O controverso Nobel do ano passado parece que tem companhia. Isso se depender do ponto de vista do estatístico Gelman. Analisando os dados do artigo de 2005, denominado Competition and Innovation: An Inverted-U Relationship, de dois dos autores que recentemente receberam o Nobel em Economia de 2025, a conclusão não é boa.
O texto original afirma existir uma relação entre concorrência de mercado e inovação, onde deveria ter um U invertido entre intensidade competitiva e inovação, sugerindo que até certo ponto a concorrência estimula a inovação.
Há várias questões metodológicas, como o uso de regressão de Poisson sobre dados que não são estritamente contagens. Na pesquisa original há 354 observações de 17 setores, entre 1973 e 1994.
Eis o texto final de Gelman:
Vendo por esse lado, toda a minha análise estatística com as transformações, as curvas quadráticas e a função de articulação foi uma perda de tempo, já que estou apenas fazendo uma análise sofisticada de dados ruins (ou, pelo menos, irrelevantes). Mas… resumir a informação estatística ainda tem valor em si. Minha análise levou apenas algumas horas, uma fração do tempo que os autores devem ter gasto preparando, analisando e interpretando seus dados. Acho importante, ao fazer análise estatística, dar o nosso melhor, neste caso levando em conta todas essas fontes de variação e incerteza.
Ou, colocando de outra forma, sim, teria sido aceitável descartar completamente os resultados publicados, dado os problemas com os dados. Mas alguns desses problemas só se tornaram aparentes depois que fiz aqueles gráficos mostrando as séries temporais de cada setor. Nesse ponto, todo o ajuste pode até ter sido uma perda de tempo — mas só pensei em fazer os gráficos porque estava tentando entender a adequação que parecia estranha.

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