Queridos amigos e leitores, esta nova publicação vem com um
entusiasmo especial: em quase vinte anos de blog, chegamos à postagem 30.000.
Não tem como alcançar este número sem voltar ao passado e revisitar a estrada.
Ao pensar neste marco, algumas postagens se destacam. “Dois milhões”, sobre o marco de dois milhões de
acessos, conta um pouco do início do blog, em 2006, e quando dois alunos
entusiasmadíssimos, o Pedro e a Isabel,
foram convidados a participar. Quando a Isabel recebeu o convite, pulou de
alegria, literalmente. Ela sentiu que fazer parte de uma equipe com pessoas tão
inteligentes e criativas seria um ponto marcante em sua trajetória. O Pedro
precisou se afastar para focar outras questões, mas a memória e o lugar permanecem.
A continuação daquela postagem é a intitulada “Fazer (e continuar) um blog é um ato de amor”,
quando chegamos a três milhões de acessos. Algumas vezes acontecem coisas em
nossas vidas e não sabemos se serão ou não grandiosas. Eu sempre senti que o
blog seria importante pra mim, mas nunca imaginei que esses débitos e créditos
da vida real seriam a ocupação mais estável, o interesse mais genuíno.
Na postagem “blogs acadêmicos morreram?” o professor César,
ao falar sobre a motivação para blogar, destaca uma citação: “um [blog é]
cérebro externo que dá sua “direção e recompensa de pastoreio de conhecimento”,
permitindo que ele arquive as coisas que despertam sua curiosidade enquanto vagueia
pela Internet.” E acrescenta que estar aqui ajuda a aperfeiçoar
possíveis explicações em sala de aula, além de ser parte do processo de
publicar e pesquisar, já que muitas ideias surgem exatamente quando se escreve.
(Leia também: Por que os professores de contabilidade não blogam?)
Quanto à Isabel, escrever sempre foi o seu jeito de entender
o mundo e por aqui ela aprendeu a transferir isso para outras partes da vida,
em um mundo cheio de referências, ideias e variedade. Foi por aqui que ela se organizou
e deixou grande parte do mestrado. E espera também, em breve, fazer uma
simbiose com o doutorado. Porém os amigos que fizemos por aqui são, sem dúvida,
a parte mais doce da recompensa.
Aqui é possível descobrir lados curiosos da contabilidade,
que a vida profissional cotidiana não chega nem perto. Aqui também é possível
aprender a olhar reportagens com um senso crítico diferente, acompanhando os
textos com referências, provocações, críticas e observações. Aqui percebemos
que dá pra misturar bem jornalismo e contabilidade. E entendemos que dá pra
gostar de normas e de narrativas ao mesmo tempo. Foi seguindo dicas do blog que
alguns se aventuraram por Mr. Robot, Breaking Bad, Malcolm Gladwell, Daniel Kahneman e tantas outras vozes que nos
moldaram. Tanta coisa aconteceu por causa do blog...
Escrever é uma atividade tão viva, que começamos este texto
com o propósito de refletir novamente sobre o porquê de blogar, mas a emoção nos
levou por veredas imprevisíveis e chegamos aqui. Esse é, inclusive, um dos
motivos de gostarmos tanto de ler o que é aqui publicado: os nossos “eus
líricos”, perceber quando as nossas personalidades pulam das páginas. Como leitores,
sentimos que blogs nos trazem o privilégio de espiar dentro da cabeça de mentes
que admiramos.
Li em algum lugar, provavelmente aqui, que um blog é uma
conversa que nunca termina. Enquanto houver algo que nos intrigue, uma
história, uma dúvida, uma curiosidade, uma vontade de ensinar, continuaremos
parando os nossos dias por outras 30 mil vezes para aparecer por aqui. E se
você está por aqui lendo, é porque de alguma forma essa conversa é sua também.
E chegamos ao dia de hoje com a necessidade de reforçar o
vínculo com o leitor. No tempo de IA, quando ficou muito prático fazer uma
pergunta para o app no celular e obter uma resposta, ainda insistimos em
entregar um conteúdo diverso, com comentários pessoais, e ligações do que
ocorre no mundo com os débitos e créditos. Ainda queremos fazer planos e
sonhos, como já fizemos nesses dezenove anos de postagens, que incluíam ter uma
maior participação no Instagram, convidar outros amigos para ajudar na
postagem, fazer um livro de piadas de contabilidade, um canal no youtube,
repostagens do Rir é o Melhor Remédio no Instagram, entre outros tantos. Sim,
não fizemos nada disso, mas sonhos não envelhecem. O fato de estarmos aqui, na
trigésima milésima postagem, é prova que queremos mais.
Não procure uma razão racional para isso. O que gastamos de
tempo e dinheiro – o blog tem despesa de hospedagem e outras – compensa, pois
cada postagem contribui para que possamos atender a um apelo, que uma vez li em
um livro, de caminhar na beleza.
Aqui estamos, escrevendo esta trigésima milésima postagem, a
quatro mãos. E estaremos, quem sabe, escrevendo muitas outras.
Agradecemos imensamente a companhia.