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07 janeiro 2013

Seis décadas de pesquisa


Os pesquisadores mais antigos sabem que muita coisa mudou nos últimos anos. Fatores como o acesso fácil a base de dados, a troca de e-mails entre pesquisadores, os incentivos (e punições) para publicação, entre outras variáveis tem afetado a forma como fazemos e publicamos artigos.

Entretanto, estas mudanças são perceptíveis quando analisamos uma longa série histórica de artigos. Comparar uma coletânea de artigos escritos em 1973 com outra realizada em 2003 pode revelar a mudança no perfil dos pesquisadores e do conteúdo dos textos.

Daniel Hamermesh , um economista dos EUA analisou os três mais relevantes periódicos da sua área (American Economic Review, Journal of Political Economy e Quarterly Journal of Economics) durante anos. Para isto ele escolheu um ano de cada década (todos terminados em 3, exceto 2011) e fez uma análise de 748 artigos. Ele analisou o número de autores, o gênero, a idade e a metodologia. Com respeito ao número de autores, os achados estão dentro do esperado: aumentou o número de textos produzidos em parcerias. Isto já tinha sido descoberto em pesquisas anteriores e foi comprovado por Hamermesh: em 1963 foram publicados 86 artigos, com 100 autores, o que corresponde a 1,16 autor por artigo; em 2011 eram 147 textos e 322 pesquisadores, uma média de  2,19 por artigo.

O gênero mostra que ocorreu uma evolução: 4,7% eram mulheres em 1963; este percentual foi de 12,6%. Apesar do aumento, a participação feminina ainda é reduzida na área de economia.

O que Hamermesh descobriu sobre a idade é que hoje os artigos estão sendo publicados por autores mais velhos, ao contrário do que ocorria em 1963. Ele tenta listar uma série de possíveis razões, como, por exemplo, o tempo médio para concluir uma pesquisa.

Mas o mais interessante foi o tipo de pesquisa. Em 1963 metade do número dos textos publicados era classificada como teórico; em 2011 somente 19% poderiam ser classificadas como tal. Neste período, aumentou substancialmente as pesquisas experimentais (de zero para 8,2%) e com dados próprios (de 8,7% para 34%).

Apesar de a pesquisa ter sido feita na área de economia, creio que os resultados podem ser considerados como uma tendência para a contabilidade.

Leia mais em

Imóvel

A notícia a seguir é um excelente estudo de caso:

A AES Eletropaulo firmou compromisso para venda de um imóvel situado no Cambuci, na cidade de São Paulo, para a GTIS Cambuci Empreendimentos e Participações, por R$ 160 milhões.

A alienação contratada está sujeita à aprovação prévia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O acordo prevê o pagamento de R$ 20 milhões nesta data, R$ 8 milhões no ato da outorga da escritura definitiva de venda e compra do imóvel, e R$ 132 milhões em 48 parcelas mensais de R$ 2,75 milhões.

As parcelas serão atualizadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e podem ser ajustadas em razão do processo de regularização do imóvel perante o Registro de Imóveis.

"O pagamento integral do preço está, ainda, sujeito, ao cumprimento, pela Eletropaulo, das obrigações assumidas no compromisso", aponta a empresa, em comunicado enviado a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O lucro estimado pela companhia com a venda do referido imóvel será de até R$ 62 milhões, a ser apurado até 2016.


O valor de 160 corresponde a soma de 20 + 8 + 132. Como o valor total a ser pago depende da atualização e ajuste da regularização do imóvel, o registro está sujeito a incerteza da avaliação.

Algumas questões derivadas do texto: Como seria o registro hoje? (Observe que 20 milhões irão entrar no caixa na data do texto) Qual a razão do texto afirmar que o lucro será apurado até 2016? S

Balanço de 1945

Em 1945, já no fim da segunda guerra mundial, o Banco Hypothecario e Agricola do Estado de Minas Geraes SA, apresentou o seguinte balancete de 31 de janeiro de 1945 no jornal Estado de São Paulo de 17 de fevereiro de 1945 (em 17 dias o contador conseguiu fechar o balancete, sem ajuda do "computador"):

O ativo está em Cruzeiros, moeda da época. Observe que o balancete segue a ordem inversa de liquidez: imóveis e propriedades é a quinta conta na ordem e caixa a penúltima. É possível notar também que não existe subdivisão do ativo.
O passivo (o nome é somente passivo) começa com o capital, obrigações em circulação, reservas e lucros suspensos. A ordem também é inversa a que temos hoje.
O responsável pela contabilidade é Hydeu R. Dos Santos Figueiredo, que assina como "contador". Atente para o número de registro 22.001; isto talvez seja um indício da existência de um grande número de profissionais da área.

Ameaça à responsabilidade fiscal


Ao incluí-la no projeto de lei complementar que altera o indexador da dívida dos Estados e dos municípios com a União, o governo do PT tentou encobrir a proposta de uma modificação na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que, se aprovada, extingue grande parte de sua eficácia. Inserida num projeto que resultou de longas negociações com os governadores e, por isso, deve obter o apoio da maioria do Congresso, a proposta configura uma esperta manobra político-legislativa.
Mais do que polêmica, a alteração pretendida pelo Executivo coloca em risco os avanços registrados na administração financeira dos três níveis de governo desde 2000, quando a lei entrou em vigor, e abre espaço para o retorno das farras com o dinheiro do contribuinte que marcaram muitas gestões públicas até o fim do século passado. Por isso, a mudança não tem nem pode ter o apoio dos contribuintes conscientes e tampouco dos congressistas preocupados com a gestão pública responsável - infelizmente uma minoria.
O governo do PT, que vem concedendo benefícios fiscais a setores escolhidos da economia sob a justificativa ainda não comprovada de estimular a atividade econômica, quer fazer ainda mais bondades com o dinheiro do contribuinte - e sem se submeter aos rigores da LRF.
Para atingir seu objetivo, o governo quer mudar o artigo 14 da LRF, que estabelece com clareza os limites para a concessão ou ampliação de benefício ou isenção tributária. Qualquer benefício que resulte em renúncia de receita deve estar acompanhado da estimativa do impacto orçamentário no ano em que ele vigorar e também nos dois anos seguintes. Além disso, a validade do benefício está condicionada à demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita na lei orçamentária e não afetará as metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ou, então, à demonstração de que a perda de receita será compensada pelo aumento da receita proveniente da elevação da alíquota ou ampliação da base de cálculo de outro tributo, ou até pela criação de novos tributos.
O governo Dilma quer substituir essas exigências - que têm evitado exageros de governantes, entre os quais os atuais ocupantes do Palácio do Planalto, ávidos por oferecer vantagens para determinados tipos de contribuintes - por outra muito mais simples de ser cumprida, porque pode ser estabelecida artificialmente.
Aprovada a mudança, o governo poderá abrir mão de receitas tributárias para beneficiar algum setor da economia sempre que comprovar "a existência de excesso de arrecadação tributária, conforme estimativa constante de decreto de programação financeira". Ou seja, basta um decreto, que não passa pelo exame do Congresso e cujas bases técnicas não precisam ser explicitadas.
Está mais do que comprovado que, se a responsabilidade fiscal não estivesse em vigor, o Brasil teria tido muito mais dificuldades para enfrentar as turbulências provocadas pela crise internacional. No momento em que o País acaba de assistir à posse dos prefeitos eleitos no ano passado, é oportuno lembrar que, embora persistam problemas, a transição administrativa nos municípios não é mais marcada, como foi no passado recente, por decisões de fim de mandato tomadas irresponsavelmente por gestores que, ao transmitir o cargo para um adversário político, procuravam transmitir-lhe também imensos encargos financeiros.
No caso do governo Dilma, a tentativa de mudança da LRF é mais um artifício de sua política fiscal cada vez mais nebulosa. Nos últimos dias úteis de 2012, diversos decretos passaram a fazer parte dessa política, destinada basicamente a apresentar resultados contábeis menos ruins do que os reais. Esses decretos permitiram, por exemplo, o pagamento de mais dividendos para o Tesouro pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e facilitaram o resgate de recursos do Fundo Soberano do Brasil. São apenas manobras triangulares, de transferência de recursos entre as instituições financeiras do governo e o Tesouro, que nada têm a ver com o controle de gastos. Para um governo que vai se acostumando a usar essa contabilidade criativa, mudar a LRF parece pouca coisa.
Fonte: aqui

Pouca Transparência



As dificuldades eram conhecidas. Ainda assim, a implementação da Lei de Acesso à Informação no país ficou abaixo do esperado após sete meses de vigência dessa ambiciosa legislação sobre a transparência do Estado brasileiro.

A maioria dos prognósticos era pessimista quanto à capacidade do poder público de colocar as novas regras em prática dentro do prazo fixado pela lei. De fato, os seis meses entre a sanção presidencial e a entrada em vigor da norma foram um período muito curto para adaptação. No Reino Unido, por exemplo, houve cinco anos de preparo.

Desse ponto de vista, poderiam resultar precipitados balanços sobre a Lei de Acesso no Brasil. Não passou tempo suficiente para que os entes públicos conseguissem aprontar a estrutura necessária para aplicar a legislação, que garante acesso de qualquer pessoa à maior parte dos documentos públicos.

Não são meramente operacionais, contudo, os obstáculos que atrapalham o avanço da transparência. Em muitos casos, os entraves surgem num plano mais básico -e, justamente por isso, aumentam a decepção de quem depositou alta expectativa na lei.
Segundo levantamento do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas -entidade que agrega diversas ONGs-, nada menos que 15 Estados se abstiveram de regulamentar a norma federal.

São unidades da Federação que não quiseram ou se mostraram incapazes de criar regras próprias para detalhar, por exemplo, como serão processados os pedidos de informação na esfera estadual. Sem tais especificações, não há como tirar a legislação do papel.
Se essa é a realidade nos Executivos dos Estados, não há razão para supor que nos municípios seja melhor. O mesmo descaso pode ser verificado nos Poderes Judiciário e Legislativo das três esferas.

A esse respeito, basta lembrar que o Supremo Tribunal Federal tampouco regulamentou a Lei de Acesso e que o Congresso Nacional criou mecanismos para inibir consultas feitas pelo público.

Talvez ainda mais frustrante seja a situação do Ministério Público. O pesquisador Fabiano Angélico, da FGV, e o Movimento do Ministério Público Democrático enviaram questões para as 30 unidades do órgão: 13 ignoraram as perguntas e 17 disseram que ainda não estão preparadas para aplicar a Lei de Acesso integralmente.

Algo está muito errado quando o órgão responsável por defender a ordem jurídica e fiscalizar o cumprimento da lei se alinha com quem descumpre a norma.
Nesse quadro, o fato de a Lei de Acesso ser pouco conhecida da maior parte dos brasileiros até parece problema menor. Mas o Executivo federal, de longe o que mais se preparou para promover a transparência, ajudaria o país se investisse na publicidade da norma.

A pressão da opinião pública é o melhor caminho para assegurar a aplicação dessa ferramenta moderna de controle democrático.

06 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

BVA

Ex-diretores do banco BVA podem ter tentado obter vantagem sobre a Legião da Boa Vontade (LBV) quando o banco entrou em regime de intervenção. Com o possível objetivo de garantir algum recurso depois de ficarem com os bens indisponíveis, empresas controladas por José Augusto Ferreira dos Santos — ex-presidente da instituição financeira —, e por José Roldão de Almeida Souza — ex-administrador —, fizeram cobranças irregulares à LBV. Além deles, a entidade também recebeu faturas do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) Itália, criado pelo BVA, e do Citibank Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.

A questão foi parar no Tribunal de Justiça de São Paulo e será analisada pelo interventor do banco, Eduardo Félix Bianchini. Em alguns dias ele deve enviar uma resposta à Justiça. No processo consta que a LBV firmou uma cédula de crédito bancário com o BVA de R$ 10 milhões, uma operação equivalente a fazer um empréstimo. Essa cédula seria transferida para o Fundo Itália, porém, pela descrição no processo aberto pela entidade, os gestores, custodiantes e administradores do Itália tentaram receber os valores. “Na hora que a gente foi pagar a dívida, apareceram vários credores. Eu não sei a quem devo pagar”, explicou o advogado da LBV Márcio Pollet. “Abrimos o processo para nos proteger”, disse.

Com o surgimento dos credores, a entidade decidiu abrir um processo citando todos os envolvidos para que a Justiça determine a quem deve ser paga a dívida. Enquanto não sai uma decisão, a LBV pediu permissão para fazer os pagamentos de maneira consignada, em uma conta da Justiça. Solicitou ainda que sejam suspensos os juros pelo atraso, já que não há credor certo e o dinheiro está guardado em uma conta judicial. Outras empresas e entidades fizeram pedido semelhante, de pagar os empréstimos em consignação, porém o processo da LBV está mais adiantado. No total, o BVA é citado em pouco mais de 240 processos no TJSP, nem todos referentes a intervenção e a operações de crédito. Com esses conflitos judiciais, a inadimplência da carteira de créditos a receber do fundo Itália chegou a 8%, pouco mais de R$ 34 milhões.

Segundo a assessoria de imprensa dos ex-administradores do BVA, não houve irregularidade. “A operação citada foi feita seguindo todos os parâmetros das leis e regras que regulam o setor. Foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do setor, e cumpre todas as normas estabelecidas pela autarquia”, informou em nota. O Banco Central, procurado pela reportagem, disse que não comentaria o caso. O BVA afirmou que depois da intervenção não possui mais assessoria de imprensa ou porta-voz.


Suspeita de golpe contra a LBV - 4 de Janeiro de 2013 - Correio Braziliense - VICTOR MARTINS

Malabarismos contábeis

Do Valor Econômico:

A dificuldade de cumprir a meta de superávit do setor público em 2012 levou o governo federal a utilizar, pela primeira vez, o mecanismo de política fiscal anticíclica criado em 2008 junto com oFundo Soberano do Brasil (FSB). Para engordar as receitas de dezembro, no último dia do ano, foram sacados R$ 12,4 bilhões anteriormente investidos pelo FSB, fundo governamental, em cotas do Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE). A operação consumiu 81% dessa poupança, criada, entre outras razões, justamente para garantir o cumprimento da meta fiscal em anos ruins de desempenho das contas públicas.

O esforço de última hora para garantir o piso de superávit primário envolveu ainda novas antecipações de dividendos pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional.


Do Globo:

O governo federal lançou mão de mais uma manobra de última hora e autorizou a entrada de R$ 15,8 bilhões nos cofres públicos para permitir o cumprimento da meta de superávit primário, a economia feita pelo setor público para o pagamento de juros da dívida. O Ministério da Fazenda autorizou o resgate de R$ 8,8 bilhões em títulos do chamado Fundo Soberano do Brasil, de outros R$ 2,3 bilhões do BNDES e de R$ 4,7 bilhões da Caixa, como forma de antecipação de pagamento de dividendos dos bancos.

Do Estadão:

Para ajudar nas manobras fiscais do governo, a Caixa Econômica Federal se tornou sócia de frigorífico, fabricante de autopeças, de bens de capital, processador de minério, entre outras empresas privadas. As operações foram feitas para sustentar parte da operação montada pelo governo federal para arrumar dinheiro para cumprir a meta fiscal, das contas públicas, de 2012.

O aumento de capital da Caixa autorizado pelo governo no fim de 2012, de R$ 5,4 bilhões, foi bancado em parte com ações que o BNDESPar - braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - detinha em algumas empresas e repassou para o Tesouro. O restante foi financiado pela União com transferência de ações da Petrobrás.


Da Folha:

O termo [contabilidade criativa] é correntemente utilizado, hoje, quando se faz referência aos subterfúgios encontrados pelo governo federal para produzir superavit fiscais não condizentes com o real esforço praticado.

Essa estratégia de fabricação de esforços primários ganhou força no bojo de uma política macroeconômica mais intervencionista, que já vem sendo adotada desde o segundo governo Lula.

A maquiagem contábil é promovida por meio de um conjunto de instrumentos adotados com o único objetivo de fazer parecer que o pilar da responsabilidade fiscal, nos mesmos padrões que foram delineados ao final dos anos 1990, continua em pé.

Busto 48 em sutiã 42


O governo Dilma acaba de fazer manobras nunca vistas para enfiar as contas públicas estouradas de 2012 num manequim que aparenta austeridade fiscal.
Tirou da conta investimentos, que normalmente seriam considerados despesas; usou finanças do BNDES e da Caixa Econômica Federal; e esvaziou o patrimônio do Fundo Soberano para engordar receitas do Tesouro. Tudo, para fingir que fechou as contas públicas em olímpico equilíbrio.
As condições das finanças do setor público nacional em 2012 ainda dependem de relatório, mas já se sabe que os números estarão forçados.
O tratamento que o governo Dilma está dando para as contas públicas nacionais não é a mesma coisa, mas lembra o que tem sido dado pelo governo de Cristina Kirchner para a medição dos preços (inflação) na Argentina. Ele só não produz as mesmas consequências sobre a renda das pessoas porque os números da inflação são usados para reajustar salários, aluguéis e os próprios preços, enquanto os indicadores fiscais não são.
As autoridades da área fiscal dirão que, infelizmente, o fiasco do PIB derrubou a arrecadação esperada – o que é verdade. Dirão, também, que os tais R$ 45 bilhões em renúncias tributárias (reduções e isenções de impostos) destinados a reativar o setor produtivo geraram estragos nos resultados – o que é igualmente verdade. No entanto, nem a quebra de arrecadação nem as renúncias tributárias levaram o governo federal a reduzir despesas para compensar as perdas e para procurar o ajuste de outras maneiras, como qualquer chefe de família faz quando o salário acaba antes do fim do mês.
Aturdido com o baixo comportamento do PIB, o governo Dilma optou por correr riscos demais. Derrubou os juros na marra; acelerou a desvalorização cambial (alta do dólar) mesmo sabendo que depois teria de recuar, pelo menos em parte; e, agora, lança mão de manobras de contorcionismo fiscal para fazer caber um busto 48 em sutiã 42.
O governo seria mais sincero caso reconhecesse o rombo e anunciasse providências para correção de rumo. Quando faz o que fez e insiste em afirmar que as metas de austeridade fiscal foram cumpridas, expõe-se a perder mais credibilidade na condução da política econômica.
Mesmo após os reiterados desmentidos, o tripé original da política econômica (meta de inflação; câmbio flutuante; e meta fiscal) vai sendo corroído num momento especialmente delicado para a administração federal, que inicia a segunda metade do seu mandato sem ter sido capaz, até agora, de entregar o prometido.
Este é o momento em que o governo Dilma mais precisa do investimento privado para garantir a elevação da capacidade de produção. Quando falta confiança, o investimento empaca ou só flui aos trancos.
O intervencionismo excessivo na atividade econômica já vinha criando a percepção de que as regras estavam sendo alteradas demais no meio do jogo – fator que inibe investimentos. O maior risco agora é que se espraie a convicção de que, além da insuficiência de resultados (PIBs sucessivamente medíocres e inflação acima da meta), o governo Dilma está desarrumando a economia.
Fonte: aqui

Como fica o FPE?


Em descanso que por certo consideram merecido, apesar do muito que deixaram de fazer por desídia ou conveniência, deputados e senadores talvez nem se lembrem de que, por não terem decidido a tempo, criaram um imenso problema jurídico cuja consequência pode ser o caos nas finanças dos Estados, ameaçados de não receber, em 2013, transferências de mais de R$ 50 bilhões. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada em fevereiro de 2010, as regras aplicadas até agora para o cálculo da parcela do Fundo de Participação dos Estados (FPE) a que cada Estado tem direito não valem mais depois de 31 de dezembro de 2012.
Para evitar a suspensão das transferências após essa data, o Congresso deveria ter aprovado novas regras para a repartição. Dispôs de praticamente três anos para tomar essa decisão, mas nada fez. E, enquanto seus membros, incluindo os dirigentes das duas Mesas, descansam junto aos seus e aos seus eleitores, cidadãos responsáveis se perguntam: o que acontecerá?
A não definição de novas regras para a repartição do FPE é mais uma demonstração clara do modo como o Congresso adia decisões - mesmo com o risco de levar a um vazio jurídico, como agora - sobre questões que sejam um pouco mais complexas, como as que envolvem interesses conflitantes das Unidades da Federação. Ressalve-se, em favor dos atuais congressistas, que este não é um problema só desta legislatura, pois ele deveria ter sido resolvido, no máximo, dois anos depois da promulgação da Constituição de 1988.
Criado em 1965, o FPE foi incorporado à Constituição. Sua aplicação foi regulada pela Lei Complementar n.º 62, de dezembro de 1989, mas a própria lei estabeleceu que os critérios para a divisão do FPE eram provisórios e deveriam ser substituídos em 1991, por regras baseadas nos dados do Censo Demográfico de 1990. Mudou o País, mudaram as necessidades de cada Estado por recursos transferidos pelo governo federal, mas, mais de 20 anos depois do término de seu prazo de validade, as regras do FPE continuam as mesmas.
Governos de Estados que se sentiram prejudicados pelas regras atuais entraram com Ações Diretas de Inconstitucionalidade contra a lei complementar de 1989. No julgamento dessas ações, o STF declarou inconstitucional o artigo da lei que define as regras de reparticipação do FPE e deu ao Congresso prazo de quase três anos para estabelecer novas. Esperava-se que, com essa decisão, o Congresso, afinal, aprovasse novos critérios. Sobre o assunto, há projetos tramitando nas duas Casas, mas que, por conveniência política dos parlamentares, não avançaram.
A consequência óbvia seria a suspensão das transferências depois de terminado o prazo dado pelo STF para o Congresso decidir. As implicações práticas da suspensão, no entanto, seriam imensas - o FPE representa mais da metade da receita de alguns Estados, e na de vários outros tem participação elevada.
Chega a ser comovente a singeleza com que o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, avaliou a situação. "Não vejo como os Estados podem ficar sem esses recursos", disse. "Alguma coisa dever ser feita." De fato, deve - mas não será feita pelo Executivo, como ressalvou Augustin.
Então, o que fazer? E quem fará? O STF precisa ser provocado para tomar qualquer decisão. E, se nova decisão houver, não poderá, na essência, ser diferente da que tomou em 2010, limitando-se a ampliar o prazo.
É com isso que conta o relator do projeto sobre o FPE que tramita no Senado, senador Walter Pinheiro (PT-BA), ao prever que no reinício dos trabalhos legislativos, em fevereiro, o Congresso poderá iniciar entendimentos sobre o assunto com o Supremo.
Até lá, políticos da base governista e da oposição que se preocupam com o assunto esperam que prevaleça o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) de que, como vem sendo feito, deve-se fazer o rateio dos recursos de acordo com coeficientes utilizados até agora, e que são fornecidos pelo próprio TCU. Talvez essa meia solução deixe em paz com suas consciências os congressistas preocupados com o tema. Para os demais, tanto faz.
Fonte: aqui

Ajudante

No dia 8 de abril de 1933, o jornal Estado de S Paulo publicava, na página 11, um anúncio para ajudante de guarda-livros, com modestas pretensões:

05 janeiro 2013

Basileia e Convergência

As divergências entre o Fasb e o Iasb podem afetar o acordo de Basileia. Segundo Stefan Ingves, do grupo que participa do acordo de Basileia, a diferença sobre perdas de empréstimos, com um modelo de imparidade diferente entre as duas entidades, pode ter efeito sobre o volume de capital exigido para da instituição financeira.

O Fasb propõe uma norma em que os bancos reconhece as perda assim que aparecerem os primeiros sinais de perda potencial. Isto poderá aumentar o capital de alguns bancos em até 50%.

Rir é o melhor remédio

Fonte; Aqui

Fato da Semana

Fato: Uso da contabilidade para estudar clubes de futebol

Qual a relevância disto? Para o leigo, a contabilidade é algo complexo e inatingível. Coisa de gente que gosta de muito número e tem paciência para coisa complicada. Geralmente a contabilidade é notícia em (1) páginas policiais, quando um livro com a distribuição de drogas é obtido pela polícia, que afirma que conseguiu a “contabilidade” do tráfico; (2) páginas políticas, quando escândalos contábeis revelam a necessidade de “auditoria” nas contas públicas; ou (3) nas páginas econômicas, na época do imposto de renda.

Nos últimos dias duas notícias sobre o desempenho dos clubes de futebol do Brasil. E não estavam se referindo ao número de pontos conquistados num campeonato qualquer. Mas levantamentos, baseados nas demonstrações contábeis, mostrando que os clubes estão gerando cada vez mais receita, que existe uma concentração em alguns poucos clubes, que ocorreu um aumento nas dívidas dos clubes ou que os resultados são negativos. A contabilidade definitivamente chegou ao futebol.

E clubes, como o Corinthians, apresentam demonstrações de alto nível de qualidade (não leitor, eu não faço parte do bando de louco, mas sou obrigado a reconhecer).

O acúmulo das demonstrações fez surgir uma série de levantamentos sobre a saúde dos clubes. Aqui mesmo mostramos o poder do dinheiro no futebol inglês ou que existe uma relação entre a folha de pagamento dos jogadores e o desempenho no campeonato brasileiro.

Positivo ou Negativo? – Positivo, sem dúvida nenhuma. A popularidade do futebol poderá mostrar que a contabilidade não serve somente para controlar o estoque do traficante ou ameaçar a auditoria o governo do político corrupto.

Desdobramentos – Se um clube quer ser profissional isto deve estar espelhado na sua contabilidade. Ademais, a divulgação dos dados financeiros dos clubes será muito útil para quem estuda o setor.

Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – Brindamos nossos leitores com uma grande retrospectiva de 2012. No quesito fraudes listamos
Mais que 15 empresas envolvidas no ano de 2012
Mais que dez empresas e menos que 15
Menos que dez empresas

2 – A empresa de auditoria Ernst Young irá pagar 117 milhões para os acionistas que se sentiram enganados da seguinte empresa
Anglo Irish Bank
Lehman Brothers
Sino Forrest

3 – Esta empresa teve um ano para esquecer: aumento em 30% no endividamento, primeiro prejuízo trimestral em 13 anos; perda de 30 bilhões de reais por motivos políticos, entre outros:
Eletrobras
Petrobras
Vale do Rio Doce

4 – Ladrões que roubaram a loja desta empresa em Paris optaram por levar os produtos, não dinheiro. É que o valor da grama do produto é bastante expressivo:
Apple e iCoisas
Channel e perfumes
HP e suas tintas para impressora

5 – O Deustche Bank está sendo investigado por não ter reconhecido 12 bilhões de dólares nas demonstrações contábeis referentes a:
Despesas por devedores duvidosos
Empréstimos concedidos e contabilizados
Perda com derivativos

6 – Em A Sabedoria dos Psicopatas, o autor lista as profissões mais propensas e menos propensas a aparecer psicopatas. A profissão contábil
Está entre as dez mais propensas a ter psicopatas
Está entre as dez menos propensas a ter psicopatas
Não aparece na relação

7 – O prêmio de pior evidenciação, do sítio Footnoted, foi dado para esta empresa que resolveu pagar um ex-funcionário 10 milhões de dólares, em dez anos, para não trabalhar:
Aaron´s Rent
Dell
General Eletric

8 – Qual a relação entre 134 milhões de reais e CVM?
Valor das multas emitidas em 2012
Valor do acordo de cooperação no quinquênio
Valor do orçamento para o ano de 2013

9 – O FAF, entidade gestora do Fasb e Gasb, fez uma solicitação ao Iasb
Que a norma de leasing seja revista
Que EUA participem do ASAF
Que o Iasb indique um interlocutor na SEC

10 – O governo brasileiro mostrou preocupação com uma norma de cálculo de um parâmetro contábil, que poderá afetar a concessão de crédito no país:
Basileia 3
Leasing Operacional
Valor justo dos empréstimos

Descreva a sua tese em dois minutos

Do canal no YouTube do PHDComics:



Tashi deleg! University of Melbourne graduate student Sara Ciesielski explains how children growing up in the Sherpa culture learn a lot more than words from their elders.

Animation: Jorge Cham
Series Producer: Meg Rosenburg
Sara Ciesielski, U. Melbourne: "Language Development and Socialization in Sherpa"

2012: 51 postagens mais acessadas

Em 2012 publicamos 2.156 postagens. Somando-se às publicações de 2006 a 2011 (registradas no blogger) são, ao todo, 13.325 textos. É mais difícil trabalhos antigos aparecerem nos mecanismos de buscas – mesmo com esse empecilho – achei válido ressaltar as 51 postagens mais acessadas* no último ano (01/01/2012 – 31/12/2012), dispostas em ordem crescente.
As informações têm como base o Google Analytics.
Grau de Alavancagem Operacional
Vestidos e recessão
Giro do Ativo
Prazo médio de pagamento a fornecedores
Margem Líquida
Juros sobre capital próprio
O que deve ter uma "conclusão" de um trabalho científico?
Impairment
Composição do Endividamento
Valor Justo
O Caso Enron
Margem Operacional
Princípios de Contabilidade
Fluxo de Caixa Livre
Algumas dicas para escolher o tema da monografia
Endividamento
Imparidade
Carreira de Auditor
CCL
15 perguntas difíceis em entrevistas de emprego
Ebitda
Patrimônio de Referência
Depreciação Acelerada
Como Calcular Percentual?
Mappin: história de uma falência
Sustentabilidade
O que não te ensinaram na pós-graduação
Deseconomias de aglomeração
Sadia
O que motiva os cientistas?
ROI
Como achar um tema para uma pesquisa?
Custo de Reposição
Patrimônio de Afetação
Ganhe mais: peça demissão
Contabilidade e Direito
Contabilidade da construção civil
Mensuração de ativos biológicos
Margem Bruta
IFRS nas Pequenas e Médias Empresas
IFRS no Brasil
Rateio e Alocação
Contabilidade pública e contabilidade privada
As maiores empresas de contabilidade dos EUA
Retorno sobre o Patrimônio Líquido
Custo de se ter um automóvel
Brasil: vantagens e desvantagens
Plano de Contas do IFRS
Ativo monetário e ativo não monetário
Valor contábil versus valor de mercado
Trabalho de conclusão de curso - TCC

*Sem contar as diversas postagens intituladas "Frases" e "Rir é o Melhor Remédio" que são agrupadas pelo Google Analytics.

Cartoon

Fonte: Aqui (Este cartoon venceu um prêmio das Nações Unidas).

Bola murcha

O déficit dos clubes brasileiros de futebol no ano passado foi de cerca de R$ 1,8 bilhão, diz especialista.

Nos últimos anos, os clubes brasileiros de futebol deram importantes passos rumo à uma gestão mais profissional de suas atividades mas ainda há um caminho longo a ser percorrido.

Apesar do crescimento de 260% na receita gerada pelos clubes entre 2003 e 2012 e superando a casa dos R$ 2,9 bilhões de faturamento, o déficit do mercado da bola no ano passado foi de cerca de R$ 1,8 bilhão.

Os dados foram levantados por Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

Da movimentação total no ano passado, os 10 clubes com as maiores receitas do futebol brasileiro foram responsáveis por R$ 1,9 bilhão, o equivalente a 66% do total.

Apesar dos clubes ainda não terem fechado seus balanços, a liderança desse ranking deve ser mantida pelo Corinthians, que com os títulos conquistados em 2012 deve superar a marca de R$ 320 milhões de faturamento, segundo projeção do especialista. (Fábio Suzuki)


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Ciência sem burocracia


Um dos maiores entraves para o aperfeiçoamento da pesquisa científica no Brasil é a dificuldade que os pesquisadores encontram para importar o material necessário ao seu trabalho. Não são poucos os casos em que experimentos vão para o lixo devido a dificuldades burocráticas. Por essa razão, os cientistas, há muito tempo, reivindicam uma mudança radical nesse cenário, sem a qual a ciência brasileira, por mais competente que possa ser em algumas áreas, permanecerá sempre muito atrás da concorrência internacional. Essa esperada mudança está agora num projeto de lei, em tramitação no Congresso, que isenta de impostos e da fiscalização os insumos trazidos do exterior, de modo a agilizar o processo da pesquisa.
Para medir o alcance dessa medida, basta saber que 99% dos cientistas ouvidos em uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro informaram que precisam importar o material com o qual farão experimentos. Dos entrevistados, nada menos que 76% disseram já ter perdido material retido na alfândega. A maior parte das perdas diz respeito a elementos perecíveis, os chamados reagentes, que representam 60% do prejuízo total. A pesquisa mostra ainda que 42% dos cientistas frequentemente deixam de realizar pesquisas ou são obrigados a mudar as especificações dos experimentos devido a problemas de importação. Para outros 48%, isso acontece eventualmente.
Houve tentativas de desemperrar os procedimentos. As mais importantes foram uma instrução normativa da Receita Federal e uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cujo objetivo era simplificar o despacho aduaneiro de importação de bens para pesquisa científica. Apesar disso, 91% dos cientistas ouvidos pela UFRJ disseram que as medidas não foram suficientes para acelerar a importação e reduzir os custos de armazenagem. A Anvisa argumentou que a responsabilidade pela demora é em grande parte dos próprios cientistas, que não sabem preencher corretamente os formulários para a importação. Já os pesquisadores respondem que não dispõem de tempo para se dedicar à burocracia, e alguns ainda acusam a Anvisa de ter proscrito substâncias necessárias para a pesquisa em neurociência, entre as quais entorpecentes. "Somos tratados como traficantes", queixa-se um deles.
O tempo até a chegada e o desembaraço do material importado raramente é inferior a um mês e, em alguns casos, supera dois anos. Um cientista reclamou que pagou três vezes mais caro do que seus colegas americanos por um anticorpo e que levou três meses para receber sua encomenda, enquanto nos EUA esse intervalo nunca é superior a uma semana.
O projeto de lei, de autoria do deputado Romário (PSB-RJ), feito por sugestão de cientistas liderados pela geneticista Mayana Zatz, determina a criação de um cadastro nacional de pesquisadores por parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Esse grupo de especialistas terá licença para importar bens destinados às suas pesquisas com desembaraço aduaneiro automático, sem fiscalização e livre de taxas. Em contrapartida, o projeto responsabiliza o pesquisador por danos ambientais e de saúde causados pela eventual mudança da finalidade declarada para a importação.
O governo parece empenhado em estimular o avanço da ciência por meio do envio de estudantes ao exterior, no programa Ciência sem Fronteiras, mas esse esforço resultará inútil se, na volta, eles não puderem realizar suas pesquisas de maneira satisfatória e ágil. "Precisamos de uma importação sem fronteiras", disse Mayana Zatz. Se o poder público conseguir facilitar o rápido acesso dos pesquisadores ao material necessário para os testes de laboratório, é possível que, em pouco tempo, os cientistas brasileiros consigam reduzir a distância que os separa na competição com seus colegas no exterior, cuja vantagem está justamente na velocidade com que concluem seus experimentos. Toda iniciativa que objetive desburocratizar a ciência, respeitados os padrões de segurança, merece amplo apoio.
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