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14 dezembro 2021

Alguém usa a DVA?


Do blog da Governança uma pergunta importante: Será que alguém olha a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)?

(...) Pois bem, alguns pesquisadores usam o DVA para analisar a questões tributárias. Outros usam as informações relacionadas com pessoal e encargos. É o meu caso, pois uso o item 7.08.01.01 (remuneração direta) para calcular a remuneração média dos empregados (uso também o número de empregados que está no Formulário de Referência), informação que irá compor um indicador muito utilizado lá fora, mas que é negligenciado por aqui: a relação entre a maior remuneração na empresa e a remuneração média dos empregados.

Acontece que, infelizmente, não se sabe se por preguiça ou pura negligência, algumas empresas não detalham a linha 7.08.01 (pessoal). Isso prejudica o meu cálculo, já que o valor que me interessa é a “remuneração direta” dos empregados (7.08.01.01).

Como sou bem educado sempre recorro ao DRI para tentar obter a informação de forma “amigável”.

Mas como quase sempre sou ignorado (quem mandou ser nano investidor? DRI gosta de falar é com o representante do fundo de pensão das professoras de Massachusetts ou do Alabama...), tenho que apelar para a CVM.

E assim foi feito: minha reclamação para o xerife contra nove empresas foi aceito e virou o processo nº 19957.009770/2021-80.

E, enquanto espero pacientemente a conclusão do processo, vou utilizando a informação que eu tenho (gasto total com Pessoal), arbitrando que a “remuneração direta” corresponde a 75% do total desses gastos, percentual este obtido com base em observações nos DVAs que foram preenchidos corretamente. (...)

Foto: Shakil

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Fotografias de casamento: prêmio anual mostra a criatividade



Rir é o melhor remédio

 

O que eu faço para viver? Mando e-mails...

13 dezembro 2021

Exxon mudou sua postura ambiental?

A empresa de petróleo Exxon, antes a maior inimiga do ambiente, parece estar mudando sua postura. Recentemente a empresa teve três diretores nomeados por investidores ativistas. Ainda não é maioria, mas talvez seja o suficiente para alterar a forma como a empresa interage com os ambientalistas. Agora, no final do ano, a empresa anunciou que estava pensando abandonar alguns projetos de petróleo e gás. 

Além disso, a empresa tinha planos de divulgar as emissões de xisto, medir suas emissões de metano resultante da produção de gás no Novo México, entre outras medidas. Em um ano, o preço das ações da empresa aumentou substancialmente. 

Readability melhora após a IFRS

O resultado da pesquisa de doutorado de João Antonio S de Souza e seu orientador, José Alonso Borba, foi publicado na Revista de Contabilidade e Finanças. Eis o resumo:

O objetivo deste artigo foi avaliar o efeito do resultado das empresas e da harmonização com as IFRS na readability do Relatório da Administração no mercado acionário brasileiro. Existe uma lacuna a ser preenchida, seja na elaboração e adaptação de medidas de readability ao contexto estudado, porque os estudos tendem a replicar as fórmulas originais, seja na identificação dos determinantes da readability nos relatórios de empresas brasileiras, pois as pesquisas nessa seara ainda são incipientes e os resultados, inconclusivos. Os resultados fornecem indícios para os investidores identificarem informações textuais complexas e podem auxiliar os formuladores de políticas públicas a instituir um manual de escrita simples, nos moldes do promovido pelo Plain English Handbook da SEC de 1998. As métricas modificadas e a desenvolvida superam as críticas sobre a utilização de fórmulas de readability nas pesquisas contábeis e podem ser utilizadas em substituição das métricas originais em pesquisas futuras. Foi utilizado um modelo econométrico apresentando os determinantes da readability. A readability foi calculada para a seção Análise dos Resultados do Relatório da Administração. O constructo resultado é entendido por três atributos: a persistência, o desempenho atual e o benchmark de referência. A harmonização com as IFRS é uma variável dummy, que delimita o período pré e pós-IFRS. As hipóteses foram testadas em uma amostra de empresas brasileiras constituída por 714 empresas-ano para o período de 2006 a 2019. Os resultados descritivos mostram que há uma aparente melhoria na readability dos relatórios na comparação do período pré e pós-IFRS. As evidências econométricas mostram que, no geral, as empresas com resultados persistentes e positivos apresentam relatórios menos complexos e têm chances de ter relatórios com alta readability, porque os gestores divulgam relatórios com melhor readability, para sinalizar ao mercado o resultado positivo.


Rir é o melhor remédio

 

saúde versus custo

10 dezembro 2021

Pagamos demais por informações?


As decisões geralmente exigem informações. Mas nem sempre temos estas informações e, surpresa, muitas vezes podemos tomar decisões mas ficamos esperando por mais informações, muitas delas dispendiosas. Sobre este ponto, poderíamos ter cinco possíveis explicações.

A primeira é que subestimamos os custos da pesquisa da informação. As pessoas acreditam que é fácil e barato obter esta informação e por este motivo correm atrás de mais dados, com a ilusão de ter uma resposta definitiva para a questão


A segunda explicação é que o ser humano é otimista sobre as chances de que as informações obtidas no futuro sejam corretas. Outra forma de entender o problema está relacionado com a aversão ao risco e isto se manifesta no receio de tomar uma decisão antes do momento correto. A consequência da aversão é a procrastinação da decisão. Um quarto fator explicativo é a curiosidade; talvez o ser humano esteja curioso com novas informações. Finalmente, uma quinta explicação é que as informações atuais podem ter erros e coletar mais informações pode fazer parte da solução.


As pesquisas parecem mostrar que as pessoas acreditam que sua decisão será mais sólida com mais informações, mesmo em situações onde este ganho é marginal. 

Expansão da democracia

 Em 1921 o regime político mundial não era tão democrático assim:


No mapa, os países democráticos estão em azul. Em vermelho, as ditaduras. Cem anos depois, o mundo tem novas cores:

Isto inclui a África, nos dias atuais com um grande número de regimes autocráticos com eleição. 


Rir é o melhor remédio

 


Tentando ser produtivo

09 dezembro 2021

Arte Roubada

 O filme A Dama Dourada conta a história de uma descendente de judeus que entra na justiça para recuperar um quadro de Klimt que foi roubado de sua família durante a invasão dos nazistas na Áustria. O quadro tinha sido pintado retratando uma pessoa da família Bloch-Bauer e era uma atração no museu austríaco. É um filme que mistura batalha judicial com reconstituição histórica de um grande saque artístico realizado pelos nazistas.

O fato narrado no filme não é único. Durante séculos, os países conquistadores levavam as obras de arte dos países dominados. Isto inclui obras que são atrações nos principais museus, obras que são destaques para os visitantes. Entre estas obras podemos citar a Vênus de Milo, uma atração do Louvre, que foi retirada da ilha grega de Milos ou a pedra Roseta, que permitiu decifrar os hieroglifos egipcios, do Museu Britânico.


Neste sentido, há um meme que consegue expressar bem o significado deste saque:


Parece exagero, mas alguns dos dados apresentados no texto Geopolítica da arte mostram o tamanho do saque:


No Museu Britânico são 73 mil objetos da África Subsaariana, muitos deles saqueados

A França possui 90 mil objetos, sendo a grande parte roubada

O Museu Holandês de Culturas Mundiais estima que 40% do acervo de 450 mil itens foram obtidos de forma ilegítima

Os objetos contemplam parte da cultura e história de países como o Iraque (exemplo: placas cuneiformes de Gilgamesh, roubada pelos Estados Unidos em 1990), Nigéria (3 mil objetos retirados do antigo Reino de Benin por diversos países europeus), Grécia (mármore do Partenon) e até Brasil. No nosso caso, os seis únicos exemplares de mantos tupinambás estão espalhados pela Europa, desde a invasão holandesa no século XVII.


Se no filme A Dama Dourada foi necessário todo um processo para provar que a pintura foi saqueada, nós podemos imaginar o trabalho que será necessário para que este processo ocorra com estas milhares de obras. Alguns países estão adotando uma postura de reconhecer o saque e devolver algumas das obras: os Estados Unidos resolveram devolver as placas cuneiformes de Gilgamesh; a Alemanha está devolvendo alguns dos bronzes de Benin; e até a Bélgica, responsável por um dos piores massacres colonialista no Congo, também deve iniciar o processo. A Holanda foi um pouco além, facilitando o processo, até mesmo quando não existia um registro completo da procedência.


Além da questão legal existem outros problemas. O primeiro é que muitos dos itens provavelmente não estão catalogados e provavelmente nem as instituições sabem o que estão guardando.


O segundo é que alguns dos itens roubados são hoje uma atração para os museus que detêm sua posse. Veja o exemplo do Museu Britânico. Esta instituição destacou dez itens da sua coleção em um catálogo, sendo que metade possui origem duvidosa. Há resistências em desfazer dos itens roubados, pois é uma preciosa fonte de receita para os museus.


Um terceiro fato é que muitos objetos foram saqueados de civilizações que já não existem. Em alguns casos, o território onde o objeto foi retirado não está claramente mapeado, podendo ser objeto de questionamento por mais de um país. Isso sem falar nas situações onde o objeto foi retirado de uma área que atualmente está sendo disputada entre dois ou mais países. A questão aqui é para quem devolver e isto pode ser um problema sério. Mesmo em alguns casos aparentemente simples, como a Vênus de Milo, a devolução deveria ser para o governo grego ou para cidade de Milo? Lembro também alguns objetos que viajaram ao longo da história e que poderia talvez não ter somente uma procedência: uma espada da cruzada, fabricada na França e encontrada no Oriente teria de qual país?


Finalmente, a preservação e o transporte dos itens, após a superação dos obstáculos anteriores, também pode ser um problema. Alguns países não possuem um museu capaz de receber seus tesouros ou quando possuem a conservação é precária.


Sobre a questão, em 2020 postamos o seguinte:


Um dos grandes desafios da contabilidade é a mensuração de ativos culturais. O caso do Museu Britânico é muito mais desafiador. Afinal, um objeto roubado pode ser considerado um ativo? Veja que os reguladores não apresentam uma resposta satisfatória para este caso. Na lógica da apropriação do fluxo de caixa, a resposta seria sim. Os artefatos seriam um ativo do Museu Britânico. Mas é válido considerar desta forma? A ética do contador não deveria tratar disto de maneira melhor?


Revendo agora creio que o assunto envolve realmente muitas questões. A primeira delas, é claro, se um item roubado pode ser considerado um ativo. A contabilidade sempre esteve dividida entre o aspecto jurídico e o aspecto econômico. A frase “essência sob a forma” não deixa de ser uma escolha; nesta frase há uma clara escolha para o aspecto econômico. Entretanto, a contabilidade nasceu, cresceu e solidificou nas regras do capitalismo e uma das suas regras é o respeito ao direito de propriedade. Este é um ponto sensível para o capitalismo, já que o sistema jurídico garante alguns direitos e deveres das partes que permite o funcionamento da economia. Esquecer estas regras pode ser complicado. Certamente uma delas, este direto à propriedade, é importante na discussão sobre um ativo roubado. Não é possível afirmar que um objeto saqueado se enquadre dentro do direito à propriedade. Isto significa, sem dúvida nenhuma, que temos aqui uma discussão também jurídica e mais profunda que esta postagem. E este aspecto está inserido dentro do controle, um dos itens cruciais da definição de ativo. É possível afirmar que um item roubado deve ser ativo? Provavelmente não.


A atual definição de ativo do Iasb reforça esta posição no que se refere a associação de ativo com recurso econômico e deste com o termo “direito”. Assim, pelas regras e fundamentos da contabilidade, um item roubado não pode ser considerado um ativo. Mas em termos práticos isso se sustenta? Provavelmente um contador deve ter uma grande quantidade de argumentos para defender o reconhecimento do ativo e em muitos casos o responsável pela contabilidade não possui condições de verificar a procedência do item. E nos casos onde a entidade adquiriu o item de um terceiro, o problema pode ser mais complicado ainda.


Mas esta questão talvez seja mais fácil de ser considerada dentro de uma empresa do que de um museu. Uma empresa de posse de um ativo roubado deve ter problemas com seus clientes, seus fornecedores e talvez com o governo se reconhecer isto na contabilidade. O mecanismo de controles e governança talvez seja maior nas grandes empresas do que nas entidades do terceiro setor. Em especial nos museus, onde um objeto roubado pode ser muito importante para sua coleção. Uma atitude prática, para não dizer cínica, é não reconhecer tal bem como “ativo”, muito embora esteja ajudando o museu a gerar riqueza. Seria a abordagem possível, sustentado pela desculpa de dificuldade de mensuração do valor do ativo?

Ativos com procedência duvidosa

Algumas entidades podem lidar com a presença de ativos que possuem uma procedência duvidosa. Um exemplo de tal situação é quando a entidade possui um item que foi originário de um ato ilícito, como um roubo ou furto, ou então um ativo falsificado. Mais complexa ainda é a situação de uma obra de arte, que faz parte do acervo da entidade, oriunda de um espólio de guerra ou de uma invasão colonialista.

Estas diferentes situações mostram a importância de levar em consideração, no processo de reconhecimento de um ativo por parte de uma entidade, do aspecto jurídico. A mera posse de um recurso econômico talvez não seja um critério suficiente para que o mesmo seja considerado um ativo. Da mesma forma, o controle da riqueza gerada pelo ativo também pode não ser um bom critério. Afinal, uma obra de arte que faz parte de um acervo de um museu, oriunda de um saque colonialista, pode ser considerada um ativo deste museu? O museu detém sua posse, controla a riqueza gerada com os fluxos de caixa oriundos do ingresso de visitação, mas sabendo de sua origem não parece razoável a contabilidade reconhecer como ativo.


O dilema apresentado é algo real e presente em muitas instituições de países que aproveitaram guerras e conquistas para retirar, de uma cultura, seus itens valiosos. Nos anos recentes tem crescido a pressão para que estes itens sejam devolvidos aos povos que produziram o objeto. O sistema jurídico internacional tem reconhecido esta situação, desde que fique comprovada a origem duvidosa da obra de arte.

É também importante lembrar que a contabilidade sempre esteve muito próxima do direito à propriedade. Este direito garante regras mais duradoras e reconhece que um ativo, pertencente a uma pessoa ou cultura, não pode ser tomado à força. Existe todo um aparato jurídico no sentido de tentar garantir este direito nas sociedades capitalistas

DRE em formato gráfico

 Eis um belo exemplo de como é possível fazer uma DRE de maneira gráfica:

Mas nada de gráfico de pizza...


Rir é o melhor remédio

 

Quem nunca tentou "enganar a balança"? 

08 dezembro 2021

Fraudes Contábeis e Repercussão Tributária


Alexandre Alcântara disponibiliza um e-book, na continuidade do seu trabalho sobre Fraudes Contábeis e tributação. Do seu blog:

Lançamos ontem o e-book “Decisões Administrativas e Judiciais sobre Fraudes Contábeis com Repercussão Tributária: Foco especial no ICMS“, uma coletânea com mais de sessenta ementas, apresentando uma amostra do entendimento dos órgãos julgadores no âmbito administrativo tributário e judicial no que se refere às infrações à legislação tributária, apuradas através da presunção legal de omissão de saídas de mercadorias, cujos indícios foram identificados através da auditoria da escrituração contábil do contribuinte.

O uso da contabilidade como instrumento de auditoria contábil tributária vem se consolidando ao longo dos anos, sendo esta coletânea uma clara constatação deste fato. Neste sentido a 8ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes (RFB) deixa evidente a importância da contabilidade para efeito de identificação da prática de ilícitos tributários, na medida em que ressalta que a contabilidade se revela em três dimensões, e dentre elas, a fiscal, a qual faz “prova a favor do sujeito passivo. Caso contrário, faz prova contra” (texto desta ementa no e-book).

As decisões foram classificadas por tipo de fraude contábil praticada, segregando-as entre decisões dos tribunais administrativas das várias Secretarias de Fazenda Estaduais e Receita Federal do Brasil e decisões no âmbito judicial.

As fraudes a que se referem o e-book encontram ampla previsão legal de presunção no ordenamento legal tributário pátrio, conforme abordamos detalhadamente em nosso livro “Fraudes Contábeis: repercussões tributárias – enfoque no ICMS” (Curitiba: Juruá, 2018), no qual apresentamos adicionalmente os aspectos teóricos e práticos sobre como as fraudes contábeis são praticadas, sinalizando inclusive alguns casos de como as mesmas podem ser identificadas durante os trabalhos de auditoria fisco-contábil.

Esperamos que através desta coletânea fique demonstrado a importância do uso da contabilidade como meio de apuração ilícito tributário, notadamente aqueles relacionados ao ICMS.

Empresas chinesas e o mercado dos EUA



E a questão das empresas chinesas com ações nas bolsas dos EUA continua:

As autoridades reguladoras do mercado dos Estados Unidos (SEC) anunciaram nesta quinta-feira (2) que adotaram uma emenda aos seus regulamentos que lhes permite retirar do pregão as empresas que não auditam suas contas com auditores autorizados, algo que acontece com todas as empresas chinesas em Wall Street.

Essas alterações decorrem de uma lei votada em dezembro de 2020 no Congresso, a HFCAA, que exige que uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos certifique suas contas por uma firma autorizada pela organização de contabilidade independente PCAOB.

Seja um dos primeiros a testar a Mynt e tenha acesso direto ao mercado cripto, de forma simples e segura. As empresas com ações na bolsa ou que emitem dívidas nos Estados Unidos têm até o final de 2022 para respeitar as novas normas, disse a SEC em um comunicado.

O mandato exige, entre outras coisas, que as empresas divulguem se são "de propriedade ou controladas" por um governo, acrescentou o órgão.

As empresas chinesas e de Hong Kong são notórias por não apresentarem suas demonstrações financeiras a auditores autorizados.

Este novo texto representa, portanto, uma ameaça à negociação dessas empresas na bolsa e foi divulgado no momento em que as autoridades chinesas impuseram novas exigências nos últimos meses para que as empresas sediadas na China fossem listadas nos Estados Unidos.

Segundo a agência especializada Bloomberg, as autoridades chinesas pediram ao "Uber chinês", Didi, que saísse de Wall Street.

Nesta quinta-feira, as ações do Alibaba atingiram seu nível mais baixo em quatro anos, com os rumores de que o gigante do comércio eletrônico chinês não seria mais listado na bolsa americana.

Links

 


Médicos podem mais problemas de saúde mental (via aqui)

Cinco piores propagandas pandêmicas (inclui Coca-Cola e Axe)

e uma campanha com conselhos de como criar crianças valentes e carinhosas na cultura latina

As mulheres mais poderosas do mundo

Apple assinou um acordo secreto com o governo chinês em 2016 com promessas de investimento - realmente a China tem um forte poder de convencimento contra as empresas multinacionais

Emojis mais usados (imagem)

Rir é o melhor remédio

 

Uma relação em outro nível. 

06 dezembro 2021

Rir é o melhor remédio

 

Demitido injustamente

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Esta banda toca muito mal o Jingle-Bell (e "nenhum professor foi demitido") - via aqui

Os pesquisadores descobriram que as datas de "expiração" - que raramente correspondem a alimentos que realmente expiram ou estragam - são principalmente bem-intencionadas, mas aleatórias e confusas. Gostei da frase: “Na ausência de informações culinárias, as pessoas assumem que qualquer informação que tenha sido fornecida deve ser a informação mais importante."

“Se eu não fosse otimista, não acho que teria fundado uma empresa de carros elétricos ou de foguetes”  Os maiores erros de Musk nos últimos cinco anos

Como garantir que a guerra climática não se torne uma guerra de classes - A repressão da União Européia aos combustíveis fósseis pode trazer problemas no futuro: Mesmo que um futuro de emissão zero prometa novas oportunidades em setores como carros elétricos ou construção com eficiência energética, ele destrói trabalhos intensivos em carbono ao longo do caminho. A avaliação de impacto da UE estima uma perda total de 494.000 empregos até 2030 em conjunto; isso pode não parecer muito, mas, como eles se concentrariam em setores como o carvão, são regiões inteiras que enfrentam o problema. O impacto da transição elétrica já atingiu visivelmente o setor automotivo, responsável por quase 3 milhões de empregos na Europa.

Congresso brasileiro deixa de fiscalizar Orçamento e não julga contas presidenciais há 20 anos  - Então para que serve o Congresso?



05 dezembro 2021

Disputa do título mundial de xadrez

Começou no final de novembro a disputa do título mundial de xadrez. De um lado, o atual campeão, o norueguês Magnus Carlsen. O desafiante, que disputou em venceu um torneio na metade do ano, é o russo Ian Nepomniachtchi. Ambos possuem 31 anos de idade e são excelentes jogadores. São grandes mestres, ou seja, estão na pequena elite dos melhores jogadores do mundo. Mesmo com a qualidade de ambos, o torneio, jogado em Dubai e com direito a um prêmio total de 2 milhões de euros, tinha um grande favorito.

Carlsen talvez seja o maior de todos os tempos. No xadrez existe uma medida que informa a qualidade atual de cada jogador, que é a pontuação no rating. Se um jogador ganha uma partida de um adversário mais forte, irá melhorar seu rating. Se perde de um adversário com rating pior, também irá perder pontos no rating. Com este sistema, podemos indicar a força de cada jogador de xadrez antes de uma partida. O rating atual de Carlsen é de 2855. Isto é quase 3 pontos abaixo do maior rating obtido por Kasparov, outro russo, que é uma referência no xadrez. A questão é que o rating atual de Carlsen não é a sua maior marca. O norueguês já chegou a 2889 de rating, uma marca absurdamente elevada e 30 pontos acima do melhor desempenho de Kasparov.


Além disto, Carlsen também é muito bom no xadrez com menor tempo para as jogadas. Na verdade ele é o melhor do mundo também quando é necessário pensar mais rápido. Isto é uma vantagem, quando o jogador estiver com problema de tempo na partida ou no critério de desempate da disputa do título, que será através de partidas rápidas.


Eu disse que Nepo, como Nepomniachtchi é chamado, também é um bom jogador. Seu rating atual é de 2.782, um número muito bom, mas um pouco mais de 70 pontos abaixo do rating de Carlsen. E o seu ponto máximo foi de 2.797, em abril deste ano. Diante desta diferença, era razoável supor que o norueguês confirmasse sua posição de campeão mundial. No entanto, antes do torneio começar, havia uma impressão de que Nepo está focado na sua preparação, enquanto Carlsen estava disputando torneios rápidos, participando de programas na televisão norueguesa e fazendo uma preparação ruim.


O começo das 14 partidas mostrou que Nepo realmente estava bem preparado. Nas cinco primeiras partidas, os jogos foram marcados por uma elevada precisão de ambos os jogadores. Uma análise histórica realizada pelo site 559, de Nate Silver, mostrava que este era a disputa de maior precisão da história. Como isto é mensurado? Para cada jogada ,de cada partida, de cada disputa do título era calculado a melhor jogada - em alguns casos “as melhores jogadas” - e comparado com a jogada realizada. Isto diz muito sobre o nível do xadrez que estamos vendo em Dubai.


Até chegar a sexta partida da disputa, que entrou para a história, por ser a partida mais longa da história das disputas de títulos em termos de movimento. Foram 136 movimentos de cada jogador, superando uma partida de Karpov e Korchnoi, nos anos setenta. Em termos de tempo foram 7 horas e 45 minutos, o que é muito. Imagine duas pessoas passarem quase oito horas, jogando um xadrez de elevado nível, praticamente sem cometer erros.


A partida começa a tomar um rumo decisivo no 79o. lance. Carlsen estava com as peças brancas e tinha duas torres, três peões e um cavalo. Nepo, de pretas, tinha a dama, um bispo e dois peões. A figura a seguir mostra a posição do tabuleiro. Veja que no lado direito tem um ponteiro que mostra a vantagem da posição. O ponteiro está próximo do nível zero, indicando que o jogo esta equilibrado.



Nos livros de xadrez há uma correspondência entre cada peça e seu valor. A maioria dos livros diz que peão teria um valor de 1 ponto, cavalo um valor de 3 pontos, bispo 3 pontos ou um pouco mais, torre corresponde a 5 pontos e a dama é igual a 10. Ou seja, neste momento, o lado branco teria 16 pontos (3 peões, 1 cavalo e duas torres) e as pretas teria 15 pontos (2 peões, um bispo e uma dama). Como o bispo é um pouco melhor que o cavalo e a dama tem uma grande mobilidade, a posição é equilibrada. Neste momento, havia uma probabilidade de 62% de empata na partida, segundo os cálculos do computador.


Uma das características de Carlsen é sua persistência. Ele busca pequenas vantagens e joga para provocar o erro do adversário. Em muitas situações, o norueguês conseguiu vitórias em situação de claro empate, explorando estas pequenas vantagens ou insistindo até o erro do adversário. Este seria o caso. A partida tinha iniciado as nove horas, horário de Brasília, e já estava no início da tarde. Neste ponto, os jogadores precisam fazer lances mais rápidos. Carlsen decide trocar peças e avançar seus peões, que estão no centro do tabuleiro. Neste momento, ele decide trocar uma das torres por um peão e um bispo. Ou seja, troca 5 pontos por 4 pontos. Não parece ser uma boa escolha.


No 110o. lance, ou seja, 30 lances depois da troca que Carlsen realizou, o campeão conseguiu avançar um dos peões. A figura a seguir mostra a posição do tabuleiro:



Veja que o ponteiro da vantagem, no canto esquerdo, manteve a mesma posição. Ou seja, a partida, no momento, estava empatada, com chance de 29% de Carlsen vencer. Nepo decide trocar seu peão, ficando somente com a dama contra torre, cavalo e dois peões. Em termos de contagem, 10 pontos para cada. Entretanto, a mobilidade enorme da dama pode ser compensada pelo fato de Carlsen ter dois peões no tabuleiro. Caso um deste peões chegue na última fileira, poderá ser convertido em uma dama.


Assim, o russo tentava evitar o avanço dos peões e usando o poder da dama, repetir por três uma posição, alcançando um empate. Ou quem sabe um erro do campeão. A estratégia de Carlsen é defender suas peças, enquanto tenta avançar seus peões. Eis a posição após o lance 132 das pretas:



Carlsen já conseguiu avançar um pouco seus peões. Nepo está agora ameaçando tomar a torre branca e Carlsen precisa defendê-la. Ele pode trazer o rei para perto da torre e tudo se resolve. Observe que a barra na lateral esquerda agora é quase toda branca. Há uma vantagem de 3 pontos (que corresponde a 3 peões) para o lado branco. E o computador já indica que as brancas possuem 100% de chance de vencer.


Mas em lugar de defender sua torre, Carlsen avança o peão. Depois de quase oito horas de jogo, ele consegui ver uma linda jogada. No xadrez quando temos uma jogada bonita geralmente usamos o ponto de exclamação. Seria este o caso. Qual razão? Ele deixou a torre para dama tomar. Ou seja, o avanço do peão significa a perda da torre. Mas se Nepo fizer isto, o cavalo move, dando cheque e após o movimento do rei, cavalo toma a rainha de Nepo. Esta jogada é conhecida como garfo, onde uma peça ataca duas ao mesmo tempo.


Depois disto, Nepo abandona no lance 136. Esta partida foi disputada na sexta. No sábado, uma rápida partida que terminou em empate. No domingo, nova vitória de Carlsen, agora aproveitando um erro de Nepo. A disputa está 5 a 3 e se antes estava difícil para Nepo, agora parece impossível.


Ah, um ponto muito relevante. No xadrez moderno, quando você quer reconhecer que perdeu a partida, você não derruba o rei. Isto é coisa de cinema (e do xadrez antigo). Para falar para seu adversário que você abandou a partida, basta parar o relógio. 



Para assistir o torneio, há diversos sites com transmissão e comentário. O Chess24 possui em diversas línguas. Em inglês tem a Judit Polgar, fantástica, e Giri comentando. Há também lá em língua portuguesa. Mas de preferência opte pela transmissão em espanhol.