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27 outubro 2006

Enciclopédia do Verde

Um projeto independente criou uma enciclopédia do Verde, denominada de Encyclopedia of Earth. Trata-se de uma enciclopédia do tipo Wiki, onde existe a possibilidade de contribuição de diferentes autores. Mas ao contrário da Wikipedia, onde qualquer pessoa pode participar, nesta Enciclopedia a contribuição depende de um cadastro prévio.

A idéia é muito interessante e pode servir para aqueles que pesquisam em contabilidade ambiental. Consultei por exemplo o verbete Green accounting e o mesmo é bastante didático.

Mas já percebi que as vezes é difícil de entrar no endereço.

26 outubro 2006

100a. Dissertação

O mestrado multiinstitucional teve hoje a sua 100a. defesa de dissertação. Para uma ocasião tão especial nada mais justo que uma comissão avaliadora de renome: Prof. Sérgio de Iudícibus, Prof. Jorge Katsumi Niyama (coordenador do programa) e Prof. Paulo Roberto Barbosa Lustosa, orientador de Maria Celeste.

Após a defesa, uma mini-comemoração com os membros da comissão avaliadora, professores da UnB e coordenadores do programa.

Rir é o melhor remédio - 17



Fonte: Slate

EMI e fraude contábil

Uma detalhamento da notícia de ontem, sobre a fraude contábil descoberta na EMI do Brasil:


Gravadora EMI descobre fraude milionária em filial brasileira

Segundo auditoria interna, executivos inflaram as receitas em R$ 48 milhões; integrantes da diretoria foram afastados enquanto empresa investiga a responsabilidade pelo desvio

Jotabê Medeiros

A gravadora EMI, baseada na Inglaterra, anunciou ontem que identificou, em seus controles internos, uma fraude contábil que afeta o relatório de resultados das vendas de discos no Brasil. Segundo comunicado da companhia, a fraude resultou num valor superestimado de receitas de cerca de 12 milhões de libras (cerca de R$ 48 milhões) e inflou os lucros operacionais em 9 milhões de libras (aproximadamente R$ 36 milhões).

A fraude, segundo avaliação do grupo, vai se refletir nos resultados financeiros da companhia no primeiro semestre do ano. A divulgação dos dados fez com que as ações da companhia caíssem cerca de 8,8% na Bolsa de Londres (a empresa detém contratos com artistas de ponta na Europa, como a banda Coldplay, maior vendedora de discos do ano; o ex-beatle Paul McCartney; o produtor Moby e a cantora Joss Stone).

Na nota, o grupo EMI ainda anunciou que está conduzindo uma investigação para apurar responsabilidades e que suspendeu executivos da filial brasileira, mas não divulgou os nomes. O principal executivo brasileiro é Marcos Maynard, presidente da EMI Music Brazil. Procurado ontem pela reportagem, ele não foi encontrado. Sua assessoria disse que todas as informações seriam fornecidas pela EMI internacional.

No início da noite de ontem, fonte da companhia em Nova York informou ao Estado que é 'muito cedo' para avaliar o impacto dos fatos e das medidas que serão tomadas na rotina dos artistas que trabalham para a gravadora. Entre eles, estão alguns dos maiores vendedores de discos do País, como Marisa Monte. Segundo a fonte, todas as investigações serão internas e as medidas consistirão fundamentalmente no afastamento do pessoal envolvido.

Marcos Maynard tornou-se presidente da EMI Brasil em 2004. Antes, tinha trabalhado como principal executivo da Abril Music, da Polygram latina e brasileira e da Sony Music do México. Nessas companhias, trabalhou com artistas de todos os gêneros, como Titãs, Falamansa, Caetano Veloso, Chitãozinho e Xororó, Sandy e Júnior, Ivete Sangalo, Ricky Martin. Ele se reporta a Marco Bissi, presidente e CEO da EMI Music Latin America.

O mercado de música no Brasil está se retraindo progressivamente. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), nos primeiros seis meses do ano as vendas caíram 6,74% em valores totais (em 2005, a queda foi de 12%).

O grupo EMI é uma das três maiores companhias de música do mundo, operando em 50 países, representando 1,3 mil artistas no planeta e contando com cerca de 6,3 mil funcionários. No ano passado, teve receita de cerca de 2 bilhões de libras, gerando um lucro de cerca de 250 milhões de libras. Tem duas divisões - a EMI Music e a EMI Music Publishing.

Ultimamente, como todas as empresas do ramo, tenta desenvolver a venda de música digital, que, segundo declara, registrou um crescimento de 135% no biênio 2005-2006, uma receita de 112 milhões de libras.

Entre os catálogos que a EMI Music administra, estão os de algumas lendas do show biz, como os Beatles, os Rolling Stones e o Pink Floyd. Seu próximo grande lançamento internacional, previsto para o dia 20 de novembro, é Love, novo álbum com canções dos Beatles, o primeiro com som estéreo 5.1, além de DVD com som surround. A EMI também trabalha com diversos selos importantes, como Blue Note, Capitol, Capitol Nashville, EMI Classics, Parlophone e Virgin.

Vale comprou empresa sem ter informações sobre sua contabilidade

Veja que interessante a notícia do Estado de hoje: a Vale adquiriu a Inco sem ter acesso aos números contábeis. Isto pode significar algumas surpressas no futuro próximo:

Só agora Vale terá acesso aos números da Inco

Irany Tereza

Somente a partir de agora a Vale passará a conhecer em detalhes as operações comerciais e contábeis da Inco. São dados que as empresas guardam sob sigilo e que têm acesso liberado apenas mediante um acordo de confidencialidade, assinado durante uma negociação amigável de compra e venda. Como a direção da Vale não chegou a negociar a compra diretamente com a direção da Inco, entrou no processo contando só com as informações públicas.

'Nunca fizemos acordo de confidencialidade com a Inco. Tivemos as informações públicas, não as privilegiadas', revelou ao Estado o diretor-executivo de Participações e Desenvolvimento de Negócios da Vale, Murilo Ferreira. Ele não considera, no entanto, que este fato possa embutir um grande risco. 'A Inco é uma empresa tradicional, com 104 anos, de grande reputação no mercado.'

A operação de compra da Inco começou a ser desenhada em dezembro de 2005. A mineradora foi incluída numa lista mínima de empresas internacionais que poderiam servir à estratégia da Vale de diversificar a produção. 'A partir do ano passado, adotamos uma opção clara de transformação, mas o número de empresas que poderíamos ter como alvo se reduzia bastante. Existem alguns pré-requisitos, inclusive tecnológicos, e tínhamos poucos players no mundo capazes de atender a todos os pontos', comentou o executivo, esquivando-se de dizer quais ou quantas empresas foram analisadas.

Oito técnicos da Vale ficaram incumbidos de examinar em tempo integral a oportunidade. Em maio, a diretoria fez o que Ferreira classificou como 'primeira peneirada' nas propostas. Em 7 de junho, submeteram à apreciação dos acionistas a escolha da Inco. Em 10 de agosto, o conselho de administração aprovou a proposta, que foi anunciada no dia seguinte.

Mas, apesar do ritmo acelerado, a Vale chegava com atraso de meses a uma disputa já instalada entre a Teck Cominco e a Phelps Dodge pela Inco. 'Os recursos (minerais) no mundo estão cada vez mais escassos e a tecnologia de exploração é dispendiosa. Há poucas oportunidades.'

Ele lembra que as maiores incertezas do processo ocorreram durante a disputa com a Phelps e a Teck Cominco. 'Por mais que tivéssemos convicção, não tínhamos o benefício das informações que elas tinham', disse. 'Entramos com uma proposta não solicitada', completou, evitando o termo 'oferta hostil'.

O primeiro contato pessoal entre executivos da Vale e da Inco ocorreu, segundo ele, apenas depois de consumada a compra de 75,66% das ações. Agora, a Vale está empenhada em concretizar a compra integral. Depois, deverá entrar numa fase de calmaria. 'Nossa preocupação, a partir de agora, é tocar os projetos, tanto do grupo CVRD quando da Inco, com tranqüilidade', diz Ferreira.

25 outubro 2006

Postado hoje

Postado hoje (25/10):

Previsão

Estoques das montadoras

Morre Bulhões Pedreira

Gerdau nossa multinacional

Vale e Inco:

Operação Financeira

Cotação do Níquel

Problemas da Inco

O significado do Montante Pago

Efeito sobre o custo da dívida

Efeito no Rating

Querer mais

Vale e Inco 5 - Querer mais

Do Estadão de Hoje

Vale já garantiu o controle e agora quer comprar todas as ações da Inco

Mineradora fechou a compra de 75,6% da empresa por US$ 13,4 bi e estendeu a oferta pelos papéis até novembro

Cris Medeiros

O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, presidiu, na tarde de ontem, sua primeira reunião como novo patrão da mineradora canadense Inco. Na sede da Inco em Toronto, localizada numa torre envidraçada da King Street, a principal rua comercial da cidade, Agnelli liderou uma conferência telefônica, respondendo a questões dos funcionários da empresa.

Além dos executivos de Toronto, a conversa incluiu os dirigentes das operações canadenses - em Sudbury, no leste de Ontário, Thompson, na província de Manitoba, e Voisey's Bay, em Labrador - e das internacionais, na Indonésia e no País de Gales. Durante a conversa, que durou mais de uma hora, Agnelli confirmou que deve dissolver a atual diretoria, mas que não haverá demissões nem grande redução do número atual de cargos nos próximos três anos, como previsto no acordo de compra da empresa.

Agnelli chegou ontem mesmo a Toronto, depois que a Vale já havia fechado a compra de 75,6% das ações da Inco, uma operação de US$ 13,4 bilhões. A transação foi concluída à meia-noite de segunda-feira, quando expirava o prazo para que ao menos dois terços das ações fossem adquiridas. Durante todo o dia, os acionistas aceitaram a oferta da empresa por telefone ou e-mail.

Na maioria dos casos, os acionistas foram representados por corretores de valores ou seus conselheiros financeiros. Vários deles, no entanto, esperaram o fechamento do pregão da Bolsa de Toronto, na esperança de que uma valorização do dólar americano tornasse a oferta mais rentável. No final da tarde de segunda-feira, a Vale informou que prolongaria sua oferta de 86 dólares canadenses por ação até o dia 3 de novembro.

A Vale vai adotar uma estratégia agressiva para conquistar o controle integral da Inco. A empresa está disposta a desembolsar mais US$ 4,5 bilhões para atrair o restante dos acionistas que ainda não aderiram à oferta. Assim que a companhia brasileira assumir o controle de 85% das ações da Inco, o balanço comercial da mineradora deixará de ser submetido às autoridades fiscais do Canadá e dos EUA como empresa nacional, passando a ser catalogada como empresa de capital estrangeiro.

O interesse da mineradora brasileira é transformar a produtora de níquel em uma subsidiária integral do grupo, a exemplo do que já ocorreu com outras aquisições, como a Caemi, no Brasil. Em nota, a Vale informou ainda que pretende fechar o capital da empresa nas bolsas de valores de Toronto e de Nova York. A Inco é a segunda mineradora canadense de níquel arrematada pela companhia brasileira. Em dezembro de 2005, o grupo comprou a Canico, dona da mina de Onça Puma, no Pará.

RANKING

Após a conclusão da compra da Inco, a Vale sobe duas posições no ranking das mineradoras mundiais, ficando atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. Desde 2000, a empresa brasileira vem investindo pesado para consolidar sua participação no segmento de minério de ferro e diversificar sua atuação no mercado de metais.

Entre 2000 e 2002, o grupo comprou a Socoimex, Samitri, Samarco, Ferteco, o projeto de Sossego, parte da Caemi, Salobo e Alunorte. A partir de 2003, a companhia começou a diversificar suas atividades e a olhar mais para o exterior. A primeira aquisição foi uma empresa de ferro-ligas na Noruega chamada Rana. Depois, comprou a empresa de níquel canadense Canico e agora outra canadense, a Inco. Nesse meio tempo, ainda aumentou sua participação na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e na Valesul.

A analista Cristiane Viana, da Ágora, não acredita em aquisições de peso pela Vale nos próximos dois anos. 'Nesse período, a Vale vai ter de digerir a compra da Inco', disse. 'Se houver alguma compra, não será desse porte.' A corretora reiterou a recomendação de compra dos papéis da mineradora brasileira após a conclusão da oferta pela companhia canadense Inco.

ANÚNCIO

Nesta quarta-feira, Roger Agnelli e o atual presidente da Inco, Scott Hand, farão juntos o anúncio oficial da aquisição da mineradora canadense. O anúncio será feito no salão nobre do Le Royal Meridien King Edward, um dos hotéis cinco estrelas de Toronto, que fica na mesma rua da sede da Inco.

Agnelli e sua comitiva, que inclui o diretor-executivo de finanças, Fabio Barbosa, e o diretor-executivo de assuntos corporativos, Tito Martins, estão hospedados no hotel.

COLABOROU MÔNICA CIARELLI

Vale e Inco 4 - Efeitos na classificação

Os efeitos da operação:

a) cotação da ação subiu. Mas no dia de ontem. É necessário verificar a cotação de médio prazo;
b) a classificação de risco da empresa ficou prejudicada. Isto aumenta o custo do capital para a empresa, contrariando inclusive a reportagem anterior

Ações sobem 4,6%, mas nota de risco da Vale piora

Os investidores vibraram ontem com a conclusão da operação de compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce. As ações da empresa lideraram a alta ontem no Índice Bovespa (Ibovespa). As ações ordinárias da Vale subiram 4,63% e as preferenciais, 3,34%.

Mas o dia não foi totalmente de festa ontem para a Vale. Apesar do entusiasmo do mercado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito corporativo da Vale de BBB+ para BBB por causa do aumento da dívida para fechar a operação.

Já a Fitch Ratings rebaixou a classificação em moeda local da empresa. O Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor para a Vale caiu um grau: passou de BBB para BBB-. Essa decisão, porém, ainda não afeta a condição de 'grau de investimento' da companhia.

Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch, disse que a decisão foi tomada devido à conclusão da operação da Inco. Segundo Guedes, a súbita elevação do endividamento da companhia altera as condições do balanço da mineradora.

A principal mudança, diz Guedes, é a relação entre a dívida e a geração de caixa (Ebitda) da Vale. Sem a Inco, a relação da Vale era inferior a uma vez, ou seja, a empresa gerava recursos em apenas um ano mais do que suficientes para pagar suas dívidas, uma situação muito confortável. 'Agora, essa relação passa a ser três vezes', explica. Embora tenha havido mudança na nota para títulos em moeda local, a Fitch Rating não alterou a avaliação em moeda estrangeira, que continua BBB-.

Vale e Inco 3 - Efeito no custo do capital de terceiros

A reportagem (Estadão de hoje) a seguir informa que o negócio irá trazer benefício para o custo do capital de terceiros pois a Vale seria agora uma empresa internacional. Temos que analisar isto com cuidado pois uma aquisição geralmente aumenta o risco da empresa. Além disto, o mercado acionário geralmente não gosta de empresas compradoras de outras, punindo com a queda na cotação das ações destas empresas.


Com Inco, Vale alcança juros de 1º mundo

Operação abre caminho para que mineradora reduza taxas e tenha custo de financiamento igual ao dos rivais

Agnaldo Brito

Os gastos da Vale do Rio Doce com novos empréstimos no mercado financeiro internacional, o chamado custo de capital de terceiros, devem agora chegar muito próximos aos dos concorrentes diretos da mineradora brasileira, a BHP Billiton, a maior do mundo, e a Rio Tinto (a terceira). A compra de 75,66% do capital da Inco em dinheiro vivo significa mais que a transformação da Vale em segunda mineradora do mundo: é o passaporte para a companhia alcançar níveis de juros só cobrados nos países ricos.

A diversificação geográfica e de produtos reduzirá a expectativa de risco dos investidores em relação à Vale. Hoje, ao se deparar com um papel emitido pela companhia brasileira, o investidor cobra o dobro dos juros que exige para um título emitido pela BHP Billiton. Levantamento feito a pedido do Estado pelo banco de investimentos WestLB mostra o quanto a Vale deve economizar com seus empréstimos no exterior.

A Vale lançou recentemente um título no mercado internacional (bond) de dez anos, com vencimento em 2016. A BHP também lançou um papel em condições semelhantes. Os investidores do chamado mercado secundário de títulos compraram os dois papéis, mas cobraram da Vale 6,25% ao ano, enquanto exigiram da BHP 5,60%.

A mineradora brasileira pagou 1,51 ponto porcentual a mais do que os juros dos títulos do Tesouro americano (a referência nestas operações), enquanto a BHP pagou a metade, 0,73 ponto porcentual. 'A diferença decorre do fato de a Vale ser uma companhia com os pés somente no Brasil. Neste custo de capital mais elevado está embutido o risco país. Com a Inco, a Vale provavelmente chegará muito mais perto da BHP e de outras concorrentes no mundo', explica Claudio Pitchon, diretor responsável por mineração e siderurgia do West LB na América Latina.

Parece uma diferença irrisória, sobretudo no Brasil, onde as empresas pagam juros de 30%, 40% ao ano, ou os consumidores que entram no financiamento rotativo do cartão de crédito são punidos com taxas de 7% a 10% ao mês, ou mais de 100% ao ano. Mas, para operações milionárias (as vezes bilionárias), essa diferença no custo de capital pesa, e muito. Nesta diferença entre os títulos da Vale e BHP, numa operação de US$ 500 milhões, a companhia brasileira pagaria US$ 3,5 milhões acima do que a BHP pagaria ao ano aos investidores.

Custo de capital neste negócio é um fator de competitividade tão importante quanto a eficiência na gestão. 'O fato de ter quase toda a operação no Brasil se torna um grande peso para a Vale. Neste caso, a empresa pode até ser muito competitiva na operação, mas o fato de outras companhias terem maior presença lá fora, garantem a elas custo de capital inferior', diz Pitchon. Por isso, a compra da Inco é um lance tão importante.

GRAU DE INVESTIMENTO

Há um pequeno percalço na aquisição da Inco. A Vale terá reduzida as notas nas agências de classificação de risco. O motivo é o elevado endividamento necessário para a realização do negócio. Entretanto, a Vale não deverá perder a condição de 'grau de investimento', um seleto grupo que paga juros mais baixos. Nem o Tesouro brasileiro alcançou esta condição ainda. Aliás, os investidores que compram papéis da Vale cobram menos do que exigem do Brasil. Um título da Vale com vencimento em 2013 paga 5,7%% ao ano, enquanto o Brasil paga 5,96%.

A entrada da Vale neste seleto grupo mundial de crédito não se deu em pouco tempo. Em 2003, a companhia fez a emissão de papéis com vencimento em 2013. Pagava então 8,43% de juros ao ano. Neste ano, o mesmo papel tem juros menores, 6%. 'Não é pouca coisa, significa economia de US$ 2,43 milhões numa operação de US$ 100 milhões', diz Pitchon.

Vale e Inco 3 - O que significa este valor

O leitor dos jornais necessitam de uma referência para o preço pago pela Vale. O Estadão de hoje fez a seguinte comparação: com este dinheiro a Vale poderia comprar a Gerdau e a VCP. Ou a CSN e a Telemar. Como é feito este cálculo? Toma-se o valor de mercado destas empresas somadas para fazer a comparação. Só que esta comparação é um pouco tosca pois em negócios de aquisição sempre existe a figura do ágio pago sobre o valor de mercado.

De igual modo, a reportagem afirma que a empresa saltará postos na lista dos maiores faturamento. Também é uma conclusão premeditada pelo menos por uma questão lógica: processos de aquisição geralmente levam a enxugamentos em linhas de negócios onde existe duplicidade (e sempre existirá um pouco de duplicidade).

Dinheiro daria para levar VCP e Gerdau

Com compra da Inco, Vale salta 28 postos na lista das maiores receitas

Alberto Komatsu

Os US$ 13,4 bilhões que a Vale do Rio Doce vai desembolsar por 75,66% das ações da canadense Inco dariam para comprar, de uma só tacada, a siderúrgica Gerdau e a Votorantim Celulose e Papel (VCP). O investimento também equivale aos valores de mercado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) junto com a Telemar Norte Leste, segundo cálculo da consultoria financeira Economática.

Com o negócio, a Vale passou da 102ª posição para o 74º lugar no ranking dos maiores faturamentos de companhias abertas dos Estados Unidos e da América Latina. Ou seja, o negócio representa um salto de 28 colocações na lista das maiores empresas.

A Economática usou o faturamento em dólares como critério na elaboração do ranking, no período de 12 meses acumulados até junho deste ano. Por essa base de comparação, a Vale tem faturamento de US$ 16,4 bilhões. Com os US$ 4,6 bilhões da Inco, são US$ 21 bilhões de receita conjunta. A empresa brasileira melhor colocada nesse levantamento é a Petrobrás, que está na 15ª posição, com US$ 68,47 bilhões.

Com o faturamento conjunto com a Inco, a mineradora brasileira ultrapassou a receita mundial da Coca-Cola (US$ 19,18 bilhões) e da Goodyear (US$ 19,96 bilhões). Ficou apenas uma posição atrás da rede de fast food McDonald's (US$ 21,23 bilhões). A Vale também 'roubou' a colocação da Bellsouth, empresa americana de telecomunicações, que registrou vendas de US$ 20,69 bilhões.

VALORIZAÇÃO

'Embora a cotação do dólar em relação ao real tenha registrado queda, a receita da Vale ficou positiva por causa da alta do preço do minério de ferro no mercado mundial', afirma Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática. Ele também destaca que a ação mais negociada da Vale (PNA), que não dá direito a voto, 'foi umas das poucas' que registraram valorização acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) de 2001 a 2005.

O maior valor de compra de uma empresa já oferecido em todos os tempos por corporações na América Latina também daria para comprar a siderúrgica Usiminas mais a fabricante de cosméticos Natura. Ou, então, as companhias aéreas TAM e Gol, juntamente com a locadora de carros Localiza. No setor de energia elétrica, o investimento poderia ser usado para a aquisição de duas distribuidoras: a mineira Cemig e a paulista CPFL. Outro trio que poderia ser adquirido com esse dinheiro é composto por Banespa, Sabesp e Grupo Pão de Açúcar.

Vale e Inco 2 - Problemas da Inco

Continuando a série de reportagens sobre o negócio da Vale com a Inco, o texto a seguir - do Estado de hoje - lista alguns problemas da Inco. Destaca o texto o grau de conhecimento técnico da empresa juntamente com a má qualidade dos gestores. Além disto, parece que o peso trabalhista pode ser um problema, juntamente com as questões ambientais.

Uma empresa que já foi odiada pelos canadenses

Com a Inco, Vale incorpora os melhores técnicos de níquel do mundo e também muitos problemas com comunidades locais na mina de Goro

Mariana Barbosa

Ao adquirir a Inco, a Vale incorpora a seus quadros os melhores engenheiros e técnicos do mundo na área de níquel. Já os administradores da mineradora canadense não são lá muito conceituados. A avaliação é do analista em mineração da corretora canadense Salman Partners, Raymond Goldie, autor de um livro sobre a Inco. 'Os executivos estão mais disciplinados e já não cometem tantos erros estúpidos como no passado quando, por exemplo, entraram no mercado de baterias e perderam muito dinheiro', avalia Goldie, que não conseguia esconder sua tristeza.

Como a Inco não será mais negociada na bolsa de Toronto, Goldie deixará de acompanhar a mineradora - fato que faz parte de sua rotina há mais de 20 anos. 'O mercado financeiro e os advogados canadenses estão de luto', disse.

Goldie lembra que há duas décadas a Inco era odiada pelos canadenses. 'As pessoas pichavam 'Eu odeio a Inco' nos muros'. Hoje, porém, a imagem da empresa está bem melhor. 'Existem três vezes mais aposentados do que pessoas empregadas em Sudbury (sede da Inco, 400 km ao norte de Toronto). São os impostos da Inco que pagam as pensões', diz o analista financeiro.

Goldie alerta ainda que a Vale herdará uma companhia que possui um histórico 'bastante complicado' de relações com comunidades locais, meio ambiente e trabalhadores. Esses problemas, explica, têm provocado atrasos de vários anos nos cronogramas de implantação de importantes projetos de mineração. A mina de Labrador, no Canadá, por exemplo, adquirida em 1996, deveria ter iniciado produção em 1998, mas atrasou sete anos. 'A produção começou apenas no ano passado, pois a empresa subestimou os problemas que iria enfrentar com as comunidades locais.'

O mesmo, avalia, está acontecendo na mina de Goro, em Nova Caledônia, maior projeto de níquel em fase de implantação do mundo, com capacidade de extração de 55 mil toneladas a 60 mil toneladas ano. 'A relação com comunidades locais, trabalhadores e ambientalistas está muito ruim e, para ter sucesso, a Vale terá de reconstruir esse diálogo', diz. Ele lembra ainda que a mina está localizada em um território francês no Pacífico, onde a legislação trabalhista restringe a jornada nas minas a 35 horas semanais. 'Os trabalhadores franceses vêem com bastante suspeita a cultura trabalhista anglo-saxônica.' Além de constantes protestos e paralisações de trabalhadores, a Vale terá de enfrentar a resistência de ambientalistas da Austrália e da Nova Zelândia e dos nativos do grupo Rheebu Nuu, que se opõem ao projeto e querem ver a Inco fora do território.'

A previsão da Inco é de começar a extrair níquel de Goro já no início de 2008. No entanto, devido a esses conflitos, analistas como Ray Goldie já falam em um início de produção apenas em 2009. Se o atraso realmente acontecer, o preço do níquel deverá permanecer no atual patamar - o maior em 19 anos. 'O que não é de todo ruim para a Vale', diz Goldie.

FUSÕES E AQUISIÇÕES

A atual movimentação de fusões e aquisições no setor de mineração nada mais é do que um reflexo dos altos custos socioambientais da implementação de novos projetos, avalia Sophie Spartalis, da consultoria australiana Macquarie Research. 'Os produtores se saem melhor adquirindo ativos e tecnologias do que se comprometendo com um projeto novo, com todos os custos ambientais envolvidos', diz a analista, em relatório distribuído a clientes. Com a aquisição da Inco, a Vale irá justamente acelerar seu processo de diversificação. 'Com a Inco, a Vale se transformará no maior produtor global de níquel, evitando os custos envolvidos em uma estratégia de crescimento orgânico, diferentemente do que foi feito na área de cobre. Na avaliação dela, a experiência da Inco poderá complementar e contribuir para acelerar o desenvolvimento das reservas de níquel da Vale no Pará, os projetos Vermelho e Onça Puma.

Vale e Inco - 1 - Cotação de Níquel

A viabilidade da aquisição da Inco está relacionada ao comportamento futuro do principal produto da empresa, o níquel. A reportagem a seguir, do Estadão de hoje, informa que o níquel deve ter uma alta de 50%. Entretanto, existe aqui um engano. O que é interessante saber é se a cotação continuará em alta em 2007 pois o aumento de 2006 provavelmente não trará nenhum benefício para Vale. Caso a cotação continue no mesmo patamar de 2006 a aposta da Vale foi errada.


Cotação do níquel deve fechar 2006 com alta de 50%

Produto é usado na siderurgia para a fabricação do aço inoxidável

Nilson Brandão Junior

A cotação média do níquel deverá fechar o ano quase 50% acima da cotação do ano passado, conforme estimativas do Standard Bank. A demanda está aquecida principalmente por causa da demanda da siderurgia, que usa o produto para fabricar aço inox. Apenas a China consome 17% de todo o níquel produzido no mundo e a demanda deverá continuar forte pelo menos nos próximos dois anos, estima o analista Luiz Manreva. A canadense Inco, agora da Vale, é a segunda maior produtora mundial do produto.

A avaliação é de que o momento é favorável para as commodities metálicas. Manreva explica que, de forma geral, estas commodities tiveram um cenário positivo este ano. Os principais motivos são a forte demanda, problemas localizados de oferta, principalmente no caso do cobre, e uma grande liquidez internacional de recursos, usados em investimentos em commodities. No ano passado, a cotação média do níquel foi de US$ 14,735 mil por tonelada, e deverá fechar este ano em US$ 21,8 mil, conforme as estimativas do banco.

As mesmas projeções indicam que a cotação média do alumínio deverá fechar o ano 30% acima do valor do ano passado, do cobre 83% e do zinco, 127%. No caso do cobre, além da demanda favorável, greves por reajustes nas principais minas do Chile, grande fornecedor do produto, afetaram os preços.

Quase dois terços do níquel produzido no mundo seguem para o setor siderúrgico, para a produção de aço inox. O níquel é resistente à corrosão e funciona como um elemento de liga na fabricação do aço inox.

As indústrias de infra-estrutura e de base da China são grandes compradoras de níquel. Da produção total de 1,419 milhão de toneladas no ano passado, o país asiático comprou 251 mil toneladas e os Estados Unidos, 148 mil. Segundo um analista financeiro, a demanda chinesa tende, contudo, a reduzir um pouco no ano que vem, caso se confirme uma leve desaceleração do crescimento da economia do país, de perto de 11% este ano para um patamar próximo dos 9%.

Nesse cenário, poderia haver um 'pequeno' reajuste de preços para baixo. 'Não quer dizer que seja ruim. Existe hoje uma demanda muito maior do que o atendimento, o que causa preços maiores', afirmou o analista. Como a Vale, principal mineradora do País, não atuava ainda fortemente no níquel, o acompanhamento de preços do produto não é comum entre os analistas. Com o avanço da empresa brasileira no níquel e no cobre, os produtos passarão a ser acompanhados mais de perto pelo mercado.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a acompanhar há dois meses, em separado, a variação de preços do níquel e do manganês, que tiveram pouca variação nas duas primeiras coletas de preço no mercado interno. Dos três minérios que a fundação acompanha, a maior variação no atacado foi do cobre (66,16%) este ano, seguido do minério de ferro (5,39%) e do alumínio (4,38%).

Operação Financeira na compra da Inco

A aquisição da Inco mostrou a necessidade da Vale realizar uma operação para levantar recursos. Segundo a reportagem a seguir, do Estadão de hoje, a operação pode significar uma abertura de portas para outras empresas brasileiras.


Operação financeira da Vale bate recorde global

Com o maior empréstimo sindicalizado da história de países emergentes, a Vale abre caminho para empresas brasileiras no mercado internacional

A compra da Vale pela Inco deve abrir caminho para outras empresas brasileiras no exterior. Na avaliação de João Roberto Teixeira, vice-presidente do Atacado do banco ABN Amro Real, a operação é um 'marco histórico'. O ABN Amro Real foi um dos quatro bancos,_ além do Santander, do CSFB e do UBS,_ que montaram a operação financeira para viabilizar a oferta da Vale.

No passado, diz Teixeira, quem abria mercado no exterior era o Tesouro Nacional, com a venda de títulos no exterior. As condições obtidas pelo Tesouro, principalmente a taxa de juros e o prazo de pagamento da dívida, serviam como referência para as operações das empresas brasileiras. Agora, a Vale foi além e abriu mercado para outras companhias nacionais.

'O ponto mais importante dessa operação é que não foi apenas um bom negócio para a Vale, foi para o País também', disse o vice-presidente do ABN Amro Real. 'Não tenho a menor dúvida que empresas brasileiras com bom histórico e que demonstrem competência terão boa receptividade no mercado internacional.'

UMA SEMANA

Os quatro bancos deram à Vale a garantia de que a empresa teria os US$ 18 bilhões necessários para fazer sua oferta em dinheiro pela Inco. O próprio ABN Amro levou apenas uma semana para aprovar a linha de crédito para participar da operação, no valor de aproximadamente US$ 4,5 bilhões. 'Acreditamos na operação desde o início', diz o executivo.

Num segundo momento, os quatro bancos líderes da operação ofereceram a participação no financiamento para outras instituições no mercado internacional. Ao final, 34 bancos se candidataram a entrar com recursos no financiamento do negócio e colocaram à disposição da mineradora brasileira US$ 34 bilhões para fechar negócio.

'Foi impressionante a diversidade geográfica dos grupos que quiseram participar do empréstimo sindicalizado', diz Teixeira. 'Não participaram apenas grupos que atuam no Brasil.'

Segundo Teixeira, a operação demonstra que a imagem da Vale hoje está dissociada dos limites tradicionais dos países emergentes. 'Essa é a maior operação de empréstimo sindicalizado já feita em um país emergente e a quinta maior operação sindicalizada global', diz. 'É a prova de que a Vale entrou no mundo de grandes empresas globalizadas.'

Gerdau, a nossa maior multinacional

Diante da notícia da aquisição da empresa canadense Inco por parte da Vale cresce o interesse pelas multinacionais brasileiras. A Gerdau é um dos destaques nesta lista, que inclui a Petrobrás, Odebrecht, Marcopolo, entre outras.

O caminho para o exterior é importante para expansão de uma empresa quando o mercado doméstico está estagnado.

Veja a reportagem completa do Estadão a seguir:

Gerdau lidera ranking de empresas mais internacionalizadas do País
Empresa sai na frente porque tem boa parte da operação no exterior, segundo a Fundação Dom Cabral

Patrícia Cançado

Enquanto a Vale do Rio Doce anunciava a compra da Inco no Canadá, a Gerdau estudava oportunidades na China e no Leste Europeu. Pouco tempo antes, a Natura inaugurava um laboratório na França e a Sadia iniciava a construção de uma fábrica na Rússia. As empresas brasileiras mudaram, definitivamente, de patamar no tabuleiro global. Elas deixaram de ser apenas exportadoras para fincar raízes no exterior.

O nível de internacionalização das empresas levou a Fundação Dom Cabral a elaborar o primeiro ranking sobre o assunto. Entre as 24 companhias que participaram do levantamento, a Gerdau aparece em primeiro lugar, seguida pela Construtora Odebrecht, Vale, Petrobrás e Marcopolo, nessa ordem.

'O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas fez um enorme progresso a partir dos anos 90', diz o coordenador do ranking da Dom Cabral, Álvaro Cyrino. 'Algumas empresas estão encarando a internacionalização como estratégia principal de crescimento.'

A Gerdau foi uma das primeiras empresas a se aventurar no exterior, ainda nos anos 80. Listada na bolsa de valores de Nova York desde 1999, já investiu mais de US$ 1,7 bilhão em aquisições no exterior. A maior parte das suas usinas hoje está fora do País. No primeiro semestre, 60% do faturamento veio da atuação internacional.

O avanço da Vale certamente vai alterar a pontuação da companhia no ranking, mas provavelmente não deve tirar o posto da Gerdau. Apesar de ter uma operação maior que a da Gerdau, a Vale ainda tem boa parte dos seus ativos e do faturamento ligado ao Brasil.

A Fundação Dom Cabral levou em conta sete critérios para elaborar o ranking. O primeiro - o percentual de receita com vendas externas - indica o estágio mais básico de internacionalização de uma empresa.

Ter um alto percentual de vendas no exterior, no entanto, não é suficiente. A empresa também precisa ter ativos no exterior. E essa foi uma das grandes evoluções dos últimos tempos. 'Hoje há empresas com quase metade dos ativos lá fora, um sinal de amadurecimento', diz Cyrino. 'Se a empresa só exporta, pode abandonar o mercado quando as coisas não vão bem.'

Nesse quesito, a Marcopolo foi destaque. Segundo Cyrino, ela tem 46% dos seus ativos fora do País. A sua última investida foi na Índia, com uma joint venture com a Tata Motors. Ela também tem fábricas de ônibus no México, Colômbia, Portugal, África do Sul e Rússia.

Uma empresa que só vende no exterior é muito diferente daquela que dá assistência técnica, faz marketing, fabrica, compra de fornecedores ou investe em pesquisa lá fora. Quanto mais atividades na cadeia de valor, mais inserida a empresa está no contexto internacional. Esse foi o ponto onde mais companhias ganharam nota máxima.

O tempo de atividade e o percentual de funcionários no exterior são outros sinais de globalização. No critério recursos humanos, as notas foram baixas de forma geral. A Gerdau teve a melhor avaliação, pois já tem cerca de 40% da sua força de trabalho fora do Brasil.

Na avaliação de Cyrino, as brasileiras também estão atrasadas no quesito dispersão geográfica e governança corporativa (número de mercados de ações onde a companhia está listada). 'Elas ainda estão muito concentradas na América Latina', diz o professor.

A Sabó, fabricante de autopeças, se destacou nesse ponto. A empresa tem fábricas na Argentina, Alemanha, Áustria e Hungria, além de uma em construção nos EUA . Em fevereiro de 2007, vai abrir um escritório no Japão. A China também faz parte dos planos. 'A Sabó se move dessa maneira porque o próprio setor automotivo exige', diz Antonio Carlos de Souza, diretor-geral da Sabó.

INDÚSTRIA

As empresas mais bem posicionadas no ranking são majoritariamente de base industrial. Esse resultado já era esperado, pois é típico de países jovens. Para Cyrino, o grande desafio será aumentar o nível de internacionalização de empresas de bens de consumo. 'Embraer, Sadia, Natura e Alpargatas já deram um passo nesse sentido', diz Cyrino.

A Sadia vende no exterior com o nome próprio e com as marcas Hilal, Corcovado, Sahtein e Rezende. 'A construção de marca no exterior depende de continuidade e permanência. A marca não pode desaparecer de tempos em tempos', diz José Augusto de Sá, diretor de mercado externo da Sadia. 'A empresa também tem de conhecer a cultura e os costumes dos países e se adaptar a eles.'

Morre um dos idealizadores da Lei 6404

Criador da Lei das S.A. morre aos 82 anos

Bulhões Pedreira foi um dos idealizadores da legislação societária do País

Mônica Ciarelli

Um dos idealizadores da Lei das Sociedades Anônimas, o advogado José Luiz Bulhões Pedreira, morreu ontem de câncer, aos 82 anos. O corpo do jurista foi enterrado no mesmo dia, às 16 horas, na capela 6 do cemitério São João Batista, na zona sul do Rio.

Jurista renomado, trabalhou com o professor de Direito Alfredo Lamy Filho na elaboração das regras que balizam o mercado de capitais brasileiro. Considerada inovadora para 1976, a lei deu respaldo à criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza e desenvolve o setor.

'Ele contribuiu muito para o Direito Comercial brasileiro e vai fazer uma falta grande. Deixou uma marca muito importante no Direito do País', comentou o ex-presidente da CVM Francisco da Costa e Silva.

Segundo Costa e Silva, a modernização da estrutura jurídica brasileira, principalmente na área de mercado de capitais, veio com o projeto da Lei das S.A. e da legislação que criou a própria CVM, ambas em 1976.

Na prática, o Banco Central (BC) era, até então, o responsável pela fiscalização do setor, ainda que seu papel principal fosse de autoridade monetária do País.

A necessidade da modernização da legislação veio à tona com a crise da bolsa brasileira de 1971. Houve um consenso, à época, da necessidade de avançar na regulação do mercado de capitais. Na época, o ministro da Fazenda era o economista Mario Henrique Simonsen, considerado um 'apaixonado pelo tema', diz Costa e Silva.

O escritório Bulhões Pedreira, Bulhões Carvalho, Piva, Rosman & Souza Leão é um dos mais ativos na área do Direito societário e tem entre seus quadros o ex-presidente da CVM José Carlos Piva.


Fonte: Estado de S. Paulo, 25/10/2006

Estoques das montadoras

Reportagem do Wall Street fala sobre o problema dos estoques das montadoras.

Estoque em concessionárias pode ser problema maior do que Detroit admite
October 25, 2006 4:05 a.m.

Por Neal E. Boudette
The Wall Street Journal

Os estoques de veículos que as três grandes montadoras americanas estão acumulando nos pátios de suas concessionárias podem ser um problema maior do que os números das empresas indicam, dizem algumas pessoas no setor, e podem causar a elas mais dano financeiro em 2007.

A General Motors Corp., a Ford Motor Co. e a Chrysler Group, esta controlada pela alemã DaimlerChrysler AG, cortaram produção no terceiro e quarto trimestres na esperança de entrar no próximo ano com baixos estoques, o que as ajudaria a firmar os preços, e seus veículos a manter o valor.

Mas algumas pessoas na indústria automobilística acreditam que o método de Detroit para calcular os estoques resulta num quadro exageradamente favorável, porque agrega veículos vendidos a operadoras de frotas, como empresas de aluguel de carros. Uma melhor contagem envolveria apenas carros e caminhões que estão nos pátios das concessionárias, diz Michael J. Jackson, a maior rede de concessionárias de automóveis dos Estados Unidos, e uma grande varejista de marcas de Detroit como Ford, Chevrolet, Jeep e Chrysler.

"Se você simplesmente olhar o (número de) veículos que estão sendo vendidos para os clientes de verdade nas concessionárias, o que é um indicador real da demanda do consumidor, os estoques delas estão muito maiores do que deviam", disse Jackson.

As montadoras de Detroit geralmente reconhecem ter estoques maiores que os de rivais como a Toyota Motor Corp. Mas cortá-los pode ser mais difícil no próximo ano, porque muitos analistas prevêem que as vendas de veículos nos EUA vão declinar em conseqüência de um enfraquecimento do mercado imobiliário e uma desaceleração da economia. Ronald Tadross, um analista do Bank of America, disse esperar que as três grandes de Detroit reduzam a produção novamente no primeiro semestre do ano, em 8%.

Porta-vozes da Ford e da Chrysler disseram que suas empresas esperam que os atuais cortes de produção reduzam os estoques a níveis aceitáveis até o fim do ano. O porta-voz da Ford disse que é possível que a produção da montadora seja em alguns trimestres de 2007 menor que os níveis deste ano, por causa do desaquecimento da economia. Um porta-voz da GM disse que a empresa ainda não concluiu seus planos de produção para o primeiro trimestre .

Mas a Ford defendeu o padrão da indústria para calcular o estoque. A medida que Jackson sugeriu não leva em conta veículos que continuam no pátio das concessionárias, mesmo que estejam lá há meses, distorcendo a média porque alguns modelos vendem mais rápido, disse o analista-chefe de vendas da Ford, George Pipas.
[inventory]

A GM deve divulgar hoje um lucro trimestral, ante um gigantesco prejuízo no terceiro trimestre de 2005. A Chrysler previu um prejuízo operacional de US$ 1,5 bilhão, embora sua controladora DaimlerChrysler deva continuar lucrativa. A Ford divulgou um prejuízo de US$ 5,8 bilhões na segunda-feira e disse que o quarto trimestre será ainda mais fraco, mas a GM e a Chrysler vêm prevendo que o pior ficará logo para trás.

As montadoras registram receita dos veículos que produzem, não das vendas nos pátios das concessionárias. Mas altos estoques podem deixar os concessionários relutantes em aceitar mais veículos, forçando as montadoras a desacelerar a produção.

Há décadas que Detroit calcula seu estoque tomando a média de veículos que vende a cada dia e dividindo-a pelo estoque total. Isso resulta no número de dias que levaria para vender todo o estoque. Cerca de 60 a 65 dias de estoque é considerado normal.

No fim de setembro, a GM, por exemplo, tinha 76 dias de estoque, segundo a firma de pesquisa de mercado Autodata. Mas contando os carros no pátio da concessionária, os veículos da GM vendidos em setembro ficaram no pátio 88 dias antes de serem vendidos, um número monitorado pela Edmunds.com, um site de venda de carros.

Previsão

Em nota colocada no passado, falava da dificuldade de fazer previsão em cinema. Sai agora uma reportagem na revista New Yorker comentando da possibilidade de construir uma máquina para prever filmes.

Já existe um software capaz de prever um sucesso musical (Clique aqui para ler). A tentativa é criar algo capaz de chegar a um bom resultado com roteiros de filmes. Clique aqui para ler o artigo da New Yorker

Fraude na Gravadora

Notícia do sítio do Cláudio Humberto:

Fraude na gravadora EMI do Brasil
O grupo EMI, a terceira maior gravadora do mundo, anunciou hoje que uma fraude encoberta na empresa no Brasil elevou erroneamente os lucros e a receita da multinacional, informam jornais ingleses. A receita, diz a EMI em nota oficial, foi superestimada em cerca de 12 milhões de libras, aproximadamente US$ 22,5 milhões, e os lucros operacionais, em 9 milhões de libras – cerca de US$ 17 milhões. As ações despencaram 11%, após a notícia. O grupo EMI anunciou uma "ampla investigação" na EMI brasileira e intervenção na gerência da empresa, que tem no catálogo Simone, Ivan Lins e Rita Lee, entre outros cantores.

Leituras...

Dois dias sem acessar o Reader e tenho muitas notícias para ler. Só no Seeking Alpha são mais de cem. No Blogging Stocks são 89.

23 outubro 2006

Ford tem prejuízo de US$5,8 bilhões no 3o trimestre

DETROIT, Estados Unidos (Reuters) - A Ford Motor anunciou nesta segunda-feira prejuízo líquido de 5,8 bilhões de dólares no terceiro trimestre com queda nas vendas de seus lucrativos caminhões, despesas por demissões de empregados e baixa contábil do valor de algumas instalações antes do fechamento de fábricas.

A Ford também informou que vai republicar seus resultados financeiros de 2001 até o segundo trimestre de 2006, citando mudança contábil em derivativos de taxa de juros, usados como hedge de sua dívida de longo prazo.

A Ford, que está fechando 16 plantas e cortando até 45 mil empregos na América do Norte, registrou perda líquida de 3,08 dólares por ação, contra prejuízo de 248 milhões de dólares, ou 0,15 dólares por ação, no ano anterior.

O prejuízo de operações contínuas no terceiro trimestre foi de 0,62 dólar por ação, cumprindo expectativas de analistas consultados pela Reuters.

A montadora assumiu encargos antes de impostos de 861 milhões de dólares por cortes de empregos relacionados a fechamento de fábricas na América do Norte, 259 milhões de dólares por programas de redução global de pessoal em outras unidades e 437 milhões de dólares em pagamento de aposentadorias antecipadas.

A Ford também assumiu encargos antes de impostos de 2,2 bilhões de dólares para fazer baixa contábil do valor de ativos norte-americanos e de 1,6 bilhão de dólares por diminuição de capacidade dos ativos da Jaguar e Land Rover.

A empresa teve faturamento de 36,7 bilhões de dólares no terceiro trimestre, queda de 4,1 bilhões de dólares ante o mesmo período do ano passado.

fonte: Reuters

Enviado por Pedro Duarte (grato)