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05 setembro 2007

Vida pessoal do executivo e desempenho da empresa


Morte de sogra de executivo afeta a empresa? Alguns estudos dizem que sim
Mark Maremont - 05/09/2007
The Wall Street Journal

Será que os acionistas de uma empresa deveriam se importar se o filho do presidente morre? E se for a sogra?

Questões desse tipo normalmente não fazem parte de decisões de investimento. Mas talvez deveriam, de acordo com um estudo recente feito por três professores de finanças. A partir de dados detalhados do governo dinamarquês sobre milhares de empresas, os professores puderam estudar a relação entre as mortes nas famílias de presidentes de empresas e a lucratividade das empresas ao longo de uma década.

O estudo descobriu que o lucro cai, em média, quase 20% nos dois anos depois da morte de um filho do diretor-presidente. Quanto à sogra do executivo, velhas piadas parecem ter um fundo de verdade: os pesquisadores chegaram à conclusão de que a lucratividade tende, na média, a crescer levemente depois que ela morre.

O estudo é parte de uma nova e polêmica área de pesquisas financeiras, que se aprofunda na vida privada e na personalidade de presidentes para encontrar ligações com o desempenho das empresas. Ela é resultado da propensão de se tratar os presidentes executivos como fundamentais para as corporações que eles dirigem. Se o desempenho deles é tão vital, dizem esses pesquisadores, faria sentido que os investidores quisessem saber qualquer coisa que poderia afetá-lo.

"Quando vamos ao hipódromo, estudamos o cavalo", diz David Yermack, um professor de finanças da Universidade de Nova York. "Investir não é muito diferente. Queremos saber o máximo possível sobre o jóquei."

Um estudo do qual ele foi um dos autores analisou as compras de casas dos executivos. Constatou que, na média, as ações de empresas dirigidas por executivos que compram ou constróem megamansões têm um desempenho bem inferior ao da média do mercado. Os pesquisadores não sabem por que isso acontece. Eles teorizam que esses executivos podem estar mais preocupados em desfrutar sua riqueza do que trabalhar duro.

Um dos executivos incluídos no estudo foi Trevor Fetter, diretor-presidente da cadeia de hospitais americana Tenet Healthcare Corp., que comprou uma casa de 934 m2 na região de Dallas no início de 2005. Desde então, as ações da Tenet acumularam uma queda de mais 60%, enquanto o mercado acionário em geral subiu. Um porta-voz da Tenet disse que a empresa conhecia o estudo, mas não tinha comentários.

Outro grupo de pesquisadores encontrou desempenho abaixo da média, tanto em lucros quanto nas bolsas, em empresas lideradas por executivos que recebem prêmios, como os de melhores administradores dados pela imprensa. A teoria: depois que se tornam estrelas, alguns presidentes executivos gastam mais energia a escrever autobiografias e participar de conselhos de outras empresas do que dirigindo suas próprias.

Dois professores da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, tentaram recentemente classificar diretores-presidentes de empresas de tecnologia com base em seu nível de narcisismo. Eles examinaram informações como o tamanho de suas fotos nos balanços anuais e com que freqüência falam na primeira pessoa do singular em entrevistas à imprensa. Os autores concluíram que executivos narcisistas tendem a assumir riscos maiores, causando oscilações mais fortes na lucratividade de suas empresas. O estudo, chamado "It's All About Me" (algo como "Tudo Gira em Torno de Mim"), será publicado na "Administrative Science Quarterly", publicação da Universidade Cornell.

A nova linha de pesquisa suscita algumas questões espinhosas sobre privacidade. Se ela se intensificar, a vida dos executivos pode se tornar como a dos políticos ou estrelas de cinema, vasculhada intensamente pelo público? Pesquisadores dizem que uma nova área perfeita para estudo é o possível impacto de divórcios e "esposas-troféu" no desempenho das empresas.

"Acho difícil imaginar que se eu tivesse um filho doente isso seria da conta de qualquer pessoa", diz Jerry W. Levin, presidente do conselho da varejista americana Sharper Image Corp. e ex-diretor-presidente da Revlon Inc. "Presumir que por causa de algo que se passa na minha vida pessoal minha empresa será afetada é loucura. Eu sequer perguntaria esse tipo de coisa para meus próprios empregados, meus próprios executivos."

Por outro lado, os executivos talvez gostassem de saber que os estudos concluem de maneira geral que os presidentes importam para o desempenho de suas empresas. Isso reforça o lado deles na discussão sobre remunerações de executivos.

Alguns investidores dizem que gostariam de receber mais informação sobre as vidas privadas dos executivos, desde que não seja muito intrusiva. "Bisbilhotar pessoas que têm um filho com leucemia, isso é um pouco de invasão", diz Scott Black, diretor-superintendente da Delphi Management Inc., uma administradora de recursos de Boston. Mas Black diz que não investe em empresas que gastam excessivamente em sedes e mobília, e diz que "seria de nosso interesse" saber que um presidente comprou uma mansão gigantesca, um iate ou um quadro de US$ 20 milhões.



Já conhecia um estudo sobre a morte abrupta do executivo de uma empresa e a sua rentabilidade. Quanto ao desempenho dos executivos que tornam-se estrelas, uma possível explicação encontra-se na reversão à média.

Onde devem ficar os tesouros de uma nação

Existe uma demanda de algumas nações (Egito, Grécia, por exemplo) pela devolução das riquezas culturais que foram levadas pelos países colonizadores nos últimos séculos. Assim, uma grande parte do acervo cultural da Grécia está em museus franceses e ingleses. Naturalmente que os britânicos e franceses não concordam com este pedido e recusam a devolver algumas das obras de arte que estão nos seus museus e que foram saqueadas dos locais históricos de outros países.

O recente desastre na Grécia, onde um grande incêndio colocou em risco tesouros históricos da cidade de Olimpia, onde nasceram os jogos olímpicos, traz a discussão sobre este fato.

Funcionaria aqui a máxima de finanças de "diversificação reduz risco"? Segundo Mary Beard, do Britain Times Literary Supplement (via WSJ blog), a dispersão dos tesouros antigos possui esta vantagem.

A posição de Bear inclui também tesouros ingleses, que deveriam ser enviados para outros países.

Crise imobiliária nos Estados Unidos

Um artigo interessante sobre a crise do crédito nos Estados Unidos:

Crise de crédito tomou viés moralista
Folha de São Paulo - 01/09/2007
DO "FINANCIAL TIMES"

A CRISE dos empréstimos imobiliários de risco, ou "subprime", nos EUA se transformou em lição de moral. Os devedores "subprime" -pessoas com históricos de crédito desfavoráveis que realizaram hipotecas de custo elevado para comprar casas que estavam além de suas posses- são apresentados como vítimas indefesas. As instituições que realizaram os empréstimos "subprime" (e os investidores que compraram os empréstimos securitizados) são caracterizados como avaros exploradores dos norte-americanos pobres. Agora, toda a turma está esperando que o governo intervenha e os salve das conseqüências da alquimia financeira que eles mesmos inventaram. Washington deveria resistir às pressões.

O presidente George W. Bush anunciou ontem algumas medidas modestas para ajudar os devedores que enfrentam necessidades verdadeiras, mas descartou uma operação de resgate em benefício das pessoas que agiram por simples cobiça (quer se trate dos devedores, quer dos credores). Infelizmente, o Congresso provavelmente não vai parar por aí. Milhões de norte-americanos talvez ainda estejam a ponto de perder suas casas, e outros milhões perderão dinheiro no mercado. É o tipo de crise em que os políticos não conseguem resistir a interferir.

Os candidatos à Presidência estão divulgando suas próprias soluções. Barack Obama planeja um fundo financiado por multas sobre empréstimos "irresponsáveis" (o que quer que isso queira dizer). O Comitê de Serviços Financeiros da Câmara realizará audiências na semana que vem, e isso poderá resultar em novas leis. O presidente do comitê, o democrata Barney Frank, deixou claro que ele acredita que a crise do crédito "subprime" prova que falta regulamentação nos mercados financeiros dos EUA. Ele favorece toda sorte de proposta, de novas normas de subscrição à instauração do direito de processo contra todos os envolvidos.

O resultado pode ter uma nova e sufocante teia de regras e responsabilidades jurídicas que sufocará empréstimos às pessoas para as quais o crédito "subprime" foi originalmente criado: aquelas que necessitam de uma morada modesta, mas não conseguem obter hipoteca normal devido a problemas de crédito. Isso seria uma vergonha. O Congresso deveria se precaver para não reagir de maneira exagerada.

Muito pode ser feito para salvar os norte-americanos de sua irresponsabilidade: os empréstimos hipotecários podem ser mais transparentes, de modo que os devedores saibam o quanto realmente devem. Os devedores podem ser informados de maneira mais completa, para que sejam capazes de escolher bem suas hipotecas.

Mas, se o Congresso impuser risco demais de litígio, o financiamento hipotecário para os devedores abaixo do padrão simplesmente desaparecerá. Não faz sentido acrescentar custos judiciais pesados a um problema que já é muito dispendioso. O mercado aprendeu sua lição: não emprestar a pessoas que não podem pagar. É difícil ver como os legisladores poderiam ensinar algo melhor.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Gigantes da bebida reciclam mais garrafas

As empresas de refrigerantes começam se preocupar com a reciclagem dos plásticos:

Gigantes da bebida reciclam mais garrafas
31/08/2007
Betsy McKay
The Wall Street Journal

(...) As coisas estão começando a mudar. Depois de meses de cobertura nada favorável na imprensa e até uma resolução da Confederação de Prefeitos dos Estados Unidos para que se faça uma pesquisa sobre o impacto no lixo municipal das garrafas usadas, a indústria de bebidas está aumentando os esforços para promover a reciclagem e o uso de mais plástico reciclado na produção das garrafas de seus refrigerantes, águas, sucos e chás. Algumas empresas estão reformulando as garrafas para reduzir a quantidade de plástico.

A Coca-Cola Co. — que tem 36% do mercado americano de bebidas prontas não-alcoólicas, de US$ 106 bilhões por ano — informou que planeja construir uma fábrica capaz de reciclar 2 milhões de garrafas de 600 ml. Isso é equivalente a 12% do volume total de reciclagem de garrafas plásticas nos EUA. (...)

Até agora, as fabricantes de bebidas normalmente lutavam contra as leis americanas que as obrigam a reembolsar consumidores pelas garrafas e latas usadas, encorajando sua devolução. Agora, porém, algumas estão começando a ser mais favoráveis aos incentivos financeiros para a reciclagem. A Coca investiu mais de US$ 2 milhões na RecycleBank LLC, uma empresa de reciclagem da Filadélfia que fornece cupons em troca das garrafas usadas pelos consumidores dos Estados da Pensilvânia, Nova Jersey e Delaware.

Um dos motivos pelos quais os fabricantes de bebidas estão preparando um contra-ataque é que a água engarrafada é vista por muitos como uma alternativa para enfrentar a queda nas vendas de refrigerantes.(...)

04 setembro 2007

Links

1) Simulador no Google

2) A ciência do beijo

3) Porque ex de Renan nao é a capa da Playboy de setembro

4) A Neuroeconomia pode ajudar você a ficar rico?

Propaganda

Se você acha que a Veja tem muita propaganda veja só o número de páginas das revistas:

Allure - 282
Cosmopolitan - 306
Details - 338
Elle - 592
Esquire - 252
Glamour - 418
GQ - 184
InStyle - 184
Lucky - 376
Marie Claire - 306
Martha Stewart Living - 256
Men’s Health - 364
O, The Oprah Magazine - 376
Oxygen - 160
Town & Country - 136
Stuff - 140
Vanity Fair - 415
Vogue - 840

Das 840 páginas de Vogue, 727 são propagandas.

Fonte: Aqui

IASB reformula sua página e vende normas

IASB lança novo sítio e aproveita para vender as normas


O IASB fez uma reformulação no seu sítio e aproveita para anunciar que está vendendo as normas internacionais em CD ROM [] por cerca de 80 libras. A venda de normas é uma das fontes de receitas do Iasb.

Além disto, anuncia o compromisso do Japão para convergência das suas normas com as IFRSs.

O presidente do Iasb estará visitando o Brasil em setembro.

A questão da remuneração dos executivos

A SEC, órgão de regulamenta o mercado de capitais nos Estados Unidos, enviou cartas para 300 empresas norte-americanas sobre a remuneração dos seus executivos.

As cartas foram endereçadas para os CEO e não para os diretores financeiros (CFOs) com é praxe. Entre as empresas estão a GE e a Coca-Cola.

Aqui e aqui para mais detalhes

Planejamento tributário que não deu certo

Uma confusão na área de auditoria, envolvendo grandes empresas e a Deloitte:

Ações de indenizações milionárias na Justiça Cível e uma forte troca de acusações colocaram em campos opostos grandes empresas e consultorias como resultado de R$ 1 bilhão em autuações do fisco paulista relacionadas a supostos créditos indevidos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações de compra e exportação de soja. As empresas, autuadas em julho de 2005, pleiteiam agora indenização contra a Deloitte Touche Tohmatsu alegando que a auditoria deu o aval para a realização das operações. (...) A Arthur Lundgren Tecidos (Casas Pernambucanas) pede em ressarcimento por danos materiais um total de R$ 92,4 milhões.

A Tigre, fabricante de tubos e conexões, quer R$ 38,6 milhões apenas pelas perdas materiais. As duas empresas pedem ainda indenização por danos morais. A Ficap, indústria de fios e cabos, já havia solicitado, no fim de 2006, R$ 5,1 milhões.

A Deloitte diz que seu papel era o de auditar as notas fiscais e registros contábeis e, por isso, não deve responder pela indenização. Pelo contrário, em ação de reconvenção contra a Tigre e a Pernambucanas, a Deloitte diz que é ela quem deve ser ressarcida por ter tido seu nome envolvido em notícias sobre as autuações.

O conflito entre as empresas e a Deloitte teve origem em operações que se iniciaram em 2002, quando as empresas, mesmo sem tradição no segmento da soja, passaram a comercializar o grão como forma de obter créditos de ICMS. O planejamento, considerado lícito pelos especialistas, se resumia em adquirir o grão em operações interestaduais, beneficiá-lo e exportá-lo. Como as vendas ao exterior são livres do imposto, as empresas acumulavam o crédito das etapas de comercialização e industrialização anteriores. O problema, segundo a Fazenda, é que a soja só existia no papel.

A Pernambucanas diz na ação judicial que sua tomada de créditos de ICMS teve como base os relatórios emitidos pela Deloitte. A rede varejista de tecidos conta que realizou, entre dezembro de 2002 e agosto de 2004, um total de 12 operações. A Deloitte não teria emitido laudos de auditoria somente para as duas últimas. A empresa diz que em outubro de 2003 chegou a receber um laudo no qual a Deloitte afirma que os "players" eram idôneos do ponto de vista fiscal e que os créditos e débitos fiscais eram legítimos.

Autuada pela Fazenda num total de R$ 340,5 milhões, divididos em duas autuações fiscais, a Pernambucanas conseguiu derrubar em tribunal administrativo uma das cobranças e acabou recolhendo ao fisco, no fim de 2006, R$ 99,6 milhões ao aproveitar um programa de anistia de multa e juros. A rede, porém, informa em seu balanço que quer reaver em ação judicial contra a Fazenda paulista R$ 10,3 milhões. Além do dispêndio com a autuação, a Pernambucanas quer ser ressarcida em R$ 2,6 milhões em gastos com advogados.

Os argumentos da Tigre contra a Deloitte são similares. Alega que a participação da auditoria respaldou a entrada na operação e que todas as demais empresas - transportadora, esmagadora e trading - foram apresentadas pela Deloitte, que teria assumido "todas as responsabilidades por garantir a legitimidade da operação". A companhia afirma que "...a Deloitte conseguiu dragar não uma, mas várias das maiores e mais respeitadas empresas nacionais para as mãos de uma quadrilha, auferindo com isto lucro sobre a fraude da qual as empresas foram vitimadas". Em 13 operações de compra e venda de soja, a fabricante de tubos investiu R$ 41 milhões para industrializar e exportar 255 mil toneladas do grão. A empresa foi autuada em R$ 46,12 milhões e também aproveitou a anistia da Fazenda estadual. Segundo um dos advogados contratados pelas empresas, existe a intenção de ingressar contra a Deloitte americana.

Um escritório de Nova York especializado em ações indenizatórias já foi contatado para estudar o caso. "Lá existe uma rigidez maior ao trabalho das auditorias", diz o advogado, que coordena um grupo de empresas interessadas na ação. Para sustentar o processo, as empresas alegam que os pagamentos feitos à Deloitte eram vinculados à quantidade de soja comercializada, forma considerada pouco usual de remuneração para uma auditoria, que costuma cobrar por horas trabalhadas. A Deloitte era remunerada a R$ 1,50 por tonelada de soja e os pagamentos eram feitos diretamente pelas empresas à auditoria. A Deloitte informa na contestação um precedente a seu favor. Trata-se de uma ação da Adria, fabricante de massas, que pediu indenização de R$ 7,6 milhões pelo mesmo assunto. O juiz da 30 Vara Cível em São Paulo entendeu que a Deloitte não deveria fazer parte da ação, porque a Adria não tinha contrato formal direto com ela.

A Adria não recorreu da decisão e o processo foi extinto.Em nota enviada ao Valor, a Deloitte diz que a Tigre e a Pernambucanas tomaram os créditos fiscais pela compra da soja muito antes da auditoria apresentar qualquer relatório de revisão de documentos. A Deloitte diz que "não pode ser responsabilizada por uma atitude tomada antes da realização e apresentação do seu trabalho." "Acreditamos que operações dessa magnitude jamais seriam realizadas sem aprovação formal e expressa dos executivos de empresas tão grandes", diz a nota. A auditoria se diz alvo "de acusações falsas e mentirosas quanto à nossa responsabilidade profissional."A Globalbank Consulting responde ao lado da Deloitte às ações judiciais da Pernambucanas e da Ficap.

A consultoria diz, ao contestar a ação da Pernambucanas, que ela nunca exerceu consultoria tributária. Segundo a Globalbank, a Deloitte pediu a exclusividade pela auditoria das operações com soja, mas "a empresa de auditoria não poderia contratar diretamente com os clientes - não podia evidentemente auditar as operações que ela própria apresentara, sob pena de violar os mais comezinhos princípios de independência que devem nortear as atividades dos auditores". A solução teria sido, então, intermediar a contratação das empresas via Globalbank.

"Operação soja" leva companhias à Justiça
Valor Econômico, 31/08/2007

A importância do capital humano

Um artigo muito interessante do jornal O Globo compara o capital humano com o capital natural.


Guardiões do subdesenvolvimento
O Globo - 02/09/2007

JOÃO LUIZ MAUAD

Em 1993, o americano Douglass North foi agraciado com o Prêmio Nobel de economia, dentre outras contribuições, por seus estudos sobre a importância das instituições para o desenvolvimento econômico. Segundo aquele economista, a diferença crucial entre as nações prósperas e as demais está fundamentalmente na forma de organizar as relações sociais e comerciais. “O desempenho econômico”, ensina ele, “é função das instituições e de sua evolução. Juntamente com a tecnologia, elas determinam os custos de transação e produção. As instituições constituem as regras do jogo numa sociedade; mais formalmente, representam os limites estabelecidos pelo homem para disciplinar as interações humanas.”

Na esteira das idéias de North, o Banco Mundial publicou (veja em http://siteresources.worldbank.org/ , em 2006, um extenso e detalhado trabalho,intitulado “Onde está a Riqueza das Nações”, cujo objetivo foi medir a participação de três diferentes tipos de capitais — natural (recursos naturais), produtivo (bens de capital) e intangível (capital humano e qualidade das instituições formais e informais) — na produção de riqueza de 120 países.

Os resultados da pesquisa mostram que, quanto mais desenvolvidas (em termos de renda per capita) são as nações, menos elas dependem dos recursos naturais e mais utilizam os chamados capitais intangíveis na produção de suas riquezas. Neste aspecto, a comparação dos índices verificados entre os dez primeiros e os dez últimos do ranking analisado é bastante ilustrativa. Enquanto a participação dos capitais naturais no produto total de nove dos dez países mais ricos varia entre exíguos 0 e 3% (a exceção é a Noruega, com 12%), nos países mais pobres ela nunca é inferior a 25%. Por outro lado, os capitais intangíveis têm um peso médio superior a 80% nas economias avançadas, à medida que navegam por índices que vão de 40% a 60% na maioria dos dez países mais pobres.

Esses resultados comprovam, empiricamente, algo de que já se suspeitava há muito tempo: a inexistência de correlação entre desenvolvimento econômico e disponibilidade de recursos naturais. Do contrário, como explicar a prosperidade de nações como Japão, Cingapura, Suíça e Islândia, por exemplo, localizados em regiões geologicamente pobres e geograficamente inóspitas, em contraste com tantas outras onde o subdesenvolvimento persiste, apesar da relativa abundância de riquezas naturais? Com efeito, não surpreende que, de toda riqueza produzida no mundo, o estudo do Bird tenha estimado em apenas 5% a contribuição dos capitais naturais, contra 17% dos capitais produtivos e nada menos que 77% dos intangíveis.

Um excelente referencial da superioridade dos capitais intangíveis sobre os demais está no Oriente Médio. Dentre os Estados árabes daquela região, o mais próspero é exatamente aquele cujas reservas de petróleo são ínfimas. O Emirado de Dubai tem hoje uma economia vibrante, baseada num dinâmico entreposto aduaneiro, no turismo e nos serviços financeiros e de alta tecnologia, enquanto a maioria dos seus vizinhos, donos de reservas petrolíferas imensas, permanecem econômica e socialmente estagnados.

Infelizmente, na contramão da moderna teoria econômica, encontram-se também diversas nações dessa (cada vez mais) atrasada América Latina. Apesar de todas as evidências acima, alguns de seus líderes — apoiados por boa parte da opinião pública — mantêm uma fé inabalável na velha lengalenga nacionalista (temperada com doses cavalares de marxismo) e insistem no extemporâneo receituário da estatização de empresas e recursos naturais, como se aí estivesse a chave do progresso.

Esses verdadeiros guardiões do subdesenvolvimento desprezam o exemplo dos países ricos, especialmente no que concerne às instituições e ao ambiente de negócios. Expressões como Estado de direito, previsibilidade jurídica, respeito à propriedade privada, liberdade econômica, cumprimento de contratos, desburocratização, combate à corrupção, eficiência e parcimônia com o gasto público não têm qualquer significado para eles. Além disso, não aceitam o fato inexorável de que o grande protagonista do desenvolvimento é a iniciativa privada, não o governo.

Gerenciamento de custos é importante na ginástica

Uma rápida entrevista com o fundador da Curves e sua visão de custos e margem.

Gary Heavin, fundador da Curves, aposta na venda de auto-estima
Gazeta Mercantil

São Paulo, 4 de Setembro de 2007 - Depois de atingir um faturamento de US$ 1 milhão com uma academia tradicional e falir por conta dos altos custos, o empresário norte-americano Gary Heavin criou um modelo de academias de baixo custo focado no público feminino que queria melhorar a forma física mas não tinha tempo ou vontade de frequentar academias badaladas. Há 15 anos, fundou a Curves em formato de franquia, com um programa de 30 minutos de exercícios. Nos Estados Unidos, são 7,5 mil unidades - há uma Curves para cada par de McDonald's. A marca está no Brasil desde 2003, com expansão tão acelerada que estimulou Heavin à sua primeira visita ao País, aos 52 anos de idade.

Gazeta Mercantil - Quando a Curves atingiu o primeiro bilhão de dólares?

Gary Heavin - Em 2003. Somos uma empresa de serviços que propositadamente foi concebida como uma empresa de baixo custo, mas com alta margem de lucro. Foi a maneira que encontrei para crescer. Se um supermercado fatura US$ 1 milhão, gasta boa parte desse valor para pagar seus custos, seus produtos, que são muitos. O faturamento de cada clube pode ser pequeno se comparado a um supermercado, mas a margem de lucro é muito maior.

(...) Gazeta Mercantil - Esta é sua primeira visita ao Brasil. Como conseguir resultados positivos em mercados que sequer conhece?

Heavin - É curioso, mas nosso negócio cresce mais justamente em países com um alto grau de burocracia, como é o caso do Brasil e da África do Sul, onde estive na semana passada. O que vejo é que os brasileiros trabalham duro, mas também conseguem se dedicar à família. Isso não acontece no Japão. Se o Brasil tivesse o dinheiro dos Estados Unidos e os Estados Unidos tivessem a alegria do Brasil, isso seria perfeito.

Gazeta Mercantil - Quando e como você decidiu criar uma academia apenas para mulheres?

Heavin - Eu gosto de mulheres. Aos 20 anos, eu tinha clubes com estruturas tradicionais mas também eram apenas para mulheres. Minha mãe morreu muito cedo, tinha pressão alta, depressão, e nós não tínhamos dinheiro para tratamentos. Quando cheguei aos 40 anos e dava aula para 100 mulheres, comecei a ver em cada uma delas o rosto de minha mãe. Foi ali que decidi construir algo para melhorar a vida das mulheres, como se uma tragédia se transformasse em triunfo.

Gazeta Mercantil - Você tem planos para criar uma marca exclusiva para homens?

Heavin - Não! Acredito que homens e mulheres são muito diferentes. Como diz o livro, homens são de Marte, mulheres são de Vênus. E minha experiência é de Vênus.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Maria Luíza Filgueiras)

Ética e responsabilidade social

A discussão sobre ética e responsabilidade social é difícil pois esbarra no juízo de valor. A reportagem a seguir mostra um pouco disto:

Código de ética e responsabilidade social
Gazeta Mercantil - 04/09/2007

(...) As empresas brasileiras estão mais preocupadas em estabelecer códigos de ética para disciplinar suas relações com os stakeholders (as partes interessadas). É o que mostra a 1 Pesquisa sobre Código de Ética no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, que usou com base de dados as 500 maiores empresas em atuação no País, em 2006. Do universo pesquisado, 112 empresas afirmaram ter código de ética. Apesar de ser um resultado positivo, a pesquisa contém revelações sem dúvida inquietantes sobre a qualidade das práticas de responsabilidade social adotadas.

Das 500 empresas pesquisadas, 63,4% afirmaram adotar práticas de responsabilidade social. No entanto, apenas 22,4% disseram ter código de ética e 24,4% disseram ter balanço social. Adotar ações de responsabilidade social sem código de ética é uma inversão de valores. A distância entre as práticas (código de ética, responsabilidade social e balanço social), mostrada pela pesquisa, abre espaço para um questionamento sobre o que é verdade e o que é mero marketing entre as práticas alardeadas na mídia pelas empresas.

Uma visão unicamente "marketeira" nessa seara precisa ser revista ou vai acabar saindo caro. A imagem da empresa que não entrega o que promete ficará no mínimo chamuscada no mercado financeiro e no consumidor. Os investidores certamente vão pagar menos pelas suas ações. Num mercado tão competitivo quanto o atual - em que os produtos viraram commodities, aumentando o valor da marca - no mercado consumidor cuidar da imagem não é mera vaidade. (...)

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Lucia Rebouças)