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24 maio 2025

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Escola e sucesso
 

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Limperg

Limperg, Theodore Jr. (1879–1961) - Nascido em Amsterdã, Países Baixos, em 19 de dezembro de 1879, Theodore Limperg Jr. frequentou a Commercial High School — uma formação típica para estudantes que pretendiam trabalhar ou iniciar uma carreira em negócios privados ou corporativos — e se formou em 1897. Em seguida, começou a estudar para o exame nacional de contabilidade avançada, obtendo o certificado que o qualificava para lecionar contabilidade e disciplinas afins no ensino médio.

É notável que Limperg nunca se matriculou como estudante universitário em contabilidade e nunca obteve um diploma de nível superior. No início do século XX, não havia cursos de administração de empresas nas universidades holandesas. O rápido progresso e os feitos impressionantes desse jovem contador foram resultado de seu profundo interesse pela profissão contábil e de sua forte dedicação ao desenvolvimento de uma teoria de economia e administração empresarial. Sua ausência de formação superior foi mais do que compensada por uma vontade de ferro, que o manteve em um rigoroso cronograma de estudos autodidatas até o fim da vida.

Em 1901, três anos antes de ser aprovado no exame de contador público e ser admitido no Netherlands Institute of Accountants, Limperg tornou-se sócio da Volmer and Co., uma sociedade de contadores públicos certificados em Amsterdã. Naquele momento (janeiro de 1901), ele acabava de completar 21 anos. Apenas dois anos depois, o nome da sociedade foi alterado para incluir o seu (passando a se chamar Nijst, Bianchi and Limperg), embora apenas Jules Nijst tivesse autorização para assinar pela empresa. Somente em 1904 os co-sócios de Nijst seriam admitidos no Instituto de Contadores. Após a saída de Nijst da sociedade, em 1905, a firma continuou operando como Bianchi and Limperg. Posteriormente, Limperg atuou como sócio na firma Th. and L. Limperg.

Nesse meio tempo, Limperg também se tornou ativo em outros campos. Em 1903, foi lançado um novo periódico profissional para contadores holandeses, Accountancy, do qual Limperg foi um dos fundadores e membro da equipe editorial. Pouco tempo depois, tornou-se editor-chefe, cargo que ocupou por 20 anos. Sob sua liderança, o periódico tornou-se uma força importante no desenvolvimento da profissão contábil e do Netherlands Institute of Accounting. Sua contribuição para o sucesso da revista era facilmente reconhecida pelos artigos inovadores e acadêmicos que publicava, com ou sem sua assinatura. Em 1924, o nome do periódico foi alterado para Monthly Journal of Accountancy and Business Administration, e atualmente é publicado como Monthly Journal of Accountancy and Business Economics.

Surgiram conflitos com a “velha guarda” do Netherlands Institute of Accounting, especialmente sobre o desenvolvimento da contabilidade e a regulamentação da profissão. Limperg era paciente ao discutir propostas inovadoras, mas tinha uma forte inclinação para fazer prevalecer suas ideias e, quando princípios estavam em jogo, recusava-se firmemente a ceder. Em 1906, sua decisão de publicar uma carta desconfortável ao editor resultou na revogação de sua associação ao Instituto. Contudo, no mesmo dia, Limperg e cerca de 20 apoiadores fundaram sua própria organização, a Netherlands Accountants Association, que se tornaria uma força poderosa no desenvolvimento da contabilidade na Holanda. Esse novo grupo organizou um programa educacional e uma comissão de exames (presidida por Limperg) para candidatos ao título profissional.

Em 1918, o instituto e a associação concordaram em se fundir, e a associação de Limperg foi restabelecida. Ele tornou-se presidente da comissão de exames. Todos os reconhecimentos lhe foram concedidos, e a comunidade contábil holandesa finalmente reconheceu sua grandeza.

O forte apoio de Limperg ao ensino da contabilidade e da economia empresarial no ensino superior contribuiu para a criação do Departamento de Economia e Administração de Empresas da Universidade de Amsterdã. Em 1922, Limperg assumiu o cargo de professor, lecionando tanto para alunos de graduação quanto de pós-graduação. Contabilidade, economia empresarial e administração eram estudadas dentro de uma estrutura abrangente de economia social e empresarial. Para ele, essencialmente, os conceitos e as leis de todas essas áreas eram idênticos, e sua análise científica deveria recorrer, quando apropriado, a métodos dedutivos. Essas ideias contrastavam fortemente com as visões pragmáticas da maioria dos contadores da época, especialmente dos professores da Business Academy de Roterdã.

A oposição de Limperg ao nominalismo e à doutrina do custo histórico tornou-se amplamente reconhecida. À medida que os principais debatedores sobre metodologia e questões específicas da teoria e prática contábil começaram a ser identificados como membros das "escolas" de Amsterdã e Roterdã, o antagonismo se intensificou. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial e a morte de Limperg, grande parte da controvérsia sobre essas questões fundamentais desapareceu.

O famoso postulado da continuidade de Limperg e sua teoria do valor de reposição tornaram-se temas centrais na literatura contábil teórica e prática holandesa, especialmente depois que a gigante N.V. Philips Industries adotou os princípios de avaliação por valor de reposição em sua contabilidade gerencial e financeira. Ainda assim, no setor empresarial holandês, o conceito de valor de reposição nunca teve ampla adoção.

Em 1947, a Netherlands School of Economics (atualmente Erasmus University) concedeu a Limperg o título de doutor honoris causa. Ele se aposentou da universidade em 1949, mas permaneceu ativo como presidente do Conseil International de l'Organisation Scientifique (CIOS) e como membro do conselho consultivo do Netherlands Institute of Efficiency (NIVE). Faleceu em 5 de dezembro de 1961.

Ao lado dos escritos de Fritz Schmidt e Eugen Schmalenbach, dois dos mais importantes estudiosos da Alemanha, a obra de Limperg marcou o fim da predominância dos conceitos nominalistas entre os principais teóricos da contabilidade. A escola nominalista havia sustentado, por muitos anos, que os dados contábeis deveriam ser expressos em unidades monetárias, mensurando as transações no momento de sua origem; assim, a manutenção do investimento original em termos de unidades monetárias registradas era a base aceita para a apuração do resultado. O desenvolvimento da teoria contábil moderna na Europa e em outras partes do mundo exigiu o trabalho sofisticado de estudiosos talentosos e dedicados para expandir e aprimorar os legados de Limperg e seus contemporâneos — e os holandeses cumpriram bem seu papel.

Não está claro por que Limperg nunca escreveu um livro. Seus numerosos artigos e apresentações abordam uma diversidade de tópicos; sua escrita é sempre rigorosa e criteriosa, refletindo sua extrema atenção aos detalhes e à precisão, além de ser frequentemente inovadora e, por vezes, controversa. A “grande teoria limpergiana”, desenvolvida entre 1922 e 1929, constitui uma estrutura fechada e rigorosa, na qual organização interna e externa, contabilidade, finanças, auditoria e relações trabalhistas eram posicionadas como campos especializados, de acordo com sua função. Esse material foi apresentado a seus alunos por meio de aulas cuidadosamente elaboradas, frequentemente inovadoras e controversas. O Limperg Instituut, em Amsterdã, patrocinou a publicação de notas de aula e materiais correlatos sob o título Bedrijfseconomie, Verzameld Werk. Uma edição revisada foi publicada (em parte) em 1976.

Após sua morte, seus seguidores continuaram aperfeiçoando e desenvolvendo sua teoria. Várias premissas e conclusões foram questionadas, e algumas acabaram abandonadas. No entanto, a estrutura básica sobreviveu, e o grande valor da contribuição de Limperg para a metodologia e os princípios da contabilidade é amplamente reconhecido.

A. van Seventer - The History of Accounting

Foto: aqui. Eu citei Limperg quando comentei de Schmidt e Most

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Degrange

Edmond Degrange (? – 1826)francês e um dos autores de maior sucesso na área da contabilidade no século XIX. Atualmente, no entanto, não é possível encontrar muitas informações sobre ele: a Wikipédia (nas versões em francês, italiano, espanhol, inglês ou português) não possui um verbete próprio dedicado ao autor. Assim, as informações desta postagem correspondem a um apanhado geral encontrado em diversas fontes.


O fato é que Degrange teve grande influência — seus livros de contabilidade, inclusive, foram traduzidos para o português, mas também para o espanhol e italino, no início do século XIX. Em 1838, após seu falecimento, O Guarda-Livros foi traduzido para o português por João Cândido. No mesmo ano, surge Método Fácil de Escriturar os Livros, com tradução de M. J. da Silva Porto. Este Método Fácil parece ser uma tradução da obra de 1795, La Tenue des Livres Rendue Facile. Nessa obra, Degrange apresenta a chamada teoria cinco-contista. Alguns anos após o La Tenue, ele cria o jornal-razão (1804).

Com o objetivo de simplificar a contabilidade, Degrange classificou as contas em cinco grandes grupos, o que deu origem à escola cinco-contista, mencionada no parágrafo anterior. As contas do comerciante seriam: Mercadorias Gerais, Caixa, Contas a Receber, Contas a Pagar e Lucros e Prejuízos. Esse método simplificava significativamente a mecânica contábil, reduzindo o número de contas ao mínimo necessário, o que permitia que leigos aprendessem com mais facilidade a escrituração contábil.

Parte das inovações apresentadas por Degrange já tinham sido pensadas por outros autores. Assim, o papel dele na história da contabilidade parece ser relegado a sua influência na formação de profissionais de alguns países de língua latina na primeira metade do século XIX. 

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Dodson

 Dodson, James (1710–1757) As técnicas de apuração de custos são tão antigas quanto a contabilidade de partidas dobradas, mas a contabilidade de custos sistemática praticamente não existia no início da Revolução Industrial. No entanto, para apurar o lucro, os fabricantes precisavam calcular não apenas o custo dos produtos acabados, mas também dos bens em diversos estágios de produção.


James Dodson, matemático, professor e contador inglês, iniciou sua obra The Accountant, or the Method of Book-keeping (1750) com uma breve discussão sobre a teoria da escrituração contábil. Em seguida, apresentou exemplos de contas aplicadas a uma propriedade rural e fazenda, a um grande comerciante, sociedades, um banqueiro e, mais significativamente, a um sapateiro que também mantinha uma loja de varejo.

As contas do sapateiro incluíam transações relacionadas à compra e corte de couro, entrega de solados e cabedais aos oficiais para a confecção dos sapatos e venda de cinco modelos de sapatos masculinos, com a contabilidade realizada separadamente para cada um deles. Isso exigiu que Dodson demonstrasse o custeio por lote nas contas do sapateiro, mostrando o fluxo dos custos de um estágio de produção para o outro, o aumento do valor dos produtos em processo e, finalmente, a distribuição dos custos de fabricação entre os diferentes tipos de sapatos.

Michael Chatfield - The History of Accounting

Dodson ficou conhecido como atuário e chegou a ser membro da prestigiosa Royal Society. Como atuário, ele usou as tabelas de mortalidade de Halley (do cometa). Ele escreveu obras de matemática, o que incluía um conjunto de tabelas de anti-logaritmo, que foi usada entre 1742 e 1849.

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Badoer

Jachomo Badoer (1402 - 1442 ou 1445) -  Foi um mercador veneziano que comercializou em Constantinopla entre 1436 e 1440. Seu livro razão de partidas dobradas foi o único documento comercial escrito em Constantinopla que sobreviveu, em sua totalidade, à conquista turca da cidade em 1453. Por isso, é uma fonte única de informações sobre o comércio, as moedas e as práticas de mercado do Levante durante a primeira metade do século XV. Badoer foi um inovador na escrituração contábil, mas seu livro também retrata o estado da arte da contabilidade naquela época.

Badoer mantinha apenas um livro razão, sem um diário unificado, embora utilizasse uma série de livros de memorandos nos quais registrava diversos tipos de pagamentos e recebimentos. Seu razão foi escrito no estilo veneziano de partidas dobradas, com débitos e créditos lado a lado na página aberta. Letras de câmbio, contas de consignação, transações de escambo e pagamentos de seguros marítimos estão incluídos em seus registros. Ele estabelecia contas separadas para cada cliente e para cada remessa de mercadorias, calculando lucros e perdas individualmente. Sua conta de lucros e perdas também incluía ganhos com câmbio de moedas e com descontos concedidos por credores, fornecedores e agentes. O livro razão de Badoer contém um dos lançamentos compostos mais antigos de que se tem conhecimento.

Michael Chatfield - The History of Accounting


A Wikipedia traz mais informações sobre ele: o livro de contas dele é chamado de Libro di Conti. Ele era de Veneza, tinha dois irmãos mais velhos e uma irmã. Casou com Maria Grimani e tiveram dois filhos. Tornou-se membro do Conselho dos Quarenta, uma especie de suprema corte de Veneza, o que significa poder político e social. Pouco depois da morte da esposa, viajou para Constantinopla. Quando retornou, em 1441, casou novamente.

O Libro di conti (ou Libro dei conti, "livro de contas") é um registro, em partidas dobradas, dos negócios de Giacomo em Constantinopla entre 1436 e 1440. Trata-se de uma fonte inestimável sobre o comércio em Constantinopla nesse período. O livro demonstra que a cidade funcionava principalmente como um entreposto. Os negócios anuais de Giacomo, considerados de escala média, somavam 126.000 hipérpiros. Embora os gregos estivessem fortemente envolvidos no comércio, contribuíam com relativamente pouco capital. A participação da República de Gênova superava a de Veneza, enquanto o Império Bizantino mantinha um déficit comercial com o Ocidente.

Aqui um artigo sobre ele. Outro artigo, bem extenso, pode ser encontrado aqui, em italiano. E outro aqui, na Accounting Review. Na imagem, o brasão de Badoer.

23 maio 2025

A Marca GPT

Do texto da Forbes


De acordo com Cecilia Russo Troiano, CEO da TroianoBranding, a entrada do ChatGPT no ranking da Kantar BrandZ Global é fruto de tres fatores: pioneirismo da marca em trazer acessibilidade para a IA, onda favorável de disseminação maciça da IA como ferramenta do dia a dia e ainda a marca ter correspondido às expectativas, que não eram baixas, em termos de qualidade. Isso não garante ela permanecer nesse ranking já que esse é um mercado em plena evolução, com novos players surgindo que podem ameaçar sua liderança atual”.

Satisfação

Em um texto sobre satisfação do cliente em uma empresa de contabilidade:


Aqueles que têm sucesso na satisfação do cliente são os que vão além das pesquisas de opinião. Eles não estão obcecados em elevar seus níveis de dopamina com respostas cheias de carinhas felizes; eles fundamentam sua pesquisa com dados qualitativos.

Essas empresas podem até aplicar pesquisas rápidas com seus clientes, mas obtêm um engajamento mais profundo por meio de consultores externos, realizando exercícios de cliente oculto ou vinculando a qualidade do serviço a métricas internas. No entanto, em vez de se perder ainda mais na caverna dos dados, o ingrediente que muitas vezes falta é, de fato, agir com base nas respostas.

No fim das contas, a verdadeira satisfação não é algo que você mede até a exaustão. É algo que você entrega de forma consistente, sem precisar perguntar de novo e de novo.