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14 novembro 2008

Petrobrás: O maior lucro, mas o mercado não é bobo

A Petrobrás anunciou um lucro recorde. Apesar disto, o mercado puniu a empresa. A razão encontra-se no conjunto de texto a seguir:

(...) Os 15 dias de setembro que representaram o início do agravamento da crise internacional não chegaram a embaçar o resultado. “É com orgulho que apresento o maior lucro trimestral da história da Petrobrás. Esse resultado é fruto da excelência operacional, crescimento da produção, das vendas e da disciplina de capital acumulados ao longo de anos.” Dessa forma, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, iniciou seus comentários ao mercado no texto de exposição do balanço.

Em entrevista para comentar o balanço, o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, incluiu o aumento da produção de petróleo e das vendas de derivados entre os fatores que contribuíram para o bom desempenho no trimestre, quando a receita líquida da companhia atingiu R$ 67,460 bilhões, alta de 52% em relação ao mesmo período de 2007. A produção total da companhia aumentou 6% no trimestre, para 2,437 milhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás). Já as vendas de combustíveis cresceram 3% no ano. Segundo Barbassa, o ritmo se mantém alto, apesar da crise econômica. (...)

Lucro da Petrobrás dobra no trimestre e chega a R$ 10,8 bi
Nicola Pamplona, RIO – 12/11/2008 - O Estado de São Paulo


(...) A Petrobrás iniciou o último trimestre de 2008 com o menor volume de recursos em caixa desde o fim de 2000, situação que pode comprometer a realização dos investimentos previstos para o fim do ano. Em 30 de setembro, a companhia tinha R$ 10,776 bilhões em caixa, valor 2% menor do que o do fim do 2º trimestre e 61,2% abaixo da melhor posição alcançada nos últimos anos: R$ 27,829 bilhões no fim de 2006.

Segundo especialistas, a posição de caixa não cria problemas de solvência para a companhia, que tem recursos suficientes para honrar os compromissos já assumidos. Mas, por outro lado, pode tornar mais difícil a travessia de um período complicado para a economia mundial. A companhia pretende investir R$ 16 bilhões no quarto trimestre e as projeções apontam para uma geração de caixa inferior aos R$ 15,680 bilhões verificados no trimestre anterior. (...)

Investimentos estão ameaçados no 4º trimestre
Nicola Pamplona e Tatiana Freitas
O Estado de São Paulo – 13/11/2008


Um dia depois de a Petrobras anunciar o maior lucro líquido de sua história, de R$ 10,8 bilhões no terceiro trimestre, os analistas do mercado financeiro passaram a ver com preocupação a capacidade da estatal de manter seu programa de investimentos e, ao mesmo tempo, garantir a distribuição de ganhos aos acionistas. Com a queda nos preços internacionais do petróleo, os bancos ficaram preocupados com o aumento de custos e despesas operacionais da estatal. Houve rebaixamento nas recomendações de "compra" da ação da estatal para "neutro", como indicou o banco Credit Suisse. O Citibank considerou o resultado "desapontador". Os papéis da Petrobras tiveram um destaque negativo na Bolsa de Valores de São Paulo com queda de dois dígitos - a ação preferencial (PN, sem direito a voto) fechou o dia a R$ 20,62, com baixa de 13,75%, e a ordinária (ON, com voto) teve recuo de 13,25%, cotada a R$ 24,94 no fim do pregão.

Diante do desempenho da Petrobras no trimestre, que teve aumento também nas despesas extras com pagamento de bônus aos empregados no dissídio coletivo, em setembro (despesas de R$ 543 milhões), o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, foi cobrado por investidores em reunião realizada ontem pela Apimec em São Paulo pelos maus resultados. "A empresa deu bônus de 80% de um salário ao funcionário, mas não deu nada ao acionista", disse um analista da Geração Futuro, que pediu mudanças nas regras para distribuição dos dividendos.

Petrobras decepciona
Valor Econômico – 13/11/2008


Numa análise um pouco mais detalhada, percebe-se que os números referentes à operação da companhia foram muito ruins, decepcionando até as previsões da maior parte dos analistas, que já eram negativas. O pior, no entanto, ainda pode estar por vir.
Com a tendência de queda do petróleo, que já vem ocorrendo nos últimos meses, e mais o processo de desaceleração da economia, que também já está em curso, as perspectivas para a Petrobras para os próximos trimestres não são nada animadoras.

Fragilidade operacional
Valor Econômico – 13/11/2008 - Daniele Camba

Efeito Placebo


O efeito placebo diz respeito a descoberta na medicina que alguns pacientes reagem quando são medicados, mesmo que a droga recebida seja um placebo (ou seja, não contenha nenhuma substância que atue efetivamente no corpo da pessoa).

A The Economist chama a atenção para esta questão na área médica em The placebo effect - Great expectations – 30/10/2008.

Tomando por base um artigo publicado por dois dinamarqueses, Asbjorn Hrobjartsson e Peter Gotzsche, no New England Journal of Medicine, não existe justificativa para usar placebos.

Mas o placebo é popular entre os médicos, afirma a The Economist com base nos resultados de outra pesquisa publicada no British Medical Journal. Por dois motivos:

1) Mostrar que eles funcionam
2) Os medicos usam em pacientes com problemas de comportamento ou psicológicos

Foto: Flickr

13 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: Flickr

Links

1. Educação financeira para jovens

2. O estudo das formigas pode ajudar a resolver problemas de congestinamentos nas cidades

3. Defesa do Chairman do Iasb do valor justo na Inglaterra

4. Defesa do Chairman do Iasb do valor justo na Inglaterra – 2

5. O Mapa da água no Mundo

6. Os problemas da Argentina segundo o NY Times: crise próxima

As mudanças na Contabilidade

O Fasb está estudando uma profunda alteração nas demonstrações contábeis, na forma como conhecemos hoje. De forma resumida, o balanço e a DRE seriam segregadas nas três categorias já usadas na demonstração dos fluxos de caixa (investimento, operacional e financiamento). Uma das conseqüências seria o desaparecimento do lucro liquido.
Mas existem resistências entre os executivos financeiros, que estão céticos quanto aos benefícios da mudança.

Mais, aqui

Preço do Petróleo



Preço do Petróleo de 1999 a 2008. Fonte, aqui

Inbev e Bud


Acionistas da AB aprovam compra pela InBev
Valor Econômico - 13/11/2008

Os acionistas da cervejaria americana Anheuser-Busch, que controlam, pouco mais de dois terços da companhia, aprovaram ontem a proposta de compra feita pela InBev em julho. Em uma reunião feita em Nova Jersey, nos arredores de Nova York, o negócio de US$ 52 bilhões recebeu 497 milhões de votos favoráveis, o que representa 68,76% das ações em circulação. Cerca de 96% dos acionistas minoritários participaram da assembléia, o que a Anheuser-Busch considerou uma ótimo comparecimento para endossar a transação. (...)

Agora, para que o negócio seja realmente fechado, resta a aprovação das autoridades americanas, européias e chinesas (já que a 27% das ações da China Brewer Tsingtao pertencem à AB). "Não sabemos quanto tempo esse processo irá levar", escreveu Dave Peacock, vice-presidente de marketing da AB e futuro presidente da empresa após a fusão, em um e mail para os funcionários da cervejaria americana. "Há quem aposte em uma finalização para breve. Não podemos confirmar uma data específica, mas nosso cronograma de resolver tudo até o final do ano continua valendo." Isso é o que esperam os bancos que financiam a InBev. A companhia belgo-brasileira tem o compromisso de nove bancos para um empréstimo de US$ 45 bilhões para viabilizar a aquisição. O empréstimo entretanto, ainda não foi sacado. Como esse dinheiro está "reservado" para a InBev, as instituições aguardam ansiosas que a cervejaria saque logo o montante, para começar a cobrar juros e dividendos. (...)


Conforme postagem anterior, a aquisição foi extremamente vantajosa para os acionistas da AB.

Foto: Flickr

Entidade

A questão da Entidade aplicada em pequenos negócios ainda não é uma realidade:

Misturar as finanças pessoais às contas da empresa ainda é um erro cometido por muitos pequenos e médios empresários. De acordo com pesquisa encomendada pela Visa e realizada pela consultoria Nielsen, 39% dos empreendedores não possuem conta corrente empresarial.

Do total das 400 empresas consultadas, 86% têm acesso ao sistema bancário por uma conta pessoa física (veja quadro). A confusão das contas produz um resultado preocupante: metade das empresas admite usar serviços financeiros voltados para pessoa física com fins empresariais.

A Nielsen entrevistou empresas em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre - 18% delas eram informais. Para quem não registrou a empresa, é mesmo impossível abrir uma conta pessoa jurídica no banco. Mas para quem têm um negócio formal, basta apresentar a documentação necessária e comprovar que o nome da empresa está limpo para conseguir se bancarizar.

Para David Kallás, coordenador dos cursos executivos do Ibmec São Paulo, a principal explicação para os empreendedores continuarem a misturar as finanças pessoais e empresariais está no despreparo. “Muitas vezes, por não ter algumas habilidades gerenciais, o empresário encara a abertura de uma conta empresarial como mais um custo, e não como uma forma de organização financeira.”

Essa visão, segundo Kallás, é equivocada. Para ele, não ter conta empresarial pode até custar mais caro. “Os produtos financeiros voltados para pessoa física, como empréstimo pessoal, têm juros e tarifas muito maiores que os direcionados à pessoa jurídica”, observa. “Além disso, usar apenas a conta pessoa física é algo prejudicial à imagem da empresa, pois passa aos seus clientes e fornecedores a sensação de falta de profissionalismo.”

O empresário que mistura as finanças também perde algumas oportunidades. Para Kallás, ao se relacionar com o banco como pessoa jurídica, e não como um cliente comum, ele ganharia uma vantagem importante: poder de barganha. “Ao estreitar os laços com o gerente, ele pode ter mais facilidade ao pleitear condições especiais para crédito, por exemplo”, diz Kallás.

Mas o principal benefício de separar as duas contas é conseguir controlar, com clareza, as despesas e receitas do negócio. “Quem tem uma mesma conta para dois fins distintos fica sem saber qual é a rentabilidade da empresa, quanto de fato lucra por mês”, avisa Fábio Lacerda Campos, gerente de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae-SP (o serviço de apoio ao empreendedor). “E esse descontrole é justamente uma das principais causas de mortalidade dos pequenos negócios.”

A recomendação é separar bem as coisas - e aproveitar as vantagens de produtos desenhados especificamente para atender os empresários. “Com acesso a serviços voltados para pessoa jurídica, o empreendedor consegue simplificar seus processos, organiza sua contabilidade e tem mais flexibilidade financeira”, diz Allen Cueli, diretor de soluções comerciais da Visa.

Empresas ainda usam a conta do dono
Carolina Dall'olio
Jornal da Tarde - 13/11/2008

Filantropia e Custos

Sarah Murray (em Charity begins in the office, Financial Times, 11/11/2008, USA Ed1, 08. Aqui http://money.ninemsn.com.au/article.aspx?id=664131 também) mostra a questão de medidas de eficiência para as entidades do terceiro setor.

O foco no custo indireto como medida de eficiência causa problemas para este setor. A questão é doadores preocupam-se com custos administrativos e geralmente usam uma taxa de 20% como parâmetro, informa Murray. Mas isto impede a aplicação de recursos em sistemas de informação ou planejamento estratégico, pois aumentaria estes custos.

Como investor no Mercado atual?

Um texto da Fortune (Time to Jump In?, Shawn Tully, 24 November 2008, Fortune, 35, Volume 158; Issue 10) discute investir na atual situação do mercado. O melhor a fazer é comprar ações por preços baixos. E a melhor medida, segundo Robert Shiller, é o P/L. Shiller recomenda a média de dez anos, ajustado a inflação. Outra medida é a distribuição de dividendos. O texto lembra que reter lucros para “construir impérios” através de aquisições superavalidas pode ser prejudicial ao investidor. “Pagar dividendos impõe disciplina”.

Assimetria da Informação e Crise

Um artigo muito interessante e claro sobre o assunto:

Uma crise internacional no mercado de abacaxis
Valor Econômico – 12/11/2008
Daniel Augusto Motta
Ano de 1970. O mundo coroava Pelé como o maior jogador de futebol de todos os tempos. No mesmo ano, talvez indiferente ao sucesso canarinho, o economista americano George Akerlof publicava o artigo "The Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mechanism" que lhe daria o Prêmio Nobel de Economia em 2001. O seu tema de pesquisa: o complexo mercado de abacaxis! Sob a perspectiva crítica de Akerlof, a atual crise internacional originada pelo colapso dos créditos "subprime" e a agitada feira de automóveis usados no Campo de Marte no bairro paulista de Santana sofrem essencialmente do mesmo problema: os malditos abacaxis! Loucura? Na verdade não. Ambos os mercados estão caracterizados pela existência de assimetria de informações entre os agentes econômicos envolvidos nas transações. Considere inicialmente a animada feira de automóveis usados.

Você deve concordar que o vendedor tem um acesso privilegiado às informações mais relevantes sobre seu automóvel: batidas disfarçadas no martelinho, problemas mecânicos, falhas elétricas, bancos encardidos, embreagem desgastadas, ruídos irritantes, amortecedores maltratados, etc. Ao comprador resta analisar superficialmente a mercadoria para invariavelmente levar "gato por lebre" e concluir que adquiriu um abacaxi espinhoso e azedo com quatro rodadas. Tal assimetria de informações não seria necessariamente um problema, caso os vendedores dos poucos bons automóveis disponíveis pudessem sinalizar aos potenciais compradores a qualidade de seus automóveis por meio de um certificado de qualidade, ou por intermédio de um rating fornecido por uma entidade idônea. A analogia entre o ambiente competitivo das feiras de carros usados e o mercado de capitais internacional é irresistível. Dada a existência de significativa assimetria de informações entre gestores e cotistas de fundos de investimento, estes últimos depositaram forte crença nas agências de rating ao tomarem decisões de alocação de suas carteiras de investimentos. Esqueceram-se apenas que um simples rating custa algumas dezenas de milhares de dólares e que, sob o ponto de vista de tais agências, os grandes bancos internacionais e fundos de investimento são valiosos clientes continuamente demandando ratings para produtos diversos. Durante décadas, as agências de rating têm sido capazes de influenciar opiniões sobre o nível de solvência de países, o nível de risco de uma carteira de investimentos e sobre os títulos emitidos por bancos e empresas, afetando sobremaneira o fluxo internacional de divisas entre países e o humor das bolsas de valores em economias desenvolvidas e emergentes. Seu papel: classificar abacaxis como abacaxis, e nectarinas como nectarinas. Simples? Nem sempre. Mais recentemente, enquanto o mercado imobiliário americano já apresentava sinais claros de colapso, poderosos bancos internacionais e fundos de investimento continuaram comprando ratings favoráveis das melhores agências de rating para seus fundos abarrotados de créditos podres. Curiosamente, tais agências preferiram classificá-los como uma saborosa salada de frutas, ignorando a existência de grandes abacaxis azedos no meio de poucas nectarinas doces, aveludadas e suculentas. Assim como um avião comercial cai por uma combinação infeliz de sucessivas falhas, também uma grande crise financeira internacional sem precedentes raramente é resultado de apenas um problema. A crise internacional dos "subprimes" tem sido essencialmente associadas à securitização de empréstimos fornecidos a clientes insolventes, à queda vertiginosa dos preços dos imóveis nos EUA, à ausência de uma regulação mais severa sobre atuação de bancos de investimento e fundos hedge e à política monetária de baixos juros defendida pelo banco central americano nos últimos anos. Na sombra dos fatos estão as agências de rating, cuja atuação desastrosa ludibriou milhões de investidores em todo mundo. Aos milhares de cotistas de fundos e acionistas prejudicados e amargurados diante das perdas milionárias em seus fundos aparentemente com razoáveis ratings, cabe uma justa pergunta: se o papel das agências de rating era minimizar a assimetria de informações, quais são as penalidades num caso de notória imperícia e irresponsabilidade?

Boa Notícia para o Mercado

CVM fecha acordo
Valor Econômico – 12/11/2008

A falta de publicação de fato relevante sobre a negociação que levou à criação da companhia petroquímica do Sudeste acabou resultando em multa a dois executivos e um ex-dirigente das empresas controladoras da Quattor Petroquímica.

Obama e a Crise

Com respeito a crise e as montadoras destaco três reportagens recentes. Na primeira, informa que Obama trata crise de montadoras como teste de seu governo:

Valor Econômico – 12/12/2008
Líderes democratas no Congresso americano disseram ontem que vão propor uma nova lei na semana que vem para dar ao governo a autoridade para usar o fundo de socorro a Wall Street de US$ 700 bilhões no resgate das montadoras de Detroit. O presidente eleito Barack Obama também determinou que sua equipe de transição avalie meios de socorrer as montadoras antes mesmo de sua posse. As movimentações ocorreram em decorrência das advertências da General Motors de que pode enfrentar uma falta de caixa até o fim do ano. O governo de George W. Bush tem relutado em expandir o socorro de Wall Street às combalidas montadoras, afirmando não ter autoridade específica do Congresso para tal medida.

(...) A General Motors está perdendo caixa tão rapidamente que seu diretor-presidente, Rick Wagoner, alertou esta semana que o resgate não pode esperar até a posse de Obama. A Ford também está numa posição difícil, apesar de a diretoria da empresa ter afirmado semana passada que não enfrenta uma crise no curto prazo.


O segundo texto (Como trocar um pneu, O Globo, 13/11/2008) é de Thomas L. Friedman, que critica uma eventual ajuda para montadoras:

Em setembro, estava num quarto de hotel assistindo à CNBC. Eles estavam entrevistando Bob Nardelli, diretor-executivo da Chrysler, que explicava por que o setor automobilístico, naquele momento, precisava US$25 bilhões em garantias de empréstimos. Não se tratava de um resgate, disse ele. E sim uma forma de permitir às montadoras se reequiparem para investir em inovação. Não pude reprimir um grito indignado: “Temos que subsidiar Detroit (sede das principais montadoras) para que eles inovem? Em que negócio eles estiveram metidos se não o de inovar?” Se dermos outros US$25 bilhões, será que investirão em contabilidade? [sic, grifo meu]

(...) A culpa dessa mancada não é apenas dos executivos do alto escalão, mas também da Câmara e do Senado, que, ano após ano, votou segundo as instruções de Detroit. Isso blindou GM, Ford e Chrysler em relação a preocupações ambientais e com milhagem, além do impacto total da concorrência global, que poderia ter obrigado Detroit a se adaptar há muito mais tempo. De fato, se e quando Detroit morrer, espero que todos os deputados e senadores ajudem a carregar o caixão. E ninguém mereceu mais o título de carregador-de-caixão-mor do que o deputado John Dingell, presidente do Comitê da Câmara de Energia e Comércio, que se esforçou mais do que qualquer outro em proteger Detroit.

Bem, agora que desabafei, o que fazemos? Estou tão apavorado como qualquer um com o efeito dominó sobre o setor e os trabalhadores se a GM falir. Mas, se formos usar o dinheiro do contribuinte para salvar Detroit, então que seja feito segundo as premissas sugeridas pelo “Wall Street Journal” na segunda-feira, por Paul Ingrassia, ex-chefe da seção de Detroit do jornal:

“Em troca de qualquer investimento diretor do governo”, escreveu ele, “o conselho e a diretoria (da GM) deveriam ser afastados. Os acionistas deveriam perder sua polpuda parcela de dividendos. E um interventor apontado pelo governo deveria ter total poder para redesenhar a GM. Isso significará rasgar acordos e contratos atuais com sindicatos, revendedores e fornecedores, fechar algumas operações, vender outras e fazer um downsizing na companhia. Dar à GM um cheque em branco — como Washington está se sentindo tentado a fazer — seria um erro monumental.”

Eu acrescentaria outras condições: qualquer montadora que receba dinheiro do contribuinte deve mostrar capacidade de transformar cada veículo de sua frota em motores híbridos, de modo que possam também rodar com etanol. Por fim, alguém deveria chamar o Steve Jobs (fundador da Apple), que não precisa receber propina para inovar, e perguntar se ele não toparia prestar um dever cívico e dirigir uma montadora por ano. Aposto que não demoraria para ele inventar o iCar da GM.


O terceiro texto é menos polêmico. Mas é a constatação de que existe uma chance razoável do governo dos EUA ajudar as montadoras:

Congresso dos EUA tenta salvar GM
O Estado de São Paulo - 13/11/2008

A informação de que o Congresso norte-americano vai tentar socorrer as montadoras do País, em especial a General Motors uma das que estão em situação mais crítica, com parte do pacote de US$ 700 bilhões do governo federal , deu impulso ontem aos papéis da empresa num dia de queda generalizada de ações em Wall Street.

(...) A presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, afirmou ontem que o Congresso pode se reunir na próxima semana em uma sessão especial para discutir uma ajuda financeira às montadoras. Pelosi quer que essas empresas tenham acesso ao Programa de Aquisição de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês).

“Estou confiante de que o Congresso pode considerar uma medida de assistência emergencial durante uma sessão especial na próxima semana e acredito que a administração Bush vai apoiá-la”, disse. (...)

Pagamento e Valor


A seguinte reportagem mostra a importância da forma de pagamento num processo de negociação de uma empresa.

BB deve gastar R$ 14 bi com compra de bancos
Fernando Travaglini, Claudia Safatle e Alex Ribeiro
Valor Econômico – 12/12/2008

(...) Superado o fator "preço" entre BB e Nossa Caixa, falta ainda acertar a forma de pagamento ao governo paulista, que foi motivo de longas discussões. Inicialmente, o BB queria pagamento em ações, enquanto o governador José Serra queria pagamento em dinheiro, à vista. O Valor apurou que o cenário mais provável, hoje, é que o BB faça pagamento em dinheiro (pelo menos da maior parte) em três parcelas: uma à vista, outra em seis meses e a última dentro de 12 meses. Mas ainda estão sobre a mesa outras propostas, como pagamento parcial em ações, e prazos até mais longos, de até dois anos. A dificuldade em aceitar pagamento em ações é que o governador Serra pretende usar os recursos da venda da Nossa Caixa em obras ainda no seu mandato, que vai até 2010. Com a condição atual de mercado, transformar um grande bloco de ações em dinheiro é praticamente impossível. Já o pagamento em dinheiro a prazo não seria um grande problema porque o governo poderia facilmente levantar empréstimos com base nesse "recebível" do BB. Outro fator que conta a favor do pagamento em dinheiro é uma avaliação de pessoas que participam das negociações de que o valor atribuído à Nossa Caixa, de R$ 7 bilhões, não é extraordinário, mas apenas "justo". Ontem, o valor de mercado da Nossa Caixa estava em R$ 5,5 bilhões, ou seja, com desconto ainda em relação ao preço que deve ser pago pelo BB. Esse desconto parece fazer sentido diante da incerteza dos investidores em relação à forma de pagamento a ser acertada.


Foto: Flickr

Fusão e acionistas

Fusão de bancos e direitos de acionistas
João Luiz Coelho da Rocha
Valor Econômico – 12/12/2008

A fusão do Banco Itaú com o Unibanco é, como natural, fruto de decisões tomadas pelos seus acionistas controladores, através de seus prepostos, devendo a matéria, sob o ponto de vista legal, ser aprovada pelos órgãos superiores de ambos os bancos, que, como os de qualquer sociedade anônima, são as respectivas assembléias gerais, conforme o artigo 121 da Lei nº 6.404. Como, sob o ponto de vista de cada banco, se trata de uma fusão com outra sociedade bancária, cada assembléia geral necessariamente a ser convocada (artigo 228 da mesma lei), pelo evidente voto dos controladores, vai aprovar o protocolo da fusão com suas linhas básicas e vai nomear os peritos avaliadores dos patrimônios líquidos de ambos os bancos, sendo certo que a lei aí proíbe os acionistas de votar o laudo da avaliação do patrimônio líquido de sua própria sociedade.

Tais assembléias gerais, que serão extraordinárias, dentro da moldura legal - artigo 135, inciso IV da lei -, devem contar com um quórum de dois terços dos acionistas votantes na primeira convocação, pois os estatutos serão evidentemente alterados, e em segunda convocação, com qualquer quórum. Contudo, para que a fusão seja aprovada por cada banco, pelo menos o voto de acionistas com metade das ações votantes é obrigatório, conforme o artigo 136 da lei, o que já nos faz crer que a convicção firme do processo de fusão pelos controladores, tal como exibido na mídia, indica terem eles consigo tal posição acionária mínima. Ora, o artigo 137, inciso II da Lei nº 6.404 dispõe que o acionista, acaso insatisfeito com a fusão, pode exercer seu direito de retirada, ou de recesso, pelo qual a companhia se obriga a pagar aos dissidentes um valor por suas ações (artigo 45 e seus parágrafos) correspondente ao valor de patrimônio líquido pelo último balanço aprovado, ou - como deve ser por certo o caso do Itaú e do Unibanco - se o último balanço foi aprovado há mais de 60 dias, com base em balanço especial que seja aprovado atendendo a esse prazo máximo antes da fusão. Vale dizer, a lei quer assegurar ao acionista, acaso inconformado com a fusão, o recebimento do valor patrimonial atualizado de suas ações. E ainda nos atrevemos a dizer que, dentro dos princípios descritos no artigo 45 da Lei das S.A., ali falando-se em hipótese de "valor econômico", talvez o acionista dissidente possa pleitear, caso se mostre interessante em números, o método do fluxo de caixa descontado, para se chegar ao valor de sua parcela de capital a ser paga pela companhia. Este método, mais recente nas práticas avaliatórias - e aqui dele lembramos porque, no caso de ambos os bancos, pelos resultados mostrados nos vários anos antecedentes deve produzir montantes bem altos - é admitido no corpo da própria Lei nº 6.404, em seu texto atualizado, para aumentos de capital e oferta pública de ações. De resto, em operação não muito longe no tempo, onde a Petroquisa e aPetrobras consultaram a superintendência de empresas públicas (SEP) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para tal uso daquele método, o órgão respondeu positivamente, em 29 de maio de 2006, anotando que a CVM o tem admitido. Nessa hipótese tratada da fusão de dois grandes bancos, é certo que a lei restringe, nesses casos, o direito de retirada, se existir no mercado liquidez e dispersão para aquelas ações detidas por cada acionista (artigo 137, inciso II da lei). Isso significa, com evidente sentido, que se houver mercado aberto e suficientemente disseminado dessas ações, o acionista pode ali, no uso do mercado, vender seus títulos, dispensando-se a companhia de ter que gastar recursos com sua aquisição. Mas o legislador tomou o cuidado de definir precisamente o que seria entendido como característica de liquidez e de dispersão de ações, para tais finalidades e efeitos legais, no artigo 137, inciso II, alíneas "a" e "b". No nosso caso, parece óbvio que ambas as ações em suas espécies, sejam do Itaú, sejam do Unibanco, apresentam liquidez como descrita está na lei, pois têm elas cotação usual na Bovespa. Mas, para que sejam tidas como dispersas para tais finalidades, a lei demanda que os controladores das sociedades respectivas, sejam eles diretos ou indiretos via outras sociedades, não cheguem a ter metade das ações de cada espécie ou classe em consideração. Isso compreenderia, é claro, todo o pacote acionário das famílias Setubal e Moreira Salles, holdings por eles detidas, acordo de acionistas entre eles existentes etc. Cabe, portanto, aos minoritários de ambos os bancos verificar tal circunstância no controle acionário. Configurada a existência desses requisitos que lhes garantam o direito de retirada, é preciso analisar se é melhor continuarem como acionistas menores da nova empresa bancária ou deferirem suas parcelas acionárias, caso a avaliação patrimonial da empresa atualizada, ou mesmo o cálculo do fluxo de caixa descontado, aponte um valor superior ao negociado na bolsa. Lembra-se ainda que, para exercer tal recesso, é preciso estar atentos à observância dos prazos, contado a partir da data da publicação da ata que aprovar o protocolo ou acordo da fusão, e requisitos formais da lei.

IFRS na Colômbia

Un idioma global para la contabilidad es clave
Cesar Augusto Giraldo Briceño
Portafolio – 11/11/2008

Con la globalización en los mercados hay un movimiento claro de abandonar los estándares locales para acogerse a los internacionales. Un ejemplo es el surgimiento de los IFRS (Estándares Internacionales de Información Financiera), al punto que 100 países han decidido adoptarlos.

Colombia no es ajena a esta iniciativa. De hecho, el representante Simón Gaviria ya radicó el Proyecto de Ley 165, que hoy irá a un segundo debate en pro de la aplicación de las normas internacionales en el país.

Este propone que haya un solo emisor de las normas contables para evitar el conflicto entre los cuerpos regulatorios. El organismo sería el Consejo Técnico de la Contaduría, que llevará las propuestas al Ministerio de Comercio y al Contador General de la Nación. "Pero la idea es que los interesados en el tema tengan la oportunidad de opinar: los usuarios de la información, las empresas, las instituciones del Gobierno y el Consejo definaN un único reglamento", dijo Gaviria.

Para las pequeñas empresas, Gaviria propone un régimen simplificado. "Se trata de una reforma que el país requiere con urgencia", concluyó César Prado, superintendente financiero de Colombia, otro de los participantes en el Foro.

Contabilidade não ortodoxa


Ao comentar a situação do clube de futebol Celta (da Espanha) em El celtismo reprueba a quienes llevaron el club a la ruina económica (La Voz de Galicia, 12/11/2008) o terceiro maior acionista do clube, Javier Alonso, acredita queos problemas do clube foram ocultados «mediante una contabilidad no ortodoxa».

No mesmo setor (o futebol) outra notícia interessante é sobre a União de Coimbra, através da Agência Lusa (Desporto: Ex-presidente do União de Coimbra e clube condenados por crime fiscal, 11/11/2008), cujo ex-presidente e o clube foram condenados

“cada um, ao pagamento de uma coima de 30 mil euros, por crimes de fraude e abuso de confiança fiscal, mas ponderam recorrer da sentença. (...) Recorde-se que no passado dia 27 de Outubro o ex-presidente havia confessado todos os factos da acusação, no que diz respeito à retenção de verbas relativas a impostos, nomeadamente o IRS de funcionários e atletas, o IVA, incluindo facturas falsas de empresas fictícias para injectar dinheiro na contabilidade, para suprir as dificuldades financeiras do clube.


Foto: Flickr

12 novembro 2008

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui. Sobre Al Jaffee, aqui

Normas internacionais

CVM: Novas normas de contabilidade são aprovadas
Gazeta Mercantil News (Tempo Real) - 11/11/2008

SÃO PAULO, 11 de novembro de 2008 - O Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou hoje cinco normas que fazem parte do processo de adaptação da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. A partir de 2010, os balanços das companhias brasileiras deverão se ajustar às normas estrangeiras. O novo diretor da autarquia, Eliseu Martins, que tomou posse hoje, informou que os documentos serão divulgados amanhã (12).

Ele disse que esse processo prevê a adoção de cerca de 40 documentos para que os balanços das empresas brasileiras possam se ajustar às normas internacionais de contabilidade. Falta ainda um conjunto de 18 normas, que serão analisadas ao longo de 2009.

Segundo Martins, o cronograma inicialmente previsto está sendo cumprido, e o Brasil deverá ficar entre os primeiros países a ter todos os balanços individuais (de uma empresa) de acordo com as normas internacionais. Quanto aos balanços consolidados (de várias empresas de um mesmo grupo econômico, com controle único), ele disse que a União Européia se adequou às normas internacionais em 2005.

Por determinação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), CVM e Banco Central, todas as seguradoras, instituições financeiras e companhias abertas estarão com os balanços consolidados 100% de acordo com as normas internacionais. 'O esforço que estamos fazendo agora é para que, em 2010, os balanços individuais também estejam de acordo com as normas internacionais.'

Para Martins, que retorna à autarquia depois de 23 anos, o país que está mais próximo de atingir a meta de ajustamento dos balanços individuais às normas internacionais é a Inglaterra. Ele disse que a convergência às normas dará maior transparência aos demonstrativos financeiros das empresas brasileiras, aumentando a qualidade das informações.

Martins ressaltou que a Lei 11.638/07, que substituiu a Lei das Sociedades Anônimas, permitirá balanços mais transparentes. Ele ressaltou que a antiga Lei das S/A impedia que os balanços reproduzissem os instrumentos financeiros e, em particular, os derivativos, pelo seu valor de mercado. 'O grande salto de qualidade da informação, da transparência, vai ser dado no balanço de 31 de dezembro de 2008', que já será ajustado à nova lei.

A CVM, que é vinculada ao Ministério da Fazenda, aprovou também norma sobre os ativos intangíveis, referente à contabilização de marcas, patentes, direitos de franquia e direitos de exploração. Pela norma, só os intangíveis que são adquiridos de terceiros pela empresa serão apresentados nos balanços. Martins apontou outra mudança significativa na área: os gastos com pesquisa para desenvolvimento de produto, mercado e projetos serão obrigatoriamente considerados como despesa nos balanços. Já os gastos com o desenvolvimento de produtos poderão ser considerados ativos intangíveis só depois de atendidas algumas regras, que Martins classificou de 'muito duras'.

Outra norma aprovada diz respeito às subvenções governamentais. Martins explicou que, pela lei anterior, os benefícios apurados por uma empresa que tinha incentivo fiscal não eram computados como parte do lucro. Pelas normas internacionais, no entanto, todas as subvenções passam a fazer parte do resultado.

Novas normas da CVM


(...) "Estamos tão contentes com a chegada do Eliseu que vamos soltar logo cinco normas em conjunto com o CPC", afirmou, Maria Helena Santana, presidente da autarquia. Ela explicou que as cinco instruções que integram o pacote de mudanças que adequará as regras contábeis brasileiras ao padrão internacional, o IFRS, serão publicadas hoje. De acordo com o novo diretor, não foram feitas muitas mudanças nos textos que foram à audiência pública e os que serão formalmente editados. Os cinco pronunciamentos dizem respeito aos ativos intangíveis, às demonstrações do valor adicionado, às subvenções governamentais, às transações e prêmios para emissão de debêntures e ao arrendamento mercantil. Martins vai terminar o mandato de Durval Soledade, que deixa a diretoria por questões de saúde. "Há 20 anos, quando eu e Eliseu nos cruzamos pela primeira vez na CVM, a grande bandeira dele era a correção monetária nos balanços", lembrou Soledade, apontando que muita coisa evoluiu desde então. Agora, na agenda de regulação da autarquia estão o grande pacote das normas da convergência, que serão 18 ao todo em 2009, e ainda o debate sobre os derivativos e a transparência, que surgiu com a crise. Para Martins, será muito útil, nessa evidenciação de riscos das companhias, a regra que está em audiência pública sobre instrumentos financeiros e que prevê a obrigação de que as empresas informem o chamado quadro de análise de sensibilidade. Nesse quadro, a companhia deverá deixar clara a projeção de perda com cada operação em cada um dos cenários projetados (provável, possível e remoto). No balanço de 31 de dezembro de 2008 já deverá valer a regra, que foi adaptada a partir de uma opção que a regra internacional (IAS 39) oferece. "Veja como são as coisas, se não tivéssemos tido esses eventos recentes, é possível até que o mercado estivesse reclamando das exigências dessa regra", lembrou. O novo diretor da CVM avalia que, caso a publicação dos quadros já fosse obrigatória às empresas este ano, os riscos teriam ficado mais explícitos para os investidores e analistas. Ele afirmou, porém, que transparência não é a única questão, pois é preciso também que as companhias tenham boas regras de governança e gestão, além de mecanismos que garantam o cumprimento dessas normas. "É preciso ter uma governança bem elaborada e processos internos nas companhias que detalhem qual é a política e os limites para assumir riscos, além de um sistema de acompanhamento forte para que essa política seja cumprida", concluiu o diretor. (*Valor Online)

Sob nova direção, CVM edita hoje cinco regras
Valor Econômico - 12/11/2008

Ainda GM

Segundo GM shares plunge after analyst sees them hitting zero, as ações da GM cairam 30% na segunda depois da análise do Deutsche Bank.

Mas achei muito interessante a observação do excelente blog Footnoted. Este blog faz uma postagem por dia, analisando as entrelinhas dos textos das demonstrações financeiras das empresas com ações na bolsa dos EUA. Ou seja, é um blog único por analisar TEXTOS, não números. Em GM’s incredibly sobering 10-Q… o blog lembra que dentro das 337 páginas do 10Q da GM o termo “going concern” foi utilizado 15 vezes!.

E, apenas no caso se ainda há dúvidas sobre exatamente quanto a GM está com problemas (...) a empresa menciona as palavras "em continuidade" - um termo contábil que causa arrepios na maior parte dos investidores - nada menos do que 15 vezes no texto


Para mais notícia, veja este artigo da CFO sobre os termos “going concern” e “eventos subseqüentes” conforme proposta de minuta do Fasb.

AIG e Luxo

Os problemas críticos da AIG já foram comentados diversas vezes aqui nos últimos meses. Em Another AIG Resort "Junket": Top Execs Caught on Tape, Brian Ross e Joseph Rhee (10/11/2008) relatam alguns gastos de seus executivos num resort de luxo em Phoenix, na última semana. A ABC pegou executivos da AIG no Pointe Hilton Squaw Peak Resort fazendo um grande esforço em ajudar a empresa a sair da situação problemática. O programa incluía uma aparição de um jogador de futebol americano para autógrafos.

Segundo Peter Cohan (Your $150 billion pays for another AIG executive junket) os gastos podem ter sido de 343 mil dólares.

O encontro, que segundo Berr (AIG should fire CEO over junket mess) toda traço da empresa AIG foi removido, gerou uma grande avalanche de publicidade negativa para a empresa.

Mais sobre a AIG aqui

Aposentadoria em Educação

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu ontem (29) o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3772, proposta contra o artigo 1º da Lei Federal 11.301/06, que estabeleceu aposentadoria especial para especialistas em educação que exerçam direção de unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico. A decisão garantiu o benefício da aposentadoria especial às atividades em discussão, desde que exercidas por professores.
A questão foi trazida a julgamento com a apresentação do voto-vista do ministro Eros Grau, que acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Eles, somados aos ministros Marco Aurélio, Celso de Mello, Cezar Peluso e Menezes Direito formaram maioria e votaram no sentido de dar interpretação constitucional que não retirasse o benefício da aposentadoria especial de outras categorias de profissionais da educação.
'Interpreto esse texto de modo a afirmar que o tempo de serviço prestado pelo professor no exercício de função de direção de unidade escolar e de coordenação e assessoramento pedagógico não pode ser concebido como tempo de serviço fora da sala de aula', considerou o ministro Eros Grau em voto lido na sessão de ontem.
Sobre a matéria, o relator, ministro Carlos Ayres Britto, já tinha se pronunciado. Ele afirmou que, ao tratar do benefício, a Constituição (parágrafo 5º do artigo 40 e parágrafo 8º do artigo 201) utiliza a palavra professor e não o 'fraseado aberto' profissionais da educação.
Para ele, a Constituição Federal exige que o professor se dedique exclusivamente às funções de magistério para ter direito à aposentadoria especial. 'Não quero esvaziar as salas de aula, quero que os professores se realizem na sua verdadeira vocação', disse.
No entanto, Ayres Britto ficou vencido junto com os ministros Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia Antunes Rocha, que votaram pela procedência total da ação. A ministra Ellen Gracie também foi voto vencido, porém ela entendeu ser totalmente improcedente o pedido da ADI
Assim, a maioria dos ministros votou pela procedência parcial da ação, a fim de conferir interpretação conforme a Constituição Federal, garantindo o benefício da aposentadoria especial, desde que os cargos de diretores, coordenadores e assessores pedagógicos sejam exercidos por professores.
Súmula 726
No exercício da Presidência do Supremo, o vice-presidente, ministro Cezar Peluso, observou que a decisão abriu uma ressalva à Sumula 726 da Corte, segundo a qual 'para efeito de aposentadoria especial de professores não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula, salvo o de diretor'.


Enviado por Marcos Cesar dos Santos (grato) Fonte: aqui

A Convergência é crucial agora

(…) E isso é o que ela [a contabilidade] realmente é: uma língua, definida por regras e convenções, utilizada para definir a fotografia financeira de uma empresa. O sucesso de uma estrutura contábil vem de uma aceitação generalizada de que constitui uma base razoável para avaliar o desempenho passado e as previsões futuras dos retornos. Isso exige também que a estrutura contábil contribua para a compreensão da variabilidade do retorno: risco, em outras palavras.

Como seria muito mais simples se todo mundo pudesse entender perfeitamente uns aos outros? A crise atual tem aumentado o foco no que tem funcionado bem e no que não tem. Isso reforça a necessidade de avançar em conjunto para tornar as coisas melhores, e estamos vendo um verdadeiro impulso para a consecução compartilhada linguagem universal da contabilidade. É por isso que a convergir para um conjunto de normas de contabilidade nunca foi mais importante e que a atual crise dos mercados financeiros está agindo como um catalisador para acelerar esse caminho.

To converge to a single set of standards is now crucial
Douglas Flint (HSBC)
Financial Times – 6/11/2008 - Asia Ed1 - 20

11 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


A crise das montadoras

Rir é o melhor remédio


Sobre a AIG e o uso do dinheiro dos contribuintes.

Links

1. Jornais do mundo e Obama

2. Como o IFRS afeta seu sistema de informação

3. O Roadmap da SEC não apareceu na sexta. Quando virá?

4. AIG necessita de mais dinheiro

5. Britannica pergunta: O blog está morrendo?

AIG


Ainda a questão da AIG, que para o WSJ não é somente uma seguradora. A reação ao aumento da ajuda a empresa foi resumida pelo jornal.

A ilustração é do New York Times e diz muito sobre a questão.

Mais sobre a AIG pode ser encontrado aqui, aqui e aqui

Santander também

Depois que o executivo chefe do Santander afirmou que o banco não necessita de mais capital, o New York Times destaca (Santander’s U-Turn) o nervosismo dos investidores com o banco.

Montadoras

A saga da indústria automobilística dos EUA continua. O New York Times enfatiza que o Obama pediu a Bush que ajude já o setor (Obama Asks Bush to Provide Help for Automakers).

O Wall Street Journal (via Barry Ritholtz) fala de duas indústrias automobilísticas. A tradicional, representada pela GM, Ford e Chrysler, sindicalizada e com grandes obrigações com os pensionistas. A outra não é sindicalizada, possui poucos aposentados e uma grande variedade de vantagens. Uma ajuda do governo seria adiar o inevitável.

Mas a opinião mais forte teve origem no Deutsche Bank (aqui a notícia do WSJ) que afirmou publicamente o que muitos "blogueiros" já diziam: a empresa está muito mal. Para este banco, o preço da ação da GM é zero. Atualmente a ação está cotada a 3,26, o menor preço desde a segunda guerra mundial. A empresa teria poucas opções fora uma intervenção do governo. E o caixa existente não é suficiente para empresa operar até dezembro.

Eliseu Martins

Outra entrevista do prof. Eliseu Martins:

Derivativos impõem desafios à regulação global
Valor Econômico - 11/11/2008

Aplaudido de pé pela platéia quando sua nomeação foi anunciada publicamente pela presidente da CVM, Maria Helena Santana, num evento em São Paulo, Eliseu Martins é uma dessas raras unanimidades no mundo da contabilidade. É dele, por exemplo, a idéia do Livro de Apuração de Lucro Contábil (Laluc). Apelidado de balanço secreto, o documento criado pela Lei 11.638 visava garantir que a convergência não trará efeitos tributários - nem para mais, nem para menos - um dos maiores desafios desse processo no Brasil. A empresa faria primeiro esse balanço, apresentaria à Receita Federal, e depois o ajustaria para a nova legislação - versão para divulgação. Dilemas da Receita, porém, enterraram o Laluc. No lugar dele, a medida provisória que garantirá a neutralidade fiscal e que está prestes a sair colocou o Lalur no lugar, da década de 70. "O Laluc ficou como a Viúva Porcina [da novela Roque Santeiro]. Foi sem nunca ter sido", diverte-se ele.

A seguir a continuação da entrevista concedida ao Valor:

Valor: Ainda restam normas para sair neste ano?
Martins: Todas já foram para audiência pública. Do que tinha programado, só ficou de fora a regra do Laluc porque, em principio, ele deve desaparecer, com a medida provisória da Receita Federal [cujo objetivo é garantir a neutralidade fiscal da nova contabilidade]. Estamos esperando a medida provisória. A expectativa é que saia rapidamente. Mas a idéia que está contida na minuta da medida e com a qual todos estão de acordo é que o Laluc não será mais necessário.

Valor: Por quê?
Martins: Lá atrás foi criado o Lalur, que servia para ter uma contabilidade societária e outra fiscal. Mas na década de 70, a Receita restringiu o uso do Lalur e então veio a alternativa do Laluc no projeto da atualização da lei. Mas tanto na minuta quanto em entrevistas, eles deram a entender que vão dar ao Lalur o uso original. Então, estamos voltando a essa origem: você faz a contabilidade, escritura de acordo com regras contábeis e aí todas as divergências com regras tributárias são ajustadas no Lalur. O Laluc era a mesma coisa só que ao contrário. Mas o caminho do Lalur é o preferível porque é menos caro e menos trabalhoso. O Laluc perdeu seu objeto, virou aquele que foi sem nunca ter sido (risos). Mas ainda assim acabou cumprindo o seu papel.

Valor: A neutralidade fiscal também ficou garantida?
Martins: A própria Receita, numa medida simplesmente espetacular, conseguiu garantir isso já desde 2008, inclusive. Por isso é tão importante sair essa medida provisória neste ano.

Valor: E isso vai exigir ajustes nas regras que já foram divulgadas?
Martins: Está em audiência pública a minuta de adoção inicial da Lei 11.638 [CPC 13]. Seguramos o quanto foi possível, esperando que saísse a MP da receita para que já incluísse as questões. Como precisamos colocar em audiência pública, fizemos sem computar as regras da MP. Mas o CPC colocou no início da minuta que ela poderá sofrer modificações caso saia a nova legislação. Se isso ocorrer, não haverá tempo para ter mais 30 dias para audiência pública. Tem uma outra regra, que é a de combinação de negócios que está em audiência pública no pressuposto de que em casos de fusão e incorporação com alienação de controle os ativos da incorporada sejam avaliados a mercado. Como isso tem uma proposta de modificação na MP, também poderá ter uma modificação.

Valor: Mas isso modifica a questão do ágio?
Martins: Não, nisso não muda nada. Para efeito do cálculo do ágio, só pode ser pelo valor de mercado, como já era.

Valor: Com a crise, há uma discussão mundial sobre o valor justo. Como o sr. vê esse debate?
Martins: A grande discussão é sobre a aplicação desse conceito. Antes, ele era chamado de valor a mercado, então, obviamente só podia ser usado quando havia mercado. Como há certas situações em que não há mercado para um ativo, resolveu-se ampliar o conceito, aplicando certos modelos matemáticos e valores calculados estatisticamente. E ainda há a alternativa de usar o conceito de fluxo de caixa descontado. Além disso, há um outro caso, dos instrumentos financeiros que não são avaliados a valor justo quando a empresa tem intenção e prova que tem condições financeiras de manter o título até o vencimento. Nesse caso se contabiliza pela curva, porque não é para ser vendido. O problema estava na rigidez das classificações. O que o Iasb fez [em norma recente] foi permitir a reclassificação dos títulos. Não mudaram os conceitos.

Valor: Mas o valor de mercado está na berlinda...
Martins: Existe uma situação que não é técnica, mas política e ética, que é a seguinte: avaliar a mercado é dar uma transparência muito forte e muito rápida. Aí vem aquela questão, isso pode acabar determinando o processo de quebra da empresa? Marcou a mercado, tem volatilidade. O balanço balança mesmo. Alguns dizem que essa volatilidade não é boa, porque começa a levar temores para uma situação que pode ser temporária. Então, é mais interessante não marcar tanto a mercado e não mostrar essas oscilações mais bruscas ou deixar isso claro?

Valor: Qual é a resposta?
Martins: A Europa continental sempre foi mais conservadora e contra a volatilidade. A União Européia aceita quase todas as regras do Iasb, mas não adota integralmente o IAS 39, que são justamente essas normas. O discurso era que os aplicadores não estão acostumados com a volatilidade dos lucros dos bancos e seguradoras. Já os ingleses e americanos estão completamente acostumados a ver prejuízos. Na época da crise bancária japonesa, ela sempre foi sentida, falada, mas, se você olhasse os balanços dos bancos, absolutamente não existia. O que aconteceu agora de diferente foi que, dentro dos Estados Unidos, que estão acostumados com o uso do valor de mercado e com a volatilidade há anos, surgiram vozes dizendo que o problema da crise era a regra contábil.

Valor: Existe um meio-termo ?
Martins: Marcar a mercado corretamente e de repente não marcar a mercado porque não tem mais mercado é uma coisa. Outra coisa é ser meio absolutista, seguidor da forma, e considerar qualquer operação como mercado também. Isso também está errado. O presidente do Iasb mesmo disse: gente, as regras já estão aí, elas já permitem deixar de marcar se o mercado não existir mais. Mas há o medo, porque isso exige da empresa uma tomada de decisão.

Valor: Então já existia a prerrogativa, o que o Iasb fez foi tornar mais explicito?
Martins: O mercado pediu que autorizasse mudar de categoria do título de marcado a mercado para carregar até o vencimento.

Valor: Se o Brasil já tivesse o padrão global e a marcação a mercado, o risco dos derivativos teria ficado mais claro?
Martins: Não tenho dúvida disso. Mas a lei anterior impedia a adoção dessa contabilização. Isso foi uma das mudanças trazidas pela 11.638.

Valor: Então, daria para prever melhor os acontecimentos recentes com as empresas?
Martins: Não conheço os casos concretos. Mas, falando de maneira genérica, três meses é um tempo enorme. Uma empresa pode publicar o balanço de 30 de junho perfeitinho, todo ajustadinho. E, em agosto, essa mesma empresa pode estar com um problema enorme. Eu me lembro muito bem de quando eu aprendi análise de balanço que se dizia para acompanhar muito bem a empresa porque ela não quebrava do dia para a noite. Não é mais assim. A partir dos derivativos, desses contratos financeiros que permitem assumir riscos tão grandes, qualquer instituição, brasileira, inglesa, de qualquer nacionalidade, em questão de dias pode ter um problema enorme sem que qualquer regra contábil tenha podido detectar porque não deu tempo.

Valor: Qual é o desafio dos órgãos reguladores que tem como função proteger o investidor?
Martins: Acho que é nisso que cada órgão regulador do mundo está pensando seriamente. Ouvi de um advogado que o estatuto de uma empresa dizia que vender um imóvel de R$ 10 mil precisava de autorização do conselho, mas assumir contratos de derivativos muito maiores não precisava. Estamos, de repente, trabalhando com estatutos do século XIX. Estamos com um sistema de informação hoje que precisa ser repensado, porque era muito bom tempos atrás.

Valor: O conceito de auto-regulação está sendo rediscutido no mundo todo. Há riscos para o Iasb?
Martins: O Iasb mostrou-se muito ágil num momento crítico como esse. Mesmo sem fazer grande mudança na essência, fez coisas que acalmaram. Em toda aquela crise americana lá atrás [Enron e WorldCom, em 2001], foi criado aquele PCAOB [Public Company Accounting Oversight Board] como órgão de Estado para ditar normas e dizer coisas técnicas sobre como auditar. Agora o que foi mudado na auto-regulação contábil? Nada. Porque não é esse o problema. O problema está na aplicação das regras. Então acredito que o Iasb vai passar por essa crise com seu poder não tocado porque vem mostrando que sabe fazer bom uso do sua capacidade de auto-regulação.

Valor: Podemos dizer que os instrumentos financeiros e os derivativos estão oferecendo um enorme desafio para os reguladores e para a contabilidade do ponto de vista da aplicação das normas?
Martins: Sim. Mas talvez hoje um dos maiores problemas esteja na divulgação dos riscos dos instrumentos financeiros, principalmente os derivativos. As empresas têm programas internos de governança corporativa para limitar os riscos. O órgão regulador exige a transparência, ele não entra no mérito se a empresa está tendo boa governança ou não, mas sim se ela está tendo transparência.

Valor: A possibilidade de as empresas não apresentarem o comparativo completo do balanço de 2008, conforme a regra colocada em consulta pública na semana passa, não prejudica os usuários?
Martins: As empresas terão que fazer uma nota explicativa para dizer os efeitos de toda essas modificações. Então, qualquer usuário, pegando essa nota explicativa, vê o que mudou naquele balanço e tem a condição de comparar.

Valor: Mas fica muito mais difícil essa comparação...
Martins: É, mas acredito que muitas empresas vão fazer o comparativo, o que elas não estão é obrigadas. Mas há alguns problemas sérios de quase impossibilidade de fazer isso [balanço comparativo de 2007]. Por exemplo: como vai fazer o valor de mercado de instrumentos financeiros em dezembro de 2007 para fazer uma aplicação completamente comparativa?

Eliseu Martins


A chegada de Eliseu Martins à CVM foi comemorada pelo Valor Econômico com uma entrevista interessante sobre as normas internacionais.

O homem que contabiliza volta à CVM
Valor Econômico - 11/11/2008

Não foi fácil convencer o professor Eliseu Martins a sentar na cadeira que assume por um ano a partir de hoje na diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele chegou a negar o convite para o cargo, que já ocupou na década de 80, mas foi sensibilizado pelo momento. O processo de convergência contábil, com a migração para o padrão internacional (IFRS, na sigla em inglês), já seria motivo suficiente. Mas a aprovação da reforma pela Lei 11.638 no apagar das luzes de 2007 impôs desafios infinitamente maiores aos órgãos de regulação e auto-regulação. A surpresa de dezembro reduziu em um ano o tempo para desenvolvimento e aprovação de toda a normatização dos princípios da contabilidade internacional para o Brasil. Só neste ano, para permitir a aplicação da nova legislação no balanço anual de 2008, a CVM realizou 16 consultas públicas de regras totalmente novas e para 2009 devem ser mais 18.

A sensibilização de Eliseu contou com um empurrão adicional de ninguém menos que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tinha uma alternativa ao nome do professor da USP. Mas Mantega deixou claro ao professor que a opção ao seu nome era de um profissional sem a mesma experiência na área contábil, carência maior da autarquia no atual momento. Martins, que além de professor já ocupou cargos no Banco Central e na própria CVM, então, cedeu, também incentivado pela família. Já com o nome anunciado, o contabilista tornou-se ainda mais imprescindível com o que até agora pareceu ser o ápice da crise financeira nos EUA, que colocou a contabilidade de instrumentos financeiros e o método de marcação a mercado dos ativos no centro das discussões. "Os derivativos estão impondo desafios aos órgãos reguladores no mundo todo", diz o novo diretor. Ele defende, porém, que a questão passa pelas regras de divulgação e não dos conceitos técnicos das normas contábeis. "Três meses é um tempo grande, hoje a empresa pode divulgar uma informação trimestral perfeita e no mês seguinte estar com problemas", pondera ele, que admite que talvez o sistema de informações das companhias abertas precise ser debatido globalmente.

Valor: O senhor chega à CVM num momento de revolução nas normas contábeis brasileiras.
Eliseu Martins: Estamos neste processo de convergência, com um plano ambicioso que é o de termos, em 2010, as regras contábeis das demonstrações financeiras no padrão global. O grande objetivo é conseguir que não só as demonstrações consolidadas, como está determinado pela CVM, mas também as individuais estejam nesse padrão. É uma corrida contra o tempo. Eu digo ambicioso porque nem mesmo a União Européia está com essa igualdade entre as demonstrações consolidadas e as individuais. Cada país está num estágio completamente diferente.

Valor: Ainda são muitas as regras a ser emitidas.
Martins: O volume de trabalho para conseguir emitir todas as normas já foi muito grande em 2008, mas vai ser maior ainda em 2009 para conseguir atingir isso e não termos duas contabilidades, com um resultado diferente no individual e no consolidado.

Valor: O IFRS tem sido adaptado localmente na aplicação em mais de 110 países. Como vai ser aqui?
Martins: As diferenças entre as as normas que saíram até agora no Brasil e as do Iasb [Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, que emite as regras do IFRS] são mínimas e a conseqüência disso é desprezível. Nosso objetivo é que as normas brasileiras possam ser atestadas como estando dentro do Iasb, o que não quer dizer que necessariamente todas tenham que ser idênticas. Há casos em que a regra internacional dá alternativas e, às vezes, acabamos não adotando as mesmas alternativas de lá. Mas as que adotamos estão contidas na norma internacional.

Valor: Já há casos assim?
Martins: O exemplo mais clássico é reavaliação de ativos. As normas internacionais dizem que os ativos imobilizados podem ser reavaliados. O Brasil admitia isso, mas a lei agora proibiu. Então, nossos balanços não vão ter mais reavaliações novas, mas ainda assim ficam dentro do IFRS. Mas, mesmo permitindo, menos de 2% das empresas européias estão usando a reavaliação. Nossa politica é adotar a norma do Iasb mesmo que a gente aqui discorde. Quando isso acontece, comunicamos nossa divergência e pedimos que eles [Iasb] estudem o tema. Tem uma norma que achamos absurda. Ela manda reclassificar dívida de longo prazo para curto, caso ocorra algum evento extraordinário [como desenquadramento de limites previstos no contrato da dívida, o que anteciparia seu vencimento]. Essa determinação vale mesmo que, entre a data de fechamento do balanço e sua divulgação, a empresa tenha feito acordo e a dívida voltado a ser de longo prazo. O que entendemos aqui é que o balanço deveria reclassificar de novo para longo, antes de ser divulgado. Mas o Iasb não: diz que tem que continuar como de curto prazo e explicar a situação em nota explicativa.

Valor: E como esse assunto, especificamente, será tratado aqui?
Martins: Vamos reeditar a regra para alinhá-la com o que diz o Iasb, mesmo que a gente não concorde. Nossa política é só fazer diferente somente quando existir opção.


Foto: Flickr

10 novembro 2008

Rir é o melhor remédio



Fonte: aqui

Ford também com problemas

A Ford apresentou um prejuízo operacional de 2,98 bilhões de dólares e usou 7,7 bilhões em caixa. Até então, a queima de caixa não era um problema da Ford (mas da GM), informou o blog Global Economic Analysis (Ford Has $2.98 Billion Operating Loss)

A Ford justificou este resultado do caixa como sendo em decorrência da promoção da nova pick-up F150 (Automaker Says U.S. Cash Is Best Hope, Bill Vlasic e Nick Bunkley, 8/11/2008)

Os problemas da Ford podem-se agravar se existir contágio da GM.

GM

Rakesh Saxena (Why General Motors Should Be Delisted) acredita que a ajuda a GM poderá criar uma empresa igual a Gazprom. A Gazprom é uma empresa privada, mas quase-governo pois depende do estado.

A contas da empresa, segundo a própria GM afirmou (vide em Why GM Says Bankruptcy Is an Impossibility, WSJ) inclui um saldo de caixa de 16,2 bilhões e necessidade mensal de 11 a 14 bilhões de dólares para pagar as contas. Ou seja, a GM precisa de dinheiro. Conforme um analista afirmou para o WSJ, “o resultado do terceiro trimestre tornou claro que, sem intervenção do governo, a GM irá a bancarrota”. Esta possibilidade é ruim para a empresa, pois pessoas não compram carros de empresas com problemas financeiros.

Heidi N Moore faz a análise da GM em outro sentido: o novo presidente irá ajudar a GM, a Chrysler e a Ford? (Will Obama Bail Out GM, Chrysler and Ford? ). Aparentemente sim, conforme revelou na primeira conferência a imprensa após sua eleição, quando chamou as montadoras de espinha dorsal da indústria dos EUA. Mas Obama espera que esta indústria produza carros mais eficientes em termos de gasto de combustível.

Rick Newman (General Motors: Beginning the Endgame?) lembra que a questão da bancarrota na GM é recorrente: todo ano o CEO Rick Wagoner insiste em afirmar que a empresa não irá declarar bancarrota e que esta não é a opção da GM. Newman considera que existe uma alternativa (e não é a fusão com a Chrysler): a ajuda do governo. O grande trunfo da empresa é o fato de ser uma das maiores empresas dos EUA, com 140 mil empregados.

Newman lembra que a GM é vítima de fatores fora do seu controle, como a crise financeira, que impede o financiamento dos compradores de automóveis.

David Gaffen (Live-Blogging the GM Earnings Call) lembra que a empresa queimou 6,9 bilhões em caixa no último trimestre. E faz uma análise da conferência aos acionistas quando da divulgação do recente prejuízo. O gráfico mostra a situação de liquidez da empresa (cada vez pior).



O blog Global Economic Analysis faz uma análise interessante entre os argumentos da GM e o seu significado. Uma constatação amarga é que a GM queimou 4,8 bilhões num trimestre e, neste ritmo, o seu caixa será suficiente para o final de 2009.

Para complicar a situação, o mesmo texto lembra que a GMAC possui 15 bilhões de Smart Notes e que num processo de falimentar possuem um valor de 40% do valor de face.

Já o CalculatedRisk enfatiza o comunicado a imprensa (Press Release) onde a GM fala em montante mínimo necessário para operar:

Even if GM implements the planned operating actions that are substantially within its control, GM's estimated liquidity during the remainder of 2008 will approach the minimum amount necessary to operate its business.


Ja Michael Rainey comenta que a ação da GM caiu 12% após a apresentação das demonstrações contábeis. “A GM tem que parar de dizer que a bancarrota não é um opção” (GM 3Q earnings: The cash keeps burning, Michael Rainey)

Já o New York Times (Automaker Says U.S. Cash Is Best Hope, Bill Vlasic e Nick Bunkley, 8/11/2008) o governo dos Estados Unidos está diante de uma escolha dificil. Se ajuda a GM, não existe garantia de que ela não irá de precisar de mais dinheiro mais tarde. O jornal lembra que as empresas de Detroit estão fazendo pressão para ajuda do governo.

O NYT lembrou o principal trunfo das montadoras: 3 milhões de empregos diretos, segundo o Center for Automotive Research.

Mais dinheiro na AIG

O New York Times revela (A.I.G. May Get More in Bailout, Andrew Ross Sorkin e Mary W Walsh, 9/11/2008) que o governo Bush está tendo problemas em recuperar a seguradora AIG. O volume de recursos do contribuinte já ultrapassa a $100 bilhões de dólares e a reestruturação pode necessitar de 150 bilhões.

Mas o Wall Street Journal (via Economist´s View) considera que o plano de ajuda do governo é mais punitivo que parece ser.

O plano do governo Bush era aplicar 700 bilhões para reduzir a crise.

Mais sobre a AIG: 1, 2, 3, 4

Cartão de Crédito

Cada plástico dá lucro de R$ 60 para os bancos
Valor Econômico - 10/11/2008

Um cartão de crédito dá lucro médio antes dos impostos de R$ 60 para os bancos após cinco anos de uso, revela o estudo "Rentabilidade em meios eletrônicos de pagamento", elaborado pela CardMonitor e obtido com exclusividade pelo Valor. Dentro dos cartões, o crédito é o mais lucrativo. Um cartão de loja, que só pode ser usado naquele estabelecimento, tem lucro médio antes dos impostos de R$ 7. Já um cartão "híbrido", emitido por uma loja, mas com bandeira da Visa ou MasterCard, dá ganho de R$ 20 para o emissor após cinco ano. Isso porque o gasto médio de um cartão de crédito convencional é de R$ 2,5 mil por ano, enquanto no de loja é de R$ 436. Os 60 meses para o banco conseguir esse retorno decorrem dos investimentos que a instituição faz para adquirir o cliente, que inclui desde propagandas, telemarqueting, acordos com lojas e malas diretas, conta José Roberto Neves, sócio da CardMonitor e um dos autores do levantamento. No início, o cartão dá prejuízo, por conta desses gastos.

No 27º mês, o plástico deixa de dar prejuízos e começa a gerar ganhos (o chamado "payback"). A partir daí, é só lucro. O estudo mostra também que a anuidade ainda é fonte importante de receita para os bancos. Responde por 19% do que a área de cartões arrecada. A maior fonte de recursos são as receitas financeiras, como os juros cobrados no crédito rotativo, por exemplo. Para ganhar consumidores, alguns bancos vêm oferecendo cartões sem anuidade. "A prática é excelente para ganhar mercado, mas compromete a rentabilidade", diz José Antonio Camargo de Carvalho, sócio da CardMonitor. O lucro médio de R$ 60 após cinco anos cairia para R$ 40 com isenção da primeira anuidade e para R$ 6 com isenção total. A razão é que a anuidade tem impacto direto no lucro, porque a ausência dessa taxa não reduz nenhum custo. Assim, toda queda na receita é transferida diretamente para o lucro. O estudo mostra ainda que quando uma loja decide colocar uma bandeira como Visa ou MasterCard em seu cartão, os gastos daquele plástico aumentam em média 70%. Dependendo do setor, o aumento chega a 120%.

Efeitos da LRF

Alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) são defendidas geralmente por gestores em dificuldade para arranjar recursos destinados a investimentos e outras despesas. Voz dissonante entre os especialistas em finanças públicas, o ex-secretário de Finanças de São Paulo, Amir Khair, vê razões para o caminho inverso do sugerido pelo atual secretário da capital paulista,o economista Walter Aluísio Moraes Rodrigues. "Tenho defendido a redução do limite de endividamento de estados e municípios dos atuais 1,2 vezes a receita corrente líquida para a metade disso", afirma Khair.

A diminuição do limite, sob a ótica de Khair, traria para baixo os gastos com os serviços da dívida. "Os juros ou os serviços da dívida são recursos que saem dos cofres públicos sem que a população seja beneficiada por isso", argumenta o consultor.

O especialista reconhece que a LRF precisa ser alterada, mas não no que diz respeito à capacidade de endividamento. "Acho que a LRF precisa ser revista, como o artigo 42, que abre uma enorme brecha para os gestores deixarem heranças muito ruins para seus sucessores", defendeu Khair. Ele acredita ainda que a lei deve deixar "mais claras e maiores" as penalidades para os que desobedecem as regras. O artigo referido pelo consultor veda ao "titular do Poder" - especialmente prefeitos e governadores - nos dois últimos quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito".

Parte integrante das normas que regem especialmente a transição de contas públicas em ano eleitoral, o artigo, na opinião de Khair, abre uma brecha na LRF. "Diante da lei, os prefeitos e governadores exploram ao máximo a possibilidade de assinar contratos dentro do prazo estabelecido, sobrecarregando o caixa da prefeitura ou do governo de estado", avalia. Para o consultor, "quem entra quer fazer sucesso político, mas deixa a conta para o próximo pagar". "Para simplificar, a lei deveria obrigar o gestor a gerir com os seus próprios recursos", defende Khair.

Especialmente sobre o aumento do limite de endividamento, não são os municípios que apresentam problemas, mas sim os estados. "Com os acordos de refinanciamento das dívidas dos estados em 1997, sob a batuta do então ministro da Fazenda Pedro Malan, a situação dos estados piorou muito", critica o consultor. A piora veio com o tempo. Os estados e municípios refinanciaram suas dívidas assinando acordos de parcelamento corrigidos pelo IGP-DI. No caso do município de São Paulo, a situação piorou durante o governo de Paulo Maluf. "Sem recursos para investir, Maluf emitiu letras do tesouro municipal corrigidas pela Selic o que fez a dívida paulistana virar uma bola de neve", acrescentou o consultor.

Juros não dão retorno para população
Gazeta Mercantil - 10/11/2008
Caderno A - Pág. 9 - M.S.

09 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

Após a vitória de Obama, sua primeira missão:



Fonte: aqui

Inbev e Bud

A Anheuser-Busch foi adquirida pela Inbev pelo preço de $70 a ação. O gráfico a seguir mostra o comportamento da ação da AB nos últimos meses:



Apesar da crise, a ação continua bem cotada no mercado, mas ainda assim abaixo dos $70 que a Inbev irá pagar.

Já a cotação da Inbev no mercado internacional apresenta o seguinte comportamento:



Ou seja, os acionistas da empresa comprada claramente se beneficiaram do negócio.

07 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


O Cartoon da semana da The Economist, sobre a eleição de Obama e o que lhe espera em 2009.

Links

1. Pesquisa com CFO sobre crise

2. Os acidentes mais caros da história (obviamente não foram corrigidos)

3. Risco e o fator humano

4. Planilha Excel e Valor Justo

5. Um vídeo engraçado: partida de xadrez entre Kasparov e Short, 1993 (via Susan Polgar Blog)

6. The Economist analisa a situação econômica do Brasil e a fusão do Itau e Unibanco

7. Investidor defende valor justo

IFRS nos EUA

Mesmo com a crise, existe a expectative de que a SEC informe p cronograma para as empresas dos EUA em termos da utilização do IFRS, informa a CFO (IFRS back on Track? Tim Reason, CFO.com 6/11/2008). Se isto ocorrer, tem-se um atraso de dois meses em relação ao que foi originalmente previsto.

Desde então, a crise financeira e a crítica ao valor justo fizeram com que o cenário se alterasse profundamente. Reason lembra também que o Chairman da SEC, um republicano, foi criticado por não previnir a crise financeira. (Apesar do cargo não ser político, ou seja, o Chairman pode continuar no governo após a mudança política)

Alguns críticos querem mais tempo para a convergência, alegando que a pressa é mais por uma razão política do que para beneficiar o mercado de capitais.
Mais sobre o assunto, aqui.

Comentário adicional: O Wall Street Journal anuncia que John White, diretor da divisão de corporation-finance está deixando a SEC (SEC Exodus May Soon Accelerate, Kara Scannell , 7 de novembro de 2008). E que Cox, o atual Chairman, tem planos de sair da SEC até o final da administração Bush.

Crise e contabilidade

Balanços mostrarão estragos da crise
Valor Econômico – 6/11/2008
Os resultados da Gafisa abrem a esperada safra de balanços do setor de construção civil. Investidores aguardam, ansiosos, para saber a exata dimensão dos efeitos da crise financeira sobre os números das companhias - que padecem da falta de liquidez e de crédito. O setor tinha dificuldades pontuais, mas depois de deflagrada a crise nenhuma empresa escapou. Os papéis derreteram desde meados de setembro. As empresas mais prejudicadas tiveram quedas de mais de 60%, como Abyara, Klabin Segall e Rodobens. A Agra caiu 83%, também influenciada pelo fim do acordo com a Cyrela. Mas as grandes também assistiram a um drástico recuo das ações. Cyrela caiu 38% desde 15 de setembro, Gafisa, 33%, PDG, 41% e MRV, 55%. As prévias divulgadas por sete das 21 empresas de capital aberto já sinalizam um recuo médio de 25% nas vendas em relação ao segundo trimestre. Até a Cyrela, maior do setor, registrou queda de 43% nas vendas, surpreendendo o mercado.
Até as empresas com foco na baixa renda - consideradas como as mais blindadas na crise pelas garantias de financiamento com recursos da poupança e do fundo de garantia - venderam menos entre julho e setembro. A primeira medida tomada pelas empresas - mesmo antes da crise - foi a redução da projeção de lançamentos. A euforia do ano passado e início deste deu lugar à cautela. Levantamento realizado pelo Valor mostra que, para 2008, o encolhimento das projeções de lançamento já está em 28% e, para 2009, o ajuste será ainda maior: de 34%. As oito empresas que ajustaram lançamentos previam R$ 16 bilhões em novos empreendimentos só neste ano. Agora, reduziram a meta para R$ 11,6 bilhões. Por enquanto, apenas empresas médias e pequenas corrigiram metas, mas analistas já prevêem algumas das grandes na mesma direção. Diante da drástica mudança de cenário e da importância do setor, principal empregador do país, o governo resolveu agir. Depois de desagradar as empresas dizendo que a medida provisória 443 valia também para o setor e que o governo poderia comprar participação nas empresas em dificuldade, anunciou um pacote mais "amistoso". Os bancos poderão cumprir parte da exigibilidade de financiamento ao setor com recursos da poupança por meio de operações de capital de giro para as construtoras, o que não era permitido. Mas o fato é que as construtoras não esperaram o governo para aumentar a liquidez ou para tentar melhorar o desempenho das ações: fizeram aumento de capital ou programa de recompra. A Even conseguiu que três novos sócios, além dos antigos, colocassem R$ 150 milhões na companhia por meio de um aumento de capital. Em outras empresas, os sócios capitalizados - muitos deles em função de ofertas secundárias na bolsa - injetaram dinheiro no caixa. Rossi e Agra fizeram aumento de capital de R$ 100 milhões cada. Outra saída foi a recompra de ações, opção usada por PDG, JHSF, Trisul e Eztec. A intenção é mostrar ao mercado que os papéis estão com desconto exagerado e que consideram o próprio negócio como o melhor investimento. (DD)

iPod Nano e a paridade da moeda

Assim como a The Economist utiliza o Big Mac para verificar a paridade da moeda, existe também o iPod Nano (8 giga) como parâmetro (aqui). O Brasil só perde para Argentina em valorização da moeda. Vide aqui também, apesar da justificativa focar os impostos (e não o câmbio).

Convergência

Segundo uma pesquisa da Moody´s (em Will a Single Accounting Standard Help?, Marie Leone, CFO, 6/11/2008), os efeitos das mudanças nas demonstrações financeiras quando uma empresa adota as normas internacionais é ilusório.

A Moody´s analisou 30 grandes empresas européias e encontrou que a mudança para IFRS gerou um aumento de lucro de 30 bilhões de dólares. Mas muito deste valor deveu-se a amortização do goodwill. Ainda segundo o texto da CFO, “o IFRS perde alguma de sua utilidade pois pode criar falsa volatilidade e complexidade em excesso”.

P.S. O relatório da Moody´s, de 23 páginas, está disponível para venda pela bagatela de 550 dólares. Para os interessados, clique aqui
Notícia do jornal Estado de S Paulo divulga um processo contra o Santos. Consultei o balanço do clube, que apresenta a seguinte nota explicativa:


Provisão para Contingências

Refere-se à provisão para fazer face às perdas estimadas em processos em curso. Os valores provisionados estão baseados em estimativas efetuadas por advogados do Clube que acompanhamas respectivas causas e que a Administração entende ser suficiente para cobrir eventuais perdas. Na esfera trabalhista, em 2007, diversas ações foram concluídas comêxito ou, ainda, pactuados acordos comex-atletas ou funcionários do Clube, o que permitiu substancial redução no valor da provisão para contingência respectiva. Em 2007, os valores referentes a Imposto de Renda na Fonte e outros tributos foram objeto de reparcelamento de saldo, através da adesão ao programa especial da Lei nº 11.345 de 14/09/2006 (Timemania), conformemencionado na nota explicativa nº 13.


O Parecer da auditoria não faz qualquer ressalva a esta provisão. O valor desta provisão é de 1,8 milhão no final de 2007. Ou seja, a contabilidade não fez o registro deste passivo. Além disto, a empresa de auditoria (Directa) não fez ressalva neste item.