20 dezembro 2023
Partidas dobradas no Brasil
Do artigo Alterações das práticas contabilísticas na casa da moeda de Lisboa, de Rita Martins de Sousa
A partir de 1761 e até 1773, registam-se alterações que procuram utilizar, mas com dificuldades, o método mercantil. Será apenas a partir de 1773, e decorrente de uma legislação específica, que o método das partidas dobradas se aplica à organização que produzia moeda no reino. A introdução deste método contabilístico terá sido ligeiramente anterior em instituições régias existentes no Brasil. A Capitania da Bahia introduziu as normas da contabilidade pública em 1765, enquanto na Capitania do Rio de Janeiro e na Tesouraria Geral da mesma cidade, o método terá sido implementado a partir de 1 de Janeiro de 1768.
Assim, apesar de 1761 marcar a aplicação do método mercantil à esfera pública através da sua introdução no Erário Régio, a simultaneidade na sua utilização não ocorreu. Apenas o estudo de outras instituições públicas portuguesas permitirá periodizar e confrontar de modo mais alargado as diversas práticas contabilísticas.
Apesar do método "mercantil", leia-se partidas dobradas, ter aparecido em torno de 1300, somente mais de quatrocentos anos depois é que Portugal, e suas colônicas, passam a utilizar a técnica. O texto comenta sobre o uso no Erário. Há aqui uma citação de que o método já era adotado no Brasil, na contabilidade pública. E a citação é:
Instrocções para a escripturação dos livros de Thezouraria desta Capitania. Methodo que se deve seguir na excripturação das contas da Fazenda Real desta Capitania do Rio de Janeiro, e na arrecadação da Thezouraria Geral estabelecida na mesma cidade do Rio de Janeiro, 1767, códice 10 632.
Veja que se trata de uma norma, mas há uma diferença entre uma norma e seu uso. A citação usada foi:
Mendonça, Marcos Carneiro de (1968). O Erário Régio no Brasil. Rio de Janeiro.
A conferir. A pesquisa citada anteriormente coloca o setor público como pioneiro nas partidas dobradas.
Gênero e Nobel
No ano de 2023 nós tivemos quatro ganhadoras mulheres no Nobel. Ainda é minoria, foram sete homens, mas três delas venceram em campos dominados por homens: Claudia Goldin em Ciências Econômicas, Katalin Karikó em Medicina e Anne L'Huillier em Física. Goldin foi a terceira mulher a ganhar o Prêmio Sveriges Riksbank e venceu sozinha.
Ao todo foram 905 premiados, sendo 65 mulheres ou 7%. A discriminação ocorre em todos os campos, conforme o gráfico acima. A boa notícia é que a discriminação está reduzindo com o passar do tempo, conforme mostra o gráfico abaixo:
Quando a tecnologia não é boa ...
A Volkswagen está reintroduzindo botões físicos devido à insatisfação de clientes, críticos e especialistas. Os controles de toque, especialmente nos modelos Mk8 Golf e ID.4, são criticados por sua falta de confiabilidade e iluminação, afetando a experiência do usuário. Os sistemas nos carros são comparados desfavoravelmente aos dispositivos Apple e Android em termos de velocidade e eficiência. No VW ID.4 há problemas significativos, como dificuldade em encontrar opções no rádio via satélite e problemas no controle do sistema climático. As decisões de design e engenharia que resultaram em um hardware e software aparentemente inutilizáveis, sugerindo uma falta de preocupação com a funcionalidade do produto.
Parece moderno, mas é irritante.Maiores centros financeiros mundiais
Uma listagem dos maiores centros financeiros do mundo. Para a listagem, foi analisado o desenvolvimento, o ambiente de negócios, o capital humano, a infraestrutura e a reputação. Em 2023, Nova York permaneceu como centro das finanças globais. O mercado de ações local tem capitalização de 46 trilhões ou 40% do mundo. São 330 mil pessoas que trabalham na área.
Londres ficou em segundo lugar, mas a saída da Comunidade Europeia pesa contra. O ranking também destaca os "futuros" centros, com Seul como destaque, seguido de Cingapura e Kigali, capital do Ruanda.
Kigali aparece hoje em 98o. no ranking. Antes de São Paulo e Rio de Janeiro. Parte do ranking foi construído com mais de dez mil entrevistas. O relatório em pdf está aqui
19 dezembro 2023
Vendeu por 150 euros e o comprador revendeu por 4,2 milhões
Eis uma situação que pode ser analisada sob diversas óticas na contabilidade. Mas vamos primeiro aos fatos.
Um casal francês vendeu um máscara africana por 150 euros. Tempos depois, eles descobriram que a máscara era muito rara, de procedência do Gabão. O comprador obteve 4,2 milhões pela peça. O casal tentou anular a venda anterior. O comprador resolveu oferecer então 300 mil euros, mas o casal recusou e levaram o caso para justiça. Quando fizeram isso, o comprador voltou atrás na oferta e ganhou no tribunal.
Para complicar, o governo do Gabão afirma que nenhuma das partes deve ter a máscara. Trata-se de um objeto raro, com 10 peças no mundo, que pertence ao governo e deve ser devolvida.
O valor da máscara, para o casal, era residual. Mas ao saber do significado e do valor que poderia ser obtido, o casal estava entre aceitar um acordo de 300 mil ou tentar obter o valor de 4,2 milhões integrais. Em termos de indiferença, o caso acreditava que sua chance de ganhar na justiça deveria ser de pelo menos 7%. (Basta resolver 0,3 (1-p) = 4,2 p para encontrar a chance mínima) Ou seja, é uma aposta bem razoável.
Mas mesmo que tenha obtido a vitória na justiça, isso não garante o valor de 4,2 milhões, já que existe uma reinvindicação do governo africano do Gabão. O contador do casal deveria registrar o valor de 300 mil, o mínimo já garantido do comprador, ou os 4,2 milhões? Ou nada, já que existe mais um interessado na peça?
Os gols mais bonitos do futebol
20. Roberto Carlos, Real Madrid vs Tenerife, 21 de fevereiro de 1998
19. Dimitri Payet, OM vs PAOK, 7 de abril de 2022
18. Ronaldo, Barcelona vs Compostela, 12 de outubro de 1996
17. Gareth Bale, Real Madrid vs Liverpool, 26 de maio de 2018
16. Cristiano Ronaldo, Real Madrid x Juventus, 3 de abril de 2018
15. Stephanie Roche, Peamount United vs Wexford Youths, 22 de outubro de 2013
14. Wayne Rooney, Everton x Arsenal, 19 de outubro de 2002
13. Carlos Alberto, Brasil vs Itália, 21 de junho de 1970
12. Jack Wilshere, Arsenal vs Norwich, 19 de outubro de 2013
11. Roberto Carlos, Brasil vs França, 3 de junho de 1997
10. Paul Gascoigne, Inglaterra vs Escócia, 15 de junho de 1996
9. Zlatan Ibrahimović, Suécia vs Inglaterra, 14 de novembro de 2012
8. Papiss Cissé, Newcastle United vs Chelsea, 2 de maio de 2012
7. Dennis Bergkamp, Arsenal x Newcastle United, 2 de março de 2002
6. Alessia Russo, Inglaterra vs Suécia, 26 de julho de 2022
5. Dennis Berkgamp, Holanda vs Argentina, 4 de julho de 1998
4. Zinedine Zidane, Real Madrid vs Bayer Leverkusen, 15 de maio de 2002
3. Marco van Basten, Holanda vs URSS, 25 de junho de 1988
2. Lionel Messi, Barcelona vs Getafe, 18 de abril de 2007
1. Diego Maradona, Argentina vs Inglaterra, 22 de junho de 1986
O mais antigo gol da lista é de 1970. Roberto Carlos é o único que teve dois gols listados. Dois dos gols foram do futebol feminino.
Os mais poluentes
A tabela apresenta a origem do lixo plástico nos oceanos. Parece não existir uma relação entre quem produz plástico e quem polui o oceano. A existência de uma longa costa, chuvas e falta de gestão de resíduo contribui. A China produz dez vezes mais plástico que a Malásia, mas 0,6% do total chinês chega ao oceano, contra 9% da Malásia. As Filipinas, a campeã na poluição, possui mais de 7 mil ilhas, com 36 mil quilômetros de costas e quase cinco mil rios. O único país não asiático é o Brasil, que também tem uma costa longa e 1240 rios.
Uma forma de combater a poluição é punir quem polui. Mas isso é muito difícil. Mas podemos incentivar que produz. Quem sabe, pesando no bolso, encontrem logo uma solução, como um plástico que desintegra. Recentemente a Pepsi foi multada por ser a empresa com maior nível de poluição em um estado dos Estados Unidos. Outra possível solução é focar nos países poluidores.
Não preparados para o Risco
Eu gostei demais dessa figura. Está no excelente livro Preparados para o Risco, de Gert Gigerenzer. Trata do número de acidentes com automóveis com vítimas nos Estados Unidos, entre janeiro de 2001 a março de 2003. O zero é a média entre 1996 a 2000. Após o ataque de 11 de setembro, as pessoas ficaram com medo de viajar de avião. E pegaram a estrada. Ou seja, trocaram um meio de transporte mais seguro por outro mais perigoso. Doze meses depois, o número de fatalidades tinha ficado sempre acima da linha zero. Esse excesso de fatalidades foi seis vezes maior que o número de passageiros mortos nos voos.
Para Gigerenzer, todos podemos aprender a lidar com risco. Os "especialistas" não são a solução, mas parte do problema. E regras simples podem ser construídas.
18 dezembro 2023
Quem ganha e quem perde com o ChatGPT
O texto a seguir foi escrito há um ano. Muito pertinente, como a leitura irá provar (grifo meu):
Com tantos desenvolvimentos espetaculares em inteligência artificial ocorrendo este ano, vale a pena perguntar quem se beneficia e quem perde.
Tecnologias específicas geralmente ajudam alguns tipos de personalidade e prejudicam outros. Por exemplo, com o surgimento de computadores, a programação e a internet ajudou os nerds analíticos. Hoje, você pode estar em alta demanda como programador ou administrar sua própria start-up e enriquecer. Mas lá nos anos 1960, você poderia ter tido sorte de conseguir um emprego na NASA e ter uma renda de classe média. Anteriormente, o aumento da manufatura e do emprego em fábricas ajudou trabalhadores do sexo masculino capazes e fisicamente habilidosos que tinham entusiasmo pelo trabalho físico.
Uma característica marcante dos novos sistemas de IA é que você precisa sentar para usá-los. Pense no ChatGPT, Stable Diffusion e serviços relacionados como tutores individualizados, entre suas outras funções. Eles podem te ensinar matemática, história, como escrever melhor e muito mais. Mas nenhum desse conhecimento é transmitido automaticamente. Há uma vantagem relativa para pessoas que são boas em se sentar na cadeira e se concentrar em algo. A iniciativa se tornará mais importante como uma qualidade para o sucesso.
Os retornos para a durabilidade do esforço também estão aumentando. Se você desistir no meio da execução do seu projeto de concreto com ajuda da IA, os novos serviços de IA acabarão sendo apenas brinquedos em vez de investimentos em seu futuro.
Os retornos para o conhecimento factual estão diminuindo, continuando uma tendência que começou com bancos de dados, motores de busca e a Wikipedia. Não é mais tão lucrativo ser um advogado que conhece uma grande quantidade de jurisprudência acumulada. Em vez disso, as habilidades de síntese e persuasão são mais críticas para o sucesso.
O ChatGPT se destaca na produção de prosa comum e burocrática, escrita em um estilo aceitável, mas não descritivo. Por sua vez, provavelmente entenderemos melhor o quanto nossa sociedade é organizada em torno desse fundamento, desde brochuras corporativas até regulamentos e jornalismo de segunda categoria. As recompensas e o status diminuirão para aqueles que produzem tal escrita hoje, e as recompensas por originalidade excepcional provavelmente aumentarão. O que exatamente você pode fazer para se destacar no mar dos chat bots?
Nossas visões subjacentes podem se tornar mais elitistas. Se você é um programador apenas ligeiramente melhor do que os bots, pode perder respeito e renda. Programadores e escritores excepcionais, que não podem ser facilmente copiados, atrairão mais atenção e status. E à medida que as gerações sucessivas dos GPTs melhorarem, essas recompensas serão distribuídas para uma porcentagem cada vez menor de humanos.
É acusado que os novos bots não têm originalidade. No entanto, por mais verdadeiro que isso possa ser, a observação eventualmente focaliza sua atenção na pergunta de quantos humanos têm essa mesma originalidade.
A maioria dos escritores provavelmente perderá parte de seu público, se apenas porque os potenciais leitores estarão ocupados brincando com os bots. Um perigo mais profundo, ainda não presente, mas talvez não muito distante, é que os bots serão capazes de copiar efetivamente nossos escritores e criadores mais conhecidos.
Uma estratégia comum atual é disponibilizar muita escrita ou imagens gratuitamente na web e usar a publicidade resultante para construir uma audiência para produções mais comerciais, como livros, palestras e obras de arte. No futuro, isso pode ser pedir por problemas, já que os bots vão te copiar e, essencialmente, você estará treinando seus concorrentes de graça. Isso funcionará apenas se você puder produzir carisma e celebridade, duas características que aumentarão em importância.
A estratégia "antiga" de lançar edições limitadas, não disponíveis na internet e não totalmente definidas por suas qualidades digitais, pode ganhar importância, já que será mais difícil para a IA copiar essas produções.
A geração anterior de tecnologia da informação favoreceu os introvertidos, enquanto os novos bots de IA são mais propensos a favorecer os extrovertidos. Você precisará estar se exibindo o tempo todo para mostrar que você é mais do que "um deles". A originalidade, incluindo a originalidade "na sua cara", estará em alta. Se você tem medo de ser esse "exibido", como o mundo saberá que você é algo além de um bot com uma face humana?
Alternativamente, muitos humanos podem se afastar dessas lutas competitivas. Atualmente, os bots são muito melhores em escrever do que, por exemplo, se tornar um mestre jardineiro, o que também requer habilidades de execução física e movimentação em espaço aberto. Podemos, assim, ver uma grande explosão de talento na área de jardinagem e em outros inputs difíceis de copiar, se apenas para proteger a reputação e a propriedade intelectual das pessoas dos bots.
Atletas, no sentido amplo do termo, podem assim subir de status. Escultura e dança podem ganhar em importância cultural e criatividade em relação à escrita. Contra-intuitivamente, se você quiser que nossa cultura se torne mais real e visceral em termos do que comanda a atenção e a inspiração da audiência, talvez os bots sejam exatamente o que você estava procurando.
17 dezembro 2023
Efeito colateral do combate à corrupção na China
Em suas recentes pesquisas, William Megginson, Kedi Wang e Junjie Xia descobriram que a campanha anticorrupção do Partido Comunista Chinês teve um impacto negativo no desempenho e na firmeza dos gerentes. A pesquisa, focada nas inspeções disciplinares aplicadas a empresas estatais chinesas durante a campanha anticorrupção, revela que essas ações resultaram em uma significativa redução nos investimentos de capital, levando a uma queda expressiva na lucratividade, inovação e no índice Tobin's Q.
Os autores destacam que as inspeções disciplinares, destinadas a combater a corrupção e fortalecer o controle do Partido Comunista Chinês, geraram ansiedade e medo entre os gerentes. Isso levou a uma relutância em realizar investimentos arriscados, impactando negativamente o desempenho das empresas estatais. A pesquisa também destaca que, após as inspeções, os gestores reduziram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como despesas com entretenimento e viagens.
A campanha anticorrupção, iniciada em 2012, resultou em disciplinas e acusações contra milhares de funcionários, incluindo líderes de empresas estatais. Apesar de seus objetivos positivos de reduzir a corrupção, a pesquisa destaca as consequências não intencionais, evidenciando que a pressão sobre os gerentes para evitar riscos prejudicou o desempenho das empresas.
Fogo e Floresta: risco e mudança do clima
Fire is an important risk in global forest loss and contributed 20% to 25% of the global anthropogenic greenhouse gas emissions between 1997 and 2016. Forest fire risks will increase with climate change in some locations, but existing estimates of the costs of using forests for climate mitigation do not yet fully account for these risks or how these risks change inter-temporally. To quantify the importance of forest fire risks, we undertook a global study of individual country fire risks, combining economic datasets and global remote sensing data from 2001 to 2020. Our estimates of forest fire risk premia better account for the risk of forest burning that would be additional to the risk-free and break-even price of credits or offsets to promote carbon sequestration and storage in forests. Our results show the following: (1) forest fire risk premia can be much larger than the historical forest area burned; (2) for some countries, forest fire risk premia have a large impact on the relative country-level break-even price of carbon credits or offsets; (3) a large spatial and inter-temporal heterogeneity of forest fires across countries between 2001 and 2020; and (4) the importance of properly incorporating forest fire risk premia into carbon credits/offset programs. As part of our analysis, and to emphasise the possible sub-national scale differences, our results highlight the heterogeneity in fire risk premia across 10 Canadian provinces.
Uso inadequado da IA
Atualmente a Austrália está com um pé-atrás com as empresas de auditoria. Nada melhor que colocar mais polêmica na fogueira. No início de setembro, um grupo de acadêmicos foi chamado para falar sobre o assunto para o parlamento australiano. E o que ocorreu, em lugar de suportar os críticos das grandes empresas, serviu como alerta (e ajudou) às grandes empresas de auditoria.
Usando o Google Bard, um dos acadêmicos apresentou algumas situações onde as grandes empresas tinham falhado substancialmente. Em uma das acusações, a KPMG era considerada cúmplice em um escândalo na 7-Eleven. A mesma empresa teria auditado o Commonwealth Bank. A Deloitte foi acusada de cometer erros na empresa Probuild e na Patisserie Valerie.
Tudo errado. E diante da notícia da falha, o professsor pediu desculpas.
Anteriormente tínhamos citado o referido acadêmico: aqui e aqui
Banco Nacional da Costa Rica
O Banco Nacional da Costa Rica (foto) foi furtado em 6 milhões. Os ladrões foram capturados não cometendo o delito, mas gastando o dinheiro obtido com o mesmo. É um exemplo interessante de como a ausência de controles internos pode conduzir a possibilidades de desvios.
O funcionário conhece os pontos fracos do sistema de vigilância. Com esse conhecimento, a retirada de recurso passando pela vigilância pode ser mais fácil. Oito funcionários foram presos, mas um funcionário, o tesoureiro, era o responsável pela retirada do recurso. Um fato interessante é que a última contabilidade física do dinheiro do banco tinha sido feita em 2019, antes da pandemia, portanto. Existia uma determinação interna de adiar algo básico na contabilidade, mas a captura dos meliantes ocorreu por motivos mais triviais: um dos envolvidos começou a gastar seis mil dólares por dia em loteria.
Fonte: BoingBoing
Ensino EaD
Os dados do Censo da Educação Superior mostram que a cada 100 estudantes que ingressaram em cursos EaD em 2018, só 34% continuavam matriculados em 2020. Nos cursos presenciais, eram 53%. Considerando os números brutos, dos 1,4 milhão de estudantes que ingressaram em cursos de graduação EaD em 2018, só 481 mil ainda estavam matriculados dois anos depois. Nos cursos presenciais, entraram 2,1 milhões em 2018, restaram 1,1 milhão em 2020.
Via aqui. Mesmo assim, parece que os alunos estão preferindo o curso EaD. São mais cômodos e com menor custo. Mas a qualidade e a chance de não conclusão ...
IA e ética: caso da Sports Illustrated
Tudo começou quando o site Futurism denunciou que a famosa revista Sports Illustrated estava publicando textos usando inteligência artificial. Alguns dos textos eram toscos a ponto de fazer afirmações como “o vôlei pode ser um pouco complicado de se começar, especialmente sem uma bola de verdade”.
Além disso, os textos tinham pistas de que os autores eram falsos. Os autores das reportagens receberam uma descrição do tipo:
"Drew passou grande parte de sua vida ao ar livre e está animado para guiá-lo em sua lista interminável dos melhores produtos para impedir que você caia nos perigos da natureza", dizia. "Atualmente, raramente há um fim de semana que se passa onde Drew não está acampando, caminhando ou apenas de volta à fazenda de seus pais."
Mas Drew Ortiz nunca foi localizado fisicamente. Ele não existe, obviamente. E sua foto exibida no texto também estava à venda em um site que gera imagens por inteligência artificial.
No passado, a revista ficou famosa por sua qualidade. Escritores como William Faulkner e John Updike chegaram a publicar por lá. Após a denúncia, a empresa que atualmente controla a revista desmentiu. Depois, jogou a culpa em uma terceirizada que tinha sido responsável pelos textos. E, como as ações caíram, resolveu demitir seus executivos.
Qual a relação do fato com a contabilidade? Primeiro, a questão da produção de texto pode ser uma reflexão sobre ética e fraude. A revista não estava preocupada em esclarecer, para o leitor, que o texto foi gerado por inteligência artificial e não por um profissional. Depois das evidências, negou sua responsabilidade.
Outro aspecto que interessa é que o fato diz respeito ao corte de custos. Se agora eu tenho um instrumento que produz um texto mais rápido e de forma mais barata que um jornalista, meu interesse é no lucro. A inteligência artificial serve não como instrumento de melhoria de qualidade ou de produtividade.
No mesmo instante em que ocorria o escândalo da Sports Illustrated, veio à tona a notícia de que a NewsAnchored estava vendendo serviços de publicação garantidos (foto acima), sem ter de lidar com os jornalistas. A empresa é dona de sites onde é possível a publicação de qualquer coisa por 1.500 dólares por mês. Os sites são muito parecidos com sites da Rolling Stone, USA Today e outras marcas de mídia.
Parte do problema está em como o público chega a esses sites? Parte da resposta está no comércio da pesquisa e das páginas dos navegadores. Parte, na preguiça do leitor.
16 dezembro 2023
Ricos e Clima
O super-iate de US $ 500 milhões, com um mastro triplo de Jeff Bezos, está longe de ser favorável ao clima (...) "Koru" é o maior iate à vela do mundo. Produz 7.154 toneladas de gases de efeito estufa por ano, ou cerca de 447 vezes a pegada de carbono anual da família média dos EUA
E uma família média dos Estados Unidos emite muito carbono. A fonte está aqui, de onde adaptei o cartoon.15 dezembro 2023
Presença e Ausência no apoio ao ISSB
Cerca de 400 organizações, de 64 jurisdições, assinaram uma declaração de apoio para promover a adoção ou uso da divulgação de relatórios relacionados ao clima da International Sustainability Standards Board (ISSB). Essa declaração foi anunciada durante a COP28. Seria um sinal de que o ISSB teria legitimidade entre empresas, investidores, bolsas de valores, profissionais de contabilidade, organizações multilaterais, ONGs, universidades, provedores de análises de dados, consultores corporativos e outros.
O documento enfatiza a importância de considerar os riscos climáticos, que estariam afetando as empresas. Entre os assinantes do documento é possível notar a presença da Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO), do Conselho de Estabilidade Financeira do G20, do Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidades das Nações Unidas, Banco Mundial e Banco Asiático de Desenvolvimento.
Entre os brasileiros, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC, Itaú Unibanco Holding SA, a Itaúsa, APIMEC Brazil – Brazilian Association of Investment Professionals in Capital Markets, B3 - The Brazilian Stock Exchange, Natura &Co. Há na lista de assinantes empresas conhecidas por serem poluidoras. Mas veja na listagem dos assinantes brasileiros a ausência dos profissionais certificados brasileiros e de instituições oficiais de crédito do governo.
Recondução no ISSB
Os Trustees da IFRS Foundation informaram que o Chair da International Sustainability Standards Board (ISSB) foi reconduzido ao cargo. O francês Emmanuel Faber foi o primeiro a ocupar o cargo e um segundo mandato indica uma confiança no trabalho que está sendo feito por ele. Outro ponto é que o mandato de Faber termina no final de dezembro de 2024 e o anúncio foi feito um ano antes.
No comunicado isso foi destacado. Para a Fundação, a antecipação na recondução seria o reconhecimento de que a atual gestão está conseguindo criar uma base global verdadeira de divulgações de sustentabilidade.
14 dezembro 2023
IFRS na COP
O Presidente dos Curadores da IFRS Foundation, Erkki Liikanen, realizou um discurso na COP28, atualmente realizada em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para refletir sobre o progresso alcançado desde que a IFRS Foundation anunciou a decisão de estabelecer o International Sustainability Standards Board (ISSB) na COP26.
No discurso, Liikanen confirmou os três compromissos adicionais a seguir nos esforços da IFRS Foundation para apoiar mercados de capitais eficientes e resilientes por meio de divulgações financeiras robustas relacionadas à sustentabilidade:
Implementar o programa de capacitação da IFRS Foundation para que jurisdições em desenvolvimento e emergentes estejam em melhor posição para adotar e usar o IFRS S1 Requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e IFRS S2 Divulgações relacionadas ao clima;
Promover a adoção jurisdicional da IFRS S1 e IFRS S2 por meio de diálogos bilaterais com governos e reguladores. Para conseguir isso, a IFRS Foundation continuará trabalhando em estreita colaboração com a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO) e o Conselho de Estabilidade Financeira, que desempenham papéis essenciais no trabalho de adoção;
e Avançar novas iniciativas de definição de padrões para desenvolver a linha de base global de divulgações relacionadas à sustentabilidade após feedback da recente consulta sobre a agenda futura do ISSB.
Fonte: IasPlus
Fraude e AI: auditoria
Nada contra, mas talvez fosse importante disfarçar melhor a propaganda.
A EY implementou inteligência artificial (IA) em seus processos de auditoria [1], levando à detecção de atividades fraudulentas [2]. Das primeiras 10 empresas avaliadas por esse novo sistema, atividades suspeitas foram identificadas em duas, as quais foram posteriormente confirmadas como fraudes pelos clientes.
Kath Barrow, sócia-diretora de garantia da EY no Reino Unido e Irlanda, comentou sobre a eficácia do sistema [3], indicando que esses resultados iniciais demonstram sua utilidade potencial na auditoria.
Embora a EY tenha se recusado a revelar os detalhes de seu software [4] ou a natureza das fraudes descobertas, Barrow disse que os resultados sugeriam que a tecnologia tinha "potencial" para a auditoria.
A EY começou a experimentar com IA em auditoria em 2018 [5].
Naoto Ichihara, um sócio de garantia da Ernst & Young ShinNihon LLC no escritório de Tóquio, sempre teve paixão por programação. Sua expertise no desenvolvimento de modelos e sistemas para auditoria o levou a explorar a aplicação de aprendizado de máquina na análise de dados contábeis.
A extensa pesquisa de Naoto em artigos acadêmicos existentes [6] e algoritmos despertou sua percepção de que havia uma maneira melhor de detectar anomalias por meio de aprendizado de máquina.
Impulsionado por sua visão, Naoto codificou uma solução de IA que podia identificar entradas anômalas em grandes bancos de dados. Essa tecnologia se tornou pioneira no campo da auditoria e foi posteriormente patenteada [7].
Reconhecendo a necessidade de colaboração, Naoto formou uma equipe de auditores e desenvolvedores para testar e aprimorar o método de detecção da solução, que foi posteriormente chamada de EY Helix GL Anomaly Detector ou Helix GLAD [8].
continue lendo aqui
[1] Não deixa de ser uma ferramenta de marketing.
[2] As empresas de auditoria gostam de afirmar que isso não é tarefa delas. Parece contraditório, exceto se olharmos sob a ótica de estratégia de marketing.
[3] Falta um rigor aqui, não? Uma pessoa da própria empresa que está vendendo a solução confirma que funciona.
[4] Se quiser saber, compre.
[5] Aqui destaca que a empresa já está no ramo há tempos.
[6] Pesquisei ele no Google Acadêmico, que é uma base democrática de artigos. Posso estar enganado, mas não achei nenhum artigo na área.
[7] Se quiser usar, pague
[8] A solução paga
Lembrando o passado de emissão de CO2
13 dezembro 2023
Sustentabilidade acima de qualquer suspeita
Ironia. Mas a notícia é:
A B3 comunicou nesta terça-feira (5) que as ações da Braskem deixarão de integrar a carteira de seu Índice de Sustentabilidade Empresarial a partir de sexta-feira, em meio ao agravamento da situação envolvendo minas de extração de sal-gema da petroquímica na capital do Estado de Alagoas.
“Em função da situação de emergência decretada pela prefeitura de Maceió, envolvendo uma mina da Braskem, a B3 iniciou em 1 de dezembro o Plano de Resposta a Eventos ESG relacionados ao ISE B3”, afirmou a empresa de infraestrutura para o mercado financeiro.
Fazia sentido a Braskem estar no índice?
32 bi de amortização de marca
A British American Tobacco (BAT), dona da Souza Cruz, disse nesta quarta-feira (6) que vai fazer um baixa contábil de cerca de US$ 31,5 bilhões no valor de algumas de suas marcas de cigarros nos Estados Unidos, reconhecendo que seu modelo tradicional de negócios enfrenta desafios a longo prazo.
A medida da BAT ocorre em um momento em que a regulamentação cada vez mais rígida e a crescente conscientização sobre os riscos à saúde gerados pelo fumo pressionam os negócios tradicionais de empresas de tabaco, provocando quedas nos volumes de vendas.
A fabricante dos cigarros Lucky Strike e Dunhill também apontou para os desafios econômicos nos EUA, onde alguns consumidores estão migrando para marcas mais baratas e o aumento de vapes descartáveis pressionam sua divisão de cigarros no país.
A BAT disse que esses fatores, combinados com o afastamento mais amplo do fumo, significam que a empresa terá de ajustar a forma como algumas de suas marcas norte-americanas são tratadas em seu balanço, mudando o valor para uma vida útil finita de 30 anos.
Isso resultará em um encargo de redução de valor recuperável de cerca de 25 bilhões de libras (US$ 31,5 bilhões), disse a BAT. As marcas Newport, Camel, Pall Mall e Natural American Spirit foram afetadas, acrescentou um porta-voz.
O presidente-executivo da BAT, Tadeu Marroco, descreveu a medida como “a contabilidade se aproximando da realidade”.
Embora não acredite que os cigarros desapareçam em 30 anos, o executivo disse que não é mais possível justificar um valor indefinido para essas marcas, que equivalem a cerca de US$ 80 bilhões no balanço patrimonial da BAT.
A BAT acrescentou que começará a amortizar o valor remanescente de suas marcas nos EUA em 2024, tornando-se a primeira das principais fabricantes de cigarros a reconhecer que o valor de suas marcas de tabaco tem uma data de validade.
As ações da BAT despencaram mais de 8% no início do pregão nesta quarta-feira, atingindo mínimas de quatro anos e meio, e eliminando cerca de 4 bilhões de libras do valor da empresa. As ações da rival Imperial Brands caíram mais de 2%.
Assim como seus rivais, a BAT vem investindo pesadamente em alternativas ao fumo, como os vapes.
Nesta quarta-feira, a companhia acrescentou uma nova ambição de gerar 50% de suas receitas a partir de produtos sem combustão até 2025 e disse que agora espera que seus negócios com essas “novas categorias” atinjam o ponto de equilíbrio em 2023, um ano antes da projeção atual.
James Edwardes Jones, analista da RBC Capital Markets, elogiou a meta da empresa, embora tenha se surpreendido com o valor da baixa contábil nos EUA e a perspectiva “sombria” da BAT.
“Meu Deus, esse é um número grande”, disse ele sobre a redução no valor dos ativos, acrescentando que exemplifica os “perigos do setor” e envia sinais menos confiantes sobre as perspectivas para os cigarros.
A BAT disse que o crescimento da receita para o ano provavelmente ficará na extremidade inferior de uma faixa de 3% a 5%. A companhia também espera um crescimento baixo de um dígito na receita e no lucro ajustado das operações em 2024.
Fonte: Reuters. Não deixe de ler sobre a lucratividade da BAT
Páginas mais visitadas da Wikipedia 2023
Eis os campeões:
A premier League da Índia foi bastante visitada, já que a enciclopédia teve 8,5 bilhões de acesso no país asiático (versus 33 bilhões nos Estados Unidos e 9 bilhões no Reino Unido). A estatística contou somente com a versão em língua inglesa (tentei achar a estatística em língua portuguesa e não consegui). E foram eliminados os acessos por botsSonoridade de linguagem e Temperatura
Quando o estereótipo tem uma explicação científica:
Todos nós ouvimos esses estereótipos retratando pessoas que falam idiomas latinos, sejam espanhóis, franceses ou italianos, soando mais "apaixonadas" ou até "em voz alta".
Acontece que o estereótipo pode resultar de alguma verdade, pois um novo estudo publicado na quinta-feira (5 de dezembro) sugeriu que as temperaturas influenciam a maneira como falamos.
Dr. Søren Wichmann, linguista da Universidade de Kiel, na Alemanha, juntamente com colegas da China, demonstrou no estudo publicado na revista online Nexo PNAS que a temperatura ambiente média influenciou a sonoridade de certos sons de fala.
Os idiomas nas regiões mais quentes são mais altos que os das regiões mais frias, segundo um estudo de linguística
Søren explicou: “De um modo geral, os idiomas nas regiões mais quentes são mais altos que os das regiões mais frias."
Para resumir o estudo, estamos cercados pelo ar quando falamos e ouvimos; portanto, as palavras faladas são transmitidas pelo ar como ondas sonoras, conforme Phys Org Como resultado, as propriedades físicas do ar influenciam a facilidade de produzir e ouvir a fala.
Søren explicou: “Por um lado, a secura do ar frio representa um desafio para a produção de sons sonoros, que requerem vibração das cordas vocais. Por outro lado, o ar quente tende a limitar sons não dublados, absorvendo sua energia de alta frequência."
Esses fatores poderiam favorecer um volume maior de certos sons de fala em climas mais quentes, conhecidos como sonoridade em termos científicos.
O linguista dinamarquês e seus colegas usaram o banco de dados do Programa de Julgamento de Similaridade Automatizada (ASJP) para testar se esses fatores realmente tiveram efeito no desenvolvimento de idiomas.
Estamos cercados pelo ar quando falamos e ouvimos. Portanto, as palavras faladas são transmitidas pelo ar como ondas sonoras.
Tudo por uma curtida
No final de 2021, o influencer Trevor Jacob divulgou um vídeo onde supostamente seu pequeno avião caiu. Antes disso, ele saltou do avião e conseguiu se salvar. Logo surgiram questionamentos sobre a intenção do vídeo. E evidências que o "desastre" tinha sido montado.
Mas Jacob não era somente um influencer em busca de curtida. Uma investigação mostrou que Jacob destruiu provas do que tinha feito. Tudo ocorreu logo após o desastre, em dezembro de 2021. Ele e um amigo foram de helicóptero ao local onde estavam os destroços do avião. Os restos foram coletados e Jacob levou para um hangar, onde cortou e destruiu as partes e, durante alguns dias, depositou as partes em lixeiras.
Em 23 de dezembro ele postou o vídeo no YouTube. Não basta fraudar; é necessário destruir a prova do crime.
Lavagem Verde
O texto sobre a lavagem verde apresenta alguns pontos interessantes:
O aumento da consciência social em relação a questões como mudanças climáticas e injustiça social resultou em um aumento correspondente no desejo das empresas de comprovar seu comprometimento em serem mais éticas, mais verdes e mais justas. No entanto, existe uma tensão: em uma sociedade capitalista, as empresas são incentivadas a maximizar o lucro para seus acionistas a todo custo, em vez de analisar sua cadeia de suprimentos ou gastar capital na redução de emissões de carbono. Quando a pressão pública ou de investidores se torna intensa demais para as empresas ignorarem, elas devem ceder e reduzir suas margens de lucro para beneficiar a sociedade ou arriscar danos à reputação que podem ser custosos? Uma terceira rota, mais sinistra, surgiu: o greenwashing.
Greenwashing refere-se à abordagem desonesta e muitas vezes enganosa que muitas empresas adotam para demonstrar compromisso com questões como descarbonização e perda de biodiversidade. Enquanto as empresas afirmam estar dando grandes passos em direção ao cumprimento de metas voluntárias de redução de emissões ou à restauração de ecossistemas, a realidade é que essas alegações são deliberadamente enganosas ou selecionadas cuidadosamente para mascarar seu verdadeiro desempenho em sustentabilidade. Ao fazer isso, elas podem evitar a pressão pública e de investidores, enquanto continuam práticas antiéticas e insustentáveis que lhes permitem maximizar os lucros. O custo do greenwashing é pago pela sociedade, por meio da mineração de confiança quando casos são divulgados e do entrave ao progresso em direção às metas de emissão zero líquida e objetivos mais amplos de justiça ambiental.
Os exemplos desse comportamento são abundantes. Famosamente, a rede de fast-food McDonald's mudou para canudos de papel em 2019 em um aparente esforço para reduzir resíduos plásticos; no entanto, os novos canudos "ecologicamente corretos" não eram recicláveis, enquanto os antigos de plástico eram. A decisão resultou em mais resíduos, não menos. Algumas empresas, incapazes de cumprir padrões externos, simplesmente criaram os seus, alegando conformidade com uma versão alternativa e diluída dos padrões da indústria. Outras empresas buscam deliberadamente verificações e rótulos fracos que parecem impressionantes, mas são insubstanciais, levando a situações em que empresas que afirmam aderir a um padrão ambiental da indústria exibem paradoxalmente emissões tóxicas mais altas do que empresas sem o rótulo. A indústria de investimentos pode ser particularmente culpada. Famosamente, o ex-diretor de investimentos sustentáveis da BlackRock, Tariq Fancy, descreveu toda a indústria de investimentos sustentáveis como um "placebo perigoso" em uma série contundente de ensaios.
Como consumidores, precisamos ser cautelosos ao acreditar nas alegações que as empresas fazem sobre seu progresso em direção à sustentabilidade. No entanto, também precisamos ter cuidado para não usar o rótulo "greenwashing" de maneira inadequada. Em 2023, a ativista Greta Thunberg se retirou publicamente de uma participação no Festival do Livro de Edimburgo, citando os vínculos do patrocinador do festival, a empresa de investimentos Baillie Gifford, com a indústria de combustíveis fósseis como exemplo de greenwashing. Neste caso, o uso do termo greenwashing pode ser considerado injusto. O investimento da Baillie Gifford em indústrias relacionadas aos combustíveis fósseis é apenas 2%, em comparação com uma média do setor de 11%, e 5% de seus investimentos são em empresas cujo único negócio é soluções de energia limpa. A Baillie Gifford pode não ser totalmente limpa, mas se possuir qualquer investimento com vínculos com a indústria de combustíveis fósseis for suficiente para ser rotulado como um problema, haverá muito poucos gestores de investimentos de confiança para onde direcionar nosso dinheiro.
O greenwashing continua sendo um desafio persistente e global. A prevenção do greenwashing e a chamada de atenção para casos claros são cruciais para preservar a confiança do consumidor e garantir que os esforços genuínos de sustentabilidade sejam recompensados. Como consumidores, precisamos ser cautelosos ao acreditar nas alegações que as empresas fazem sobre seu progresso em direção à sustentabilidade e apoiar aquelas que realmente priorizam a responsabilidade ambiental em relação a artifícios de marketing. Em última análise, um esforço coletivo para desmascarar o greenwashing pode nos ajudar a avançar em direção a um futuro mais sustentável.
11 dezembro 2023
Vendendo o peixe..
Uma miscelânea global de regulamentações tornou o acompanhamento do progresso ainda mais difícil. Os Estados Unidos continuam profundamente divididos em relação à ação climática, com 11 estados aprovando leis este ano que limitam o uso de indicadores ambientais pelos fundos de investimento nas decisões financeiras. Isso contrasta com a União Europeia, que a partir de 2025 exigirá que todas as empresas - inclusive algumas grandes corporações americanas que fazem negócios na Europa - informem o impacto ambiental de suas operações.
"Provavelmente há 500 estruturas diferentes, classificações, número de estrelas, o que for", disse Emmanuel Faber, presidente do International Sustainability Standards Board (Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade), um órgão multinacional formado após as negociações da COP de 2021 para definir padrões de contabilidade climática. Faber disse ao DealBook que havia cruzado o mundo nos últimos meses, garantindo acordos de países para seguir as regras do I.S.S.B. "O trabalho foi criado para acabar com essa sopa de letrinhas", disse ele. (DealBook, newsletter, 2 dez 2023)
Um pouco exagerado o número de 500. Mas é preciso vender o peixe...
Foto: v2osk
Financiamento e transição energética
O paradoxo financeiro que bloqueia a tecnologia limpa
A conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas está em andamento aqui em Dubai e, em torno das negociações da COP28, há uma luta internacional complexa e amarga por dinheiro:
Quanto capital está disponível para ajudar os países em desenvolvimento na transição para a energia renovável e no enfrentamento de condições climáticas extremas?
- De onde virá esse investimento?
- E, o que é mais importante, que tipos de taxas de juros os credores cobrarão?
- Não é exagero dizer que as respostas a essas perguntas ajudarão a determinar o destino do planeta.
As temperaturas médias globais já subiram cerca de 1,2 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Se não houver um rápido abandono dos combustíveis fósseis, os cientistas alertam que o aquecimento catastrófico destruirá cidades costeiras, devastará terras agrícolas e colocará em risco milhões de vidas.
E, no entanto, há um paradoxo econômico que inibe os esforços para criar um mundo mais sustentável: É relativamente fácil encontrar financiamento para os projetos sujos de que o mundo precisa menos, mas é extremamente difícil financiar os projetos limpos de que o mundo precisa mais.
Essa incompatibilidade está moldando os projetos em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o aumento das taxas de juros está levando grandes empresas a cancelar planos de grandes empreendimentos renováveis. Mas a desconexão é particularmente grave no mundo em desenvolvimento, especialmente na África, onde muitas pessoas têm pouco ou nenhum acesso à eletricidade.
As instituições financeiras e os bancos de desenvolvimento normalmente consideram os investimentos nesses países excessivamente arriscados, tornando os credores mais conservadores. E os esforços dos bancos centrais para controlar a inflação estão produzindo taxas particularmente altas na África.
"O mundo fala muito em tornar o continente africano mais verde", disse Jacqueline Novogratz, fundadora do Acumen, um fundo de investimento de impacto. "E, no entanto, o tipo de capital que investimos nele geralmente é supervalorizado, tem risco insuficiente e é excessivamente de curto prazo."
Isto é, se os credores fizerem os empréstimos. Em muitos casos, os projetos simplesmente não conseguem ser financiados.
Vejamos o caso de Kofie Macauley, um engenheiro de Serra Leoa que está trabalhando para construir um pequeno projeto hidrelétrico que custaria US$ 80 milhões - uma ninharia no âmbito do financiamento de projetos. Ele passou anos cortejando dezenas de parceiros de capital, grandes e pequenos, de todo o mundo, conforme relatou meu colega Max Bearak. Mas depois de uma década de esforços, ninguém está disposto a desembolsar o dinheiro.
Ao escolher entre uma nova usina de carvão e um novo parque eólico igualmente potente, a maioria dos países escolheria o parque eólico. No longo prazo, a ausência de custos de combustível torna os projetos renováveis muito mais econômicos. Isso significa que há uma oportunidade única nos países em desenvolvimento.
"Ao contrário de outros países em que a infraestrutura está bem desenvolvida e é preciso reverter essa situação e torná-la verde, a África pode dar um salto e desenvolver a infraestrutura de energia verde desde o início", disse Bilha Ndirangu, CEO da Great Carbon Valley, uma empresa de desenvolvimento de projetos com sede no Quênia.
Os esforços para disponibilizar melhores opções de financiamento para as nações em desenvolvimento estão ganhando força. O Banco Mundial está sendo pressionado a emprestar mais dinheiro para projetos climáticos a taxas mais competitivas, e a esperança é que, se os bancos de desenvolvimento assumirem mais riscos, grandes quantidades de capital privado sairão das margens. Até o momento, essas reformas estão avançando lentamente.
Quando o dinheiro aparecer, a transição energética poderá ocorrer em uma velocidade surpreendente. Basta olhar para os Estados Unidos.
No último ano, a Lei de Redução da Inflação deu início a um boom na produção de energia eólica, solar, de baterias e de veículos elétricos que está remodelando a economia americana e permitindo que um dos maiores poluidores do mundo diga que está genuinamente no caminho da redução das emissões.
"Essa transição está em andamento", disse Peter Gardett, diretor executivo de clima e tecnologia limpa da S&P Global. "O que nos surpreendeu foi a velocidade e a escala do investimento."
As negociações formais na COP28 provavelmente se concentrarão em compromissos renovados para limitar os ganhos de temperatura global. No entanto, qualquer chance razoável de atingir essas metas dependerá de os líderes mundiais e executivos de negócios reunirem os trilhões de dólares necessários para uma reformulação total da infraestrutura de energia do mundo.
Isso pode significar que os bancos de desenvolvimento assumirão mais riscos, que os credores privados aceitarão retornos menores, que haverá novas parcerias público-privadas ou mais subsídios e incentivos fiscais. Mas não há nenhuma chance de resolver o problema da mudança climática sem resolver também o problema do dinheiro. - David Gelles (New York Times, newsletter, 2 dez 2023)
Cigarro ainda é lucrativo
A British American Tobacco (BAT) atua em um setor condenado pela saúde pública há mais de 50 anos. A relação entre tabaco e câncer já foi estabelecida, mas o fato de produzir um item barato, com preço estável, com demanda cativa, embora em queda, é um fator relevante aqui. Nem uma recente baixa contábil parece abalar a empresa.
Retorno da Luckin
A Luckin Coffee nasceu na China em 2017 e teve um expansão muito rápida. Usando um aplicativo móvel e entrega eficiente, é uma loja minimalista. Mas consegue concorrer com a poderosa Starbucks. Abriu seu capital em 2019, mas logo a seguir esteve envolvida em um escândalo contábil. Em 2020 foi revelado que a empresa teria produzido não somente café, mas também receitas de 310 milhões de dólares. Recebeu um multa de 180 milhões da SEC, pois tinha ações negociadas na bolsa.
Agora a empresa parece voltar aos velhos tempos, com uma grande expansão. Usando pontos autônomos e franquias, a empresa voltou a crescer:
09 dezembro 2023
Custo do julgamento para Trump
Eis um detalhe curioso do julgamento de Donald Trump, que está ocorrendo em Nova York. Só para recapitular, Trump e sua empresa estão sendo julgados por entregar informações superestimadas do seu patrimônio. Se for condenado, o ex-presidente dos Estados Unidos poderá pagar uma multa. Uma das questões envolvidas é quem foi o responsável por prestar informações enganosas, se Trump, sua empresa, seus funcionários ou a empresa de contabilidade.
Em sua defesa, Trump trouxe especialistas para fortalecer os argumentos. Uma investigação da Business Insider mostrou que alguns dos especialistas chegam a cobrar 1.350 dólares por hora ou 22,50 dólares por minuto.
Dois dos especialistas, que trabalham desde o início, afirmaram que não foram pagos. Eram amigos de Trump. Mas nove especialistas provavelmente foram contratados. A estimativa é que o custo talvez chegue a 2,33 milhões de dólares. O professor da Universidade de Nova York, Eli Bartov, foi um dos contratados e afirmou que passou 650 horas trabalhando no assunto. Supondo que ele tenha trabalhado 40 horas por semana, isso corresponde a 16 semanas de labuta, algo em torno de três meses e meio de regime integral. A estimativa do site é que Bartov talvez esteja recebendo pelo menos 877 mil dólares.
No juri, Bartov afirmou que os bancos ignoraram as informações de Trump e que não tinha nenhuma fraude.
Além de Bartov, há quatro das testemunhas pagas por Trump da empresa de consultoria internacional Ankura, incluindo o especialista em contabilidade Jason Flemmons, cujo depoimento há um mês contradisse o que Bartov diria esta semana. Para Flemmons, os problemas foram dos contadores externos de Trump.
06 dezembro 2023
Mentiras profissionais
Sobre mentiras no currículo:
O estudo da ResumeLab entrevistou quase 2 mil profissionais e descobriu que os trabalhadores mentem muito durante todo o processo seletivo de emprego. A quantidade de mentiras proferidas aumenta nas cartas de apresentação e atinge o pico durante as entrevistas.
As respostas de quando questionados “Você já mentiu em um currículo? foram:
70% dos trabalhadores confessam que mentiram nos seus currículos e 37% deles admitem que mentem com frequência. Outros 33% disseram que já mentiram uma ou duas vezes, 15% que não, mas já pensou em mentir e 5% que não e nunca pensou em mentir;
76% dos trabalhadores admitem ter mentido nas suas cartas de apresentação, com 50% deles admitindo mentir frequentemente;
80% dos trabalhadores afirmam ter mentido durante uma entrevista de emprego, com 44% daqueles que admitem mentir frequentemente.
Aqueles com mestrado ou doutorado relataram maior incidência de mentiras em seus currículos – 58% mentem com frequência e 27% mentiram uma ou duas vezes – em comparação com pessoas sem diploma universitário – 29% mentem com frequência e 42% mentiram uma ou duas vezes. Já aqueles com graduação completa foram os que menos disseram mentir: 30% mentem frequentemente e 33% mentiram uma ou duas vezes.
As principais mentiras contadas nos currículos estavam relacionadas a tornar os cargos anteriores e as responsabilidades já assumidas me mais atrativas (52%), exagerar o número de pessoas que já liderou (45%) e aumentar o tempo de emprego em determinada organização (37%). Confira outras principais mentiras que os candidatos a emprego contam em seus currículos:
atribuir a si responsabilidades que não tiveram na realidade – 52%;
fazer o cargo anterior ficar mais atrativo do que realmente é – 52%;
inventar quantas pessoas eu realmente liderei – 45%;
aumentar o tempo que estive empregado em uma organização – 37%;
mentir o nome da empresa que me contratou – 31%;
inflar métricas ou resultados que alcançou – 17%;
mentir sobre minhas habilidades – 15%;
inventar prêmios ou elogios que recebeu – 13%;
fingir ter feito trabalho voluntário – 11%;
colocar lugares onde não realmente se formou academicamente – 11%;
inventar uma experiência para preencher uma lacuna de tempo desempregado – 9%;
inventar ter conhecimentos técnicos, como saber mexer em ferramentas como Trello, Adobe, pacote Office, etc. – 5%.
Fonte: Forbes. Foto: Político cassado por mentir no seu currículo.
Um parceiro obscuro
O procurador federal que obteve uma condenação contra Sam Bankman-Fried está supervisionando uma investigação do Departamento de Justiça sobre o comprador esportivo 777 Partners, cujo envolvimento com investidores dos EUA levantou questões sobre suas finanças já obscuras.
Nicolas Roos faz parte de uma equipe do DOJ investigando se a 777 violou as leis americanas de lavagem de dinheiro, entre outras infrações, em sua rápida ascensão de um investidor desconhecido em acordos legais de pagamento único para proprietário de equipes esportivas ao redor do mundo, informaram fontes próximas ao assunto.
O Distrito Sul de Nova York, onde casos importantes de fraudes financeiras costumam ser julgados, está discutindo uma investigação conjunta com a aplicação da lei em Miami, onde a 777 está sediada, disseram algumas das pessoas. O SDNY recusou-se a comentar. Uma porta-voz dos promotores da Flórida não retornou um pedido de comentário.
A 777 começou a adquirir equipes esportivas medianas na Europa e na América Latina nos últimos anos, mas ganhou destaque neste outono ao fazer uma oferta pelo Everton FC, um dos clubes de futebol mais antigos e financeiramente problemáticos da Inglaterra. Questões sobre a origem de seu dinheiro e a saúde de suas operações, que antes circulavam discretamente nos círculos do futebol, ganharam maior destaque nos mundos esportivo e financeiro.
A Semafor relatou que grande parte do dinheiro da 777 vem de várias operações de seguros, muitas delas financiadas por uma seguradora dos EUA cujo CEO exercia grande influência sobre suas operações e, em pelo menos uma ocasião, recebeu um empréstimo pessoal da empresa.
Apostando na Guerra
Veja que interessante:
Um artigo acadêmico [publicado] esta semana encontrou apostas curiosamente grandes contra ações israelenses alguns dias antes do ataque do Hamas em 7 de outubro. As vendas a descoberto em um índice importante de ações israelenses (o próprio índice é negociado na Bolsa de Valores de Nova York) aumentaram para 28 vezes o nível médio dos últimos cinco anos em 2 de outubro, de acordo com Joshua Mitts, professor na Columbia, e Rob Jackson, ex-comissário da SEC que atualmente leciona na NYU.
A análise encontrou um aumento semelhante em 3 de abril, dois dias antes do início da Páscoa, quando o Hamas havia planejado inicialmente atacar. Os padrões de negociação sugerem algumas grandes apostas em vez de uma série de atividades menores, escrevem os autores.
Os lucros em questão são pequenos, embora Mitts observe que "isso é apenas o que podemos ver" e não inclui derivativos ou outras negociações mais privadas. O artigo também exigiu uma correção relacionada à moeda israelense e ao tamanho de quaisquer lucros obtidos nas negociações. No entanto, ele levanta de maneira crível a questão de se alguém sabia antecipadamente sobre um ataque que nem mesmo a inteligência israelense previu.
Vale ressaltar que os reguladores dos Estados Unidos passaram meses investigando um aumento nas apostas contra companhias aéreas nos dias que antecederam 11 de setembro de 2001. Eles não encontraram nada que não pudesse ser explicado por movimentos legítimos de mercado e, em última instância, atribuíram a responsabilidade a uma newsletter financeira popular que havia recomendado a negociação.
Foto: Levi Meir Clancy
Gráficos 2
Os dados da OMS mostram que as rodovias são perigosas na República Dominicana, mas os acidentes de carro não são expressivos em termos de morte na Islândia (onde as estradas não são "boas"). Entre 1951 a 2023, quantos anos um país teve recessão? Líbia, Argentina e Síria lideram. De 72 anos, 40% dos períodos a Líbia viveu um crescimento negativo.
Das 320 mortes de pessoas Trans, 100 ocorreram no Brasil.
















