06 abril 2019
Renda Fixa x Variável: o caso do Brasil
A teoria financeira prega que, se há mais risco, o retorno de um investimento é maior, mas a renda fixa, com riscos bem menores, resultou em ganhos maiores do que o Ibovespa no longo prazo.
Uma crença bastante arraigada entre muitos gestores e analistas é que a renda variável gera ganhos maiores do que a renda fixa no longo prazo. Isto é, a cotação das ações pode oscilar, mas sempre vale mais a pena o investimento mais arriscado nos horizontes mais longos. Isso porque, em teoria, ao assumir riscos maiores, investidores exigem retornos maiores. No longo prazo, o retorno maior se realizaria, compensando o risco incorrido.
Há lógica nesse raciocínio, válido para todas as economias desenvolvidas. No entanto, o Brasil tem um longo histórico de taxas de juros altíssimas. Tivemos incríveis 65% ao ano em 1994 e45% em 1999, já com a inflação controlada. Mesmo em anos mais recentes, como 2015 e 2016, as taxas estiveram acima de 14% — bem maiores dos atuais 6,5%.
Para testar essa crença, é preciso antes de tudo definir “longo prazo”. É um conceito elástico, que em economia pode significar o infinito. Alguns gestores e investidores falam em cinco anos, outros, em 10, 20 ou 30 anos.
Além disso, nem todas as pessoas investem no mesmo dia — é preciso levar em conta todos os pontos de entrada e saída de investimentos. Considerando um prazo de 10 anos, uma pessoa pode ter entrado em 2005 e saído em 2015 e o resultado será diferente do que se tivesse entrado em 2000 e saído em 2010 ou qualquer outro período de 10 anos. A maneira mais correta de saber, então, é variar janelas de tempo com todas as possibilidades de entrada.
Para entender melhor essa discussão, resolvemos fazer as contas. Para representar a bolsa, utilizamos o Ibovespa, que reúne 80% das ações mais negociadas. Consideramos o retorno realizado via proventos e dividendos e descontamos o Imposto de Renda.
Já para a renda fixa foi preciso combinar taxas, já que não existe um único índice com histórico tão longo. Utilizamos as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs), disponíveis no site debit.com.br, para o período de 1968 a 1974. De 1974 a 1986, consideramos a taxa over, que pode ser consultada no site do Ipea (ipeadata.com.br). E a partir de 1986, o CDI, disponível no portal Economática . Nesse caso, foram considerados 100% da taxa.
A comparação foi feita com todas as janelas de investimento em três períodos: desde 1968, ano de criação do Ibovespa; 1986, incluindo o CDI; e 1994, com a estabilização da economia a partir do Plano Real.
Desde 1994, há 14.908.530 diferentes combinações com horizontes de investimento variando de 500 a 5.959 dias úteis. A renda variável ganha só em 4.154.852 (28%) das vezes e a renda fixa, em 10.753.678 (72%). Para 2.520 dias úteis (cerca de 10 anos), há 3.340 combinações, das quais o CDI ganha 2.232 vezes (65%) contra 1.208 vezes (35%) do Ibovespa.
Alguns gestores costumam alegar que os juros nas últimas duas décadas são uma anomalia. Devido à desorganização da economia e a inflação antes de 1994, o Plano Real teve taxas de juros muito altas para controlar a inflação. Recuando ou avançando no tempo, a desvantagem da renda variável permanece.
Para o período de 1986 em diante, há mais de 30 milhões de combinações, contemplando horizontes de investimento entre 500 e 8.267 dias úteis. Nova lavada da renda fixa, que em 75% das vezes, desbanca o investimento de maior risco.
Por exemplo, para 5.040 dias úteis (aproximadamente 20 anos), temos 3.228 combinações; nesse caso o Ibovespa só ganha em 18% das vezes.
Já no maior período começando em 1968, há 74.963.890 combinações possíveis, das quais a bolsa só ganha em 32% das vezes. Para prazos de 7.560 dias úteis (30 anos), há 3.689 combinações; caso em que bolsa perde em 68% das vezes.
Em verdade, paradoxalmente, ao ampliar o prazo de investimentos, a chance de a renda fixa ter retornos maiores que a renda variável aumenta. É verdade que o número de eventos de mais longo prazo diminui, mas é sintomático que isso aconteça sistematicamente.
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05 abril 2019
Mais sobre Ghosn
Saiu no G1:
Um tribunal de Tóquio prorrogou nesta sexta-feira (5), até o dia 14 de abril, a prisão provisória do ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. O executivo voltou a ser detido na quarta-feira (3) por novas suspeitas de sonegação financeira.
[...]
A detenção de Ghosn ocorreu apenas um mês depois de o executivo ter sido libertado e um dia depois de ter anunciado no Twitter uma coletiva de imprensa para 11 de abril.
O ex-executivo foi preso desta vez devido à existência de um "risco de destruição de provas", declarou o procurador adjunto Shin Kukimoto.
Ghosn havia saído da prisão - sob fiança - em 6 de março, acusado de três crimes por declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira.
A investigação que motivou a nova prisão refere-se a uma transferência de milhões de dólares para uma distribuidora de carros da Renault e da Nissan em Omã, no Oriente Médio.
Segundo a promotoria, parte do dinheiro transferido, cerca de US$ 5 milhões, acabou em uma conta bancária controlada pelo Ghosn. De acordo com a mídia local, o dinheiro foi usado para pagar por um iate familiar e cobrir empréstimos pessoais.
A prisão, que especialistas jurídicos sem relação com o caso descreveram como muito rara para alguém já solto sob fiança, faz parte da quarta acusação obtida pelos procuradores contra o executivo, em um escândalo que abalou a indústria automotiva global e provocou questionamentos sobre o sistema judicial do Japão.
As demais, assim como a primeira, referem-se a má conduta financeira ligada à declaração de suas rendas. Ele nega os crimes.
Fonte: Aqui
Um tribunal de Tóquio prorrogou nesta sexta-feira (5), até o dia 14 de abril, a prisão provisória do ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. O executivo voltou a ser detido na quarta-feira (3) por novas suspeitas de sonegação financeira.
[...]
A detenção de Ghosn ocorreu apenas um mês depois de o executivo ter sido libertado e um dia depois de ter anunciado no Twitter uma coletiva de imprensa para 11 de abril.
O ex-executivo foi preso desta vez devido à existência de um "risco de destruição de provas", declarou o procurador adjunto Shin Kukimoto.
Ghosn havia saído da prisão - sob fiança - em 6 de março, acusado de três crimes por declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira.
A investigação que motivou a nova prisão refere-se a uma transferência de milhões de dólares para uma distribuidora de carros da Renault e da Nissan em Omã, no Oriente Médio.
Segundo a promotoria, parte do dinheiro transferido, cerca de US$ 5 milhões, acabou em uma conta bancária controlada pelo Ghosn. De acordo com a mídia local, o dinheiro foi usado para pagar por um iate familiar e cobrir empréstimos pessoais.
A prisão, que especialistas jurídicos sem relação com o caso descreveram como muito rara para alguém já solto sob fiança, faz parte da quarta acusação obtida pelos procuradores contra o executivo, em um escândalo que abalou a indústria automotiva global e provocou questionamentos sobre o sistema judicial do Japão.
As demais, assim como a primeira, referem-se a má conduta financeira ligada à declaração de suas rendas. Ele nega os crimes.
Fonte: Aqui
O maior divórcio da história
Jeff Bezos está finalizado o divórcio com a esposa MacKenzie. O FT publicou que o bilionário continuará com três quartos de sua participação na Amazon, enquanto ela ficará com ações no valor de mais de US $ 35 bilhões, mas entregará todos os seus direitos de voto na Amazon a Bezos, permitindo-lhe manter seu atual nível de controle na empresa que fundou há quase 25 anos e que hoje vale quase US $ 900 bilhões. Esse foi considerado o maior acordo do gênero. A divisão na participação conjunta de US $ 143 bilhões na Amazon resolve questões de governança e propriedade que pairaram no ar desde que o casal anunciou que estava se divorciando em janeiro.
MacKenzie será agora a 4ª mulher mais rica do mundo, atrás apenas de Francoise Bettencourt Meyers, Alice Walton e Jacqueline Mars.
Ele segue sendo o homem mais rico do mundo.
MacKenzie será agora a 4ª mulher mais rica do mundo, atrás apenas de Francoise Bettencourt Meyers, Alice Walton e Jacqueline Mars.
Ele segue sendo o homem mais rico do mundo.
Rir é o melhor remédio
- Está vendo aquele prédio ali? É a biblioteca.
Se algum dia você quiser emprestado um livro, tudo o que tem a fazer é ir lá e dizer para eles qual você quer e eles te deixarão levá-lo para casa.
- De graça?
- Completamente de graça.
- Te faz imaginar o que estão aprontando...
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- Te faz imaginar o que estão aprontando...
04 abril 2019
03 abril 2019
Maiores Bancos do mundo
10- Credit Agricole - França - Ativo total de 2,117 bilhões de dólares - Fundado em 1894
9- Bank of America - 2,281 bilhões - Valor de mercado de 325 bilhões
8- BNP Paribas - Frances - criado em 2000 - 2,357 bilhões
7- HSBC Holdings - Londres - 2,521 bilhões - fundado em 1885 - presente em mais de 80 países
6- JPMorgan Chase Co - 2,533 bilhões e valor de mercado de 390 bilhões. Fundado em 2000
5- Mitsubishi UFJ Financial Group - Japão - 2,787 bilhões - Formado em 2005
4- Bank of China - 2,991 bilhões, fundado em 1912 - Presente em 27 países
3- Agricultural Bank of China - 3,235 bilhões, criado em 1951 - 330 milhões de clientes
2- China Construction Bank Corp - 3,4 bilhões
1- Industrial Commercial Bank of China - 4,009 bilhões, fundado em 1984 - Tem meio milhão de empregados na China
O Itau tem ativos de 1,55 trilhão de reais ou 400 milhões de dólares. Ou 10% do ICBC, o primeiro da lista.
Fonte: Aqui
9- Bank of America - 2,281 bilhões - Valor de mercado de 325 bilhões
8- BNP Paribas - Frances - criado em 2000 - 2,357 bilhões
7- HSBC Holdings - Londres - 2,521 bilhões - fundado em 1885 - presente em mais de 80 países
6- JPMorgan Chase Co - 2,533 bilhões e valor de mercado de 390 bilhões. Fundado em 2000
5- Mitsubishi UFJ Financial Group - Japão - 2,787 bilhões - Formado em 2005
4- Bank of China - 2,991 bilhões, fundado em 1912 - Presente em 27 países
3- Agricultural Bank of China - 3,235 bilhões, criado em 1951 - 330 milhões de clientes
2- China Construction Bank Corp - 3,4 bilhões
1- Industrial Commercial Bank of China - 4,009 bilhões, fundado em 1984 - Tem meio milhão de empregados na China
O Itau tem ativos de 1,55 trilhão de reais ou 400 milhões de dólares. Ou 10% do ICBC, o primeiro da lista.
Fonte: Aqui
Postalis
É verdade que muitas vezes os reguladores são lentos em punir. Mas é inegável o progresso feito pela CVM. Agora, a entidade que fiscaliza o mercado aplicou uma grande punição para alguns dos acusados do escãndalo da Postalis. Em resumo a CVM aplicou as seguintes punições:
Condenação de Fabrizio Dulcetti Neves: à proibição temporária, pelo prazo de 10 anos, de atuar, direta ou indiretamente, em qualquer modalidade de operação no mercado de valores mobiliários.
Condenação de Leandro Ecker: à multa no valor de R$ 12.690.853,71, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de André Barbieri Perpétuo: à multa no valor de R$ 13.196.767,56, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de Alexej Predtchensky: à multa no valor de R$ 13.114.248,90, correspondente a 10% do valor total das operações irregulares.
Absolvição de BNY MELLON Serviços Financeiros DTVM S.A. e José Carlos Lopes Xavier de Oliveira da acusação de precificação imprecisa de ativos.
Extinção da punibilidade de Cristiano Giorgi Muller Carioba Arndt, em razão de seu falecimento a antes do julgamento.
Como houve, no caso, condenação à penalidade de proibição temporária, o Colegiado deliberou, com base na Lei 13.506/17, conceder ao acusado ao qual tal penalidade foi aplicada, o prazo de 10 dias, contados da data da ciência da decisão, para requerer ao Colegiado da CVM o efeito suspensivo da aplicação dessa penalidade.
Ainda cabe recurso. Há outros processos envolvendo alguns dos personagens.
Condenação de Fabrizio Dulcetti Neves: à proibição temporária, pelo prazo de 10 anos, de atuar, direta ou indiretamente, em qualquer modalidade de operação no mercado de valores mobiliários.
Condenação de Leandro Ecker: à multa no valor de R$ 12.690.853,71, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de André Barbieri Perpétuo: à multa no valor de R$ 13.196.767,56, correspondente a duas vezes e meia o ganho ilícito obtido.
Condenação de Alexej Predtchensky: à multa no valor de R$ 13.114.248,90, correspondente a 10% do valor total das operações irregulares.
Absolvição de BNY MELLON Serviços Financeiros DTVM S.A. e José Carlos Lopes Xavier de Oliveira da acusação de precificação imprecisa de ativos.
Extinção da punibilidade de Cristiano Giorgi Muller Carioba Arndt, em razão de seu falecimento a antes do julgamento.
Como houve, no caso, condenação à penalidade de proibição temporária, o Colegiado deliberou, com base na Lei 13.506/17, conceder ao acusado ao qual tal penalidade foi aplicada, o prazo de 10 dias, contados da data da ciência da decisão, para requerer ao Colegiado da CVM o efeito suspensivo da aplicação dessa penalidade.
Ainda cabe recurso. Há outros processos envolvendo alguns dos personagens.
Viés da publicação
Um problema sério que atinge a pesquisa científica é o viés da publicação. Da mesma forma que ocorre com os tabloídes, os periódicos e os membros das comissões de avaliação gostam de pesquisas que sejam mais “excitantes”. Em geral, isto significa pesquisas em apresentaram um p-valor elevado (vide sobre isto, postagem recente do blog). Caso o resultado não seja “excitante”, os periódicos tendem a não publicar e os avaliadores a questionar a validade do trabalho. Conforme destaca Guerra Pujol, isto gera uma falha de mercado acadêmica, gerando uma superprodução de estudos sensuais.
Para cada estudo que mostra que há uma relação entre gerenciamento de resultado e relatório de auditoria com ressalva temos diversos estudos “entediantes” que mostram que esta relação não existe. Se não sabemos deste estudo, não temos uma ideia real se efetivamente existe uma relação entre gerenciamento e auditoria.
Neste ponto, nós pesquisadores temos uma parcela enorme de culpa. Quando o resultado mostra com pouca significância, tentamos diversas técnicas, buscando um resultado que seja condizente com o que esperamos. E aceitamos que avaliadores descartem nossa pesquisa por não apresentarem resultado “sensuais”.
Uma forma de reduzir este problema é deixar registrado, antes do início da pesquisa, quais os testes serão realizados. Isto evitaria a “dragagem de dados" (ou aqui)
Para cada estudo que mostra que há uma relação entre gerenciamento de resultado e relatório de auditoria com ressalva temos diversos estudos “entediantes” que mostram que esta relação não existe. Se não sabemos deste estudo, não temos uma ideia real se efetivamente existe uma relação entre gerenciamento e auditoria.
Neste ponto, nós pesquisadores temos uma parcela enorme de culpa. Quando o resultado mostra com pouca significância, tentamos diversas técnicas, buscando um resultado que seja condizente com o que esperamos. E aceitamos que avaliadores descartem nossa pesquisa por não apresentarem resultado “sensuais”.
Uma forma de reduzir este problema é deixar registrado, antes do início da pesquisa, quais os testes serão realizados. Isto evitaria a “dragagem de dados" (ou aqui)
02 abril 2019
Significância estatística
Esta é uma discussão que interessa aos pesquisadores: há um movimento para repensar a questão da significância estatística. Em outras palavras, os famosos 5% de qualquer pesquisa. Um manifesto, com mais de 800 assinaturas chama a atenção para o uso incorreto do assunto:
Pesquisas de centenas de artigos descobriram que os resultados estatisticamente não significativos são interpretados como indicando "nenhuma diferença" ou "nenhum efeito" em cerca de metade (ver "Interpretações erradas" e Informações suplementares). (...) Concordamos e pedimos que todo o conceito de significância estatística seja abandonado. (...)
Em vez disso [proibição dos valores p], e em consonância com muitos outros ao longo das décadas, estamos pedindo uma parada no uso de valores de P de maneira convencional e dicotômica - para decidir se um resultado refuta ou apóia uma hipótese científica
Bogard critica um pouco a abordagem do artigo:
Embora eu concorde com os sentimentos do resto do artigo da Nature, tenho medo de que os ideais expressos pelos autores possam ser abusados por outros, querendo fugir das salvaguardas do rigor científico ou não compreender completamente os princípios da inferência estatística.
Segundo ele, Gellman também teria preocupações semelhantes. Bogard confessa que o assunto não é trivial, mesmo para ele:
É difícil para os Phds que passaram a vida toda fazendo essas coisas. É difícil para os profissionais que fizeram suas carreiras com isso. Isso é difícil para mim.
Uma palavra de alento no final:
O economista Noah Smith discutiu o retrocesso em relação aos valores de p há alguns anos. Ele afirmou corretamente que "se as pessoas estão fazendo ciência corretamente, esses problemas não serão importantes a longo prazo".
Pesquisas de centenas de artigos descobriram que os resultados estatisticamente não significativos são interpretados como indicando "nenhuma diferença" ou "nenhum efeito" em cerca de metade (ver "Interpretações erradas" e Informações suplementares). (...) Concordamos e pedimos que todo o conceito de significância estatística seja abandonado. (...)
Em vez disso [proibição dos valores p], e em consonância com muitos outros ao longo das décadas, estamos pedindo uma parada no uso de valores de P de maneira convencional e dicotômica - para decidir se um resultado refuta ou apóia uma hipótese científica
Bogard critica um pouco a abordagem do artigo:
Embora eu concorde com os sentimentos do resto do artigo da Nature, tenho medo de que os ideais expressos pelos autores possam ser abusados por outros, querendo fugir das salvaguardas do rigor científico ou não compreender completamente os princípios da inferência estatística.
Segundo ele, Gellman também teria preocupações semelhantes. Bogard confessa que o assunto não é trivial, mesmo para ele:
É difícil para os Phds que passaram a vida toda fazendo essas coisas. É difícil para os profissionais que fizeram suas carreiras com isso. Isso é difícil para mim.
Uma palavra de alento no final:
O economista Noah Smith discutiu o retrocesso em relação aos valores de p há alguns anos. Ele afirmou corretamente que "se as pessoas estão fazendo ciência corretamente, esses problemas não serão importantes a longo prazo".
Mistério na DFC
- A Energisa divulgou uma DFC partindo de um lucro positivo e chegando a um fluxo das atividades operacionais negativo
- Duas contas destacam: "ganho com combinação de negócios" e "diminuição de fornecedores"
- A primeira é justificada em notas explicativas; a segunda não, permanecendo um mistério
As demonstrações contábeis da empresa Energisa chama a atenção para um aspecto curioso na sua Demonstração dos Fluxos de Caixa. De um lucro líquido de 1,180 bilhão de reais no consolidado, a empresa teve um caixa negativo das operações de 968 milhões de reais. Qual a explicação para esta mudança. Olhando os itens temos “ganho auferido na combinação de negócios” de menos 1,170 bilhão. Esta valor substancial é decorrente da aquisição, por parte da empresa, das ações da Ceron e da Eletroacre, em razão do leilão da Eletrobras. Isto é o que informa as notas explicativas da empresa.
Mas outra conta de destaque é a diminuição de fornecedores. O valor da DFC é de menos 1,783 bilhão. Geralmente esta conta está associada a variação que ocorre na conta de fornecedores da empresa. Mas isto não justifica. Veja que o valor de fornecedores no final de 2017 era de 1,418 bilhão no curto prazo e 96 milhões no longo prazo; já no final de 2018 este saldo era de 1,653 bilhão e 75 milhões, curto e longo prazo, nesta ordem. Ou seja, a variação ocorrida nos fornecedores não justifica este montante.
De onde veio esta variação? Também é decorrente da mesma operação de aquisição de ação. Na semana passada encaminhamos esta dúvida para o RI da empresa. Não obtivemos resposta. Permanece o mistério.
01 abril 2019
Fatores de Prêmio Global
Resumo:
We examine 24 global factor premiums across the main asset classes via replication and new-sample evidence spanning more than 200 years of data. Replication yields ambiguous evidence within a unified testing framework with methods that account for p-hacking. The new-sample evidence reveals that the large majority of global factors are strongly present under conservative p-hacking perspectives, with limited out-of-sample decay of the premiums. Further, utilizing our deep sample, we find global factor premiums to be not driven by market, downside, or macroeconomic risks. These results reveal strong global factor premiums that present a challenge to asset pricing theories.
Baltussen, Guido and Swinkels, Laurens and van Vliet, Pim, Global Factor Premiums (January 31, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3325720 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3325720
We examine 24 global factor premiums across the main asset classes via replication and new-sample evidence spanning more than 200 years of data. Replication yields ambiguous evidence within a unified testing framework with methods that account for p-hacking. The new-sample evidence reveals that the large majority of global factors are strongly present under conservative p-hacking perspectives, with limited out-of-sample decay of the premiums. Further, utilizing our deep sample, we find global factor premiums to be not driven by market, downside, or macroeconomic risks. These results reveal strong global factor premiums that present a challenge to asset pricing theories.
31 março 2019
Swedbank e a lavagem de dinheiro na Estônia
Lembram do Danske Bank? O banco dinamarquês foi convidado a sair da Estônia depois da descoberta que estava ajudando a lavar dinheiro. Em razão disto, o banco ganhou um prêmio internacional de corrupção. O tradicional banco da Dinamarca parece que não estava sozinho na história.
Um programa de televisão sueco mostrou que o problema também pode ter acontecido com o Swedbank. Com ativos de 230 bilhões de dólares, 16 mil funcionários, sede em Estocolmo, e tendo sido fundado em 1820, o Swedbank é uma instituição financeira tradicional.
A CEO da instituição (na verdade ex-CEO desde quinta) tinha afirmado que o Swedbank não estava envolvido em operações de lavagem de dinheiro, como o Danske Bank. O que o programa de televisão fez foi revelar que isto era uma mentira: não somente o banco ajudou na lavagem de dinheiro, como isto ocorre há mais de uma década. O programa de televisão conseguiu documentos mostrando transações do Danske e do Swedbank nos países bálticos.
Um dos clientes do Swedbank foi o ex-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, que foi deposto após diversos protestos populares. Atualmente este político vive na Rússia.
Após a divulgação, a CEO Birgitte Bonnesen afirmou que a instituição tinha descoberto uma suspeita de lavagem de dinheiro e tinha feito uma comunicação a órgãos reguladores. Aparentemente a CEO mentiu. Logo após, a instituição contratou a EY para uma investigação. Mas a EY também estava sendo investigada no escândalo. As ações da instituição caíram na bolsa. Finalmente, no dia 28 de março, a CEO, que entre 2009 a 2011 foi chefe de auditoria das instituição, foi demitida.
Um programa de televisão sueco mostrou que o problema também pode ter acontecido com o Swedbank. Com ativos de 230 bilhões de dólares, 16 mil funcionários, sede em Estocolmo, e tendo sido fundado em 1820, o Swedbank é uma instituição financeira tradicional.
A CEO da instituição (na verdade ex-CEO desde quinta) tinha afirmado que o Swedbank não estava envolvido em operações de lavagem de dinheiro, como o Danske Bank. O que o programa de televisão fez foi revelar que isto era uma mentira: não somente o banco ajudou na lavagem de dinheiro, como isto ocorre há mais de uma década. O programa de televisão conseguiu documentos mostrando transações do Danske e do Swedbank nos países bálticos.
Um dos clientes do Swedbank foi o ex-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, que foi deposto após diversos protestos populares. Atualmente este político vive na Rússia.
Após a divulgação, a CEO Birgitte Bonnesen afirmou que a instituição tinha descoberto uma suspeita de lavagem de dinheiro e tinha feito uma comunicação a órgãos reguladores. Aparentemente a CEO mentiu. Logo após, a instituição contratou a EY para uma investigação. Mas a EY também estava sendo investigada no escândalo. As ações da instituição caíram na bolsa. Finalmente, no dia 28 de março, a CEO, que entre 2009 a 2011 foi chefe de auditoria das instituição, foi demitida.
Frase
Nada no mundo se compara à persistência. Nem o talento; não há nada mais comum do que homens malsucedidos e com talento. Nem a genialidade; a existência de gênios não recompensados é quase um provérbio. Nem a educação; o mundo está cheio de negligenciados educados. A persistência e determinação são, por si sós, onipotentes. O slogan "não desista" já salvou e sempre salvará os problemas da raça humana.
Calvin Coolidge
Calvin Coolidge
Brasil : a década perdida de 2011 a 2020
De 2011 a 2020, o crescimento médio do Brasil deve ser de apenas 0,9% ao ano, projeta um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Se a previsão for confirmada, a economia brasileira vai registrar um desempenho mais fraco até mesmo do que o observado nos anos 1980, período chamado de "década perdida", quando o PIB avançou em média apenas 1,6% ao ano no período.
O levantamento do Ibre utiliza como base a série histórica do PIB apurada pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e as projeções para 2019 e 2020 do relatório Focus, do Banco Central, que colhe a avaliação de analistas para a economia brasileira.
O levantamento do Ibre utiliza como base a série histórica do PIB apurada pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e as projeções para 2019 e 2020 do relatório Focus, do Banco Central, que colhe a avaliação de analistas para a economia brasileira.

30 março 2019
Detector de mentira
A empresa American Airlines, na sua filial brasileira, realizava teste com detector de mentiras com empregados e prestadores de serviços. Agora, o Tribunal Superior do Trabalho considerou esta prática como "dano moral coletivo", mesmo que a empresa vise a segurança na aviação civil. Além disto, a empresa fazia perguntas para empregados que "invadiriam a intimidade deles [dos empregados]". Entre estas perguntas, temas como consumo de álcool ou drogas, por exemplo.
O polígrafo ou detector de mentira é um aparelho que mede variáveis fisiológicas enquanto uma pessoa responde a perguntas realizadas. As reações registradas deveria "detectar uma mentira".
Porém, pessoas treinadas podem facilmente burlar o dispositivo, e mesmo com interrogados não treinados o resultado não é confiavel, sendo raramente admissiveis em julgamentos.
A empresa alegava, no entanto, que o transporte aéreo exige métodos para garantir a segurança dos passageiros. Este argumento não convenceu o TST, que multou a empresa em 1 milhão de reais e o fim do teste do polígrafo em qualquer circunstância. A questão da validade científica foi lembrada pelo relator.
(Imagem: Alias, Garner como Sydney Bristow)
O polígrafo ou detector de mentira é um aparelho que mede variáveis fisiológicas enquanto uma pessoa responde a perguntas realizadas. As reações registradas deveria "detectar uma mentira".
Porém, pessoas treinadas podem facilmente burlar o dispositivo, e mesmo com interrogados não treinados o resultado não é confiavel, sendo raramente admissiveis em julgamentos.
A empresa alegava, no entanto, que o transporte aéreo exige métodos para garantir a segurança dos passageiros. Este argumento não convenceu o TST, que multou a empresa em 1 milhão de reais e o fim do teste do polígrafo em qualquer circunstância. A questão da validade científica foi lembrada pelo relator.
(Imagem: Alias, Garner como Sydney Bristow)
História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 3
Mas o que seria a crise de 1864, que tanto preocupava os guarda-livros do segundo reinado?
Aqui um documento de 1865 de 39 páginas. Em nenhum momento do documento surge a palavra “contabilidade” ou “escrituração” ou “guarda-livros”.
A seguir, um resumo da crise conforme a Wikipedia
Casa Souto foi uma instituição financeira brasileira do século XIX. Na década de 1850, durante a fase de prosperidade dos negócios com o café, floresceram algumas casas bancárias no Rio de Janeiro. A Souto E Cia, que ficou conhecida como Casa Souto, era a mais importante delas.
Foi fundada pelo português Antonio José Alves Souto, que há anos trabalhava na Corte como corretor de títulos e de outros valores, tinha título de nobreza e gozava de muito prestígio junto à colônia portuguesa fluminense, chegando a ocupar o cargo de presidente da Beneficência Portuguesa.
O cliente preferencial das casas bancárias era aquele cuja demanda de crédito não podia ser satisfeita através de empréstimos diretos do Banco do Brasil, ou dos bancos comerciais privados. A oferta de crédito destas casas bancárias não era composta apenas de depósitos feitos pelo público mas, também, de empréstimos obtidos em bancos particulares e no Banco do Brasil. Parte dos lucros destes estabelecimentos advinha de operações triangulares, ou seja,das diferenças entre os valores das taxas de desconto pagas pelas casas bancárias aos bancos comerciais e dos altos juros cobrados dos tomadores de empréstimos.
Em 1857 a economia cafeeira entrou em crise, com quedas acentuadas nas exportações e nas cotações dos preços do café no mercado mundial. Em meio à retração econômica, o governo Imperial afastou o ministro papelista Bernardo de Sousa Franco da pasta da Fazenda e colocou em prática os princípios metalistas através da promulgação da Lei 1.083, de 22 de agosto de 1860.
A nova legislação limitava a liquidez monetária determinando que nenhum banco privado poderia emitir vales, enquanto não se mostrasse capaz de reembolsá-los em ouro. Apenas o Banco do Brasil e suas filiais tiveram essa autorização, o que demonstra que, incapaz de eliminar a pluralidade o Governo, procurou cerceá-la. A “Lei dos Entraves” abalou o sistema bancário carioca. O Banco Comercial e Agrícola e o Banco Rural e Hipotecário perderam seus direitos de emissão e o Banco Comercial e Agrícola, fundado durante a administração de Bernardo de Sousa Franco, foi liquidado. Houve uma forte retração da liquidez, seguida da alta das taxas de juros e da falência de casas bancárias.
O Banco do Brasil tentou intervir na crise e concedeu empréstimos à Casa Souto que acumulou uma dívida de 22 mil contos de réis, o que correspondia à metade do capital do Banco do Brasil, ultrapassando os limites do socorro tecnicamente possível.
Pela manhã do dia 10 de setembro de 1864, Alves Souto consultou um diretor do Banco do Brasil, no sentido de obter mais 900 contos de réis. A resposta teria sido que era inviável, e melhor seria se a Casa Souto encerrasse suas atividades. A notícia correu e o Banco do Brasil passou a ser encarado como responsável pelo cataclismo. Desordem e agitação perduraram uma semana. Em 17 de setembro, o Governo Imperial decretou a suspensão por 60 dias de todos os vencimentos, prorrogando-os por igual período. Além disso, deu curso forçado às cédulas emitidas pelo Banco do Brasil, evitando as falências em cascata, tranquilizando o mercado financeiro e permitindo a posterior recuperação da economia.
As principais consequências da Casa Souto foram as falências e concordatas que ocorreram na praça do Rio de Janeiro até o fim de março de 1865. Houve também queda do movimento comercial, baixa do câmbio e dos valores dos imóveis, decesso das cotações das ações de companhias, inclusive das ações do Banco do Brasil, elevação do preço da moeda de ouro e aumento extraordinário da circulação fiduciária.
É interessante que nas reuniões da Associação do Clube dos Guarda Livros não é citada explicitamente a Casa Souto. Aparece pouco o nome do Banco do Brasil. Há bastante controvérsia sobre o assunto, tanto é assim que diversas sessões da Associação foram usadas para discutir o assunto.
Aqui um documento de 1865 de 39 páginas. Em nenhum momento do documento surge a palavra “contabilidade” ou “escrituração” ou “guarda-livros”.
A seguir, um resumo da crise conforme a Wikipedia
Casa Souto foi uma instituição financeira brasileira do século XIX. Na década de 1850, durante a fase de prosperidade dos negócios com o café, floresceram algumas casas bancárias no Rio de Janeiro. A Souto E Cia, que ficou conhecida como Casa Souto, era a mais importante delas.
Foi fundada pelo português Antonio José Alves Souto, que há anos trabalhava na Corte como corretor de títulos e de outros valores, tinha título de nobreza e gozava de muito prestígio junto à colônia portuguesa fluminense, chegando a ocupar o cargo de presidente da Beneficência Portuguesa.
O cliente preferencial das casas bancárias era aquele cuja demanda de crédito não podia ser satisfeita através de empréstimos diretos do Banco do Brasil, ou dos bancos comerciais privados. A oferta de crédito destas casas bancárias não era composta apenas de depósitos feitos pelo público mas, também, de empréstimos obtidos em bancos particulares e no Banco do Brasil. Parte dos lucros destes estabelecimentos advinha de operações triangulares, ou seja,das diferenças entre os valores das taxas de desconto pagas pelas casas bancárias aos bancos comerciais e dos altos juros cobrados dos tomadores de empréstimos.
Em 1857 a economia cafeeira entrou em crise, com quedas acentuadas nas exportações e nas cotações dos preços do café no mercado mundial. Em meio à retração econômica, o governo Imperial afastou o ministro papelista Bernardo de Sousa Franco da pasta da Fazenda e colocou em prática os princípios metalistas através da promulgação da Lei 1.083, de 22 de agosto de 1860.
A nova legislação limitava a liquidez monetária determinando que nenhum banco privado poderia emitir vales, enquanto não se mostrasse capaz de reembolsá-los em ouro. Apenas o Banco do Brasil e suas filiais tiveram essa autorização, o que demonstra que, incapaz de eliminar a pluralidade o Governo, procurou cerceá-la. A “Lei dos Entraves” abalou o sistema bancário carioca. O Banco Comercial e Agrícola e o Banco Rural e Hipotecário perderam seus direitos de emissão e o Banco Comercial e Agrícola, fundado durante a administração de Bernardo de Sousa Franco, foi liquidado. Houve uma forte retração da liquidez, seguida da alta das taxas de juros e da falência de casas bancárias.O Banco do Brasil tentou intervir na crise e concedeu empréstimos à Casa Souto que acumulou uma dívida de 22 mil contos de réis, o que correspondia à metade do capital do Banco do Brasil, ultrapassando os limites do socorro tecnicamente possível.
Pela manhã do dia 10 de setembro de 1864, Alves Souto consultou um diretor do Banco do Brasil, no sentido de obter mais 900 contos de réis. A resposta teria sido que era inviável, e melhor seria se a Casa Souto encerrasse suas atividades. A notícia correu e o Banco do Brasil passou a ser encarado como responsável pelo cataclismo. Desordem e agitação perduraram uma semana. Em 17 de setembro, o Governo Imperial decretou a suspensão por 60 dias de todos os vencimentos, prorrogando-os por igual período. Além disso, deu curso forçado às cédulas emitidas pelo Banco do Brasil, evitando as falências em cascata, tranquilizando o mercado financeiro e permitindo a posterior recuperação da economia.
As principais consequências da Casa Souto foram as falências e concordatas que ocorreram na praça do Rio de Janeiro até o fim de março de 1865. Houve também queda do movimento comercial, baixa do câmbio e dos valores dos imóveis, decesso das cotações das ações de companhias, inclusive das ações do Banco do Brasil, elevação do preço da moeda de ouro e aumento extraordinário da circulação fiduciária.
É interessante que nas reuniões da Associação do Clube dos Guarda Livros não é citada explicitamente a Casa Souto. Aparece pouco o nome do Banco do Brasil. Há bastante controvérsia sobre o assunto, tanto é assim que diversas sessões da Associação foram usadas para discutir o assunto.
História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 2
A descoberta dos exemplares da Revista da Associação dos Guarda-Livros apresentou uma surpresa e uma decepção. A grande surpresa é que a revista registrou as discussões que ocorreram no ano anterior na associação. Com isto é possível saber um pouco mais de como eram os guarda-livros da época.
A decepção é que a discussão, nos seis primeiros números da revista, estava focada em um fato não contábil: a grande crise de 1864. Muitas páginas do periódico são usadas para apresentar os argumentos dos membros da associação se a crise foi boa ou ruim para economia. Estava esperando discussões sobre métodos contábeis, problemas práticos, questões específicas sobre a profissão e outros assuntos. Mas diversas reuniões foram feitas para discutir uma questão sobre um evento que já tinha passado.
É bem verdade que parte do periódico tem outra destinação. Nos seus primeiros números, a Revista da Associação dos Guarda-Livros tinha uma espécie de editorial, seguido pela transcrição da reunião da associação. Na página 7, um artigo, traduzido, versando sobre “economia política” e também sobre outro assunto de interesse geral. Em um número, psicologia (não o que entendemos sobre esta ciência nos dias de hoje); em outro, a questão do calor do sol. É isto mesmo, o guarda-livro do segundo reinado parece que tinha uma curiosidade além da sua profissão. Na última página, a cotação de alguns produtos, das ações de algumas empresas (existia mercado acionário no Brasil na época!), de navios e outras informações estatísticas. Oito páginas, com periodicidade mensal.
(Em outras postagens irei comentar dos números da revista)
A decepção é que a discussão, nos seis primeiros números da revista, estava focada em um fato não contábil: a grande crise de 1864. Muitas páginas do periódico são usadas para apresentar os argumentos dos membros da associação se a crise foi boa ou ruim para economia. Estava esperando discussões sobre métodos contábeis, problemas práticos, questões específicas sobre a profissão e outros assuntos. Mas diversas reuniões foram feitas para discutir uma questão sobre um evento que já tinha passado.
É bem verdade que parte do periódico tem outra destinação. Nos seus primeiros números, a Revista da Associação dos Guarda-Livros tinha uma espécie de editorial, seguido pela transcrição da reunião da associação. Na página 7, um artigo, traduzido, versando sobre “economia política” e também sobre outro assunto de interesse geral. Em um número, psicologia (não o que entendemos sobre esta ciência nos dias de hoje); em outro, a questão do calor do sol. É isto mesmo, o guarda-livro do segundo reinado parece que tinha uma curiosidade além da sua profissão. Na última página, a cotação de alguns produtos, das ações de algumas empresas (existia mercado acionário no Brasil na época!), de navios e outras informações estatísticas. Oito páginas, com periodicidade mensal.
(Em outras postagens irei comentar dos números da revista)
História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 1
A história está sempre se renovando, com mais informações e dados. A cada nova evidencia, mudamos a maneira como enxergamos o que ocorreu no passado.
As postagens deste blog sobre a história da contabilidade caminham neste sentido. Neste sábado, em especial, as postagens também tratam da história da história. Em 2013, este blog fez uma entrevista com a bibliotecária do Conselho Federal de Contabilidade.
Em um determinado trecho perguntamos:
Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?
Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.
Contabilidade Financeira: E a revista?
Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).
Já no final, na penúltima pergunta:
Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?
Lúcia Figueiredo: Não.
Nós já sabíamos da existência deste periódico. E não encontramos nas nossas pesquisas. Pois bem, há duas semanas, pesquisando a excelente Hemeroteca Digital, deparamos com uma preciosidade. A imagem a seguir fala mais do que mil palavras:
(Confesso que fiquei tão surpreso com a descoberta, que terminei não fazendo nenhuma postagem sobre a história da contabilidade na semana passada. Um bom motivo, acho) (Existe dois outros periódicos importantes, que precisamos falar mais algum dia: Revista Commercial, de Santos, que antecede a Revista da Associação dos Guarda-livros, e outro revista, também de Guarda-livros, de São Paulo).
As postagens deste blog sobre a história da contabilidade caminham neste sentido. Neste sábado, em especial, as postagens também tratam da história da história. Em 2013, este blog fez uma entrevista com a bibliotecária do Conselho Federal de Contabilidade.
Em um determinado trecho perguntamos:
Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?
Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.
Contabilidade Financeira: E a revista?
Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).
Já no final, na penúltima pergunta:
Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?
Lúcia Figueiredo: Não.
Nós já sabíamos da existência deste periódico. E não encontramos nas nossas pesquisas. Pois bem, há duas semanas, pesquisando a excelente Hemeroteca Digital, deparamos com uma preciosidade. A imagem a seguir fala mais do que mil palavras:
(Confesso que fiquei tão surpreso com a descoberta, que terminei não fazendo nenhuma postagem sobre a história da contabilidade na semana passada. Um bom motivo, acho) (Existe dois outros periódicos importantes, que precisamos falar mais algum dia: Revista Commercial, de Santos, que antecede a Revista da Associação dos Guarda-livros, e outro revista, também de Guarda-livros, de São Paulo).
29 março 2019
Novela Nissan Renault
A aliança entre a Renault e a Nissan comemorou 20 anos nesta semana. O acordo foi firmado em 27 de março de 1999, com o acréscimo em 2016 da Mitsubishi, após uma crise.
Os sócios fundadores marcaram a “celebração” na quarta-feira com mensagens opostas. Conforme o The Wall Street Jornal, a Nissan, do Japão, divulgou um relatório de governança condenando a concentração de poder do ex-chefe Carlos Ghosn, que veio da Renault. Da Europa, o Financial Times informou que a Renault quer reiniciar as negociações de fusão com a Nissan dentro de 12 meses.
Se os franceses conseguissem o que querem, a Renault e a Nissan reuniriam seu capital acionário na Holanda, onde a administração da aliança está baseada. As montadoras permaneceriam como operadoras independentes, mas sob um único conjunto de contas e ações, que geraria mais economia de custos. Atualmente as despesas só são compartilhadas quando ambos os lados se beneficiam; após uma fusão, as despesas também poderiam ser compartilhadas quando o benefício para um é maior que para o outro.
A Nissan, no entanto, parece ter desejos contrários aos dos franceses, ao enfatizar a necessidade de reequilibrar as participações cruzadas e os direitos de voto. A participação de 43% da Renault na Nissan vem com direito a voto, mas a participação de 15% da Nissan na Renault não.
O relatório de governança da Nissan, escrito por seus três diretores independentes e quatro consultores externos, não abordou participações cruzadas. Mas suas recomendações, se adotadas, enfraqueceriam o controle da Renault sobre a Nissan, incluindo a introdução de mais membros independentes do conselho e a obrigatoriedade de um presidente independente.
Dada a potencial redução de custos, os investidores comemorariam uma fusão: as ações da Renault subiram 3% na quarta-feira em resposta à reportagem do Financial Times reforçando o interesse na fusão. Em março passado, quando o governo francês e Ghosn estavam secretamente pressionando por um acordo e o rumores começaram a surgir, elas subiram 10%.
Os sócios fundadores marcaram a “celebração” na quarta-feira com mensagens opostas. Conforme o The Wall Street Jornal, a Nissan, do Japão, divulgou um relatório de governança condenando a concentração de poder do ex-chefe Carlos Ghosn, que veio da Renault. Da Europa, o Financial Times informou que a Renault quer reiniciar as negociações de fusão com a Nissan dentro de 12 meses.
Se os franceses conseguissem o que querem, a Renault e a Nissan reuniriam seu capital acionário na Holanda, onde a administração da aliança está baseada. As montadoras permaneceriam como operadoras independentes, mas sob um único conjunto de contas e ações, que geraria mais economia de custos. Atualmente as despesas só são compartilhadas quando ambos os lados se beneficiam; após uma fusão, as despesas também poderiam ser compartilhadas quando o benefício para um é maior que para o outro.
A Nissan, no entanto, parece ter desejos contrários aos dos franceses, ao enfatizar a necessidade de reequilibrar as participações cruzadas e os direitos de voto. A participação de 43% da Renault na Nissan vem com direito a voto, mas a participação de 15% da Nissan na Renault não.
O relatório de governança da Nissan, escrito por seus três diretores independentes e quatro consultores externos, não abordou participações cruzadas. Mas suas recomendações, se adotadas, enfraqueceriam o controle da Renault sobre a Nissan, incluindo a introdução de mais membros independentes do conselho e a obrigatoriedade de um presidente independente.
Dada a potencial redução de custos, os investidores comemorariam uma fusão: as ações da Renault subiram 3% na quarta-feira em resposta à reportagem do Financial Times reforçando o interesse na fusão. Em março passado, quando o governo francês e Ghosn estavam secretamente pressionando por um acordo e o rumores começaram a surgir, elas subiram 10%.
Frase
A Sophie Turner, atriz que interpreta a Sansa em Game of Thrones, está noiva do Joe Jonas, vocalista da banda DNCE.
Em uma entrevista para a Rolling Stone a atriz destacou que acredita haver um equívoco estranho de que “ser casado é a melhor coisa que vai acontecer com você”. Ela acredita ser lindo estar envolvida, mas a carreira é algo em que ela pode trabalhar, e quando ela consegue algo aí sim tem a sensação de ter acontecido a melhor coisa da vida dela.
Não sou casada então não posso opinar quanto a isso. Mas acho muito inspirador ver mulheres por aí, relembrando que há diversos caminhos a serem escolhidos e que há força na mulher muito além do casamento.
Rir é o melhor remédio
“Venho dizendo isso há anos, meu! Deveria existir um Netflix para livros.”
“Você quer dizer uma biblioteca?”
Fonte: Aqui
28 março 2019
Por que Carlos Ghosn caiu?
![]() |
| O Chairman da Renault, Jean-Dominique Senard (esquerda), e o CEO da Nissan Motor, Hiroto Saikawa |
Segundo o texto, os executivos nacionalistas da Nissan teriam tomado medidas para que Ghosn fosse preso, na expectativa de atrasar ou terminar qualquer tentativa de fusão da japonesa Nissan com a francesa Renault, que formaram uma aliança em 1999.
O advogado de Ghosn disse que utilizará essa motivação na defesa. Segundo ele, os executivos agiram por causa de disputas em estratégias de negócios e isso pode manchar a parte criminal do caso.
Leia mais sobre o caso: aqui.
Sorte, Sucesso e Tributação
[...]
Frank is interested in this phenomenon because very successful people are in the highest socio-economic sphere, and their beliefs about their own success can have huge political and economic consequences. “When people think they did it all themselves, that seems to kindle a fierce determination to hang on to every nickel that comes their way,” Frank explains. “That often translates into the belief that taxation is theft. That’s not a sensible view for anyone to hold if they really think about it. If you didn’t have taxes, there wouldn’t be a government.”
“There are many people who are smart and work hard and don’t succeed on a big scale, because luck is random,” says Frank, “and this is what people don’t see. …Every career has a thousand steps, and most of them are small and depend on the steps that came before.”
Without government there would be no army to defend the country, no roads or infrastructures to get goods to market, and no public schooling to train workers, among other things. These are all necessary for the individual success of entrepreneurs, Frank says, so giving these same entrepreneurs tax cuts hurts the public sector, and that isn’t good for anyone.
The rich don’t realize that everyone in their tax bracket would equally share the effect of higher taxes, resulting in zero impact for them, according to Frank. Those in the highest income bracket have long since purchased everything they need. What are left are the things they want—things that are scarce, such as a sweeping lake view or an elite sports car.
“These are the things you have to outbid others for,” he says. “There’s not enough of them to go around. If everyone in the upper income bracket had their taxes raised, then they may have less money and the highest bidder may not be able to bid as high as before, but neither can anyone else. It’s relative purchasing power that determines who wins those bidding wars.
Frank is interested in this phenomenon because very successful people are in the highest socio-economic sphere, and their beliefs about their own success can have huge political and economic consequences. “When people think they did it all themselves, that seems to kindle a fierce determination to hang on to every nickel that comes their way,” Frank explains. “That often translates into the belief that taxation is theft. That’s not a sensible view for anyone to hold if they really think about it. If you didn’t have taxes, there wouldn’t be a government.”
“There are many people who are smart and work hard and don’t succeed on a big scale, because luck is random,” says Frank, “and this is what people don’t see. …Every career has a thousand steps, and most of them are small and depend on the steps that came before.”
Without government there would be no army to defend the country, no roads or infrastructures to get goods to market, and no public schooling to train workers, among other things. These are all necessary for the individual success of entrepreneurs, Frank says, so giving these same entrepreneurs tax cuts hurts the public sector, and that isn’t good for anyone.
The rich don’t realize that everyone in their tax bracket would equally share the effect of higher taxes, resulting in zero impact for them, according to Frank. Those in the highest income bracket have long since purchased everything they need. What are left are the things they want—things that are scarce, such as a sweeping lake view or an elite sports car.
“These are the things you have to outbid others for,” he says. “There’s not enough of them to go around. If everyone in the upper income bracket had their taxes raised, then they may have less money and the highest bidder may not be able to bid as high as before, but neither can anyone else. It’s relative purchasing power that determines who wins those bidding wars.
[...]

Fonte: aqui
27 março 2019
Aplicações Retidas
O balanço da Kepler Weber apresenta uma conta com um nome interessante:
Na nota explicativa, fica mais claro que se trata de aplicações relacionadas com empréstimos:
Observe que a empresa tem aplicações financeiras “não retidas” que rendem 2%, 10%, 50% e 70,55% do CDI. Isto realmente é muito pouco - mesmo que o valor aplicado não seja substancial. Como se trata de aplicação onde a empresa teve livre escolha, a rentabilidade obtida realmente é baixa. Uma empresa com uma receita de quase 600 milhões de reais deveria ter condições de obter aplicações em condições mais favoráveis. E a rentabilidade destas aplicações é menor que das aplicações retidas. Não seria o contrário o mais usual?
Na nota explicativa, fica mais claro que se trata de aplicações relacionadas com empréstimos:
Observe que a empresa tem aplicações financeiras “não retidas” que rendem 2%, 10%, 50% e 70,55% do CDI. Isto realmente é muito pouco - mesmo que o valor aplicado não seja substancial. Como se trata de aplicação onde a empresa teve livre escolha, a rentabilidade obtida realmente é baixa. Uma empresa com uma receita de quase 600 milhões de reais deveria ter condições de obter aplicações em condições mais favoráveis. E a rentabilidade destas aplicações é menor que das aplicações retidas. Não seria o contrário o mais usual?
Redundância nas Demonstrações da Eldorado
- A redundância é um elemento presente no processo de comunicação.
- A Eldorado publicou nas suas demonstrações contábeis dois textos redundantes, no relatório da administração e nas notas explicativas
Redudância, ou a repetição/excesso/prolixidade/insistência desnecessária na mesma ideia, é um elemento importante no processo de comunicação. Geralmente não gostamos de pessoas redundantes ou de uma comunicação redudante. Achamos que é perda de tempo. Ela ajuda a resolver certos problemas de comunicação, como a falha no processo. Quando uma empresa lista seus ativos e coloca no final do balanço um valor para os mesmos e faz a mesma lista para os passivos e patrimônio líquido, somando os valores, o número é redudante, já que sabemos que ativo é igual ao passivo mais patrimônio líquido. Ou quando a empresa começa sua demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto informando o lucro líquido, o mesmo valor que consta na demonstração do resultado, isto também é redundância. Em resumo, a informação contábil é redudante, assim como qualquer outra forma de comunicação.
No balanço da Eldorado a questão da redundância está bastante presente. Em geral o Relatório da Administração é um espaço usado pela gestão para fazer uma descrição daquilo que julga mais relevante das informações que são apresentadas. Há gráficos, figuras, textos menos técnicos e foco positivo na empresa. Já as notas explicativas é um espaço com um estilo mais pesado, com informações mais técnicas. No caso da Eldorado, duas informações similares foram repetidas integralmente tanto no Relatório da Administração como nas Notas Explicativas.
Veja o primeiro caso, sobre o acordo de Leniência e investigação interna, que aparece no Relatório da Administração:
E agora a nota explicativa 30:
Outro exemplo é o contrato de compra e venda de ações. Segundo o Relatório da Administração:
E segundo a nota explicativa 31:
Bom, se você leu o texto até o final deve ter percebido que o mesmo é redundante (o resumo no início repete o que está sendo dito no texto; mas isto é positivo, para os leitores que só querem ter uma ideia do assunto) e as figuras "repetidas" tem o propósito de comprovar aquilo que falamos.
Caixa e Equivalente nas empresas brasileiras
As 208 empresas que já divulgaram o resultado de 2018 apresentava, no final do ano, um caixa e equivalente de 209 bilhões de reais. Em relação ao final de 2017, este número é menor em 6%. Ou seja, as empresas estão menos líquidas. Este número, no entanto, foi fortemente influenciado por uma empresa: a Petrobras. A estatal tinha um caixa e equivalente de 53,8 bilhões no final de 2018, uma redução de 20,6 bilhões de reais. Se a Petrobras fosse retirada, o total de caixa e equivalentes seria de 155 bilhões, 8 bilhões a mais que no final de 2017.
O gráfico apresenta a evolução do caixa e equivalentes no final de cada ano. Para fins comparativos, só está sendo considerada as mesmas empresas em todos os anos. O valor de final de 2015 está bem distante do resultado de 2015.
Mesmo com a redução no caixa, a Petrobras ainda é a empresa brasileira com maior volume de recursos neste ativo. A Ambev, com 11,5 bilhões, está bem distante.
O gráfico apresenta a evolução do caixa e equivalentes no final de cada ano. Para fins comparativos, só está sendo considerada as mesmas empresas em todos os anos. O valor de final de 2015 está bem distante do resultado de 2015.
Mesmo com a redução no caixa, a Petrobras ainda é a empresa brasileira com maior volume de recursos neste ativo. A Ambev, com 11,5 bilhões, está bem distante.
26 março 2019
Outra explicação
Uma pesquisa conduzida por Michael Perino (via Michaels, Dave, Dow Jones, Insiders lucram pouco com informação privilegiada, Valor 18 de março de 2019, C2) descobriu que a utilização de informação privilegiada rendeu pouco para as pessoas. Poderia se pensar que isto é um bom sinal para o mercado acionário. Entretanto, existe outra possível explicação: o fato do regulador deixar de investigar os casos mais desafiadores. Perino afirma que “a SEC costuma perseguir é o alvo fácil”.
Um funcionário da SEC, consultado na reportagem da Dow Jones, afirmou que a SEC combate “todas as formas de uso privilegiado de informações, independentemente de quão sofisticados o esquema ou os operadores possam ser”.
Como o uso de informação privilegiada é passível de uma acusação criminal, a pesquisa de Perino mostrou que mais da metade dos acusados entre 2011 a 2015 foram processados somente pela entidade, sem um processo criminal em paralelo.
A pesquisa de Perino pode ser encontrada aqui
Um funcionário da SEC, consultado na reportagem da Dow Jones, afirmou que a SEC combate “todas as formas de uso privilegiado de informações, independentemente de quão sofisticados o esquema ou os operadores possam ser”.
Como o uso de informação privilegiada é passível de uma acusação criminal, a pesquisa de Perino mostrou que mais da metade dos acusados entre 2011 a 2015 foram processados somente pela entidade, sem um processo criminal em paralelo.
A pesquisa de Perino pode ser encontrada aqui
Por dentro do Insider Trading
Resumo:
How do illegal insider traders act on private information? We address this questionusing a unique sample of illegal insider traders convicted by the Securities ExchangeCommission (SEC). To shed light on the traders’ investment strategies, we analyze,theoretically and empirically, the tradeoff between the risk of information becomingpublic (information risk), and the risk of being subject to enforcement (legal risk).Using a regression model and various shocks to enforcement risk, we find that a sub-set of investors responds to this tradeoff by splitting their trades more and tradingless aggressively in the presence of greater legal risk and smaller information risk.At the same time, a large fraction of traders does not internalize such a tradeoff.The insiders manage their trades’ size according to prevailing liquidity conditions,volatility of returns, noise trading activity, and the precision of the signal. Individ-ual characteristics, such as investing expertise and age, also play an essential role.Insiders facing increasing legal risk concentrate more on information of higher value.Thus, insider trading enforcement could hamper stock price informativeness.
How do illegal insider traders act on private information? We address this questionusing a unique sample of illegal insider traders convicted by the Securities ExchangeCommission (SEC). To shed light on the traders’ investment strategies, we analyze,theoretically and empirically, the tradeoff between the risk of information becomingpublic (information risk), and the risk of being subject to enforcement (legal risk).Using a regression model and various shocks to enforcement risk, we find that a sub-set of investors responds to this tradeoff by splitting their trades more and tradingless aggressively in the presence of greater legal risk and smaller information risk.At the same time, a large fraction of traders does not internalize such a tradeoff.The insiders manage their trades’ size according to prevailing liquidity conditions,volatility of returns, noise trading activity, and the precision of the signal. Individ-ual characteristics, such as investing expertise and age, also play an essential role.Insiders facing increasing legal risk concentrate more on information of higher value.Thus, insider trading enforcement could hamper stock price informativeness.
Kacperczyk, Marcin T. and Pagnotta, Emiliano, Becker Meets Kyle:
Inside Insider Trading (March 13, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3142006 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3142006
Meritocracia e Política
- Apesar da maioria dos regimes políticos serem meritocráticos, as conexões familiares ainda são relevantes na política
- 12% dos líderes mundiais possuem laços de sangue ou de casamento com um político relevante
- A meritocracia não é o único critério no sucesso político
As dinastias ainda existem no mundo. Farida Jalalzai e Meg Rincker, professoras de ciência política nos Estados Unidos, usaram mais de mil políticos em todo o mundo e concluíram que 12% dos líderes mundiais tiveram origem em uma família de políticos. Isto inclui laços de sangue ou casamento. Entre os exemplos, George Bush, Justin Trudeau, Cristina Kirchner, entre outros.
O poder é, por natureza, herdado nas monarquias. Mas mesmo nas democracias - onde os cidadãos podem escolher seus líderes em eleições livres e justas - pertencer a uma família política é uma vantagem significativa. Ele dá aos candidatos o reconhecimento do nome, alguma experiência política e melhor acesso a aliados e recursos ao concorrer ao cargo.
Ao todo, 11 dos 88 líderes latino-americanos que ocuparam cargos de 2000 a 2017 estavam relacionados a outros presidentes. Jorge Luís Batlle, do Uruguai, tinha três parentes diferentes que ocupavam a presidência antes dele.
Como a política é dominada por homens, a presença de algumas mulheres é interessante. Dos nomes estudados, 66 eram mulheres.
As mulheres que atingem o mais alto cargo são muito mais propensas a pertencer a famílias políticas do que seus colegas do sexo masculino.
Dezenove das 66 mulheres executivas da nossa amostra tinham conexões familiares com a política - 29%. Cem dos 963 homens que estudamos - pouco mais de 10% - tinham laços familiares.
Isso sugere que os laços familiares são particularmente importantes para as mulheres entrarem na política.
Em nossa análise, o endosso de um poderoso parente do sexo masculino - ele próprio, de preferência, um ex-presidente ou primeiro-ministro - ajuda significativamente as mulheres a estabelecer sua credibilidade junto aos eleitores e membros de política interna.
A principal conclusão:
Este estudo certamente questiona a noção de que a política é apenas uma meritocracia.
Mas considere isto: 71% de todos os líderes mundiais femininos em nosso estudo alcançaram o mais alto cargo sem nenhuma conexão familiar com a política. Isso inclui a croata Kolinda Grabar-Kitarovic [foto] , que é filha de açougueiros. Ela é a primeira mulher a governar a Croácia
Mercado de Trabalho
- Os números de emprego formal no setor contábil em fevereiro indicam uma criação de 342 novas vagas
- Os números foram positivos entre aqueles com maior qualificação e os escriturários
Desde março de 2014 o Brasil não tinha criado tanta vaga de emprego formal. Em fevereiro foram admitidos 1.453 mil trabalhadores e demitidos 1.280 mil, um acréscimo de 173 mil novas vagas. É bem verdade que o saldo acumulado de 2014 até fevereiro de 2019 é negativo em 2,3 milhões de vagas.
Se a economia vai bem, a criação de número de vagas no setor contábil também foi positiva. Em fevereiro foram contratados 10.764 novos empregados e demitidos 10.422, um saldo de 342. Este número é menor que janeiro (2387), mas foi o melhor resultado para um mês que não é bom para o profissional contábil. Com isto, o saldo acumulado, de janeiro de 2014 até fevereiro de 2019, aponta uma destruição de 40.278 vagas. Como temos repetido aqui, a recessão foi muito dura com quem trabalha com contabilidade.
Quando analisa as diversas categorias, os dados mostram que o problema do emprego tem sido pior para aqueles com baixa qualificação e para os contadores/auditores e técnicos em contabilidade. No mês de fevereiro de 2019, a exemplo do que ocorreu no ano anterior, as admissões foram maiores que as demissões para os trabalhadores com curso superior completo. Para aqueles com curso médio incompleto ou completo o saldo foi negativo. Entre as ocupações, o saldo foi positivo para os escriturários, mas não para contadores e auditores.
Nos últimos cinco anos, o mês de março apresentou um saldo positivo somente em 2018.
Fonte: Dados coletados pelo Blog a partir do Caged
25 março 2019
A ilusão com a Inteligência Artificial
We are told AI is on an inevitable rise and humans simply can’t measure up. In no time, the headlines say, artificial intelligence will take our jobs, fight our wars, manage our health, and, perhaps eventually, call the shots for the flesh-and-blood masses. Big data, it seems, knows best.
Don’t buy it.
The reality is, computers still can’t think like us, though they do seem to have gotten into our heads. Intimidated by the algorithms, humanity could use a little pep talk.
It is true that computers know more facts than we do. They have better memories, make calculations faster, and do not get tired like we do.
Robots far surpass humans at repetitive, monotonous tasks like tightening bolts, planting seeds, searching legal documents, and accepting bank deposits and dispensing cash. Computers can recognize objects, draw pictures, drive cars. You can surely think of a dozen other impressive–even superhuman–computer feats.
It is tempting to think that because computers can do some things extremely well, they must be highly intelligent. In a Harvard Business School study published in April, experimenters compared the extent to which people’s opinions about things like the popularity of a song were influenced by “advice” that was attributed either to a human or a computer. While a subset of expert forecasters found the human more persuasive, for most people in the experiment, the advice was more persuasive when it came from the algorithm.
Computers are great and getting better, but computer algorithms are still designed to have the very narrow capabilities needed to perform well-defined chores, like spell checking and searching the internet. This is a far cry from the general intelligence needed to deal with unfamiliar situations by assessing what is happening, why it is happening, and what the consequences are of taking action.
Computers cannot formulate persuasive theories. Computers cannot do inductive reasoning or make long-run plans. Computers do not have the emotions, feelings, and inspiration that are needed to write a compelling poem, novel, or movie script. Computers do not know, in any meaningful sense, what words mean. Computers do not have the wisdom humans accumulate by living life. Computers do not know the answers to simple questions like these:
If I were to mix orange juice with milk, would it taste good if I added salt?
Is it safe to walk downstairs backwards if I close my eyes?
I don’t know how long it will take to develop computers that have a general intelligence that rivals humans. I suspect that it will take decades. I am certain that people who claim that it has already happened are wrong, and I don’t trust people who give specific dates. In the meantime, please be skeptical of far-fetched science fiction scenarios and please be wary of businesses hyping AI products.
Forget emotions and poems: Take today’s growing fixation with using high-powered computers to mine big data for patterns to help make big decisions. When statistical models analyze a large number of potential explanatory variables, the number of possible relationships becomes astonishingly large–we are talking in the trillions.
If many potential variables are considered, even if all of them are just random noise, some combinations are bound to be highly correlated with whatever it is we are trying to predict through AI: cancer, credit risk, job suitability, potential for criminality. There will occasionally be a true knowledge discovery, but the larger the number of explanatory variables considered, the more likely it is that a discovered relationship will be coincidental, transitory, and useless–or worse.
[...]
The situation is exacerbated if the discovered patterns are concealed inside black boxes, where even the researchers and engineers who design the algorithms do not understand the details inside the black box. Often, no one knows fully why a computer concluded that this stock should be purchased, this job applicant should be rejected, this patient should be given this medication, this prisoner should be denied parole, this building should be bombed.
[...]
In the age of AI and big data, the real danger is not that computers are smarter than us, but that we think computers are smarter than us and therefore trust computers to make important decisions for us. We should not be intimidated into thinking that computers are infallible. Let’s trust ourselves to judge whether statistical patterns make sense and are therefore potentially useful, or are merely coincidental and therefore fleeting and useless.
Human reasoning is fundamentally different from artificial intelligence, which is why it is needed more than ever.
Don’t buy it.
The reality is, computers still can’t think like us, though they do seem to have gotten into our heads. Intimidated by the algorithms, humanity could use a little pep talk.
It is true that computers know more facts than we do. They have better memories, make calculations faster, and do not get tired like we do.
Robots far surpass humans at repetitive, monotonous tasks like tightening bolts, planting seeds, searching legal documents, and accepting bank deposits and dispensing cash. Computers can recognize objects, draw pictures, drive cars. You can surely think of a dozen other impressive–even superhuman–computer feats.
It is tempting to think that because computers can do some things extremely well, they must be highly intelligent. In a Harvard Business School study published in April, experimenters compared the extent to which people’s opinions about things like the popularity of a song were influenced by “advice” that was attributed either to a human or a computer. While a subset of expert forecasters found the human more persuasive, for most people in the experiment, the advice was more persuasive when it came from the algorithm.
Computers are great and getting better, but computer algorithms are still designed to have the very narrow capabilities needed to perform well-defined chores, like spell checking and searching the internet. This is a far cry from the general intelligence needed to deal with unfamiliar situations by assessing what is happening, why it is happening, and what the consequences are of taking action.
Computers cannot formulate persuasive theories. Computers cannot do inductive reasoning or make long-run plans. Computers do not have the emotions, feelings, and inspiration that are needed to write a compelling poem, novel, or movie script. Computers do not know, in any meaningful sense, what words mean. Computers do not have the wisdom humans accumulate by living life. Computers do not know the answers to simple questions like these:
If I were to mix orange juice with milk, would it taste good if I added salt?
Is it safe to walk downstairs backwards if I close my eyes?
I don’t know how long it will take to develop computers that have a general intelligence that rivals humans. I suspect that it will take decades. I am certain that people who claim that it has already happened are wrong, and I don’t trust people who give specific dates. In the meantime, please be skeptical of far-fetched science fiction scenarios and please be wary of businesses hyping AI products.
Forget emotions and poems: Take today’s growing fixation with using high-powered computers to mine big data for patterns to help make big decisions. When statistical models analyze a large number of potential explanatory variables, the number of possible relationships becomes astonishingly large–we are talking in the trillions.
If many potential variables are considered, even if all of them are just random noise, some combinations are bound to be highly correlated with whatever it is we are trying to predict through AI: cancer, credit risk, job suitability, potential for criminality. There will occasionally be a true knowledge discovery, but the larger the number of explanatory variables considered, the more likely it is that a discovered relationship will be coincidental, transitory, and useless–or worse.
[...]
The situation is exacerbated if the discovered patterns are concealed inside black boxes, where even the researchers and engineers who design the algorithms do not understand the details inside the black box. Often, no one knows fully why a computer concluded that this stock should be purchased, this job applicant should be rejected, this patient should be given this medication, this prisoner should be denied parole, this building should be bombed.
[...]
In the age of AI and big data, the real danger is not that computers are smarter than us, but that we think computers are smarter than us and therefore trust computers to make important decisions for us. We should not be intimidated into thinking that computers are infallible. Let’s trust ourselves to judge whether statistical patterns make sense and are therefore potentially useful, or are merely coincidental and therefore fleeting and useless.
Human reasoning is fundamentally different from artificial intelligence, which is why it is needed more than ever.
Fonte: aqui

Profissão respeitada
- Uma pesquisa sobre a profissão de professor em diversos países do mundo revelou que o contador é uma profissão de médio respeito por parte da sociedade: entre 14 profissões, ocupou o 7o. lugar
- O foco da pesquisa era o professor. O gráfico é um dos resultados e mostra o respeito pela profissão, por país.
Uma pesquisa da Fundação Varkey realizada em 35 países listou as dez profissões mais respeitadas do mundo, entre 14 ocupações listadas. A nota máxima seria 14. Eis a relação:
10- Professor Secundário
9- Consultor de Gestão
8- Gerente do Governo Local
7- Contador
6- Enfermeira
5- Oficial de Polícia
4- Professor Chefe (ou diretores)
3- Engenheiro
2- Advogado
1- Médicos
Enquanto a nota dos médicos foi 11,6, os contadores receberam 7,3.
Mas o foco da pesquisa foi apresentar um índice global sobre a questão do ensino. Mais especificamente, como a sociedade percebe o trabalho de um professor. Foram mais de 30 países. Eis o resultado de uma das questões pesquisadas:
(Quanto mais à esquerda, menor o respeito)
22 março 2019
Escola do Trabalhador
No final de 2017, o então Ministério do Trabalho criou a escola do trabalhador. Ao contrário da política de qualificação profissional que predominou nos anos anteriores, com esta escola qualquer pessoa entraria no site da escola, poderia escolher um curso, estudar o seu conteúdo e após um teste, receber um certificado. Tudo isto online, sem tutoria e burocracia.
Antes disto, o Ministério do Trabalho procurava fazer a qualificação através de convênios com diferentes entidades de cada região. Entre 2008 a 2012, por exemplo, em 336 convênios, o Ministério liberou, a preços atuais, 646 milhões de reais, qualificando 223 mil trabalhadores. Ou seja, cada trabalhador qualificado custou para o contribuinte quase 3 mil reais.
Um relatório das entidades que participaram destes convênios mostrou que a principal reclamação ou dificuldade na execução dos convênios era a relação com o Ministério do Trabalho. Esta política de qualificação realizada no período foi extensamente analisada em uma tese de doutorado da USP defendida por Ludmila Melo.
Talvez o grande problema da política pública de qualificação que predominou até 2016 decorre da dependência do jogo político e dos interesses, nem sempre razoáveis, do governo. Com a escola do Trabalhador isto acaba; a entidade convenente - que intermediava o acesso do trabalhador a qualificação - deixa de existir. Assim, através de um pequena parcela do dinheiro que estava indo para estas entidades, construiu-se uma plataforma e elaboraram conteúdos. Os dados da figura permitem comparar as duas políticas públicas: enquanto os convênios atingiram 92 municípios no Brasil, a maioria deles ricos (com elevado IDH e PIB), em um pouco mais de um ano de funcionamento, a Escola do Trabalhador chegou a 3.310 municípios, muitos deles sem condições de ter um convênio com o governo central para qualificação. Os dados apresentados são de um artigo, em fase de publicação, com os cem mil primeiros trabalhadores que conseguiram o diploma de extensão na Escola, a um custo muito menor.
Uma vez que o conteúdo foi criado e os problemas de tecnologia superados, tem-se que para cada novo aluno, o custo unitário diminui, já que o custo fixo foi desembolsado.
Brevemente, a escola estará colocando novos cursos. Por enquanto, são 25 opções. Clique aqui e ajude a divulgar esta iniciativa.
Antes disto, o Ministério do Trabalho procurava fazer a qualificação através de convênios com diferentes entidades de cada região. Entre 2008 a 2012, por exemplo, em 336 convênios, o Ministério liberou, a preços atuais, 646 milhões de reais, qualificando 223 mil trabalhadores. Ou seja, cada trabalhador qualificado custou para o contribuinte quase 3 mil reais.
Um relatório das entidades que participaram destes convênios mostrou que a principal reclamação ou dificuldade na execução dos convênios era a relação com o Ministério do Trabalho. Esta política de qualificação realizada no período foi extensamente analisada em uma tese de doutorado da USP defendida por Ludmila Melo.
Talvez o grande problema da política pública de qualificação que predominou até 2016 decorre da dependência do jogo político e dos interesses, nem sempre razoáveis, do governo. Com a escola do Trabalhador isto acaba; a entidade convenente - que intermediava o acesso do trabalhador a qualificação - deixa de existir. Assim, através de um pequena parcela do dinheiro que estava indo para estas entidades, construiu-se uma plataforma e elaboraram conteúdos. Os dados da figura permitem comparar as duas políticas públicas: enquanto os convênios atingiram 92 municípios no Brasil, a maioria deles ricos (com elevado IDH e PIB), em um pouco mais de um ano de funcionamento, a Escola do Trabalhador chegou a 3.310 municípios, muitos deles sem condições de ter um convênio com o governo central para qualificação. Os dados apresentados são de um artigo, em fase de publicação, com os cem mil primeiros trabalhadores que conseguiram o diploma de extensão na Escola, a um custo muito menor.
Uma vez que o conteúdo foi criado e os problemas de tecnologia superados, tem-se que para cada novo aluno, o custo unitário diminui, já que o custo fixo foi desembolsado.
Brevemente, a escola estará colocando novos cursos. Por enquanto, são 25 opções. Clique aqui e ajude a divulgar esta iniciativa.
Confiando e desconfiando
- Uma pesquisa mostrou uma grande diferença na percepção da qualidade das informações de uma empresa
- Os executivos confiam muito mais nas informações que os profissionais de finanças
- O erro humano é apontado como uma das causas da desconfiança
É bom lembrar que as demonstrações contábeis, a partir do escândalo da Enron, passaram a ser assinadas pelos principais executivos, além dos preparadores. Isto inclui o presidente da empresa e os membros dos comitês.
No primeiro grupo, de executivos, 71% afirmaram que confiam a precisão das informações contábeis. Isto significa dizer que estas pessoas estariam dispostas a assinar as demonstrações, como pede as normas de diversos países. Dos profissionais de finanças, muitos deles envolvidos na elaboração das demonstrações, 38% consideram que as informações refletem a realidade.
A pesquisa também verificou as razões pela desconfiança nas informações. O erro humano foi considerado a principal causa da desconfiança, já que muitas informações são manuais. Outro aspecto apontado é a grande quantidade de fonte originárias das informações. Além disto, foram apontados competência e treinamento, processos desatualizados, problemas nas verificações e nos controles automatizados, competência e treinamento. Tucker lembra que muitas pessoas tomam decisão com base em dados incorretos ou desatualizados.
Talvez a discrepância entre os dois grupos se devam ao conhecimento de como a informação é elaborada. Enquanto os profissionais sabem das grandes limitações, os executivos talvez não compreendam o processo contábil e confiam nas pessoas que estão conduzindo a contabilidade, sem saber direito como funciona.
21 março 2019
Estoque de restos a pagar
O Tesouro Nacional publicou o Relatório de Avaliação dos Restos a Pagar de 2019.
O documento mostra que foram inscritos para este ano R$ 189,5 bilhões em restos a pagar (RAP), um estoque 22% maior que o de R$ 155,3 bilhões inscrito no ano passado.
A mudança na sistemática de pagamento de despesas anunciada no fim do ano passado pelo Tesouro Nacional – que resulta na transferência financeira no mesmo dia em que a ordem bancária correspondente é gerada – responde por R$ 34 bilhões, ou 99,6%, de todo esse aumento.
Sem essa mudança, o crescimento do estoque de RAP teria sido de apenas R$ 0,1 bilhão em 2019 na comparação com 2018, em termos nominais, e a proporção de RAP em relação às despesas do orçamento do exercício seria de 6,3%, um dos menores valores da série histórica iniciada em 2008.
Corrigindo pelo IPCA e desconsiderando a mudança da sistemática de pagamento das ordens bancárias, o estoque de RAP inscritos diminuiu em R$ 5,6 bilhões, ou 3,5%, em 2019 em comparação com 2018.
[...]
A publicação mostra também que, na divisão por função de governo, o maior aumento do estoque de RAP em relação ao ano passado veio da Previdência Social (121%). O estoque de RAP referente a emendas parlamentares cresceu 5,09% na comparação com 2018, para R$ 13,973 bilhões. Como anexo, o relatório apresenta ainda os dados de RAP divididos conforme a estrutura administrativa dos ministérios que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2019, ao lado de um quadro com a estrutura em vigência no governo anterior.
Fonte: Aqui
O documento mostra que foram inscritos para este ano R$ 189,5 bilhões em restos a pagar (RAP), um estoque 22% maior que o de R$ 155,3 bilhões inscrito no ano passado.
A mudança na sistemática de pagamento de despesas anunciada no fim do ano passado pelo Tesouro Nacional – que resulta na transferência financeira no mesmo dia em que a ordem bancária correspondente é gerada – responde por R$ 34 bilhões, ou 99,6%, de todo esse aumento.
Sem essa mudança, o crescimento do estoque de RAP teria sido de apenas R$ 0,1 bilhão em 2019 na comparação com 2018, em termos nominais, e a proporção de RAP em relação às despesas do orçamento do exercício seria de 6,3%, um dos menores valores da série histórica iniciada em 2008.
Corrigindo pelo IPCA e desconsiderando a mudança da sistemática de pagamento das ordens bancárias, o estoque de RAP inscritos diminuiu em R$ 5,6 bilhões, ou 3,5%, em 2019 em comparação com 2018.
[...]
A publicação mostra também que, na divisão por função de governo, o maior aumento do estoque de RAP em relação ao ano passado veio da Previdência Social (121%). O estoque de RAP referente a emendas parlamentares cresceu 5,09% na comparação com 2018, para R$ 13,973 bilhões. Como anexo, o relatório apresenta ainda os dados de RAP divididos conforme a estrutura administrativa dos ministérios que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2019, ao lado de um quadro com a estrutura em vigência no governo anterior.
Fonte: Aqui
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