, ajudaram a definir a função social dos aparelhos quando eles se tornaram realidade.

Devem ser estreitados, segundo a pesquisadora, os laços entre a ciência “de verdade” e aquela fantasiada nos filmes e livros. E os argumentos que a autora utiliza em seu artigo, publicado no último dia 10, são de uma simplicidade surpreendente.
Questão de planejamento

Nenhuma obra de ficção científica imagina determinada tecnologia só por imaginar: a história sempre gira em torno de como aquilo mexe com o inventor, com os protagonistas, como move a sociedade e muda o mundo, para o bem ou para o mal.

Uma análise dessas obras pode emprestar valiosas noções a quem produz tecnologia e a quem a financia. Segundo ela, é importante que o cidadão comum tome parte nesses debates científicos, que não se pratique ciência apenas dentro dos laboratórios.

Exemplos concretos
O livro “Admirável Mundo Novo”, escrito pelo britânico Aldous Huxley em 1931, alcançou fama e reconhecimento para além do universo geek que surgiria décadas depois. Na obra, o autor constrói uma fictícia sociedade “organizada”, na qual as pessoas são hierarquizadas por castas por nascerem biologicamente pré-dispostas a determinado padrão. O tal método lembra muito a fertilização in vitro, que ainda estava longe de ser inventada naquela época.

Esse mesmo princípio (de condicionar nascimentos) foi trabalhado sob uma ótica muito mais positiva com uma escritora mais recente. Em 1976, a americana Marge Piercy escreveu “Woman on the edge of the time” (literalmente traduzido, “mulher no limite do tempo”), que narra a história de uma mulher que, internada como louca, passa a se comunicar com uma pessoa do futuro que diz viver em uma sociedade perfeita e igualitária. O segredo? Tirou-se da mãe a responsabilidade da gestação. Todas as crianças eram nascidas de úteros artificiais, o que garantiu igualdade de gêneros.
Tais exercícios de literatura, segundo Joan Haran, fazem com que a humanidade possa refletir com profundidade não somente a respeito da tecnologia que já existe, como também daquela que ainda está por ser inventada.

Desde a metade do século passado, os autores de Best-sellers e campeões de bilheteria ponderam até que ponto a máquina pode substituir o homem. Se ela ainda não “dominou” a humanidade intelectualmente, já colocou trabalhadores no olho da rua ao substituí-los em indústrias, por exemplo. Se mais gente tivesse pensado com antecedência em como seria uma “sociedade de máquinas”, talvez o estrago fosse menor."
O que você acha?


Fonte: Hyperscience

10% do Cérebro?

"Se você assistiu Sem Limites também deve ter ficado impressionado com a estória do fracassado escritor Eddie Morra (Bradley Cooper) que, ao tomar uma pílula quase mágica, transforma-se num mago do mercado financeiro, don juan infalível e exímio lutador, dentre outras coisas.

O filme - bacaninha, por sinal - apoia-se numa das mais difundidas falácias sobre o cérebro humano: a de que usamos apenas 10% do seu potencial.

A ideia é atraente porque cria uma enorme esperança em torno dos outros 90% do cérebro que, reza a lenda, permaneceriam ociosos a maior parte do tempo. Se já fazemos tanta coisa com uma pequena fração do órgão, imagine do que seríamos capazes ao utilizarmos toda a sua capacidade!

O empolgante enredo não passa, no entanto, de um mito que, de tão repetido, quase se transforma em realidade. A verdade, contudo, está bem longe disto.

A lenda dos 10% provavelmente teve seu grande patrocinador em Dale Carnagie que, segundo contam Sandra Aamodt e Sam Wang em Bem-vindo ao seu cérebro (Cultrix, 2009), teria citado um inexistente estudo de William James para justificar a lorota.

Desde então, o mito tem sido explorado e difundido pelos gurus da autoajuda, para dizer que todos somos Einsteins adormecidos, com um enormes potenciais ocultos ainda a serem descobertos. Uma animadora fantasia pseudocientífica, para alimentar a conhecida historinha de que todos estamos a um passo da genialidade.

Ocorre que nosso cérebro, assim como boa parte do resto do corpo, é altamente eficiente, tendo seus processos espalhados por uma intrincada estrutura que, até hoje, continua desafiando os cientistas. Modernos estudos de ressonância magnética funcional têm demonstrado, recentemente, que várias de suas partes estão sempre em funcionamento simultâneo, mesmo nas tarefas mais corriqueiras.

Fosse verdade o factóide dos 10%, pequenas lesões no cérebro teriam pouca ou nenhuma consequência em pacientes neurológicos, dado que afetariam partes aparentemente inúteis de nossa anatomia - o que está muito londe de ser o caso. De outro modo, o cérebro teria diminuído de tamanho ao longo da evolução humana, em vez de aumentado, de forma a economizar espaço e energia. Bem, ao menos na maioria das pessoas..."


Texto "10% do cérebro = 100% da falácia", escrito por Rodolfo Araújo, publicado no blog Auto-Atrapalha

16 setembro 2012

Rir é o melhor remédio



Dica de Victor Henriques, a quem agradeço.
Fonte: Nerds e Otakus

Brics, bricões e briquinhos

Brics, bricões e briquinhosMarcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 3.9.2012

Muitos analistas têm sublinhado a heterogeneidade dos países que compõem o Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com toda a razão, quando se trata do desempenho nas últimas décadas: enquanto o cerne do grupo, Índia e China, tem crescido a 8% ou 10% ao ano, as demais economias crescem a metade ou um terço disso. Fazer parte do Brics pode satisfazer a vaidade brasileira e alimentar esperanças quanto a articulações diplomáticas, mas é um erro tratar o grupo como homogêneo no que se refere aos temas essenciais.

Há, entretanto, lições úteis a extrair da comparação entre as experiências dos Brics e que explicam a heterogeneidade do seu desempenho. Nos quatro países, a estratégia econômica ao longo da história foi calcada em dois pilares fundamentais. De um lado, a ideia de que faria sentido reduzir a dependência do mundo exterior e dar prioridade à substituição de importações. De outro lado, a crença de que o Estado deveria jogar papel fundamental na economia não apenas como regulador, mas também como provedor de bens e serviços.

Na Rússia, a ênfase em autarquia e Estado precedeu a União Soviética. Já na Rússia czarista, a partir do final do século 19, o modelo econômico foi calcado em ação do Estado e substituição de importações. Depois de 1917, essa ênfase foi levada ao extremo. Na Índia, após período relativamente liberal entre a independência, em 1947, e a morte de Nehru, no início da década de 1960, o modelo enfatizou os mesmos alicerces até o fim dos anos 1980. Na China pré-1980, o modelo socialista ortodoxo combinava em versões extremas a intervenção do Estado e a autarquia. O isolamento da África do Sul sob o apartheid implicou que, antes de 1994, a estratégia econômica dependesse da minimização à exposição externa e de alto grau de interferência do Estado na atividade econômica.

No Brasil, a partir de meados do século 19, houve continuidade na estratégia econômica que combinava autarquia e intervenção estatal. Desde cedo no Império, as tarifas de importação eram muito altas, inicialmente justificadas por razões fiscais, mas depois claramente protecionistas. Na Primeira República, as políticas públicas deixaram de ter como alvo a correção de falhas de mercado em relação à atração de imigrantes e investimento direto estrangeiro e partiram para a administração dos preços de café, explorando o poder de mercado brasileiro. Com a grande depressão, somou-se o controle cambial à tarifa alta. Em 1944, na famosa controvérsia Gudin-Simonsen prevaleceu, na prática, a visão de Simonsen - a despeito de suas fragilidades analíticas - quanto à centralidade dos pilares calcados em autarquia e Estado.
Essa visão sobreviveu galhardamente ao golpe militar e começou a ser erodida na década de 1980 em meio de altíssima inflação combinada à estagnação. As reformas de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, baseadas em visão crítica da potencialidade de longo prazo dos pilares tradicionais, promoveram a abertura comercial e a privatização. Mas o que se tem visto desde 2003, e ainda mais desde 2011, é uma regressão às visões mais primitivas de estratégia econômica calcada em proteção alta e aumento do peso do Estado.

Nas economias mais dinâmicas do Brics - Índia e China -, o que se vê é exatamente o contrário da experiência brasileira no período recente. Na Índia, desde o final dos anos 1980, e na China, desde o final da década de 1970, houve verdadeiras revoluções quanto à abertura dos mercados, a expansão das exportações, atração de capitais estrangeiros e redução do peso do Estado na economia. Nos dois casos houve aumento significativo da formação bruta de capital fixo e, consequentemente, das taxas de expansão do PIB. A formação bruta de capital fixo na Índia tem sido da ordem de 35% do PIB, saindo de um patamar, nos anos 1980, apenas um pouco melhor do que os atuais míseros 17% do Brasil. Na China, o número estaria em torno de 45%, embora haja significativas distorções de medida provavelmente significativas. Mesmo nos membros do Brics menos bem-sucedidos, Rússia e África do Sul, nos quais a abertura das economias e a redução do peso do Estado mereceram ênfase bem menor, a formação bruta de capital fixo tem sido da ordem de 23%. Além disso, sempre é bom relembrar que a tara nacional com relação à manutenção de altos índices de conteúdo nacional nas compras feitas, diretas ou indiretamente, pelo governo faz com que aos baixos níveis de investimento corresponda expansão da capacidade ainda mais limitada, em vista do encarecimento dos bens de capital.

Impressiona a teimosia do Planalto em deixar de reconhecer que a atual estratégia brasileira de crescimento apenas assegura que a economia alterne voos de galinha com pousos forçados. A estratégia que poderia superar a mediocridade do desempenho econômico do País deveria, com o benefício das lições que podem ser extraídas das experiências da China e da Índia, ser baseada na retomada da abertura gradual do mercado brasileiro, na reversão da nova onda estatizante e no aumento da poupança doméstica. Só então seria possível pensar em deixarmos de ser briquinho.

*Doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio

Expansão das universidades privadas

A forte expansão das universidades privadas brasileiras tem beneficiado empresas e alunos, avalia a revista The Economist.

O semanário publicou uma reportagem segundo a qual “as universidades no Brasil há muito tempo têm sido para poucos privilegiados”, mas nos últimos anos “o explosivo crescimento de instituições de ensino superior privadas e com fins lucrativos está, afinal, ampliando (o acesso a) a educação superior” no País.

Um gráfico publicado na revista mostra que em 2010 houve 400 mil matrículas em universidades públicas, o dobro do registrado em 1997. Nas particulares, no entanto, o número mais que triplicou, passando de 400 mil em 1997 para 1,2 milhão em 2010 . Vale ressalvar que esse dado das universidades privadas inclui também as que não têm fins lucrativos, como fundações e católicas.

A reportagem considera que os grupos Anhaguera, Estácio de Sá e Kroton estão “bem capitalizados” e diz que “a formação em uma das melhores (universidades privadas) por dobrar o salário inicial de um jovem”.

Mas a revista reconhece que “nenhuma das faculdades com fins lucrativos tem o prestígio nem os recursos das melhores universidades públicas, como a USP, a estrela solitária da América Latina nos rankings internacionais” (o instituto QS a coloca em 139º lugar no ranking mundial).

Na opinião da Economist, o governo “reconhece” que o setor público não tem dinheiro para expandir sua rede de ensino superior na mesma velocidade que o privado. Um sinal disso é que oferece redução tributária para as faculdades que dão bolsa parcial ou integral para alunos pobres, atingindo 1 milhão de estudantes desde 2005.

A revista comentou as políticas de cotas em universidades. “O governo está buscando um caminho diferente de justiça social: cotas de admissão”. Para a Economist, o fato de que na Universidade de Brasília os alunos cotistas, que são 20%, não tiveram desempenho inferior aos demais não garante que uma ampliação do sistema (como as cotas de 50% nas Universidades Federais, sancionadas no mês passado pela presidente Dilma Rousseff) vá funcionar.

Sobre cotas, a reportagem publica o comentário de um especialista da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) Andreas Schleicher. Na opinião dele, essa política levará a 59 universidades federais alunos “menos preparados, que podem ter dificuldade”.

Schleicher coordenou um estudo segundo segundo o qual o Brasil é um dos países que mais investem verbas públicas em educação, mas ao mesmo tempo apontou que a relação de recursos por aluno, a precariedade do ensino superior e da pesquisa e a qualidade duvidosa evidenciam o atraso do País.

A reportagem observa, ainda, que um programa da Unicamp que oferece cursos a estudantes pobres por dois anos, com possibilidade de incluir na graduação os que se saírem bem, mobiliza uma grande quantidade de pessoas (assistentes sociais, professores assistentes, outros estudantes, profissionais de saúde) e ainda assim alguns alunos não conseguem acompanhar os demais.

O artigo termina com a conclusão óbvia de que para democratizar o acesso à educação superior seria necessário melhorar o ensino básico e o médio. Só não diz como.


Fonte: Radar Econômico

Nível de cola: especialista

Em uma das postagens sobre o que não foi ensinado na pós-graduação, ressalta-se que alunos colam. Na quarta-feira o professor David Albrecht publicou sobre o assunto:

E acrescentou:
“Não tenho certeza da mensagem que esta imagem quis passar. Quiçá que alguns trapaceiros são incontroláveis. Ou que uma cola de mestre é admirável. Talvez a mensagem seja que, por ser inevitável, não há problema em fazê-lo.”

15 setembro 2012

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC


Hoje uma postagem básica para os alunos de graduação que irão escrever o trabalho de conclusão de curso. Temos outras postagens no blog que tratam melhor cada ponto descrito aqui.

Vou utilizar como exemplo o artigo “O Tratamento dos Ativos Não Operacionais na Avaliação de Empresas: Teoria e Prática” de Luciana Miyuki Ikuno, Isabel Cristina Henriques Sales e César Augusto Tibúrcio Silva, publicado em 2011 no volume 6 da revista “Perspectivas Contemporâneas”.

- O seu trabalho, basicamente, terá uma “espinha de seções” assim:
1. Introdução
2. Referencial Teórico
3. Proceder Metodológico
4. Resultados e Análises
5. Considerações Finais

Você pode criar subseções de acordo com o seu estilo (desde que não seja apenas uma, por exemplo, a 2.1 sem haver uma 2.2).

Na “Introdução” você irá contextualizar a sua pesquisa, escrever o objetivo do trabalho, o problema de pesquisa e a justificativa. No “Referencial Teórico” você deve aprofundar o assunto que está sendo pesquisado. No “Proceder Metodológico” você escreverá o desenho do seu trabalho, como ele foi desenvolvido, quais foram as fases, a amostra, o espaço temporal, os outliers... Você deve escrever para me permitir entender cada passo da sua pesquisa de forma que eu possa reproduzi-la. Nos “Resultados e Análises” você irá apresentar os resultados da sua pesquisa e interpretá-los. Não adianta, por exemplo, colocar uma tabela e não fazer inferências do que está sendo apresentado. Se esforce! Nas considerações finais você vai concluir a sua pesquisa e sugerir novos trabalhos que podem ser desenvolvidos com base no seu. Não se empolgue na tentativa de valorizar a sua pesquisa e escreva na conclusão assuntos que não foram tratados no seu trabalho.

Mais ainda, saibam que o que vocês escrevem tem que ser acompanhado das devidas referências. Não é como na escola, quando a professora te pedia para escrever um trabalho sobre, digamos, rinocerontes, e você saia copiando enciclopédias, livros, redigindo um texto sem autores no corpo do trabalho, mas, no momento de listar as referências bibliográficas, saia escrevendo o nome de várias fontes distintas para mostrar que utilizou diversos materiais. Não, não é mais assim.

- Você só cita no referencial o que citou no corpo do trabalho. Isso implica que: para citar nas referências, você deve ter citado a fonte na pesquisa.

Por exemplo:

De acordo com Hitchner (2003), ativos não operacionais são aqueles ativos que não são necessários para as operações em andamento da empresa. Entre os principais ativos que podem ser considerados como não operacionais estão o caixa e equivalentes de caixa; investimentos em ações e títulos de outras empresas; investimentos em outras entidades e; ativos que não geram fluxos de caixa, mas que podem conter valores significativos (DAMODARAN, 2005).

Note que escrevemos citando, de forma indireta, dois autores. Nas referências deverão constar os dois trabalhos (em ordem alfabética), assim:

DAMODARAN, Aswath. Dealing with cash, cross holdings and other non-operating assets: approaches and implications. Social Science Research Network, set. 2005. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2011.

HITCHNER, James R. Financial valuation: Applications and Models. Nova York: John Wiley & Sons, 2003.

Para se sentir mais seguro, antes de escrever leia alguns artigos (procure no Scholar Google, por exemplo), converse com o seu orientador e com o professor de metodologia científica. Sua graduação está quase acabando e não deve ser encerrada com descaso. Além de absorver tudo o que te foi transmitido durante as aulas, é importante que você se esforce em deixar alguma retribuição científica.

Repito que: temos outras postagens no blog que tratam melhor cada ponto descrito aqui.

Dentre outros, consulte:

Rir é o melhor remédio



Fonte: Bizarro Comics

Teste da Semana

Eis um teste para o leitor atento ao que aconteceu na semana:

1 - Uma lista de pessoas influentes nacontabilidade mundial, que circulou esta semana, mostra uma grande presença de:


Britânicos
Homens
Não contadores

2 – Esta empresa tem uma contabilidade bastante discutida,em geral pelas manobras contábeis, em especial na estimativa da receita. Pararestaurar a confiança dos investidores, contratou um ex-partner da KPMG

Facebook
Google
Groupon

3 – O dono da revista pornográfica Hustler ofereceu umprêmio de 1 milhão para quem tivesse alguma informação sólida sobre os tributospagos por:

BarackObama
BillClinton
Mitt Romey

4 – Esta semana os defensores do rodízio de auditoriasofreram uma pesada derrota da

Comunidade Européia
Iasb
PCAOB

5 – Após cinco anos de aprovação do SPED uma pesquisa revelou que o percentual de contabilistas queNUNCA fizeram um curso de capacitação sobre o tema é de

23%
44%
76%

6 – O CFC está estudando, em conjunto com a Fenacon, aaplicação da lei 12683, que trata:

Da prática de lavagem de dinheiro
Das normas de contabilidade para pequenas empresas
Das normas internacionais de contabilidade

7 – Este blog descobriu uma propaganda que dizia: “Contabilidade era minha vida até que eu descobri “

Administração
Futebol
Smirnoff

8 – Após a adoção das normas internacionais, observa-se queas demonstrações contábeis das empresas estão:

Do mesmo tamanho
Maiores
Menores

9 – Uma pesquisa da PwC indicou que os investidores estãopreocupados com:

A agressividade contábil das empresas
A falta de conhecimento dos auditores
O conversadorismo contábil

10 – Um relatório do Cato Institute pesquisou 57experiências de hiperinflação. O conceito de hiperinflação adotado correspondea

100% em três anos
1000% num ano
50% em um mês

Fato da Semana


Fato da Semana: A Renovação das concessões das Empresas Elétricas

Qual a importância disto? Trata-se de um assunto que interessa de perto acontabilidade pela aplicabilidade na área de regulação. Os contratos deconcessão do setor elétrico foram elaborados com um determinado prazo devalidade. Ao final deste prazo, o governo pode (a) renovar os contratos daforma como está; (b) renovar os contratos, com mudanças nas condições dosatuais contratos; ou (c) contratar uma nova empresa para explorar o serviço. Emqualquer um dos casos, é necessário discutir o valor que o governo irá pagarpelos investimentos que ainda estão “no balanço”, ou seja, que não foramamortizados. Isto envolve valores de bilhões de reais e o centro da discussãoserá a mensuração contábil.

Positivo ou negativo – Positivo. A contabilidade de setoresregulados é bastante complexa. A antecipação da renovação das concessões irágerar uma discussão em torno destas normas que pode ser útil para osprofissionais da área.

Desdobramentos – os órgãos reguladores terão um grandetrabalho na discussão com as empresas. A Aneel terá que conduzir a discussõesem torno do ressarcimento devido para as elétricas. Não descarte apossibilidade de processos judiciais contra o governo.

Luz, gasolina e embromação

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2012 | 3h 0

O governo faz uma enorme e perigosa confusão ao misturar combate à inflação, corte das tarifas de eletricidade, aumento do preço dos combustíveis e política de juros. Como disse um pensador petista, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas essa obviedade parece inacessível aos formuladores da política econômica. As autoridades podem frear a evolução dos indicadores de preços, no próximo ano, se tornarem mais barata a energia elétrica. Mas a inflação retomará seu curso, em pouco tempo, se as condições propícias à elevação geral de preços continuarem presentes. Para isso, bastará a conjunção de crédito farto, gasto público excessivo e demanda suficiente para sancionar aumentos de preços. A confusão se completa quando a contenção de um índice - evento temporário - é apontada como oportunidade para arrumar as contas da Petrobrás e até para manter os juros baixos.

O governo acertará quando reduzir o peso fiscal sobre as contas de eletricidade e baratear o uso da energia tanto para empresas como para as famílias. A produção brasileira ficará um pouco mais competitiva e, ao mesmo tempo, os consumidores ganharão uma pequena folga no orçamento. Essa decisão contribuirá para o desenvolvimento do setor produtivo, para a preservação de empregos, ou até para sua criação, e para o aumento do bem-estar dos brasileiros. Não será, no entanto, exceto por um equívoco notável, parte de uma política anti-inflacionária.

O governo acertará, também, se deixar a Petrobrás adotar uma política de preços realista e compatível com suas necessidades econômicas e financeiras. Se for necessário um aumento de preços de combustíveis, será esse o procedimento correto. Manter o subsídio ao consumo apenas servirá para disfarçar a inflação, causará desajustes nos preços relativos (prejudicando, por exemplo, a produção de etanol) e privará a Petrobrás de recursos importantes para seus investimentos. Mais do que nunca, a empresa precisa de uma forte geração de caixa, para elevar a produção no curto prazo e avançar na caríssima e complexa exploração das reservas do pré-sal.
O prejuízo da empresa no último trimestre, seus indisfarçáveis problemas de produção e os erros cometidos em seus planos de investimento evidenciam os males de uma administração subordinada a interesses políticos dos governantes, de seus partidos e de seus aliados nacionais e estrangeiros. A correção desses erros, adiada por muito tempo, é agora urgentíssima e sua oportunidade independe do corte de tarifas da energia elétrica.

Mesmo quando acerta, o governo se mostra incapaz de formular com clareza uma boa estratégia de crescimento, com uma ampla e bem articulada bateria de medidas para tornar a economia nacional mais produtiva, menos sujeita a desajustes e mais preparada para a competição global. As novas iniciativas acabam prejudicadas pela confusão de objetivos e pela vocação do governo para as políticas de remendos. Sem disposição para reformar seriamente o sistema tributário, as autoridades preferem remendá-lo. Essa preferência é explicável tanto pelas dificuldades políticas de uma reforma genuína quanto pela incapacidade de cortar despesas e de racionalizar a administração.

A confusão de objetivos acaba resvalando para a mistificação. Disfarçar a inflação é politicamente mais lucrativo e muito menos trabalhoso do que executar uma séria política anti-inflacionária. Com uma política séria, é possível atenuar os efeitos de choques de preços, limitando sua transmissão e, em certos casos, intervindo no mercado com a venda de estoques de segurança. Atenuar, no entanto, é muito diferente de disfarçar.

Uma política honesta e competente cuidará de baixar as contas de eletricidade, de ajustar os preços dos combustíveis e de controlar a inflação sem misturar os objetivos próprios e os processos de cada linha de ação. Se cada parte for bem executada, o resultado geral será uma economia mais eficiente, mais próspera e mais compatível com o bem-estar. Discutir como ficará o índice oficial de inflação, no fim do próximo ano, se houver este ou aquele corte nas tarifas de energia elétrica, é mais que um equívoco. É uma vergonhosa embromação.

Não posso evitar

Nós frequentemente comentamos sobre o blogueiro Rodolfo Araújo, especialmente sobre o “Não Posso Evitar”. Mas vale lembrar que ele ainda escreve em outros blogs:

Pharmacoaching: A evolução do Não Posso Evitar.

O Líder Acidental: “
Nem todo mundo recebe o treinamento e preparo adequados para assumir uma posição de chefia. Grandes empresas têm programas de trainee bem estruturados e processos de sucessão bem definidos. Mas a maioria das companhias por aí não têm nem uma coisa, nem outra. Por este motivo, algumas promoções acontecem do dia para a noite. Você dorme analista e acorda gerente. E agora, o que fazer? Como devo me comportar agora que meu chefe é meu par? E com meus antigos colegas, que agora são meus subordinados? O Líder Acidental pretende responder algumas destas perguntas. Não todas, porque algumas delas você terá que aprender sozinho - o que certamente você conseguirá, afinal, é por isso que foi promovido.”

Auto-Atrapalha: “(...) a autoajuda até tem a sua utilidade, que é reforçar o seu desejo de conseguir algo na vida (se você não quer nada na vida, o que está fazendo aqui?). O problema deste discurso é que ele não te leva à ação, necessariamente.

Vale a pena acompanhar. (Mas claro, concomitantemente ao Contabilidade Financeira.) ^.^

14 setembro 2012

Descadastramento de cursos pelo MEC


Hoje um amigo leu um relatório do MEC com o assunto: “Reconhecimento dos programas de pós-graduação stricto sensu reconhecidos pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES) da CAPES, referente à Avaliação Trienal de 2010”. No Anexo II consta um curso de mestrado e doutorado em ciências contábeis da Universidade de Brasília a ser descadastrado.

O Correio Braziliense "leu" o mesmo relatório. E o drama começou.

Segundo o jornal, foi publicado no Diário Oficial do dia 13 de setembro que alguns cursos da UnB estavam descredenciados, dentre eles o de contabilidade. A justificativa? Notas baixas.

Por sorte a blogueira desesperada aqui conversou com o professor Edilson Paulo que observou o problema: na verdade, de acordo com a avaliação do MEC estava ocorrendo o descadastramento do antigo Programa Multi-Institucional e Inter-Regional que incluía a Universidade Federal de Pernambuco. Hoje ela já não faz mais parte da pós-graduação registrada na UnB. A formação é: Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.



O leitor e mestre já conhecido por aqui, Glauber Barbosa, ligou na redação do Correio para que corrigissem o problema. Clique aqui para a reportagem atualizada.

E todos viveram felizes para sempre... ao menos até o próximo fora jornalístico.

Irônias da vida: essa postagem tem muito a ver com o "Rir é o Melhor Remédio" de hoje.

+=+=+=+=+=+=
Atualização do Glauber: "Minha ligação não surtiu muito efeito de cara não... na verdade eles nem deram muita ideia. Acho que só mudaram depois que o Ivan (coordenador) entrou em contato. O fora jornalístico foi tão grande, que eles já atualizaram a reportagem mais uma vez, agora foi o curso de psicologia. Os jornalistas ficam a procura de pautas interessantes e bater na UnB é sempre uma boa notícia. Olhando por alto, os sete cursos da UnB que foram descredenciados, são casos semelhantes ao da contabilidade, normalmente mudança de nome do curso."

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Tok & Stock

Segundo noticiado ontem, o fundo de investimento Carlyle comprou a empresa Tok & Stok (Fundo Carlyle compra Tok & Stok, Cátia Luz e David Friedlander, Estado de S Paulo, 13 de setembro de 2012, p. B19). O valor do negócio, conforme informações não oficiais, foi de 700 milhões de reais por 60% da empresa. O texto apresenta mais informações sobre a empresa:

Líder do setor, a Tok & Stok tem 35 lojas e faturou pouco mais de R$ 1 bilhão no ano passado. O plano agora é dobrar as vendas da empresa nos próximos cinco anos. Um dos focos é crescer nas regiões Sul e sobretudo, Nordeste – onde a empresa tem hoje a maior concentração de vendas por metro quadrado, mas apenas três lojas para atender essa demanda.

A família Dubrule vendeu o controle da Tok&Stok por duas razões: queria um sócio para investir no crescimento da operação e resolver de uma vez a sucessão familiar. A venda também libera a o patrimônio de Régis, Gislaine e seus cinco filhos, quase todo aplicado na empresa. "Em aproximadamente dois anos, teremos um profissional do mercado no comando e a família estará no conselho", diz Régis. Os Dubrule tentaram abrir o capital da Tok & Stok anos atrás, mas o plano foi atropelado pela crise de 2008.

Neste setor é comum usar como múltiplo para fins de negociação:

No varejo, costuma-se usar como uma referencia para o cálculo do valor de uma rede a metade de seu faturamento anual, mas a formula é jogada por terra por especialistas em aquisições (Luciano Szafir compra a paulista Dominó, Claudia Facchini, Valor)

Usando este múltiplo, o valor da empresa deveria ser de 500 milhões. 60% deste montante representa 300 milhões. Entretanto dois aspectos importantes fazem com que a expressão do múltiplo deva ser vista com ressalva neste caso:

a) Está-se vendendo o controle da empresa; nestes casos, é usual pagar um prêmio;
b) A empresa possui uma parcela significativa do mercado.

Hiperinflação 2

Sobre a postagem de ontem sobre hiperinflação, o Pedro Correia tem o seguinte comentário:

A definição usada por Salomon é a mesma do Mankiw, no entanto, este afirma que "a hiperinflação é, muitas vezes, definida como a inflação que ultrapassa 50% ao mês." Há várias definições como destacado na postagem. Ele usa o termo democracias genuínas, mas também não define o que é. Entendo que democracia genuína é aquela que os representantes são escolhidos por voto direto. Partindo dessa premissa, o raciocínio de Felix , em parte, está correto . O primeiro presidente eleito democraticamente por voto direto na Argentina foi Raúl Alfonsín e no seu governo inciou-se o processo de hiperinflação. Portanto, a meu ver, a hiperinflação em democracias "genuínas", provavelmente só ocorreu na Argentina, no Peru e em Weimar.

Dois leitores do Felix comentaram sobre o caso do Brasil, da definição do IASB, da Argetina e da República de Weimar.

Notas de Risco para os governos

O governo federal vai passar a calcular um "rating" da situação fiscal de Estados e municípios. A classificação, que funciona como uma espécie de nota da capacidade de pagamento, servirá de base para subsidiar a concessão de aval da União nos empréstimos dos governos regionais no Brasil e no exterior. A metodologia antiga levava em consideração o resultado primário (receitas menos despesas para pagamento da dívida), que deixa de ser preponderante na análise do crédito. (...)

Num modelo muito parecido com o que é adotado pelos bancos e até mesmo pelas agências de classificação de risco, as notas vão variar de A+ (nos casos em que situação fiscal é excelente e o risco de crédito quase nulo) até D- (quando há um quadro de desequilíbrio fiscal). Só terá aval da União o Estado e os municípios que receberem de A+ a B- (casos em que a situação fiscal é boa e o risco de crédito é médio).

A análise do crédito será feita pela equipe técnica do Tesouro com base numa complexa metodologia, com várias fórmulas matemáticas, publicadas ontem no Diário Oficial da União. (...)


É uma boa notícia. Mas o ideal é que isto fosse realizado por especialistas ou por terceiros, isentos do processo.

Elétricas

O dia seguinte ao anúncio oficial do governo sobre a redução das tarifas de energia elétrica foi marcado por quedas históricas das ações do setor. Levantamento da empresa de informações financeiras Economática revela que 24 companhias com papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderam, em conjunto, R$ 15 bilhões em valor de mercado. Nos últimos dois dias, são R$ 21,3 bilhões.

A perda dessa quarta-feira equivale a um recuo médio de quase 10% nos papéis, mas houve ação que se desvalorizou mais, como a da Cesp, que desabou 27,5%. O mau humor dos investidores foi atribuído, principalmente, à decisão do governo de antecipar para 2013 o término das concessões de algumas companhias. O prazo original era 2015 ou 2017, dependendo do caso.

A grande dúvida é como se dará o ressarcimento de algumas empresas. A compensação será feita às concessionárias que, no prazo de seus contratos, não conseguiram recuperar o que investiram para construir hidrelétricas, linhas de transmissão ou infraestrutura de distribuição. É o cálculo da chamada amortização. Para a consultoria e auditoria Deloitte, o valor para o setor todo é de cerca de R$ 47 bilhões.

"A parte mais negativa foi provavelmente a antecipação da renegociação de concessões para 2013", afirmaram, em relatório, os analistas do banco JP Morgan. "Acreditamos que o mercado não estava esperando essa mudança, o que aumenta a profundidade e a amplitude de ações do governo no setor de serviços públicos."

A corretora Ativa observou que, como as concessões que vencem em 2015 e 2017 serão renovadas já em 2013, as concessionárias terão de adiantar a queda das tarifas já no próximo ano.

Quebra de contrato

Para analistas do HSBC, a antecipação da renovação das concessões representa uma quebra de contratos. "O mercado pode ficar apreensivo com a situação de concessões mais antigas, como as da AES Tietê e da Light Energia", observou o texto, assinado por Eduardo Gomide.

Um relatório do banco Credit Suisse lembrou que o descasamento entre o que o governo propôs como ressarcimento às empresas e o real valor da depreciação dos ativos deve expor muitas companhias a prejuízos contábeis, o que limitará a capacidade de distribuição de dividendos.

O setor elétrico é historicamente um dos que mais pagam dividendos, o que agrada a muitos investidores. Outra característica é ser um segmento da economia menos suscetível a oscilações. Por isso, é incluído no rol das chamadas ações defensivas. Quedas expressivas como a de hoje, portanto, são raras.

A explicação para a queda mais forte dos papéis da Cesp constou de um relatório do banco Itaú BBA. Segundo os analistas, o valor dos ativos não amortizados da empresa pode somar R$ 1,1 bilhão, 45% abaixo das estimativas preliminares.

Significa dizer que, se a Cesp tiver mesmo um valor não amortizado inferior ao estimado antes, terá menos receitas a incorporar nos resultados. Os números oficiais e definitivos serão calculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O desempenho das ações do setor elétrico impediu uma alta mais forte do Índice Bovespa. O principal termômetro da bolsa brasileira subiu hoje pelo quinto pregão seguido. Mas a valorização poderia ter sido superior ao 0,84% registrado caso os papéis das empresas de energia não tivessem caído tanto.

Desde o início do mês, quando se consolidaram as informações de que o governo mexeria nas tarifas do setor, os papéis das empresas de energia perderam quase R$ 21 bilhões em valor de mercado. Em 31 de agosto, as 24 companhias valiam, conjuntamente, R$ 177,3 bilhões. Ontem, eram R$ 156,6 bilhões.

Beth Moreira, Claudia Violante, Fátima Laranjeira e Luciana Collet, da Agência Estado
Mercado vê ‘quebra de contrato’ e elétricas perdem R$ 21 bi em dois dias

Assédio moral

Sobre a questão do assédio moral com o funcionário da empresa Brahma, uma excelente (novidade?) postagem do Rodolfo:

Havia, no entanto, outra coisa que me parecia estranha na reportagem: se o funcionário estava tão insatisfeito com as normas da empresa, por que simplesmente não pedia demissão? Ou por que não fazia uma denúncia formal à área de governança corporativa?

A resposta estava um pouco adiante: ele queria ser demitido, mas a companhia não concordava. Ou seja: ele queria receber mais dinheiro, para deixar a empresa por sua livre e espontânea vontade.

A prática - pedir para ser demitido para receber a multa de 40% do FGTS, além do direito de sacar o fundo - é tão disseminada que ninguém questiona sua legitimidade, tampouco sua ética. Por conta disto, o rapaz da reportagem conta que ficou mais dois anos na Ambev, até que sua demissão fosse liberada - e ele pudesse se livrar do ambiente que tanto lhe fazia mal, coitado. E aí, mesmo conseguindo a demissão como queria, entrou na Justiça do Trabalho contra a empresa, por assédio moral.

Informações e CVM

O superintendente de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Fernando Soares Vieira, afirmou hoje que a autarquia vem atuando fortemente na melhora da qualidade das informações divulgadas pelas companhias. (...)

Entre as rotinas implementadas pela autarquia nos últimos anos estão o acompanhamento no envio de e-mails alerta, aplicação de multas para atraso no envio de informações e divulgação semestral da lista das companhias inadimplentes com suas obrigações de entrega por mais de três meses.

A CVM vem atuando também, segundo Vieira, com uma supervisão baseada em quatro riscos. O primeiro diz respeito à entrega das informações; o segundo, ao acompanhamento das informações nos formulários de referência; o terceiro diz respeito à conformidade das demonstrações financeiras às regras contábeis; e o último, ao acompanhamento da conduta das companhias nas operações como fusão, cisão e organizações societárias.

Profissionais da área destacaram no evento que o website de relações com investidores é a principal fonte de informações sobre as companhias de capital aberto. Helio Garcia, do Ibri, afirmou que a ferramenta é fundamental na prestação de contas ao mercado. (...)

Para CVM, melhorar divulgação de informações por empresas é prioridade - 13 de Setembro de 2012 - Valor Online - Daniela Meibak | Valor

Agressividade contábil

Uma pesquisa da Price com investidores trouxe a preocupação deles com a "agressividade" das empresas nas demonstrações contábeis. Uma possível solução seria a auditoria das políticas contábeis e de números que hoje não são editados, segundo informou o The Telegraph. Medidas que são apresentadas pelas empresas, mas que fogem dos valores contábeis tradicionais, como o lucro líquido ajustado, são objeto de preocupação. Mesmo medidas específicas de certos setores, como vendas por loja, para o varejo, foram citadas na pesquisa.

Segundo o resultado da pesquisa, 56% dos entrevistados afirmaram que informações preliminares para o mercado também deveriam ser auditadas.

13 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

"Vejo um turista!"
"Formação Nessie"

O segredo do monstro do Lago Ness

Facebook

O gráfico abaixo (do Yahoo Finanças) mostra a evolução, em três meses de negociação, das ações do Facebook. Quando do lançamento das ações desta empresa, o preço inicial foi fixado em 38 dólares. Depois de cair no início de junho, as ações da empresa recuperaram parte do seu preço, ficando um pouco acima de 30 dólares em julho. Em agosto um novo patamar: um pouco acima de 20 dólares, quase metade do preço inicial. No dia 4 de setembro do preço chegou ao mínimo (17,73).

Existem diversos textos que tratam da ascensão e queda do Facebook no mercado de capitais. Um texto de Andrew Sorkin para o New York Times (The Man Behind Facebook’s I.P.O. Debacle. Sorkin é o roteirista da série The Newsroom – fantástica, por sinal – e do filme A Rede Social, sobre o Facebook) inova ao focar sua atenção em David Ebersman. Ebersman é o chief financial officer. Apesar de não ser tão conhecido como Zuckerberg ou Sandberg, Ebersman tem um papel importante no fracasso do Facebook: na época do lançamento das ações o Facebook chegou a ser avaliado em 100 bilhões de dólares. Hoje o valor de mercado é de 50 bilhões.

Foi Ebersman quem forçou o aumento no preço inicial da ação para 38 dólares, depois de estudos terem mostrado um intervalo entre 28 a 35 dólares como sendo o mais adequado. Além de aumentar o preço, ele também aumentou a quantidade de ações oferecidas em 25%.

Mas Sorkin lembra que a queda no preço não representa um problema somente para o investidor que comprou no momento errado. Como muitas empresas de tecnologia, o Facebook atrai e retém talentos através das ações.

Alguns destes funcionários receberam ações com valor de 24,1 dólares. Quando as ações do Facebook começaram a cair, estes empregados começaram a vender suas ações. O resultado: mais queda.

O problema do Facebook foi o oposto do LinkedIn. Esta empresa lançou suas ações por um preço abaixo do valor da empresa. O resultado é que os investidores iniciais ganharam um “presente” de 350 milhões de dólares em razão da subavaliação das ações.

No processo de lançamento de ações, as empresas devem encontrar um preço justo; valores abaixo, como o caso do LinkeIn, transfere dinheiro da empresa para os investidores iniciais; valores elevados, como o Facebook, pode até trazer dinheiro no curto prazo para empresa, mas gera desconfiança no investidor.

Fogo no Barraco

Tudo começou em março, quando a jornalista [Patricia Cornils] resolveu levantar números sobre incêndios em favelas na cidade de São Paulo. (...)

Na semana passada, após o incêndio da Favela do Piolho, ela se lembrou da planilha incompleta, que havia começado a tabular. Postou no Facebook e pediu ajuda. “Muita gente entrou. Não faço ideia de quantas pessoas”, diz. O programador Diego Rabatone organizou os dados por ano; outra pessoa completou com as informações da Defesa Civil. E, então um outro programador, Pedro Ivo Moraes – que Patrícia nem conhece pessoalmente – pegou os dados e cruzou com a valorização por metro quadrado. O código, aberto, foi postado no Github.

Patrícia começou a divulgar. O mapa mostra uma evolução do número de incêndios em favelas nos últimos anos. Em 2004, não houve nenhum incêndio. O número só aumentou até 2012. Ainda é cedo para especular sobre a relação entre os dados, mas há convergência. Em 2008, por exemplo, houve um incêndio na Água Branca no mesmo ponto em que começou, naquele ano, uma das maiores valorizações imobiliárias da cidade.

(...) Segundo ela, o trabalho está só começando. “Falta buscar dados da CPI dos Incêndios, das operações urbanas, dos projetos de parque lineares e mapear. Entender o que o mapa nos diz. Por exemplo, há lugares onde os incêndios são recorrentes (de cabeça me lembro do Jaguaré. Todo ano tem… por que?). Falta ir aos lugares e entender, se a dinâmica de valorização realmente tem relação com os acidentes”, diz.


Fonte: Aqui

Novo iPhone

A Apple anunciou o novo modelo do iPhone, que estará disponível para venda em alguns países amanhã. Os preços variam entre 199 dólares até 849.

Além das mudanças, um aspecto interessante é que a empresa mudou a conexão com o aparelho - mais rápida agora. Mas a alteração significa que os donos dos modelos antigos devem comprar adaptadores - vendidos pela empresa. Estes cabos podem custar 30 dólares!

Outros periféricos também são muito caros. O resultado pode ser um custo adicional para o consumidor que pode variar entre 100 a 200 dólares.

Xadrez em SP

Novamente a cidade de São Paulo irá receber alguns dos melhores jogadores de xadrez do mundo. Entre os participantes do torneio que a primeira etapa será realizada na capital paulista e a segunda em Bilbao teremos o melhor jogador do mundo, o norueguês Magnus Carlsen. Carlsen está se aproximando de bater o recorde mundial de Kasparov em termos de pontos no ranking.

Além da Carlsen, o segundo melhor do mundo hoje, Aronian. Aronian é armênio e campeão olímpico de xadrez (na semana passada a Armênia ganhou a medalha de ouro nas olimpíadas de Xadrez de Istambul). O atual campeão, o indiano Vishy Anand (sexto do mundo) também é um dos participantes. Os outros são: Karjakin, número 7 do mundo e uma das maiores promessas do xadrez, o italiano Caruana (número 8 do mundo e primeiro no ranking Junior) e o espanhol Pons (número 51 do ranking). 

Hedge

IASB publicou a proposta [para contabilidade de hedge] como parte de seu esforço de três itens para reformular toda a contabilidade sob as IFRS para instrumentos financeiros. A diretoria está trabalhando separadamente sobre como melhorar a classificação e mensuração dos ativos e passivos financeiros, e como melhorar os requisitos em torno de mostrar deficiências, ou perdas em valor, para os instrumentos financeiros.

O Financial Accounting Standards Board está com um trajeto semelhante , mas trabalhando num único padrão para instrumentos financeiros que cobrem todas essas questões, incluindo a contabilidade de hedge. FASB emitiu uma proposta maio 2010 (...)

O projeto publicado recentemente, do IASB, aliviaria as exigências atuais para avaliar a eficácia de um hedge(...) . A proposta retira algumas das estritas prescrições normativas para contabilidade de hedge, estabelecendo uma abordagem mais baseada em princípios (...) Os US GAAPs têm sido criticado por ter requisitos altamente prescritivas que são dificeis de aplicar, fazendo a contabilidade de hedge uma das áreas mais complicadas regras americanas. (...)

Adaptado daqui

Hiperinflação

Felix Salmon comenta um relatório do Cato Institute, de autoria de Steve Hanke e Nicholas Krus, sobre a hiperinflação no mundo.

Salmon, que é um bom articulista, comete alguns erros na análise. Em primeiro lugar afirma que a hiperinflação possui uma definição precisa: aumento de preços acima de 50% ao mês. Na realidade a definição de hiperinflação é arbitrária: o Iasb define como sendo 100% de inflação em três anos (vide o capítulo sobre este assunto no livro de Teoria Contábil, da Atlas, de Niyama e este blogueiro).

Com base nesta definição, Hanke e Krus encontraram 57 experiências de hiperinflação na história. Isto inclui casos como a República de Weimar, Grécia (durante a segunda guerra), Hungria, entre outros. A partir deste relato Salmon erra de maneira forte ao perguntar: por que não encontramos hiperinflação em democracias?

Pressupõe Salmon que hiperinflação não ocorre em democracias. Mas esquece de exemplos de democracia onde existiram o aumento elevado nos preços: Weimar, Argentina, Brasil de Sarney, entre outros.

Lembrando, que o Cato Institute tem sido mencionado de maneira negativa em muitos episódios da série The Newsroom em razão do membro fundador David Koch.

Emoção e Mercado

Não adianta tentar transformar o mercado numa equação matemática, porque o fator emocional sempre irá pesar na tomada de decisão. A constatação, aparentemente óbvia, faz sentido num momento que se tenta eliminar os ricos da operação no pós-crise.

"Muitos analistas de bancos vêm me falando que estão próximos de eliminar todos os riscos de seus cálculos, e eu apenas lhes respondo: 'Vocês não entenderam nada'", disse, em entrevista ao Valor Chris Thorne, diretor técnico do Conselho Internacional de Padrões de Avaliação (IVSC), órgão que orienta sobre os métodos de análise de indicadores fundamentalistas, o chamado "valuation". (...)

No caso do Facebook, por exemplo, apesar de alguns analistas alertarem para as dificuldades que a rede social enfrentava para capturar receitas de propaganda móvel, houve uma enorme demanda pelas ações na oferta pública inicial. Quando perceberam, com novos relatórios, que os números não eram tão atrativos, o movimento foi de venda.

"Eles compraram uma marca, agiram emocionalmente", avalia Thorne. Para ele, a abertura de capital da companhia chefiada por Mark Zuckerberg lembrou muito o caso da bolha das empresas de internet, que eram as queridinhas do mercado em 2000 e 2001, mas não conseguiram entregar resultados e foram punidas pelos investidores. "O mercado não é puramente matemático", afirmou.

Quanto ao analista de mercado, ele vê um cenário desfavorável. Thorne tem a opinião de que o "valuation" não é visto como uma profissão, mas uma técnica de agentes de mercado. "Fora dos Estados Unidos, onde não se encontra a mesma quantidade de informações, índices e tudo o mais, ainda é difícil a análise." (...)


Fator emocional impossibilita 'mercado perfeito' - 12 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Renato Rostás | De São Paulo

12 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Medo 2


Particularmente tenho dúvidas sobre o argumento do artigo (vide postagem "Medo1" a seguir): que o excesso de informação é resultante da cultura da forma, não da essência. Ou que isto seja decorrente do medo. Acho que a explicação é um pouco mais complexa.

Em primeiro lugar, o excesso de informação é decorrente do viés do status quo: deixe como está; ou não se altera o time que está ganhando. Se divulguei uma informação no passado e deu certo, por que não divulgar?

Em segundo, o contador está diante do dilema de escolher o que divulgar. Mas será que ele sabe o que o usuário deseja? Existe no texto acima uma noção implícita de que o responsável pela divulgação conhece (ou deveria conhecer) o conteúdo a ser divulgado. Mas será isto verdade. Talvez o contador não saiba quais as necessidades de informações: diante deste dilema, divulgue o máximo.

Terceiro, a falta de divulgação pode ter um efeito sinalizador negativo para o mercado. Se um assunto não é relevante e a empresa decide não divulgar, o mercado poderá entender, erroneamente, que se esconde a informação por algum motivo.

Quarto, a não informação pode ser ruim para um série histórica futura. Se desejo verificar a evolução no tempo de um fenômeno na empresa, e por não ser relevante não faço a divulgação, isto pode ser ruim para o usuário no longo prazo.

Quinto, existe a aversão a perda. Correr o risco de não divulgar uma informação que no futuro pode-se revelar relevante (e sofrer as consequências disto) ou divulgar, mesmo não sendo relevante. Esta situação é muito parecida com a situação do técnico de futebol que decide recuar o time estando vencendo de 1x0.

São cinco bons motivos que podem ajudar a explicação e que são diferentes da explicação proposta. Particularmente acredito que as explicações apresentadas aqui são muito mais próximas da realizada do que a simplificação do artigo.

Medo 1

Se mudar o hábito de uma única pessoa já é uma tarefa difícil, que dirá a cultura de um país. Quase cinco anos após a edição da Lei 11.638, que marcou o início do processo de migração do padrão contábil brasileiro para o modelo internacional IFRS, ainda se nota entre os agentes locais uma grande dificuldade para que a essência prevaleça sobre a forma nas divulgações de balanços de empresas.

"Ainda não houve a absorção da prática da essência sobre a forma. Prevalece o 'pacto do medo'", sintetizou Marcus Severini, diretor de controladoria da Vale, que participou ontem, em São Paulo, do 2º Encontro de Contabilidade de Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte, organizado pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

O diagnóstico é que as empresas acabam cedendo ao que dizem ser pressão dos auditores para aumentar o número de notas explicativas nos balanços, que estariam previstas nas regras. Esses, por sua vez, acabam exigindo mais do que talvez fosse o necessário, com receio de receber alguma reprimenda do órgão regulador.

O resultado é que os balanços estão maiores do que o desejado pelas empresas, e sem necessariamente trazer mais informações úteis aos usuários.

José Carlos Bezerra, superintendente de normas contábeis e auditoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entende que as empresas não têm sabido filtrar adequadamente o que é relevante para ser divulgado no âmbito do IFRS. "A gente percebe o medo de errar entre auditores e empresas", disse Bezerra, que também participou do evento.

Para ele, no entanto, essa não é a postura adequada. "Esse é o momento de errar, por que o regulador ainda está em uma fase educativa e de aprendizado."

De acordo com Severini, da Vale, em algum momento as empresas terão que bater o pé e enfrentar os auditores e, eventualmente, os reguladores. "Tem que chegar alguém e dizer: 'Não vou divulgar porque não é relevante'. Mas para isso é preciso coragem, uma dose de audácia que não é fácil de se ter", disse.

Segundo André Veiga Milanez, diretor financeiro da Cetip, migrar de uma cultura baseada na forma para uma prática sustentada pela essência exige uma mudança cultura que não é trivial. "As próximas gerações devem contribuir para aprimorar esse processo", afirmou ele.

Segundo Bezerra, da CVM, como tudo no IFRS, não existe uma "receita de bolo" que possa ser seguida por todas as empresas para tornar as notas explicativas mais curtas e mais informativas.

Mas ele diz que um caminho é tirar as informações repetitivas (e aquelas que apenas reproduzem as exigências legais e as normas) e se concentrar no que é relevante para o usuário. Nas notas que tratarem de redução ao valor recuperável de ativos ("impairment") ou ajuste a valor presente, por exemplo, ele diz que é fundamental que as empresas divulguem as premissas de taxas e prazos usados para embasar determinada decisão ou resultado.

Para Wanderley Olivetti, sócio da Deloitte, as empresas devem "customizar" os balanços, cortando notas sobre práticas contábeis que não se aplicam ao seu segmento de atuação e evitando a prática de copiar e colar.


Na briga da essência contra a forma, prevalece o 'medo' - 11 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Fernando Torres | De São Paulo

Propaganda

Esta deveria estar no "Rir é o melhor remédio": Contabilidade era minha vida até que eu descobri Smirnoff. Será uma propaganda verdadeira?

Patrulha

As ações criminosas estão na agenda de Brasília. Durante o mês passado, as atenções voltaram-se para o Superior Tribunal Federal (STF) e o julgamento do mensalão. Os ministros da corte decidem se houve compra de votos de parlamentares, uso de recursos públicos nos subornos e crime de lavagem de dinheiro. Poucas semanas antes, foi a vez da Lei 12.683, editada em julho, entrar em vigor. O diploma trata do crime de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos e traz consequências diretas para os participantes do mercado de capitais. Dentre elas, inclui, em seu capítulo 5, advogados, auditores, assessores de fusões e aquisições e outros consultores no grupo de profissionais que devem comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a incidência de transações suspeitas. Na prática, a lei divide uma responsabilidade que até então estava sob o chapéu das entidades do sistema financeiro, como bancos, bolsas de valores e corretoras, com quase todos os prestadores de serviços do mercado.

A ampliação da lista de profissionais obrigados a notificar as operações passíveis de crime é vista pelo Coaf como uma medida preventiva. "Não adianta ter apenas os bancos envolvidos nesse processo", ressalta Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do órgão. A justificativa é que, antes de chegar aos bancos, os recursos passam pelas mãos de outros agentes, como as seguradoras e os participantes do mercado de capitais, que podem ser usados por criminosos para conferir um ar de legalidade ao dinheiro. A expectativa do Coaf é desincentivar os profissionais a serem coniventes com operações fraudulentas. Se provado que eles tiveram acesso a informações suspeitas e não as reportaram, as punições vão de advertência a multa até inabilitação temporária e cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade.

A aplicação da lei ainda depende de regulamentação pelas entidades que representam cada categoria. No caso dos advogados, é necessário que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifeste. Para os contadores, a regulamentação virá do Conselho Federal de Contabilidade (CFC); e, para os auditores, do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). As entidades enfrentarão um problema em comum: terão que pensar como conciliar as exigências da nova legislação com o sigilo que seus profissionais se comprometem a manter diante das informações de um cliente. A lei prevê que, nas comunicações ao Coaf, eles se abstenham de dar ciência do ato a qualquer pessoa, "inclusive àquela à qual se refira a informação".

A OAB avaliou sua submissão à Lei 12.683 e, no último 21 de agosto, divulgou um entendimento: a nova lei de lavagem "não se aplica aos advogados e às sociedades de advogados em razão dos princípios constitucionais de proteção ao sigilo profissional e da imprescindibilidade do advogado à administração da Justiça". Diante dessa conclusão, é possível que a OAB ingresse com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF). O Coaf rebate a resistência das entidades. "O sigilo profissional é tão sério quanto o sigilo bancário. E este não é absoluto, tanto que pode ser quebrado. Ou o profissional está do lado do problema ou da solução. O que não pode é ele ser um instrumento de bandidos", defende Rodrigues.

As demais entidades não vão tão longe quanto a OAB. O CFC ainda não estabeleceu um prazo para emitir a regulamentação dos contadores, mas está analisando a nova lei em conjunto com a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon). "Precisamos nos organizar, disciplinar a questão e, principalmente, saber até onde vai a abrangência da lei", afirma Enory Spinelli, vice-presidente do CFC. Há incertezas, por exemplo, em relação à necessidade de notificação ao Coaf quando houver a prestação de serviços específicos, como o de auditoria externa independente. Conforme Diogo Ruiz, sócio da KPMG, a auditoria de uma demonstração contábil não se encaixa no conceito de "serviço em operação financeira ou societária" mencionado pela lei. "Trata-se de uma revisão de princípios contábeis, ainda que haja operações financeiras no balanço", argumenta. Na visão do Coaf, a questão é mais complexa. "Imagine que uma empresa está abrindo uma filial em um paraíso fiscal. Não há nada de errado nisso. Mas se aparece alguém querendo montar um esquema societário desse tipo para esconder a origem de recursos, é preciso que haja a comunicação", esclarece Rodrigues.

A lei exige que todos os agentes citados no capítulo 5 mantenham registros atualizados da identificação dos clientes e de todas as transações (em dinheiro, títulos, valores mobiliários e créditos) que ultrapassem os limites fixados pelas autoridades do sistema financeiro. Em geral, transações superiores a R$ 100 mil são sempre passíveis de notificação, ainda que não haja indício de lavagem. Aqui, mais uma vez, há dúvidas sobre a aplicação da lei. Prestadores de serviços que assessoram a constituição ou a auditoria de demonstrações financeiras de fundos de investimentos, por exemplo, não têm acesso à identidade do beneficiário final das cotas. Os advogados, que redigem as normas contratuais de um negócio, argumentam não ter acesso aos dados financeiros dos clientes. A proposta é que cada entidade de classe negocie com o Coaf a extensão das normas aplicáveis aos seus profissionais.

A Lei 12.683 também trouxe novidades para as bolsas de valores, os gestores e os administradores de fundos de investimento, veteranos no dever de efetuar notificações. A partir de agora, eles deverão reportar diretamente ao Coaf, e não mais à CVM, as operações que contenham indícios de lavagem de dinheiro. A autarquia do mercado de capitais, porém, não sai totalmente de campo. Caso não sejam identificadas operações passíveis de notificação ao Coaf, esses participantes devem notificar a CVM. Seria uma espécie de certidão negativa.

Todo o zelo do Poder Judiciário pelo mercado de capitais tem explicação. O movimento começou ainda na década de 80, com a Convenção de Viena, da qual o Brasil é signatário. Na época, para inibir o crime organizado, em especial o tráfico de drogas, adotou-se a tática de minar financeiramente o caixa das organizações, e não apenas prender os criminosos. A facilidade para movimentar mercadorias e recursos mundo afora obrigou os bancos a monitorar transações suspeitas. E, agora, a tarefa foi estendida a outros participantes, como os do mercado de capitais, que acabam por dar aval a arranjos societários e financeiros sofisticados que podem ser usados para ações criminosas.

O patrulhamento pode ficar ainda mais intenso se projetos que tramitam no Congresso Nacional saírem do papel. Um deles, o Projeto de Lei 5.696-A, de 2009, propõe a obrigatoriedade da abertura do quadro de sócios de qualquer pessoa jurídica estrangeira que atue no Brasil até o nível da pessoa física. A justificativa é garantir que o Poder Judiciário seja capaz de lhes cobrar a responsabilidade por atos ilegais e não se depare apenas com "laranjas" que atuam como seus representantes no País. De acordo com o texto do projeto, "essa situação (de não identificação do beneficiário final) leva o Coaf (...) a requisitar informações a entidades públicas de outros países, considerados paraísos fiscais. Fácil é presumir que a maioria dessas solicitações fica sem resposta. É uma forma de acobertar os responsáveis pela prática de atos ilícitos amparados pela legislação infralegal brasileira".

Projeto de lei descriminaliza manipulação e suaviza insider

Na contramão da Lei 12.683, segue a reforma do Código Penal brasileiro, em tramitação no Senado. O Projeto de Lei 236/2012 ameniza punições e responsabilidades relativas a crimes cometidos no mercado de capitais. Pela nova redação, a manipulação de mercado deixaria de ser crime — posicionamento oposto ao adotado por outros mercados, como o europeu, que endureceu o tratamento dispensado em tais situações.

Atualmente, a legislação brasileira (Lei 6.385/76) prevê que o ilícito ocorre toda vez que um investidor realiza operações simuladas com a finalidade de alterar artificialmente o funcionamento de bolsas de valores e mercados de balcão para obter vantagem indevida. O mesmo abrandamento foi aplicado à atuação irregular de agentes autônomos, prevista como crime na legislação em vigor, mas revogado pela proposta de reforma.

Outro ilícito que pode ser suavizado é o uso impróprio de informação privilegiada (insider trading). Pela legislação atual, a caracterização desse crime não depende da obtenção concreta de vantagem econômica indevida. A proposta em tramitação, contudo, muda esse entendimento, tornando esse fator essencial para caracterizar o ilícito.

A punição imposta a quem comete esse crime também pode ser abrandada. O projeto retira o pagamento de multa previsto atualmente pela Lei 6.385/76 e mantém apenas a reclusão de um a quatro anos. "Isso é particularmente ruim porque a pena de prisão, na maioria das vezes, acaba sendo transformada em penas alternativas", avalia Julya Wellisch, subprocuradora chefe da procuradoria federal especializada junto à CVM.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, as chances de o texto da reforma evoluir com a redação atual são muito pequenas. Segundo os críticos, o projeto foi redigido em poucos meses e está repleto de equívocos. A comissão que coordena a reforma do Código Penal é presidida por Gilson Dipp, ministro do Supremo Tribunal de Justiça. Dentre os poucos aspectos elogiados está o mérito de consolidar todos os tipos de crimes previstos na legislação brasileira sob um só guarda-chuva. (Y.Y)

Patrulha reforçada - 11 de Setembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Yuki Yokoi

RI

Nem sempre as informações transmitidas pelas companhias nos fatos relevantes e outros comunicados ao mercado são proeminentes como sugerido que fossem. Em 24 de julho, essa situação foi evidenciada pela LLX Logística. Questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a existência de algum fator que justificasse a oscilação das ações, a companhia divulgou um comunicado afirmando que não tinha nada de novo para contar. Informou que "constantemente estuda possibilidades de novos negócios e arranjos societários, sendo certo que, até o presente momento, não há proposta, documento vinculante ou qualquer decisão nesse sentido". No entanto, três dias úteis depois, uma surpresa: a área de relações com investidores (RI) anunciou o fechamento do capital da LLX, conforme oferta do acionista controlador, o empresário Eike Batista.

No dia 19 de julho, foi a vez de a Gol divulgar um fato relevante para anunciar aos acionistas que Leonardo Gomes Pereira, vice-presidente de finanças e estratégia e de RI, havia sido indicado para ocupar a presidência da CVM. No entanto, a escolha de Pereira já tinha sido anunciada dois dias antes.

Na avaliação de Geraldo Soares, coordenador do Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), episódios como esses abalam a credibilidade das empresas e, principalmente, das áreas de RI. "As questões que se colocam são: a companhia negou um fato porque achou que o negócio demoraria a ser concretizado? Ou a área de RI não sabia o que estava acontecendo?", questiona. Carlos Alexandre Lobo, sócio do Veirano Advogados, reconhece que, em muitos casos, falta experiência desses profissionais para divulgar fatos relevantes.

De acordo com a CVM, a autarquia julgou, desde 2011, três processos e firmou dois termos de compromisso devido à não divulgação de fato relevante. Um dos mais recentes teve como alvo a própria Gol e o futuro presidente da autarquia. Pereira firmou um termo de compromisso de R$ 200 mil para encerrar o processo que apurava a ausência de divulgação pela companhia, em julho do ano anterior, de mudanças em suas projeções de resultados. Procuradas, as empresas não atenderam aos pedidos de entrevista.


Falhas arranham credibilidade das áreas de RI - 11 de Setembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Yuki Yokoi