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30 outubro 2012

Entidade

Eis um exemplo interessante sobre a questão da entidade numa grande empresa brasileira:

(...) Na sexta-feira, membros do conselho [da Via Varejo] se reuniram por cinco horas, na sede da Via Varejo, em São Caetano do Sul (SP), para tratar de uma extensa pauta com 15 itens - incluindo um plano para melhorar os resultados da varejista que reúne Casas Bahia e Ponto Frio. Mas foram os gastos dos ex-donos da Casas Bahia que ocuparam a maior parte do tempo e pesaram no clima, já nada amistoso entre as partes. Só neste ano, as despesas da família Klein chegaram perto de R$ 75 milhões.

A questão dos gastos dos Klein foi levada ao conselho de administração da Via Varejo pela própria família. Como a presidência da empresa está muito próxima de ser trocada - no dia 22 de novembro o conselho vai votar o nome do substituto de Raphael Klein [1] - e as contas da companhia estão sendo avaliadas pela KPMG, a família decidiu apresentar as contas, na tentativa de legitimar e manter os gastos [2]. Com a saída de Raphael, entrará na vaga de presidente um executivo indicado pelo Pão de Açúcar e, provavelmente, próximo a Abilio Diniz, fundador e sócio-minoritário do GPA.

Controlador da Via Varejo, o GPA já havia solicitado que a empresa apresentasse tais gastos, mas a administração da controlada não o fez [3]. Casino, o sócio majoritário de GPA, e Abilio, em lados opostos em outras questões envolvendo a sociedade no Pão de Açúcar, se uniram para "acabar com a gastança", segundo uma fonte que acompanha as conversas com a família Klein.

São despesas computadas no balanço de uma companhia que vende muito, mas lucro pouco [4]. Via Varejo teve receita líquida de cerca de R$ 21 bilhões em 2011. E a soma de gastos de R$ 75 milhões equivale a quase 20% do lucro antes de juros e impostos do primeiro semestre de 2012 (R$ 406 milhões) e a quase quatro vezes o lucro líquido do período (R$ 20,2 milhões).

Na sexta-feira, representantes do Casino e Abilio foram preparados para barrar o plano dos Klein, de legitimar seus gastos em Via Varejo. Apresentaram votos escritos e fundamentados e, a partir de agora, tais despesas estariam suspensas.

O clima de constrangimento foi tamanho que, ao final, a própria família Klein votou contra o plano de despesas que havia sido apresentado. O assunto será submetido a um grupo de trabalho e depois, deve voltar à pauta.

Abilio Diniz, conhecido por seu temperamento exaltado em certas situações, manteve-se calmo durante a longa reunião do conselho, que teve início às 10 horas da manhã e durou até o fim da tarde. O único momento em que se alterou foi quando contestou a informação de que teria aprovado o que ele chamou de "despesas ultrajantes".

A apresentação do estudo preliminar da KPMG, que também prometia ser alvo de polêmica por ser o argumento central do questionamento dos Klein sobre o acordo de associação que criou a Via Varejo em 2010, acabou sendo suspensa. Nos últimos meses, a KPMG vem auditando novamente os balanços de Ponto Frio e Casas Bahia.

O presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, na posição de membro do conselho de administração da Via Varejo e representando os controladores, assumiu o comando da reunião nesse ponto. Disse que o tema da auditoria dos balanços de Ponto Frio e Casas Bahia não deveria ser discutido por se tratar de um levantamento ainda em fase de elaboração. Portanto, inconclusivo.

Em determinado ponto da reunião, a KPMG informou que iria apresentar um relatório das finanças de Bartira, fabricante de móveis controlada pelos Klein. O GPA foi contra por entender que é preciso finalizar toda a auditoria e não apresentar nada "picado". Seria preciso passar por um comitê financeiro antes de o relatório ser apresentado ao conselho. Pestana está recebendo suporte do Casino para enfrentar as polêmicas na empresa de eletroeletrônicos, apesar de o controlador francês do grupo ter se mantido afastado dessas discussões até o momento.

Apesar da união de forças entre Casino e Abilio nas questões da Via Varejo, em breve, os sócios devem ter um embate a respeito das mesmas despesas que o antigo controlador tem com o Pão de Açúcar. Por ano, Abilio gasta, em média, cerca de metade do valor gasto pelos Klein, com segurança e aeronaves [5]. Mas, diferentemente da família Klein, Abilio Diniz tem sinal verde do sócio francês, dos tempos anteriores às brigas. (...)


GPA avalia gastos da família Klein - 29 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Adriana Mattos e Graziella Valenti

[1] Já tinha lido em algum lugar que a reclamação da família Klein estava relacionada com esta troca. O texto confirma isto.
[2] Parece que a estratégia não deu certo.
[3] Eis um exemplo interessante de conflito de agência.
[4] Como é característico do setor. Neste caso, gastos como estes são críticos para aumentar ou diminuir a rentabilidade.
[5] A informação indica que os gastos são nebulosos também.

Ambiental

A partir de hoje, os investidores no mercado de ações contam com mais uma referência que pode contribuir para a escolha das empresas e alocação dos recursos em bolsa. Pela primeira vez, o "Carbon Disclosure Project" (CDP) classificou e pontuou as empresas brasileiras que apresentam a maior capacidade para estudar e administrar os impactos positivo e negativo das mudanças climáticas no universo dos seus negócios. (...)

Nessa primeira publicação, o CDP organizou duas listas. Na primeira, figuram as empresas com as notas mais altas no quesito "disclosure" (transparência). São elas: BM&FBovespa, Braskem, CPFL Energia, EDP - Energias do Brasil, Itaúsa, JBS, Marfrig, Petrobras, Santander Brasil e Vale. Essas companhias ganharam a maior pontuação entre as 52 que responderam ao questionário por demonstrarem uma compreensão mais lúcida sobre as consequências do aquecimento global sobre o seus empreendimentos e por relatarem isso com transparência.

Na segunda lista, ganharam destaque as empresas com as maiores notas no quesito "performance" (desempenho). São companhias que estão, segundo a metodologia do CDP, tomando medidas importantes como, por exemplo, colocar em prática processos de redução das emissões de gases de efeito estufa. Com exceção de Vale e Braskem, as companhias da primeira lista também figuram no segundo grupo, que traz ainda Cesp e Cemig.(...)

Do ponto de vista do investidor, iniciativas como essa são importantes para complementar o processo de 'valuation' (avaliação do valor das ações) feito por gestores e investidores, na opinião de Ricardo Torres, consultor e professor de finanças da BBS Business School. (...)

As empresas mais conscientes sobre os riscos ambientais - 29 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Karla Spotorno

29 outubro 2012

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Voo da Águia Real


Matias-Pereira é um autor conhecido da área de finanças públicas. Com diversos livros publicados sobre o tema, o professor da Universidade de Brasília, inclusive no Programa de Contabilidade, surpreende em lançar um livro não técnico. Trata-se d´O Voo da Águia Real (editora Livronovo, 2012. Aqui um vídeo de divulgação).

Nesta obra ele descreve a busca do conhecimento interior de um brasileiro que acabou de defender sua tese de doutorado. Para isto, o personagem principal, Mateus, resolve fazer o caminho de Santiago de Compostela, começando da França. O trajeto de Mateus mostra reflexões filosóficas e como fazer para ser uma pessoa melhor. Afinal, Mateus sentia-se vazio após sua defesa.

Ao começar a obra de Matias-Pereira, que possui uma grande cultura geral que aparece no seu texto, parecia que estava escutando o autor, que é meu colega de universidade. A profissão do autor como professor está nítida na obra, quando descreve didaticamente as cidades, as igrejas e a história do caminho. Isto pode às vezes prejudicar uma leitura mais rápida da obra, mas é um atrativo para aqueles que gostam de caminhar e querem buscar o sentido da vida, que por sinal é o subtítulo da obra.

A partir do capítulo 17 a obra ganha um dinamismo interessante, que sofrerá uma reviravolta surpreendente no capítulo 45. 

Custo de um Estádio

Observe a tabela a seguir:
São 16 estádios que foram construídos para competições esportivas. Ao lado de cada estádio tem-se o custo em milhões de dólares da sua construção. Logo após, a capacidade de cada arena.

A seguir, um índice de utilização, sendo quanto maior melhor. Este índice deveria ser de 50 ou mais. É possível notar que a maioria dos estádios é subutilizada, incluindo o famoso Allianz Arena, do Bayern de Munique. Este índice é calculado dividindo a quantidade de pessoas que frequentaram o estádio pela capacidade. O Turner Field teve, em 2010, um número de pessoas frequentando aquela arena que corresponde a 50 vezes sua capacidade.

A última coluna é a relação entre o custo e a capacidade. A média é de 7,04, indicando que cada assento custa 7,04 mil dólares.

O estádio do Maracanã terá uma capacidade de 76 mil lugares. Com base neste valor, o custo estimado para o estádio seria de 535 milhões de dólares, que corresponde a 1,1 bilhão de real (câmbio de 2,02). Este valor é bem próximo ao valor estimado do estádio. O Mané Garrincha, de Brasília, com 70 mil lugares, ficaria por 1 bilhão. A tabela a seguir faz o cálculo para os estádios da Copa:
Ou seja, os dez estádios teriam um custo estimado de 4,1 bilhões de dólares.

A análise acima mostra que talvez o custo da copa não esteja tão "superfaturado". Mas dois cuidados com esta conclusão: o custo realizado pode aumentar, igualando ou ultrapassando o valor estimado aqui; e o uso dos estádios deve estar bem abaixo dos valores de outros estádios após o término da Copa.


O monge e a felicidade



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Consultoria

A empresa INDG decidiu mudar o nome para Falconi Consultores de Resultado, segundo informa o Estado de S Paulo (Mudança de ares no INDG, 29/10/2012). A empresa de consultoria é um gigante: faturamento de 300 milhões de reais, com mil empregados. É conhecida por ter ajudado a Brahma, Gerdau, governo de Minas e outras entidades.

O texto só esquece que Falconi estava no conselho da Sadia.

Valor de Mercado

Eis texto do Estado de S Paulo:

Para especialistas, Petrobrás e Vale estão sendo mais castigadas pelo mercado que as concorrentes globais como reflexo de fatores domésticos resumidos como "intervencionismo estatal" aos olhos do investidor.
No caso da Petrobrás, a política de reajuste de combustíveis, que impede a equiparação de seus preços ao patamar internacional, é a crítica mais óbvia. Mas a lista engloba também a operação de capitalização da companhia e o marco regulatório que a tornou operadora exclusiva dos campos do pré-sal.
Do lado da Vale, à queda da cotação do minério de ferro pela menor demanda externa e entraves em projetos internacionais como Simandou, na Guiné, se somam dificuldades com licenciamento ambiental no País. E também questões tributárias, como a briga bilionária com o governo pelos royalties da mineração.


Petrobrás e Vale são castigadas pelo mercado - 28 de Outubro de 2012 - Mariana Durão

Observe o gráfico com o valor de mercado da Vale do Rio Doce:


O gráfico com o valor de mercado da Petrobrás encontra-se a seguir:


O texto do jornal comenta a perda de valor das duas empresas. Mas é possível observar que o atual valor das empresas está no mesmo patamar do final de 2007. (É bem verdade que ocorreu uma grande capitalização da Petrobras no período).

Contabilidade e Fisco

(...) Segundo fontes consultadas pela CAPITAL ABERTO, o Fisco abandonou o desenvolvimento do Livro de Ajustes da Convergência (LAC), que calcularia os tributos a serem pagos antes mesmo da confecção dos balanços societários. O RTT foi criado em 2008, logo após a Lei 11.638 introduzir na Lei das S.As. a adoção dos padrões contábeis internacionais (IFRS, na sigla em inglês). Seu objetivo era neutralizar os possíveis impactos fiscais decorrentes da mudança.

No lugar do LAC, a Receita desenvolve agora uma versão renovada do atual Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). Nesse modelo, a companhia parte do balanço societário para calcular o lucro tributável. Na nova versão, o livro incorporaria algumas novidades da contabilidade internacional e teria um formato mínimo padrão para todas as empresas. "Se fosse adotado o LAC, teríamos uma contabilidade amarrada a uma lei fiscal, o que seria um retrocesso", comenta Roberto Haddad, sócio da KPMG no Brasil. Eliseu Martins, professor de contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) e ex–diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é outro defensor do Lalur. O modelo, segundo ele, evita problemas decorrentes da adaptação de sistemas e impõe menos custos para as companhias.


Fonte: Revista Capital Aberto via aqui

Uma proposta para as auditorias: deixar de ser obrigatória

No mês passado, uma comissão de investigação do Senado colocou atenção sobre a forma como a empresa de contabilidade Ernst Young LLP ajudou a Hewlett-Packard (HP) em truques de uso e lacunas para evitar impostos sobre os milhões de dólares de lucros escondidos no exterior.

O programa envolveu transferências de dinheiro através da Ilhas Cayman, bem como operações estruturadas para fazer distribuição de dinheiro para os EUA a partir de subsidiárias offshorek, parecendo empréstimos não tributáveis. Ernst  Young não é apenas um consultor fiscal para a HP, que também é auditor externo da fabricante de computadores.

Isso significa que a Ernst  Young teve a opinar sobre se a HP representaram devidamente os efeitos financeiro nos relatórios da Ernst  Young, a consultoria tributária. Este duplo papel - auditor dos livros, além de conselheiro sobre a forma de contornar as leis tributárias - é permitido sob as regras estadunidenses, mesmo que isto resulte em empresas de auditoria auditarem seu próprio trabalho. Essa não é a pior parte, no entanto.

(...) A noção de auditoria "independente" é uma piada mesmo. O cliente paga a empresa de auditoria pelo parecer.

"Eu simplesmente não vejo qualquer outra estrada viável para ir para baixo neste momento", disse Turner [contador chefe da SEC até 2001]. "Nós tentamos auto-regulação. Tentamos a SEC como um regulador. E tentamos o Public Company Accounting Oversight Board como um regulador. E nada funcionou. Então vamos voltar para uma solução de mercado."

Eis o que ele recomenda: Fim do mandato de auditoria, e exigir que os acionistas ser convidados a votar em ter uma auditoria. Ele sugere a cada três anos, ou antes, quando uma empresa muda CEOs. Se os acionistas dizer sim, a nomeação do auditor pelo comitê de auditoria teria que ir para o voto dos acionistas de cada ano. Ratificação dos acionistas de auditores atualmente não é obrigatória. (...) 


Don’t Cram Audits Down Investors’ Throats - Bloomberg - Weil

Eis uma solução interessante: a auditoria seria opcional para a empresa.

BMG

Apesar do reconhecimento alcançado pelo patrocínio no futebol, o BMG nunca deixou de ser conhecido como o "banco do mensalão". No dia 15, a juíza Camila Franco e Silva Velano, da 4.ª Vara da Justiça Federal em Minas, condenou Ricardo Guimarães, seu pai, Flávio Pentagna Guimarães, e outros dois diretores do banco - João Batista de Abreu e Márcio Alaor de Araújo - por gestão fraudulenta de instituição financeira, em processo desmembrado do mensalão.

Segundo a sentença, o BMG financiou o esquema de corrupção com empréstimos no valor total de pelo menos R$ 43,6 milhões ao ex-presidente do PT, José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e três pessoas ligadas a ele. Em contrapartida, de acordo com a decisão, o banco mineiro ganhou exclusividade para fornecer empréstimos consignados a pensionistas e aposentados do INSS.


Estado de S Paulo - 28 de outubro de 2012

O mesmo jornal informa que o BMG patrocina seis times da série A (Santos, Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG, Cruzeiro e Coritiba) do Campeonato Brasileiro. Os valores são de 65 bilhões de reais. Além disto, o BMG emprestou para diversos times: São Paulo (R$ 65,5 milhões), Palmeiras (R$ 45,5 milhões), Flamengo (R$ 40,7 milhões), Vasco (R$ 38,9 milhões), Corinthians (R$ 24,8 milhões), Fluminense (R$ 22 milhões) e Santos (15,3 milhões), totalizando R$ 253 milhões.

28 outubro 2012

Rir é o melhor remédio

O preço não se baseia no custo.

Fonte: Aqui

Artigo falso aceito para publicação


Nem todas as revistas científicas que encontramos em bancas são confiáveis. Criadores de uma ferramenta online chamada Mathgen, que gera automaticamente trabalhos matemáticos cheios de frases aleatórias, queriam descobrir até que ponto as publicações científicas são verídicas.

Eles enviaram um artigo falso criado por computador a revista de estudos matemáticos Advances in Pure Mathematics, e voilà: apenas dez dias depois, a obra foi aceita para publicação.

Os editores da revista pediram apenas alguns pequenos esclarecimentos à autora do artigo, que, por sua vez, não existe. A obra seria de autoria de uma inexistente professora de matemática chamada Marcie Rathke, da também inexistente Universidade do Sul da Dakota do Norte em Hoople.

No entanto, apesar do estudo falso ter sido aprovado, a revista impõe uma taxa de publicação de cerca de US$ 500 (R$ 1.000). E certamente a professora Marcie Rathke não vai ter fundos suficientes para essa despesa… Triste, não é? O texto completo que foi aceito na revista está disponível em PDF aqui (em inglês). Produza você mesmo o seu artigo matemático sem sentido no Mathgen.


Fonte: Hyperscience

O papel do professor

O objetivo da educação? Criar alegria de pensar.

Compartilho o vídeo porque a paixão que o Rubem Alves tem pela educação inspira!


Via Varejo

Sobre o desempenho da Via Varejo (antiga Casas Bahia), um trecho interessante da análise do Valor:

O Valor notou um crescimento expressivo e contínuo do total de contingências fiscais, cíveis e trabalhistas classificadas como de perda possível. A empresa não precisa constituir provisão para essas disputas, sendo necessário apenas a divulgação dos valores envolvidos, quando é possível estimá-los.

Ao fim de junho deste ano, essas causas somavam R$ 835 milhões, contra menos de R$ 300 milhões ao fim de 2010.

Não é possível precisar a cifra em disputa em dezembro de 2010 porque a Via Varejo tem corrigido dados do passado quando apresenta novos balanços.

Quando divulgou o balanço de 2010, a empresa disse que os processos de perda possível somavam R$ 264 milhões. Ao divulgar os resultados do ano seguinte, informou que as contingências ao fim de 2011 somavam R$ 493 milhões e que, em dezembro do ano anterior, eram de R$ 293 milhões (acima, portanto, dos R$ 264 milhões divulgados um ano antes).

Agora em junho, ao relevar que as contingências de perda possível alcançaram a cifra de R$ 835 milhões, a empresa diz que, em dezembro de 2011, esses processos somavam R$ 750 milhões - valor bem superior aos R$ 493 milhões divulgados na versão anterior.

O Valor também identificou que, quando apresentou seu balanço de 2011, a Via Varejo corrigiu o demonstrativo referente ao ano anterior e aumentou a provisão para perdas com contingências judiciais em R$ 44 milhões.

Na primeira versão do balanço, apresentada no início de 2011, essa conta do passivo somava R$ 109 milhões ao fim de dezembro de 2010. Um ano depois, o saldo do ano anterior divulgado para comparação subiu para R$ 153 milhões. Como contrapartida, foi elevada a conta de depósitos judiciais, no ativo, no mesmo montante de R$ 44 milhões. Nada transitou pelo resultado.

Nas notas explicativas do balanço de 2011, a Via Varejo disse, genericamente, que tinha feito reclassificações no balanço de 2010. Mas não detalhou quais eram, nem os motivos.

A diferença de R$ 44 milhões pode não ser significativa quando se olha o tamanho do ativo da empresa ao fim de 2010, que somava R$ 9,8 bilhões.

Mas é representativa tendo em conta o resultado líquido apurado no exercício de 2010, que foi negativo em R$ 65 milhões.

Procurada, a empresa não esclareceu o motivo da correção na conta de provisões, nem explicou o aumento nas contingências de perda possível, que quase triplicaram em um ano e meio. A companhia apenas enviou nota dizendo que "tem suas demonstrações financeiras preparadas de acordo com as regras e normas contábeis, sendo essas demonstrações auditadas pela Ernst  Young Terco".


Via Varejo registra baixo retorno e disparada de processos judiciais - Valor - 26 de outubro de 2012 - Fernando Torres

Custos e medicina

Você já foi ao consultório médico e saiu de lá com pedidos de exames que considerou descenessários? Eu não sou médica, aliás, adio o máximo possível a minha visita a um especialista (a não ser ao oftalmologista – míopes, uni-vos), mas acredito possuir uma capacidade mínima para julgar a necessidade, ou não, de certos tratamentos de saúde.

Quando eu descobri a existência de exames periódicos anualmente obrigatórios quase dei um chilique interno. No dia em que me entregaram um encaminhamento para o cardiologista (que inicialmente só era obrigatório a partir dos 30) senti o meu tempo desrespeitado. Quando cheguei ao tal cardiologista (após ouvir uma bronca sobre como eu era muito nova para estar ali), além do eletrocardiograma (parte obrigatória dos exames periódicos) o tal doutor ainda acrescentou um teste ergométrico, aí eu fiquei ponderando a possibilidade deu me rebelar e ainda assim conseguir ter o meu relatório carimbado e preenchido por ele.

Antes que vocês me deem uma bronca, acho importante salientar que pesquisas demonstram uma grande variação na forma como os médicos diagnosticam e tratam os pacientes em condições médicas similares, refletindo custos médicos ineficientes e desnecessários.

Então vamos aproveitar para discutir o trabalho “Accounting and Medicine: An Exploratory Investigation into Physicians’ Attitudes Toward the Use of Standard Cost-Accounting Methods in Medicine” dos autores Greg M. Thibadoux, Marsha Scheidt e Elizabeth Luckey publicado no Journal of Business Ethics em 2007.

Os pesquisadores da área de saúde têm estudado formas de reduzir as variações existentes entre as práticas de cada médico com base em certa padronização – objetiva-se reduzir custos de tratamento ao mesmo tempo em que garanta a qualidade.
Nos Estados Unidos existem diretrizes denominadas Evidence Based Best Practices (EBBP – Melhores Práticas Baseadas em Evidências), fundamentadas em resultados de estudos científicos que fornecem evidências sobre como atingir o melhor resultado da maneira mais custo-eficiente.

Os responsáveis pelo fornecimento de tratamentos na área da saúde investigam formas de “amarrar” a utilização de recursos aos protocolos médicos, na tentativa de monitorar e controlar os custos. Sim, é considerada uma atitude controversa já que reportam e destacam as práticas de cada médico (como o número de testes solicitados e a adoção de terapias específicas) e podem influenciar abordagens clínicas.

Assim, o objetivo do estudo em questão foi a análise da percepção dos clínicos sobre a ligação entre um sistema de custos padronizados de acordo com as diretrizes EBBP. Para isso, os autores questionaram a nove médicos quais as reações e preocupações que advinham da combinação entre os custos e a diretrizes. As respostas mais importantes foram as categorizadas em “centrada em ética”, ou “preocupada com a implementação e utilização do sistema baseado em custos relativamente a EBBP”.

As questões éticas foram citadas com mais frequência. Dos nove profissionais envolvidos, oito demonstraram preocupação sobre as implicações éticas da utilização de custos padronizados na medicina. Um participante afirmou que se os relatórios dos médicos forem utilizados apenas como base de dados financeiros, não há problema. Todavia, o problema surge caso a administração utilize essa base para se envolver de forma a repreender ou controlar a equipe médica. Ademais, uma variância positiva nos custos pode significar não uma melhoria, mas sim tratamento inadequado.

Se por um lado custos meenores de atendimento deixarão montantes disponíveis para investimentos em outras opções, tal como a melhoria da aparelhagem hospitalar, há de se ponderar sobre os benefícios que a padronização de atendimentos a saúde trarão. Apesar de claramente deixarem os custos dessa área mais eficientes, é necessário atentar às possíveis consequências para os pacientes e à qualidade do atendimento médico após a adoção dessas medidas.


27 outubro 2012

Off Topic: Apoio Emocional

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos últimos 45 anos, a taxa de suicídio cresceu 60% no mundo. Isso significa que, a cada ano, um milhão de pessoas tiram a própria vida – uma taxa de mortalidade de 16 por 100 mil habitantes, ou o mesmo que uma morte a cada 40 segundos. A notícia fica ainda pior por conta da expectativa de que esse número dobre até 2020.

Segundo dados da OMS, ao longo da vida, 17,1% dos brasileiros “pensaram seriamente em por fim à vida”, 4,8% chegaram a elaborar um plano para tanto, e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio.

A média brasileira é de 25 suicídios por dia, número só inferior ao de mortes no trânsito e homicídios. Vale lembrar que o número real de suicídios pode ser bem maior, visto que muitas vezes estes casos são relatados como mortes acidentais.

Esses dados assustadores vêm acompanhados de um pedido da OMS para que os governos tratem esse problema de forma urgente.

Se o número de suicídios é alto, o número de tentativas é 20 vezes maior: 5% da população mundial vai tentar tirar a própria vida pelo menos uma vez durante sua existência. Isso torna o suicídio a maior causa de mortes evitáveis no mundo, matando mais que os homicídios e as guerras (somados).

A situação também é mais comum em países mais pobres, que também são os países menos preparados para prevenir o suicídio. Isso não significa que não tenha gente engajada em melhorar a qualidade de vida dos suicidas.

O CVV (Centro de Valorização da Vida), por exemplo, é uma das organizações não governamentais (ONG) mais antigas do Brasil. Essa instituição, fundada em 1962, se baseia essencialmente no trabalho voluntário de milhares de pessoas distribuídas por todas as regiões do Brasil.

A missão do CVV, como seu nome sugere, é valorizar a vida. Sua principal iniciativa é o Programa de Apoio Emocional realizado por telefone, chat, e-mail, VoIP, correspondência ou pessoalmente.

“Oferecemos apoio emocional, com o objetivo de valorizar a vida de todas as pessoas, prevenindo, assim, que estas pensem em tirar suas próprias vidas”, conta Adriana Rizzo, voluntária do CVV, que também faz parte da equipe de divulgação da ONG.

O atendimento é gratuito e funciona 24 horas na maioria das cidades em que há um posto CVV. As pessoas podem conversar sobre todos os assuntos que considerarem importantes pra elas.

Como o serviço é anônimo, o CVV não tem identificador de chamada e os voluntários não pedem dados pessoais dos que buscam ajuda, é difícil colocar em números quantas vidas foram salvas pelo programa. Mas que muitas já foram, não há dúvida.

“Algumas pessoas que buscam nosso atendimento voltam a nos procurar para agradecer, mas isto não é esperado nem exigido por nós. Em época de fim de ano, elas nos procuram para agradecer e desejar um feliz natal, feliz ano novo”, diz Rizzo.

No quê o programa da CVV se baseia? Rizzo explica que o trabalho da ONG é eficaz porque se baseia em uma necessidade humana básica, que é a de se comunicar. “Sabemos que quando alguém não se comunica com outras pessoas, não tem esta oportunidade, os acontecimentos do dia a dia vão se acumulando e por vezes isto pode levar ao isolamento, depressão e pensamentos suicidas”, afirma.

A voluntária acredita que conversando e compartilhando suas dores e alegrias, as pessoas se sentem compreendidas, melhores e mais leves para continuar a viver.

Esse “senso comum”, aliás, tem base científica. A ciência está cheia de exemplos de situações nas quais os laços sociais desempenharam um fator muito importante na saúde e bem-estar físico e mental das pessoas.

Por exemplo, um estudo mostrou que pessoas com círculo social limitado (poucos amigos íntimos) tornam ou veem seus problemas maiores do que realmente são. Outra pesquisa sugeriu que relações sociais são tão importantes para a saúde como outros fatores de risco comuns, como tabaco, exercício físico e obesidade.

Já outros tipos de estudo fizeram associações entre a família e amigos e como isso ajudou as pessoas a superarem problemas. O suporte de um amigo, por exemplo, pode ajudar alguém a perder peso. O apoio da família é capaz de ajudar uma adolescente anoréxica a se recuperar melhor e mais rapidamente. Uma família amorosa pode ser fundamental para o bom desenvolvimento cerebral de uma criança no início da vida, assim como ser sociável na infância leva a felicidade na vida adulta.

Esses são só alguns exemplos de como a comunicação, o apoio e os laços sociais são importantes para nos manter saudáveis. O CVV pode não estar fazendo ciência de propósito, mas com certeza está colaborando para a vida humana.

Voluntariando

Achou o serviço interessante? Gostaria de se voluntariar? Os voluntários da CVV são pessoas comuns, com mais de 18 anos, que não precisam ter nenhuma formação especial, apenas vontade de ajudar alguém.

Se quiser entrar para o programa, basta participar de um curso gratuito para seleção de voluntários que acontece em todos os postos de atendimento do Brasil, várias vezes ao ano. Veja os endereços dos postos.

Se você precisa de ajuda, escolha a forma de comunicação que mais lhe agrada e entre em contato com a ONG. Você será atendido por um voluntário com o maior respeito e anonimato. Eles não estão lá para lhe aconselhar ou julgar, mas sim para lhe ouvir.

Os voluntários são devidamente treinados para conversar com qualquer pessoa que procure ajuda e apoio emocional e guardarão estrito sigilo sobre tudo que for dito, independente do meio selecionado.

Quer mais informações? Acesse o site da CVV, ou siga a instituição no Facebook ou Twitter.


Fonte: Hyperscience

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana

Fato: A questão não  resolvida da adoção das normas internacionais de contabilidade nos Estados Unidos

Qual a relevância disto? A maior economia do mundo fez em 2002 um acordo com o Iasb para promover a convergência. Nos últimos anos alguns projetos foram desenvolvidos em conjunto, mas os últimos meses tornou evidente que o maior mercado de capitais não irá adotar as IFRS tão cedo. Assim, as três maiores economias do planeta não usam as “normas internacionais”.

Em julho uma equipe da SEC fez um relatório apontando uma série de problemas com estas normas. É importante destacar que é a SEC, a entidade que regula o mercado de capitais estadunidenses, que delega para o Fasb a normatização contábil. Assim, o relatório era uma ducha de água fria nas pretensões do Iasb em ter os Estados Unidos como parceiros. Além disto, a equipe não sinalizou para um cronograma de adoção das normas, que era esperado pelos mais otimistas.

No início da semana ficou claro que os problemas eram inclusive operacionais. A Compliance Week lembrou que até o momento a SEC nãotinha aprovado a taxonomia XBRL das IFRS. Em termos práticos, isto pode inviabilizar que empresas estrangeiras com ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos possam usar as IFRS. Esta, por sinal, foi uma grande conquista para o Iasb.

Na metade da semana uma frase da presidente do Fasb parecia sugerir que as coisas voltariam ao normal.
Mas no final de semana saiu um relatório resposta do Iasb para as críticas que foram feitas pela SEC em julho. Mais de três meses depois: parece até que a entidade londrina teve dificuldade de responder as críticas que foram feitas pela SEC.

Este relatório cita o Brasil para afirmar que é possível fazer a convergência desde que se tenha vontade política e que os custos do processo não são tão elevados.

O fato da semana diz respeito a todo processo da convergência internacional.

Positivo ou negativo? – Depende da posição de cada pessoa. Para os defensores da convergência a semana não foi boa no saldo final: aparentemente os Estados Unidos estão ainda muito distantes da convergência. E estão pouco entusiasmados.

Desdobramentos – Teremos que esperar até a finalização do processo eleitoral dos Estados Unidos. 

Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão no comentários.

1 – A questão do rodízio das empresas de auditoria, impedindo que um mesmo auditor trabalhe durante muito tempo na empresa, foi discutida esta semana por uma entidade fiscalizadora:

IFRS
IOSCO
PCAOB

2 – Esta entidade registrava na contabilidade a concessão de empréstimos para terceiros e os recursos não eram liberados:

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

3 – As empresas Deloitte e KPMG foram notícia esta semana e, pasme positiva.

Consideradas as melhores empresas em termos de salários de executivo
Eleitas empresas com melhores programas de estágio
Estão na lista de empresas inovadoras em termos tecnológicos

4 – Nesta semana a CVM

Assinou um convênio de cooperação com a SEC japonesa
Iniciou processo contra os executivos do Panamericano
Passou a ter oficialmente um novo presidente

5 – Insider trading, gestão fraudulenta, caixa 2, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro são alguns dos crimes atribuídos aos executivos do

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

6 – Investimento com rentabilidade muito acima do mercado deveria gerar desconfiança. Os papeis de um fundo chamado V55 rendia a variação da inflação mais 13% ao ano. Apesar de que “quando a esmola é demais, o santo desconfia”, este santo não desconfiou:

Comissão de Valores Mobiliários
Fundos de Pensão Petros
Secretaria do Tesouro Nacional

7 – A empresa está finalmente reconhecendo perdas referentes aos royalties de mineração:

Companhia Siderúrgica Nacional
Petrobras
Vale do Rio Doce

8 – Uma apuração do custo de “produção” da princesa Kate, incluindo vestido, cosmético e bronzeamento, mostrou que

É possível ser tão bonita quanto a  Kate com pouco dinheiro
O maior custo é o da manicure semanal
Somente alguém com muito dinheiro pode gastar o montante estimado

9 – As operações de repasse do Tesouro para o BNDES estão sendo lembradas a algo que existiu até a década de oitenta no Brasil:

Conta movimento do tesouro
Emissão de moeda pelo Banco Central
Operação contábil sem o registro no Siafi

10 – Este escritor famoso foi prefeito no interior do país e chegou a produzir dois relatórios de prestação de contas, lembrados pelo valor literário.

Carlos Drummond de Andrade
Graciliano Ramos
Machado de Assis