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16 novembro 2006

Milton Friedman


Morreu Milton Friedman, economista norte-americano, defensor do livre mercado.

Vale x governo 3


A versão da Vale sobre o assunto. Será que para uma empresa lucrativa como a Vale é interessante este tipo de confusão?

Mércio desconhece lei, diz Vale

O diretor-executivo para assuntos corporativos da Companhia Vale do Rio Doce, Tito Martins, acusou o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, de criticar a empresa por desconhecer a legislação. 'Ele claramente está enganado e desinformado. Não conhece a legislação', afirmou o executivo ontem. 'Até hoje, respeitamos todos os acordos. Se estamos tão errados, por que não nos acionam judicialmente?'

Martins disse que o decreto presidencial de 1997 que estabelecia obrigações da Vale com comunidades indígenas foi revisto por um novo acordo entre a empresa e o governo federal no ano seguinte. Na revisão, segundo ele, a referência explícita aos índios foi removida do documento.

A ação da Vale contra o governo federal na OEA foi, segundo Martins, a única via encontrada pela empresa para tentar fazer a União assumir suas responsabilidades. 'Não existe no Brasil instrumento formal para isso. Hoje nos é cobrada responsabilidade sobre comunidades cuja tutela é responsabilidade do governo brasileiro', disse. 'Queremos que haja uma política em relação aos índios, para que não sejamos reféns dessas comunidades.'

O executivo também sustentou que a Vale não tinha a obrigação de reajustar em setembro os pagamentos aos índios. 'O acordo previa que a partir de setembro poderíamos nos reunir para discutir potenciais ajustes. Isso não aconteceu porque os índios invadiram nossas instalações, com a conivência da Funai.'

Vale x governo 3

A continuição da entrevista do Presidente da Funai:

'Empresa quebrou contrato com o governo'

Sabe dizer se o dinheiro repassado a esses grupos indígenas está sendo usado para a estruturação de sua economia, para que algum dia possam ser auto-sustentáveis?

Em alguns casos, sim. Os índios gaviões tentaram uma roça mecanizada. Treinaram os jovens, compraram trator e colheitadeira, derrubaram uma capoeira e plantaram arroz. Não deu certo, porque é difícil. Mas dos 400 hectares iniciais eles mantêm 250 cultivados. Outros grupos usam o dinheiro apenas para a compra de coisas extras, como roupas.

Existem pelo País vários outros acordos entre indígenas e empresas mineradoras, de produção de energia hidrelétrica e de outras atividades. Eles funcionam bem?
O projeto com melhor estrutura é o que envolve os uaimiri atroari, na área da hidrelétrica de Balbina, que inundou 30 mil hectares de terra indígena. Ele é coordenado por um indigenista sério, ex-funcionário da Funai, e conta com bons projetos de sustentabilidade. Os índios plantam para seu consumo e também se organizam para vender. Desde 1987 a Eletronorte desembolsa anualmente R$ 3 milhões para esses projetos, que estão cada vez mais consolidados. Creio que daqui a dez anos os índios terão autonomia.

O senhor acredita que é possível bater a Vale na OEA. Mas se o risco é tão grande, porque uma empresa desse porte iria se expor a ele?

Na minha opinião, acham que vão bater no governo. A última invasão feita pelos índios deixou seus executivos chocados e eles resolveram partir para uma ação determinada, exigindo maior cuidado com os índios. Eu apóio, mas, como já disse, não podem esquecer as obrigações do decreto que permitiu a doação da área que garante a riqueza deles.

O Brasil já foi acusado no exterior, em outras ocasiões, de não tratar bem os índios. O senhor acha que essa nova acusação na OEA pode prejudicar mais a imagem do País?

Já fui à OEA em outras ocasiões defender o Brasil. Numa delas o Conselho Indigenista Missionário de Roraima acusou o governo por não ter retirado ainda todos os arrozeiros da área da Raposa Serra do Sol. Eu expliquei todas as providências tomadas para a liberar a área. No caso da Vale vai ser mais fácil, porque ela está inadimplente: quebrou o contrato com o governo brasileiro.

Qual seria, na sua opinião, a saída para esse caso?

O primeiro passo seria a Vale assumir que tem um dever. Depois disso deveria procurar com a Funai e os índios montar um projeto estruturante e racional para as comunidades indígenas. Porque também não queremos que fiquem recebendo dinheiro à toa.

Existem vários projetos empresariais em andamento na região amazônica, em áreas próximas às terras indígenas. Acha que os conflitos tendem a se agravar?

Eles podem ser evitados se as empresas se prepararem, se fizerem acordos corretos com os índios. Isso acontece no mundo inteiro. Os canadenses, que têm projetos de mineração e hidrelétricas em áreas indígenas, sempre negociam e para isso utilizam pessoas que entendem do assunto.

Levantamento do Instituto Socioambiental mostrou que o atendimento aos índios na área da saúde está piorando. É possível reverter isso se a responsabilidade pelo atendimento sair do Ministério da Saúde e voltar para a Funai?

Sei que uma das reclamações da Vale é contra a Fundação Nacional de Saúde, a Funasa, que não estaria atendendo bem aos índios. O que fez a Funasa sair da Funai e ir para o Ministério da Saúde foi um simples decreto presidencial, de 1999. Outro decreto poderia vir para dizer que a Funasa tem de estar junto com a Funai para montar estratégias de saúde.

Vale x governo 2


Anteriormente coloquei uma reportagem informando que a Vale entraria com uma petição contra o governo (clique aqui para ler).

O presidente da Funai, Mércio Gomes, em entrevista no Estado de hoje dá a entender que a Vale tem a obrigação de cuidar dos índios.

A seguir a reportagem:

'A Vale dá a entender que atende índios por benevolência, mas é obrigação'

Antropólogo reage à iniciativa da empresa de recorrer à OEA contra o governo e a acusa de fugir de suas responsabilidades

Roldão Arruda

A decisão da Companhia Vale do Rio Doce, que acaba de formalizar uma petição contra o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos (OEA), irritou o presidente da Fundação Nacional do Índio, o antropólogo Mércio Pereira Gomes. Na opinião dele, a acusação de que o governo não cumpre suas obrigações com os índios, tornando-os cada vez mais dependentes de verbas que a mineradora repassa às suas comunidades, é um jogo de cena. A Vale estaria fazendo isso para tentar se eximir das obrigações que assumiu na época da privatização.

Em entrevista ao Estado, o antropólogo diz que, se for convocado para defender o País na OEA, pode provar que a mineradora está socialmente 'inadimplente' e quer se livrar do dever contratual de amparar os índios que vivem na região das jazidas que explora: 'A Vale dá a entender que atende a população indígena por benevolência, mas trata-se de uma obrigação.'

Como o senhor vê a acusação de que o País não cumpre suas obrigações com a população indígena?
Sou a favor de melhorias no trabalho com os indígenas. Mas a Vale também tem obrigações e não pode fugir da raia. Ao receber, por tempo indeterminado, o direito de exploração da maior mina de ferro do mundo, ela se comprometeu a defender o ecossistema, preservar as belezas cênicas, produzir alimentos para a população envolvida no trabalho de mineração e amparar os indígenas localizados nas proximidades. Isso ficou estabelecido por meio de uma resolução do Senado, de 1986, que foi confirmada por um decreto presidencial em 1997 - dois meses antes da privatização. Estamos falando de uma jazida de ferro de 411 mil hectares, que, mesmo com a retirada diária de 250 mil toneladas de minério de ferro, como acontece hoje, a empresa vai levar 470 anos para exaurir. Isso sem contar as jazidas de ouro, bauxita, magnésio e outros minérios que existem por ali, em menores quantidades.

A Vale diz que cumpre suas obrigações, paga regularmente os índios, e tem sido vítima de chantagens.

O problema não é o dinheiro, e sim a incompreensão da questão. A Vale não consegue estabelecer uma relação correta com os índios - e foi isso que deu origem aos conflitos, com as invasões de suas dependências. Eu já disse a diretores da empresa que eles são incompetentes e amadorísticos no tratamento dessa questão.

Como chegou a essa conclusão?

Na área ambiental, logo após o decreto de 1997 a Vale fez um acordo com o Ibama e criou um departamento especial com 60 técnicos, muitos deles com doutorado. Mas, para o trato da questão indígena, até hoje eles não têm nenhum antropólogo, sequer um indigenista para conversar com os índios. Por que essa terrível má vontade? Se fosse capitalista da Vale, eu recomendaria aos executivos que entrassem em entendimento com os índios. Por vários motivos. Um deles é a recente aquisição, de uma empresa canadense, da maior mina de níquel do Brasil. Como um terço dessa mina está em território xicrim, é obvio que em algum momento será preciso negociar com eles.

Até agora a Vale conviveu com os índios aparentemente sem problemas. O que causou a mudança e levou a três invasões neste ano?

Durante certo tempo a Funai mediou as relações entre os índios e a Vale. O dinheiro era entregue à Funai, que executava os programas. Mas alguém sugeriu à empresa que tratasse diretamente com os índios. Ela aceitou a idéia e desembestou numa série de programas, com liberação de dinheiro, em termos de ajuda de custo. Foi a Vale que introduziu essa prática. A Funai nunca repassou dinheiro diretamente. No primeiro semestre deste ano, a Vale impôs um acordo, no qual dizia que haveria reajuste do pagamento após o dia 11 de setembro. Quando chegou a época, os índios pediram uma reunião para tratar do assunto, mas a empresa ignorou, dando origem à explosão.

Cuba quer aprender contabilidade


A mudança provável no comando de Cuba, de Fidel para Raúl Castro, deve trazer também alterações sob a forma como os negócios são feitos na ilha. Reportagem de hoje do Wall Street Journal informa que Raúl tenderia a adotar o modelo chinês, sendo que os militares teriam um papel importante no controle da economia. O texto afirma que nos anos 90 Raúl enviou militares para diversos países para aprender contabilidade. As fábricas controladas pelos militares estão utilizando a contabilidade e os incentivos à gerência.

Abaixo, a reportagem completa:

Sob comando de Raúl Castro, militares cubanos erguem império empresarial
November 16, 2006 4:05 a.m.

Por José de Córdoba
The Wall Street Journal

No auge da Guerra Fria, os soldados de Cuba viraram uma lenda na ilha quando avançaram sobre linhas inimigas, derrotando o exército sul-africano em Angola. Agora, os generais cubanos estão aplicando táticas capitalistas para tentar melhorar o lucro em negócios que vão de plantar feijão a administrar hotéis e companhias aéreas.

As Forças Armadas Revolucionárias de Cuba alugam quartos para turistas por meio da Gaviota SA, o conglomerado hoteleiro de crescimento mais rápido na ilha. Eles vendem charutos Havana, mascateiam produtos diversos por meio de uma rede varejista em toda a ilha e servem jantares com lagosta no restaurante Divina Pastora, no Castelo do Morro, um dos principais pontos turísticos de Havana. Os militares também têm uma mão forte na alocação de minas de níquel e no arrendamento de lotes marítimos para exploração petrolíferas. O Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da Universidade de Miami estima que os militares controlem mais de 60% da economia da ilha.

O papel econômico dos militares deve provavelmente ficar ainda mais crítico depois da morte do adoecido líder de Cuba, Fidel Castro, que tem 80 anos e muitos acreditam estar morrendo de câncer. Embora Castro tenha se oposto decididamente a reformas econômicas durante os 47 anos de seu regime comunista, seu irmão mais novo e sucessor designado, Raúl, mostrou um profundo interesse em experiências de livre mercado no passado. Como ministro da Defesa desde a revolução de 1959, ele freqüentemente viu os militares como seu laboratório.

Com Raúl e os militares no comando da economia, o país pode estar prestes a seguir o que os cubanos chamam de "modelo chinês" de liberalização. Isso significa fazer experiências com incentivos de mercado numa das poucas economias comunistas que ainda restam no mundo, e ao mesmo tempo tentar manter um rígido controle político. Está longe de ser uma certeza que um possível governo Raúl Castro possa realizar uma transformação ao estilo chinês. A China, por exemplo, não está localizada a somente 150 quilômetros dos Estados Unidos e de uma abastada comunidade de exilados que querem remoldar sua terra natal seguindo uma linha americana. E é possível que os militares possam agir para aumentar o monopólio — e as oportunidades de corrupção — depois da morte de Fidel, sufocando toda concorrência.

Mas as sementes da reforma econômica em Cuba podem ser mais fortes do que muitos suspeitam. Uma prova: Raúl viajou para a China várias vezes para estudar as políticas econômicas de Pequim e em 2003 convidou o principal assessor econômico do então primeiro-ministro chinês Zhu Rongji, que teve um papel importante na abertura da China ao comércio e investimentos externos, para dar uma série de palestras em Cuba. Fidel Castro, que se opõe radicalmente a reformas, foi uma ausência notável, diz Domingo Amuchástegui, um ex-oficial de inteligência cubano que atualmente mora nos EUA e acompanha de perto os acontecimentos políticos na ilha.

Nos anos 90, Raúl enviou oficiais, que tinham sido treinados em prestigiosas escolas militares soviéticas, para aprender administração hoteleira na Espanha e contabilidade na Europa, América Latina, Ásia e Canadá. Durante um tempo, livros de administração de empresas como Vencendo a crise: como o bom senso empresarial pode superá-la, de Tom Peters e Robert H. Waterman, viraram leitura obrigatória para oficiais que quisessem avançar na hierarquia, diz Eugenio Yañez, um economista que deu aulas de administração a oficiais do exército no Instituto Superior de Direção da Economia, de Havana.
[cuba]

Raúl, atualmente com 75 anos, também adotou uma contabilidade e incentivos à gerência de estilo capitalista para gerir fábricas controladas pelos militares que fazem desde uniformes até munição. Em alguns casos, os trabalhadores receberam um incentivo financeiro. Essas reformas, chamadas em espanhol de "perfeccionamiento empresarial", embora modestas pelos padrões de países desenvolvidos, foram reformas de ponta para Cuba.

Na maior parte de sua carreira, Raúl Castro foi considerado um comunista durão, até brutal, cuja mão, como ele mesmo diz, "não tremeu" em 1989 quando ordenou a execução de um ex-colega próximo que passou a ser tido como perigoso para o regime. Alguns analistas não acham que ele tenha mudado muito desde então. "Ele é um stalinista", diz Jaime Suchlicki, um analista de Cuba da Universidade de Miami, que prevê que Raúl vá recorrer a mais repressão depois que Fidel morrer.

Nas últimas semanas, cresceu a especulação sobre os problemas de saúde de Fidel.

Com o irmão incapacitado, Raúl adotou uma retumbante linha comunista. "Quando os EUA dizem que deve haver transição em Cuba, eles querem dizer uma volta vergonhosa ao lixo neocolonial do capitalismo que eles impuseram a este país durante 60 anos", disse ele a uma platéia de líderes sindicais estatais em setembro.

Mas muitos observadores de Cuba acreditam que declarações assim tenham por objetivo dar cobertura política a Raúl, que ficou mais pragmático com a idade e tem buscado maneiras de melhorar o fraco desempenho econômico de Cuba, especialmente depois que a União Soviética acabou com os subsídios à ilha em 1990. Entre 1989 e 1993, o produto interno bruto de Cuba caiu 35%, enquanto o comércio externo do país despencou 75%, diz Carmelo Mesa-Lago, um economista da Universidade de Pittsburgh.

Com o padrão de vida afundando, moradores de Havana começaram a comer os gatos da cidade. Uma epidemia de neuropatia óptica, causada por deficiências na nutrição e que provoca cegueira temporária, derrubou cerca de 35.000 cubanos. Para Raúl, a segurança econômica tornou-se uma parte crítica da segurança nacional. "O feijão é mais importante que o canhão", disse a soldados em 1994.

Desesperado para cortar custos, Raúl reduziu o número de militares de cerca de 300.000 em 1990 para cerca de 45.000 atualmente, de acordo com Frank O. Mora, um especialista em forças armadas cubanas da Universidade da Defesa Nacional, de Washington. Para revitalizar a economia, ele promoveu inovações, como feiras livres e a condição de autônomo para bombeiros, cabeleireiros e outros pequenos empreendedores.

À época, Fidel Castro autorizou relutantemente as mudanças, porque Cuba tinha pouca alternativa. Os irmãos Castro nomearam oficiais militares e de inteligência, que eram seus defensores de mais confiança e mais leais, para atrair capital estrangeiro.

Um estudo do Fundo Monetário Internacional em 2000 disse que as limitadas reformas promovidas por Raúl foram "instrumentais" em ajudar a recuperar a economia em meados dos anos 90. Mas então Fidel Castro reprimiu as reformas, argumentando que elas estavam enfraquecendo a revolução. A economia começou a estagnar novamente. Agora, Cuba depende de cerca de US$ 2 bilhões anuais em subsídios para combustível fornecidos pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e centenas de milhões de dólares de investimentos chineses em minas de níquel.

Fusões de Bancos e Impactos Sociais

Usando dados de fusões de bancos, Garmaise e Moskowitz, dois pesquisadores norte-americanos, encontraram uma ligação entre o impacto destas sobre o crime. Isto mesmo, o crime. A questão da pesquisa foi que a redução na competição bancária aumenta a propensão ao crime. Acompanhe: fusão => reduz competição e crédito => redução de crédito reduz a atividade econômica => redução da atividade econômica aumenta o crime.

O texto foi publicado no prestigioso periódico Journal of Finance, de abril deste ano.

15 novembro 2006

GM e Ford precisam dar garantias para conseguir empréstimos

A decadência de duas montadoras: precisar dar garantias para conseguir empréstimos.

GM e Ford agora têm de empenhar ativos para conseguir empréstimos
November 15, 2006 4:05 a.m.

Por Jeffrey C. McCracken e John D. Stoll
The Wall Street Journal

DETROIT — Uma mudança de regras contábeis e problemas nas operações na América do Norte deixaram a General Motors Corp. e a Ford Motor Co. numa posição à qual não estão acostumadas: as duas maiores montadoras dos Estados Unidos estão agora conseguindo empréstimos tendo de dar como garantia fábricas, equipamentos ou outros ativos.

A Ford "logo, logo" fechará um empréstimo que provavelmente será garantido "por uma porção significativa dos ativos da empresa", disse ontem seu diretor financeiro, Don LeClair, numa teleconferência para reapresentar os balanços da empresa de 2001 a 2005. A Ford reapresentou os balanços para corrigir a contabilização de swaps de juros em sua divisão de crédito e algumas outras transações com derivativos. O recálculo reduziu o prejuízo no terceiro trimestre para US$ 5,2 bilhões, ante US$ 5,8 bilhões que haviam sido divulgados anteriormente.
[gmford]

LeClair não quis especificar quanto a Ford está querendo tomar emprestado e nem que ativos ela pode dar em garantia para conseguir novas linhas de crédito, ou se isso pode incluir patrimônio da família Ford. A família é dona de cerca de 3% do capital da empresa, mas tem 40% dos direitos de voto.

Os planos da Ford vieram à tona um dia depois que a GM usou equipamentos de suas fábricas na América do Norte como garantia de um empréstimo de US$ 1,5 bilhão. A GM disse que a decisão tem por objetivo "melhorar" sua liquidez e "aproveitar condições robustas do mercado".

LeClair admitiu que a decisão da Ford de tomar empréstimos garantidos por bens reflete a situação financeira difícil da empresa. Esta é a primeira vez nos 103 anos da história da montadora que ela recorreu a esse tipo de financiamento.

"É um reconhecimento de que temos alguns problemas", disse LeClair.

A mudança na captação de recursos ocorre em meio a sinais crescentes de problemas para a GM, a Ford e o Chrysler Group, do grupo alemão DaimlerChrysler AG. Ontem, os diretores-presidentes das três reuniram-se na Casa Branca com o presidente dos EUA, George W. Bush, e apresentaram as dificuldades que elas enfrentam por causa da alta de custos de seguro-saúde, planos de pensão e do aço, e das taxas cambiais desfavoráveis, que segundo eles dão uma vantagem a rivais japonesas.

A Ford disse que espera voltar ao azul na América do Norte, com um pequeno lucro, em 2009. Esse é um mercado onde a Toyota Motor Corp. lucra cerca de US$ 2 bilhões por trimestre.

Anos atrás, a GM e a Ford eram tomadores tão preferenciais que os bancos faziam fila para atendê-las. Mas o prolongado declínio delas deixou seus balanços sob pressão. A GM teve prejuízo de US$ 10,6 bilhões no ano passado, e a expectativa é de que a Ford divulgue um prejuízo ainda maior este ano.

A corrida para assegurar empréstimos garantidos por ativos foi causada por uma mudança em como grandes empresas americanas precisam contabilizar os planos de aposentadoria custeados por elas. A partir de 1o de janeiro, elas precisam contabilizar todas as obrigações relativas a benefícios futuros em seus balanços.

O acréscimo das obrigações deixará a GM com patrimônio líquido negativo, ou passivo a descoberto. Isso dificultará para ela tomar dinheiro emprestado, porque cláusulas contratuais de títulos emitidos por ela podem proibi-la de dar certos ativos em garantia de empréstimos. Na segunda-feira, a GM disse que está tirando proveito de oportunidades que podem não estar disponíveis para ela em 2007. A empresa planeja tomar até o fim do ano um empréstimo sênior garantido de US$ 1,5 bilhão com prazo de sete anos.

A Ford também espera um grande efeito da mudança contábil. Falando ao Wall Street Journal por telefone, LeClair disse que ela vai "com toda probabilidade" também deixar a Ford com patrimônio líquido negativo. Num informe a autoridades, a montadora disse que a mudança vai reduzir seu patrimônio líquido em US$ 15 bilhões.

A Ford tem aproximadamente US$ 23 bilhões em caixa e espera encerrar o ano com cerca de US$ 20 bilhões — um número suplementado por US$ 3,4 bilhões tirados de um fundo que as empresas criam para pagar custos com planos de saúde de aposentados. Durante todo o ano de 2006, a Ford deve queimar US$ 8,4 bilhões em caixa.

— Neal E. Boudette colaborou neste artigo.

O fim do papel

Com o desenvolvimento da tecnologia (em especial do computador) esperava-se um queda no consumo do papel (e efeito sobre as empresas de papel e celulose, inclusive a Aracruz).

Entretanto dados de longo prazo mostram que a produção (e o consumo) está aumentando. Em 1983 eram produzidas 45.224 mil toneladas métricas de papel; dez anos depois este número aumentou para 71.956 mil. Em 2003 era de 97.199 mil.

Fonte: Seeking Alpha

Fasb e o usuário

Ricardo Viana envia uma reportagem do Valor Econômico (Grato!) sobre o Fasb e o usuário. Muito interessante e certamente terá espaço no livro que estou escrevendo com o prof. Katsumi.

Fasb busca aproximação com investidores
David Henry
14/11/2006

Na eterna busca para descobrir quanto as empresas realmente valem, os investidores normalmente encontram-se em uma custosa posição de desvantagem em relação aos executivos que elaboram os balanços financeiros empresariais. Agora, o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), órgão de sete membros encarregado de escrever os Princípios de Contabilidade Amplamente Aceitos (Gaap) dos Estados Unidos e de criar as regras sobre como as empresas contabilizam os lucros, fluxo de caixa e patrimônio líquido, tenta tornar o jogo mais justo.

Ao longo dos anos, o Fasb recebeu muitas críticas por dar muito espaço para que os executivos exagerassem seus resultados. Agora, alguns importantes membros do conselho reconhecem o que os críticos vinham dizendo o tempo todo. Dizem que, uma vez por semana, em média, executivos de várias associações setoriais chegam à sede da Fasb, em Norwalk, Connecticut, para pressionar por mudanças no Gaap que se encaixem a suas necessidades particulares.

Uma comissão da Financial Executives International (FEI), um importante grupo de diretores de finanças e controladores, por exemplo, reúne-se com o Fasb todos os trimestres. "E ouvimos algo das firmas de auditoria todos os dias", diz o presidente do Fasb, Robert H. Herz. Em contraste, os investidores poucas vezes dão a conhecer suas opiniões. "Temos dificuldade para ouvi-los", conta Donald M. Young, outro integrante do conselho.

Agora, Young, encorajado por Herz, busca uma aproximação. Alistou os melhores analistas de balanços financeiros e os maiores investidores institucionais para que digam ao Fasb como o Gaap deveria ser modificado.

Ele trabalha para remodelar o eclético Conselho Consultivo ao Usuário e criar um grupo de especialistas que fique em prontidão para atender as maiores empresas de gestão de fundos.

Young também quer montar uma comissão de contadores públicos favoráveis aos investidores, entre eles o desenfreado Lynn E. Turner, antigo contador-chefe da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro nos EUA. "Decidimos sair e pegar os investidores e puxá-los para dentro do processo", diz Young.

Um dos motivos para a nova abordagem do Fasb poderia ser a mudança em suas fontes de financiamento. Os críticos há muito tempo sustentavam que a atitude do conselho favorável às empresas decorria do fato de seu financiamento, na maior parte, vir das auditoras, cujos interesses estão alinhados aos dos clientes. A lei Sarbanes-Oxley, de 2002, mudou isso; agora o Fasb é financiado essencialmente por tarifas cobradas das empresas de capital aberto.

Haja conflito de interesses ou não, há uma longa lista de exemplos de influência excessiva dos executivos no Fasb, destaca Paul B.W. Miller, professor de contabilidade na Universidade do Colorado, em Colorado Springs.

O padrão contábil de aposentadorias que distorceu gravemente os balanços patrimoniais das grandes empresas industriais no fim dos anos 90 foi o legado de um forte grupo de pressão lobista das empresas em meados dos anos 80.

A contabilidade de arrendamentos, que mantém muitas dívidas fora dos balanços, também tem história similar. E a atual bagunça com as opções de ações foi alimentada pela iniciativa bem-sucedida dos executivos em retratá-las como se fossem grátis, mantendo seu custo fora das despesas com remuneração nos livros contábeis.

Young diz que chegou a hora, também de mudar a composição tradicional de membros do Fasb. Dos sete membros, três são ex-auditores e dois, ex-executivos. "É uma maioria plena" de pessoas que fizeram suas carreiras na preparação e auditoria de dados financeiros, diz.

Young, um ex-analista de ações e professor de contabilidade, completa o conselho. A outra vaga, que era de um ex-auditor, deverá ser preenchida no próximo ano por um investidor.

Herz, ex-auditor, mas que também foi gestor não chega a recomendar tal mudança; afirma que bons membros avaliam todos os pontos de vista.

A idéia de Young ainda precisa ganhar força entre os 16 representantes que formam a fundação que indica os membros do Fasb e é monitorada pela SEC.

Representantes da SEC não quiseram comentar o assunto.

Valor Econômico

Prêmio da Netflix

A empresa Netflix adotou uma abordagem criativa para resolver seus problemas de software. A empresa dedica-se a "conectar pessoas" para filmes que elas amam através de um sistema de recomendação. Isto é feito através de filmes que uma pessoa gostou (ou detestou) no passado.

Para combater a concorrência, a empresa precisa melhorar o software de previsão do gosto das pessoas através da melhoria da "acurária" (medida de como a previsão está perto do valor real). Sua finalidade é aperfeiçoar seu sistema de indicação em 10%. Isto tomaria tempo que poderia ser meses ou anos. Em lugar de gastar dinheiro contratando alguns programadores ou consultores para melhorar o algoritmo da empresa, a Netflix resolver oferecer ao $1 milhão de dólares para quem conseguisse esta melhoria.

Até o momento a empresa já obteve 5% de melhoria e mais de quinhentas equipes estão concorrendo ao prêmio.

Fonte: Freakonomics

Assembléia da Telemar

Pelo visto a novela da Telemar e seus minoritários ainda não terminou. Veja reportagem do Estado de hoje:

Telemar remarca assembléias
Datas devem reduzir questionamentos dos acionistas

Graziella Valenti

A Telemar marcou ontem a data para a votação que definirá o futuro da empresa. Maior companhia de telecomunicações do País, a Telemar está em meio a um processo de reestruturação societária que prevê a pulverização do controle da empresa no mercado financeiro. Na segunda-feira, a companhia realizou uma assembléia com acionistas, mas não atingiu o quórum exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Agora, a empresa marcou uma nova assembléia para o dia 24. Caso ainda não se atinja o quórum, uma terceira assembléia será realizada no dia 27.

O anúncio foi interpretado no mercado financeiro como uma estratégia dos controladores da empresa para se precaver contra acionistas minoritários que são contra a operação. Antes, a Telemar havia pedido à CVM a autorização para realizar os encontros no mesmo dia, com o argumento de acelerar o processo. A CVM aprovou o pedido, mas a Telemar voltou atrás.

Na prática, a realização das assembléias no mesmo dia poderia facilitar a aprovação da proposta de reestruturação. Na terceira votação, a CVM exige quórum de 25% dos donos de ações preferenciais, metade do que foi exigido na primeira assembléia.

Os críticos da proposta de reestruturação dizem que controladores da companhia montaram uma estratégia para que não houvesse quórum na segunda-feira, com o objetivo de levar a votação até a terceira assembléia. A Previ (fundo de pensão de empregados do Banco do Brasil) e o BNDES, que fazem parte do grupo de controle da empresa, mas também possuem 6% das ações preferenciais, não participaram do encontro de segunda-feira.

Com as votações em dias separados, a Telemar acaba se prevenindo de questionamentos desse tipo. Seria fácil para os minoritários, por exemplo, questionar a presença na terceira assembléia de grandes acionistas que não participaram da segunda para não dar quórum, se essas fossem realizadas uma após a outra. Minoritários descontentes com o processo já estavam se preparando para questionar a realização das assembléias em um único dia.

14 novembro 2006

Governo, Eleições nos EUA e impacto econômico

A recente eleições norte-americanas não representa um boa notícia para economia mundial. Pelo menos é o que diz a história. Os governos onde o presidente detinha a maioria no legislativo apresentaram uma maior taxa de crescimento; já os governos com o legislativo contrário significaram um menor taxa. Veja os números:

Governo onde o Partido do Presidente controlava o Legislativo e Taxa de Crescimento

Lyndon Johnson => 4,6%
George Bush Jr.=> 3,1%
Jimmy Carter => 2,9%

Governo onde o Partido do Presidente era minoria no Legislativo e Taxa de Crescimento

Richard Nixon/Gerald Ford => 1,9%
Ronald Reagan => 1,7%
George Bush Senior => 0,6%
Bill Clinton => 0,3%

Fonte> Slivinki/The Economist, 4/11/2006, p. 28

Gasto em Pesquisa e Desenvolvimento

A lista das maiores empresas em gasto em Pesquisa e Desenvolvimento, exercício de 2005 ou 2006

1. Ford Motor, Estados Unidos
2. Pfizer, Estados Unidos
3. General Motors, Estados Unidos
4. Daimler Chrysler, Alemanha
5. Microsoft, Estados Unidos
6. Toyota Motor, Japão
7. Johnson & Johnson, Estados Unidos
8. Siemens, Alemanha
9. Samsung Eletronics, Coréia do Sul
10. Glaxo Smith Kline, Inglaterra
11. IBM, Estados Unidos
12. Intel, Estados Unidos
13. Novartis, Suiça
14. Volkswagen, Alemanha
15. Matsushita Electric, Japão

Fonte: DTI, The Economist (4/11/2006)

Hedge, derivativos e contabilidade

Um artigo interessante de Alexsandro Broedel, publicado na Gazeta de 07/11/2006:

Governança Corporativa - Hedge, derivativos e questões contábeis


7 de Novembro de 2006 - O mercado financeiro internacional vem assistindo a um crescimento significativo no volume e na complexidade dos chamados instrumentos financeiros derivativos. Usados com finalidade de proteção (hedge), especulação e arbitragem, esses produtos evoluíram muito desde os primeiros instrumentos "plain vanila".
O mercado atualmente opera de forma corriqueira opções exóticas, derivativos climáticos, swaps de crédito entre outros produtos. Essa sofisticação vem atender à demanda das empresas brasileiras que estão em franco processo de internacionalização de suas atividades e conseqüentemente passam a demandar mais proteção. Como conseqüência dessa realidade, existe uma ampla literatura técnica nacional e internacional relacionada ao apreçamento e à gestão de riscos com as operações com derivativos.
Além dessa literatura, o mercado de prestação de serviços especializados também se sofisticou bastante nos últimos anos. Devemos lembrar, no entanto, que os derivativos não são realizados dentro de um vácuo regulatório. A típica empresa moderna que demanda hedge é uma empresa exposta a uma ampla gama de demandas regulatórias.
Para as empresas brasileiras temos a legislação societária, instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instruções da Secretaria da Receita Federal e ainda demandas adicionais de agências reguladoras de setores específicos. Se a empresa brasileira possuir Depositary Receipts negociados nas bolsas de valores americanas ela terá ainda que atender às normas do Financial Accounting Standards Board (FASB - órgão normatizador da contabilidade nos EUA), da Securities and Exchange Comission (SEC - Comissão de Valores Mobiliários americana) e da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). Se essa empresa for uma subsidiária de empresa européia ou possuir ações negociadas naquele continente terá que atender às normas do International Accounting Standards Board (IASB). Essas normas nem sempre são coerentes no tratamento contábil dos instrumentos financeiros derivativos.
Assim, antes de realizar uma operação de proteção, a empresa deve considerar seus impactos econômico-financeiros, contábeis e tributários. Muitos exemplos recentes de republicações de balanços nos EUA, devido a erros na contabilização de derivativos, ilustram a seriedade do problema.
A solução envolve a integração de questões contábeis, econômicas e tributárias no desenho dessas operações. Para isso, no entan-to, é necessário que tenhamos um realinhamento da formação dos profissionais atuantes no setor.
A observação da realidade das empresas brasileiras e dos currículos de nossos cursos de graduação e pós-graduação mostra uma relativa segmentação da formação de nossos profissionais. Alguns cursos tendem a focar exclusivamente os aspectos operacionais e financeiros das operações, outros tratam somente da contabilidade de ope-rações industriais e comerciais sem se preocupar com o mercado financeiro, enquanto outros se dedicam somente ao estudo da tributação sem um conhecimento mais detalhado da sistemática operacional dos derivativos. Esse novo mercado demanda um profissional mais completo com formação mais sólida e rigorosa.
No caso específico do contador, o profissional precisa, inicialmente, conhecer melhor os instrumentos financeiros. Normalmente fora da grade curricular dos cursos de contabilidade, swaps, swaptions, collars, straddles, etc., devem integrar o repertório de conhecimentos do profissional de contabilidade. Em segundo lugar, o contador precisa entender as normas internacionais (FASB e IASB, principalmente) para poder contextualizar e adaptar a contabilização as características operacionais dos produtos de forma que a contabilidade venha a refletir melhor a essência econômica das operações. Em terceiro lugar, o profissional de contabilidade deve entender os impactos tributários das operações realizadas buscando otimizar a relação entre a operação, a contabilização e a tributação dos produtos.
Finalmente, mas não menos importante, o contador deve assumir uma postura pró-ativa visando a participar do processo de tomada de decisão, aconselhando os responsáveis pelas operações com derivativos acerca das implicações contábeis e tributárias de suas decisões.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Alexsandro Broedel Lopes - Professor da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e professor Associado e Livre Docente da FEA-USP (broedel@usp.br))

Risco Brasil aumenta

Agência aponta riscos políticos para negócios no país


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi suficiente para reduzir o risco político para quem pretende investir no Brasil.
A avaliação foi feita pela consultoria de segurança Control Risks Group, baseada em Londres, e consta do "Mapa de Risco 2007", divulgado ontem.
O estudo avalia os riscos que os negócios podem enfrentar nas áreas política e de segurança em diversos países do mundo, classificando-os por níveis que vão de "insignificante" até "extremo".
O Brasil foi classificado como sendo de risco político médio, o que significa que há uma chance moderada de que os negócios sejam afetados negativamente por decisões de Executivo, Legislativo ou Judiciário.
A análise política também leva em conta a capacidade de grupos não-estatais -como sindicatos, lobistas, crime organizado- de prejudicarem os investimentos no país.
"A classificação reflete as dificuldades que Lula deve ter em seu segundo mandato, sendo obrigado a negociar para formar uma coalizão", disse Nicholas Watson, analista da Control Risks especializado no Brasil, em entrevista à Folha.
"O risco médio também reflete a persistência da corrupção no sistema político brasileiro, além dos problemas causados pela burocracia do Estado e pela fraqueza de algumas de suas instituições políticas."
O "Mapa de Risco 2007" tem um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil, intitulado "Dores do Crescimento".
Nele, o governo Lula é elogiado por ter aumentado a participação internacional do Brasil, mas há uma crítica ao mau desempenho econômico em comparação com Rússia, Índia e China -os demais países do Bric (bloco das maiores economias em desenvolvimento).
"O Brasil está arriscado a ser visto como o primo pobre do grupo, pois teve o menor crescimento econômico em 2005 e responde por menos de 1% do comércio mundial", diz o texto.

Segurança
Na análise do impacto da segurança para os negócios, o país ganhou classificação geral no nível baixo, mas Rio, São Paulo, Salvador e Recife -além da área da Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina- têm riscos considerados médios.
Os riscos de segurança para os negócios consideram a ação do crime organizado, de seqüestradores, hackers e oficiais corruptos, além da capacidade do governo de agir contra o crime.


Folha de S. Paulo, 08/11/2006

Planos de Continuidade

Os planos de continuidade representam as opções que uma empresa possui para situações emergenciais. Aqui uma reportagem interessante sobre o assunto:

Planos de continuidade de negócios entram na pauta das companhias

Governança Corporativa

São Paulo, 8 de Novembro de 2006 - A implantação de planos de continuidade de negócios - estudos detalhados sobre todos os aspectos que envolvem as atividades de uma companhia, do humano ao operacional - começa a entrar na pauta de prioridades de quem busca as melhores práticas de governança corporativa. Quem diz isso é Roberto Zegarra, vice-presidente e consultor para continuidade de negócios de BCM (Business Continuity Management) do grupo Marsh, a maior corretora mundial de seguros.
Os bancos vão puxar o movimento de contratação de serviços com essa finalidade. Com a resolução 3880, baixada há dois meses, o Banco Central tornou obrigatória a implantação de planos de contingência. A resolução, que dispõe sobre a implementação de estrutura de gerenciamento do risco operacional, deu prazo até dezembro de 2007 para que os bancos cumpram a exigência.
Os planos de continuidade ainda não fazem parte das exigências dos níveis de governança da Bovespa. Nos Estados Unidos estão previstos nas determinações do regulador do mercado de capitais, a Security and Exchange Commission (SEC). Por isso, deveriam fazer parte das práticas de governança de todas as companhias que negociam recibos de ações (ADR) nas bolsas americanas.
As empresas brasileiras com ADR, porém, tem driblado a exigência. Zegarra afirma que elas colocam seus planos de contingência na categoria de planos de continuidade, que são coisas diversas.
A diferença entre um plano e outro vai muito além da simples nomenclatura. Conforme o consultor - que no momento trabalha na implantação do plano de continuidade para a fabricante de motocicletas japonesa, Yamaha - um plano de contingência está limitado a riscos de serviços e equipamentos. "Já um plano de continuidade é um estudo detalhado de como funciona a empresa de modo que ela tenha uma alternativa para não parar diante de qualquer problema, incluindo sucessão e transferência de conhecimento", acrescenta.
Evitar paralisação
A Yamaha contratou a Marsh para implantação de seu plano de continuidade porque não pode correr risco de paralisação de suas atividades, afirmou Anselmo Eduardo de Abreu, gerente de Tecnologia da Informação (TI) da empresa.
O plano ainda está em fase inicial, mas o objetivo é documentar a qual melhor maneira de a empresa agir para contornar problemas.
"Estamos no primeiro passo que é fazer um trabalho de governança em tecnologia da informação (TI). Nosso objetivo é criar alternativas para a empresa continuar trabalhando em caso de um desastre na área de tecnologia", disse.
O trágico acidente com o aviação da Gol, em outubro último, também soou um alerta sobre a necessidade de planos de continuidade de negócios. Estavam no avião, numa viagem de negócios, vários e importantes executivos de uma mesma empresa. Um plano de continuidade teria aconselhado a empresa a evitar esse tipo de concentração de risco.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Lucia Rebouças)

13 novembro 2006

Mais uma estatística para esquecer

Empresas do país levam mais tempo para quitar tributos

Marta Watanabe
Um estudo realizado do Banco Mundial e da PriceWaterhouseCoopers compara o sistema tributário de 175 países e chega à conclusão de que o Brasil é, dentre o universo pesquisado, o país em que as empresas mais gastam tempo para cumprir as obrigações tributárias. São em média 2.600 horas ao ano para cumprir a legislação fiscal. O Brasil vem seguido pela Ucrânia e Camarão, países que demandam, respectivamente, 2.185 e 1.300 horas. A média mundial é de 332 horas.

O tempo para cumprir obrigações tributárias inclui todos os impostos e abrange também as chamadas obrigações acessórias, como entrega de declarações, coleta de dados e arquivo de documentos próprios e de terceiros.

Apesar do maior dispêndio de tempo, o Brasil não está classificado entre os países que mais dificuldade oferecem para o pagamento de tributos, mesmo editando média de 55 normas fiscais ao dia.

A aparente incongruência é explicada pela consultora Adriana Grizante, da PriceWaterhouse. "As regras para recolher os tributos são relativamente claras e há instrumentos oferecidos, como o envio de dados eletrônicos. O problema é que as obrigações acessórias são muitas", diz a consultora.

O país também não está entre os que possuem maior carga tributária. No Brasil, o total de tributos pagos corresponde a 71,7% dos lucros das empresas. A maior parte - 42,1% - é cobrada sobre o trabalho e 22,4% incide sobre os lucros.

O sócio da PriceWaterhouse, Carlos Iacia, explica que isso não quer dizer, porém, que são os assalariados que sustentam o sistema, mas somente que os salários servem de base para o cálculo dos tributos muitas vezes pagos pelas empresas.

Banco Central e Calmon de Sá

Na semana passada o Banco Central perdeu uma batalha judicial para o antigo dono do Banco Econômico, Calmon de Sá. Vide a reportagem a seguir, da Folha de 8 de novembro de 2006.

Observe o meu grifo, onde é patente que ou a justiça agiu de má-fé ou ocorreu uma falta de conhecimento contábil ou o Banco Central não soube fazer a defesa (ou uma combinação destas variáveis). Outro aspecto importante é o longo tempo que se leva para liquidar uma empresa no Brasil.

BC diz que Calmon de Sá não vai sair com dinheiro

Para diretor, banco tem a receber, e não a pagar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central não pretende recorrer da decisão que, na semana passada, liberou os bens do antigo dono do Banco Econômico, Ângelo Calmon de Sá. O BC também rebate críticas feitas pelo ex-banqueiro ao processo de liquidação e diz que Calmon de Sá não vai sair com dinheiro depois de encerrada a venda dos bens que pertenciam ao banco.
O Econômico foi um dos bancos que quebraram depois da implantação do Plano Real, em 1994, e foi socorrido pelo Proer. Em entrevista à Folha, Calmon de Sá reclamou dos critérios usados pelo BC para corrigir as dívidas do Econômico, que, segundo ele, prejudicam os antigos controladores do banco.
O ex-banqueiro defende que as dívidas sejam corrigidas pela TR (Taxa Referencial), enquanto o BC diz que os empréstimos devem ser atualizados pelas condições previstas originalmente no contrato firmado com os credores.
"Isso [a reclamação] é absolutamente normal. Eu ficaria surpreso se ele concordasse", rebate o diretor de Liquidações e Desestatização do BC, Gustavo do Vale. "Estamos falando de o BC receber mais ou receber menos, mas não de pagar." Segundo ele, os critérios usados no processo de liquidação do Econômico estão baseados em um parecer jurídico elaborado pelos advogados do BC a partir da Lei de Falências e da lei que criou o Proer.
Sobre a liberação dos bens de Calmon de Sá, Vale disse que não falaria porque o BC não participa desse processo -a decisão foi tomada pela Justiça da Bahia a partir de pedido do Ministério Público do Estado.
Mas ressaltou que, ao contrário do que consta do processo, o rombo do Econômico hoje ainda é de aproximadamente R$ 7 bilhões. À Justiça, porém, teria sido informado que o balanço do banco estava equilibrado -ou seja, o valor de seus bens equivaliam às dívidas.O diretor do BC diz que os números que mostravam equilíbrio nas contas constavam do balanço de maio, que foi elaborado antes que fosse feita a atualização do valor das dívidas do Econômico -havia dúvidas quanto ao índice a ser usado.
Depois de um parecer jurídico determinar a atualização dessas dívidas a partir das condições previstas originalmente nos contratos, e não pela TR, uma correção foi feita nas demonstrações financeiras de junho, evidenciando o rombo.
Vale diz, porém, que os credores que se julgarem prejudicados com a liberação dos bens de Calmon de Sá podem recorrer à Justiça, mas não indicou disposição do BC em fazê-lo.


Agora a reportagem do Valor Econômico:

BC não pode recorrer da decisão que liberou bens de Calmon de Sá

Alex Ribeiro
O Banco Central chegou à conclusão de que não há caminhos disponíveis para recorrer da decisão da Justiça da Bahia que liberou os bens de ex-administradores e de controladores do Banco Econômico, entre eles o ex-banqueiro Angelo Calmon de Sá.

A informação é do diretor de Liquidações e de Desestatização do BC, Antonio Gustavo Matos do Vale, feita logo após depoimento em subcomissão do Senado que investiga as liquidações de instituições financeiras. Numa esvaziada sessão da comissão, na qual estavam presentes apenas três senadores, não foi feita nenhuma pergunta sobre o desbloqueio de bens. Os questionamentos foram sobre como o BC poderia acelerar os processos de liquidação de bancos.

Após o depoimento, Matos do Vale explicou que o BC não é parte na ação da 7ª Vara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia que liberou os bens de ex-administradores e dos controladores do Econômico. Por isso, não pode recorrer. Os direitos dos credores, incluindo o BC e os agentes privados, foram defendidos pelo Ministério Público da Bahia, que tomou a iniciativa de pedir o desbloqueio dos bens. A ação correu em segredo de Justiça e o BC foi surpreendido pelo seu desfecho, publicado na semana passada pelo Valor.

Segundo as informações colhidas pelo BC, a ação tinha o objetivo de apurar eventual responsabilidade dos ex-administradores e dos controladores na quebra do Econômico - para que, no caso de ela ficar comprovada, os bens pessoais eventualmente serem usados para cobrir parte dos prejuízos aos credores.

O MP, porém, entendeu que não era necessário entrar no mérito da questão - isto é, verificar se responsabilidade na quebra dos bancos - porque a massa falida do banco seria capaz de honrar todos os compromissos. Como evidência, foi usado um balanço do banco de maio, que registrava patrimônio líquido positivo de R$ 390,686 milhões. Ou seja, o balanço indicava que os ativos do banco são suficientes para cobrir os passivos, com alguma sobra de recursos.

Em junho, porém, o BC passou a usar um novo critério contábil nos balanços dos bancos liquidados. Por esse critério contábil, o Econômico exibiria um patrimônio negativo de R$ 7 bilhões. Ou seja, os ativos não seriam mais suficientes para cobrir passivos. Em tese, portanto, não estaria descartada a hipótese de ser necessária o uso de bens pessoas de ex-administradores e controladores para cobrir dívidas do Econômico.

A diferença entre um critério contábil e outro decorre da forma como são corrigidos as dívidas do Econômico com o Programa de Apoio à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). No balanço de maio, essa dívida estava corrigida apenas pela taxa referencial (TR). Em junho, o critério foi a correção pelos indexadores dos papéis que servem de garantia aos empréstimos do Proer. No caso do Econômico, a NTN-A3, corrigida pelo dólar mais 6% ao ano. "O BC não pode recorrer da decisão", disse Matos do Vale. "Mas é bom que fique claro que a decisão da Justiça da Bahia se refere apenas aos bens de controladores e ex-administradores, não afetando em nada a liquidação do Econômico."

Segundo ele, se porventura sobrar algum crédito não satisfeito do BC junto ao Econômico, a instituição poderá entrar na Justiça contra os controladores e ex-administradores para ressarcimento que considerar devidos.

Governança em Alta

Reportagem da Gazeta Mercantil do dia 6 de novembro mostra como os executivos acreditam ser possível recuperar a repuração de uma empresa abalada por escandâlos:

Governança Corporativa - Pesquisa aponta mudanças na comunicação corporativa

São Paulo, 6 de Novembro de 2006 - Estudo ouviu 950 executivos de onze países; Brasil foi o único participante da América Latina. Um novo mundo corporativo está surgindo da busca pelas melhores práticas de transparência. Entre elas, a comunicação com investidores e demais stakeholders que precisa ser cada vez mais admirável. A mudança já pode ser percebida nas maneiras menos burocráticas e mais contundentes de tratar o público. Antes, para limpar manchas na imagem da companhia, um pedido de desculpas era suficiente. Hoje, ele ainda é importante, mas precisa ser precedido de atitudes mais conseqüentes, como anunciar ações especificas para resolver o problema.
Essa nova governança corporativa na comunicação das empresas foi capturada por uma pesquisa com 950 executivos de 11 países da América, da Europa e da Ásia, realizada pela Weber Shandwick, uma das maiores empresas de relações públicas globais e pela KRC Research. O Brasil foi o único país latino-americano que participou e as entrevistas foram feitas entre 20 de julho e 8 de agosto de 2006.
"Os pedidos de desculpas dos diretores gerais estão perdendo rapidamente o seu poder de aliviar as preocupações do público, agora que existe quase uma obrigação de eles agirem assim quando ocorre uma crise ou as empresas enfrentam acusações de irregularidades", declarou Leslie Gaines-Ross, diretor de estratégia de reputações da Shandwick, à agência PR Newswires.
De acordo com a pesquisa intitulada "Protegendo Reputações", os executivos acreditam que, hoje, as melhores medidas para iniciar um processo de recuperação de reputação são: anunciar as ações específicas que a empresa adotará para resolver o problema (76%); criar um sistema de detecção precoce (76%); e estabelecer procedimentos e políticas que a empresa adotará para comprovar seu compromis-so de agir com a maior transparência (73%).
Outro resultado importante apontado pela pesquisa foi com relação ao comportamento das empresas em relação à midia. Somente um dentre cada cinco (20% do total) dos executivos ainda acredita que manter o diretor geral escondido da mídia após uma crise ajuda a recuperar a reputação. "Os diretores são a face da organização visível para o público e, nos momentos de confusão, espera-se que apareçam e sejam francos a respeito de quaisquer problemas que surjam durante a sua administração", disse Gaines-Ross.
Ainda conforme a pesquisa, as estratégias que tiveram maior número de pontos na pesquisa estão trabalhar em estreita colaboração com a assessoria jurídica na divulgação de declarações públicas (72%), emitir regularmente relatórios públicos de prestação de contas sobre o tratamento dado ao problema (71%) e divulgar rápida e publicamente o que aconteceu (71%).
Muitas destas providências ajudam a prevenir uma cobertura excessiva pela mídia, dando segurança às partes interessadas de que a empresa atua com transparência e iniciativa, dentro do possível nas circunstâncias, de acordo com os organizadores da pesquisa.
A pesquisa revelou também que, a despeito de enormes diferenças nas práticas de negócios, culturas e estilos de trabalho, os dirigentes das companhias têm em comum uma perspectiva global sobre a recuperação da reputação.
Responder blogs
Uma instrumento de comunicação eletrônica, os blogs, que se transformaram numa verdadeira febre da web, não é visto pelos executivos como mecanismo adequado para falar da empresa. A pesquisa mostrou que a maioria dos executivos concorda que responder aos blogs após a crise não é um modo efetivo de iniciar o processo de recuperação, independente da região. "Isto não surpreende, pois a nossa pesquisa revela também que somente uma minoria das empresas acompanha as coberturas online sobre a sua reputação", afirmou Gaines-Ross.
kicker: Executivos não acreditam que manter o diretor geral escondido da mídia, após crise, ajuda a recuperar a reputação
kicker2: Apesar das diferenças de culturas e estilo, executivos têm uma mesma visão sobre a recuperação da reputação da empresa
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Lucia Rebouças)

11 novembro 2006

Destaques da Semana

1. Resultados das Empresas - problemas no Pão-de-Açúcar, lucro na Petrobrás. Começou uma temporada de divulgação dos resultados de diferentes empresas, incluindo as justificativas dos seus dirigentes. Tempo de diversão!

2. Agio dos bancos - o lucro dos bancos só não foi maior pelo tratamento dado ao ágio em diversos deles. A opção foi levar tudo ao resultado agora. Como as instituições financeiras não sabem até quando o ambiente será favorável, ao levar o ágio a resultado estão providenciando uma menor variação futura no lucro.

3. O alto spread cobrado pelos bancos brasileiros

4. O protesto da Vale do Rio Doce, que durante a campanha presidencial foi destaque por contrariar os defensores da estatização da economia, criticou o governo pelo câmbio e decidiu entrar com petição contra o mesmo governo.

5. Mercado acionário com prestígio