Translate

31 agosto 2012

Prêmio de Física Fundamental


Magnata cria prêmio e distribui US$ 27 milhões para nove pessoas
O Globo com The New York Times, 2/08/2012


Física, área que antes dava recompensas modestas, hoje tem mecenas milionários.
Os físicos raramente são ricos ou famosos, mas um novo prêmio que recompensa as pesquisas de ponta na área fez de nove deles milionários. Eles receberam o Prêmio de Física Fundamental, criado por Yuri Milner, um ex-estudante de física russo que abandonou a faculdade em 1989 e ganhou bilhões investindo em empresas da internet como Facebook e Groupon.

"Eu perdi o chão, fiquei pasmo", disse Alan H. Guth, professor de física do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e um dos vencedores, que teve a ideia da inflação cósmica, um período de rápida expansão nos primeiros instantes do Universo.

Quando foi informado do prêmio de US$ 3 milhões, Guth presumiu que o dinheiro seria dividido entre os ganhadores. Mas não: em vez disso, cada um dos nove agraciados recebeu US$ 3 milhões, o maior prêmio científico do mundo. O Nobel concede US$ 1,2 milhão e normalmente é dividido entre duas ou três pessoas. Já o Prêmio Templeton, que honra contribuições para a compreensão das dimensões espirituais, teve a maior remuneração dada a um indivíduo, US$ 1,7 milhão este ano. Os US$ 3 milhões já estão na conta bancária de Guth, que antes tinha um saldo de US$ 200. "De repente eu tinha US$ 3.000.200,00", contou.

Milner disse que queria reconhecer os avanços nos mais profundos mistérios da física e do Universo. "Esta saga intelectual para entender o Universo nos define como seres humanos".

Quatro dos físicos são do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos EUA: Nima Arkani-Hamed, Juan Maldacena, Nathan Seiberg e Edward Witten. Eles investigam partículas e forças básicas do Universo com um instrumento matemático conhecido como Teoria das Cordas. Os outros ganhadores são Andrei Linde, físico da Universidade de Stanford que também trabalha com a inflação cósmica; Alexei Kitaev, professor de física do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que estuda computadores quânticos; Maxim Kontsevich, matemático do Instituto de Estudos Avançados nos arredores de Paris, cujas descobertas na abstração matemática se mostraram muito úteis para a compreensão da Teoria das Cordas; e Ashoke Sen, teórico no campo da Teoria das Cordas do Instituto de Pesquisas Harish-Chandra, na Índia.

Milner selecionou o grupo inaugural de ganhadores, mas os futuros agraciados do Prêmio de Física Fundamental, que será concedido anualmente, deverão ser escolhidos pelos vencedores anteriores. O bilionário não quis detalhar como escolheu os feitos que decidiu honrar ou porque todos os ganhadores são homens. "Daqui para frente, ficará a cargo do comitê tomar essa decisão", disse Milner.

Pelas regras, o prêmio nos próximos anos pode ser dividido entre múltiplos vencedores, e um pesquisador poderá recebê-lo mais de uma vez. Milner também anunciou que haverá um prêmio de US$ 100 mil para o jovem pesquisador mais promissor. E diferentemente do Nobel de Física, o Prêmio de Física Fundamental poderá ser concedido a cientistas cujas ideias ainda não foram confirmadas, o que frequentemente demora décadas para acontecer. Algumas vezes, uma ideia radical "realmente merece reconhecimento logo porque expande nossa compreensão", defendeu Milner.

Cost Overrun

Do Contas Abertas (via Histórias Contábeis) sobre o orçamento das olimpíadas Rio:

Como aponta o jornalista esportivo José Cruz, “depois que o Brasil ganhou, o orçamento precisou passar por uma atualização. E é isso que o COJO, novamente com os técnicos brasileiros, está realizando. O objetivo é evitar críticas semelhantes às que surgiram por ocasião dos Jogos Panamericanos de 2007, quando o primeiro orçamento, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, ficou em torno de R$ 470 milhões e o evento acabou custando R$ 3,4 bilhões”.

Entretanto, a projeção ainda  não foi realizada:

(...) Para o jornalista José Cruz, que vem acompanhando a questão,“o atraso se deve à complexidade desses orçamentos e à inexperiência do Brasil em apurar um orçamento do tipo. Nós não temos experiência em orçamentos de grandes eventos internacionais, ainda mais em duas moedas – temos que fazer isso em real e transportar depois para dólar – e projetar tudo para 2016. Por isso que entram técnicos de outras áreas, do governo inclusive, para projetar os valores de hoje para 2016”. E acrescenta: “O simples fato de nós termos realizado o Panamericano não quer dizer que a gente tenha aprendido tudo. O Pan tinha 24 modalidades esportivas, agora nós vamos ter 30. O Pan era para 4 mil atletas, agora nós vamos ter 10 mil. O Pan era continental, agora nós vamos ter 202 países representados”, afirmou.

Já comentamos tanto isto, mas nunca é demais: lembre-se do conceito de cost overrun.

Computação nas Nuvens

Uma pesquisa com mil pessoas descobriu que mais da metade acreditava que o mau tempo poderia afetar a computação nas nuvens.

Linguagem acessível


Eis uma medida interessante da CVM: exigência de linguagem clara, objetiva, concisa e simples:

Se ainda é considerada complexa, alinguagem utilizada pelas empresas nos comunicados disponibilizadospela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) teve a sua estrutura modificada por meio da instrução nº480 para dar mais clareza as declarações. Essa instrução aborda a divulgação de informações periódicas, como os formulários de referência.
O artigo 15 desta instrução define que "todas as informações divulgadas pelo emissor devem ser escritas em linguagem simples, clara, objetiva e concisa".

Linguagem mais acessível na CVM atrai investidores - 29 de Agosto de 2012 - Brasil Econômico Online

(Foto com Paulo Gracindo, na pele de Odorico Paraguaçu)

Estoques como indicador econômico


Já comentamos anteriormente que o volume de estoques, dos balanços das empresas, é um excelente índice do comportamento da economia. Os últimos balanços mostraram que o lento crescimento trouxe um aumento nos estoques:

(...) No entanto, as empresas ainda não conseguiram se livrar de uma herança deixada pelo desaquecimento do consumo: os níveis de estoques, em reais ajustados pela inflação, são os maiores desde o fim de 2008, no pico da crise financeira que paralisou a economia mundial.
Um levantamento com dados de 200 companhias de capital aberto feito pelo Valor com base em dados da consultoria Economática mostra que os estoques chegaram a R$ 141,58 bilhões no fim de junho, 8% maior que o volume de doze meses antes.
Em termos absolutos, o valor de junho é 14% maior que o de dezembro de 2008, em números deflacionados. No entanto, numa comparação com o total do ativo circulante (onde fica a conta dos estoques no balanço patrimonial), os estoques deste ano representavam 23,2% do ativo, enquanto em 2008 essa relação era maior, de 25%. Ainda assim, a relação deste ano é a segunda maior da série. (...)

Estoques chegam a patamares recordes com desaceleração - 29 de Agosto de 2012 - Valor Econômico - Daniela Meibak

30 agosto 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Financiamento do Iasb

O maior obstáculo para a adoção IFRS para as empresas abertas dos EUA pode ser o financiamento do IASB.
(...) A preocupação com esse modelo é que ele deixa a percepção de que as organizações que fornecem financiamento para o Iasb poderia tentar influenciar as normas de contabilidade.
Enquanto isso, a Lei Sarbanes-Oxley de 2002 exige que o corpo normas contábeis de ajuste para as empresas dos EUA ser financiado através da cobrança de taxas dos emissores de títulos dos EUA. Atualmente, essas taxas fornecem a maior parte do financiamento para a Financial Accounting Foundation, a empresa-mãe da FASB.
Mas a SEC não pode atuar como um arrecadador para uma organização privada, e o pagamento para o IASB poderia ser visto como um subsídio estrangeiro.
"A comissão pode ser limitada de financiar diretamente a Fundação IFRS sem uma dotação do Congresso", afirma o relatório.
Entretanto, embora a Fundação IFRS ter aumentado o financiamento de fontes independentes, cerca de 25% de suas doações esperadas para 2012 serão provenientes de sete das maiores empresas de contabilidade, de acordo com o relatório da SEC.
Isto é visto por alguns como uma barreira para a verdadeira independência do IASB e do seu processo de normalização.
Fonte: Aqui

Clinton

Desenvolvimento econômico com sustentabilidade foi o tema principal da palestra ministrada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, programação que encerrou os trabalhos desta segunda-feira (27) no 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade. O palestrante relatou por mais de uma hora sobre sua experiência à frente da maior potência econômica mundial e os exemplos de sustentabilidade que vêm alavancando a economia de alguns países. (...)
A contabilidade honesta a que Clinton se refere é a administração dos custos e a avaliação no processo de tomada de decisões, levando em consideração as consequências delas para a sociedade. Hoje o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, principal exportador mundial e líder internacional em matéria de biocombustíveis. Segundo Bill Clinton, o país deve planejar como manter essa estabilidade, a longo prazo, de forma sustentável. “O Brasil pode firmar parceria com países menos desenvolvidos para o plantio da cana de açúcar, como o Haiti, país que conhece bem a ajuda brasileira, infelizmente por conta do terremoto que devastou o país a alguns anos”, sugere Clinton. (...)
Via Vladmir Almeida.


Recentemente assistindo um episódio de The Newsroom (série da HBO. Já assistiu? Vale a pena, muito) a personagem Sloan Sabbith (interpretada por Olivia Munn, foto) lembra que foi Clinton o responsável pela revogação da Lei Glass-Steagall. Esta lei criava uma barreira entre os bancos comerciais e os bancos especuladores. A lei era da época da crise econômica de trinta, ou seja, do governo Roosevelt. Ao revogar a lei, Clinton abriu as portas para uma crise, que ocorreu em 2008. Assim, é estranho ele falar em estabilidade de longo prazo ou de contabilidade honesta. É algo próximo ao próprio Clinton falar no nono mandamento.

Novo Presidente da CVM

Em um processo que levou poucos minutos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Leonardo Pereira teve seu nome aprovado, nesta quarta-feira, para a presidência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A aprovação foi unânime. Dezoito senadores participaram da escolha. O nome de Pereira deverá ir a plenário ainda nesta quarta-feira.
Realizada na segunda etapa da reunião da CAE, a sabatina foi esvaziada. Após a votação da primeira parte da reunião, apenas cinco senadores permaneceram na sala. Só os senadores Lobão Filho e Eduardo Suplicy fizeram perguntas genéricas sobre o mercado de capitais brasileiro a Pereira.
O executivo afirmou que o mercado brasileiro ainda tem poucas centenas de companhias abertas, enquanto outros países têm mais de 4 mil. "Para ter pessoas investindo no Brasil precisamos de duas coisas importantes e simples: confiança e transparência. O mercado precisa ser desenvolvido", disse.
Na abertura da sessão, Pereira falou de sua experiência de 30 anos no mercado de capitais, ressaltando sua passagem por companhias abertas como a Net e a Gol e lembrando que algumas das empresas passaram por processos de adequação ao regime contábil do IFRS - as normas internacionais de contabilidade - e emissão de títulos no mercado de capitais.
"Tudo isso me deu conhecimento prático nas áreas em que a CVM atua, em transparência e governança. Isso me deu oportunidade de lidar com questões nesse campo e tomar decisões concretas quando necessário", disse, afirmando que essas experiências o credenciam à CVM, classificada por ele como "fiadora das boas práticas de governança". Pereira preferiu não falar com a imprensa antes da aprovação do seu nome pelo plenário. Ele também não respondeu a uma pergunta do senador Lobão Filho sobre o grande número de processos judiciais questionando decisões da CVM, mas prometeu analisar a questão após tomar posse.

Leonardo Pereira é aprovado para presidir a CVM - Agência Estado
Por Mariana Durão

Microempreendedor



Fonte: Exame

Como reduzir a criminalidade

Quando pergunto às pessoas como poderíamos reduzir a criminalidade na sociedade, elas em geral sugerem colocar mais policiais nas ruas e aplicar punições mais severas para os infratores. Quando pergunto aos CEOs de empresas o que fariam para resolver o problema de furtos internos, fraudes, pedidos exagerados de reembolso de despesas e sabotagem (quando os empregados agem para prejudicar os empregadores sem obterem benefício concreto), normalmente sugerem uma supervisão mais rigorosa e políticas duras sem margem para tolerância. E quando os governos tentam diminuir a corrupção ou criar regulamentos para o comportamento mais honesto, muitas vezes promovem a transparência (também conhecida como "política à luz do dia") como forma de cura para os males da sociedade. Certamente, há poucas evidências de que qualquer uma dessas soluções funcione. 
Em contrapartida, os experimentos descritos aqui mostram que algo tão simples quanto lembrar padrões de moral no momento da tentação pode ser muito eficaz para a diminuição do comportamento desonesto e até evitá-lo completamente. (...) Se seu contador lhe pedisse para assinar um código de honra um pouco antes de remeter sua declaração de imposto ou se seu agente de seguros o fizesse jurar que está dizendo toda a verdade sobre aquela mobiliário danificado pela enchente, a evasão fiscal e a fraude nos seguros provavelmente seriam menos comuns.
Dan Ariely - A mais pura Verdade sobre a Desonestidade, p.45-46

29 agosto 2012

Buarque

Segundo Polyana Silva, na palestra do Senador Cristovam Buarque, durante o VII Fórum Nacional de Professores de Ciências Contábeis, dentro do Congresso do CFC, o mesmo enfatizou a relevância da educação.

Como professor da UnB, onde Buarque foi reitor e AINDA é professor (recebe o salário, embora esteja "afastado"), tenho sérias objeções. Buarque, enquanto reitor da UnB, não entendia a razão de se ter um curso de graduação em contabilidade. Quanto mais um mestrado e doutorado. É "curioso" a presença dele num congresso de contabilidade promovido pelo conselho.

Postalis

A SEC (Securities and Exchange Commission), órgão regulador do mercado de ações nos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (29) que está acusando dois ex-corretores de valores mobiliários que operavam em Miami de ter cobrado, de seus clientes investidores, US$ 36 milhões a mais do que o devido por comissões em emissões de notas estruturadas.
Do valor cobrado excessivamente, US$ 24 milhões teriam sido pagos por dois fundos de pensão públicos brasileiros e US$ 12 milhões por um investidor institucional da Colômbia.
Os dois fundos que teriam perdido dinheiro por conta da cobrança de comissões exageradas de intermediários nos Estados Unidos são da Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios. As transações teriam causado perdas ao Brazil Sovereign II Fidex e ao Atlântica Real Sovereign Fund, ambos geridos pela Atlântica Asset Management.

Órgão regulador dos EUA processa corretores por prejuízo a fundos brasileiros - Folha de S Paulo

Não é de estranhar que um fundo de pensão de uma estatal tenha sido prejudicado. A qualidade das gestão financeira deste fundos deixa muito a desejar.

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Valor da Onda

Diante da ameaça representada pela construção de um condomínio numa praia de Porto Rico, um economista, praticante de surf, decidiu mensurar a contribuição que o esporte traz para a economia local. Nas palavras do Washington Post, ele calculou o valor de uma onda.

Para chegar ao valor, calculou-se o número de surfistas que frequentam uma praia com boas ondas. Estes surfistas também são consumidores e gastam dinheiro quando praticam seu esporte. Os cálculos feitos mostram que os surfistas são responsáveis por no mínimo dois bilhões de dólares em consumo somente nos Estados Unidos.

Isto contraria a visão tradicional do surfista como uma pessoa sem dinheiro, preocupada somente em puxar um fumo e pegar uma onda. Assim, quando uma obra coloca em risco uma praia boa para a prática do surf isto pode representar perda de dinheiro do turismo. É o que ocorreu com uma praia na ilha da Madeira, em Portugal, onde o governo decidiu fazer uma obra que prejudicou o surf no local. A praia deixou de ser frequentada pelos fãs do esporte e a comunidade local perdeu receita destas pessoas.

Uma organização denominada Save The Waves tem procurado defender as praias através de estudos econômicos. Segundo esta entidade, uma praia da California (Mavericks) possui um valor de 23,9 milhões de dólares; já a praia de Mundaka, na Espanha, tem um valor de 4,5 milhões para a economia local.

Para ler mais: Surfonomics quantifies the worth of waves. Gregory Thomas, 24 de Agosto de 2012.

Amortização do ágio

Sobem a muitos bilhões de reais as autuações fiscais nos últimos anos por amortização do ágio gerado na aquisição de participações societárias. E, por tudo que se comenta, uma medida provisória que estaria por sair poderia simplesmente vedar totalmente essa amortização a partir do próximo ano. Como essa amortização do ágio tem, não raro, influência enorme no preço das ações ou quotas das empresas sendo total ou parcialmente adquiridas, é lógico que proprietários e investidores se mobilizam para evitar alteração tão drástica.

Argumentos econômicos muito fortes evidenciam que menos dólares entrariam no Brasil nas aquisições de empresas por estrangeiros, ou que a simples depreciação dos preços dessas ações ou quotas poderia desacelerar as operações que, por causa das mudanças de mãos, ajudam a melhorar as empresas e a economia. Argui-se também que tem aumentado, ao redor do mundo, os incentivos governamentais a tais operações via essa dedutibilidade e estaríamos na contramão.

Há também que se notar que a Receita Federal tem razão ao reclamar, pois muitas operações foram montadas para obtenção de benefícios sem que de fato quaisquer mudanças de controle ou de gerenciamento ocorressem, principalmente naquelas acontecidas entre empresas dentro do mesmo grupo econômico. Só que isso ocorreu por culpa do próprio governo, e não (que se saiba) das empresas.

Tudo começou com o Decreto-Lei nº 1.598, de 1976, que cometeu alguns erros técnicos ao definir o ágio como a diferença entre valor de aquisição e valor contábil da parcela patrimonial adquirida, e ao não exigir a utilização fiscal de uma regra de ouro: ágio genuíno por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é apenas o excedente pago sobre o valor de mercado (valor justo, mais recentemente) dos ativos e passivos adquiridos avaliados individualmente. O decreto criou enorme confusão com menção a ágio por expectativa de rentabilidade futura, fundo de comércio e até a incríveis "outras razões econômicas". Assim, o governo errou na redação original, inclusive ao permitir a interpretação de escolha de classificação e não exigência rígida de hierarquia como passou a ocorrer a partir de 2010 com as normas internacionais de contabilidade. Com isso, passou-se, desde a década de 70, a aceitar valor de ágio chamado de expectativa de rentabilidade futura normalmente por valor maior do que o tecnicamente devido. Mas tudo suportado por esse decreto-lei.

O Fisco tem tentado consertar, por vias discutíveis, erros do próprio governo

Mas tal decreto só permitia a dedutibilidade do ágio apenas na baixa do investimento. Portanto, na prática nada de problema muito sério. Porém, com o objetivo de aumentar o valor de suas próprias empresas no processo de desestatização, o governo tomou a iniciativa que redundou na Lei nº 9.532 em 1997, onde passou a aceitar a dedutibilidade da amortização do ágio em cinco anos, desde que mediante processo de fusão, incorporação ou cisão (nenhuma lógica nessa subordinação - apenas trabalho adicional às empresas). Pior ainda, emitiu em 2002 a Medida Provisória nº 66 (Lei nº 10.637, de 2002) que permitiu ao vendedor diferir, às vezes quase que para sempre, o ganho obtido por esse ágio. Aí foi o paraíso: o vendedor tributava a prazo, às vezes quase infinito, e o comprador deduzia em cinco anos!

Mais recentemente, com o valor dessas dedutibilidades assumindo vultosas cifras, o Fisco começou a autuar as empresas sob os mais variados argumentos: ágio interno, ou seja, derivado de negociações de participações societárias entre empresas do mesmo grupo - mas nada na lei fiscal ou contábil jamais vedou isso até 2010; ausência de "custo" por não haver desembolso de caixa na aquisição, já que pagamento com emissão de ações às vezes - só que jamais a contabilidade subordinou "custo de aquisição" a desembolso em caixa. Há ainda o laudo de avaliação elaborado após a negociação - o laudo nunca foi exigido legalmente e é mesmo comum que ele seja formalizado após a operação, com esta se dando com base em documentos e estudos internos ou externos elaborados rapidamente, apresentados em forma inacabada etc.; a não atribuição, primeiramente, da mais valia dos ativos - mas o próprio Decreto-Lei nº 1.598, de 1977 abriu a brecha para escolha de classificação e não hierarquização; não há ágio com patrimônio líquido negativo - mas isso jamais foi mencionado na legislação e, contabilmente, esse reconhecimento faz parte das práticas contábeis aceitas; não atribuição de valor a intangíveis não contabilizados - mas essa exigência contábil começou entre nós apenas a partir de 2010 etc. Ou seja, o Fisco vem procurando consertar, por vias na maioria das vezes muito discutíveis, os erros do próprio governo.

Vê-se, assim, que é preciso solução legal para uma reorganização legal fiscal nesse campo do ágio, como houve reorganização contábil com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, emitindo o CPC 15 (Combinação de Negócios), prontamente reconhecido pela Comissão de Valores Mobiliários, pelo Conselho Federal de Contabilidade e outros reguladores.

O governo, porém, passar de um extremo ao outro, impedindo pura e simplesmente a amortização fiscal do genuíno ágio pode ser uma reação exagerada às consequências de seus próprios erros. Portanto, o fundamental é mesmo a adoção do conceito contábil atual de ágio também para fins fiscais, a vedação da amortização fiscal quando de operações entre entidades sob controle comum, talvez não cinco anos para a amortização e sim um prazo mais palatável (o dobro, por que não?), exigência de laudo formal para o cálculo das mais e menos valias de ativos e passivos etc. Ou seja, é fundamental consertar os erros, mas não indo de encontro ao que se vê sendo praticado em tantos países.

A Receita Federal e o Ministério da Fazenda foram, nos últimos anos, os grandes baluartes que, com a aceitação da neutralidade tributária (segregação das informações para fins informacionais e para fins tributários), permitiram o enorme avanço da contabilidade brasileira se igualando agora, novamente (a Lei nº 6.404, de 1976 também fizera isso), às melhores do mundo. Logo, há de se esperar atitude também discutida e amadurecida com vistas ao que de melhor se pode fazer neste país.


Dedutibilidade fiscal da amortização do ágio - 28 de Agosto de 2012 - Valor Econômico - Eliseu Martins

Portabilidade de crédito

Avança a portabilidade de crédito
20 de agosto de 2012
Por Carolina Mandl De São Paulo Valor Econômico

Quando Reynaldo Gianecchini e Camila Pitanga foram à televisão em abril como garotos-propaganda dos bancos públicos, os atores conseguiram levantar o ibope de uma ferramenta já velha, mas praticamente desconhecida dos brasileiros: a portabilidade de operações de crédito, criada em 2006.

Dados do Banco Central mostram que o número de operações de troca de dívida cresce desde maio, logo depois que começou a ofensiva da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para conquistar clientes dos concorrentes. Camila Pitanga anunciou, em horário nobre, uma “redução drástica de juros” na Caixa, e Gianecchini, “crédito para antecipar seus sonhos” no BB.

Foram promessas que levaram alguns brasileiros endividados às ruas, querendo trocar parcelas mais altas por outras mais baixas no banco concorrente, em um movimento que atingiu proporção recorde no país. De maio a julho, foram fechadas aproximadamente 45 mil operações de portabilidade por mês, somando R$ 520 milhões mensais, sendo que a maior parte é de crédito consignado. Na série histórica do Banco Central, iniciada em dezembro de 2006, esses patamares não tinham sido alcançados por três meses consecutivos antes.




(...)Diversos estudos internacionais apontam que a portabilidade é uma ferramenta importante para estimular a concorrência entre bancos. Por aqui, o BC sabe que isso só está começando, mas que as campanhas do BB e da Caixa trouxeram um importante estímulo. Depois que os bancos públicos foram à televisão, outras instituições privadas também resolveram mostrar suas ofertas.

Não há números públicos que mostrem quem ganhou e quem perdeu empréstimos dos concorrentes. Mas os balanços dos bancos de abril a junho apontam que as instituições públicas – muitas vezes sacrificando suas margens em prol da decisão do governo de aquecer a economia – tiveram um avanço maior da carteira de crédito. Caixa (+5,1%) e Banco do Brasil (+3,1%) também conquistaram, proporcionalmente, mais correntistas do que Bradesco (+ 0,8%) e Santander (+2,1%). O Itaú Unibanco não divulga esse dado.

Para o BC, os números da portabilidade de crédito acabam escondendo um movimento maior que pode ter ocorrido desde que os bancos públicos anunciaram redução de taxas. O argumento da autoridade é que muitos devedores podem ter usado de seu poder de barganha para conseguir descontos nas próprias instituições onde tomaram o empréstimo.

O Banco do Brasil sentiu esse efeito. Muitos clientes, ao verem as propagandas do banco com taxas mais baixas do que aquelas que estavam pagando, buscaram renegociar suas dívidas dentro do próprio BB. O volume de renegociações alcançou R$ 16 bilhões, 60% maior do que um ano antes.


(...)

Cruzeiro do Sul

(...) a maior parte dos empréstimos falsos teria sido criada em nome dos associados da Ambra [Associação Beneficente dos Músicos Militares do Brasil], de acordo com duas fontes que participaram da inspeção. Eram pessoas que não tinham tomado os empréstimos, mas, que na carteira do banco, apareciam como devedoras. Essas operações sem lastro começaram a ser feitas há pelo menos cinco anos.
Por meio de um convênio com a Ambra, o Cruzeiro também fazia empréstimos reais com os associados.
Depois de criar esses empréstimos, o banco teria transferido o dinheiro dos créditos à associação. O destino final dos recursos, porém, ainda não é conhecido. É isso o que os próximos passos da investigação tentarão determinar daqui para a frente. (...)
Cruzeiro falsificou crédito a militar - Por Carolina Mandl e Cristiano Romero - Valor Econômico - 28/08/2012

Empregados

Eis uma situação interessante: uma entidade faz uma reunião com os empregados para comunicar o resultado
O banco BVA deve anunciar nos próximos dias prejuízo acumulado de R$ 90 milhões no semestre, segundo funcionários da instituição. Na segunda-feira, os sócios do banco fizeram uma reunião com cerca de 400 empregados na qual informaram o resultado que deve constar no balanço do banco.
Segundo os diretores do BVA, o prejuízo é decorrente do aumento de provisões, exigido pelo Banco Central. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o valor reservado para esse fim no banco supera os R$ 150 milhões no período - ou seja, sem as medidas prudenciais do BC, o BVA teria dado lucro. Os diretores disseram ao iG que já fizeram todo o provisionamento exigido para o primeiro semestre.
Na reunião com os funcionários, a primeira da história do banco, os diretores também anunciaram aumento de capital de R$ 300 milhões, o que elevaria o patrimônio líquido da instituição para R$ 1 bilhão.
Qual a razão? Provavelmente a direção quer evitar que boatos prejudiquem a moral interna.

Exu tranca-tese

Estou com uma cefaleia há vários dias, então a Polyana (após eu ter pedido pra ela trazer uma garrafada pra mim do Mercado Ver-o-Peso, em Belém, onde ela está no Congresso Brasileiro de Contabilidade) me falou brincando que pode ser o Exu Tranca-Tese atrasado. Eu não entendi e fui procurar no Google... Risos. Eu não conhecia, e você?

Do blog Dando um Vasari:

“Hoje, as 12h30, no meio de um jogo de paciência enrolativo, recebi por email o texto abaixo de meu amigo Edson Silva, do Recife, que acabou de acabar de passar por isso. Não sei quem é o autor da coisa, mas com certeza merece nossos parabéns!

[...] Você está na reta final da sua tese, dissertação ou monografia? Leia!!!Se não está, guarde, que poderá vir a ser útil.
Você sente que existe uma força misteriosa que tira seu ânimo? Faz seu orientador adoecer ou sumir do mapa inexplicavelmente? Seu computador quebra ou é roubado com todos os seus dados e análises?
Lamento ser o portador dessa má notícia, mas... VOCÊ TEM UM EXU TRANCA TESE NA SUA VIDA!!!


Pode isso? A criatividade está rolando em excesso por aí - para assuntos que não envolvem pesquisa. Para ler mais clique aqui. Espero que eu não esteja passando por isso, ou vocês, com ou sem atraso! ^.^

Em tempo:
Aqui tem uma oração. Vai que...