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17 novembro 2010

Procon

O Banco Panamericano é o 12º colocado no ranking anual de reclamações da Fundação Procon de São Paulo. Em 2009, o órgão de defesa do consumidor recebeu 617 reclamações contra o banco, das quais 485 não foram atendidas pela instituição.

A situação do Panamericano nesse tipo de ranking chama a atenção porque ele é apenas um banco médio. Tanto que, na área de específica de assuntos financeiros e habitação, o banco do Grupo Silvio Santos aparece na quinta colocação, acumulando mais reclamações do que instituições de grande porte como Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, entre outras.

As principais reclamações de consumidores contra o Panamericano referem-se a cobranças indevidas, desorganização e erros em contatos, especialmente de financiamento para compra de carros. Como o banco só atua por meio de empréstimos e consórcios, o grosso de sua clientela é justamente das camadas de menor renda da população.

Os problemas não pararam por aí. O Procon notificou as vinte primeiras empresas colocadas do ranking, assim como as três primeiras de cada área, questionando o alto índice de reclamações fundamentadas e exigindo metas de redução das demandas. No entanto, o Panamericano foi umas 13 companhias que se recusaram a subscrever o compromisso de estipular metas para redução do número de reclamações de consumidores no órgão.

Não por acaso, é crescente o número de clientes mal atendidos pela instituição financeira. “Temos sérios problemas dos nossos associados com o Panamericano”, diz a advogada Tatiana Viola de Queiroz, da Pro Teste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. “Mas o principal deles é que o banco, ou não dá retorno, ou responde que a questão reclamada está prevista no contrato assinado pelo consumidor e, portanto, é válido, ainda que seja totalmente contrário à lei.”

A professora Mara Cristina Gonçalves Jardim, de 46 anos, renegociou com o banco um financiamento e chegou a um acordo para alongamento da dívida. Ela deu um entrada no valor de R$ 560 e parcelou o restante em 18 prestações de R$ 280, cada uma. A dívida foi totalmente quitada em setembro último. “Ainda assim, durante todos esses meses, e mesmo depois de ter pago tudo, recebi ligações de cobrança da empresa, dizendo que iam recorrer à Justiça e que tirariam o meu salário”, conta a professora.

A renegociação da dívida foi feita por meio dos serviços da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), ONG especializada na defesa do consumidor bancário. A entidade recebe, nas três unidades que mantém na capital paulista, uma média de 50 consultas de consumidores por dia. “Desse total, entre 15 e 20 são referentes ao Panamericano”, afirma o diretor-presidente da ABC, Marcelo Segredo.

Segundo ele, a grande maioria das queixas são relacionadas a financiamentos de veículos. “Em 95% dos contratos, a gente encontra erros de cálculo que favorecem sempre o banco e fazem crescer a prestação.”


Banco de Silvio Santos é o 12º em queixas no Procon - Marcelo Rehder - 17 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Conflito de interesse

O Banco Fator, contratado pela Caixa Econômica Federal para avaliar o PanAmericano, era na ocasião administrador e gestor de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (Fidc) da instituição financeira do Grupo Silvio Santos. Essa vinculação, segundo o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico, configura conflito de interesses, e a Caixa deveria ter observado isso. Analistas do mercado chamam a atenção para a questão da transparência. Ontem ainda circularam rumores sobre uma possível venda do PanAmericano, o que levou suas ações a subirem mais de 6%.

O fundo, denominado Fator Autopan e criado entre 2006 e 2007, era composto por quotas oriundas de carteiras de veículos (empréstimos concedidos pelo PanAmericano), com valor inicial de R$200 milhões. O Fator foi contratado no início de 2009 e o Fidc, encerrado em 30 de abril deste ano.

— Está claro que, em alguma esfera da hierarquia, haverá conflito de interesses — afirmou o presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, Carlos Coradi.

— Não tenho dúvida de que houve conflito de interesses — disse um auditor interno da Caixa, que não quis se identificar.

Segundo analistas, BMG é candidato natural à compra

Para Mauro Mattes, da Corretora Concórdia, o ideal seria que o serviço tivesse sido feito por outra empresa, mesmo ligada ao Fator. Já o advogado Marcelo Freitas, sócio do escritório Siqueira Castro, diz que, havendo segregação de pessoas, informações e banco de dados, não há conflito de interesses. Mas lembra que nem sempre isso é transparente:

— É uma linha muito tênue.

O procurador do TCU disse que vai aguardar o resultado da fiscalização do Banco Central (BC) sobre o PanAmericano para tomar providências.

O Fator argumenta que a avaliação do PanAmericano foi feita pelo setor de Fusões e Aquisições, não pelo de Gestão de Administração de recursos de terceiros. E afirma que o Fidc tinha regras específicas, quotas definidas e prazo para encerrar.

Indagada se sabia que o Fator administrava um fundo do PanAmericano e sobre o porquê de não ter feito uma licitação, a Caixa disse que a contratação foi autorizada pela lei 11.908/2008.

Os rumores sobre a venda da participação do Grupo Silvio Santos no banco puxaram ontem as ações do PanAmericano na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) chegaram a subir 6,72%, fechando a R$4,97, alta de 4,41%.

Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados, a venda seria um caminho natural, e bancos de médio porte seriam os prováveis candidatos. Mas ele não prevê acordo a curto prazo:

— Quem comprar vai querer pagar um valor inferior aos R$2,5 bilhões tomados de empréstimo, o que vai prolongar as negociações — disse Salles, para quem o BMG seria um candidato natural por buscar escala no mercado de crédito consignado.

Em cartas, telespectadores mostram solidariedade ao SBT

Em nota, o BMG afirmou não ter informações sobre o PanAmericano. Mas disse estar “aberto a novas oportunidades”. A Caixa afirmou que os rumores não procedem. O BC disse que não recebeu comunicado.

Os novos executivos do PanAmericano informaram ontem que a Deloitte, contratada para auditar os balanços do banco, continua trabalhando normalmente nos números do terceiro trimestre. E asseguraram que ela tem recebido normalmente pelos serviços, o que foi corroborado pela própria Deloitte.

Isso desmente rumores de que a empresa de auditoria teria sido afastada e deixado de receber pelo menos R$1,6 milhão após a descoberta do rombo de R$2,5 bilhões no PanAmericano.

O balanço trimestral do PanAmericano deveria ter saído ontem, mas, com os problemas apontados pelo BC, não tem prazo para ser publicado, segundo os novos dirigentes do banco. Estes não comentaram os rumores sobre o BMG e disseram que isso deveria ser tratado com o Grupo Silvio Santos. Procurado, este não se manifestou.

O SBT informou estar recebendo “muitas cartas e e-mails” de telespectadores se solidarizando com Silvio Santos pelos problemas financeiros do grupo e oferecendo ajuda.


Fator administrava fundo do PanAmericano - 17 Nov 2010 - O Globo
Geralda Doca, Bruno Villas Bôas e Ronaldo D’Ercole

Microfinanças no Brasil

Um estudo elaborado pelo Economist Intelligence Unit (EIU) sobre o setor de micro finanças em 54 países em desenvolvimento mostra a evolução do setor. O Brasil aparece em 26o. lugar, numa lista comandada pelo Peru.

16 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste $381

Pagaram 6 mil dólares por um chinelo. Qual a relação com a contabilidade? O chinelo pertenceu a uma figura, conhecida por envolver-se numa fraude contábil. O dinheiro arrecadado com o leilão, que obteve 2 milhões de dólares, será destinado as vítimas da fraude de:

Charles Prince, do Citibank
Madoff, do fundo de investimento do mesmo nome
Skilling, da Enron

Resposta do Anterior: ISO 19011 - Fonte: aqui

Links

As nações mais desenvolvidas do mundo

Arte no pão

Mapa animando: mil anos de fronteiras na europa

Casino e falência

A solução do Panamericano


O empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garantido pelos bens do empresário Silvio Santos transformou o Banco PanAmericano numa exceção entre as instituições financeiras que tiveram problemas nos últimos anos. O caso foi resolvido depressa, os depositantes não perderam dinheiro e preservou-se o sistema financeiro.

Isso não ocorreu com os bancos estaduais e nas diversas quebras de bancos privados, como Econômico, Nacional, Bamerindus e Banco Santos (quadro abaixo). Os ativos e passivos dos bancos que sofreram a intervenção do Banco Central caíram nas costas da viúva. Não há dados consolidados, mas as barbeiragens dos banqueiros custaram R$ 130 bilhões desde 1994, algo como 2,5% do PIB.

Isso inclui programas como o Proer e o Proes, lançados logo após o Plano Real para evitar o colapso do sistema financeiro nacional. As 53 instituições em processo de liquidação tornaram-se problemas quase insolúveis. O BC tem de analisar os números e cobrar e pagar o que for possível.

O processo é caro, e tem de ser custeado pela massa falida do banco. O Proer custou R$ 44 bilhões aos cofres públicos e apenas R$ 17 bilhões foram recuperados. No Proes, dos bancos estaduais, a União colocou R$ 90 bilhões e não há ideia de quanto será recuperado. Os processos de liquidação mais antigos foram iniciados há décadas e só serão finalizados quando as infindáveis pendências judiciais forem resolvidas. Esses procedimentos são conduzidos por liquidantes designados pelo BC, em geral seus funcionários aposentados.

Hoje, só o Bamerindus quitou suas dívidas com o Proer, um passivo de R$ 2,7 bilhões assumido pelo FGC em 2009. Nesse aspecto, a solução para o PanAmericano não é apenas inovadora como também mais benéfica para os cofres públicos. Com o tempo, pode se tornar um produto de exportação brasileiro, assim como a declaração online do Imposto de Renda e as urnas eletrônicas.


Um modelo inovador - Por Rodolfo Borges e Rodrigo Queiroz - Isto é Dinheiro

IFRS na Klabin

A Klabin, maior produtora brasileira de papéis para embalagens, antecipou em um trimestre a adoção das normas contábeis do International Financial Reporting Standards (IFRS) e surpreendeu os investidores com um ajuste de quase R$ 2,3 bilhões em seu patrimônio líquido, decorrente de importantes atualizações no valor de seus ativos.

Ao divulgar o balanço do terceiro trimestre, a companhia revelou aumento de R$ 3,3 bilhões em seus ativos a partir da adoção dos novos critérios contábeis, que tiveram impacto principalmente no valor de terras e florestas e na estimativa de vida útil dos ativos. "Com esses ajustes, que também têm impacto no ativo permanente, mudou o patrimônio líquido", explicou o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Antonio Sérgio Alfano.

Antes dos ajustes, o patrimônio líquido da Klabin somava, ao fim de setembro, R$ 2,53 bilhões. Com a adoção das normas, passou a R$ 4,82 bilhões, influenciado pela adoção do valor justo dos ativos biológicos, que elevou de R$ 860 milhões para R$ 2,5 bilhões o valor das florestas; do custo atribuído às terras, que passaram de R$ 262 milhões para R$ 1,95 bilhão em valor de mercado; e da reavaliação da vida útil dos ativos.

"Foi um trabalho de consistência muita grande", disse o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher. "Imagine o que é apurar o valor de mercado de toras [de madeira] de diferentes diâmetros e de áreas florestais com características muito distintas", acrescentou. Ainda assim, a Klabin cumpriu a jornada de adoção do IFRS antes do previsto e optou pela adoção das normas, obrigatórias para os resultados do fim do ano.

Também o lucro líquido da Klabin no terceiro trimestre acabou por refletir a mudança. Segundo a companhia, antes dos ajustes, o resultado final seria positivo em R$ 186 milhões - com adoção das regras, o lucro líquido ficou em R$ 226 milhões, comparável a R$ 67 milhões, já ajustado, no segundo trimestre e a R$ 125 milhões em igual intervalo de 2009.

Sob o aspecto operacional, o desempenho da Klabin também indicou um trimestre melhor do que os anteriores. No intervalo, foram dois recordes: de receita líquida e volume de vendas. De julho a setembro, a receita da companhia, incluindo madeira, totalizou R$ 983 milhões, o equivalente a crescimento de 31% na comparação com um ano antes e de 9% ante o segundo trimestre. As vendas em volume, por sua vez, alcançaram 436 mil toneladas (sem levar em conta os negócios com madeira), 8% acima do verificado no terceiro trimestre de 2009 e 1% maior do que o registrado no intervalo imediatamente anterior.

De acordo com Poernbacher, a percepção da companhia é a de que os fundamentos do mercado seguem positivos, especialmente para os negócios domésticos, ao longo do próximo ano. "Estamos otimistas", comentou.

No terceiro trimestre, o mercado interno absorveu 71% do volume total de vendas da Klabin, ou 308 mil toneladas sem considerar madeira, com expansão de 17% na comparação com o mesmo intervalo de 2009. As exportações, por outro lado, caíram 9% na mesma base de comparação, para 128 mil toneladas. Nessa linha, o destaque ficou por conta do incremento das vendas para países da América Latina, região que vem ganhando peso nos embarques da Klabin.

Conforme balanço da companhia, o lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) trimestral de R$ 252 milhões foi o maior para o ano, 27% acima do verificado no terceiro trimestre de 2009. A margem lajida, contudo, ficou 1 ponto percentual menor na mesma comparação, em 26%.

Nos nove meses encerrados em setembro, a Klabin executou investimentos de R$ 248 milhões. Até o fim do ano, os desembolsos devem chegar a R$ 350 milhões ou R$ 370 milhões, de acordo com Alfano. A Klabin ainda não fechou seu orçamento para 2011, porém a expectativa é a de que os investimentos variem entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.


IFRS turbina balanço da Klabin - Por Stella Fontes 12/11/2010 Valor Economico via Alexandre Alcantara

Pornografia

12% dos sítios da internet são pornográficos ou 24 milhões

A cada segundo 3 mil dólares é gasto com pornografia

A cada segundo 28 mil usuários estão vendo pornografia

1 de cada 3 são mulheres

70% dos homens, com idade entre 18 e 24, visitam sítios num mês típico

A indústria de pornografia tem receitas estimadas de 5 bilhões de dólares no mundo

2,5 bilhões de e-mails diários são pornográficos

Ou 8% de todos os e-mails

25% das pesquisas estão relacionadas com pornografia ou 68 milhões por dia

35% dos downloads são de material pornográfico

Em média uma criança começa a olhar pornografia com 11 anos de idade

20% dos homens admitem que acessam pornografia no trabalho

O dia mais popular para acessar é o domingo

Fonte: aqui

Despesas na Petrobrás

O mercado está dividido quanto à interpretação do balanço do terceiro trimestre da Petrobras. No entanto, a preocupação com as despesas da estatal do petróleo permeia a maior parte das análises.

Para a analista Mônica Araújo, da Ativa Corretora, o resultado da Petrobras veio em linha com as expectativas da corretora, apesar de ter ficado inferior ao que o mercado esperava.

"O aumento de custos de exploração e refino, menor nível de produção doméstica no trimestre junto com exportações menores já estavam na nossa expectativa, mas não deixam de ser um quadro negativo", afirma. A corretora tem os papéis (PETR4) da estatal em revisão.

O Itaú BBA afirma, em relatório assinado por Paula Kovarsky, Diego Mendes e Giovana Araujo, que os números vieram em linha com as expectativas da corretora e do mercado. Entretanto, a pressão dos custos em itens recorrentes continua a ser uma fonte de preocupação.

"Além do mais, os acordos coletivos, os quais acreditamos serem recorrentes, devem aumentar os custos com pessoal daqui para frente", sinaliza o relatório. Para a corretora, o resultado veio em linha com as expectativas, mas com tendência desfavorável.

"Não esperamos uma grande oscilação nos preços da Petrobras referente ao resultado apresentado do terceiro trimestre", afirma a Link Investimentos em relatório assinado por Andrés Kikuchi. Apesar do resultado ter sido próximo do projetado, o aumento no custo de extração apresentou um crescimento significativo no período e a produção foi aquém do esperado.

O BB Investimentos ressaltou, em relatório assinado por Nelson Rodrigues de Matos, que a estimativa é de melhoria na receita operacional líquida no próximo trimestre, com a manutenção dos atuais níveis de preços do petróleo.

A Spinelli, em relatório assinado por Max Bueno, também parece mais otimista. Embora a corretora esperasse um lucro líquido maior para a Petrobras, acredita que o balanço não terá impacto nas ações.

"Para o quarto trimestre, acreditamos na manutenção desta trajetória, devido ao maior consumo de derivados, recuperação da produção em Campos e entrada em operação de novos sistemas produtivos", informa o comentário.


Analistas se preocupam com alta das despesas da Petrobras - Bárbara Ladeia - Brasil Econômico - 12/11/10

CVM e CPC

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) coloca em audiência pública hoje, 12/11/2010, minuta de deliberação que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 43(R1) – Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40.

Conforme divulgado anteriormente, após a conclusão da segunda etapa da emissão das normas de convergência, o CPC havia assumido o compromisso de revisar e atualizar todos os documentos por ele emitidos. O objetivo é tornar todos esses documentos totalmente convergentes com as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB - International Accounting Standards Board.

Esse processo teve início no final de 2009, quando revisões pontuais foram realizadas. Em 2010, ele continua, abrangendo todos os documentos emitidos desde o Pronunciamento CPC 01, divulgado em 14 de setembro de 2007.

O Pronunciamento Técnico CPC 43 (R1) contempla substancialmente alguns ajustes decorrentes das alterações propostas no CPC 37 (R1), que foi colocado em audiência pública em 7 de outubro último, e visa deixar claro que:

As demonstrações consolidadas elaboradas de acordo com os CPCs possam ser declaradas como estando de acordo com as normas contábeis internacionais (IFRS);
As demonstrações contábeis individuais somente não estarão em conformidade com as normas contábeis internacionais: (i) quando tiverem investimentos em controladas, os quais pela legislação societária brasileira são avaliados pelo método de equivalência patrimonial; e (ii) quando a entidade tenha optado pela manutenção do saldo não amortizado do ativo diferido existente em 31 de dezembro de 2007, cuja manutenção nas demonstrações individuais foi permitida pela Lei 11.638/07;

Não haja diferenças entre os valores de resultado do exercício e patrimônio líquido apurados de acordo com as IFRS e de acordo com a adoção dos CPCs. Exceção é feita àquelas entidades que adotaram antecipadamente as IFRS.

As sugestões e comentários deverão ser encaminhados, por escrito, até o dia 02 de dezembro de 2010, à Superintendência de Normas Contábeis e de Auditoria, preferencialmente através do endereço eletrônico: AudPublicaSNC1510@cvm.gov.br ou para a Rua Sete de Setembro, 111/27º andar – Centro – Rio de Janeiro – CEP 20050-901. Esclarecimentos adicionais à minuta do Pronunciamento CPC 43 (R1) poderão ser obtidos na página principal do CPC: http://www.cpc.org.br.

Clique aqui para acessar a íntegra do Edital de Audiência Pública com a minuta de Instrução e a versão da minuta do CPC 43 (R1) com as marcas da revisão da proposta, caso a proposta de alteração seja integralmente transformada em norma.

15 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

Um bom parceiro é fundamental. Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

“Sabe que esta semana aconteceram coisas que me deixaram muito triste, quase em depressão”, diz Silvio ainda sorrindo. “Aí, conversei com um amigo que foi pra Índia, e ele me contou uma história: ‘Não fique assim, Silvio. Sabe que, uma vez, vi no chão um passarinho doente. Estava frio e, para aquecê-lo, peguei um punhado de m... e o cobri. O passarinho melhorou e ficou tão quente e feliz que começou a piar (Silvio imita os sons do personagem). Então, um gavião ouviu os pios, deu um rasante e comeu o passarinho. Moral da história? Nem sempre quem te põe na m... é seu inimigo; nem sempre quem te tira da m... é seu amigo; e, mais importante: passarinho que está na m.... não dá um pio’.”

'Quem quer Dinheiroooo?' - Alline Dauroiz - 15 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano: governança

Os controles de governança corporativa do PanAmericano iam além da estrutura mínima exigida pelos órgãos regulatórios e eram considerados satisfatórios pelos especialistas.

Além do conselho de administração com membros independentes e da diretoria - componentes obrigatórios para empresa aberta -, o banco mantinha comitê de auditoria e conselho fiscal.

A exigência do conselho fiscal existe para as instituições financeiras, mas com prazo de início de operação não determinado. O PanAmericano mantinha o conselho estabelecido desde agosto de 2009 com três integrantes efetivos e três suplentes.

Bancos médios com perfis semelhantes, como BIC Banco e Cruzeiro do Sul, por exemplo, não possuem conselho fiscal instalado, segundo documentos na CVM.

"Sob análise externa, as práticas de governança da empresa estavam em um nível bom", diz Heloísa Bedicks, superintendente do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

Aos olhos dos investidores, as informações também eram satisfatórias e as perspectivas eram de valorização das ações em curto prazo, de acordo com Victor de Figueiredo, da corretora Planner.

A divulgação do balanço, prevista para a última sexta (12) foi suspensa pelo banco, assim como a teleconferência prevista para amanhã.

RESPONSABILIDADES

Nos Estados Unidos, segundo a lei fiscal Sarbanes-Oxley instituída depois do escândalo contábil envolvendo a empresa de energia Enron, presidentes e diretores financeiros das companhias abertas são responsáveis formais pelos dados dos balanços e podem ser presos em caso de fraudes contábeis.

No Brasil, não há leis específicas como essa, mas diretores e conselheiros podem ser responsabilizados.

"O conselho de administração e os diretores são considerados administradores e respondem com seus bens pessoais", afirma Heloísa Bedicks, do IBGC.

Segundo Roberta Prado, professora da DireitoGV, a punição, varia a cada caso. "Existem regras que dizem que se o administrador agir de maneira informada, refletida e isenta, não pode ser responsabilizado pelo que deu errado", diz.

Para Andre Camargo, do Insper, é possível que novas formas de regulação surjam depois de casos esse.

"O mercado sozinho não vai elevar sozinho o nível de regras de governança corporativa. Vamos precisar que haja uma força movida pelo estado trazendo políticas públicas mais definidas. Mas importar leis simplesmente não vai adiantar. É necessário melhorar o nível da fiscalização", resume.


Banco "maquiava" transparência e gestão - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo - CAMILA FUSCO - DE SÃO PAULO

Panamericano: efeito sobre a contabilidade

O caso PanAmericano levanta dúvidas sobre a confiabilidade da principal fonte de informação dos investidores.

Os analistas concordam com o fato de que os erros nos balanços do PanAmericano, que não foram detectados pelas empresas que auditaram suas contas, cria desconfiança sobre a veracidade das informações dos balanços de outras companhias.

"Cria um pouco de insegurança. Por isso, tem que ser esclarecido. As contas do PanAmericano passaram por três auditorias. Fica um mal-estar. A partir do momento que for esclarecido, a desconfiança desaparece", acredita Pedro Galdi, da SLW.

Para João Augusto Sales, da Lopes Filho, o anúncio feito pelo Banco Central de que vasculhou outros bancos e não encontrou problemas foi o que acalmou o mercado.

Segundo ele, os balanços do setor são mais difíceis de serem auditados.

"Se um banco quiser fraudar, quando é muito benfeito, os auditores não pegam. O Banco Central pega depois", disse.

A analista da Ativa Corretora Luciana Leocadio diz que os balanços dos bancos têm que ser acompanhados de perto, pois são diferentes dos de outros setores, o que dificulta a auditoria.

"É um risco, sem dúvida, do setor", afirma.


Caso provoca desconfiança sobre balanços - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo

Panamericano: tamanho do prejuízo

O rombo no Banco PanAmericano e na empresa de cartão de crédito do grupo Silvio Santos pode ser maior do que os R$ 2,5 bilhões informados até agora.

A cifra é resultado da soma de um buraco de R$ 2,1 bilhões em operações de crédito do banco e de R$ 400 milhões na área de cartões.

Mas a informação de que há um rombo dessa magnitude nas operações de cartão de crédito foi passada ao Banco Central pelos próprios dirigentes da holding do apresentador, segundo a Folha apurou.

Como R$ 400 milhões é uma estimativa dos dirigentes do grupo de quanto seria necessário para cobrir "potenciais problemas" com cartões e não foi determinado por fiscalização ou auditoria externa, há risco de que seja impreciso.

O que significa que o rombo total pode ser maior que os R$ 2,5 bilhões reportados, segundo a Folha apurou.

De acordo com auditores do BC, as informações declaradas pelo grupo em relação ao rombo na empresa de cartões de crédito ainda não foram conferidas.

Uma autoridade envolvida na fiscalização do PanAmericano disse à Folha que o tamanho exato do rombo só vai ficar claro à medida que avance o trabalho de escrutínio nas contas da empresa de cartões do grupo -e do próprio banco- tocado até agora principalmente pela nova diretoria.

A suspeita maior é de que os problemas na empresa de cartão de crédito sejam de natureza parecida com o que ocorria nas operações de empréstimo do banco: valores a ser recebidos de clientes no futuro eram inflados nos balanços, aumentando artificialmente o resultado.

FALTA DE FISCALIZAÇÃO

Os dirigentes do grupo de Silvio Santos se manifestaram a respeito da existência de um rombo na área de cartões apenas depois que o BC havia detectado a fraude.

O BC não fiscaliza a área de cartão de crédito, o que facilita desvios. A falta de fiscalização também dificulta a apuração de problemas.

Especialistas em direito bancário, como o advogado Jairo Saddi, coordenador do curso de direito do Insper, defendem há anos a inclusão do setor de cartões de crédito como atividade financeira, o que implicaria na fiscalização do Banco Central.

A autoridade monetária, no entanto, resiste à ideia.

As primeiras irregularidades encontradas pelo BC no PanAmericano foram operações de venda de uma mesma carteira de crédito para duas instituições diferentes.

Vender para outro banco o direito de receber as prestações de empréstimos concedidos é prática comum.

Bancos de porte médio como o PanAmericano fazem isso para levantar dinheiro rapidamente a fim de conceder novos empréstimos.

PREJUÍZO DISFARÇADO

Segundo a Folha apurou, não há dúvida entre autoridades envolvidas no caso de que as irregularidades no PanAmericano foram resultado de fraude e não de erro.

Há indícios de que executivos do banco armaram essas operações fraudulentas para cobrir o resultado deficitário do banco, transformando prejuízo em lucro.

Os problemas financeiros do PanAmericano foram resultado da combinação de dois fatores: custos altos e inadimplência elevada.

Sem base significativa de correntistas, o banco pagava caro para captar recursos no mercado. Além disso passou a ter problemas de inadimplência (o foco do banco são crédito consignado e financiamento de veículos).

O banco tinha de lidar ainda com outros custos altos -também amargados pelos demais bancos, especialmente os de médio porte- como o pagamento de comissões para os "pastinhas".

É como são chamados os trabalhadores autônomos que captam clientes para os bancos, batendo de porta em porta, visitando empresas e repartições públicas.


Rombo em banco pode supercar R$ 2,5 bi - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo - ÉRICA FRAGA

Panamericano: aplicação suspeita

Titular de aplicação de R$ 400 milhões que obteve rendimentos três vezes superiores às de mercado no banco PanAmericano, controlado por Silvio Santos, o empresário Adalberto Salgado Junior, 49, de Juiz de Fora (MG), já foi preso por suspeita de crime contra a ordem tributária.

Acusado do mesmo delito, responde a ação penal na Justiça Estadual de Minas desde setembro deste ano.

O empresário tentou suspender o processo no Tribunal de Justiça, mas o pedido foi negado.

Com pena de reclusão de dois a cinco anos, o crime contra ordem tributária é caracterizado como "suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social".

Procurado ontem e sábado em Juiz de Fora, o empresário não telefonou de volta. Segundo o porteiro do prédio onde mora, em área nobre da cidade, ele não estava em casa ontem.

A prisão foi relatada pelo próprio empresário ao prestar depoimento à Polícia Federal em julho de 2009.

Em Juiz de Fora, o empresário é conhecido por andar pelas ruas a bordo de uma Ferrari vermelha, relataram taxistas à reportagem.

NEGÓCIOS

Filho do empresário Adalberto Salgado, 82, um dos pioneiros no ramo cerealista, "Adalbertinho", como é chamado pelo pai, herdou quatro apartamentos de mãe e começou a investir em postos de combustível, imóveis e na área de "factoring" (compra de cheques e promissórias).

Ele é suspeito de receber mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação no PanAmericano, que recebeu aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (formado por contribuições dos bancos).

De acordo com técnicos do Banco Central, as aplicações de Salgado Junior podem ter rendido a juros inflados artificialmente para camuflar saída de recursos.


Dono de aplicação suspeita foi preso por crime fiscal em Minas Gerais - 15 Nov 2010
Folha de São Paulo - HUDSON CORRÊA

Panamericano: processo III

Executivos que comandavam o banco de Sílvio Santos terão que explicar como a instituição acumulou um rombo de R$ 2,5 bilhões

O Banco Central (BC) vai intimar até sexta-feira os ex-diretores do Banco Panamericano para que expliquem as inconsistências contábeis que levaram a instituição a acumular um rombo de R$ 2,5 bilhões.

A autoridade já encontrou indícios suficientes para abrir um processo administrativo contra os executivos. O primeiro passo é a intimação. Eles terão entre 15 e 30 dias para se defender.

Também até o fim desta semana, o BC encerrará as investigações dentro do banco. O resultado será enviado para o Ministério Público em São Paulo. Técnicos do BC entraram no Panamericano em meados de setembro, depois de identificar problemas na contabilidade.

Segundo o BC, o Panamericano tinha uma estrutura de despesas incompatível com as receitas. Com isso, apurava seguidos prejuízos, que eram mascarados pelas fraudes contábeis. A principal delas era a não contabilização da venda de carteiras de crédito para outras instituições financeiras (normalmente de grande porte, como Bradesco, Itaú, Santander e HSBC).

O Panamericano continuava computando como sua as receitas decorrentes desses empréstimos, inflando os resultados e encobrindo os prejuízos. Ainda não se sabe por que o banco acumulava perdas. Umas das hipóteses é a concessão de empréstimos em um ramo altamente arriscado: automóveis usados.

A antiga diretoria do banco era encabeçada por Rafael Palladino (diretor superintendente, primo de Íris, mulher do empresário Silvio Santos) e Wilson Roberto de Aro (diretor financeiro).

Conforme antecipou o Estado na edição de sábado, o BC também identificou indícios de desvio de dinheiro por parte dos ex-diretores do Panamericano. Oficialmente, a instituição nega a hipótese. Por meio da assessoria de imprensa, informa que o foco da investigação é a fraude nas carteiras de crédito.

O BC também já encontrou no banco Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas de remuneração elevadas para os padrões brasileiros. A informação também é negada oficialmente pela instituição.

O Panamericano foi uma das instituições que mais recorreram a um tipo de CDB regulamentado pelo BC no auge da crise de 2008, que previa um seguro anticalote para aplicações de até R$ 20 milhões. Em abril de 2009, esses CDBs chegaram a representar 50% das receitas do banco.

Fraudes escondidas. A contabilidade do Panamericano passou por vários crivos ao longo dos últimos anos. Nenhum deles detectou as fraudes. Segundo o BC, a maquiagem dos números começou em 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões.

No fim do ano passado, os auditores e negociadores da Caixa Econômica Federal também mergulharam nas contas do Panamericano quando o banco estatal comprou 49% do capital votante do banco de Silvio Santos por R$ 739 milhões. Mais uma vez, ninguém viu.

A Caixa deve interpelar a KPMG e o Banco Fator para prestarem esclarecimento sobre a auditoria que fizeram nas contas do Panamericano. A interpelação extrajudicial tem como objetivo saber por que as empresas não identificaram a fraude que resultou no rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. A partir daí, a Caixa decidirá se entrará ou não com alguma medida judicial.

Por enquanto, o banco público avalia que não há motivos para acionar judicialmente as companhias, pois não houve prejuízos financeiros. Toda a “inconsistência patrimonial” detectada pelo BC foi coberta com um aporte do acionista controlador, no caso, o Grupo Silvio Santos.

Salvamento. Para escapar de uma eventual liquidação do banco pelo Banco Central foi montada uma operação de socorro em que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), um organismo dos bancos, forneceu um empréstimo de R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano em troca foi exigido que o apresentador Sílvio Santos colocasse como garantia o seu patrimônio. O financiamento foi feito em dez anos com carência de três.


BC vai intimar até sexta ex-diretores do Panamericano - Leandro Modé - 15 Nov 2010
O Estado de São Paulo

Panamericano: processo II

O Grupo Silvio Santos anunciou ontem, em comunicado publicado em diversos jornais, que vai processar, nas esferas cível e criminal, os ex-executivos do PanAmericano e a empresa de consultoria Deloitte, contratada para auditar os balanços do banco. A decisão de acionar judicialmente os ex-gestores do banco e a consultoria foi tomada cinco dias depois de o grupo fechar um acordo com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), pelo qual recebeu um aporte de R$2,5 bilhões, dando como garantia as 44 empresas que compõem a holding.

O socorro do FGC foi negociado pelo próprio Silvio Santos depois que, em 11 de setembro, ele foi informado pelo Banco Central (BC) de que os balanços do PanAmericano apresentavam graves indícios de fraudes e manipulações patrimoniais. No comunicado, o grupo faz referência às “irregularidades apontadas pelo BC” para explicar as ações na Justiça.

Entre os oito ex-gestores do banco demitidos na última terça-feira, o ex-superintendente Rafael Palladino e o ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores Wilson de Aro devem ser os principais alvos dos processos. Primo de Iris Abravanel, mulher de Silvio, Palladino, um ex-professor de educação física, estava no grupo desde 1991. Ele e De Aro, que tinha quase 40 anos de casa, eram os homens de confiança do grupo à frente do PanAmericano e seriam os principais responsáveis pela crise no banco.

SBT veicula anúncios pedindo confiança

Além de trocar toda a diretoria, também na semana passada o banco mudou todos os membros do Conselho de Administração. Na presidência, Luiz Sandoval, que dirige a holding SS Participações, deu lugar a Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal, que detém 37% do capital do PanAmericano.

Por ordem de Silvio Santos, desde a última quinta-feira, em todos os intervalos de programas do SBT, é veiculado um comunicado explicando o que aconteceu com o banco. Com duração de 40 segundos e tendo a logomarca do PanAmericano ao fundo, um locutor conta que o banco tomou um empréstimo de R$2,5 bilhões junto ao FGC e deu como garantia as empresas do Grupo SS. Afirma que as empresas “valem no mercado mais do que o empréstimo”, e que todo o dinheiro emprestado foi usado para reforçar o caixa do banco. E termina dizendo:

“As pessoas e as empresas que confiam no nome Silvio Santos estão absolutamente garantidas, não tiveram e nem terão, em hipótese alguma, qualquer prejuízo. Continue confiando na credibilidade do Grupo Silvio Santos”.


Silvio Santos processa ex-executivos - 15 Nov 2010 - O Globo
Ronaldo D’Ercole

Panamericano: processo

O Grupo Silvio Santos decidiu processar os ex-diretores-executivos do Banco PanAmericano e também a Deloitte, empresa de auditoria externa contratada para fazer a revisão das demonstrações financeiras do banco.

O processo ocorrerá nas esferas cível e criminal, segundo comunicado distribuído ontem pelo grupo.

O grupo não informou como será a contestação nem os advogados contratados no caso.

Os integrantes do conselho e da diretoria executiva são responsáveis diretos pelas operações do banco e podem responder com os próprios bens em caso de má gestão ou de fraude.

Entre os diretores que serão processados estão Rafael Palladino, ex-superintendente do banco e parente de Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos.

Também serão processados Wilson Roberto de Aro, ex-diretor financeiro, e Adalberto Saviolli, ex-diretor de Crédito do banco.

SUSPEITA DE OMISSÃO

Além dos diretores, a empresa de auditoria e seus profissionais também respondem financeiramente pelos prejuízos sofridos por clientes e demais empresas por conta de eventual omissão.

Para se proteger nesses processos, as auditorias e seus profissionais costumam fazer seguros específicos para cobrir demandas judiciais. Os seguros não cobrem fraude.

Procurada, a Deloitte informou, em nota, que "está à disposição e colaborando com as autoridades para a devida apuração dos fatos e que se defenderá vigorosamente na Justiça de qualquer acusação relacionada ao caso do Banco Panamericano".

A Folha não conseguiu localizar ontem os ex-diretores do PanAmericano para que comentassem a ameaça de processo.


Ex-diretores e auditoria serão processados - Folha de São Paulo - 15 nov 2010

14 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Powerpoint
Fonte: Joy of Tech

Panamericano e agências de ratings

As agências de classificação de risco de crédito confiaram às cegas na auditoria feita nas contas do banco Panamericano e elevaram as notas da instituição financeira a um grau de investimento considerado seguro. As três principais empresas que fazem essa avaliação - Fitch, Moody’s e Austin Rating - agora estão revendo a nota.

“Como não temos papel de investigação, confiamos na integridade das informações sobre a empresa”, afirma Maria Rita Gonçalves, diretora de instituições financeiras da Fitch.

A compra de parte do banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal, em dezembro do ano passado, convenceu a Fitch a elevar, em julho deste ano, a nota do banco de Silvio Santos de BBB+ para AA+, um nível altamente seguro. “A elevação dos ratings do Panamericano baseou-se no suporte que a Fitch acredita que o banco receberia da Caixa em momentos de estresse”, explica Maria Rita.

Na última quinta-feira, no entanto, a agência rebaixou a avaliação do banco para A-, com perspectiva negativa.

A Austin Rating mantinha nota A para o Panamericano. Diferentemente da Fitch, não elevou a nota quando a Caixa comprou parte do banco. Sexta-feira, a Austin comunicou a retirada dos ratings do Panamericano e de suas debêntures, com o argumento de que é impossível continuar a monitorar o banco.

A Moody’s tem sido mais conservadora na avaliação. Desde abril de 2007, mantém a mesma nota para o Panamericano (Ba2 - nível considerado baixo na escala). Depois do anúncio do rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição, a Moody’s também colocou em revisão para possível rebaixamento todos os ratings atribuídos ao banco.

“A Moody's espera concluir a revisão dos ratings após o anúncio de resultados do terceiro trimestre”, diz Eduardo Barker, porta-voz da empresa. O balanço trimestral sairia na próxima terça-feira, mas foi adiado por tempo indeterminado.

Vítimas. As empresas de classificação de risco são unânimes em afirmar que a matéria-prima do trabalho que desenvolvem é a informação pública, e auditada, fornecida pelo banco.

Ao serem questionadas sobre os ratings altos do Panamericano, dizem que não têm poder de fiscalização. “Trabalhamos com dados públicos. Somos vítimas do erro deles”, diz Luís Miguel Santacreu, analista da Austin Rating. Segundo ele, a responsabilidade sobre as informações é da Justiça, dos auditores e do Banco Central (BC).

Ineficiência. Para o professor de Finanças Internacionais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA/USP) Manoel Enriquez Garcia, houve falta de eficiência no levantamento de informações para a composição do balanço feito pelas auditorias (no caso, a Delloite).

“Não foram feitas as devidas diligências na apuração das informações da auditoria”, diz Garcia. “É preciso entrar no nível dos detalhes, checar junto aos órgãos competentes todos os contratos, passivos e ativos do banco para saber a autenticidade das informações passadas pela empresa auditada.”


Agências de rating deram boas notas ao banco - Denise Ramiro - 14 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano e Jequiti

Negócio de venda direta de cosméticos é cortejado por concorrentes e fundos de investimento, diz Carmo Jr., presidente da empresa

A Jequiti Cosméticos, uma das 44 empresas do Grupo Silvio Santos, é considerada pelo presidente da companhia, Lásaro do Carmo Jr, a “joia da coroa” do conglomerado e deve ter papel preponderante na operação de salvamento do Banco Panamericano.

Segundo o Estado apurou, ela é avaliada em R$ 800 milhões pelo mercado. A outra empresa mais valiosa do Grupo é o próprio Panamericano, cujo valor do controle é estimado em R$ 1 bilhão. O patrimônio do Grupo é calculado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em R$ 2,7 bilhões, mas somente a venda dessas duas empresas pode render quase R$ 2 bilhões.

Além de mais valiosas, as empresas do grupo ligadas ao varejo - além do banco e da empresa de cosméticos, inclui o Hotel Jequitimar e outros empreendimentos imobiliários - têm mais liquidez e, portanto, são as mais fáceis de serem passadas para frente. O mesmo não acontece com a Liderança Capitalização (Tele sena) e o Baú da Felicidade. E a situação fica ainda mais difícil no negócio das emissoras de TV. Além de se tratar de concessão a pessoa física, há restrições à participação de estrangeiros nos meios de comunicação.

“Todo mundo está de olho na Jequiti: fundos de investimento e empresas concorrentes. No momento, a empresa ainda não está à venda. Temos solidez e queremos alçar voos maiores”, diz Carmo Jr. Ele não revela se a empresa, especializada em venda direta de cosméticos e que concorre com gigantes do setor, como Avon e a Natura, tem lucro. Mas ressalta que a geração de caixa é positiva. Isto é, a companhia se sustenta operacionalmente e não precisa recorrer com regularidade a bancos.

Salto. Outro fator que faz da empresa a “joia da coroa” é a sua rápida evolução. Fundada em 2006, a Jequiti deve fechar este ano faturando entre R$ 380 e R$ 400 milhões, com crescimento de 80% em relação a 2009. Desde 2007, a receita foi multiplicada por 20. Hoje tem 160 mil revendedoras. Até dezembro serão 170 mil.

Se a projeção de vendas para este ano se confirmar, a Jequiti responderá por cerca de 10% da receita do grupo. A perspectiva é de que o faturamento atinja R$ 1 bilhão até 2013 e essa unidade se torne o pilar do conglomerado até 2015, ao lado do Banco Panamericano, prevê o executivo.

Apesar do revés sofrido na semana passada, com a descoberta de uma fraude no Panamericano, que levou Silvio Santos a ter de dar o conglomerado em garantia para obter um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do FGC, Carmo Jr. está otimista. Diz que os planos da Jequiti de ter a primeira fábrica e de construir novos centros de distribuição em Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Belém (PR) estão mantidos.

“Continuamos em voo de cruzeiro e vamos ter de trabalhar mais”, afirma o executivo. Ele conta que o projeto da fábrica está pronto. A meta é iniciar as obras em janeiro de 2011 e colocá-la em operação no início de 2013.

A indústria, que será erguida no complexo Anhanguera, onde fica o SBT, está orçada em R$ 80 milhões. A companhia vai buscar no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros agentes financiadores os recursos.

“Não ter uma fábrica é um fator limitador de crescimento”, diz Carmo Jr. Atualmente, a empresa vende 750 itens, dos quais 500 cosméticos e 250 não cosméticos. A formulação dos cosméticos é desenvolvida pela Jequiti e os produtos são fabricados por sete indústrias.

Segunda-feira passada, véspera do anúncio da operação de salvamento do Panamericano, a Jequiti ganhou o 18.º Prêmio Atualidade Cosmética, como melhor empresa do ano, à frente de Natura e Unilever, pelo crescimento de 153% no primeiro semestre.

O Brasil é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo, com vendas de R$ 12,9 bilhões em 2009. A venda direta é o canal que mais cresce depois das franquias. Procuradas pelo Estado, a Natura informa que não se interessa pela Jequiti e a Avon não fala sobre a concorrência.


Jequiti é a 'joia da coroa' do Grupo SS - Márcia De Chiara e Marcelo Rehder - 14 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Desvio de dinheiro no Panamericano II

O Banco Central encontrou o primeiro indício concreto de desvio de dinheiro no PanAmericano.

Um único cliente pessoa física recebia mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação na instituição, a taxas muito superiores às de mercado.

Técnicos do BC suspeitam que os juros do investimento eram inflados artificialmente para camuflar a saída dos recursos. Não se sabe ainda se o cliente está envolvido no suposto esquema.

O titular da aplicação é o empresário Adalberto Salgado, de Juiz de Fora (MG). Ele mantinha R$ 400 milhões num CDB (Certificado de Depósito Bancário) do PanAmericano, que o remunerava a mais de 30% ao ano.

O BC já havia identificado problemas na contabilidade, mas não tinha indícios de desvio de dinheiro.

O CDB é um instrumento usado pelos bancos para captar recursos. O investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros baseados no CDI -taxa cobrada nas transações entre instituições financeiras. O CDI segue a taxa básica da economia (Selic), hoje em 10,75% ao ano.

Em sua aplicação, o empresário obteve 20% ao ano de retorno mais o total do CDI -cerca de 30,75%. O prazo da aplicação é de cinco anos.

Bancos menores e de médio porte, como o PanAmericano, costumam pagar taxas superiores ao CDI dependendo do valor investido e do prazo. Ainda assim, segundo executivos do mercado, uma taxa polpuda chegaria a, no máximo, em torno de 105% do CDI (cerca 11,3% ao ano). (...)


Cliente ganha R$ 120 mi em banco de Silvio - 14 Nov 2010 - Folha de São Paulo
LEONARDO SOUZA & MARIO CÉSAR CARVALHO

Maquiagem

A operação do PanAmericano, que quase foi à falência por conta de um rombo de R$2,5 bilhões, era deficitária, mas os executivos que comandavam o banco "maquiavam" o balanço, transformando lucro em prejuízo, para "garantir seus prêmios".

É isso que Silvio Santos, o dono do PanAmericano, acredita ter ocorrido com seu banco, segundo entrevista concedida à revista "Veja".

Silvio Santos fez, no entanto, a ressalva de que "não entende" o suficiente do negócio bancário para ter certeza sobre o que teria ocorrido com a instituição. "Só saberemos exatamente o que houve quando as investigações terminarem", disse.

Na entrevista, o empresário afirmou que, em 2005, o Citibank, gigante norte-americano do setor bancário, fez uma oferta de R$ 1,3 bilhão pelo PanAmericano.

Silvio Santos afirma que recusou a oferta do Citi porque o banco "deixou claro que demitiria um número muito grande de nossos 5.000 funcionários".

Diferentemente do que havia declarado em entrevista concedida à Folha na última quinta-feira, Silvio Santos disse à "Veja" que não pretende vender sua rede de televisão, o SBT. A rede valeria R$ 1 bilhão, segundo ele.

"Se tiver mesmo que vendê-la, isso vai acontecer daqui a oito ou dez anos", disse.

O empresário confirmou que as demais empresas do seu império de negócios (incluindo o próprio PanAmericano e indústrias de cosméticos) podem ser vendidas para cobrir o empréstimo.

Só o banco valeria R$ 1,2 bilhão e a empresa de cosmético, mais R$ 800 milhões.

Silvio Santos afirmou ainda que ficou sabendo que o Banco Central havia detectado problemas nas contas do PanAmericano no dia 11 de setembro e que o problema com o banco vai retardar sua aposentadoria, inicialmente planejada para 2011, quando terá 80 anos.


Silvio Santos diz que "maquiagem" ocultava deficit - 14 Nov 2010 - Folha de São Paulo

13 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

O tenista McEnroe numa propaganda onde discute com o guarda de trânsito sobre o carro estar ou não na linha.

Fonte: Funnyvideo

Por que a Deloitte erra Tanto


O economista aposentado Enrique Garcia tomou um empréstimo consignado, garantido por sua aposentadoria, no Banco PanAmericano, que já foi pago. Pouco mais de um ano depois, o microempresário Fábio Casagrande financiou a compra de seu Ford Ka com a ajuda do banco.

Eles não se conhecem, mas têm uma coisa em comum: os pagamentos de Garcia foram usados para quitar as dívidas de Casagrande. Os empréstimos concedidos pelo PanAmericano eram empacotados em grandes carteiras, posteriormente vendidas várias vezes para bancos diferentes. O dinheiro dos novos créditos pagava os juros dos antigos.

O objetivo da fraude era engordar os ativos e os lucros do banco, e turbinar a remuneração dos executivos. Foi essa pirâmide financeira fraudulenta que gerou o rombo de R$ 2,5 bilhões no banco de Silvio Santos, em um processo construído pelo menos há quatro anos – e, por incrível que pareça, a Deloitte, responsável pela auditoria dos balanços, não enxergou nada.

“As auditorias, a interna e a externa, não perceberam o que estava acontecendo”, diz Celso Antunes da Costa, novo diretor-superintendente do Panamericano que tomou posse na terça-feira 9. Em teoria, as empresas de auditoria são pagas para garantir a confiabilidade das informações publicadas pelas empresas.

Na prática, a Deloitte chancelou o balanço do PanAmericano referente ao segundo semestre de 2010 sem ressalvas, o que certamente prejudicou clientes, aconistas e colocou em risco a própria economia. Como um rombo desse tamanho passou despercebido? “Pode ser que alguém do banco ou da auditoria tenha indicado que havia diferenças de valores, mas, se isso ocorreu, a apuração não avançou”, diz Costa, que já colocou na agenda a busca de outra auditoria. “Não há clima para continuarmos com a Deloitte.”

O erro de R$ 2,5 bilhões da auditoria no PanAmericano é mais uma derrapada em uma lista de casos parecidos. A Deloitte estava encarregada de auditar as contas da Parmalat, que quebrou em 2003 deixando um buraco de US$ 1,8 bilhão. Também era a responsável pelas contas da empresa de lentes de contato Bausch & Lomb, cujos executivos da subsidiária brasileira desviaram US$ 25 milhões (na época, a Deloitte negou que auditava as contas da empresa).

Mais recentemente, a Deloitte também olhava os números da Aracruz, empresa de celulose que perdeu R$ 1,95 bilhão em operações com derivativos cambiais em 2008. A Deloitte tinha de garantir que as informações prestadas pelo banco fossem consistentes, mas não foi a única empresa a esquadrinhar os números do PanAmericano.

A venda de 36% do seu capital total e 49,99% das suas ações ordinárias para a Caixa Econômica Federal teve a assessoria do banco Fator e da auditoria KPMG, que também não perceberam nada de errado nos números. Durante a negociação, o Fator encontrou divergências em dívidas trabalhistas e tributárias, que reduziram a avaliação do PanAmericano em R$ 100 milhões, mas essas diferenças são normais em vendas de empresas, diz Venilton Tadini, diretor de banco de investimentos do Fator.

Ele afirma que seria impossível encontrar o rombo nos ativos “Não tivemos acesso completo aos dados, não podíamos ver quem eram os compradores das carteiras de crédito.” O executivo diz que nem o Fator nem a KPMG puderam ir fundo na pesquisa. “Não fomos autorizados a consultar a Deloitte, pois o banco temia ter de divulgar ao mercado que estava procurando um sócio”, diz ele. “Se o negócio não fechasse, o PanAmericano quebrava, pois a confiança do mercado ficaria arranhada.”

Isso já ocorreu. A recepcionista Janaína dos Santos tomou um empréstimo no Panamericano há dois meses para financiar a compra de um carro. “Não dá para confiar em um banco que tem fraude”, diz. Procurada, a Deloitte divulgou uma nota em que diz ser “uma empresa presente no Brasil desde 1911, que atende a cinco mil clientes e com quatro mil profisionais pautados pela mais estrita ética, transparência e profissionalismo”. Ah, bom.

Por que a Deloitte erra tanto - Por Cláudio Gradilone

Desvio de dinheiro no Panamericano

Além da fraude contábil para esconder prejuízos, funcionários fizeram operações suspeitas na área de cartões de crédito

A investigação do rombo no Panamericano aponta para o desvio de recursos por funcionários do banco. O foco está na área de cartões de crédito. Durante a investigação, diretores já demitidos admitiram que financiavam o saldo de devedores dos cartões em valores superiores à dívida real.

Assim, o dinheiro que saía do caixa do banco era superior ao que os clientes financiavam. Do rombo total de R$ 2,5 bilhões do Panamericano, R$ 400 milhões tiveram origem nos cartões.

Se a suspeita for confirmada, como acreditam pessoas envolvidas na investigação, serão ao menos duas as causas do rombo: desvio, provavelmente para o bolso de funcionários, e maquiagem dos balanços para esconder os maus resultados do banco.

Ao contrário do que ocorreu na venda de carteiras de crédito para outros bancos, nos cartões houve efetiva saída de dinheiro. “Os recursos saíram do banco. O trabalho agora é descobrir onde foram parar”, afirma uma fonte a par do assunto. “Ainda está tudo muito nebuloso.”

Para fazer financiamentos a mais, os executivos usavam as procurações que os clientes no Brasil concedem à administradora quando aderem ao cartão. Com elas, a administradora ia ao banco para contratar financiamento em nome do cliente quando este parcelava o saldo devedor.

Ontem, o Ministério Público Federal em São Paulo recebeu a notificação do Banco Central (BC) para investigar o caso. Também ontem, a Polícia Federal (PF) informou que abriu investigação.

Internamente, as irregularidades serão apuradas pela nova diretoria e pela PriceWaterhouseCoopers, auditoria indicada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emprestou R$ 2,5 bilhões para Silvio Santos salvar o Panamericano.

Um dos obstáculos que os investigadores vão encontrar é que o setor de cartões de crédito no Brasil vive uma espécie de ‘limbo jurídico’. Nenhum órgão de governo é responsável pela fiscalização da área. Além disso, a administradora de cartões do Panamericano não está subordinada ao banco.

A hipótese de que os antigos diretores forjaram os balanços para engordar os bônus perdeu força porque o Panamericano não tinha essa política de remuneração. Segundo um documento enviado pelo banco à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os diretores ganhariam este ano R$ 4,542 milhões entre salários e benefícios diretos ou indiretos. Não havia previsão para remuneração variável.

Crivos. A contabilidade do Panamericano passou por vários crivos ao longo dos últimos anos. Nenhum deles detectou as fraudes. Segundo o BC, a maquiagem dos números começou em 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões. “Abrir capital na bolsa é muito chato”, afirma um banqueiro. “Envolve advogados, auditores, investidores. Como é que ninguém viu?”

No fim do ano passado, os auditores e negociadores da Caixa Econômica Federal também mergulharam nas contas do Panamericano quando o banco estatal comprou 49% do capital votante do banco de Silvio Santos por R$ 739 milhões. Mais uma vez, ninguém viu.


Investigação indica desvio de dinheiro no Panamericano - David Friedlander e Leandro Modé - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Caixa, Panamericano e Consultorias

A Caixa Econômica Federal deve interpelar a KPMG e o Banco Fator para prestarem esclarecimento sobre a auditoria que fizeram nas contas do Banco Panamericano. A interpelação extrajudicial tem como objetivo saber por que as empresas não identificaram a fraude que resultou no rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. A partir daí, a Caixa decidirá se entrará ou não com alguma medida judicial.

No momento, a avaliação da estatal é de que não há motivos para acionar judicialmente as companhias, pois não houve prejuízos financeiros. Toda a “inconsistência patrimonial” detectada pelo Banco Central foi coberta com um aporte do acionista controlador, no caso, o Grupo Silvio Santos.

“Não cabe nesse primeiro momento uma ação judicial. Por isso, estamos estudando interpelar as empresas extrajudicialmente para questionar o trabalho realizado. Se não formos convencidos (das respostas aos questionamentos), entraremos com ação na Justiça”, explicou uma fonte ao Estado. “Os representantes da Caixa já estão no banco e agora será possível verificar mais de perto o que aconteceu”, acrescentou.

No final do ano passado, após as auditorias internas e externas não identificarem problemas nos balanços patrimoniais do Panamericano, a Caixa adquiriu 49% das ações da instituição do Grupo Silvio para ampliar a atuação em setores em que não tem muita presença como, por exemplo, financiamento de carros usados.

Na ocasião, o governo federal estimulou a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e de médio porte devido à falta de liquidez provocada pela crise econômica mundial. O objetivo era impedir que essas instituições quebrassem.

O que a Caixa considera inaceitável e está apurando é o motivo pelo qual as empresas de auditoria KPMG, Banco Fator e Delloite não identificaram indícios de irregularidades nos balanços do Panamericano.

Neste primeiro momento, segundo a fonte, serão interpeladas extrajudicialmente a KPMG e Banco Fator.

Fantasma do Nacional. No BC, o clima entre os técnicos da fiscalização não é dos mais tranquilos. A avaliação é que um caso como esse não deveria passar, principalmente em área de crédito onde as instituições financeiras têm intensificado as operações. Desde o caso do Banco Nacional (que teve a liquidação decretada em novembro de 1995 por incluir em seus balanços créditos fictícios), houve aumento no quadro de funcionários na área de fiscalização, assim como os investimentos em sistema de monitoramento.

Oficialmente, no entanto, o BC informa que “agiu na hora certa, pois, a autoridade reguladora e fiscalizadora age a tempo e a hora quando: detecta o problema, determina a solução do problema, a solução é implementada antes que haja qualquer prejuízo ao poder público, a credores e a terceiros”.

O problema, segundo algumas fontes, é que a fraude no Panamericano estaria acontecendo há três ou quatro anos e nada foi constatado nas fiscalizações do BC.

Na terça-feira à noite, o Panamericano divulgou fato relevante informando o aporte de R$ 2,5 bilhões do Grupo Silvio Santos para cobrir “inconsistências patrimoniais” encontradas pelo Banco Central.


Caixa decide interpelar consultorias - Edna Simão - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Efeitos sobre o SBT

Agências de publicidade pedem descontos nos anúncios veiculados em emissoras de televisão que enfrentam crise ou estão à venda

Se a especulação sobre a venda da rede SBT persistir, segundo diretores de planejamento de mídia das principais agências de publicidade consultadas pelo ‘Estado’, a emissora ficará vulnerável. “O SBT pode começar a perder entre 20% e 30% da sua receita já no começo do ano”, diz um deles. “Todos vão querer negociar a compra de mídia na emissora com pesados descontos. Nessa hora, não há solidariedade. Há negócio”, diz outro.

A situação, lembram eles, não será diferente do que viveu a Rede Globo por volta de 2003, quando passou pela reestruturação de sua dívida tendo de vender participação em várias afiliadas. “No momento da negociação do comprometimento anual de pagamento antecipado, houve descontos de compra de mídia de até 80% do valor do volume contratado no ano”, relembram.

É prática do mercado de propaganda o uso do “comprometimento anual”, um recurso para compra antecipada de espaços de veiculação de anúncios com descontos proporcionais ao volume contratado. É uma forma de a emissora fazer caixa. É feito no começo do ano, à medida que as grandes empresas definem suas verbas de marketing. Fora isso, nessa mesma época, as emissoras também negociam os patrocínios para os pacotes de programação anual, como grade de esportes, séries e reality shows, entre outros.

Imagem. Não é à toa que Sílvio Santos se preocupa em preservar sua boa imagem. Ele tomou para si a tarefa de escrever do próprio punho o anúncio que pôs no ar desde ontem. Nenhuma agência de propaganda, como seria usual, foi convocada para a tarefa. No comunicado, ele destaca que as empresas do Grupo Sílvio Santos valem mais do que o empréstimo que se viu obrigado a contrair para cobrir o rombo no Banco Panamericano, que pertence ao grupo.

Preservar a imagem trata-se de - mais do que uma vaidade natural para um ídolo popular - uma forma de evitar prejuízos para o SBT. A comercialização dos espaços publicitários em qualquer emissora leva em consideração dois aspectos: audiência e credibilidade. A audiência do SBT tem se mantido estável, em torno dos 6 pontos de média por dia no último ano. Mas a credibilidade pode ficar abalada com o risco de venda e isso provocar perda de receita a médio prazo.

“Ninguém vai patrocinar uma novela com duração de oito ou dez meses sabendo que a emissora pode ser vendida a qualquer momento”, explica Angelo Frazão, consultor de mídia com mais de 30 anos de experiência. “O veículo só perde relevância para o anunciante quando perde audiência ou quando a credibilidade é afetada.”

A emissora é muito próxima da imagem de Sílvio. Tão próxima que, como avalia Fernando Mazzarolo, presidente da agência de propaganda WMcCann, só não foi atingida ainda porque Sílvio foi ágil na adoção de uma postura pública, com o empenho do próprio patrimônio. Uma atitude rara nessas situações, o que repercutiu positivamente tanto nas redes sociais como entre os profissionais do meio. “Todo o processo vem sendo bem conduzido”, diz Mazzarolo.


Escândalo ameaça receita do SBT - Marili Ribeiro - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Processos do Panamericano

O Grupo Silvio Santos vai processar, nas esferas cível e criminal, os ex-diretores executivos do banco Panamericano e a auditoria externa contratada para revisar as demonstrações financeiras do banco (Deloitte). A informação consta de um comunicado divulgado pelo grupo. O ‘Estado’ apurou que o empresário Silvio Santos tem dito a pessoas próximas que está “imbuído em pôr os envolvidos na fraude do Panamericano na cadeia”.

A diretoria do banco era presidida por Rafael Palladino. Também integravam o primeiro time Wilson Roberto de Aro (diretor financeiro e de relações com investidores), Adalberto Savioli (crédito), Luiz Carvalho Bruno (jurídico), Carlos Roberto Vilani (comercial), Eduardo de Ávila Pinto (tecnologia da informação), Elinton Bobrik (novos negócios) e Mario Tadami Seó (investimentos).

Os dois principais executivos eram Palladino e de Aro. Foram eles, por exemplo, que comandaram o processo de IPO (abertura de capital na bolsa) em 2007. Visitaram investidores no Brasil e no exterior para vender o banco. Segundo uma pessoa que acompanhou o processo, eram duros de negócio. Não falavam inglês e “não eram sofisticados”.

Formado em educação física e ex-personal trainer, Palladino é primo de Íris Abravanel. Roberto de Aro é administrador de empresas e começou a trabalhar no Grupo Silvio Santos em 1974. Praticante de tênis, mora em um luxuoso apartamento nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.

Dificuldades. No fim de 2008, quando o Brasil sofria os efeitos mais intensos da crise mundial, o banco Panamericano chegou a suspender resgates de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) de grandes clientes. A atitude, claro, irritou os detentores dos títulos, que queriam ver seu dinheiro na mão e não conseguiram. Por isso, o banco deixou de ser opção de investimento para várias entidades do mercado, como fundos de pensão.

Ainda que o problema tenha ocorrido em meio à pior crise global desde 1930, evidencia que as dificuldades do Panamericano começaram lá atrás - e independem das fraudes contábeis descobertas pelo Banco Central (BC).

Por trás dessas dificuldades, explica um analista que pede para não ser identificado, está a opção do banco em se especializar numa área com altíssimos índices de calote: financiamento de automóveis usados.

No segundo trimestre, o BC pediu para o Panamericano reforçar as provisões contra calotes duvidosos em R$ 120 milhões (o total acabou subindo para R$ 577 milhões, o equivalente a pouco mais de 6% da carteira de crédito, porcentual pequeno se comparado ao de instituições de grande porte).

A estratégia concentrada nos carros usados, somada às fraudes contábeis, derrubou o banco, a despeito de dois aportes relevantes realizados nos últimos anos - R$ 777 milhões do IPO e mais R$ 739 milhões obtidos na venda de 49% do capital votante para a Caixa Econômica Federal, em novembro do ano passado./


Grupo Silvio Santos processa ex-diretores - Leandro Modé - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo - COLABOROU MARILI RIBEIRO

Funções do Banco Central

As funções do BC

Está entre as funções do BC supervisionar o sistema financeiro. E não auditar contas de bancos. “Se assim fosse, o BC se tornaria a maior empresa de auditoria do mundo”, ponderou ontem, em conversa com a coluna, Henrique Meirelles. Com um agravante: aprovados os números, a instituição financeira automaticamente seria garantida pelo governo federal. O que, na opinião de Meirelles, aumentaria o chamado “moral hazard”.

Na mão contrária do que é pregado na convenção da Basileia: a de diminuir os riscos dos BCs pelo mundo.

Funções 2

Com o BC sob fortes críticas em função do Panamericano, Meirelles destaca que a autoridade monetária localizou, a tempo e a hora, o problema. “Sem prejuízos maiores a não ser para o próprio acionista controlador. ” Não nega nem admite que foi sua a ideia de usar o Fundo Garantidor de Crédito para resolver a cratera aberta na instituição de Silvio Santos. “O FGC é privado e pertence aos bancos. Ao governo, cabe normatizar seu funcionamento por meio do Conselho Monetário Nacional”.

Eleição

Ao entrar no site do Tribunal Superior Eleitoral para dar uma olhada nas contribuições dos bancos na última eleição, esta coluna se deparou com algumas curiosidades. O Bradesco, pelo banco em si, deu R$ 10 milhões somente. Mas outros dois bancos de sua propriedade, o Alvorada e o Bankpar, deram, respectivamente, R$ 33,2 milhões e R$ 2 milhões. Uma soma total de R$ 45 milhões.

O Itaú/Unibanco, por sua vez, ofereceu R$ 14,3 milhões.

Eleição 2

Chama atenção também a oferta de dois bancos médios. A do BMG, de R$ 29,2 milhões, o dobro do doado pelo Itaú. E do Cruzeiro do Sul, de R$ 6, 9 milhões. Em comum, ambos operam forte no setor de crédito consignado. O Panamericano, de Silvio Santos, não contribuiu com nada.

Lebre por gato?

Luiz Sandoval revelou ao Estado que o Panamericano irá contratar a PriceWaterHouse Coopers para apurar fatos e motivos que levaram o banco à situação em que se encontra. Com a concordância do BC e da CEF. Trata-se da mesma Price que auditou as contas do Banco Noroeste e que não descobriu o gigantesco desvio de recursos à época. E que hoje está sendo processada pelos ex-donos do banco.



Direto da Fonte - Sonia Racy - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Auditores


EM PELO menos um aspecto, inexiste novidade na quebra fraudulenta do Banco PanAmericano: no dos auditores da instituição terem sido incapazes de detectar a mutreta contábil.

ESTA GRAVE falha se soma a muitas outras semelhantes, ocorridas em todo o mundo: na explosão de bancos asiáticos na década de 90, na evaporação da gigante americana Enron e, mais recentemente, no derretimento de Wall Street. Tudo sob a lupa fosca de impávidos auditores.

TÍTULOS LASTREADOS em hipotecas carcomidas, nos EUA, chegaram a receber desses escritórios a avaliação de risco nulo. Revelaram-se podres.

A REFORMA da regulação financeira americana trata dessas firmas. O governo brasileiro poderia jogar uma luz no tema.


Míopes auditores - O Globo - 13 Nov 2010

Panamericano: um resumo

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo vão investigar os indícios de irregularidades contábeis cometidas pelo PanAmericano, que culminaram no rombo de R$2,5 bilhões no banco. A PF instaurou inquérito para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, como gestão fraudulenta, prestação de informações falsas aos órgãos competentes e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis. O procedimento de investigação está a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), da Superintendência Regional de São Paulo, e foi aberto com base no fato relevante divulgado pelo PanAmericano, na terça-feira, e na nota divulgada pelo Banco Central (BC), na quarta-feira.

O Ministério Público também abriu um procedimento investigatório criminal. A condução do inquérito pelo MPF ficará a cargo dos procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva. Anamara também foi autora da denúncia que levou à condenação o banqueiro Edemar Cid Ferreira e seu sobrinho, o diretor financeiro-administrativo Ricardo Ferreira de Souza e Silva, por tentativa de bular a lei em caso ligado à falência do Banco Santos.

Ao detectar que havia inconsistências financeiras nos balanços do banco PanAmericano, em agosto deste ano, o Banco Central começou uma busca por informações em outras instituições, sobretudo as que tinham comprado carteiras de crédito do banco controlado pelo Grupo Silvio Santos. A autoridade monetária fez uma espécie de varredura nesses números para dimensionar a provável fraude. Entre as instituições às quais foram solicitadas informações estão bancos no topo do ranking nacional, assim como instituições de médio porte.

O objetivo da varredura era fazer um cruzamento de dados e bater todas as informações dos dois lados: do PanAmericano e dos compradores das carteiras.

BC diz que poderá aperfeiçoar análises

A cessão de carteiras é uma operação normal de mercado. Os financiamentos concedidos são ativos dos bancos e valem dinheiro — o pagamento do crédito concedido. Ao repassar a terceiros, a instituição detentora daqueles créditos antecipa o recebimento dos recursos, que se transforma em capital novo para empréstimo.

Segundo o BC, até setembro passado, foi vendido o equivalente a R$42,9 bilhões no país em carteiras de crédito. Ao todo, foram 55 bancos que venderam suas carteiras a outras 36 instituições financeiras. O volume total negociado, ainda segundo o BC, equivale a apenas 2,6% do saldo total de crédito no mercado nacional, que, também em setembro, era de R$1,6 trilhão. Por causa do sigilo bancário, o BC não informa quais foram os bancos que negociaram essas carteiras de crédito.

O BC detectou que há indícios de fraude nessas operações feitas pelo banco do Grupo Silvio Santos e que, ao todo, somam quase R$2,1 bilhões. O rombo total chegou a R$2,5 bilhões porque envolveu problemas também com cartões de crédito, no valor de R$400 milhões.

O PanAmericano continuava contabilizando em seus ativos as carteiras de crédito que não mais lhe pertenciam, depois de vendê-las a outras instituições, inflando seus resultados. Além disso, vendeu uma mesma carteira de crédito a mais de uma instituição, igualmente gerando caixa de forma artificial. A desconfiança maior é que isso tenha sido feito para melhorar o bônus da cúpula do banco.

As análises do BC duraram cerca de um mês. A maquiagem operada no balanço pelos supostos fraudadores foi bem sofisticada, indicando que havia muito conhecimento contábil para evitar rastros. Toda a cúpula do PanAmericano, como seus ex-diretores, alguns conselheiros e administradores, está sendo investigada pelo BC. O material coletado já seguiu para o Ministério Público Federal.

Com o problema detectado, e solucionado com o empréstimo de R$2,5 bilhões feito pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ao Grupo SS — todas as empresas do apresentador de TV e empresário Silvio Santos, incluindo o canal de televisão SBT, foram dadas como garantia —, o BC passou a fiscalizar normalmente o sistema financeiro. A autoridade monetária admite que, com esse episódio, poderá aperfeiçoar as regras e metodologia de análises.

O BC considera a solução dada para evitar a quebra do PanAmericano perfeita, porque não causou prejuízos ao FGC nem aos acionistas do banco, como a Caixa Econômica Federal, dona de 49% do capital social do PanAmericano.

A avaliação do BC também é que, apesar do que ocorreu com o PanAmericano, não existe nenhum indício de que outros bancos — inclusive de pequeno e médio portes — estejam com problemas de solvência. Ou seja, a solidez do sistema financeiro nacional continua intacta.


BALANÇO FURADO - 13 Nov 2010 - O Globo - Karina Lignelli e Patrícia Duarte

Os executivos do Panamericano

Os dois principais executivos do banco PanAmericano, Rafael Palladino e Wilson de Aro, que foram demitidos na terça-feira depois da divulgação do rombo nas contas da instituição, são sócios do ex-patrão, Silvio Santos, no SBT. Conhecidos como “pratas da casa” do Grupo SS na área financeira, Palladino e De Aro têm participação societária (de 50% cada) em duas empresas que integram o SBT: a TV Studios Anhanguera e a TV Studios Vale do Paraíba. Ambas foram criadas em março de 2004 e têm como endereço a sede da emissora.

De acordo com registro da Junta Comercial de São Paulo, na TV Anhanguera, Palladino aparece como único sócio de Luiz Sandoval, o principal executivo da SS Participações, a holding que controla as empresas do Grupo SS. Na Vale do Paraíba, De Aro tem como sócio Antonio Luiz Droguetti Neto. Nas duas empresas, os executivos aparecem como sócios e administradores, com participação de R$75 mil.

— As duas empresas fazem parte do SBT — confirmou ontem um porta-voz da emissora. — São empresas abertas para futuramente serem afiliadas do SBT. Hoje não existem fisicamente, apenas juridicamente.

Palladino, que Silvio Santos disse não conhecer em entrevista publicada ontem no jornal “Folha de S. Paulo”, é primo de sua mulher, Iris Abravanel. Formado em educação física, antes de se tornar executivo foi personal trainer, dirigiu academias de ginástica e teve uma rede de postos de gasolina. No Grupo SS, começou, em 1991, assessorando as áreas comercial e imobiliária, depois foi para a financeira, reativando negócios de seguros e consórcios. Também foi uma espécie de tutor da filha caçula de Silvio Santos, que foi estagiária no banco e hoje dirige o SBT. Aos 59 anos, Palladino é sócio de ao menos outras cinco empresas, em áreas como eventos, assessoria financeira e administração.

Já De Aro, formado em administração, com pós-graduação na área, chegou ao Grupo SS em 1974. Lá, exerceu diferentes funções como a de analista econômico e de gerente financeiro. Ascendeu à diretoria do banco em 1997. Cuidava das áreas financeira e de relações com investidores, mas tinha também funções executivas na empresa de leasing, na seguradora e na administradora de consórcios do grupo. É dono de ao menos duas empresas, a Focus Consultoria e a Infocus Administração Financeira. Procurado pelo GLOBO, uma pessoa informou que o executivo e família viajaram.


Demitidos mantêm sociedade com SBT - 13 Nov 2010 - O Globo

Efeitos

O banco PanAmericano viu seu valor de mercado desabar quase que pela metade (45%) após o escândalo envolvendo a fraude de R$2,5 bilhões. Quando a Caixa Econômica Federal comprou 35% das ações da instituição financeira do Grupo Silvio Santos, em dezembro do ano passado, o banco valia R$2,113 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ontem, o valor estava em R$1,163 bilhão.

Analistas do setor ressaltam que a Caixa, por ter ações que respondem por 49% do capital votante do PanAmericano, sai prejudicada, já que tem um ativo desvalorizado nas mãos. Outros especialistas, porém, ressaltam que haverá recuperação:

— O banco poderá rapidamente se recuperar, pois está capitalizado e com nova diretoria. Nas condições normais, o PanAmericano tem preço relevante. Caso a Caixa colocasse sua parte à venda, o preço do banco subiria, pois há interessados. O banco é bem posicionado — diz o especialista em bancos Alberto Borges Matias, da USP de Ribeirão Preto.

Ontem, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do banco fecharam em queda de 4,61%, a R$4,76. Na semana, o recuo chega a 37,29%. Analistas do mercado ressaltam ainda que o escândalo pode estar afetando os outros bancos médios brasileiros.

— Alguns bancos médios podem estar sofrendo com saques, como reflexo das incertezas envolvendo a fraude do PanAmericano. Mas é importante frisar que isso é apenas pânico, pois os concorrentes do segmento estão bem financeiramente — destacou um analista do mercado.

O economista Márcio Nakane, da Tendências, afirma que não é possível dizer se existem ou não casos como esse em outros bancos, por ser uma fraude. Ele lembra que tais casos são difíceis de detectar. Nakane disse, contudo, que o mercado deverá olhar com mais cuidado para bancos pequenos e médios que atuam de forma semelhante à do PanAmericano, vendendo carteiras de crédito.

Banco nega venda e cancela apresentação de resultados

Daniel Malheiros, da corretora Spinelli, destaca que bancos como ABC, BIC e Daycoval vêm apresentando bons resultados, com redução na provisão de inadimplência:

— Esses bancos não venderam suas carteiras ao longo da crise financeira, em 2009.

Com 130 empregados, a nova diretoria do PanAmericano informou que não vai demitir pessoal, segundo o novo diretor administrativo do banco, José Alfredo Lattano. Lattano explicou que “os aportes necessários foram feitos” e que “a empresa está dando continuidade às atividades no mercado financeiro”. O diretor negou que esteja em curso um processo para a venda do PanAmericano.

Ontem, o banco anunciou que cancelou a apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2010, originalmente marcada para a próxima terça-feira.


BALANÇO FURADO: Bancos médios podem estar sofrendo saques, diz analista - 13 Nov 2010
O Globo

Corinthians e Panamericano



Pelo menos até o final de fevereiro, o rombo de R$ 2,5 bilhões no banco PanAmericano não vai afetar o Corinthians, que é patrocinado pelo banco.

"Não muda nada", afirmou Caio Campos, gerente de marketing do clube. "O contrato está sendo cumprido", afirmou Luiz Felipe Santoro, advogado do Corinthians, quando questionado se o banco estava pagando o clube em dia.

O contrato assinado em fevereiro de 2010 tem duração de um ano e rende ao clube R$ 7 milhões no período. Em troca, o banco estampa sua marca nas costas da camisa do Corinthians, abaixo do número.

Dirigentes do clube, que se envolveram na negociação, avaliam que será difícil renovar o contrato de patrocínio, que vence em fevereiro de 2011. Por enquanto, preferem esperar.

Além dos R$ 7 milhões do banco PanAmericano, o Corinthians fatura por ano R$ 38 milhões da Hypermarcas -deste valor, R$ 10 milhões vão para Ronaldo-, empresa que tem contrato com o clube até o final de 2011.


Crise em banco não afeta clube, dizem cartolas - Folha de São Paulo - 13 nov 2010

Foto: aqui

Zona Cinzenta no Panamericano

Auditores do Banco Central que analisaram a documentação do Banco PanAmericano dizem ter encontrado os primeiros indícios de desvio de dinheiro por parte de executivos na operadora de cartão de crédito.

O PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, tem um rombo de R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 400 milhões são da empresa de cartão de crédito, segundo o Banco Central.

As primeiras análises dos técnicos apontam que metade dos R$ 400 milhões teria sido desviada por executivos que faziam parte da cúpula do PanAmericano, segundo a Folha apurou.

O número é apenas uma estimativa preliminar, já que esse tipo de apuração costuma levar meses.

CRÉDITO INVENTADO

Os técnicos do Banco Central descobriram dois tipos de artifício nos quais os executivos usavam os cartões de crédito de clientes para desviar dinheiro do banco: 1) a manipulação dos saldos; 2) criação de cartões fantasma, sem que exista cliente.

O primeiro tipo era a manipulação mais comum. Imagine um cliente do cartão PanAmericano que gastou R$ 1.000 num mês, paga R$ 200 e decide financiar o saldo em prestações, o chamado "crédito rotativo".

Em vez de registrar um saldo de R$ 800, os executivos dobravam esse valor, num exemplo fictício. Numa operação com o banco PanAmericano, retiravam R$ 1.600, em vez dos R$ 800. Pagavam os R$ 1.000 aos lojistas com os quais o cliente do cartão fizera compras e desviavam os R$ 600 que sobravam.

O PanAmericano nega que tenha havido desvios. Diz que "as inconsistências contábeis estão sendo alvo de apuração por parte das autoridades competentes e os valores necessários a sua regularização foram aportados pelo controlador".

São fraudes grosseiras, segundo um técnico que acompanhou as negociações que resultaram no empréstimo de R$ 2,5 bilhões para salvar o PanAmericano.

Na visão dele, o caso parece o do Banco Nacional, que quebrou em 1995 -os desvios eram feitos a partir de créditos inventados.

SEM CONTROLE

O desvio a partir dos cartões de crédito tem uma razão clara, segundo o advogado Jairo Saddi, professor do Insper e um dos maiores especialistas em legislação bancária do país: o BC controla a contabilidade dos bancos, mas não faz esse tipo de fiscalização nas empresas de cartão de crédito. Segundo a lei brasileira, cartão de crédito é uma operação mercantil, não financeira.

"As fraudes sempre ocorrem nas áreas em que há falta de controle", afirma.

No Brasil, as empresas de cartão de crédito são consideradas instituições financeiras para questões de sigilo bancário, mas não o são para o setor de fiscalização do BC.

Nos Estados Unidos e na União Europeia, a legislação é diferente -bancos e empresas de cartão são fiscalizados pelos bancos centrais, segundo Saddi.

A falta de fiscalização nas empresas de cartão de crédito funciona como um estímulo à fraude, para o advogado.

"Empresa de cartão de crédito precisa ser equiparada às instituições financeiras e fiscalizada pelo Banco Central", defende Saddi.



Zona cinzenta pode ter estimulado fraude - 13 Nov 2010 - Folha de São Paulo - MARIO CESAR CARVALHO

Perguntas ao Panamericano

1) O BC anunciou que ao examinar, há alguns meses, as contas do PanAmericano, descobriu indícios de fraude contábil.

O ativo do banco, que inclui bens e créditos que podem ser convertidos em dinheiro, estaria inflado em R$ 2,5 bilhões.

O valor ultrapassa em muito o patrimônio (diferença entre o ativo e dívidas) dos acionistas do PanAmericano, que é de R$ 1,6 bilhão.

A diferença entre os dois valores, de R$ 900 milhões, é o tamanho do rombo gerado.

O BC informou, de forma picada, que os problemas de maquiagem dos balanços ocorreram tanto em operações de empréstimos como de cartão de crédito.

Aparentemente o banco registrava em seus balanços que tinha direito a receber pagamentos de empréstimos que já havia vendido para outras instituições financeiras (entre outras manobras).

A prática -de vender para outro banco o direito de receber as prestações de empréstimos concedidos a clientes- é comum no mercado.

Pontos não esclarecidos: que manobras ocorreram de fato? A maquiagem de R$ 2,5 bilhões feita no balanço do banco teve a intenção de esconder desvio de dinheiro feito por algum funcionário, prejuízo gigante do próprio PanAmericano ou de outra empresa do grupo?

Ou (hipótese que soa menos provável a esta altura) teria sido resultado de erro?

2) Como um rombo tão grande teria passado despercebido pelas inúmeras auditorias às quais o PanAmericano foi submetido nos últimos anos?

Isso inclui o próprio BC. Mas também bancos e empresas de auditoria externas que por motivos variados analisaram a saúde financeira e a solidez contábil do PanAmericano.

3) Silvio Santos poderia, em tese, ter optado por deixar o PanAmericano falir.

O BC começaria um processo de intervenção no banco, que envolveria ir vendendo os ativos e quitando as obrigações do mesmo.

Dificilmente isso afetaria o patrimônio de Silvio Santos (cujas demais empresas poderiam, por exemplo, ser transferidas para outros familiares, entre outras saídas possíveis).

O empresário, no entanto, tomou um empréstimo subsidiado, dando como garantia seu patrimônio, para cobrir o rombo em seu banco.

A solução teria sido imposta pelo governo? Ou o empresário fez isso para resguardar sua honra?



Poucas informações geram especulação e dúvidas - Folha de São Paulo - 13 de nov 2010 - ÉRICA FRAGA

Fantasmas Panamericanos

Ao menos dois ex-diretores do banco PanAmericano recorreram a um esquema que, nos últimos dois anos, criou cerca de 50 empresas fantasmas no Brasil.

Funciona assim: uma empresa é criada somente no papel com capital mínimo de R$ 100. Pouco tempo depois -geralmente, dois meses-, ela é transferida para outras pessoas. Em alguns casos, o nome da empresa também é alterado. Fica mantido apenas o CNPJ.

Dois exemplos desse esquema são: a Razak Empreendimentos (que recentemente mudou de nome para Bob Rik Serviços Administrativos) e a Antillas Empreendimentos e Participações (transformada há cerca de um mês em Lagonegro Empreendimentos).

Ambas as empresas foram criadas por Ivan dos Santos Freire e Valdison Amorim dos Santos.

O primeiro, um ex-estudante de direito, que passou anos trabalhando como estagiário de um escritório de advocacia que defende o diretório estadual do PT em São Paulo e políticos da cúpula do partido em SP.

ENTRA E SAI

Cerca de dois meses depois da constituição das duas companhias, Freire e Santos se retiraram da sociedade.

Em seus lugares, entraram na Razak e na Antillas, respectivamente, Elinton Bobrik (ex-diretor de novos negócios do PanAmericano) e Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno (ex-diretor diretor jurídico do banco).

O endereço em que as duas empresas foram registradas na Junta Comercial de São Paulo é o mesmo: uma sala em um prédio precário no bairro da Bela Vista, centro da capital paulista.

Ontem, a sala estava fechada e, de acordo com uma pessoa que estava no local, uma funcionária que recolhia a correspondência não é vista há algum tempo.

EMPRESAS

Desde 2006, quando começaram os problemas contábeis do PanAmericano, os oito diretores afastados do banco abriram ou adquiriram participação em ao menos 11 empresas.

As companhias pertencem a setores variados: de promoção de vendas ao segmento imobiliário, passando pelo processamento de pagamentos on-line feitos com cartão de crédito.

BRASPAG

Luiz Augusto de Carvalho Bruno também se tornou sócio, em 2007, da Braspag, empresa que processa 40% dos pagamentos em cartão de crédito feitos pela internet para as dez maiores varejistas do Brasil.

Dessa sociedade, fazem parte ainda outros dois ex-diretores do PanAmericano: Wilson Roberto de Aro (dos departamentos financeiro e de relações com investidores do banco) e Rafael Palladino (superintendente e de captação de recursos).

Palladino é primo de Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos, e participa de 20 companhias ao todo, considerando as fatias adquiridas também antes de 2006.

Um executivo do segmento de e-commerce (comércio online) disse à Folha que, depois do episódio envolvendo o PanAmericano, varejistas estão preocupados com a saúde financeira da Braspag.

Isso porque, se a empresa tiver problemas, a substituição por uma concorrente não será um processo simples, devido ao grande volume de transações que a companhia processa.

OUTROS SEGMENTOS

Palladino, Aro e Bruno também são sócios de uma empresa do setor imobiliário registrada como Galeno de Almeida (aberta em 2007).

A companhia tem ainda participação da Sisan, que construiu o prédio do Pan Americano e o Sofitel Jequitimar (Guarujá), entre outros.

Já Carlos Roberto Vilani, ex-diretor comercial do banco, aparece como sócio de empresas do setor de promoções de vendas, como a VCA (de 2008) e Atitude (de 2009).

(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, ANDREZA MATAIS, CAROLINA MATOS E CLAUDIA ROLLI)


Folha de São Paulo - 13 de novembro de 2010 - Ex-diretores abrem empresas fantasmas


A Folha não localizou ontem os ex-diretores do banco PanAmericano Elinton Bobrik (ex-diretor de novos negócios da instituição financeira) e Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno (ex-diretor diretor jurídico do banco) para falar sobre a abertura de empresas.

Ivan dos Santos Freire, ex-estudante de direito envolvido no suposto esquema de abertura de empresas-fantasmas, disse à Folha que trabalha com assessoria empresarial e algumas das firmas são criadas a pedido de clientes.

Em alguns casos, segundo o sócio dele, as empresas continuam no papel em nome dos dois.

TRANSFERÊNCIAS

"Nós constituímos as empresas e elas estão à disposição. Eventualmente, se o cliente tiver alguma operação na qual ele venha a utilizá-las, as sociedades são transferidas. Quando é a pedido de determinado empresa, eles dão as informações necessárias", afirma.

Freire também afirmou que eles vendem "empresas inativas, que não operam" e que "só vai ter alguma coisa mediante o interesse de quem eventualmente for adquiri-las".

(JEC, AM, CM e CR)


Ex-diretores do PanAmericano não são localizados - Folha de São Paulo - 13 Nov 2010