Translate

05 fevereiro 2009

Tempo de investir?

Uma forma de mensurar se o mercado está com preço acima do normal (ou abaixo) é verificar a relação entre o valor de mercado das empresas e o valor da economia. Aqui a revista Fortune, que denomina este índice de métrica de Buffett, mostra que nos EUA talvez seja hora de voltar a investir.

No Brasil, fiz um gráfico próximo, comparando o PIB anual em dólares pelo valor de mercado de todas as empresas do Bovespa (dados obtidos no Bacen).

O gráfico está abaixo:



No final da década de 1990 o valor era abaixo de um. Ou seja, o valor das empresas era inferior ao PIB. No início do novo milênio, com a entrada do investidor estrangeiro, o patamar muda para valores acima da unidade. Em março de 2007 ultrapassa a 1,5.

Em setembro de 2007 atinge o seu máximo, de 1,94. Ou seja, neste momento as empresas valiam quase duas vezes o PIB. Um anos depois, em setembro de 2008, o valor fica abaixo de 1, onde está até hoje.

Adaptação atrasa balanços

Empresas adiam entrega de balanço
Gazeta Mercantil - 5/2/2009

As empresas de capital aberto decidiram deixar para a última hora a divulgação dos resultados anuais. De acordo com levantamento realizado pela Gazeta Mercantil com base em dados da BM&F Bovespa, das 160 companhias listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da bolsa (Níveis 1 e 2 e Novo Mercado), apenas três divulgaram os balanços até o momento: Bradesco, Santos Brasil e Satipel. No mesmo período do ano anterior, 13 empresas já haviam apresentado seus números.

Uma das justificativas para o adiamento da entrega dos balanços é o complexo processo de adequação às regras de convergência aos padrões contábeis internacionais (IFRS). O agravamento da crise financeira, porém, alimenta especulações de que algumas empresas se preparam para dar más notícias ao mercado.

O caso mais emblemático é o da Aracruz. Conhecida por tradicionalmente inaugurar a safra de balanços, a produtora de papel e celulose, que sofreu perdas de US$ 2,13 bilhões com apostas equivocadas em derivativos cambiais exóticos, passou para o fim da fila e programou a divulgação dos resultados de 2008 para o dia 27 de março. A Sadia, que também teve prejuízo com derivativos e no ano passado publicou o resultado em 30 de janeiro, agendou a divulgação dos números de 2008 para 27 de fevereiro, data que, provavelmente, deve ser alterada por conta da necessidade de adequações, segundo a assessoria de imprensa da empresa.

Para a maior parte das empresas, o tempo adicional está sendo usado para adaptar os balanços às novas normas. "Ninguém quer correr o risco de errar e depois ser obrigado a republicar os números", afirma Sergio Romani, sócio da Ernst & Young, ao lembrar que 11 companhias precisaram refazer o balanço do terceiro trimestre, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Se isso ocorreu em um documento simples, como as informações trimestrais, a possibilidade de problemas na demonstração anual é muito maior."

A grande quantidade de dúvidas sobre como publicar as demonstrações contábeis levou a autarquia que regula o mercado de capitais brasileiro a soltar na última sexta-feira um ofício com 30 páginas para esclarecer alguns dos questionamentos. Enquanto isso, nos bastidores, os executivos das áreas financeiras das empresas têm conversado entre si a fim de verificar como cada um decidiu fazer o tratamento contábil.

Entre os pontos que têm apresentado mais controvérsia está a contabilização dos efeitos das mudanças na taxa de câmbio, explica o professor Ricardo José de Almeida, do Ibmec São Paulo. "A grande variação do dólar no ano passado tornou a implementação ainda mais difícil", diz. Os diretores financeiros das empresas também têm encontrado dificuldades para fazer o ajuste dos ativos e passivos a valor presente, outra norma que passou a ser exigida pela CVM. "Como cada ativo possui um risco diferente, ainda não se sabe exatamente qual será a taxa de desconto usada para se chegar ao valor presente", afirma, ao lembrar que ambos os temas foram tratados no ofício emitido pela autarquia na semana passada.

Existe ainda a questão fiscal, resolvida pelo governo apenas no final do ano passado, com a edição da medida provisória n 449, que tornou neutros os efeitos da transição da contabilidade brasileira para os padrões internacionais do ponto de vista do fisco. Apesar de positiva, a medida obrigou as companhias a fecharem dois balanços: um para fins fiscais e outro pela legislação societária, segundo o professor do Ibmec.

Efeitos da crise

A presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana María Elorrieta, não vê problemas mais sérios no adiamento da data de entrega dos balanços, desde que dentro do prazo legal. "O que interessa é a qualidade da informação", ressalta. Ela argumenta que as empresas tiveram pouco tempo para se preparar para algumas das regras. "Foram muitas as determinações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) para instrumentalizar a lei ao longo do ano, inclusive em dezembro", lembra.

Para a presidente do Ibracon, a crise pode, de fato, ter influenciado a decisão das companhias de postergar a divulgação dos balanços, mas ela avalia que não há elementos concretos para determinar qual o grau desse impacto. Ela lembra que, ao exigir informações detalhadas das empresas a respeito das operações com derivativos já no balanço do terceiro trimestre, a CVM eliminou uma das principais preocupações dos investidores a respeito da saúde financeira das companhias.

O professor do Ibmec SP tem opinião semelhante. "Com exceção dos bancos, que precisaram aumentar as provisões para se proteger da inadimplência, os balanços das demais empresas no quarto trimestre ainda não devem trazer reflexos da crise." Segundo Almeida, os números devem começar a vir ruins a partir do primeiro trimestre deste ano, cujo prazo de divulgação acontece até 15 de maio.

Apesar de reconhecer as dificuldades de adaptação às regras contábeis, a corrida contra o tempo também se deve ao fato de muitas empresas terem deixado os ajustes para o último momento, de acordo com o gerente de pesquisa da Planner Corretora, Ricardo Tadeu Martins. "A justificativa dada por elas é a de que existem muitas dúvidas conceituais, para as quais os órgãos competentes não tinham respostas", relata. Ele lembra, por outro lado, que as incertezas na legislação não impediram que companhias como a Rossi Residencial trouxessem adequações às normas internacionais já nos balanços trimestrais do ano passado.

Para o analista, em alguns casos o atraso está sendo bem-vindo, sobretudo para as empresas em processo de renegociação de dívidas com bancos. "Conseguir apresentar esses acordos de débitos, sobretudo nos de curto prazo, no momento de divulgação do balanço ameniza o impacto negativo ao mercado", avalia.

Romani, da Ernst & Young, também considera difícil mensurar os efeitos da crise, mas acredita que algumas empresas podem ter optado por postergar a entrega do balanço anual por conta dos números ruins. "Quem tem notícia boa quer dar logo", resume. Diante da gravidade da crise, porém, o especialista afirma que o comportamento deveria ser o oposto. "Não há clima para esse tipo de atitude, e se isso estiver acontecendo o mercado cobrará o seu preço."(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Vinícius Pinheiro e Fabiana Batista)

Como se comportar na Fraude

O Dealbook, do New York Times, apresenta 8 conselhos para se comportar na fraude. São interessantes:

1. Dure mais que seis anos. A lei protege qualquer dinheiro que foi transferido após este período.

2. Transfira dinheiro para os amigos e família. (o Dealbook lembra que a esposa de Madoff possui despesas e pergunta de onde vem o dinheiro?)

3. Transfira ativos para sua esposa. Madoff fez isto numa casa. Fuld também

4. Confesse assim que descoberto. Isto pode reduzir os efeitos colaterais do processo.

5. Seja preso pelos federais

6. Pague os advogados adiantados (Madoff está sendo representado por bons advogados. De onde vem o dinheiro?)

7. Fique doente (veja um ex-prefeito de uma capital. A doença pode evitar que certos bens sejam retirados de você)

8. Ame sua esposa. Lembre-se que ela terá seus ativos.

Um efeito da crise

Um efeito colateral da crise talvez apareça nos índices de liquidez, apontando para sua redução.

A razão é simples. Alguns contratos de dívida de longo prazo possuem uma cláusula que exige a reclassificação de longo para curto prazo em situações de potencial insolvência. Apesar disto não estar claro nas normas internacionais (segundo Lessons for IFRS reporting from History), o correto seria a reclassificação.

Isto aumentaria o passivo circulante, que por sua vez reduziria a liquidez.

Redução de custos na Fórmula 1

Os organizadores do campeonato de Fórmula 1 deverão apresentar a suas equipes um pacote de cortes drásticos nos custos para 2010, avançando bem além das medidas de economia acertadas até agora. Com a Honda à procura de um comprador para sua equipe e outras montadoras de carros vendo as vendas desabarem, a Fédération Internationale de l´Automobile (FIA), órgão dirigente da F1, avalia que o esporte precisa correr para sobreviver e apenas uma redução radical nos custos será capaz de evitar a desistência de mais equipes.

A FIA pretende reduzir as despesas das equipes mais fortes, controladas por montadoras, de mais de 300 milhões de euros anuais, para menos de 100 milhões de euros. Para as equipes independentes, a ideia é reduzi-las para 50 milhões de euros.

Redução de custos na Fórmula 1
Valor Econômico – 4/2/2009


Se os custos representam maior possibilidade de pontuar e ganhar o título, a pressão por redução nos custos poder aproximar-se de um "jogo" . Chame um especilista em Teoria dos Jogos, então.

04 fevereiro 2009

Rir é o melhor remédio

Aqui você tem acesso a um caso muito interessante e engraçado. Vale a pena ver o vídeo.

Teste #13



Partindo da letra R, no centro da figura, siga em direção a outra letra, sem nunca usar a mesma letra de novo. O termo contábil que irá aparecer você pode encontrar quando olha para o lado direito.

Resposta do anterior: Prazo

Links

Cartoon com a música Taxman dos Beatles

Rnaking das canções dos Beatles: polêmica

Discussão sobre o livro Iconoclast

Dúvidas

Empresas têm dúvida sobre regras de balanço
Valor Econômico - 4/2/2009

Não dá mais para colocar panos quentes. A dificuldade das companhias para produzir o primeiro balanço de acordo com a nova legislação contábil ficou evidente na sexta-feira passada, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) decidiram divulgar um documento de 30 páginas explicando, mais uma vez, as novas regras de contabilidade que serão aplicadas pela primeira vez no balanço anual de 2008.

O documento chegou em plena vigência da temporada de balanços, que vai até o fim de março. Por conta dos desafios deste resultado, foram poucas as empresas que já anunciaram os números. Grande parte das companhias está agendando a entrega dos documentos ao regulador para março.

As normas alvo dos comentários da CVM e do CPC foram emitidas no ano passado, com grande concentração em dezembro. Elas atendem às mudanças feitas pela Lei 11.638, que coloca o Brasil na rota de convergência ao padrão contábil internacional, o IFRS. São regras que replicam os princípios internacionais. A migração plena para a linguagem global ocorrerá em 2010, após a emissão de mais 28 regras ao longo deste ano, para aplicação no balanço do próximo.

O gerente de normas contábeis da CVM, José Carlos Bezerra, disse que o documento de orientação tenta esclarecer os vários questionamentos que estavam chegando ao conhecimento da autarquia.

"É um parecer de orientação. Não tem assunto novo. É um documento que tenta ajudar nas dúvidas do mercado", disse Idesio Coelho, sócio da Ernst & Young.

O discurso oficial dos auditores continua sendo o de que será possível fazer os trabalhos e ainda ter demonstrações de resultado de qualidade e com baixo índice de ressalva - alerta que as auditorias fazem quando há pontos controversos no balanço ou regras não atendidas. Mas admitem a existência de companhias despreparadas.

"Não me espantarei se em um mês precisarmos de um novo documento para tirar outras dúvidas", brincou a presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana Maria Elorrieta. Para ela, a orientação da CVM e do CPC cobriu muitos pontos, mas é natural que na primeira aplicação de novas regras muitos questionamentos surjam no decorrer do processo. Mesmo as orientações que foram dadas pelo ofício da autarquia podem suscitar novas dúvidas.

O que se percebe é que o desafio não é pequeno. Como muitas companhias deixaram o trabalho para a última hora, com o argumento de que aguardavam a versão nacional das regras (e boa parte saiu no fim de 2008), há dúvidas e mais dúvidas e ainda divergências entre os contadores internos das empresas e os auditores externos. Esses últimos preocupados com o novo cenário, em que a subjetividade predomina sobre os registros, pois os balanços devem refletir a realidade econômica das companhias.

Elorrieta, do Ibracon, não acredita num aumento do número de republicações, para correções ou ajustes, ou mesmo de ressalvas nos balanços. "Não vejo razão para isso, acredito que as empresas e os auditores vêm buscando fazer o melhor trabalho", concluiu ela.

Ariovaldo dos Santos, professor da Fipecafi (USP), acredita que será possível fazer o balanço dentro de parâmetros razoáveis de qualidade, mas admite que em alguns casos não será a mesma qualidade, em função da profundidade das alterações. "Mas eu, particularmente, prefiro algo aproximadamente certo do que exatamente errado", disse, referindo-se à adoção do novo padrão em comparação com as regras até então vigentes.

A decisão da CVM e do CPC de publicar um ofício com os esclarecimentos tenta ajudar em discussões recorrentes. Ernesto Gelbcke, coordenador de relações internacionais do CPC, explica que a medida deve-se ao momento. "Não é muito comum esse tipo de esclarecimento, mas estamos fazendo um esforço adicional. É um período de aprendizado."

Ao admitirem a existência de companhias despreparadas para a nova realidade contábil, os auditores frequentemente reforçam que se trata de uma realidade que atinge empresas de menor porte.

Porém, o documento da CVM deixa claro que até mesmo a elite do mercado tem suas dificuldades. Grandes empresas, exportadoras, listadas em bolsas internacionais e que já publicam os resultados em padrões externos, seja o americano US Gaap ou mesmo o IFRS, têm questões específicas, mas bastante desafiadoras para lidar.

A menção do regulador e do comitê contábil à regra que trata da moeda funcional das companhias e do registro de subsidiárias e filiais (CPC 02) é um ponto que afeta, especialmente, essa elite de grandes e relevantes companhias do mercado doméstico.

Aquelas que não deram a devida atenção à questão agora têm problemas para fazer a adaptação. Trata-se de pontos técnicos, informações que deveriam ter sido coletadas ou originadas, em seus registros, de forma diferente para o novo padrão. No entanto, a questão aflige a poucos. Vale lembrar que trata-se de uma das novas regras emitidas com mais antecedência. O debate começou ainda em 2007 e a versão final saiu no começo do ano passado.

Esses são os casos em que a CVM admite oferecer uma espécie de "perdão", permitindo a não adaptação à norma para os números de 2008, desde que bem justificada, incluindo argumentos dos auditores e com licença prévia da autarquia para tanto. "As exceções que citamos no ofício circular são relativas a pontos muito específicos, aplicáveis em casos raríssimos e somente após autorização da CVM", disse Bezerra, da autarquia.

Os auditores não gostaram muito desse "perdão" do regulador. Há entres os profissionais quem acredita que nem uma liberação da CVM tira deles a responsabilidade de colocar uma ressalva num balanço com esse descumprimento consentido da norma, situação que causa certo desconforto com as empresas.

Outro assunto que vem dando trabalho é a adaptação à regra dos instrumentos financeiros. Para registrar a valor de mercado os contratos, como pede a norma, as empresas precisam saber exatamente o que possuem em suas carteiras. Além disso, precisam decidir como classificar cada item. Bezerra, da CVM, enfatizou que a norma deve ser adotada integralmente neste ano. Alguns aspectos ficaram para 2009, conforme previsto desde o cronograma inicial.

Grandes números fazem diferença

Qual a sua preferência: 5 reais ou 500 centavos? Pense bem.

Racionalmente as pessoas seriam indiferentes, mas pesquisadores descobriram que existe uma grande chance da escolha de 500 centavos prevalecer sobre 5 reais.
A conclusão chegou após as pessoas serem submetidas ao famoso dilema do prisioneiro. Neste problema da teoria dos jogos a tendência é a longo prazo existir cooperação entre as pessoas.

When the reward for cooperation was increased to 300 cents from 3 cents, the researchers found, the level of cooperation went up. But when the reward went from 3 cents to $3, it did not.

While the test measured how bigger numbers increased cooperation, the lesson is also likely to apply to enticements to people to defect, Dr. Opfer said.
The findings are in keeping with studies on how the brain handles calculations involving quantity. Studies have found that people tend to overestimate differences between small quantities and underestimate differences between large ones.

Fonte: Behavior: $1? No Thanks. 100 Cents? You Bet, ERIC NAGOURNEY, New York Times

Executivo

Sandy Weill foi presidente do Citigroup. O New York Post noticiou que Weill e sua família voou com um jato da empresa para férias no México, logo após o Citi receber 45 bilhões de ajuda do governo dos EUA e informar que iria reduzir 75 mil empregos. Em 2003 ele foi forçado a sair da posição de CEO do Citi, mas não foi demitido. Continuou como Chairman até 2006, recebeu um bom pacote de benefícios, que garantia o acesso aos jatos da empresa até 2016. Possui 1,3 bilhões de dólares (dados de Sandy Weill gives up Citigroup corporate jet), adicional de custo de transporte, despesas com médico e dentista entre outras mordomias.

P.S. Não consultem a Wikipedia (inglês), pois estas informações não aparecem

Texto Ruim

Outro texto ruim é A morte da confiança, de Sing-Ming Shaw, publicado no Valor Econômico (3/2/2009). O autor é ex-membro visitante nos departamentos de história nas Universidades de Oxford e Princeton. Mas foi capaz de redigir a seguinte frase:

“Felizmente, o Zimbabué não é um país de real importância para a estabilidade mundial. Mas a República de Weimar e a China da década de 1940 eram. Uma optou por Hitler e a outra por Mao Tsé-tung para restaurar a confiança. Portanto, os riscos são claros.”

[A questão da China não tem relação com a República de Weimar. E os problemas de ambos ocorreram antes de 1940.] A seguir o autor faz a seguinte pergunta:

O primeiro sinal de advertência surgiu em 2001, com o colapso da Enron nos EUA. Sua contabilidade fraudulenta fora autenticada pela Arthur Andersen. Agora, na Índia, descobriu-se que a Satyam, auditada pela PriceWaterhouseCoopers, na verdade tem bilhões de dólares menos em caixa do que acreditávamos. Se não podemos confiar nos melhores auditores, podemos continuar a confiar em contadores habilitados?

Propaganda de Consultoria

É interessante como algumas propagandas são apresentadas de forma subreptícia. Em certos casos de forma muito original.

Veja o exemplo do artigo Auditoria deve incluir passivos ambientais (Gazeta Mercantil – 2/2/2009, Joel Bastos e Leonardo Dutra, “Diretor e Gerente de Serviços de Auditoria e Consultoria em Sustentabilidade da Ernst & Young” – conforme aparece no próprio texto).

Depois de comentar sobre a questão contábil do passivo ambiental, o texto faz o seguinte comentário:

Recentemente, a Ernst & Young foi solicitada por uma grande empresa para avaliar a necessidade de provisionamento de gastos e investimentos relacionados a passivos ambientais em suas demonstrações financeiras. O relatório de uma empresa de engenharia apontava que havia um passivo ambiental nas unidades industriais em que a companhia avaliada opera de cerca de R$ 170 milhões.

Os trabalhos concluíram que parte dos passivos apontados na auditoria executada anteriormente não apresentavam evidências suficientes para caracterizar uma necessidade de investimentos ou não eram amparados por lei no Brasil. Baseados em análise dos pontos de auditoria, sob a ótica da legislação ambiental brasileira e das evidências, a necessidade de provisionamento foi reduzida para cerca de R$ 70 milhões, além de apontadas necessidades de investigações adicionais, que poderiam ou não resultar em passivos com investimentos a serem provisionados.

Entenderam a mensagem subliminar?

03 fevereiro 2009

Rir é o melhor remédio



Fonte: Slate

Teste #12

Deduza qual a palavra de cinco letras que aparece nas demonstrações contábeis. O sinal # significa palavra que está no mesmo lugar da palavra a ser decifrada. O sinal $ significa letra que existe na palavra a ser decifrada, mas está fora de lugar. Por exemplo, na palavra Broca existe uma letra no lugar correto e duas fora do lugar.



Resposta do anterior (Da prova para ingresso no Doutorado): 1,18%

Links

O mito do investidor sofisticado

Vídeo-game é arte? Não. Mas pode ser.

Risco Moral é significante?

India pretende banir o Google Earth devido a possibilidade de ataques terroristas

Mais informações

Transparência obrigatória
2/2/2009 - Valor Econômico

Um novo paradigma em termos de informações sobre as companhias abertas brasileiras. Dados acessíveis para os investidores de todos os portes. Essa é a expectativa com relação ao Formulário de Referência, nome "científico" atribuído ao novo modelo das Informações Anuais (IAN) prestadas pelas companhias abertas ao mercado. O documento deve conter mais informações, ser mais bem organizado e fácil de ser entendido, mesmo pelo investidor individual.

A mudança mais comentada e debatida até agora é a que exige números mais esmiuçados sobre a remuneração dos executivos. Mas, além disso, as companhias terão de apresentar dados como as relações entre controladores e executivos ou processos judiciais julgados sobre eles. O documento prevê ainda a divulgação de transações feitas com empresas ou pessoas ligadas ao mesmo grupo da companhia e até os vários fatores de risco que podem afetar a empresa.

Estas e outras informações terão de ser relatadas de forma bem clara no "novo IAN", como vem sendo chamado. O documento é uma das principais novidades introduzidas na revisão da Instrução 202, que regula o registro das companhias abertas e que está em consulta pública até o fim de março. Até lá, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai receber sugestões e avaliações do mercado sobre as regras.

(...) Outra novidade importante trazida pelo novo formulário é o chamado comentário da administração. Esse item não é o equivalente ao atual relatório de administração, que é mais sucinto e não está contido no IAN. "O comentário é mais analítico e profundo, nos moldes do que existe em mercados mais desenvolvidos", diz o diretor da CVM, Marcos Pinto, se referindo ao documento de discussão e análise dos administradores (Management Discussion and Analysis, MD&A).

Um dos grandes ganhos do novo formulário que a CVM pedirá para as companhias é a constante atualização desse documento, avalia Renato Chaves, assessor da diretoria da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil). Em diversos temas, a autarquia pede que a companhia atualize o formulário em até cinco dias úteis do acontecimento do fato. "É um documento dinâmico, que poderá ser usado durante o ano todo", diz o executivo. (...)

Balanço de 2008

Autarquia esclarece regras para balanço anual de 2008
Valor Econômico - 2/2/2009

Diante das inúmeras dúvidas de companhias e auditores sobre como preparar as demonstrações de resultado de 2008 por conta da nova legislação contábil do país, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) divulgaram na sexta-feira à noite um documento, de 31 páginas, esclarecendo dúvidas relatadas pelo mercado sobre aplicação das novas regras, que colocam o Brasil na rota de convergência ao padrão internacional contábil IFRS.

No documento, a autarquia abre a oportunidade para que as empresas deixem de se adaptar neste primeiro balanço a algumas das novas normas exigidas. Mas esses precedentes são pontuais e dizem respeito a regras que atingem um número reduzido de empresas.

A CVM, no entanto, deixa claro que, se a companhia aberta quiser usar tais benefício, terá de pedir e obter uma autorização expressa da autarquia, detalhando os motivos. A autarquia já havia anunciado tal possibilidade de postergar a adaptação em casos pontuais à Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e ao Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon).

Duas das flexibilizações referem-se à adoção da norma que muda a maneira como as empresas fazem a contabilização das variações cambiais e fazem a conversão de moedas dos balanços de subsidiárias e filiais internacionais, o CPC-02.

A CVM ressalta que algumas empresas têm divulgado seus balanços no padrão internacional IFRS e no americano US Gaap em moeda estrangeira, como se essa divisa fosse sua moeda funcional, ou seja, a principal moeda com a qual a empresa lida em suas atividades. A CVM considera que estes casos devem ser excepcionais e pede que as companhias que atualmente publicam seus balanços dessa forma verifiquem se sua moeda funcional de fato não seria o real. Em caso de mudança, as companhias deverão esclarecer porque tomaram tal decisão.

Ainda em relação a mesma regra, a CVM e o CPC deixam claro que permitirão à empresa não cumprir a regra que diferencia a forma de contabilizar o resultado de suas subsidiárias e filiais no exterior, de acordo com o seu nível de autonomia. "Em caso excepcional e raro de efetiva impossibilidade de aplicação dessa nova prática contábil no exercício encerrado em 31 de dezembro de 2008, este CPC entende que a sociedade deverá divulgar amplamente as razões que fundamentam essa impossibilidade em nota explicativa como parte das demonstrações contábeis", explica o documento.

Em comunicado, a CVM reforça que a empresa deverá fundamentar essa decisão e apresentar a opinião dos auditores sobre o tema. A autarquia acrescenta ainda que analisará a questão e que poderá pedir informações adicionais.

O ofício trata ainda da forma de contabilização - ainda não regulamentada por completo - dos instrumentos financeiros. A convergência ao IFRS nesse tema ocorrerá em duas etapas. Para o balanço de 2008, apenas a fase que está vigente. Neste caso, o CPC esclarece que a empresa deverá seguir as normas antigas brasileiras e não o padrão internacional do IFRS. Ao mesmo tempo, no entanto, a CVM reforça que a Instrução 475 já pede que a empresa apresente, em forma de notas explicativas, um quadro de análise de sensibilidade de instrumentos financeiros de maneira ampla e não apenas de derivativos. (Colaborou Graziella Valenti)


Veja aqui também

Precatórios

A companhia comprou um precatório no valor de R$ 34 mil cujo valor de face era R$ 145 mil. Mais tarde descobriu que o precatório não poderia ser usado para compensação com tributos porque não tinha validade. A mesma empresa aguarda uma decisão do TJRS sobre a aceitação ou não de um recurso ao STJ em outro processo semelhante, que envolve um precatório resultante de uma desapropriação. O título, que tinha um valor de face de cerca de R$ 63 mil, foi comprado por R$ 19 mil - e, da mesma forma, não tinha validade.

Justiça nega pedidos de indenização por precatórios inválidos - Valor Econômico - 2/2/2009


Eis um interessante exemplo de um direito que não satifaz a definição de ativo.

Usando o Regime de Competência

O uso do regime de competência na área pública seria muito interessante. Mesmo em países onde isto está mais avançado - ou seja, se calcula na contabilidade pública os valores pela competência - os números não são considerados de forma adequada.

Veja o seguinte trecho do Washington Post (Congress Will Have the Buffet, George F. Will, 1/2/2009, B07). Refere-se a um político, Jim Cooper, que gostaria que as pessoas lessem as 188 páginas do Relatório Financeiro do Governo dos Estados Unidos 2008 - o único documento onde o governo usa a competência para calcular que déficit e a dívida.

Sob tal contabilidade, as despesas futuras a que os beneficiários têm direito por lei existente são reconhecidos como despesas, antes de serem pagas. (...) o déficit para o ano fiscal que terminou em 30 de setembro teria sido US$ 3 trilhões, em vez de US$ 454,8 bilhões. Os números do relatório mostram que a verdadeira dívida nacional é de US $ 56 trilhões, e não o amplamente divulgado $ 10 trilhões.

02 fevereiro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #11

Os registros da Casa de Fundição do Serro Frio informam que no dia 15 de julho de 1767 a cigana Joana Soares chegou com 114,752 gramas de ouro, que foram fundidas e retiradas às impurezas, obtendo 113,4 gramas. A cigana deveria pagar o quinto, que correspondia ao imposto para Coroa Portuguesa, cobrado sobre a quantidade antes da fundição. (CARRARA, Ângelo Alves. A peso de ouro. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, ano 4, n. 38, nov. 2008, p. 18). Considerando o valor pago do quinto de 22,9504 gramas, qual o percentual da perda do processo em relação ao ouro antes da fundição?

Resposta do teste anterior:

Xadrez

Terminou o torneio Corus de xadrez, um dos mais fortes do mundo. O torneio consagrou um novo enxadrista, que participava do grupo C, chamado Anish Giri, que obteve o título de Grande Mestre. Giri tem 14 anos. Coincidentemente, o campeão do grupo A, o mais forte, também foi um precoce, o mais precoce da história do xadrez. Karjakin, da Ucrânia, tornou GM em 2002 com 12 anos e 7 meses. Logo depois, Negi, da Índia, em 2006, com 13 anos e 3 meses. E Carlsen, da Noruega, com 13 anos, 3 meses e 27 dias, em 2004. A lista completa está aqui (Lembrando, Bobby Fischer, em 1958, surpreendeu o mundo com a obtenção GM com 15 anos e 6 meses).

O Brasil contou com a participação de Mequinho, no grupo B. Após um péssimo inicio, Mequinho empatou diversas partidas, venceu uma. E terminou em antepenúltimo lugar no seu grupo.

Provisionar ou não provisionar

Esta questão é sempre difícil, pois cria um passivo, com conseqüências no endividamento e no resultado. Veja o seguinte exemplo (Estácio de Sá rechaça cobrança de R$ 458,9 milhões da Receita, Valor Econômico, 30/1/2009)

A maior empresa de educação superior no país em número de alunos de graduação, a Estácio de Sá, recebeu dois autos de infração da Receita Federal no valor de R$ 458,9 milhões, referentes a supostas dívidas de INSS. No centro da questão, está o debate sobre a validade do certificado de entidade beneficente que a Estácio possuía até 2007 e que a isentava de pagar contribuições previdenciárias.

O valor dos autos, que foi divulgado pela empresa em comunicado em 22 de janeiro, assustou investidores e fez as ações da Estácio caírem 6,6% naquele dia. A companhia, porém, informou que o risco de perda em relação ao tema é remoto, conforme avaliação de advogados. Por isso, o valor não será provisionado no balanço. A empresa também disse que entrou com impugnação referente a esses autos da Receita, recurso padrão em casos como esse.

A Estácio disse que a suposta dívida de INSS é referente aos exercícios de 2003, 2004 e 2005. O montante de R$ 458,9 milhões é, provavelmente, composto pelo montante de contribuições devidas mais multa, informou a assessoria de imprensa da Receita.

"Esses autos questionam o preenchimento dos requisitos legais para qualificação da SESES (Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá) como entidade beneficente de assistência social e seu correspondente direito à imunidade sobre contribuições previdenciárias", resumiu a empresa numa nota enviada ao Valor.

Em documentos anteriores, a Estácio já havia se pronunciado sobre o assunto. A companhia explicou que a questão tem origem na renovação do Certificado de Entidade Beneficiente de Assistência Social (Cebas) da Estácio nos anos de 2000 e 2003, cuja legitimidade foi questionada pela Secretaria da Receita Previdenciária (SRP).

Caso os certificados nesses períodos fossem de fato cancelados, diz a Estácio em notas explicativas de balanço, o pagamento retroativo das contribuição previdenciárias poderia ser exigido. Ainda assim, afirma, ela teria direito à restauração dos certificados, uma vez que aderiu ao Prouni, programa que garante o Cebas desde que a entidade não tenha descumprido determinados requisitos. (...)

Carta do Leitor do FT

Na edição do dia 29 de janeiro de 2009 uma carta de um leitor do Financial Times abordou aspectos interessantes para contabilidade (LETTERS TO THE EDITOR Market where a forced seller meets a scavenging buyer, 29/1/2009, Financial Times, Asia Ed1, 10). O leitor, Andrew Dyson, do International Institutional Business, comentou a imagem da contabilidade:

Segundo, Mr Shields afirma (...) Contadores são somente “o mensageiro” e não tem nenhuma conexão com as conseqüências dos seus métodos. Isto me parece que é equivalente ao argumento de o fabricante de armas usa para não ter responsabilidade por como as pessoas usam o seu produto.

A Ajuda, o bônus e o jatinho

A partir do momento que um governo decide ajudar empresas em dificuldades com dinheiro do contribuinte isto cria alguns problemas para a administração. Talvez o mais visível deles é a restrição ao livre uso dos recursos.

Politicamente não é bom para a administração pública ver parte dos recursos sendo direcionados para gastos como participação no resultado ou qualquer tipo de bonificação para os executivos ou gastos com mordomias, como jatos executivos.

A reação a troca de jato no Citigroup resume um pouco este ambiente. Mais recentemente, o governo dos Estados Unidos impôs uma série de condições no uso dos recursos destinados as instituições em dificuldades financeiras (veja, por exemplo, What Red Ink? Wall St. Paid Hefty Bonuses, Ben White, 29/1/2009, The New York Times,
Late Edition – Final, 1)

Para a contabilidade é interessante acompanhar estes casos, pois trata de um conflito agente e principal. Neste tipo de conflito, a contabilidade tem um papel importante no processo de conciliação dos objetivos.

Para completar, veja este texto da Gazeta Mercantil:

Bônus generosos, como nos bons tempos
30/1/2009
Gazeta Mercantil
Sob quase todos os parâmetros, 2008 foi um desastre para Wall Street - isto é, exceto quando chegaram os bônus.

Apesar das perdas enormes, dos resgates financeiros de bilhões de dólares e da saída de alguns dos nomes mais proeminentes do setor, os empregados de companhias financeiras de Nova York, a agora encolhida capital mundial do capital, receberam estimados US$ 18,4 bilhões em bônus para o ano.

Esse foi o sexto maior ganho da história, de acordo com um relatório divulgado na quarta-feira pelo contador do estado de Nova York. Embora os desembolsos tenham diminuído se comparados aos dos últimos anos, os trabalhadores de Wall Street ainda levaram para casa mais ou menos o mesmo que levaram em 2004, quando o Dow Jones estava acima dos 10 mil pontos, a caminho do recorde.

Alguns dos funcionários dos bancos levaram milhões para casa no ano passado mesmo no momento em que seus empregadores perdiam bilhões. A estimativa do contador, um número muito observado na temporada anual de bônus - de dezembro a janeiro - baseia-se em arrecadações de imposto de renda pessoal. Exclui as opções de compra de ações como prêmio que poderiam empurrar as cifras para patamares muito mais elevados.

O contador do estado, Thomas P. DiNapoli, disse que não estava claro se os bancos haviam usado dinheiro do contribuinte para os bônus, possibilidade que parece ultrajante aos especialistas em governança corporativa, e sem dúvida a muitos americanos comuns. Ele pediu que a administração Obama examine a questão de perto.

01 fevereiro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Demissões na Microsoft:



Fonte: Aqui

Aproveite e clique aqui para uma coleção de Erro 404 (aquele que não encontra uma página na internet) criativos

Auditoria e internacionalização da contabilidade

Normas internacionais, mercado de capitais com participação de empresas estrangeiras e expansão das empresas de auditoria em diversos países representam um tema de discussão interessante. Enquanto as grandes empresas de auditoria estão interessadas na implantação das normas internacionais, em razão da redução do custo e da conquista de mercados locais, o crescimento da fiscalização e a possibilidade de arcar com a responsabilidade por escândalos é um problema. Representa o outro lado da moeda

O problema com a empresa indiana Santyam representa somente um caso dos problemas futuros que estas empresas podem enfrentar. Mas o problema não é somente da PWC, a empresa de auditoria da Santyam. No passado a BDO teve um caso internacional com o Banco Espírito Santo, de Portugal.

Estas situações mostram que o relacionamento da matriz com as filiais das empresas de auditoria é relevante. E que problemas locais podem ter conseqüências mundiais.

Para uma discussão sobre o assunto, seja o artigo Global auditors tackle problems of local scandals - By Jennifer Hughes, 29 January 2009, Financial Times London Ed2 22

Bom para Trabalhar

A KPMG, empresa de auditoria com sede em Nova Iorque, está na lista da Fortune das 100 melhores empresas para se trabalhar. Ocupa a 56ª. posição (era 71ª. no ano anterior). A Deloitte está logo após, em 61º. Lugar (95º. No ano anterior)

FEATURES; 100 BEST COMPANIES TO WORK FOR THE RANKINGS - And the Winners Are... - ROBERT LEVERING; MILTON MOSKOWITZ - 2 February 2009 – Fortune – 67 - Volume 159; Issue 2; ISSN: 00158259

31 janeiro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Bobagens

Volta e meia leio coisas absurdas sobre a contabilidade. Mas a citação a seguir merece o destaque:

Finalmente, a política de investimento, sobretudo das grandes corporações, em algum momento terá de ser compartilhada pelos proprietários do capital e os proprietários da força de trabalho. A contratação de trabalhadores e a compra de máquinas tanto podem ser vistas como custos ou investimentos. É uma concepção atrasada contabilizar uma como custo e outra, como investimento. Essa escrituração faz parte de uma visão primitiva do desenvolvimento do capitalismo, que pode haver sido responsável por algumas das crises dessa fase histórica.

Wanderley Guilherme dos Santos, membro da Academia Brasileira de Ciências, escreve quinzenalmente neste espaço - Por um capitalismo moderno em 2010 – 30/1/2009 - Valor Econômico


Parece que existe um contador nesta Academia. Seria bom que ele ajudasse a compreender melhor o que é a contabilidade.

Contabilidade não é HOT

Usando as avaliações do site RateMyProfessores, onde os alunos podem avaliar seus professors pela internet, três pesquisadores fizeram uma relação da percepção da qualidade do professor segundo sua área. Segundo a análise, os professores de línguas possuem maior média de rating, seguido de direito e religião. Contabilidade ganha de ética da mulher, engenharia, ciência da computação e química. Só.

Veja a figura abaixo:



Fonte: aqui

Viés de Seleção

Qual a razão de uma pessoa ser convidada para participar de um painel ou conferência? Veja o seguinte exemplo da conferência de Davos, que no passado contou com a participação dos seguintes expositores: John Thain (ex Merril CEO), Richard Fuld (Lehman ex-CEO), Martin Sullivan (ex AIG CEO), Marcel Ospel (ex UBS Chairman), Lloyd Blankfein (Goldman CEO). Neste ano estas pessoas não estarão presentes em Davos, certamente.

Uma das razões é que estas pessoas talvez estejam ocupadas diante dos processos judiciais. Mas existe outro motivo: a seleção dos conferencistas incorpora pessoas que estão rotuladas com o “fracasso”. É esta a razão pela qual o técnico Bernardinho é constantemente convidado para palestras, com um polpudo depósito na sua conta corrente, mas não Barrichelo.

As pessoas não querem escutar os “fracassados”.

Mas isto é contraditório já que certamente aprendemos mais com os erros do que com os acertos. Além disto, dificilmente um palestrante associado ao “sucesso” irá afirmar que parte da sua trajetória decorreu do mero acaso.

Isto é o que este blog chamou de viés de seleção de uma conferência

30 janeiro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #10

Uma empresa obteve num determinado período um lucro líquido de R$1.100, que corresponde a uma margem líquida de 27,5%. Existem três grandes grupos de despesas: Despesa Geral e Administrativa, Despesa de Seguros e Despesa de Material de Consumo. Somente o primeiro grupo é subdividido: Despesa Geral (subdividido em Despesa de Água e Despesa de Telefone), Despesa Administrativa (Despesa de Salário e Despesa Administrativa Geral) e Outras Despesas. A Despesa Geral e Administrativa corresponde a ¼ do valor da receita. A Despesa de Água, do subgrupo Despesa Geral, corresponde a 3 vezes a Despesa de Telefone. A Despesa Administrativa representa metade da Despesa Geral e Administrativa, sendo que 80% é de Despesa de Salário. Já a Despesa Geral é de $200. Finalmente, a Despesa de Seguros é 20% maior que a Despesa Geral e Administrativa. Você seria capaz de reconstituir a DRE desta empresa com base nestas informações?

Resposta do teste anterior

1. Sim, pois Herrmann nasceu em 1896 e morreu em 1946 e o garaná Jesus é da década de 20 do século XX.
2. Sim, Charles Horngren, um dos autores da área de custos, nasceu em 1926, antes da grande depressão.
3. Sim, Heinrich Schreiber nasceu em 1496 e morreu em 1525. O astrolábio foi inventado dois séculos antes de Cristo.

Links

Um exemplo de administração do resultado numa empresa de TV a Cabo

Uma visão geral sobre a Contabilidade a Valor Justo

Ainda existe vantagem em ter a graduação?

Dividendo da discordia

O Valor Econômico fez um artigo extenso (mais de mil palavras) sobre os dividendos no Brasil (Dividendos da discórdia, 29/1/2009).

A idéia básica é afirmar, com otimismo, que as empresas brasileiras ainda não sentiram os efeitos da crise em termos da distribuição de dividendos. Esperava-se que ocorresse uma redução na distribuição dos lucros.

Em que pese os comentários do texto, não existe um esclarecimento sobre como eles chegaram a esta conclusão, exceto pela seguinte frase:

Levantamento realizado pelo Valor Online com as 20 maiores empresas de capital aberto brasileiras mostra que nos quatro meses após o fatídico 15 de setembro de 2008, quando a quebra do Lehman Brothers marcou a proliferação da crise pelo mundo, essas companhias anunciaram R$ 21,7 bilhões em remuneração aos acionistas, tanto na forma de dividendos como em juros sobre o capital próprio. No mesmo intervalo entre o fim de 2007 e o início de 2008, antes da crise chegar, o total ficou em R$ 18,5 bilhões.

Observa-se aqui um grande descuido da pesquisa, concentrada somente nas 20 maiores empresas. A amostra não é representativa para fazer as conclusões do texto. Além disto, usar números absolutos com uma amostra reduzida é correr o risco de uma empresa influenciar o resultado final. Observe como isto pode ocorre com um trecho do próprio artigo:

Das 20 companhias analisadas no estudo, 13 anunciaram remuneração a seus acionistas nos quatro meses que se seguiram ao dia 15 de setembro de 2008, ante 14 que fizeram o mesmo um ano antes. Os pagamentos mais robustos foram anunciados por Petrobras (R$ 7 bilhões), Vale (R$ 3,5 bilhões) e Bradesco (R$ 1,99 bilhão). Entre as empresas que anunciaram demissões no período analisado estão Vale, Gerdau, Santander e Usiminas.

O texto pode ser encontrado aqui

Parece um país que eu conheço

(...) Mas o OneUnited viu a maior parte de seu capital evaporar. Além disso, estava sob ataque dos reguladores por causa das más práticas de empréstimos e dos salários excessivos dos executivos, inclusive a compra de um Porsche para uso de um deles.
Apesar disso, em dezembro o OneUnited conseguiu uma injeção de US$ 12 milhões dos US$ 700 bilhões do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos, Tarp, financiado pelo Tesouro. (...)

Lobby pode ter influenciado ajuda do Tarp - Damian Paletta e David Enrich, The Wall Street Journal - 28/1/2009 - The Wall Street Journal Americas - 1

Dinheiro para Reguladores

Conforme postagem anterior, a Comunidade Européia alocou 15 milhões de euros no Iasb. Este valor é aproximadamente o mesmo que o Fasb recebe anualmente.

Qual o impacto disto. Para Albrecht (E.U. Bids to Buy IASB, 28/1/2009), um ferrenho adversário da convergência, isto talvez seja uma tentativa da comunidade européia de comprar o Iasb. É isto mesmo. Albrecht afirma que “This is a clear attempt by the EU to buy the Iasb.”

Mais adiante Albrecht afirma que a IFRS não é um língua contábil internacional, mas a língua européia.

Mesmo que achemos a afirmativa um pouco dura demais, é certo que a contribuição permitirá um aumento da influencia da Comunidade Européia sobre o Iasb.

Para os países do terceiro mundo, somente os cargos honorários, obviamente.

Observações sobre o Teste Anpad

O teste Anpad é muito conhecido daqueles que desejam ingressar num programa de mestrado em Administração e Contabilidade. Ao contrário do teste da Anpec (associação dos programas de pós da Economia), o teste Anpad é mais amplo e genérico, com provas de raciocínio lógico, por exemplo.

Uma constatação prática que fiz é que profissionais oriundos da área de exatas geralmente conseguem uma boa pontuação no teste. Isto já é um sinal de que o teste valoriza certas habilidades, em detrimento de outras (ou será que você acredita que um profissional de engenharia é mais inteligente que um contador, por exemplo).

Outra crítica ao teste é que seu desempenho pode ser melhorado através do treinamento. Assim, com o passar do tempo, surgiram cursos preparatórios e a própria Anpad passou a vender as provas anteriores. Isto talvez seja um sintoma de que parte do desempenho do teste seja decorrente do processo de aprender a realizar as provas.

Como o valor das provas é razoavelmente elevado, a Anpad passou a determinar um prazo de validade. Isto é meio esdrúxulo pois parece que as pessoas perdem rapidamente a habilidade pela qual são avaliadas com o passar do tempo.

Esta regra inclusive permite que um candidato faça mais de um teste e escolha aquele onde o seu desempenho é melhor. Ou seja, o desempenho é pelo valor máximo e não pela média, o que favorece a aumentar o número de testes e, consequentemente, o aumento da receita da Anpad.

Para concluir, é interessante notar que apesar do grande número de testes já realizados, não existe nenhum trabalho acadêmico que sobre o assunto. Qual seria, por exemplo, a relação entre a pontuação do Anpad e a qualidade do aluno no programa de pós?

Probabilidade

Considere o lançamento de uma moeda, não viciada, sendo Ca = Cara e Co = Coroa. Foram realizados sete lançamentos. Qual das opções abaixo seria mais provável de acontecer?

a) Co; Co; Ca; Ca; Ca; Ca; Ca
b) Ca; Ca; Co; Ca; Co; Co; Ca
c) Co; Co; Co; Co; Co; Co; Co

Respota: Aqui

Valor Justo

O debate sobre a avaliação pelo valor justo persiste. Um artigo opinativo que foi publicado no The Times se posiciona contrário a esta forma de mensuração. Usa a analogia com o livro Alice no País das Maravilhas, uma fábula sobre o absurdo. Selecionei um trecho que achei interessante:

(...) É perfeitamente possível dentro deste estilo de Alice no País das Maravilhas para um banco para ter prejuízos, mesmo quando os mutuários estão em boas condições. Um exemplo disso ocorreu na semana passada quando State Street, um banco americano, constatou que os valores dos ativos fora de balanço haviam caído de US $ 3 bilhões (£ 2,1 bilhões) para uma (ainda não realizada) perda total de US $ 6,3 bilhões - mais de US $ 9 bilhão do valor do acionista foi perdido em um dia. Importante, contudo, o banco notou que todos os ativos fora de balanço afetados foram os atuais juros e principal e que não tinha sido realmente um centavo perdido. O que então melhor capta a realidade; os US $ 6,3 bilhões que os contadores dizem foi perdido ou a medida perda nula sofrida pelo banco, ou algum outro resultado?

Claramente, os contadores acreditam que o preço de mercado é a melhor aproximação dos resultados reais. Na exploração desta crença, eles são involuntariamente subscrevendo a teoria do mercado eficiente, que afirma que os preços correntes incorporam tudo o que é conhecido e, portanto, é o melhor estimador do valor intrínseco.

Infelizmente para os contadores, esta teoria é amplamente desacreditada.

Why this Alice in Wonderland accounting must be changed - Jeremy Hosking – 27/1/2009 - The Times – 1 - 52


No mesmo sentido, outro artigo (Fair Value Accounting – A critique) com uma crítica ao valor justo faz um amplo apanhado sobre o assunto. Gostei, particularmente, do trecho onde o autor destaca, de forma polêmica e controversa,

(...) Se você acha que contabilidade é simplesmente uma maneira de gravar números, pense novamente. Contabilidade é uma arte extremamente conceitual em que muito objetivos prioritários competem. E como em política, a aparência é muitas vezes a mesma coisa que a realidade. A condição financeira de uma empresa pode parecer forte ou fraca, dependendo da teoria da contabilidade que é utilizado para avaliar os seus ativos.

Resposta a leitores do blog

Primeiramente, bom dia! Parabéns pelo seu blog! Eu estou trabalhando há pouco mais de três meses no financeiro de uma empresa. São muitos controles, controle de crediário, vales, brindes, etc, o que tem me dificultado de arranjar as planilhas que devem ser efetuadas para o controle interno.
O sr. recomenda algum livro de como fazer a analise da situação empresarial e verificar os controles necessários?


São duas coisas distintas: a questão do controle e a análise. Começando pelo mais fácil, a análise pode ser feita com algumas planilhas simples, como aquelas que constam em livros de Análise das Demonstrações Contábeis. Uma sugestão é a planilha do livro do Alexandre Alcantara.

Com respeito aos controles, o tema é muito amplo. Mas certamente você deve começar pelo controle do disponível (caixa, bancos e equivalentes). É o mais importante de uma maneira geral. Aqui você pode usar uma planilha simples para fazer coisas como conciliação bancária ou um software, como o Money. Comece por aí.


Venho por meio dete solicitar sua ajuda. Sou estudante do curso de Ciências Contábeis da XXX e tenho que elaborar um artigo cujo assunto é a ética profissional e a postura do auditor. Já fiz pesquisas, mas ainda acredito não ter chegado a uma riqueza de conteúdo que desejo. Por isso venho aqui solicitar sua colaboração para um possível envio de materiais sobre o assunto.


O assunto deve iniciar pelo código de ética, apesar do código não ser necessariamente a questão central.

Você já pesquisou no Google Acadêmico. São mais de 5.400 referências (é certo que algumas delas não são boas, mas tente). Aqui o link. Selecione aqueles textos que são de congressos ou periódicos.

Talvez você possa melhorar seu trabalho se pensar no proceder metodológico. Apresento duas sugestões:

1) Se você conhece auditores, você poderia usar o material que já pesquisou e fazer entrevistas para saber, por exemplo, a relevância para o mesmo. Use algum questionário que alguém testou.

2) Use os contadores da internet (isto inclui de alguns sítios financeiros) para verificar o grau de interesse pelo assunto. O Google possui um instrumento que mede a quantidade de textos que são postados sobre vários assuntos. Digite o termo ética e auditoria e verifique se o interesse aumentou nos últimos anos, quem tem feito pesquisa sobre o assunto etc.

Eu e meu grupo estamos precisando muito de algumas informações e gostaríamos de saber se o senhor poderia nos ajudar de alguma maneira (material, links, livros, qualquer coisa...). Estamos fazendo o trabalho final de Contabilidade Financeira, disciplina de xxx. A empresa proposta para nosso trabalho foi "Lojas Americanas S.A.", entretanto, na Internet só conseguimos dados como: histórico da empresa, produtos e serviços, diferencial competitivo, etc. Não conseguimos nada sobre os itens 3 e 4 (que valem mais ponto)

A melhor forma de resolver isto é tentar entrevistar um gerente de loja.

29 janeiro 2009

Rir é o melhor remédio


Usando o gráfico da SP 500 (índice da Bolsa de Nova Iorque) um analista grafista mostrou a existência de um cisne negro (livro de Taleb, que critica os modelos matemáticos usados no mercado financeiro e as suposições de distribuição normal dos mesmos)

Teste #9

1. Frederico Herrmann Júnior (um dos fundadores da Editora Atlas) poderia ter tomado Guaraná Jesus?
2. Charles Horngren sentiu os efeitos da grande depressão?
3. Heinrich Schreiber (1496 – 1525), o autor do segundo texto publicado de contabilidade, poderia ter usado do astrolábio?

Resposta do anterior
Deskjet S/A – serviço – 50%
Speaker S/A – comércio – 40%
Solid Ltda – indústria – 10%
Plenna Ltda – banco – 20%

Links

Modificação no “regime terrorista da Contabilidade a Valor Justo” ou uma alternativa a abordagem conceitual do Iasb/Fasb


Resposta ao artigo da The Economist sobre incorporação das caudas longas no VaR

Aumento na volatilidade do lucro nos Estados Unidos desde 1970

Uma proposta de mudança na contabilidade (World's leading accounting bodies call for global debate, 27 January 2009 - Canada NewsWire)

Publicação das Fechadas

Um artigo interessante sobre a questão da publicação dos balanços das limitadas de grande porte. Achei interessante que a decisão da juíza teve recurso da União. O governo não deveria deixar que as próprias empresas fizessem este recurso? Afinal estaria gastando o dinheiro do contribuinte por algo que é de interesse da sociedade (quem não gostaria de saber o lucro da GM e da Wal-Mart no Brasil?).

A questão apresentada por Zilveti também é interessante. Se uma empresa possui um faturamento um pouco abaixo do limite estabelecido pela lei a prova fica por conta de quem?

O outro ponto interessante do texto é sobre a punição das empresas que não se enquadrarem na lei. O texto completo a seguir:


Publicação de balanço de limitadas provoca dúvidas
Gazeta Mercantil - 29/1/2009

Uma liminar da Justiça Federal de São Paulo está provocando dúvidas entre empresários e aumentando o movimento nos escritórios de advocacia. A juíza da 25ª Vara Federal Cível da Terceira Região (São Paulo), Maíra Felipe Lourenço, suspendeu entendimento do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), que considerava facultativa a publicação de balanço pelas sociedades limitadas. Já a decisão judicial prevê que empresas limitadas de grande porte - ou seja, que tenham ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões - terão que seguir as regras contábeis aplicáveis às sociedades anônimas e estão obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras no Diário Oficial e em jornal de grande circulação. A União já recorreu e aguarda a apreciação do recurso. Enquanto isso, empresários têm dúvidas. Para especialistas, medida pode atingir, também, limitadas de pequeno porte.

"Até o momento, não existe uma definição clara quanto à obrigatoriedade de publicação de balanços por parte das limitadas de grande porte", afirma a advogada Ana Marta Cattani de Barros Zilveti, do escritório Zilveti e Sanden Advogados. "Temos recebido muitas consultas de clientes sobre essa decisão judicial e ainda está tudo indefinido", comenta a advogada Cristiane Cordeiro von Ellenrieder, do mesmo escritório. As advogadas afirmam que mesmo as empresas que não se enquadram na determinação judicial podem ter problemas na hora de registrar seus atos na Junta Comercial. "A dúvida é saber como é que a Junta vai fazer no caso das limitadas de pequeno porte. Para provar que elas são de pequeno porte terão que apresentar o balanço para a Junta?", questiona Ana Marta Zilveti.

"A Junta Comercial pode pedir a confirmação do faturamento da empresa para saber se ela teria que ter publicado ou não o seu balanço. Mas ainda é cedo para saber como vão fazer", diz a advogada Gyedre de Oliveira, do escritório Souza, Cescon Avedissian, Barrieu e Flesch Advogados. "Eles (as Juntas Comerciais) devem pedir o balanço para confirmar o faturamento, mas a questão é saber se as juntas terão funcionários suficientes para fazer essa verificação", complementa Gyedre. "O DNRC tinha dado uma orientação clara para as juntas, que estava sendo seguida pelas empresas. Hoje há uma incerteza do que vai prevalecer", comenta o advogado Fábio Ulhoa Coelho.

Recurso

Segundo os advogados, muitos clientes têm procurado seus escritórios com dúvidas sobre a publicação de balanço pelas limitadas e sobre a possibilidade de recorrer à Justiça contra a exigência da publicação do balanço para o registro dos atos na Junta. Mas para a advogada Gyedre, do Souza, Cescon, essa não é uma decisão tão simples. "As empresas têm o direito de contestar judicialmente, mas isso pode não ter efeito prático", diz Gyedre. "Ao exigir a publicação do balanço, a Junta Comercial está cumprindo um ofício do DNRC, que está cumprindo uma decisão judicial. Vai ser difícil para a empresa conseguir uma decisão contra a decisão judicial", comenta a advogada.

Para Gyedre, as empresas devem aguardar o andamento da ação judicial que determinou a publicação do balanço. Caso a decisão seja mantida, as empresas têm até o final de abril para publicarem seus balanços. Para Ulhoa Coelho, as empresas devem dar entrada nos registro dos seus atos societários mesmo sem a publicação do balanço e se a Junta Comercial não der o registro pela falta do balanço a empresa deve recorrer à Justiça. "A decisão judicial não quer dizer que a junta vai exigir a publicação do balanço, apesar do DNRC ter dado uma orientação clara para as juntas", diz o advogado.

Os especialistas comentam que não há uma penalidade contra as sociedades que deixarem de publicar seus balanços. Mas elas podem ter problemas para conseguir financiamentos ou para participar de licitações, por exemplo. "Do ponto de vista social e econômico, é importante a publicação dos balanços. Mas do jurídico, não há essa determinação e esse era o entendimento do DNRC", diz Gyedre.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Gilmara Santos)

Os culpados

Jornal britânico aponta os 25 culpados pelo colapso global
28 January 2009
Gazeta Mercantil
São Paulo, 28 de Janeiro de 2009 - "A pior crise econômica desde a Grande Depressão não é um fenômeno natural, e sim um desastre fabricado pelo homem no qual todos tiveram a sua participação". Com essa explicação, o jornal britânico The Guardian publicou ontem em seu site na internet o resultado de uma pesquisa realizada por editores e repórteres, selecionando as 25 principais pessoas que estiveram ativamente no centro da atual crise (e "outras seis que sabiam o que ia acontecer"). (...) A relação traz dois presidentes de bancos centrais, quatro políticos, 15 banqueiros e representantes de Wall Street, e quatro na categoria "outros", que inclui até mesmo os cidadãos norte-americanos, "pois deveriam saber que estavam tomando emprestado mais dinheiro do que poderiam reembolsar."
O primeiro da lista é Alan Greenspan, o ex-presidente do Fed (de 1987 a 2006) que deu seu apoio aos empréstimos subprime, mas antes era reverenciado como "oráculo" ou o "maestro".
Segundo a pesquisa do jornal britânico, ele é encarado como um dos maiores culpados pela crise, por ter defendido durante muitos anos os florescentes negócios com derivativos - praticamente inexistentes quando assumiu no Fed, mas que passaram de US$ 100 trilhões em 2002 para mais de US$ 500 trilhões cinco anos mais tarde. (...)
Outro dos culpados, segundo a pesquisa do Guardian é o presidente do Banco Central da Inglaterra, Mervyn King, que assumiu seu cargo quando a economia britânica atravessava uma fase tranquila. Diz o diário que ele deveria ter percebido a aproximação da bolha imobiliária e entrado em ação.
Os políticos também
Com os culpados separados por categorias, vêm a seguir a relação de políticos, encabeçada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Ele reforçou a lei para reinvestimento comunitário para forçar os fornecedores de crédito hipotecário a liberalizar suas normas a fim de permitir que pessoas com menos recursos pudessem solicitar créditos imobiliários.
O atual primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também não escapa e é responsabilizado por "colocar os interesses da City à frente dos de outros setores da economia, tais como a indústria".
O ex-presidente dos EUA, George W. Bush, é criticado por não ter feito nada para colocar um freio nos créditos subprime que a legislação de Clinton favoreceu. Também nada fez para controlar Wall Street com regulamentação, embora seja de sua administração a Lei Sarbanes-Oxley (após o escândalo da Enron). Ainda entre os políticos, entra o ex-senador pelo Texas, Phil Gramm, que foi um ardente defensor da desregulamentação financeira. (Em 2001, ele disse em um debate no Senado: "alguns olham para o subprime como o mal. Eu olho e vejo o sonho americano em ação.").
A mais concorrida
A categoria com o maior número de integrantes é a de banqueiros e representantes de Wall Street, nas quais aparece Abby Cohen, principal estrategista do Goldman Sachs, "um otimista incorrigível", substituído em março passado. Depois vem Kathleen Corbett, ex-principal executiva da Standard & Poor's, "Hank" Greenberg, do grupo AIG, que mesmo depois de receber ajuda do governo, pagou luxuosas viagens a seus executivos; Andy Hornby, ex-presidente do HBO - pelas decisões erradas na fusão com o Halifax; Sir Fred Goodwin, ex-presidente do RBS, um dos empresários favoritos de Gordon Brown; Steve Crawshaw, ex-presidente da Bradford & Bringley ; Adam Applegarth, ex-presidente do Northern Rock; Dick Fuld, principal executivo do Lehman Brothers; Ralph Cioffi e Matthew Tannin, do Bear Stearns (indiciados por fraude); Lewis Ranieri, do falido Franklin Bank Corp.: Joseph Cassano, da AIG; Chuck Pince, ex-presidente do Citi; Angelo Mozilo, do Countrywide Financial; Stan O'Neal, ex-presidente do Merryl Lynch e Jimmy Caine, do Bear Steans
Gastar além da conta
Na categoria "outros", entram o democrata Christopher Dodd, presidente da comissão bancária do Senado; Geir Haard, primeiro-ministro da Islândia (que esta semana anunciou sua saída); e os norte-americanos: "se eles tivessem simplesmente se dado conta de que estavam tomando empréstimos que não teriam condições de pagar, talvez não estivéssemos nessa confusão".
Por último, o jornal acrescenta seis outros que "sabiam o que iria acontecer": John Tiner, principal executivo da Financial Services Authority, da City londrina; Andrew Lahde, presidente de um fundo de hedge; John Paulson, também presidente de um fundo de hedge; o professor Nouriel Roubini, que em 2006 já avisava da chegada da crise e se mantém pessimista; Warren Buffett, investidor (em outubro passado disse que havia começado a comprar ações de novo); George Soros, especulador; Stephen Eismann, gerente de fundos de hedge e Meredith Whitney, da Oppenheimer Securities.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Redação)

Dinheiro para Reguladores

A Comissão Européia anunciou ontem que irá alocar 36,2 milhões de euros (47,8 milhões de dólares) por um período de 3 anos para três comitês – conhecidos como CEBS, CEIOPS e CESR – que fazem a supervisão dos bancos, seguros e indústria de valores mobiliários da CE.
Financial regulators to receive €36.2m - Nikki Tait & Jennifer Hughes - 27 January 2009 - Financial Times
Asia Ed1 - 16

Gasto Público

Para a realização do Fórum Social Mundial, em Belém (PA), de 27 de janeiro a 1 de fevereiro, o governo Lula resolveu investir R$150 milhões em infraestrutura. Este é um claro exemplo de como a administração pública brasileira é perdulária, dando a impressão de que é necessário inventar gastos, mesmo que supérfluos, para agradar a empreiteiras, fornecedores e outros apaniguados. (...) Para justificar esses R$150 milhões, o governo Lula afirma estar investindo na segurança sexual dos participantes, adquirindo, entre outras coisas, 600 mil preservativos, para serem distribuídos no Acampamento da Juventude, que abrigará 20 mil jovens que estarão no evento. Afinal, essa rapaziada vai para Belém participar do Fórum Social Mundial ou o quê? Consideram-se dez mil casais, cada par terá direito a 12 camisinhas por dia. Ufa!

Fórum social – 28/1/2009 - O Globo – 6 (seção de cartas)

Ex-executivo da AIG condenado a 4 anos

Falando em simbolismo, a imprensa também destacou a condenação de um ex-executivo da AIG (4 Years for Christian Milton, ex-A.I.G. Executive, Associated Press, 27/1/2009), a empresa de seguros, por uma fraude que provocou um custo de mais de 500 milhões para os acionistas. O executivo, Christian Milton, além da cadeia, terá que pagar 200 mil dólares. Ele trabalhava na empresa como vice-presidente de resseguro entre 1982 a 2005.

O Jatinho do Citigroup

Nos últimos dias decisões de executivos do Citigroup foram manchetes nos principais jornais e blogs. Este grupo financeiro, que recebeu bilhões de dólares de ajuda do governo dos EUA, estava comprando um novo jato corporativo por 50 milhões de dólares. (vide, por exemplo, em No jets for Citigroup after all, Izabella Kaminska, 27/1/2009). O banco inicialmente insistiu que manter a compra era menos caro do que cancelar a ordem. O jato, um Dassault-Falcon-7X less, representa 0,1% da ajuda recebida, mas possui um valor simbólico (assim como foi simbólico a ida de executivos das montadoras ao Congresso dos EUA de jato particular para pedir dinheiro dos contribuintes).

A favor do banco, além do montante pouco expressivo, existem dois fatores. Em primeiro lugar, a venda de dois jatos antigos, por cerca de 27 milhões cada. Em segundo, o contrato foi assinado em 2005 como parte de um plano para reduzir o número de aeronaves e usar equipamentos mais eficientes.

Entretanto, o simbolismo falou mais alto e o Citi desistiu do negócio (Citi Reverses Course on $50 Million Jet, 27/1/2009).

O jornal Valor Econômico (Geithner obriga Citi a cancelar compra de jato, 28/1/2009) afirma que a decisão foi de Tim Geithner, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos. Segundo o jornal, Tim forçou o Citi a desistir da compra. E que o banco deverá pagar 4 milhões de dólares de multa pelo cancelamento da encomenda.

O problema do Ágio

As companhias européias poderão se ver obrigadas a provisionar um montante recorde de US$ 212 bilhões depois de pagar a mais nesta década por compras que efetuaram, o que fará com que os investidores sofram mais perdas depois do pior ano para a renda variável desde 1937. AAlcatel-Lucent e aTelecom Italia são algumas das empresas no índice Dow Jone Stoxx 600 cujo valor de mercado caiu abaixo do ágio - o item no balanço que reflete o pagamento além do valor contábil em uma aquisição, segundo dados compilados pela Bloomberg News. Ainda que o ágio passe praticamente despercebido nos mercados com tendências de alta, os reguladores contábeis exigem que seja descontado dos lucros quando a queda nos preços das ações mostra que os negócios adquiridos valem menos.

Ágio supera valor de mercado de empresas
27/1/2009 - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Bloomberg News - Com Redação, de São Paulo)

Finanças Comportamentais no Poder

Segundo o Chicago Tribune (Left not sold on Obama's regulation czar pick: Cass Sunstein's critics say cost-benefit reliance tips toward industry , Tom Hamburger & Christi Parsons, 25/1/2009) o professor da Harvard Law School, Cass Sunstein, é um amigo do presidente Barack Obama e foi nomeado para o Federal Office of Information and Regulatory Affairs. Ou seja, um órgão vinculado a regulação dos negócios.

Sunstein foi professor da University of Chicago Law School, onde Obama também ensinava, e seu trabalho inclui a questão comportamental. Talvez a sua obra de maior destaque seja o livro Nudge, em co-autoria com Richard Thaler (este sim, mais conhecido na área de finanças comportamentais).
Isto talvez seja um alento de que políticas públicas poderão ser mais criativas. Mais sobre o assunto, aqui

28 janeiro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #8

O objetivo é resolver o enigma com a ajuda de pistas. São quatro empresas (Plenna Ltda, Solid Ltda, Speaker S/A e Deskjet S/A) que atuam em quatro setores diferentes (Indústria, Comércio, Serviço e Banco). Cada uma das empresas obteve no exercício social uma margem de lucro diferente.

Pistas:

1. É uma limitada que atua no setor financeiro

2. A S/A que atua no setor de serviço teve uma margem de 10% a mais do que a S/A que atua no comércio

3. A margem da empresa industrial é de 10%

4. A Plenna Ltda teve uma margem maior que a Solid Ltda, mas a Speaker S/A teve uma margem menor que a Deskjet S/A

Resposta do Anterior: Ativo – bancos – caixa – diferido – divida – estoque – Fluxos – Fornecedor – giro – goodwill – imobilizado – lucro – Passivo – prazo – prejuízo – receita – reserva – Salário - vendas

Pesquisa

Conforme postado anteriormente, fiz uma pequena pesquisa sobre um tema muito banal: qual o nome do lado direito do balanço? 93 leitores do blog participaram (grato) e 71 deles escolheram a opção que está na Estrutura Conceitual do CPC. A minoria ficou com a proposição da Lei 11.638.

Grato pela contribuição.

Links

A Microsoft está perdendo dinheiro com Xbox e com os serviços online

Equador declarou default para comprar no mercado papéis da dívida por um valor menor do que o de custo

Ganhar na loteria apenas adia os problemas financeiros, não reduz

Jovens que gostam de videogame possuem relações com família e amigos mais pobre e maior risco de comportamento (por exemplo, usuário de drogas)

Satyam

Na medida em que as investigações na empresa Satyam prosseguem indícios passados começam a aparecer. É o famoso “eu avisei” (ou o corolário, “estava muito claro, só não viu quem não quis”).

Além disto, as investigações também mostram que a semelhança com a Enron está talvez somente na grandeza dos valores. Tudo leva a crer que os problemas contábeis da empresas eram mais graves e envolviam inclusive a criação de lançamentos contábeis.

(...) Em setembro, senhor Mukherjea [analista do Noble Group, um banco britânico de investimento] usou um modelo computacional para examinar as 500 maiores empresas abertas com sinais de manipulação contábil. Ele encontrou que mais de 20% delas estavam potencialmente engajadas em contabilidade agressiva, mas Satyam não estava na lista.

Isto porque as telas automatizadas que analistas como o Sr. Mukherjea usam para obter sinais de fraude começa pela busca de grandes discrepâncias entre os lucros reportados e fluxo de caixa. No caso da Satyam, o dinheiro parece acompanhar o ritmo com os lucros.

Mas Kawaljeet Saluja, um analista de Kotak Securities, um banco de investimento indiano, avistou um fenômeno enigmático. De dezembro de 2006 a setembro de 2008, os depósitos bancários da empresa indiana mantiveram-se mais ou menos plano. Mas durante este período a parte do dinheiro mantido em contas correntes, o que permite fácil acesso ao dinheiro, mas ganham poucos juros, aumentou mais de sete vezes.

Sr. Saluja questionou à administração da empresa durante uma conferência telefônica setembro. O ex-diretor financeiro da Santyam, Vadlamani Srinivas, disse que o dinheiro iria em breve ser transferido para contas de alto rendimento. (...)

In India, Clues Unfold To a Fraud's Framework - JEREMY KAHN; 27/1/2009 - The New York Times - Late Edition – Final - 1

Transação estranha

A mansão Jupiter Island na Florida foi comprada por $13 milhões de dólares há cinco anos. Agora ela foi vendida por 10 dólares. O vendedor, Richard S. Fuld Jr., o ex-executivo da Lehman Brothers. O comprador, a sua esposa, Kathleen.

A razão para a transação ainda não está clara, mas pode ter relação com os aspectos legais da bancarrota da Lehman em Setembro, segundo informa o New York Times (For $10, Fuld Sold Florida Mansion to His Wife. No Brasil, o artigo foi traduzido e publicado na Gazeta Mercantil/ Caderno A - Pág. 9, Ex-presidente vende mansão por US$ 10, 27/1/2009)

A falta que faz a venda a crédito

O trecho a seguir mostra como é importante para uma empresa a venda a crédito. Obviamente que a situação atual da Casa & Vídeo não é decorrente somente deste aspecto, mas a ausência de venda a prazo afasta clientes.

Restrita a cheque e dinheiro, venda da Casa & Vídeo cai

26/1/2009
Valor Econômico

Passados dois meses da prisão dos dois proprietários, acusados de crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas, contrabando, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, a rede de varejo popular Casa & Vídeo tenta sobreviver. Com as contas bancárias bloqueadas, dívidas de pelo menos R$ 100 milhões em impostos e de R$ 40 milhões à Previdência Social, a rede só recebe em dinheiro vivo ou em cheque.

As vendas a prazo se limitam a um crediário próprio cujas parcelas precisam ser pagar em dinheiro nas lojas. Com a dificuldade de oferecer a venda parcelada, um de seus principais atrativos, as vendas caíram de 10% a 15% nos meses de novembro e dezembro, segundo o novo presidente da empresa, o consultor Fernando Luzio, que já havia auxiliado a elaborar o plano estratégico da rede em 2004.

(...) Luzio prepara um plano de reestruturação que prevê cortes de funcionários e a possibilidade de fechamento das lojas menos rentáveis. "É absolutamente natural que nesse momento esteja, sim, sendo estudada a possibilidade de se fechar. Não está definido ainda", disse Luzio. "Se fecharmos lojas, serão pouquíssimas."

Outra estratégia de sobrevivência será a adoção de uma oferta menor de produtos, privilegiando os com margens de lucro maiores. Com as contas bloqueadas pela Justiça, a empresa tem sofrido dificuldades para pagar os fornecedores. Alguns deles desistiram de fazer negócios com a rede, mas outros mantiveram os contratos e facilitam prazos e preços, segundo o consultor.

(...) As demissões ainda não estão definidas, mas devem acontecer diante da situação crítica. Em carta enviada ao Sindicato dos Comerciários do Rio, a empresa informa que pretender cortar 1.668 funcionários no Rio entre os 6 mil que possui em toda a rede. Neste mês, já foram demitidos 400 empregados, mas segundo a direção, foram apenas os contratados temporariamente para as vendas de Natal. (...)

Evidenciação

Evidenciação

O Grupo Pão de Açúcar deixa de divulgar as vendas mensais a partir deste mês, abandonando uma prática adotada há anos pela varejista. Analistas consideram que a falta de transparência será prejudicial, por deixar os investidores no escuro até a publicação de um relatório prévio, com as vendas trimestrais.

(...) Por ser a única rede de supermercados do país com as ações negociadas na bolsa, o Pão de Açúcar também se vê em desvantagem em relação aos seus concorrentes estrangeiros no país, cujas informações financeiras não são abertas ao público. O Wal-Mart divulga apenas as vendas brutas no Brasil, uma vez por ano, para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

A decisão de não mais publicar as vendas mensais foi manifestada pelo Pão de Açúcar ainda durante a divulgação dos resultados financeiros do terceiro de trimestre de 2008. "Essa mudança no processo de comunicação tem por objetivo diminuir a volatilidade das ações, provocada pelo foco excessivo do mercado sobre a performance de curto prazo de vendas, garantindo maior alinhamento das estimativas de mercado com o "guidance" de crescimento das vendas da companhia, em base anual", justificou a administração do grupo. A varejista publicará um boletim com as vendas trimestrais antes das demonstrações financeiras.

Pão de Açúcar deixa de apresentar vendas mensais
26/1/2009 - Valor Econômico


A justificativa da empresa é frágil. A volatilidade das ações pode ficar maior, uma vez que os analistas deverão trabalhar com informações menos precisas e, alguns casos, com suposições de baixa solidez.

Ágio da Perdigão

CVM determina que Perdigão reverta baixa de ágio da Eleva
23/01/2009
Valor Econômico

A Perdigão terá de refazer e republicar os balanços trimestrais de 2008 para reverter a amortização integral do ágio de aquisição da Eleva, feita no balanço de junho. A decisão foi tomada pela superintendência de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e enviada à companhia no dia 16. A Perdigão recorrerá desta decisão.

(...) O ofício da CVM, além de pedir a reversão da amortização integral do ágio, determina que a companhia corrija a forma como contabilizou e evidenciou o ágio da Eleva, separando o valor em duas contas diferentes - conforme instruções do regulador que tratam do tema. Como efeito prático, é possível que o ágio passível de ser amortizado para fins de economia fiscal seja reduzido.

A diferença entre o valor patrimonial de uma companhia adquirida e o preço de aquisição é costumeiramente tratado integralmente como ágio. Foi o que fez a Perdigão com a Eleva e o que boa parte das empresas faz nas aquisições.

Na contabilidade e nas regras da CVM, porém, o ágio é apenas o adicional pago em transações fruto da expectativa de rentabilidade futura. É somente esse adicional que pode ser amortizado para economia tributária.

Eventual saldo que venha da diferença entre o valor contábil e a avaliação de mercado da companhia adquirida deve ser considerada como mais-valia e registrada como ativo. Nesse caso, o ativo da companhia compradora aumenta, ampliando a valor de sua depreciação na mesma proporção.

Assim, a diferença entre o valor de livros e o preço pago numa aquisição pode - e deve - ser dividido em dois. Uma parte que reflete o saldo ante o valor de mercado, que significa apenas um aumento do ativo da companhia. E a parcela que é o ágio de fato, fruto da estimativa de lucros futuros com o negócio adquirido.

Normalmente, a amortização desse ágio ocorre ano a ano na mesma proporção que o resultado esperado é gerado. Segundo as regras, a amortização deve ser feita num intervalo de cinco a dez anos.

Somente seria justificável que fosse feita a baixa numa única parcela se o motivo da expectativa de lucro futuro deixasse de existir ou ocorresse de forma antecipada (pela venda, por exemplo). Mas não foram esses os motivos da Perdigão.

A empresa alegou, durante as conversas com a CVM, que optou por lançar tudo numa única vez porque integrou os ativos da Eleva na atividade da Perdigão de forma que, a partir de então, tornava-se inviável apurar o desenvolvimento do saldo do ágio separadamente. (...)

Finanças comportamentais

Forma de apresentar informação pode fazer diferença
22/01/2009
Valor Econômico

Quando, em meio à maior crise financeira das últimas décadas, você escuta o ministro da Fazenda dizer que os bancos brasileiros não vão quebrar, o que vem à cabeça? Para muitos, soa como alarme: "Se se está falando nisso, é porque tem perigo! Onde há fumaça, há fogo." Por via das dúvidas, grandes bancos anteciparam a exposição dos balanços tranqüilizando clientes e mercado sobre sua saúde financeira.

A maneira de apresentar informações pode fazer diferença sobre como elas serão captadas. Os psicólogos econômicos Kahneman e Tversky chamaram isso de "framing effects" - como no enquadramento de uma foto, privilegiar uma porção da cena, deixando-se de lado o restante. Em 2008, antes da completa deflagração da crise financeira nos EUA, um pesquisador chamou a atenção para o fato de o dinheiro que o governo Bush distribuiu à população para tentar reativar a economia pelo consumo poderia não ter sucesso. Denominado "rebate", o termo é associado à devolução do imposto de renda, que dispara reação de poupar entre os contribuintes. Para ele, deveria vir com o nome "bônus" para que as pessoas se sentissem inclinadas a gastá-lo.

Pouco a pouco, conhecimentos gerados pela psicologia econômica e economia comportamental começam a ser incluídos na agenda de debates de governos e gestores, ou "policy-makers". Em períodos de crise, com a necessidade imperiosa de se buscar explicações e soluções, todos se voltam mais facilmente para a esfera psíquica, sobretudo ao componente emocional, tão inegavelmente poderoso sobre os movimentos de investidores e autoridades.

Já tínhamos exemplos ao redor do mundo. Em 2005, o economista comportamental Peter Earl elaborou detalhado relatório para o governo neozelandês com apresentação da disciplina, diagnóstico e recomendações de medidas psico-econômicas para favorecer o desenvolvimento do país.

Nos EUA, o também economista comportamental Richard Thaler, que integra a equipe de assessores de Barack Obama, e o advogado Cass Sunstein, bolaram um engenhoso programa, já adotado em alguns estados, para aumentar as contribuições previdenciárias. Por meio de uma simples mudança na apresentação das alternativas disponíveis, eles melhoraram a adesão a planos de pensão. Como alternativa padrão, aparece agora aquela que, automaticamente, faz o funcionário aumentar suas contribuições ao plano na mesma proporção dos aumentos salariais, no lugar de lhe deixar como opção-padrão ter que pensar e decidir cada vez que o salário subisse, decisão sempre suscetível às tentações de usar aquele extra para consumo. A medida obteve expressivo crescimento dos índices de contribuição e integra o cardápio do chamado "paternalismo libertário", que ao lado de induzir à escolha mais favorável - para o funcionário, que deseja ter aposentadoria confortável mais tarde, mas tem dificuldade para controlar seus impulsos consumistas agora -, mantém-se a liberdade de recusá-la e ficar com outras opções.

Para Thaler, essa perspectiva seria necessária já que, se deixados por conta própria, agimos todos como "Homer Simpson", o personagem do desenho animado que dispensa comentários... Aliás, vale anotar que a tradução do ótimo "Nudge", ou "empurrão", livro em que eles discutem essas propostas, saiu há pouco pela Campus/Elsevier). A crise atual só fez aumentar o interesse pelos fatores psíquicos. Abre-se caminho, portanto, para incluirmos este conhecimento na agenda dos "policy-makers", com o intuito de contribuir para decisões mais acertadas por parte da população.

No Brasil, muitas áreas poderiam ser alvo desse debate com a inclusão de variáveis psicológicas, tais como o esclarecimento da população em geral sobre a economia, o funcionamento psíquico e as inúmeras ciladas que nossa própria mente nos prega. Poderiam, ainda, ser debate no campo das microfinanças (decisões financeiras de populações de baixa renda) e meio-ambiente e sustentabilidade (recursos naturais são também bens finitos, envolvendo, portanto, decisões psico-econômicas). Poderiam também evitar a atração por golpes e a vulnerabilidade a tombos financeiros entre investidores, sem falar na evolução do Bolsa-Família rumo à autonomia e orientação sobre o uso do crédito consignado e de qualquer outra natureza.

Vera Rita de Mello Ferreira "Psicologia Econômica" e "Decisões econômicas - você já parou para pensar?"