Translate

01 agosto 2022

Shakira e o fisco


Shakira, a cantora colombiana, está sendo processada por conta de uma dívida de 14,5 milhões. Este valor refere-se a imposto no período entre 2012 e 2014. A cantora recusou um acordo e por isto a dívida aumentou, de 14,5 para 24 milhões. Ela nega a irregularidade e seus representantes dizem que a cantora está tendo seus "direitos violados" (sic). 

O problema é que a justiça espanhola afirma que no período Shakira morou na Espanha e deve impostos. Mas a cantora nega, mesmo diante da evidência que comprou uma casa em Barcelona. Sua fortuna é estimada em 300 milhões, então o valor da multa não é tão elevada assim. (Foto: aqui)

Educação Financeira no Brasil

 O resumo é bem confuso:

Em 2011, foi realizada a análise de impacto de um programa de educação financeira abrangente para o ensino médio por meio de um RCT (randomized control trial) com 892 escolas em seis estados brasileiros. Usando dados administrativos, este artigo acompanha aproximadamente 16,000 [16 mil] estudantes ao longo dos nove anos seguintes ao programa. Os resultados de curto prazo indicavam que os alunos o [do] grupo tratamento utilizavam crédito caro e atrasavam pagamentos. Entretanto, nos resultados de longo prazo, esses alunos tiveram menor probabilidade que os alunos do grupo de controle de tomar créditos com juros altos e de apresentarem atrasos. Os alunos do grupo tratamento também tiveram maior probabilidade de serem microempreendedores individuais e menor probabilidade de estarem formalmente empregados.

Vejo que o estudo tem dois aspectos interessantes: acompanha a influência da educação financeira com um número relativamente grande de estudantes no longo prazo e encontrou que os programas possuem influência neste longo prazo. As conclusões estão melhores:

Este documento mede os efeitos a longo prazo de um programa de educação financeira de ensino médio no Brasil sobre o comportamento financeiro e os resultados do emprego, utilizando um ensaio de controle aleatório com 892 pessoas escolas secundárias e dados administrativos sobre cerca de 16.000 ex-alunos. Ao contrário da literatura anterior que se concentra em efeitos de curto prazo durante um a dois anos, seguimos os estudantes por até nove anos depois de deixar o ensino médio.
Enquanto algumas literaturas têm colocado a hipótese de que os efeitos a longo prazo do ensino médio estar em declínio ou zero à medida que os estudantes esquecem o que aprenderam, encontramos efeitos duradouros. Na verdade, o o efeito sobre o uso de fontes de crédito caras vai de ser positivo a curto prazo a ser negativo a longo prazo. Isto é, a longo prazo, é menos provável que os estudantes de tratamento usem fontes de crédito que controlam os estudantes, mesmo que o contrário fosse verdade a curto prazo. Da mesma forma, no curto prazo, os estudantes relataram mais empréstimos com atrasos de reembolso do que estudantes de controle, mas encontramos o resultado oposto a longo prazo: os estudantes de tratamento são menos prováveis ter empréstimos com atrasos de reembolso do que controlar os estudantes. Também observamos efeitos de longo prazo nos resultados do mercado de trabalho. Os estudantes são mais propensos a ter microempresas formais e menos propensos a trabalhar como funcionários formais. Estes efeitos podem ser atribuído ao fato de que o programa de educação financeira era abrangente e incluía módulos sobre empreendedorismo. Além disso, o empreendedorismo pode ser uma opção mais desejável do que um emprego formal, em termos de renda, independência ou flexibilidade (Maloney 2004). 

Pareceu forçado a última frase. Chama atenção o fato do gênero ser uma variável relevante (Tabela 1), quando o grupo de controle não seria razoável esperar isto. Idem para o fato de renda do estudante (mesma tabela). 


Relevância do TCU nos anos recentes


Esta pesquisa teve por objetivo investigar a transformação no Tribunal de Contas da União (TCU), um órgão que, após mais de 100 anos exercendo um papel secundário, tornou-se determinante para as políticas públicas no século XXI. A pergunta central da pesquisa é: que mecanismos causais explicam os processos de mudança institucional observados no TCU – e, subsidiariamente, no subsistema da política de controle – entre 1988 e 2018? (...) A principal fonte de dados empíricos foram os Relatórios e Pareceres Prévios do TCU sobre as contas do presidente da República, documentos virtualmente inexplorados em trabalhos de ciência política. Foram usados também os Relatórios Anuais de Atividades do TCU. Juntos, esses documentos somam mais de 14 mil páginas. (...) Os resultados do primeiro e do segundo ensaios apontaram indícios relevantes da incidência dos mecanismos de aprendizado político, consequência funcional, dependência da trajetória e feedback positivo. Quanto a mudanças graduais, houve fortes indícios da presença dos mecanismos de conversão e de sobreposição. Outros dois fenômenos detectados foram isomorfismo e viés de accountability. y. Já o terceiro ensaio sugere que os determinantes da explosão de auditoria propostos na teoria estavam presentes no Brasil, porém em formas, tempos e intensidades bem diferentes do Reino Unido e dos Estados Unidos. Sugere ainda um importante ponto de divergência: a centralidade da corrupção, no caso brasileiro, para o processo de expansão do controle – algo que não está presente na teoria. Mais do que investigar os tipos de mecanismos por trás da transformação no TCU e no subsistema da política de controle, o estudo da mudança institucional empreendido nesta tese ajuda a desvendar processos políticos (de disputa por poder e autoridade) envolvendo agentes (individuais e coletivos) e estruturas. (...)
 

Da tese de doutorado de Patrícia Vieira . Acho que os aspectos mais relevantes estão no final do trabalho: 

Com o passar do tempo há indícios de aumento das capacidades do TCU, que passou a produzir Relatórios e Pareceres Prévios mais críticos no período FHC (1995-2002). O Tribunal começou a trazer recomendações de outras fiscalizações para dentro dos Relatórios e Pareceres Prévios, e a levar recomendações desses últimos para outras fiscalizações, entrelaçando seus instrumentos e tornando todos mais impositivos. Além e fazer recomendações com status de determinações, o TCU começou a fazer recomendações em auditorias de desempenho, e a ampliar seu rol de controlados – tudo isso viabilizado por mecanismos graduais de conversão (nos primeiros dois casos) e sobreposição (no terceiro caso).

Na era Lula (2003-2010), o TCU demonstrou maior nível de maturidade e organização na apreciação das contas residenciais, com posturas ainda mais críticas. Aumentou o entrelaçamento entre os instrumentos do Tribunal. Foram ampliadas a quantidade de auditorias operacionais, e as áreas de políticas públicas cobertas. Foi nesse período que o TCU deu início à edição de instruções normativas que ampliavam o alcance de seu controle, via mecanismo de sobreposição. Os mecanismos graduais do estágio anterior se mantiveram funcionando.

No governo Dilma (2011-2016), os mecanismos de mudança gradual presentes nos estágios anteriores também se fizeram presentes. Naquele momento, o TCU parecia sentir-se à vontade na ativação desses mecanismos. E também apresentava muito mais desenvoltura nos seus Relatórios e Pareceres Prévios sobre as contas presidenciais. Ao rejeitar as contas de 2014, mostrou destreza no uso de regras, práticas e narrativas para justificar sua decisão.

No governo Temer (2017-2018), a despeito de aparentemente continuarem incidindo todos os mecanismos de conversão e de sobreposição dos estágios anteriores, o TCU sofreu alguns revezes. Viu falhar (em parte) sua tentativa de criar atribuições para si mesmo nos acordos de leniência por sobreposição. A CGU acionou o STF contra a instrução normativa que o Tribunal havia sobreposto à Lei Anticorrupção para ter mais poderes sobre os acordos de leniência. E o Supremo concedeu liminar favorável à AGU.

Esse episódio realça algumas das disfunções do subsistema, como a competição exagerada entre controladores e, principalmente, a sobreposição de atribuições entre os órgãos de controle. Para completar, apesar da oposição do TCU, foi aprovada a nova LINDB, que retirou algumas das amarras impostas pelos controladores à atuação dos gestores públicos.

O mais interessante vem agora:

Ao longo de todos os cinco estágios descritos acima, o TCU difundiu narrativas sobre a importância do combate à corrupção e do bom uso dos recursos públicos, colocando o Tribunal como a organização capaz de garantir ambos (e o Poder Executivo muitas vezes como, no mínimo, incompetente). Com o passar do tempo, essas narrativas foram complementadas por outras sobre a eficiência do próprio TCU, e sobre seu papel no aprimoramento das políticas públicas, inclusive em processos decisórios. Tais narrativas apareceram nos documentos analisados não só em forma de texto, mas também de imagens que destacam a organização, a eficiência e o status do TCU e de seus membros.

Uma das maiores curiosidades do primeiro ensaio foi mostrar o TCU se comportou tanto como agente oportunista quanto como agente subversivo

Política e Mídia Social

 O trabalho foi realizado no Brasil e focou na expansão da mídia social. O abstract:

We study the relationship between the spread of social media platforms and the communication and responsiveness of politicians towards voters, in the context of the expansion of Facebook in Brazil. We use self-collected data on the universe of Facebook activities by federal legislators and the variation in access induced by the spread of the 3G mobile phone network to establish three sets of findings: (i) Politicians use social media extensively to communicate with constituents, finely targeting localities while addressing policy-relevant topics; (ii) They increase their online engagement, especially with places where they have a large pre-existing vote share; but (iii) They shift their offline engagement (measured by speeches and earmarked transfers) away from connected municipalities within their base of support. Our results suggest that, rather than increasing responsiveness, social media may enable politicians to solidify their position with core supporters using communication strategies, while shifting resources away towards localities that lag in social media presence.

O último parágrafo da conclusão é desanimador:

With those caveats in mind, our evidence provides additional reasons to be skeptical of positive effects of social media on political accountability, even leaving aside concerns with “fake news” or misinformation that have become widespread in recent years. Social media can empower politicians relative to voters, and make them overall less responsive as a result.

Risco de Default

 

A Bloomberg classificou o Brasil como o 11o. em termos de risco de default. A figura acima é um extrato, mostrando que estamos melhor que Ucrânia, Argentina, El Salvador (maior risco e que adotou Bitcoin no passado). Mas pior do que Costa Rica, Equador, Turquia entre outros.

Mas é estranho, pois a taxa de juros interna não é alta, o seguro da dívida está abaixo de 300 pontos (a média dos países com melhor classificação que o Brasil é de 757 pontos). O que pesa contra: despesa financeira em relação ao PIB e a dívida do governo. 

Escrita científica piorou?


A linguagem científica deveria ter pouco adjetivo e advérbio. Mas parece que isto não aconteceu, entre 1969 a 2019. 

Writing in a clear and simple language is critical for scientific communications. Previous studies argued that the use of adjectives and adverbs cluttered writing and made scientific text less readable. The present study aims to investigate if the articles in life sciences have become more cluttered and less readable across the past 50 years in terms of the use of adjectives and adverbs. The data that were used in the study were a large dataset of 775,456 scientific texts published between 1969 and 2019 in 123 scientific journals. Results showed that an increasing number of adjectives and adverbs were used and the readability of scientific texts have decreased in the examined years. More importantly, the use of emotion adjectives and adverbs also demonstrated an upward trend while that of nonemotion adjectives and adverbs did not increase. To our knowledge, this is probably the first large scale diachronic study on the use of adjectives and adverbs in scientific writing. Possible explanations to these findings were discussed.

(via aqui)

Poderia argumentar que é a língua inglesa, mas hoje quase todas as ciências produzem nesta língua. 

Foto: aqui

Transformação digital

 


The increasing digitalization of economies has highlighted the importance of digital transformation and how it can help businesses stay competitive in the market. However, disruptive changes not only occur at the company level; they also have environmental, societal, and institutional implications. This is the reason why during the past two decades the research on digital transformation has received growing attention, with a wide range of topics investigated in the literature. The following aims to provide insight regarding the current state of the literature on digital transformation (DT) by conducting a systematic literature review. An analysis of co-occurrence using the software VOSviewer was conducted to graphically visualize the literature’s node network. Approached this way, the systematic literature review displays major research avenues of digital transformation that consider technology as the main driver of these changes. This paper qualitatively classifies the literature on digital business transformation into three different clusters based on technological, business, and societal impacts. Several research gaps identified in the literature on DT are proposed as futures lines of research which could provide useful insights to the government and private sectors in order to adapt to the disruptive changes found in business as a result of this phenomenon, as well as to reduce its negative impacts on society and the environment.
 

Via aqui

Religiosidade e Gerenciamento de Resultado

eis uma pesquisa muito interessante: religiosidade e gerenciamento de resultado. 

 A literatura internacional aponta evidências da relação entre religiosidade e os tipos de gerenciamento de resultados em países não adotantes das International Financial Reporting Standards. Diante disso, o objetivo do estudo é investigar a associação entre a religiosidade e o gerenciamento de resultados, em um país adotante das normas internacionais. O gerenciamento de resultados foi estimado por meio dos accruals e das atividades reais para uma amostra de 122 companhias listadas na Brasil, Bolsa, Balcão no período de 2010 a 2017. A religiosidade correspondeu ao percentual de pessoas que declararam possuir religião no município da sede da empresa. Por meio de regressão pelo método Ordinary Least Squares, com dados em painel, verificou se que a religiosidade está negativamente associada ao gerenciamento de resultados por meio dos accruals e positivamente associada ao gerenciamento de resultados por meio das atividades reais. Esse resultado pode ser explicado pela aversão ao risco, norma social utilizada na literatura para caracterizar os religiosos. Em ambientes religiosos, portanto com maior aversão ao risco segundo essa literatura, o gestor tenderia a utilizar mais o gerenciamento de resultados por meio das atividades reais e menos gerenciamento de resultados por meio dos accruals em função do risco de detecção por auditores e órgãos reguladores. A pesquisa contribui com a expansão do entendimento dos aspectos delineadores da qualidade da informação contábil, sob a vertente do gerenciamento de resultados, bem como incrementa as pesquisas sobre gerenciamento de resultados, ao indicar a religiosidade como variável adicional nos modelos. A medida de religiosidade é uma limitação do estudo, pois a declaração dos respondentes pode diferir da prática e a medida também está sujeita a variações por bairro ou regiões, em empresas localizadas em municípios maiores.

Santos, S. M., Lemes, S., & Almeida, N. S. (2022). Evidências do impacto da religiosidade no gerenciamento de resultados no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, 16:e186587. DOI: http://dx.doi. org/10.11606/issn.1982-6486.rco.2022.186587

Trecho da tabela 4, com os principais resultados, estão a seguir:



26 julho 2022

Nudge não é efetivo

 Resumo:

Thaler and Sunstein’s “nudge” (1) has spawned a revolution in behavioral science research. Despite its popularity, the “nudge approach” has been criticized for having a “limited evidence base” (e.g., ref. 2). Mertens et al. (3) seek to address that limitation with a timely and comprehensive metaanalysis. Mertens et al.’s headline finding is that “choice architecture [nudging] is an effective and widely applicable behavior change tool” (p. 8). We propose their finding of “moderate publication bias” (p. 1) is the real headline; when this publication bias is appropriately corrected for, no evidence for the effectiveness of nudges remains (Fig. 1)



Fonte: aqui

16 julho 2022

Dia Mundial do Emoji

Parece que temos o Dia Mundial do Emoji. Dia 17 de julho. E o Consórcio responsável por regular os "emojis" - existe esta entidade, denominado Unicode - está decidindo que novas figuras serão lançadas em 2023 nos celulares. Com as figuras já existentes, o número deve chegar perto dos 3.500. O destaque será o coração da cor rosa. 

Será que algum dia veremos as figuras nas demonstrações contábeis? 

14 julho 2022

Dez conselhos ruins em finanças pessoais


Gostei deste artigo, do El Blog Salmon. Fiz algumas leves adaptações. 

A maioria das pessoas não tem um euro miserável economizado, entre outras razões, porque faz as coisas ao contrário. A péssima educação financeira neste país é parcialmente responsável por isso.

De certa forma, hoje vou falar sobre ela. Eu vou analisar dez conselhos financeiros socialmente aceitos que, na minha humilde opinião, não têm pés nem cabeça.

Garanto-lhe que, se você os seguir à risca, mais cedo ou mais tarde, acabará tendo problemas financeiros.

1 "Economize 10% do seu salário."

O sistema público de pensões está matematicamente quebrado.

Você pode gostar mais ou menos, mas é um fato: sua pensão e a minha serão simbólicas, um cocô de vaca.

E não espere que alguém venha resolver o problema. O plano B subtrai votos e nenhum político ousará executá-lo.

Como problemas adicionados: todos os anos há mais e mais impostos; a expectativa de vida está aumentando; e a inflação pode ficar conosco por várias décadas.

Então eis que aparece um "ser de luz que anda nas águas" e, a partir de seu púlpito do guru financeiro, ele recomenda "economizar 10% do seu salário todos os meses.".

Apenas 10%? Está brincando? Com isso você está a caminho da ruína; as contas não batem. Você tem que se esforçar mais; você tem que economizar mais.

E se você quiser obtê-lo sem vender sua alma ao agiota, você terá que se concentrar em ganhar mais dinheiro.

Não há teto e lembre-se: ganhe o que puder agora, tente ganhar um pouco mais.

2 "Apenas sua paixão"

Para ganhar mais dinheiro, alguns decidem seguir sua paixão.

Ter paixões injeta um molho picante na vida. Todos devem ter pelo menos uma paixão.

Agora, tentar monetizar sua paixão obsessivamente até que ela se torne o epicentro financeiro de sua vida parece um erro para mim.

Quando eles lhe dizem que "estude o que você gosta" ou "trabalhe no que você ama até que seus sonhos se tornem realidade", respire fundo e engula saliva.

Se sua paixão não estiver alinhada com os interesses do mercado, você corre o risco de colocar jogar fora vários anos da sua vida.

Não persiga sua paixão, o que você precisa perseguir é dinheiro.

3 "Saia da sua zona de conforto." 

Esta pequena frase se espalhou mais rápido que a foto "de você sabe quem" do Whatsapp e causou muitos danos à cabeça.

Se você está mais ou menos bem estruturado e chegou a um ponto em que desfruta de uma boa qualidade de vida, deixar sua zona de conforto é completamente ridículo. Não faz sentido.

Meu conselho é esse tente melhorar gradualmente sua zona de conforto (que é infinitamente mais fácil do que criar uma nova zona de conforto) até transformá-la em um nirvana de conforto.

Mas, por favor, não pule de uma zona de conforto para outra zona de conforto como se estivesse com em um parquinho. Você vai ficar tonto, mais do que qualquer outra coisa.

4 "A universidade é inútil"

Não vou enganá-lo, mesmo eu (que tenho um diploma universitário e pós-graduação) cometi o erro de dizer o seguinte:

"Li inivirsidid ni sirvi piri nidi"

Você vai ver.

Hoje, as universidades se tornaram máquinas de venda automática por diplomas. Eu acho que até aqui todos concordamos.

Você insere 4 anos de sua vida e alguns milhares de euros para o slot e, em troca, obtém um papel que justifica que você sabe muito sobre o seu.

Assinado: o rei.

Mas todos sabemos que o atual modelo universitário está desatualizado e que a maioria dos diplomas é pior do que negociar com 4 telas.

Contudo, a realidade nos dá duas dicas:

A taxa de desemprego para estudantes universitários é muito menor que a taxa de desemprego para estudantes não universitários. Com poucas exceções, o salário médio dos estudantes universitários é superior ao salário médio dos estudantes não universitários. A faculdade também serve a qualquer coisa? Ao contrário da minha opinião (e talvez a sua também), em geral, a resposta é sim.

5 "Leia todos os livros que puder."

Não me interpretem mal, mas a leitura excessiva pode ser absurda.

De vários livros lidos sobre um tópico, ler um pouco mais não adiciona nada. Só levará tempo para algo muito mais importante: agir.

Pense nisso.

Certamente, em algum momento de sua vida, você ficou obcecado em ler livros sobre finanças, investimentos, negócios, estilo de vida ... Você não terminou um e já está pensando em ler o próximo.

Livro, livro, livro, livro ... E colocando no Twitter que você tem 11 livros lidos em 7 meses.

Pare, cara, pare. Você lê para aprender a investir, mas não investe? Você lê para aprender a empreender, mas não se compromete? Você lê para se tornar o proprietário do seu tempo, mas passa quatro horas por dia na frente de um livro?

Talvez você devesse leia menos e faça mais. Lembre-se: Você não aprende sexo lendo o kamasutra.

6 "Investir é para especialistas"

Este foi pressionado até mim e que, como eu estava dizendo, tenho um artigo assinado pelo rei, no qual ele diz que sei muito sobre economia.

Antes da internet, investir era difícil ou muito difícil.

Você tinha que confiar no banco ou em um consultor financeiro para o seu inimigo. E, na maioria das vezes, você não tinha absolutamente nenhuma ideia de para onde estava indo seu dinheiro.

Felizmente, para você e eu, os tempos mudaram. Hoje qualquer um pode:

Aprenda o que é necessário; invista com bom senso no Princípio de Pareto: você não precisa aprender 100%, 20% é suficiente para você. Comece a investir com bom senso. Você só precisa perder o medo. Decida fazê-lo. O mais difícil é dar o primeiro passo. 

"Investir é para especialistas" não é mais difícil, e eu vou girar com o próximo ponto.

7 "Investir é jogar"

Para ganhar 25% de rentabilidade anual, você deve apostar; para obter uma lucratividade semelhante à do mercado, você precisa investir.

Tenha cuidado, jogar (ou especular) não precisa ser ruim por si só se você o fizer conscientemente e conhecer os riscos.

Você deseja obter alta rentabilidade em pouco tempo? Então você não quer comprar um fundo indexado. Você tem que jogar e tem que apostar. Você pode fazê-lo na bolsa, no cassino, no bingo ou com cavalos. Você também pode roubar uma van.

É a sua aposta.

Isso pode dar certo ou pode dar errado. Mas não confunda jogo com investimento. São coisas diferentes. Ouso dizer que são antônimos.

8 "Cryptomonedas são o futuro"

Sobre investimentos, uma subseção.

Comprar a ideia de que as criptomoedas são o futuro e que você precisa investir nelas e pisar como se não houvesse amanhã parece um pouco imprudente para mim.

Milhares de jovens que não sabem diferenciar um blockchain de um pacote de Marlboro e falam de dinheiro fiduciário e políticas monetárias como se tivessem acabado de passar por um mestrado na Harvard Business School, quando a realidade é que eles não têm ideia.

Vamos enfrentá-lo não temos uma bola de cristal mágica. Portanto, nem você nem eu nem mais ninguém podemos ter certeza se as criptomoedas serão ou não o futuro.

Isso significa que devemos ignorá-los como se fossem uma cerveja não alcoólica? Não, isso não significa isso. Isso significa que você precisa saber como medir riscos.

9 "Boa dívida será sua alavanca."

O argumento para uma boa dívida (entendida como a ajuda para comprar ativos com os quais obter renda) tem um rastro de cadáveres por trás.

Comprar um apartamento hipotecário e alocá-lo para alugar pode ser uma boa ideia se você fizer isso com a cabeça. Os inquilinos pagarão a hipoteca e as despesas e você receberá um benefício passivo todos os meses. Em 20 anos, o apartamento será pago e quase todo o aluguel se tornará um benefício.

Um negócio infernal que o banco pagou a você.

Agora repita a operação com 5 ou 10 andares e você terá 5 ou 10 rendas passivas. Uma boa dívida fará de você um milionário. Ou talvez não.

5 ou 10 hipotecas equivale a 5 ou 10 problemas potencialmente importantes que podem literalmente falir com você.

Meu conselho? Não exagere e tenha cabeça e tenha muito cuidado com dívidas.

10 - "Trabalhe duro e fique rico"

Se você deseja criar seu próprio império a partir do zero absoluto, terá que trabalhar muito por alguns anos de sua vida. Não serei eu quem dirá o contrário. Não há truques de mágica.

Agora, transformar o trabalho duro no motor da sua vida é uma besteira que não o levará a lugar algum. Só no hospital com um ataque de ansiedade. Ou, pior ainda, com um ataque cardíaco.

E não é isso que queremos.

Se você quiser ganhar macarrão de verdade você terá que parar de trocar tempo por dinheiro Trabalhar uma hora e cobrar uma hora não fará de você um milionário. Seu tempo é limitado.

Juros compostos não se aplicam apenas a investimentos. Aplica-se a tudo na vida, incluindo a renda gerada pelo trabalho.

Até então, um grande abraço. Nudista investidor

Grupos versus indivíduos

Eis um trecho de uma discussão sobre a moralidade individual versus grupo:

El 13 de marzo de 1964, Kitty Genovese fue apuñalada frente a su casa en Queens, Nueva York. Las autoridades estimaron que al menos 38 personas presenciaron el ataque desde sus ventanas y, sin embargo, ninguno de ellos llamó a la policía ni a una ambulancia (ver aquí otra versión de la historia). Kitty murió a causa de las heridas una hora más tarde. Mientras que los medios explicaban la falta de ayuda utilizando conceptos como “apatía”, “alienación” o incluso “indiferencia”, los psicólogos Darley y Latané argumentaron que probablemente nadie ayudó porque todos esperaban que otra persona lo hiciera. Utilizando dos experimentos, demostraron que la gente tiende a ayudar menos cuando creen que otra gente está presente. Definieron este fenómeno como el Bystander Effect (o efecto espectador).

Desde entonces, centenares de experimentos han replicado estos resultados, efectivamente demostrando que, en la mayoría de las situaciones, la gente es menos propensa a ayudar cuando hay otra gente presente que cuando están solos (aquí y aquí). Sin embargo, el hecho de que las personas ayuden menos cuando están en un grupo no significa que sea más probable recibir ayuda de una persona sola que de un grupo. Por ejemplo: si la gente ayuda con un 50% de probabilidad cuando están solos y con un 40% de probabilidad cuando están junto a otra persona, la probabilidad de que alguien te ayude es de un 50% cuando una sola persona puede ayudarte, pero de un 64% cuando dos personas te pueden ayudar (pues cada una de las personas ayuda con un 40% de probabilidad). Así pues, si necesitas ayuda, ¿deberías preferir que una persona te pueda ayudar, o que un grupo de personas pueda ayudarte? ¿Habría Kitty recibido ayuda si en vez de 38 espectadores hubiera habido solo uno?

Empíricamente los resultados no están claros. En el último metaanálisis sobre el Bystander Effect, el 40% de los estudios encuentra que las “víctimas” reciben más ayuda cuando solo hay una persona que cuando hay un grupo, y el 60% de los estudios encuentra lo contrario.

O caso de Genovese tornou-se um parâmetro da discussão. Rutger Bregman, em Humanidade, mostra que há diversas incoerências na narrativa. Bregman é otimista com o ser humano.

13 julho 2022

Viés da Confirmação



Um aspecto bom das finanças comportamentais é que vários dos seus conceitos são explicativos. O viés da confirmação é um deles. Como o nome diz, o viés refere-se a tendência a considerarmos a informação que confirma algo que acreditamos anteriormente. Isto inclui interpretar de maneira tendenciosa algo vago, desde que apoie àquilo que consideramos como correto. 


A figura a seguir resume o viés. Eu tenho uma crença prévia, que pode ser sobre religião, saúde, finanças ou qualquer outro assunto. Aparece uma informação sobre o tema. Se esta informação confirmar minha crença prévia, eu valorizo esta informação (é a nota dez da figura, na parte de cima). Se a informação não confirma ou contradiz o que acredito, eu coloco dúvidas na informação ou desconsidero. Isto é feito, em muitas situações, de forma sutil, sem que o processo da confirmação seja fruto de algo racional e claro. 


Outra forma de entender o viés da confirmação está na próxima figura. Quando os fatos encontram com sua crença sobre um determinado assunto, temos a tendência a superestimar tais fatos. Quando isto não ocorre, subestimamos a relevância dos fatos, por não satisfazer nossas crenças. 


 

Ao contrário do que podemos pensar, nossas opiniões não são resultantes de anos de análise racional e objetiva (1). Mas sim resultado de anos em que você voltou sua atenção para as informações que confirmavam aquilo que você acreditava, enquanto deixava de lado todas as coisas que desafiavam suas noções previamente definidas. 

***

Um experimento interessante foi realizado para mostrar como o viés da confirmação atua (2). Um grupo de pessoas assistiu um vídeo de uma garota respondendo a um teste. As pessoas também assistiram esta garota na aula. Após isto, as pessoas são convidadas a dar uma nota para o provável desempenho da menina em ciências, artes e matemática. O resultado obtido será necessário para fazer a comparação com as notas que foram dadas no segundo experimento. 


Novamente, as pessoas são convidadas a assistir um vídeo. Desta vez, para metade das pessoas, a garota está brincando em um bairro de classe alta; para outra metade, a garota está brincando em um bairro de classe baixa. As pessoas não assistem mais nada, mas são convidadas a dar uma nota para o que seria o desempenho da garota em ciências, artes e matemática. A menina é a mesma do primeiro experimento e a mudança que ocorreu é que o vídeo dela em sala de aula foi trocado por um vídeo brincando. As pessoas que assistiram o vídeo da garota brincando em um bairro de classe alta atribuíram uma nota mais alta em ciências, artes e matemática do que o primeiro experimento. Mas o grupo de pessoas que viu a garota brincando no bairro de classe baixa achava que seu desempenho seria pior do que aquele obtido no primeiro experimento e, naturalmente, bem pior quando a garota estava brincando no bairro de classe alta. 


Os pesquisadores prosseguiram com o experimento, agora juntando o primeiro experimento com o segundo. Para um grupo, foi mostrado um vídeo da garota brincando em um bairro de classe alta; depois, a menina responde a um teste e em sala de aula e finalmente atribuem uma nota para seu provável desempenho. A outra metade das pessoas fazem a mesma tarefa, só que a garota aparece brincando em um bairro de classe baixa. O desempenho termina sendo influenciado pelo primeiro vídeo. 


Há diversas pesquisas similares a esta. Em uma delas é solicitado a executivos expressar sua opinião sobre a aquisição de uma empresa (3). O pagamento é baseado no desempenho e informa aos participantes da pesquisa que seria possível acessar páginas da internet com detalhes da transação. Em algumas páginas, o artigo é claramente favorável; em outras páginas, o texto é contrário à transação. Depois de visitar as páginas, o executivo deve tomar a decisão, se favorável ou não ao processo de aquisição. O experimento registra a navegação do executivo, indicando as páginas visitadas e o tempo em cada uma delas. O resultado do experimento mostrou que o tempo usado por cada executivo era maior para olhar as páginas com uma posição favorável.  


Talvez o estudo mais conhecido seja um sobre pena de morte, publicado em 1979 (4). Neste estudo, as pessoas foram previamente separadas em dois grupos, em relação a sua posição sobre a pena de morte para os criminosos: favoráveis e contrários. Após esta separação, foram entregues artigos com argumentos dos dois lados, pró e contra. Depois da leitura, foi investigado a posição das pessoas sobre o assunto. Os pesquisadores notaram que aqueles que apoiavam a pena de morte, aumentaram seu índice de apoio; os que eram contrário, também aumentaram sua posição. Em outras palavras, as novas informações, com bons argumentos de ambos os lados, serviram para aumentar o radicalismo de cada grupo. Os argumentos que apoiavam a crença prévia eram valorizados; os argumentos no sentido oposto, eram minimizados. Examente o nosso conceito de viés da confirmação. 

***

O viés da confirmação é algo muito prático. O ciúme usualmente envolve situações com viés da confirmação. Imagine um casal, em que uma das partes começa a considerar a possibilidade de estar sendo traído. O sentimento não é comunicado, mas a cada gesto ou ação da outra parte é interpretada como uma confirmação de que realmente há uma traição na relação. 


Durante minha pesquisa sobre o viés da confirmação encontrei a seguinte frase do escritor francês Marcel Proust:  


 "É surpreendente como o ciúme, que passa seu tempo inventando tantas suposições mesquinhas mas falsas, carece de imaginação quando se trata de descobrir a verdade“ 


O amante ciumente teria uma atitude típica do viés de confirmação. O que Proust chamou de “inventar suposições” é a mesma atitude de valorizar o que seria um sinal claro de traição, esquecendo os sinais que não confirmam esta situação. 


A confirmação também está presente nas mídias sociais dos dias atuais. Participo de um grupo de muitas pessoas, que gostam de discutir política. Alguns são defensores do atual presidente; outros, contrários. Para os defensores, somente os argumentos favoráveis são importantes; para os opositores, os erros e problemas do atual governo são tão grandes que nenhum fato positivo deve ser considerado. 


O viés da confirmação está tão presente nos dias atuais que é possível prever a posição política de uma pessoa a partir de alguns poucos parâmetros (5). Provavelmente você gosta de um comentarista não pelas palavras que saem de sua boca, mas por que ele confirma suas crenças. 


Você decide comprar um livro sobre investimento no mercado acionário. Se você acredita que investir em ações é uma opção inteligente, sua escolha será no sentido de livros favoráveis ao mercado acionário. Mas se você acredita que o mercado é composto por um grande número de espertalhões, talvez você adquira um livro que fale dos escândalos que ocorrem no mercado.  Uma pesquisa mostrou que a compra de livros na Amazon em 2008, durante as eleições, mostrou que os que apoiaram Obama escolhiam livros que enfatizavam o lado positivo do presidente. Os que eram contrários, compravam livros críticos ao então futuro presidente (6).


***

Em geral lemos mais os artigos e livros que estão alinhados com nossa opinião. O viés da confirmação também ocorre quando começamos a prestar atenção em algo anterior, como uma decisão de compra ou uma música que escutamos. Se você decide comprar um celular novo, começa a ficar atento no que as pessoas dizem sobre aparelhos de telefone. Se ouvir uma música de manhã, uma referência no local de trabalho à música parecerá uma coincidência. 


Da mesma forma, o viés da confirmação parecerá preocupante quando você for fazer uma consulta a um médico, este pedir um exame e, ao olhar o laudo, informar que o resultado era aquilo que ele esperava. O viés da confirmação ajuda a explicar o racismo, o sexismo, as razões das pessoas jogarem e muitas situações práticas. 


Malcolm Gladwell escreveu um livro que mostra o viés da confirmação sob uma outra visão. Em Blink, Gladwell ressalta o poder da primeira impressão e como o sentimento que algumas pessoas possuem em acertar o caráter de uma pessoa em alguns poucos segundos. No livro, o autor destaca a relevância dos primeiros instantes de uma entrevista de emprego no seu resultado final. As informações posteriores, coletadas ao longo de toda a entrevista, teriam o carater confirmatório. Caso estas informações sejam contrárias à primeira impressão, as mesmas são descartadas ou reduzidas a uma menor importância. O livro de Gladwell fez muito sucesso e chamou a atenção para o viés da confirmação. 


***

Na área financeira, o viés da confirmação está presente em investimentos errados, mas que continuam sendo conduzidos. Neste caso, a gestão descarta as notícias ruins e enfatiza as notícias boas, para justificar a continuidade de um projeto. 


O problema do viés da confirmação também ocorre quando uma empresa decide adquirir um concorrente. O grande número de informações é filtrado de maneira seletiva. As que reforçam a decisão inicial de aquisição são enfatizadas. 


Este exemplo do parágrafo anterior é interessante por mostrar que “mais informação” não resolve o problema do viés da confirmação. Há alguns anos o site Edge fez uma pergunta para diversas pessoas sobre um conceito considerado importante. Uma resposta me chamou a atenção. O músico Brian Eno comentou o seguinte:

 

A grande promessa da Internet era que mais informações produziriam automaticamente melhores decisões. O grande desapontamento é que mais informações de fato rendem mais possibilidades de confirmar o que você já  acreditava de qualquer forma. 


Assim, não adianta ter mais informação. O problema do viés da confirmação é como usamos as informações disponíveis. A melhor maneira de evitar o problema é olhar o “outro lado” de forma criteriosa, sem descartar os argumentos e os dados. As evidências devem ser ponderadas honestamente. E sempre que possível, fazer o exercício de olhar as informações que contradizem nossa crença. 


Há um exercício interessante chamado Teste Ideológico de Turing. O teste de Turing foi criado há tempos para verificar se um computador ou um software consegue aproximar-se do raciocínio humano. Este é um teste similar, onde a ideia é olhar o lado oposto. Depois disto, solicita-se escrever um ensaio apresentando os argumentos que contradizem sua posição. Juízes neutros julgam se o texto expressa corretamente o lado oposto. Um exemplo: se tenho uma posição política de ser contrário ao presidente, tenho que construir um ensaio onde faço defesa dele, com argumentos favoráveis aos seus posicionamentos. O texto deve expressar os principais pontos que um defensor do presidente usaria. Somente após o teste ideológico de Turing é que seria possível você assumir uma posição - contra ou favor do presidente, por exemplo - sem ter um viés. 


Eu posso usar um similar quando pensar no time de futebol adversário que não gosto, na defesa de um investimento que é contrário ao meu perfil, nos argumentos favoráveis a uma política pública que condeno, entre outras situações. Procure fazer uma redação com os pontos de defesa da posição contrária a minha. Para isto será necessário mais informação e você irá valorizar substancialmente a informação que contradiz sua crença. 


****


1 - McRaney, David. Você não é tão esperto quanto pensa. São Paulo: Leya, 2013, capítulo 3. 

2 - Da pesquisa de John Darley e Paget Gross citado em Just, David. Introduction to Behavioral Economics, Wiley, 2014. 

3 - Vicki Bogan e David Just, também citado por Just, David, p. 97.

4 - A pesquisa foi conduzida por Leeper et al. Citada, por exemplo, em Montier, James. Behavioural Investing, 2007. 

5 - Uma pesquisa mostrou ser possível prever que uma pessoa apoiava o secretário de Estado dos Estados Unidos a partir de três pontos: se eram republicanos, se gostavam do exército e se gostavam de grupos de direitos humanos. Com estas três variáveis era possível prever, em 84% das vezes, o apoio ou não ao secretário de estado. A pesquisa é de Westen et al (2004) e foi citada por Angner, Erik. A Course in Behavioral Economics. Palgrave, 2012.

 

12 julho 2022

Nome e sucesso


Eis um trecho do El Blog Salmon:

Sí, así lo han probado en una investigación en Estados Unidos, la cual señala que si tienes un nombre difícil de pronunciar lo vas a tener más difícil para acceder a este mundo. Vamos, que el profesor Garaikoetxea (por poner un ejemplo, no se me ofendan); lo tendría complicado para ser doctor en economía.

Los candidatos con nombres difíciles de pronunciar tienen menos opciones a estos puestos. Es un hecho. Y parece que no solo sucede con académicos, como indica este estudio, también para puestos de un rango más bajo. Vaya, que los apellidos poco comunes lo van a tener algo complicado.

Y, ¿por qué pasa esto? Pues no está muy claro cuál es el principal motivo para esta discriminación, pero los autores del estudio, que han analizado 1.500 candidaturas entre los años 2016-2018, intentan dar algunas claves.

As explicações não são razoáveis. Neste momento, relendo Todo Mundo Mente, de Seth Stephens-Davidowitz, no capítulo 1, o autor comenta que nomes estranhos estão associados a classe mais baixa. Assim, o efeito do nome talvez seja, nada mais nada menos, que o efeito da classe social.

Rir é o melhor remédio

 

Teoria e prática

11 julho 2022

Aposta no Bitcoin de El Salvador

Com o desabamento do preço das criptomoedas, algumas pessoas perderam muito dinheiro. Mas um país sentiu bastante a movimentação do mercado: El Salvador. O país tinha adotado a criptomoeda, uma atitude considerada inovadora. Uma reportagem do New York Times descreve a situação:


As reservas do governo em bitcoin perderam aproximadamente 60% de seu valor presumido durante a recente queda no mercado. O uso de bitcoin entre os salvadorenhos despencou, e o país está ficando sem dinheiro vivo, depois de Bukele fracassar em captar novos fundos com investidores do ramo de criptomoedas.

No ano passado, o governo de Bukele alocou o equivalente a 15% de seu orçamento anual de investimento na tentativa de incorporar o bitcoin à economia nacional.

O governo ofereceu US$ 30, cerca de 1% do que um trabalhador salvadorenho médio ganha em um ano, para todos os cidadãos que baixassem um aplicativo de pagamentos com criptomoedas apoiado pelo governo chamado Chivo Wallet; chivo significa “legal” na gíria local.

Bukele afirma que aproximadamente 3 milhões de salvadorenhos, ou 60% da população adulta, atenderam ao seu chamado.

Ainda assim, após um impulso inicial, o uso da criptomoeda despencou.

Somente 10% dos usuários do Chivo continuaram a fazer transações com bitcoin no aplicativo depois de gastar os US$ 30 que lhes correspondiam, de acordo com um estudo realizado por três economistas com base nos Estados Unidos em fevereiro, publicado pela ONG National Bureau of Economic Research. Quase nenhum usuário novo baixou o aplicativo este ano, constataram os pesquisadores.

“O governo deu a esse projeto tanto estímulo quanto pôde — e mesmo assim fracassou”, afirmou Fernando Alvarez, economista da Universidade de Chicago e um dos autores do estudo.

Uma outra sondagem, da Câmara do Comércio de El Salvador, realizada em março, constatou que apenas 14% das empresas do país fizeram transações em bitcoin desde que a criptomoeda foi introduzida no país, em setembro, e apenas 3% afirmaram perceber algum valor comercial nela.

Os salvadorenhos radicados nos EUA também ignoraram o chamado de Bukele para que usassem bitcoin no envio de dinheiro para seus parentes no país centro-americano. Aplicativos de pagamentos digitais, como o Chivo, foram responsáveis por menos de 2% desses envios nos primeiros cinco meses de 2022, de acordo com o Banco Central de El Salvador.(...)

Clima e evidenciação


Em um artigo para o The Conversation, a professora Lily Hsueh discute se o projeto da SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, para a questão do clima tem chance de sucesso. O ponto questionado por Hsueh é se evidenciação realmente influencia o comportamento das empresas. E esta tem sido a chave dos reguladores neste momento. 

De certa forma, é novamente a ideia de que somente podemos gerenciar o que é mensurado. A posição da professora é que somente isto não é suficiente para resolver o problema. E que as empresas podem atrapalhar, com a manipulação de informações, conhecida como lavagem verde. Para ela, a SEC tem uma oportunidade de reagir aos problemas que já foram detectados. 

Algumas pesquisas (por exemplo aqui) já mostraram que a divulgação pode ajudar na redução da emissão. Usando dados do Carbon Disclosure Project, Hsueh observou cerca de seiscentas empresas com ações na bolsa, entre 2011 e 2016. Ela encontrou que as emissões de carbono por funcionários diminuiu para as empresas de divulgam as informações. Mas os dados são mais sutis, pois o comportamento não foi igualitário. As empresas sem um pressão regulatória, como os setores financeiros, de saúde e voltados para o cliente, não tiveram o mesmo comportamento. Isto tem sido também confirmado em outros estudos, com setores específicos. Além disto, informar não significa praticar. Uma empresa citada pela pesquisadora que exemplifica isto é a WalMart, que vendia produtos descritos como feitos de bambu e ecologicamente corretos, na verdade eram feitos de rayon, que usa produtos químicos tóxicos. 

Para impedir os problemas, seria necessário diretrizes claras sobre o significado de "iniciativa de baixo carbono", a comparação de metas com as emissões históricas, todas auditadas, e a definição clara das métricas, para uma comparação entre as empresas. 

Quatro gráficos

 

Desde a pandemia, os escritórios ficaram vazios. E ainda estão, segundo dado de ocupação. 

A pandemia fez despencar o número de horas trabalhadas. No início. Hoje o valor agregado cresceu substancialmente.

Estamos em um mês onde 99% da população do mundo terá, em uma determinada hora, a luz do sol. O gráfico abaixo é a representação do dia 8, as 11 horas UTC
Para finalizar, da Nature. A principal causa da emissão é o transporte de alimentos. A carne, além de emitir na produção (lado direito), mas vegetais e frutas são os maiores responsáveis pela emissão por distância. 



Grande demais para auditar

 A confusão entre empresa de auditoria e os negócios de consultoria é uma fonte permanente de dor de cabeça para os reguladores. Em "Grande Demais para Auditar", o Dealbook, uma coluna do New York Times, trata do assunto, especialmente o caso da Perrigo.

A Perrigo é uma empresa de produtos farmacêuticos, fundada no final do século XIX, com receita de US$3,5 bilhões.

A questão envolve a empresa EY, que elaborou um "planejamento tributário" para a Perrigo, em 2008. Na época, a EY era a consultoria tributária e a empresa que fazia a auditoria era a BDO. Os auditores da BDO questionaram o esquema, que possibilitava uma economia de milhões em tributos (O texto fala em 100 milhões, sem especificar se são valores anuais, mas tudo leva a crer que são os valores ao longo do tempo). Quando a auditoria da BDO questionou o esquema, foram substituídos por outros auditores, da própria EY. A nova equipe de auditoria não encontrou nenhuma razão para questionar o planejamento tributário.

Agora a entidade que trata de tributos, a Secretaria da Receita Federal dos Estados Unidos, está questionando a manobra, cobrando os impostos atrasados e as multas. A EY possui receita anual de 40 bilhões, sendo a terceira maior empresa de contabilidade do mundo e emprega mais funcionários que a Apple, Exxon e Pfizer, somadas.

Conflito de interesse entre auditoria e consultoria, dentro da mesma empresa, não é algo novo. Mas a questão é mais combatida conforme o governo. Recentemente, o problema tem sido considerado neste momento nos Estados Unidos, a tal ponto que algumas empresas estão pensando em separar o braço de auditoria da área de consultoria.


Como era o esquema elaborado pela EY para Perrigo? A empresa, sediada nos Estados Unidos, evitou a carga tributária do país, criando uma subsidiária em Israel, sem funcionários e sequer escritórios, para comprar os medicamentos de um fabricante. Logo a seguir, o medicamento era vendido para a Perrigo dos EUA, com lucro, que deveria ser tributado em Israel. Mas no país asiático, o lucro, neste tipo de operação, não é tributado.

Leia mais aqui

08 julho 2022

iPhone e a produção mundial

 

O novo iPhone 13 Pro da Apple é um feito notável da cooperação internacional. Com sua bateria desenvolvida pela empresa chinesa Sunwoda Electronic, a tela da Samsung e LG da Coréia do Sul e a caixa de vidro da Corning dos EUA, o iPhone une o trabalho de empresas de todo o mundo. Em uma análise mais aprofundada, você descobrirá que os microchips são projetados por fabricantes terceirizados, a memória flash é desenvolvida pela Kioxa do Japão e a interface é da NXP Semiconductors na Holanda.

O iPhone é a vaca leiteira da Apple, com cerca de metade do faturamento da empresa sendo trazido pelo produto de assinatura. Mas, assim como qualquer outro gigante da tecnologia, para permanecer competitivo a Apple está constantemente à procura de maneiras de diversificar. Em 2021, a divisão de entretenimento da empresa, iTunes e Apple TV, representou uma participação de 19% nas vendas. Seus alto-falantes e fones inteligentes - como o Apple Watch - também tiveram crescimento nos últimos anos. Enquanto isso, as ações trazidas por seus Macs e iPads permaneceram relativamente consistentes, em torno de 10%.

Fonte: aqui