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14 março 2013

Hugonomics


[...]
Venezuela certainly reduced inequality, but it hardly seems to have resulted in more economic growth. It's not hard to guess why. Chávez's moves to reduce inequality weren't the only relevant parts of his economic strategy. His hostile attitude toward wealthier countries, combined with the threat of nationalization, undoubtedly discouraged foreign investment. While neighboring countries modernized their regulations and improved their business climates, Venezuela maintained a reputation as one of the toughest places in the world to run a company.
Economic growth and rising incomes aren't everything, however. Economists are taught to care most about wellbeing, which can and should be gauged in other ways. And here's the kicker: If there is one area where Chávez appears to have succeeded, it is in enhancing human development as measured by the United Nations. Even though Peru's incomes grew much more quickly between 2000 and 2010, Venezuela passed its neighbor in the U.N.'s favored metric.
Could Chávez have done even better with higher economic growth? Perhaps, but we'll never know for sure. Instead, we'll see whether Venezuela can cement its progress in human development atop a rather shaky set of economic foundations.

Protecionismo,crônica doença brasileira

A política comercial brasileira voltou à baila no debate público nas últimas semanas em vista de desenvolvimentos no cenário internacional e, também, na política nacional. A disposição de EUA e União Europeia de darem início a negociações visando a um acordo comercial suscitou especulações sobre os rumos da atual política comercial brasileira. O máximo que se obteve como reação do governo foram a declaração de que a política comercial seria "cautelosa" diante da iniciativa de Washington e Bruxelas e a afirmação de que, no Planalto, o assunto foi visto "sem afobação subalterna". Paralelamente, o prematuro início da corrida eleitoral para a sucessão de Dilma Rousseff ensejou manifestações na oposição que sugeririam que a abertura comercial poderia jogar papel relevante no programa do candidato do PSDB, Aécio Neves. Esses desdobramentos devem ser analisados à luz dos fatos correntes e do retrospecto do governo FHC quanto ao tema.

A alegação governamental sobre a cautela que cercaria a política comercial não pode ser levada a sério. O que caracteriza a atual política comercial, fora jogadas de efeito e defesa comercial à outrance, não é a cautela, mas a paralisia em relação a qualquer postura ativa. Gira, de fato, em torno do Mercosul. E, em contraste com o que ocorria na década de 1990, quando a integração regional alavancava a abertura do mercado brasileiro, hoje os parceiros do Mercosul, especialmente a Argentina, levam o Brasil a reboque em processo de gradativo fechamento da economia. Além disso, sendo - ou pretendendo ser - união aduaneira, o Mercosul tolhe a possibilidade de negociações com outros parceiros comerciais, pois a resistência argentina em abrir o mercado é ainda maior do que a brasileira.

A combinação de protecionismo e protagonismo levou a tentativas frustradas de incluir discussões cambiais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Novos instrumentos de proteção foram mobilizados, tais como o IPI discriminatório penalizando importações de autoveículos. Velhos instrumentos, como metas de conteúdo local, adquiriram importância em outros setores, notavelmente na compra de equipamentos e serviços para exploração e processamento de petróleo e gás.


[...]

Reverter o protecionismo é a forma eficaz de enfrentar as dificuldades competitivas acarretadas pela apreciação cambial induzida pelo sucesso na exportação de commodities. Com proteção alta, serão perpetuadas as notórias dificuldades competitivas da indústria. Mas o protecionismo é uma crônica doença brasileira. Há resistência disseminada em aceitar que não faz sentido proteger a qualquer preço a produção doméstica diante das importações. Para que fosse rompida a coesão do bloco protecionista no início da década de 1990 foram requeridos dois ingredientes: descalabro econômico e o terremoto político que resultou na excêntrica eleição de Collor. Para promover a retomada da abertura comercial sem tais choques, seriam necessárias virtudes cívicas que fizessem prevalecer o interesse coletivo sobre os interesses setoriais e que não parecem disponíveis no momento. A esperança de que tal reversão ocorra em qualquer cenário político é, infelizmente, remota.

Fonte:  Protecionismo sem 'afobação subalterna'
Marcelo de Paiva Abreu *
O Estado de S.Paulo, 4/03/2013
  Marcelo de Paiva Abreu é doutor em Economia pela Universidade de Cambridge e professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.

13 março 2013

Hackers

Fonte: Aqui

A Econometria do Conclave

Nunca imaginei que tivessem pesquisas de econometria sobre o conclave. Econometria pressupõe dados, mas há dados sobre a escolha do Papa? Via de regra não deveria haver, já que o sigilo total dos votos é determinação do Vaticano. Espera um pouco, a menos que os dados vazem…

Sim, foi exatamente isso que aconteceu. Encontrei uma excelente pesquisa do econometrista J.T. Toman (via David Gibson) que a partir de “transbordamentos de informação” analisou os padrões de voto de sete conclaves. Alguns resultados interessantes foram encontrados.

Primeiro dos fatos: ao longo de cada conclave os cardeais agem cada vez mais estrategicamente. O autor do artigo classifica os cardeais eleitores em dois tipos: os sincere voters que votam num mesmo candidato rodada a rodada independente da probabilidade de sucesso; e os strategic voters que mudam o voto a luz dos acontecimentos.

[...] De modo análogo há um aumento rodada a rodada de votantes estratégicos. Podemos cogitar várias razões para isso, transmitir coesão dentro da Igreja aos fiéis pode ser um dos motivos em não se estender muito a decisão do conclave.

Segundo, foi constatado que parte desse aumento dos votantes estratégicos comportam-se em efeito de manada com o decorrer das rodadas. Isto é, votos convergem para cardeais que receberam mais votos durante a votação anterior e, especialmente, sobre aqueles cujo número de votos é crescente.

Terceiro, um efeito negativo bastante peculiar de “conversas noturnas” foi identificado. O número de votos do cardeal líder cai consideravelmente na manhã seguinte à última votação. Uma explicação razoável para isso é que as conversas noturnas permitem que os cardeais combinem e dificultem a eleição do cardeal que vinha liderando.

Por fim, há de se considerar que nem todo cardeal é na prática elegível, muitos por serem desconhecidos têm chances mínimas. Isto impõe o problema da heterogeneidade (comum na economia em modelos cujos agentes não são idênticos). Tucker notou que lá pelas tantas do artigo o autor da pesquisa procura entender a existência da heterogeneidade usando um curioso mix de econometria e religião:

Finally, as is seen by the uneven voting activity among the cardinals, there is unobservable heterogeneity among the cardinals that is constant across time. Only a select subset are considered serious contenders for the position of the Papacy. One interpretation is that this is the Word of God. The voters do not perceive the cardinals as equal candidates. More cynically, one might argue that the differences observed are the result of the pre-conclave maneuverings. However, why would the effects of these be constant over time? We could expect these effect to die off after the observations of the first vote count. However, as God is omnipresent and all-knowing, having His effect to be constant over time is less of a surprise. Either way, this unobservable heterogeneity is accounted for in the estimation process through the inclusion of fixed effects parameters.

Por Adriano Teixeira - Prosa Econômica

Rir é o melhor remédio

Influência do Celular 2

Risco das IFRS

No ano passado, um grupo de investidores institucionais enviou uma carta aos funcionários de Bruxelas [sede da Comunidade Europeia], advertindo que as normas de contabilidade da União Europeia são "desestabilizadoras de bancos" e "prejudicam as economias nacionais".

Os funcionários da Comunidade Europeia ficaram suficientemente preocupado com os investidores do Reino Unido, que por causa das regras contábeis da UE, os bancos podem ter exagerado sistematicamente seus ativos e e distribuído lucro inexistente como dividendos e bonificações - que eles disseram que iriam abrir um inquérito. Na semana passada, o conselho que administra as regras [IASB] apresentou a sua proposta. E estas são susceptíveis de perpetuar, não corrigir o problema.

As normas em causa são chamadas as Normas Internacionais de Relato Financeiro [IFRS] e são utilizados em toda a UE e em um número crescente de outros países ao redor do mundo. A falha nas demonstrações é significativa. No caso de apenas um banco britânico, o Royal Bank of Scotland Group Plc, eu e outras pessoas calculamos que as IFRS resultaram na subestimação dos seus prejuízos em 2011 de 19,5 bilhões de libras (...)

Se isto estiver correto, então o resgate de £ 45500000000 (67,7 bilhões dólares) do governo no RBS em 2008 e 2009 foi calculado com base num balanço que provavelmente também era enganoso. O risco de tais números defeituosos é claro: Se o RBS não recuperar este buraco nas suas contas através de lucros genuínos, então o contribuinte do Reino Unido pode ficar com um prejuízo em mais de 20 bilhões libras além do que o governo esperava. Na semana passada, o RBS informou uma perda maior do que o esperado em 2012, de pouco menos de 6 bilhões de libras. (...)

O deputado britânico Steve Baker , que em 2011 apresentou um projeto legislativo para o Parlamento do Reino Unido revogar a normas IFRS, coloca o problema de forma sucinta : "IFRS criar uma espiral de morte. Bancos silenciosamente destroem seu capital sob o pretexto de lucro, então elas precisam de apoio do contribuinte, o processo começa de novo."

Os defensores da IFRS dizem que essas regras promovem a neutralidade e objetividade - afinal, se você estimar as perdas futuras para fins de demonstrações, por que não os lucros futuros também? (...)

O International Accounting Standards Board , que elaborou as regras, não parece aceitar a gravidade do problema. (...) Agora, o IASB propôs uma correção para o problema, reconhecendo que o reconhecimento tardio de perdas esperadas provou "uma fraqueza" durante a crise financeira. No entanto, a sua proposta de solução é adicionar mais micro-regras que definem as situações específicas em que os bancos devem ser autorizados a declarar uma deficiência e perdas de livros. (Gordon Kerr, Bloomberg)

É interessante contrapor este texto com outro da mesma Bloomberg:

Aplicação de normas mais rigorosas de contabilidade para derivativos e ativos fora de balanço[ou IFRS] faria os bancos [dos Estados Unidos] duas vezes maior que eles dizem que são, (...) de acordo com dados compilados pela Bloomberg. (...)

As regras contábeis dos Estados Unidos permitem que os bancos registrar uma parcela menor de seus derivativos do que seus pares europeus e manter a maioria dos títulos vinculados a hipotecas fora de seus livros. Isso pode subestimar o risco das empresas e afetam o quanto de capital elas necessitam.

Usando padrões internacionais de derivativos e securitizações de hipotecas [IFRS], o consolidado do JPMorgan Chase & Co. ( JPM ), Bank of America Corp e Wells Fargo & Co. dobraria em ativos, enquanto o Citigroup Inc. ( C ) iria saltar 60 por cento, no terceiro trimestre, os dados mostram.

Artigos influentes

Eis uma relação curiosa: os artigos mais influentes em economia. Algumas polêmicas e ausências.

A Theory of Production - 1928 - Charles W. Cobb e Paul H. Douglas
The Use of Knowledge In Society" - 1945 - Friedrich Hayek
Economic Growth and Income Inequality - 1955 - Simon Kuznets
The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment - 1958 - Franco Modigliani e Merton Miller
A Theory of Optimum Currency Areas - 1961 - Robert A. Mundell
Capital Theory and Investment Behavior - 1963 - Dale W. Jorgenson
Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care - 1963 - Kenneth J. Arrow
National Debt In A Neoclassical Growth Model - 1965 - Peter A. Diamond
Monopolistic Competition and Optimum Product Diversity - 1965 - Avinash K. Dixit e Joseph E. Stiglitz
The Role of Monetary Policy - 1968 - Milton Friedman
Migration, Unemployment and Development - 1970 - John R. Harris e Michael Todaro
Optimal Taxation and Public Production - 1971- Peter A. Diamond e James A. Mirrlees
Production, Information Costs, and Economic Organization - 1972 - Armen A. Alchian e Harold Demsetz
Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs - 1973 - Robert E. Lucas, Jr.
The Economic Theory of Agency: The Principal's Problem - 1973 - Stephen A. Ross
The Political Economy of the Rent-Seeking Society - 1974 - Anne O. Kreuger
An Almost Ideal Demand System - 1980 - Angus S. Deaton e John Muellbauer
Scale Economies, Product Differentiation and the Pattern of Trade - 1980 - Paul Krugman
On The Impossibility Of Informationally Efficient Markets - 1980 - Sanford Grossman
Do Stock Prices Move Too Much to be Justified by Subsequent Changes in Dividends? - 1981 - Stephen A. Ross

O ano de 1980 teve três artigos citados. E a série parou em 1981. Mas várias ausências: Coase, Samuelson, etc.

As melhores

A figura (a partir daqui) mostra as melhores universidades dos EUA em contabilidade:
O custo apresenta variação conforme a característica do aluno (residente no estado, por exemplo). O número de inscritos refere-se a quantidade de alunos de dedicação exclusiva.

Índice Starbucks

O índice Starbucks tem o objetivo de comparar as diferenças entre as moedas de diferentes países. É a mesma ideia do índice Big Mac.


Fonte: aqui

Livros

O gráfico mostra a quantidade de livros por década. O número de obras escritas a partir da década de 20 do século passado diminui claramente no gráfico. A razão? Lei de direitos autorais.

Entrevista com Leonard Mlodinow

ÉPOCA – Nós vivenciamos mais o mundo mais pelo inconsciente que o consciente?
Leonard Mlodinow – Sim. A quantidade de energia do cérebro que está funcionando em processos inconscientes é maior do que nos conscientes. A energia usada pelo cérebro por alguém que está se concentrando profundamente é quase a mesma que a de uma pessoa deitada no sofá, sem fazer nada. Isso mostra que o cérebro está trabalhando duro o tempo todo, mesmo quando você está sonhando acordado, com a mente limpa. O pensamento consciente não toma tanto da capacidade do cérebro. A maior parte dele é inconsciente, principalmente porque há muitos processos fisiológicos que são coordenados inconscientemente, como as batidas do coração e respiração.

ÉPOCA – Os pesquisadores conseguem apontar quando processos inconscientes se tornam conscientes?
Mlodinow – Os processos inconscientes e conscientes são todos interconectados. Um alimenta o outro. Não é fácil separá-los. Imagine um cientista que está tentando resolver um problema de física bem difícil. Após se frustrar e não conseguir resolvê-lo, ele esquece aquilo e vai correr ou tomar um banho. Subitamente, quando está no meio do chuveiro ou no parque, uma solução lhe vem à mente. No fundo, seu cérebro estava refletindo profundamente naquilo. Seu consciente estava considerando o problema e o inconsciente trabalhou em cima dele. Tudo é conectado. E essa interconexão é complicada de destrinchar.

ÉPOCA – O que mais lhe impressionou durante a pesquisa para fazer o livro?
Mlodinow – Uma condição chamada “visão às cegas”. Muito do nosso processamento de informação visual é inconsciente. Seus olhos, retina e nervo óptico gravam uma imagem que é interpretada por certas partes do cérebro até chegar a você. Eu fiquei chocado com o caso de um paciente que teve um infarto que liquidou a região cerebral que envolve a parte consciente da visão, mas não afetou a parte inconsciente. Aquele homem tinha todas as ferramentas para processar uma imagem, mas seu cérebro não conseguia interpretar conscientemente aquilo. Em outras palavras, ele não conseguia ver nada. Mas conseguiu, num experimento famoso, desviar de obstáculos de um corredor porque a parte inconsciente da sua mente estava automaticamente o alimentando para evitar alguma colisão. Há pessoas que são cegas, mas possuem uma visão inconsciente pela qual não estão cientes. Eu descrevi aquela pesquisa no livro porque achei isso muito contraintuitivo. É difícil de imaginar que algo assim existe.

ÉPOCA – A mente subliminar serve como um mecanismo automático de sobrevivência?
Mlodinow – Sim. Ele é pura sobrevivência, uma questão evolutiva. Desviar de obstáculos, sentir fome, vontade de reproduzir, medo de situações ou barulhos estranhos são instintos de sobrevivência. E todo animal precisa disso para sobreviver, mesmo que de maneira inconsciente. Pensamentos conscientes, como escrever um romance ou investir dinheiro não têm propósito evolutivo.

ÉPOCA – É possível dizer que isso afeta nosso livre arbítrio?
Mlodinow – Seu consciente toma decisões. Mas está sendo alimentado pelo inconsciente. Só que você frequentemente você não está ciente das impressões. Para mostrar meu ponto, eu menciono no livro um estudo onde as pessoas compravam mais vinhos franceses quando ouviam música francesa e mais vinhos alemães quando escutavam músicas alemãs. Ao comprar um vinho, uma pessoa pensa em critérios como a uva, a região ou o que comerá no jantar. Mas não imagina que algo como a música pode mexer tanto com sua decisão.

ÉPOCA – Que escolhas nós tomamos inconscientemente todos os dias?
Mlodinow – Ir ao trabalho. Você vai no piloto automático. Vira à esquerda e direita sem pensar. Comer. Decidir o que comer. Aquele salgado, aquele doce. Basicamente, qualquer decisão que você tomar. Há influências por trás que ajudam a determinar o que você pegar. O pacote vai ajudar a determinar. Por exemplo, fizeram um estudo onde deram às pessoas diferentes cores de caixa para detergente. Depois de usá-lo por um mês, os pesquisadores pediram para cada “cobaia” avaliar o produto. A cor da embalagem tinha um efeito nítido em como as pessoas determinavam sua efetividade. Só que todos detergentes eram idênticos. As pessoas preferiam a caixa. É claro que os publicitários sabem que o pacote tem um apelo forte no produto. O que não significa que você pode ser 100% manipulado. Apenas mostra que pode ter certo efeito.

ÉPOCA – O pensamento consciente e o inconsciente podem entrar em conflito?
Mlodinow – Sim. Você não faz tudo o que racionalmente deseja ou planeja. O maior exemplo disso é o gasto com cartão de crédito ou dinheiro vivo. Pessoas com cartão gastam quase duas vezes mais porque não “sentem” o quanto estão gastando. A mente subliminar faz o dinheiro do cartão de crédito parecer menos. Ideias conscientes podem se chocar com sentimentos inconscientes.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2013/03/01

Golpe

Nos próximos dias, provavelmente, o esquema de pirâmide da TelexFree será desbaratado e seus mentores detidos. É possível que seus bens (visíveis) sejam bloqueados. Mas terá sido em vão para mais de um milhão de pessoas que caíram no mais abrangente golpe financeiro da história do país. Apenas em 2012, o esquema movimentou R$ 300 milhões.

Durante semanas o Ministério Público ficou discutindo se o tema era da alçada federal ou estadual. A Polícia imersa em indagações se era crime contra a economia popular, portanto afeita à Polícia Civil, ou crime mais abrangente, de responsabilidade da Polícia Federal.

Enquanto pipocavam notícias de todo o país, de famílias vendendo até casa própria para aplicar no golpe, o Banco Central indagava-se se deveria entrar na parada, já que a TelexFree mexe com poupança popular mas não é uma instituição financeira. E a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) dizia que, só após provocada, faria alguma manifestação. Desde janeiro a Secretaria Nacional de Direito do Consumidor está perdida, analisando um produto que é auto-definível: basta analisar o modelo de vendas para saber se é golpe.

Na era da Internet, há necessidade de se montar procedimentos rápidos para evitar a explosão dos prejuízos populares. Para tal, é importante entender como foi montado o golpe.

Os golpes clássicos com pirâmide

Os golpes com pirâmides são antigos e obedecem, quase sempre, à mesma lógica.

1. Escolhe-se um produto qualquer . E monta-se uma primeira lista de supostos vendedores com 10 nomes. Como o trapaceiro está iniciando o processo, provavelmente os 9 primeiros nomes da lista são clientes fantasmas, criados por ele.

2. As dez pessoas que receberam a lista, pagam o bônus para o primeiro da lista. Depois, montam uma nova lista, na qual o primeiro nome é excluído e a pessoa coloca o seu próprio nome no 10o lugar.

3. A nova lista é vendida para novas dez pessoas que pagam o primeiro da lista e montam novas listas, incluindo seu nome no 10o lugar. E o nome de quem vendeu para elas no 9o lugar.

4. Portanto, a primeira pessoa a quem a lista foi vendida terá que esperar nove rodadas, antes de começar a receber o retorno.

5. Quando chega sua vez, os primeiros compradores conseguem ganhar bom dinheiro, à custa dos que entraram depois. Cria-se a fantasia de que todos ficarão ricos. Ocorre que o crescimento da pirâmide é insustentável. Chegará uma hora em que não haverá mais incautos para adquirir a pirâmide e ela quebrará, deixando grande parte dos usuários no prejuízo bravo. Estudos estatísticos estimam que, em cada pirâmide, 88% dos participantes perderão dinheiro.

Uma corrente na qual o membro do grupo precise vender para 10 pessoas, na 5a rodada exigirá 100 mil pessoas para não quebrar. Na 7a rodada, 10 milhões de pessoas. Na 10a rodada, 10 bilhões de pessoas.

Os golpes da pirâmide, ou corrente da felicidade, são antigos no Brasil. No caso de golpes, o produto ofertado pouco importava. A receita da corrente consistia no pagamento efetuado pelos novos aderentes aos que entraram primeiro.

Nos anos 60, houve uma corrente famosa com LPs de Johnny Mathis. E outra com sapatos Samello. Em 2006, a Irlanda foi vítima do golpe da pirâmide.

O esquema Ponzi

O mais famoso golpe da pirâmide do século passado foi o "esquema Ponzi", criado pelo criminoso norte-americano Charles Ponzi. Imigrante italiano, Ponzi chegou aos Estados Unidos em 1910. Descobriu que selos de carta de outros países poderiam ser utilizados nos Estados Unidos – e eram mais baratos. Montou uma pirâmide, então, para vender selos estrangeiros nos Estados Unidos.

Em fevereiro de 1920, o esquema tinha lhe rendido US$ 5 mil; em março, US$ 30 mil; em maio US$ 420 mil; em julho US$ 1 milhão. Foi uma febre que se espalhou por todos os Estados Unidos, levando famílias a venderem suas casas para entrar no jogo.

A corrente quebrou, Ponzi foi detido, pagou fiança e fugiu para o Rio de Janeiro, onde terminou seus dias como representante de linhas aéreas. Morreu em 1949, em um hotel para indigentes no Rio.

O esquema Madoff

O esquema Bernard Madoff foi mais sofisticado, pegando apenas milionários. Sua empresa oferecia oportunidade de investimentos que rendiam 1% ao mês - alto para os padrões internacionais, não tão alto que pudesse despertar suspeitas de golpe. Os fundos de Madoff não pagavam rendimentos todo mês. Os investidores acoampanhavam o saldo através de extratos. Só obteriam o saldo completo se resgatassem o dinheiro e saíssem do fundo.

Com os recursos que ia recebendo de novos clientes, Madoff ia pagando clientes que saíam da corrente.

Esses recursos eram administrados por um fundo não ligado diretamente ao banco de Madoff, para ficar ao largo da fiscalização das autoridades.

Estourou em 2009, levando prejuízo a muitos investidores, inclusive a brasileiros. No Brasil, seu fundo eram vendido pelo Banco Safra e pelo Santander.

O esquema Boi Gordo

O último grande golpe de pirâmide no Brasil foi o das Fazendas Reunidas Boi Gordo. Foi montada por Paulo Roberto de Andrade, de Santa Cruz do Rio Pardo.

Historicamente, a engorda de bois rende 10% em 18 meses. A Boi Gordo oferecia aos investidores a possibilidade de ganhos de 38% ao ano.

Era o velho esquema da pirâmide, na qual o dinheiro dos que entravam bancava os investimentos dos primeiros que entraram no jogo.

A diferença da TelexFree é que, no caso da Boi Gordo, havia alguns ativos - fazendas e rebanhos - de garantia, embora insignificantes perto do rombo que deixou no mercado. O prejuízo atingiu 30 mil clientes. Até abril de 2004, chegava a R$ 2,5 bilhões.

O esquema TelexFree

O golpe da TelexFree só no ano passado pode ter movimentado R$ 300 milhões. Se a Polícia Federal não atuar rapidamente, o golpe poderá ser de US$ 1 bilhão.

Esse golpe foi montado inicialmente no Brasil, com características próprias da era da Internet. Depois, conseguiu-se um parceiro norte-americano. O cabeça da operação foi o empresário capixaba Carlos Wanzeler.

O golpe se valeu de um modelo de marketing denominado de "multinível" - que é legítimo e adotado por empresas respeitáveis.

Trata-se de um modelo de vendas porta-a-porta, na qual há espaço para dois tipos de vendedores: o vendedor comum, que recebe um percentual sobre o que vende; e o chefe de equipe, o vendedor que logrou montar uma equipe trabalhando por ele, que recebe pelo que vende e pelo que vendem seus seguidores.

O que diferencia uma empresa séria da golpista é a receita auferida com a venda final do produto. Quando a remuneração de todos é função direta da venda de produtos, o modelo é auto-sustentável. Quando a forma de remuneração é o pagamento de quem entra, e a manutenção da rede depende do crescimento exponencial dos participantes, é golpe.

No caso da TelexFree, o golpe - óbvio, evidente - fundou-se em duas características da Internet.

A primeira, a de oferecer um produto que não existe fisicamente: a possibilidade de fazer ligações de VOIP (telefone através da Internet) pela empresa TelexFree.

A corrente consiste em colocar anúncios na Internet vendendo os serviços da TelexFree. Cada anúncio acarretaria um ganho de US$ 20,00 para o vendedor.

De cara, há dois furos evidentes. O fato de que anúncios em Internet custam muito menos do que US$ 20,00 e o total descasamento entre o faturamento da empresa de VOIP e o volume de vendas de anúncios.

Teoricamente, o faturamento das novas assinaturas de VOIP deveria bancar o lucro dos vendedores. Hoje em dia, o VOIP é oferecido por gigantes, como o Skype (da Microsoft), Google e Facebook. Uma conta Premium do Skype não sai por mais que US$ 5 dólares mês. Já a assinatura da TelexFree é de US$ 50. Ou seja, a empresa tem um produto que jamais competirá no mercado.

No entanto, a quadrilha valeu-se da segunda característica da Internet - a rápida propagação de informações -, para montar esquemas em várias partes do mundo. Acabou tornando-se uma franquia para trapaceiros de várias nacionalidades, a maior parte dos quais do Brasil.

Como o norte-americano James Merril entrou na história

O modelo da pirâmide TelexFree foi inteiramente desenvolvido por Wanzeler, através do site Disk à Vontade, já vendendo as ligações VOIP em 2009.

A dificuldade maior dos golpistas era passar credibilidade em relação ao negócio.

Quando percebeu a potencialidade do golpe, Wanzeler resolveu sofisticar. Localizou uma empresa norte-americana especializada em VOIP, a Commons Cents Communications, aproximou-se do dono James Merril, e entrou como sócio da companhia.

No site da empresa (www.telexfree.com) informa-se que ele entendeu a potencialidade do negócio quando conheceu brasileiros. No Brasil, Merril passou a ser apresentado como o gênio do marketing multinível e da VOIP.

O blog "Meu Dinheiro em Casa" fez um belo levantamento sobre o registro da empresa nos Estados Unidos.

Descobriu que, no registro da TelexFree nos Estados Unidos, pela Secretary Commonwealth Corporations Division (SEC), 1) a empresa se chamava Commons Cents Communications e foi alterada para Telexfree em 15/02/2012. 2) A empresa original não era de marketing multinivel (a especialização das empresas de marketing que trabalham com sistemas semelhantes, mas em cima de produtos reais). 3) No registro, Merril aparece como presidente. Mas o golpista brasileiro, Wanzeler, dono da Disk à Vontade e da Ympactus, é tesoureiro e diretor.

As conclusões do blog foram taxativas:

A Telexfree jamais existiu como marketing multinível nos Estados Unidos

O contrato é claramente celebrado entre o divulgador e a Ympactus Comercial LTDA e não com a Telexfree INC.

Se a Ympactus pertence a Carlos Wanzeler e ele é um dos proprietários da Telexfree INC e da Disk a Vontade, ele é o principal mentor do negócio.

Disk a Vontade, Ympactus e Telexfree são a mesma coisa, apesar de não o ser juridicamente.

No entanto, a parceria com o norte-americano acabou fornecendo a capa de credibilidade de que o esquema necessitava no Brasil.

No site, a TelexFree é apresentada como uma multinacional norte-americana.

Os esquemas de vendas

Todas as pirâmides tradicionais das últimas décadas - venda de ouro, Boi Gordo, Avestruz Master - contaram com a mesma estrutura de vendedores, em geral pequenos picaretas de mercado, dispostos a vender qualquer coisa.

Nos últimos anos, a Internet abriu espaço para aventureiros mais atrevidos, em geral ligados a esquemas de bingos ou de olho em novos negócios obscuros que aparecem de quando em quando.

Em cima da suposta parceria com uma "multinacional, a empresa montou seu esquema de divulgação na Internet, com vídeos, por si só, demonstrativos da baixa qualidade dos golpistas.

Para iludir os incautos, a empresa colocou na Internet alguns documentos banais, passando a impressão de ser uma atividade legalizada, como uma Certidão Negativa de débitos contra a União da empresa Ympactus, titular do golpe no país.

Em seguida, graças à Internet, foram se acoplando ao golpe diversos grupos espalhados pelo Brasil inteiro, constituindo, provavelmente, a mais extensa rede de golpistas que o mundo já viu. Picaretas de toda sorte, junto com incautos, abriram sites na Internet, usando o nome TelexFree na URL, entrando nos mais distantes rincões do país, espalhando vídeos e sites pela Internet. Surgiram www.suportetelexfree.com.br, www.brasiltelexfree.com.br e outras.

A guerrilha na Internet

Para impedir as denúncias pelo Google, a quadrilha recorre a dois tipos de ação.

A primeira foi bombardear os blogs que denunciavam o esquema através de ataques DoS. Os ataques tomavam como base os links no Google. Os dois primeiros links, aliás, eram do meu Blog e do Acerto de Contas, do Pierre Lucena, denunciando o golpe - no meu caso, republicando o artigo do Lucena.

A segunda ação consistiu em inundar o Google e o Youtube com conteúdos utilizando a palavra "denúncia", mas levando a vídeos enaltecendo o trabalho da quadrilha.

Graças ao esquema de franquia, diversas subquadrilhas entraram no jogo, misturadas a incautos, dificultando a identificação e o mapeamento dos diversos elos. Com tantos empreendedores associados, a Internet ficou abarrotada de publicidade do grupo.

O trabalho do governo

Informações dos leitores do Blog indicam que o esquema entrou nas mais distantes cidades no país, chegou a Portugal e começa a entrar na Inglaterra.

Há vários elos da quadrilha em todo lugar. Ao mesmo tempo, muitos incautos misturados ao grupo.

O trabalho da Polícia Federal deverá ser mapear os elos da corrente, identificar os cúmplices, separar os incautos e acionar a Polinter, já que o golpe envolve vários países em um sistema em que o dinheiro pode ser transferido para paraísos fiscais em dois tempos.

Mas é evidente a lentidão dos órgãos de controle. Desde janeiro a Secretaria Nacional de Direito do Consumidor está analisando o golpe. Ora, bastaria uma mera análise do modelo de venda para constatar o golpe. O passo seguinte seria interromper imediatamente a corrente. Só então, partir para as investigações e para a responabilização penal dos transgressores.

Mas enquanto a malandragem voa pela Internet, o aparelho regulador anda de máquina de escrever.


Telexfree é visto como provável maior golpe da história do BrasilBrasiltória do Brasil - 12 de Março de 2013 - O Documento - Luis Nassif

EUA fixam regras para famosos que usam Twitter para propaganda

Em época de publicidade feita até pelo Twitter por celebridades, os EUA renovaram a lista de orientações para que propagandas exibidas na internet sejam mostradas sem desrespeitar ou confundir o consumidor.

Depois de 13 anos sem atualizações, o compilado das regras para melhorar a transparência da publicidade foi divulgado nesta terça-feira (12), pela FTC (Comissão Federal do Comércio, em inglês).

As empresas ou as pessoas que não respeitarem as normas podem ser alvo de ação judicial e serem multados (confira o documento).
As mudanças no mundo digital forçaram a renovação. “Em maio de 2011, a FTC começou a reunir sugestões para modificar e melhorar o guia, a fim de refletir as dramáticas mudanças no mundo on-line nos últimos 11 anos”, afirma a comissão no documento. O trabalho de compilação foi somente concluído agora.

Pelas regras americanas, todo anúncio (analógico ou digital) tem de avisar se tratar de uma peça publicitária e as condições dos produtos exibidos (se são reproduções ou imitações).

O reclame não pode tirar a atenção do consumidor do aviso, que, se necessário, deve ser repetido mais de uma vez. Se for feito em meio audiovisual, deve respeitar o volume e a cadência da mensagem.

Twitter patrocinado
No entanto, a FTC, acredita que “formas únicas de apresentar anúncios on-line – incluindo os enviados por mídias sociais ou aparelhos móveis—afetam como qualquer aviso deva ser exibido”.

O órgão lista exemplos de anúncios em sites, aplicativos móveis, lojas eletrônicas e páginas na que oferecem serviços na web para orientar qual a melhor forma de os avisos serem mostrados.

Mostra até como celebridades que fazem propaganda via Twitter devem postar para respeitar as regras.

Os famosos pagos para isso devem dizer quem os patrocina, publicar juntamente com o tuíte publicitário alguma expressão que a identifique como um anúncio (como #sponsor) e tuitar um link com o aviso.

Para a FTC, deve haver bom senso. “Publicitários devem assumir que consumidores não leem todo um site ou página on-line assim como em uma página impressa ninguém lê todas as palavras.”

Fonte: Aqui

12 março 2013

Frase


Novo Doutorado em Controladoria e Contabilidade

O resultado da 143ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada no período de 27 e 28 de fevereiro de 2013, em Brasília, endossou a proposta da USP/RP de criação do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade.

Este é o sétimo curso de Doutorado em Contabilidade autorizado a funcionar no país e o terceiro autorizado pela Capes desde setembro de 2012, quando recomendou o Doutorado em Ciências Contábeis da UNISINOS seguido do Doutorado em Contabilidade da UFSC, em novembro.

Relação dos cursos autorizados pela Capes na 143ª Reunião disponível aqui.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Poder dos Quietos


Como professor do ensino superior várias vezes usei, na avaliação de alunos, nota de participação. Em turmas reduzidas eu ficava controlando quem fazia algum tipo de intervenção, pontuando se havia comentários pertinentes sobre os assuntos da disciplina. Em turmas com muitos alunos, associava participação com presença em sala de aula ou pequenos exercícios. Outras vezes solicitava que fizessem perguntas ou comentários.

Depois de ler O Poder dos Quietos (Susan Cain, Agir, 2012) percebi que estava cometendo um grave erro: fazendo uma associação entre bom aluno e aluno extrovertido.

Cain mostra que a educação ocidental tem enfatizado o debate em sala de aula, excluindo excelentes alunos que são tímidos. Esses alunos serão no futuros profissionais que podem “mudar um mundo que não para de falar”, como consta da capa da obra.

A partir de agora tentarei respeitar os alunos quietos. Coincidência ou não, na minha turma recente de graduação a melhor aluna era introvertida.

O livro começa com um pequeno teste para saber se você se enquadra na categoria dos extrovertidos ou introvertidos. Provavelmente se você se interessou pela obra, existe grande chance de ser um introvertido ou de ter alguém introvertido em sua vida. Depois disto, Cain mostra como a sociedade moderna valoriza a extroversão. Ao longo do texto, ela mostra que a extroversão pode ser perigosa em vários ambientes, como os empresariais. A parte dois discute o assunto sob a ótica da biologia e da personalidade. Em seguida,  na parte três, Cain verifica se a extroversão é afetada pela cultura. Os últimos três capítulos do livro, que fazem parte da parte quatro, é uma tentativa de aconselhar as pessoas sobre como lidar com o assunto.

A leitura da obra é muito agradável e a teoria de Cain é interessante. Mas a partir da metade do livro, fica a impressão de repetição do mesmo argumento. Além disto, parece que a partir de um certo momento a obra fica mais rasteira.

Vale a pena? Se você é um “quieto”, sim. A leitura das quase 300 páginas será rápida.

Evidenciação: Este blogueiro adquiriu a obra numa livraria, não tendo sido induzido a fazer esta postagem pelas partes interessadas.

10 piores escândalos contábeis

The 10 Worst Corporate Accounting Scandals of All Time
Source: Accounting-Degree.org

Jogos e Ambiente

Dois cartazes criativos de uma campanha ambiental: It´s not a game anymore


Chinês

Na língua chinesa (mandarim), algumas palavras são resultados de palavras menores. O mapa acima traz a tradução literal das províncias e países fronteiriços pelo significado das palavras menores. Assim, existe uma província que faz fronteira com a Coréia do Norte com o nome de Distant Peace (Paz Distante). Mas Coréia do Norte, em chinês, é Morning Calm.

Valor dos mecanismo de busca da internet

MEASURING the value of a good is much trickier than measuring the cost, since value inherently involves consideration of a hypothetical: what would your life be like without that good? 
Economists commonly use two measures to assign monetary value to some good or service: the "compensating variation" and the "equivalent variation". The compensating variation asks how much money we would have to give a person to make up for taking the good away from them while the equivalent variation asks how much money someone would give up to acquire the good in question. The term "consumer surplus" refers to an approximation to these theoretically ideal measures.
If we want to estimate "the value of Google search" we have to look at both the commercial and non-commercial aspects of search: users are searching for answers to questions (some of which are commercial in nature) and advertisers are searching for customers for (mostly) commercial transactions. So is useful to break the problem up into two pieces: the value of ads to advertisers and publishers, and the value of search results to users.
Suppose Google were to disappear tomorrow. In the first instance, advertisers and publishers would lose a lot of visitors to their web sites.  How much are those lost visitors worth to them? This is the question I tried to answer in the "value of Google" study. The tricky part is ascribing a value to the advertisers of those web site visitors, but it turns out there is a way to infer that value from advertising bidding behavior. This allows us to get a back-of-the-envelope estimate of the immediate loss in value from Google vanishing.
Of course, "if Google did not exist, man would have to invent it". So we would expect that as the weeks went on, users would start to use other search engines, and advertisers would spend advertising dollars in different ways, and publishers would find other ways to get ad dollars for their web sites. 
So the long-run loss in value would be substantially less than the immediate impact. Ultimately the lost value would be the difference between Google and the next best advertising alternative but that would be almost impossible to estimate given the available data.
Turning to the user side, we drew on the work of Yan Chen, Grace YoungJoo Jeon and Yong-Mi Kim of the University of Michigan to estimate the value of online search in general.
Some of us are old enough to remember what life was like before search engines. We had to look through a pile of reference books to find the answers to basic questions. Even small questions, like how to spell a word, or whether it was likely to the rain the next day, required some effort to answer. Even trivia was hardly trivial: finding obscure facts involved substantial research.
So one way to measure the value of online search would be to measure how much time it saves us compared to methods we used in the bad old days before Google. Based on a random sample of Google queries, the UM researchers found that answering them using the library took about 22 minutes while answering them using Google took 7 minutes. Overall, Google saved 15 minutes of time. (This calculation ignores the cost of actually going to the library, which in some cases was quite substantial. The UM authors also looked at questions posed to reference librarians as well and got a similar estimate of time saved.)
I attempted to convert this time to dollar savings using the average wage and came up with about $500 per adult worker per year. This may seem like a lot, but it works out to just $1.37 a day. I would guess that most readers of this blog get $1.37 worth of value per day out of their search engine use.
When doing this calculation, it is important to take account of the fact that since the cost of getting answers is now so low, we ask a lot more questions. When getting an answer involved a trip to the library and 22 minutes to answer an average question, we only attempted to get answers to important questions. Now that it involves only a few minutes at a search engine to answer questions, we ask many more—and a lot less valuable—questions.
Said another way, we wouldn't bother to even to go to the library unless we were willing to spend at least 22 minutes (on average) to find the answer. Now that it takes us only a few seconds or minutes to get an answer, we ask a lot of frivolous questions (along with the important ones, of course.)
Taking this effect into account involves estimating a "demand curve for questions" as a function of the "cost of getting answers". I don't know any serious research on this topic, so I made a rough approximation to that demand curve and came up with the $1.37 a day figure. It could be larger or it could be smaller, but I think that is the right order of magnitude.
There are many other ways to estimate the value of the internet and the services it provides. However, to the extent that they are based on current practices, they likely underestimate the long-term value of the internet. 
It is now possible for everyone on the planet to have access to all the information humans have ever produced.  The barriers to this utopian dream are not technological, but legal and economic.  When we manage to solve these problems, we will be able to unlock vast pools of human potential that have hitherto been inaccessible.  In the future this will be viewed as a turning point in human history, and economic advances generated by global access to all information will be recognised as the true value of the internet.
Fonte:aqui

Entrevista com Ricardo Paes de Barros

A erradicação da miséria cadastrada é um "ativo incrível" para o país -mas o governo simplificou conceitos ao anunciá-la. A opinião é de Ricardo Paes de Barros, 58, considerado internacionalmente um dos mais importantes formuladores de políticas públicas contra a desigualdade.

Servidor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado à Presidência da República, ele participou e continua participando decisivamente dos desenhos de programas sociais pensados tanto por governos tucanos quanto petistas -Bolsa Família incluso. Hoje, está na Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidente Dilma Rousseff.

Em entrevista à Folha, Paes de Barros defende o que ajudou a construir, sem no entanto deixar de problematizar o estabelecimento de linhas de miséria e o não reajuste delas.

Em fevereiro, o governo anunciou um complemento de renda para que os últimos 2,5 milhões de inscritos no Cadastro Único (banco de dados de famílias de baixa renda) com renda mensal abaixo de R$ 70 -considerada a linha da miséria- saiam da extrema pobreza. A seguir, trechos da entrevista.
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Folha - Em que medida o fim da pobreza no cadastro reflete a erradicação da pobreza real?

Ricardo Paes de Barros - A pobreza é um negócio dinâmico. É como o desemprego: tem uma entrada a todo o momento e uma saída da pobreza a todo o momento. Não há nenhum país do mundo que possa dizer: "Hoje, eu não tenho nenhum pobre", porque sempre vai ter alguém que acabou de se separar, perder o emprego, ficar doente.

Qual a dimensão histórica do anúncio da semana passada?

Essa é mais uma medida numa sequência e não vai ser a última. Porque a pobreza, extrema pobreza, e várias outras questões sociais, vão perturbar a sociedade brasileira o tempo todo. Se vencermos essa pobreza estrutural, teremos agora que partir para essa pobreza mais volátil.
Acho que o que surpreende no Brasil da última década não é a queda na desigualdade e na pobreza. É o fato de que essa queda aconteceu todo ano.

Uma pessoa que passou a ganhar R$ 72 deixou a miséria?

Ninguém sabe onde exatamente começa a miséria, mas acho que ninguém chutaria muito mais do que R$ 100 e ninguém ia chutar alguma coisa perto de R$ 50. Então R$ 70 não é um número absurdo. Acho que o que importa no Brasil é dizer assim: "Ninguém neste país ganha menos do que R$ 70".

Amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 80 e, depois de amanhã, vamos garantir que ninguém ganhe menos do que R$ 90. Depois, menos de R$ 100. Porque a gente sabe que miséria é relativa. Imagine um R$ 70 na região metropolitana de São Paulo. É completamente diferente de R$ 70 em Jordão, no Acre.

Essa linha não deveria ser corrigida pela inflação?

Certamente. Você dizer que R$ 70, ontem e hoje, é a mesma coisa não faz sentido. Agora, não indexar [a linha] dá à sociedade controle sobre o Bolsa Família. Se, no limite, você inventasse uma indexação no salário mínimo, na taxa de crescimento do PIB por trabalhador, a sociedade iria estar presa a um programa onde ela perdeu o controle.

Mas não soa falso dizer que em 2009 miséria é R$ 70 e que em 2013 miséria é R$ 70 ainda?
Acho difícil a argumentação de que a pobreza num ano é R$ 70, num outro ano é R$ 70 também e que você não está medindo uma pobreza diferente no outro ano. A questão é encontrar o equilíbrio entre regras de atualização e não congelar o programa.

Até que ponto o Cadastro Único é fiel à realidade?

O final da história é saber o seguinte: programas com base no cadastro estão bem focalizados? As pesquisas demonstram que programas que usam o Cadastro Único acabam beneficiando prioritariamente os pobres.
Em parte o cadastro precisa melhorar, em parte ele é excepcional. Um serviço feito pelo cadastro é dizer quem está dentro e quem está fora. E esse trabalho foi muito bem feito. Se você, dentro do cadastro, escolhesse aleatoriamente um cara para dar o Bolsa Família, você ia acertar com altas chances.

O que explica a contínua queda da miséria no país?

A primeira coisa é entender que só 20%, 25% disso é Bolsa Família. O restante é um conjunto de políticas que o governo fez quase que todo mês, toda semana. Inclusive seria bom que a gente soubesse o impacto desses programas e a gente não sabe.
Qual a diferença do governo tucano para o governo petista ao fazer política social?

Nos governos, o PSDB tinha talvez uma ideia de que a pobreza era uma coisa complexa, multidimensional, e só dar renda para as pessoas não funcionava, ou seja, que precisava de uma política bem sofisticada etc.
Quando entra o presidente Lula, ele entra com uma coisa do tipo: "Pobreza é uma coisa trivial, é ridículo, qualquer R$ 10 na mão do pobre faz uma tremenda diferença, vamos parar com isso, qualquer coisa serve e o que não servir depois a gente muda".
De repente você abre uma frente enorme, que não tem necessariamente uma grande arquitetura lógica. A gente todo dia faz uma política de combate à pobreza, essas políticas vão sendo acumuladas e a pobreza vai caindo.
O governo do PT então não é o único responsável pela queda na pobreza?

Claro. A desigualdade começa a despencar no ano 2000. Quer dizer, três anos antes do governo Lula ela despenca e cai à mesma velocidade que ela cai depois de 2003 [quando o PT chega ao poder]. E muitas dessas ações têm uma defasagem -você faz hoje e o seu impacto é três, quatro anos depois. Acho que a grande vantagem do Brasil é que tanto o governo do PT quanto o governo do PSDB sempre tiveram um comprometimento total [com o combate à pobreza].

Qual deve ser o próximo gargalo a ser atacado para diminuir a desigualdade?
Acho que o grande legado desses dez anos é um conjunto de brasileiros que abandonou uma estratégia de sobrevivência e passou a olhar para frente. É o cara que parou de pensar: "Será que vou ter comida amanhã?" e passou a perguntar para o filho: "Você fez o dever de casa de hoje?".
O grande desafio para a frente é o fortalecimento desses mecanismos de ascensão. Como eu, governo, promovo um ambiente meritocrático que induza o povo a se esforçar e pensar que eles vivem numa sociedade em que o cara que tem talento e botar esforço vai lá para cima?
E não adianta o cara estar muito bem preparado se o ambiente econômico não é um em que você tem grandes talentos, mas não bons postos de trabalho. Tirar o cara lá da superpobreza você faz sem grandes investimentos.
Daqui para frente, se você não tiver investimentos em capital físico, seja público seja privado, não tem política social que vá dar jeito. Acho que o grande desafio está aí.

Fonte: aqui

Finanças da Igreja Católica

O Papa Bento XVI abandona o barco em meio a sérios problemas financeiros. A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará. Ninguém sabe exatamente quanto gasta a Igreja Católica em nível mundial, mas segundo uma investigação da revista inglesa The Economist, publicada no ano passado com base em dados de 2010, a cifra rondaria os 170 bilhões de dólares. Em um livro sobre as finanças secretas da Igreja Católica, o jornalista Jason Berry, que investigou o tema nos últimos 25 anos, afirma que a estrutura financeira da igreja é “caótica” e “opaca”.

Em entrevista à Carta Maior, Berry falou das dificuldades econômicas do Vaticano que, para ele, remetem à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano, então o mais poderoso da Europa ocidental.

Carta Maior: Como é a estrutura financeira da Igreja Católica em nível mundial?

Jason Berry: A Igreja Católica é muito hierárquica, monárquica eu diria, com o Papa como líder e dioceses dirigidas por arcebispos e bispos em todo o globo. Mas, em virtude de seu próprio tamanho, é internamente caótica e ingovernável. Cada bispo trabalha em sua diocese como se estivesse comandando um principado.

CM: O que sabemos de concreto sobre a riqueza do Vaticano?

JB: Há uma absoluta opacidade nas contas. Quando o vaticano declara suas rendas e gastos anuais não inclui o Instituto para as Obras de Religião, o IOR, mais popularmente conhecido como o Banco do Vaticano, cujos fundos são estimados em cerca de 2 bilhões de dólares. O IOR tem sido administrado em um clima de absoluta falta de transparência, o que o converteu em um veículo perfeito para o trânsito de todo tipo de fundos. Mas agora, com a investigação do Banco Central da Itália sobre lavagem de dinheiro, isso está mudando.

CM: Segundo algumas informações, o Vaticano tem interesses em uma empresa de espaguete, no setor financeiro, aviação, propriedades e uma companhia cinematográfica. Diz-se, inclusive, que controla entre 7 e 10% da economia italiana. Mas, dada a opacidade de suas contas, até onde é possível confirmar essas informações?

JB: Há informação disponível a instituições que nos permite saber onde está o dinheiro do Vaticano. Na Itália, o Vaticano investiu muito no Banco de Roma, que foi fundamental na reconstrução da Itália depois do “Risorgimento” no século XIX. Também tem negócios na área dos transportes públicos. A isso deve-se somar propriedades na própria Itália, na Europa e nos Estados Unidos. O Vaticano chegou a ser um dos proprietários do edifício Watergate, do famoso escândalo que provocou a renúncia de Richard Nixon. O grande tema hoje em dia é averiguar até onde prestou serviços a clientes que o utilizam como um banco “off shore”.


[...]CM: Há uma longa história de escândalos nas finanças do Vaticano. Nos anos 80 houve o escândalo do Banco Ambrosiano e seu presidente, Roberto Calvi, que apareceu enforcado debaixo da ponte de Blackfriars em Londres. Calvi tinha fortes vínculos com o então presidente do Banco do Vaticano, o arcebispo estadunidense Paul Marcinkus. Há uma continuidade entre esses escândalos e os atuais problemas do banco?


JB: Creio que na realidade é preciso retroagir à Segunda Guerra Mundial quando a CIA começou a transferir grandes somas para o Banco do Vaticano. Em 1948, foi a primeira eleição na qual o Partido Comunista italiano, convertido no mais importante da Europa, buscava o poder. Neste momento houve uma grande campanha nos Estados Unidos, patrocinada pelo governo, da qual participou Frank Sinatra, para financiar a democracia cristã. Este foi o começo da história do dinheiro que círculos dos serviços de inteligência estadunidenses para o Vaticano. Uma geração depois, com Roberto Calvi e Marcinkus, o banco havia se convertido em uma via muito lucrativa para a passagem de dinheiro. No final dos anos 80, o banco teve que pagar uma multa de 250 milhões de dólares. Já ali o banco funcionava como uma “off shore” para seus clientes privilegiados. Mas ainda falta muito por documentar sobre essa história.


Fonte: aqui

11 março 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui

Documentos históricos

A coleção Documentos Históricos, da Biblioteca Nacional, foi criada em 1928 com a finalidade de transcrever documentos oficiais dos governos de Portugal e Brasil. Por este motivo, é uma fonte rica para estudar a contabilidade. Por estar focada em documentos oficiais, o panorama concentra-se na contabilidade pública. Alguns dos documentos transcritos tiveram uma atualização da escrita, modernizando a ortografia. Assim, encontra-se o termo “escrituração”, mas não “escripturação”.

Os volumes geralmente são temáticos. O volume 111 trata das cartas de sesmarias do Rio de Janeiro, entre 1573-74. O volume 112, o último publicado, é o diário do tenente-coronel Albuquerque Bello sobre a Guerra do Paraguai.

Nesta postagem irei destacar o século XVIII. Ou seja, um pouco mais de duzentos e cinquenta anos após a publicação da Summa de Paccioli. Apesar do pouco tempo e da dificuldade de divulgação do conhecimento científico, o método das partidas dobradas parecia já consolidado, sendo de conhecimento da administração da colônia da sua importância. Um documento tardio, de 1778, deixa bem claro a relevância da escrituração contábil.





A escrituração contábil é considerada, no documento como o melhor instrumento para evitar os “descaminhos” na gestão.

Em termos de terminologia é interessante notar algumas curiosidades do período. O termo “balanço” está associado ao levantamento físico de inventário, como é possível perceber no documento a seguir, datado de 1699:


Ou neste documento, de 1718, referente a quantidade de pólvora existente no arsenal.

Ou neste outro, de 1721

Mas em 1782 o termo substitui o que hoje conhecemos como DRE para “Balanço da Receita e Despesa”, num documento do governador da Paraíba para o imperador de Portugal.

Finalmente, destaco que o termo “contador” era bastante comum na época. A pesquisa na coleção revelou a existência de 1043 ocorrências com este termo (contra 25 para “escrituração”

De átomos para galáxias




Clique no infográfico acima e divirta-se!
This interactive infographic accurately illustrates the scale of over 100 items within the observable universe ranging from galaxies to insects, nebulae and stars to molecules and atoms. Numerous hot points along the zoom slider allow for direct access to planets, animals, the hydrogen atom and more. As you scroll, a handy dial spins to show you your present magnification level.
While other sites have tried to magnify the universe, no one else has done so with real photographs and 3D renderings….We hope you have a blast magnifying the universe, know that each time you zoom in a depth, you’re magnifying the universe 10x … and every time you zoom out, the bigger objects are 1/10th of their prior size. If you zoom from the biggest object, The Observable Universe, all the way down to the hydrogen atom’s proton nucleus, you will have zoomed in over 100,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000x! Unbelievable isn’t it? Our universe really is immensely massive and surprisingly small.


Fonte: aqui

Campeãs Nacionais

Seis anos após os primeiros aportes de capital, o governo deixou de lado a criação das "campeãs nacionais", atropelado pelo esforço de recuperar o crescimento econômico. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já investiu pelo menos R$ 18 bilhões nessa estratégia, com resultados até agora controversos e distantes do sucesso do modelo coreano que serviu de inspiração.

Levantamento feito pelo Estado com ajuda de especialistas e de fontes do banco estatal identificou sete companhias que receberam ajuda para se tornarem "campeãs nacionais": JBS, Marfrig, Fibria, Oi, LBR, Totvs e Linx. Essas empresas tiveram aportes do BNDES para se fundirem com concorrentes ou para realizar aquisições dentro da lógica de consolidar setores e construir líderes globais.

O pedido de recuperação judicial da Lácteos Brasil (LBR) - que surgiu da fusão entre os laticínios Bom Gosto, do empresário Wilson Zanatta, e Leitbom, da GP Investimentos - elevou o tom das críticas. O BNDES reconheceu um prejuízo próximo aos R$ 700 milhões que investiu, o que ajudou a derrubar o lucro da BNDESPar, braço de investimentos do banco de desenvolvimento.

A aposta do BNDES era que a LBR reunia captação de leite, marcas fortes (Parmalat e Poços de Caldas) e a gestão da GP. Foram essas características que derrubaram as resistências no governo, que já havia se reunido "duas ou três vezes" com a antiga Parmalat, sem se arriscar a entrar no negócio. A LBR, no entanto, não conseguiu agregar valor aos produtos e reduzir a dívida.

O fracasso na LBR serviu para desacreditar o discurso das "campeãs nacionais", que já havia sofrido forte abalo em 2011, quando o BNDES analisou um financiamento para a má sucedida empreitada de Abílio Diniz de fundir Pão de Açúcar e Carrefour, atropelando o sócio Casino. "Essa estratégia de campeãs nacionais é um erro. Não atinge os objetivos de internacionalização e concentra mercado", diz Armando Castelar Pinheiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para os defensores da política, é necessário fortalecer alguns setores para permitir que as empresas enfrentem a concorrência de um mundo globalizado. "É preciso separar o joio do trigo. As políticas públicas não podem apoiar consolidação que defenda poder de mercado, mas têm de apoiar consolidações que visem um posicionamento estratégico", diz David Kupfer, coordenador do grupo de indústria da UFRJ e assessor do BNDES.

Frigoríficos. Os frigoríficos abocanharam 65% dos recursos destinados às campeãs nacionais - R$ 8,1 bilhões para o JBS e R$ 3,6 bilhões para o Marfrig. O JBS é hoje o exemplo mais acabado da estratégia para construir multinacionais verde-amarelas, com um faturamento que saltou de R$ 4 bilhões em 2006, antes do apoio do BNDES, para R$ 62 bilhões em 2011, com 70% da receita vinda do exterior.

O JBS profissionalizou a gestão, está reduzindo seu endividamento e trabalhando para consolidar suas aquisições, mas seus produtos ainda têm pouco valor agregado. A situação do Marfrig é mais complicada. Suas vendas também deram um salto, mas as dívidas são muito altas. A empresa ganhou uma trégua do mercado ao conseguir captar recursos no ano passado.

"A política de campeãs nacionais é ótima só para os acionistas. Não faz sentido a intervenção de um banco público", diz Mansueto de Almeida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ele afirma que a estratégia foi usada para justificar o antigo papel do BNDES de "hospital" de empresas.

Na sua opinião, é o caso da Fibria, que surgiu da fusão entre Aracruz e Votorantim Celulose, para evitar que a primeira quebrasse após perdas com derivativos "tóxicos". A empresa conseguiu reduzir as dívidas, mas parou de investir. Criada para ser a "super tele" nacional, a Oi engavetou a internacionalização e enfrenta dificuldades para fazer frente aos investimentos que o mercado brasileiro precisa.

Resultados. Para o BNDES, sua estratégia é de longo prazo e, por isso, o banco não divulga se ganhou ou perdeu dinheiro até agora nessas empresas. "Com exceção da LBR, todas foram um bom negócio. Nossa carteira de ações é 'grávida' de bilhões de reais de lucros", diz uma fonte do banco. Os investimentos do BNDESPar são mais amplos que as "campeãs nacionais" e incluem Vale e Petrobrás.

Segundo essa fonte, "o BNDES não se fecha numa sala e aponta campeões. O fundamento é a construção de competitividade para um padrão de competição global. Não é só empilhar tamanho, mas também construir competência".

Uma avaliação simples da variação das ações mostra que os investidores que apostaram ao mesmo tempo que BNDES ainda não foram remunerados. Cálculo feito por Sérgio Lazzarini e Rogério Monteiro, do Insper, mostra que, desde a entrada do banco estatal, as ações de JBS, Marfrig e Oi caíram, respectivamente, 12%, 44,5% e 17%. Os papéis da Fibria, que se recuperam em 2012, estão estáveis.


A reportagem continua...

Totvs e Linx, as apostas do banco no setor de tecnologia

Totvs e Linx. Essas duas "campeãs nacionais" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não despertam polêmica. Mesmo na visão de críticos da política industrial do governo, o banco estatal está correto ao apoiar essas empresas a adquirirem rivais e consolidar seu mercado.


"É o lado bom dos investimentos do BNDES. Somos críticos, mas temos que dar o devido valor ao que é feito de correto", diz Rodolfo Amstalden, sócio da casa de análise Empiricus. "Com financiamento barato do banco, essas companhias alavancaram o crescimento."

Totvs e Linx são empresas de tecnologia de informação - ambas líderes em seus segmentos. Fornecedora de software de gestão para indústrias, a Totvs recebeu um aporte de R$ 199 milhões do BNDES, através de subscrição de debêntures em 2008, quando comprou a concorrente Datasul. O banco também concedeu um financiamento de R$ 204,5 milhões para o negócio.

A Linx, que faz software para gestão de empresas de varejo, recebeu dois aportes do BNDES: R$ 50 milhões, quando adquiriu três empresas em dezembro de 2009, e mais R$ 35,8 milhões, para permitir a entrada de um sócio estratégico, o fundo General Atlantic, no fim de 2010. A empresa fez recentemente uma oferta pública de ações (IPO) e o banco estatal é dono de 21,7% da companhia.

"O BNDES olhou para nós quando éramos pequenos e nos deu a oportunidade de crescer", diz Alberto Menache, presidente da Linx. Ele conta que, em 2008, quando pleiteava um financiamento, mandou seu diretor financeiro à sede do BNDES no Rio, sem hora marcada, para esperar até que fosse recebido.

O banco estatal tem um amplo programa para o setor de software, por meio de financiamento e compra de participação, e já apoiou 24 empresas. O BNDES Prosoft concedeu R$ 3,2 bilhões ao setor desde suas primeiras operações em 1998.

Apenas Totvs e Linx podem ser consideras "campeãs nacionais", porque utilizaram os recursos para comprar seus concorrentes. Os analistas do setor acreditam que outras companhias devem seguir em breve a mesma estratégia. Juntas, as duas receberam cerca de R$ 500 milhões - pouco menos de 3% dos R$ 18 bilhões destinados às "campeãs nacionais".

A origem da ideia:

A estratégia das "campeãs nacionais" começou em 2007, quando JBS e Marfrig receberam os primeiros aportes do BNDES. E ganhou um escopo teórico, quando o ex-presidente Lula lançou a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em 2008.

Entre os objetivos estratégicos da PDP, estavam a liderança mundial, "mantendo ou posicionando sistema produtivo ou empresa entre os cinco maiores players mundiais". A apresentação da PDP não fala explicitamente em "campeãs nacionais".

"O conceito era simples. Não existe país que se tornou desenvolvido sem multinacionais", diz uma fonte que participou da elaboração da política. Segundo essa fonte, o governo chegou a montar uma lista de empresas, como nomes óbvios como Ambev e Embraer.

A ideia de que é necessário consolidar as companhias acompanha o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desde 1994. Naquela época, ele coordenou o Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira, que já continha os eixos centrais da PDP.

"A política de desenvolvimento econômico para esses setores requer do Estado atividades de coordenação, visando a indução de configurações industriais (...) através do estímulo à concentração", diz o livro em suas recomendações finais.

No Plano Brasil Maior, do governo Dilma, o foco está no estímulo aos investimentos e na proteção do mercado interno. "O objetivo de buscar a liderança internacional deixou de ser explícito, mas o eixo condutor ainda é aumentar a competitividade", diz uma fonte do governo.