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07 julho 2012

China:paranoia ou mistificação?

Fabiano Maisonnave, de Pequim
24/05/12 - 11:28
Blog Vista Chinesa

A edição desta quarta-feira (23) da Folha traz dois artigos sobre o “capitalismo oriental”. Apesar de um ser favorável e o outro, crítico, ambos revelam a pobreza do debate no Brasil sobre o papel da China no novo cenário mundial.

Os problemas mais óbvios estão no texto “As ameaças que vêm da Ásia” (aqui, para assinantes), do sociólogo da Unicamp Ricardo Antunes. Trata-se de uma compilação de clichês congelados no tempo, como o de que a China atual levou “a superexploração da classe trabalhadora ao limite”.

Usando a Foxconn como exemplo, Antunes, no melhor estilo vandreano (“pelos campos há fome em grandes plantações”), afirma que os operários da empresa em Shenzhen (sul da China, ao lado de Hong Kong) “produzem aparelhos aos milhões e, em geral, nem imaginam como funciona a mercadoria produzida, levando o fetichismo maquínico à forma mais fantasmagórica”.


Não é bem assim. Ocorre que a repisada crítica sobre os baixos salários na China está cada vez mais desatualizada, ou pelo menos matizada, depois de sucessivos aumentos reais nos últimos anos, uma tendência nacional. Em Shenzhen, o salário mínimo subiu 15,9% no início do ano, mais de duas vezes acima da inflação. Agora é de 1.500 yuan (US$ 237), significativamente acima do valor citado por Antunes (900 yuan). Shenzhen, aliás, tem o maior salário mínimo da China e já o havia aumentado em 20% no ano passado.

É pouco, claro, mas não tanto, já que a China é um país com custo de vida relativamente barato. Numa breve comparação com o Brasil: o salário mínimo tupiniquim é R$ 622 (US$ 305), e o modelo mais barato do iPhone, produzido pela Foxconn, custa R$ 1.999 (US$ 975). Ou seja, é preciso 3,2 meses de salários para comprar um.

Na China, o iPhone básico sai por 4.988 yuan (US$ 788), ou seja, 3,3 meses de salário em Shenzhen. A diferença é mínima (o custo da ligação na China é muito menor, mas isso é outra história). A poucos metros de um dos portões principais da Foxconn, há uma grande loja autorizada da Apple. O iPhone, claro, tem um preço proibitivo para a maioria dos funcionários. Mas vários com quem conversei usavam um confiável HTC, espécie de genérico da Apple, com tela sensível e outras funções bem parecidas.

Obviamente, há salários baixos em regiões mais pobres, e as condições de trabalho são muitas vezes degradantes, incluindo a Foxconn (reportagem mnha aqui, para assinantes). Mas isso está mudando, tanto que muitas fábricas de mão de obra barata estão deixando a China rumo a Vietnã, Bangladesh e outros lugares. Reforçar apenas a crítica da “superexploração” é uma enorme simplificação, ainda mais quando se trata de um universo de cerca de 750 milhões de trabalhadores.

Antunes dá a impressão de que nunca pisou em Shenzhen ao chamá-la equivocadamente de Província, embora se trate de uma importante e moderna cidade de 13 milhões, mundialmente famosa por ter sido o berço das reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping. Mal comparando, é como dizer que Manaus é um Estado.

Já o outro artigo, “Aprendendo com os asiáticos” (aqui, para assinantes), do reitor da UFMG, Célio Diniz, e do coordenador da Capes Geraldo Nunes, acerta ao dizer que a Ásia precisa de uma abordagem “objetiva e urgente” por parte do Brasil. Mas, novamente, há uma redução da realidade. Não dá para falar de um “sistema acadêmico universitário de excelência” submetido a um regime autoritário. Basta lembrar que o Prêmio Nobel da Paz, Liu Xiaobo, único vencedor desse prêmio encarcerado em todo o mundo, é um professor de literatura universitário e cumpre pena de 11 anos por suas ideias.

Nem mesmo a elite do Partido Comunista vê suas universidades com olhos tão bons e envia seus filhos ao exterior logo na graduação. É o caso da filha de Xi Jinping, que neste ano deve ser confirmado como a liderança máxima do país. Ela está em Harvard (EUA). Até o filho de Bo Xilai, o conservador líder neomaoísta recém-expurgado, foi para o Reino Unido ainda no ensino médio e nunca mais voltou.

O artigo menciona ainda que a Capes (com muito, mas muito atraso) negocia a implantação do programa “Ciência sem Fronteiras”, para trazer pós-graduandos em bolsas-sanduíche, como já existem para a Europa e para os EUA. Acho um erro conceitual. O formato da bolsa não permite um período de aprendizado do mandarim, que leva pelo menos dois anos. Com isso, o brasileiros que eventualmente quiserem vir à China estarão limitados aos programas em inglês e interagirão principalmente com outros estrangeiros. Ou seja, estudarão na China, mas não necessariamente estudarão a China. Pela distância geográfica e cultural, é preciso um programa à parte e com mais recursos, que o gesso burocrático brasileiro dificilmente permitirá.

Outro equívoco é a aposta das universidades brasileiras em atrair os controvertidos Institutos Confúcios, financiados pelo governo chinês para o ensino da língua e da cultura chinesa. A UFMG, do reitor Diniz, é uma delas (está ainda em negociação). O dinheiro é tentador, mas se trata de uma tentativa de Pequim de aumentar seu “soft power”, cujos objetivos propagandísticos são conflitantes com o mundo universitário. Dentro, são vários temas vetados. Não espere discutir ali os escritos de Liu Xiaobo.

Não se trata de proibir os institutos, pelo contrário. Sou partidário de que sejam tratados como centros culturais, assim como os de outros países Aliança Francesa, Goethe, Cervantes, mas não agraciados com status universitário.

Em alguns países, institutos mais antigos aos poucos tentam se converter numa espécie de centros de estudos chineses, gerando atritos, pois é uma iniciativa que claramente não tem os mesmo princípios de universidades de países democráticos. No caso brasileiro, há o agravante de que o país não tem (nem terá a médio prazo) um corpo docente capacitado sobre a China e a Ásia. E em terra de cego…

Aí voltamos ao primeiro artigo: é esse ambiente de indigência que estimula Antunes e outros tantos a escrever sobre a China sem nunca tê-la pesquisado com profundidade. Nos EUA ou no Reino Unido, nenhum professor universitário teria coragem de assinar um texto sobre relações trabalhistas chinesas sem um mínimo de especialização.

É preciso vir à China e investir tempo aqui para estudá-la. Vista de perto, não é nem uma enorme fábrica devoradora de trabalhadores nem a nova superpotência a um passo de dominar o mundo.

02 julho 2012

Crescimento Econômico da China

Conforme comentamos anteriormente, os superávits comerciais chineses pouco contribuem para o crescimento econômico da China. Na ausência de um estado de bem-estar social semelhante aos países ocidentais, as famílias chinesas, há décadas, poupam recursos para satisfazer suas necessidades da saúde e seguridade-social. Desde 2004, com as taxas de juros de depósitos bancários negativas, a poupança doméstica elevou-se substancialmente nos últimos 8 anos. Portanto, desde os anos 80, a base do crescimento econômico chinês está na combinação de alta poupança doméstica e taxa bruta de investimento elevada. Como corolário, a taxa de consumo doméstica é muito baixa. Ademais, a taxa de investimento é superior ao período de "milagre econômico" de países asiáticos como Coreia do Sul e Japão.


04 maio 2012

Iasb

Numa conferência ocorrida em Nova Iorque, David Tweedie, ex-presidente do Iasb e atualmente presidente do Instituto dos Contadores da Escócia, afirmou que Japão, Índia e China estão hesitando em adotar as normas internacionais em razão do atraso da decisão da SEC (CVM dos Estados Unidos) em adotá-las.

Tweedie, por um lado, reconhece a fragilidade do Iasb. Por outro lado, lembra que o mandato de dois membros dos EUA no Iasb estão encerrando nos próximos meses e este país poderá perder a influência sobre a entidade. Lembra Tweedie que outros países desejam discutir assuntos como agricultura e câmbio.

Ainda com respeito a esta conferência, a Accountancy Today apresenta uma frase interessante:

Tweedie contended that 70 million businesses around the world are using IFRS for SMES, although he admitted he did not know where the figure came from.

(Sempre achei que Tweedie apresentava informações sem prová-las. Parece que tinha razão na minha desconfiança)

15 março 2012

Entrevista com Nicholas Lardy


Nicholas R. Lardy é um dos maiores especialistas em economia chinesa e, recentemente, lançou um livro sobre a sustantabilidade do crescimento econômico chinês após a crise financeira de 2008.Dois capítulos estão disponíveis aqui. Na entrevista abaixo, o economista norte-americano considera que as principais distorções econômicas na China são: juros negativos pagos nos depósitos bancários, alta taxa de poupança, baixo consumo e câmbio subvalorizado. Eis alguns trechos interessantes:


O crescimento da China corre o risco de sofrer uma lenta e prolongada desaceleração, alerta o pesquisador Nicholas Lardy. As taxas de expansão, hoje na casa dos 9% ou 10% ao ano, podem cair à metade, com severas consequências para várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

Valor: O programa de estímulo feito pela China durante a crise financeira de 2008 criou novos desequilíbrios na economia?

Lardy: O programa de estímulo teve características positivas, mas também fragilidades e desvantagens. É preciso reconhecer que, sem ele, o crescimento chinês poderia ter caído muito. O crescimento já estava se desacelerando no terceiro trimestre de 2008 e, sem o programa de estímulo, a China teria vários trimestres de baixo crescimento, talvez ao redor de 4% ou 5%. O pacote não foi perfeito, mas, ainda assim, foi muito melhor do que a alternativa de deixar a economia desacelerar.

Valor: Mas o estímulo não contribuiu para criar uma bolha no mercado imobiliário?

Lardy: Uma das grandes lições do Ocidente, nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos, é que, se você tiver uma distorção financeira, há uma tendência para acumular posições insustentáveis no lado dos ativos. O mesmo princípio se aplica na China. Os juros reais dos depósitos bancários têm sido, na média, negativos nos últimos oito anos. A taxa de câmbio se mantém subvalorizada, menos agora do que quatro anos atrás, mas ainda assim subvalorizada. Essas são as duas maiores distorções na China. Elas levaram a investimentos em excesso na indústria, já que a taxa de câmbio subvalorizada torna as manufaturas mais lucrativas, às custas dos serviços. Os juros negativos nos depósitos levaram as famílias a investir grande parte de suas economias em imóveis. Os setores imobiliário e industrial se tornaram inflados. Em algum momento haverá uma correção. Não diria que necessariamente será o estouro de uma bolha, mas pode ser uma correção que levará muitos anos.

Valor: Governos locais tomaram grandes empréstimos para investir em infraestrutura. Poderá haver uma crise fiscal?

Lardy: O uso de companhias de investimento dos governos locais criou um problema, mas não creio em crise fiscal. O retorno econômico de muitos desses projetos de investimento deverá ser razoavelmente alto. O problema é que foram financiados com dinheiro de curto prazo, e muitos terão retorno financeiro apenas no longo prazo. Esses projetos deveriam ser financiados por empréstimos de longo prazo ou pelo orçamento. Agora, o governo está dizendo para os bancos rolarem esses empréstimos. Outro problema é que, em muitos casos, as tarifas cobradas por esses projetos de infraestrutura são muito baixas. Os sistemas de metrô estão perdendo dinheiro, assim como os serviços de saneamento básico. É preciso reformar o sistema de tarifas, para refletirem os verdadeiros custos e para serem subsidiadas pelo orçamento dos governos.

Valor: Projetos gigantescos, como a rede de trens de alta velocidade, são sustentáveis?

Lardy: O sistema de trens de alta velocidade será muito bom para a China no longo prazo. Mas o retorno desses projetos deve aparecer daqui a pelo menos uma década, quando uma parte maior do sistema ferroviário estiver construída. Esse é mais um projeto que tem retorno de longo prazo, mas o prazo médio do seu financiamento é de cerca de dois anos.


Valor: Por que os chineses poupam tanto?

Lardy: A taxa de poupança tem sido alta por décadas, mas aumentou ainda mais a partir de 2004, quando os juros em depósitos bancários se tornaram negativos. Os chineses não têm sistemas adequados de seguro-saúde e social. Por isso, tendem a poupar para terem um auto-seguro. Conforme as taxas de juros se tornaram negativas, os chineses intensificaram essa tendência. Essa é também uma das razões por que o consumo na China é tão baixo.

Valor: Por que os juros caíram ao território negativo?

Lardy: A China não tinha taxas de juros tão baixas antes de 2003. O governo adotou a estratégia de subvalorizar o câmbio, e o Banco Central teve que se engajar em intervenções maciças no mercado de câmbio. Para manter a inflação sob controle, foi preciso fazer operações de esterilização. Eles mantiveram os juros baixos como forma de minimizar os custos dessas operações de esterilização. Outra preocupação é evitar que, com os juros altos, fluxos de capitais sejam atraídos. Eles têm controles de capitais, mas controles não são perfeitos, e investidores querem colocar dinheiro na China por causa da expectativa de apreciação cambial. Há ainda a preocupação de manter o sistema bancário lucrativo, para absorver a inadimplência nos empréstimos. Em 2002 e 2003, o governo teve que recapitalizar os maiores bancos estatais, incluindo o uso maciço de dinheiro público para se livrar de empréstimos inadimplentes. O governo decidiu manter uma grande margem entre os custos de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos, e por isso criaram um sistema com um teto para os juros pagos nos depósitos bancários e um piso nos juros dos empréstimos.

Valor: O superávit em conta corrente da China diminuiu em 2011, e a taxa de câmbio vem se apreciando. A China está finalmente reequilibrando seu setor externo?
Lardy: O superávit em conta corrente foi de 2,8% do PIB no ano passado, uma redução bastante substancial em relação ao pico de 2007, quando chegou a 10,8% do PIB. A taxa de câmbio ponderada pelas trocas comerciais vem se apreciando de forma significativa desde 2005. Além disso, o crescimento de muitos dos parceiros comerciais da China se desacelerou bastante. O crescimento da China se desacelerou um pouco, mas a diferença entre o crescimento da China e de seus maiores parceiros comerciais se tornou maior. Isso reduziu a demanda por produtos exportados pela China, em comparação com a demanda por produtos importados.

Valor: Parece haver algum consenso sobre o que fazer para reequilibrar a economia chinesa. Mas há vontade política para tanto?
Lardy: Os obstáculos de política econômica são substanciais. A taxa de câmbio permanece subvalorizada há pelo menos oito anos. Ela beneficiou o setor manufatureiro, tornando-o mais lucrativo. Os juros negativos nos depósitos deram um tremendo empurrão no setor imobiliário, que se tornou muito maior e mais poderoso. O tipo de distorção que surgiu na economia chinesa gerou benefícios para algumas regiões geográficas e setores econômicos às custas de outros. Os setores que ganharam estão bem representados no governo e vão se opor a mudanças. As famílias são as grandes perdedoras, porque o rendimento que receberam do setor financeiro é bem mais baixo do que deveria ser. Mas elas não têm representação no sistema político e não estão organizadas. Então, as reformas devem levar um longo tempo para ser implementadas.

12 março 2012

Brasil exportará asnos para a China


Sucesso econômico chinês ,nas últimas décadas, tem por base políticas governamentais que estimularam a economia a evoluir na direção de sua maior vantagem comparativa: indústrias intensivas em mão de obra.
No caso do Brasil, encontramos uma vantagem comparativa bem curiosa: os asnos.Veja a reportagem:

Em meio a tantos produtos brasileiros exportados para a China, surgiu, recentemente, um novo objeto do desejo: o popular jegue nordestino. Há cerca de um mês, um acordo entre os dois países liberou o intercâmbio de asnos — também conhecidos como burros e jumentos, largamente utilizados na indústria de alimentos e na de cosméticos no país asiático.

Os chineses pretendem importar 300 mil jumentos por ano do Nordeste. Além de movimentar a economia local, a iniciativa vai resolver o problema de excesso de oferta de jegues na região. Com as facilidades de financiamento, houve grande crescimento do uso de motos para transporte e os jegues estão perdendo espaço.

Em junho do ano passado, um grupo de empresários chineses conversou, da Bahia ao Rio Grande do Norte, com fazendeiros e políticos. Aos políticos locais, o grupo propôs um programa de garantia de compra a preços de mercado, envolvendo até linhas de crédito, por meio de um sistema batizado de Projegue. Mas o projeto ainda não deslanchou.
Fonte: aqui

01 março 2012

Práticas de gestão nas empresas e países

Este post vai tratar sobre o working paper: Management Practices Across Firms and Countries , de autoria de Nicholas Bloom (Stanford University) , Christos Genakos (Athens University of Economics and Business), Raffaella Sadun (Harvard Business School) e John Van Reenen (London School of Economics).

O objetivo da pesquisa é compreender como e por que práticas de gestão variam não somente entre países, bem como entre as empresas e indústrias. Para mensurar as práticas de gestão, os pesquisadores usaram a metodologia de double-blind survey . A pesquisa foi executada com amostras retiradas aleatoriamente de diferentes indústrias e países ,e com a utilização de perguntas abertas para obter respostas precisas sobre a qualidade das práticas gerenciais dentro de cada orgazanização.Na última década, ao executar esta abordagem sistemática em cerca de 10.000 organizações, os autores chegaram às seguintes conclusões:

1. Em termos de práticas de gestão, as empresas industriais norte-americanas têm pontuação superior a qualquer outro país . As organizações com sede no Canadá, Alemanha, Japão e Suécia também são bem gerenciados. Todavia, as empresas de países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia, geralmente são mal gerenciadas .Veja:



2.As diferenças nas práticas de gestão são nítidas em países em desenvolvimento, como o Brasil, China e Índia, que têm uma grande quantidade de empresas muito mal geridas. Veja:

3. A propriedade é um dos fatores que explica a variação da qualidade das práticas gerenciais.Assim, empresas de propriedade estatal, familiares e de propriedade do fundador ,são normalmente mal gerenciadas, enquanto multinacionais,com dispersão de controle acionário são tipicamente bem geridas.


4.Há uma forte evidência que um mercado competitivo mais acirrado favorece as melhores práticas de gestão, tanto no setor público e privado .


5. Países onde o mercado de trabalho tem pouca regulamentação estão associados a melhores práticas de gestão de incentivos organizacionais, como a promoção baseada em desempenho.



6. As organizações públicas têm as piores práticas de gestão em todos os setores estudados. No entanto,as multinacionais parecem ser capazes de adotar boas práticas de gestão em quase todos os países em que operam.



7. O nível de escolaridade, tanto dos gerentes e não-gerentes, está fortemente ligado as melhores práticas de gestão. Além disso, os pesquisadores acreditam que o aprendizado de conceitos básicos de gestão empresarial - por exemplo, análise de dados e orçamento de capital- pode melhorar a gestão de negócios em diversos países, especialmente nos em desenvolvimento. No artigo apresentam evidências encontradas na Índia.

Em suma, menor participação estatal, livre mercado, competição acirrada e crescimento da iniciativa privada favorecem a produtividade e o crescimento econômico. Nenhuma novidade, pois já está empiricamente mais que comprovado.
Obs: Para maiores detalhes, quanto à metodologia e nomenclatura , recomendo a leitura do working paper na íntegra.

29 fevereiro 2012

Alho da China


Nem o alho escapa da lista de produtos chineses que incomodam o Brasil. Desde 2007, os produtores brasileiros conseguiram garantir a sua fatia no mercado nacional com a aplicação de medida antidumping contra o similar chinês, que chega aqui por um preço menor do que aquele praticado no país de origem. Mas a medida perde a validade este ano e a Associação Nacional de Produtores de Alho (Anapa) está elaborando um pedido de prorrogação da restrição.

- Sem a medida antidumping, os produtores podem mudar de profissão. Não será possível mais produzir alho aqui. Trata-se de uma cultura muito artesanal, que demanda muita mão de obra, o que na China é bem mais barato do que aqui por razões conhecidas - afirma Rafael Corsino, presidente da Anapa e diretor da Wehrmann, uma das maiores empresas do Brasil no segmento.

Corsino lembra que na China existem 20 milhões de produtores, uma cidade de São Paulo, enquanto no Brasil o setor é bem menor:

- Aqui, não passamos de três mil. Por sorte, eles são grandes consumidores de alho e, por isso, só exportam 5% do que produzem. Se vendessem 10%, acabavam com a cultura no resto do mundo.

Desde os anos 90, com a abertura do mercado brasileiro ao comércio exterior, o país importa alho. Os produtores brasileiros, que forneciam 90% do que era consumido internamente à época, hoje só abastecem o mercado local com 30% do total. Em janeiro último, foram importadas no Brasil um total 941.414 caixas de alho da Argentina, enquanto da China vieram 271.176 caixas.

Fonte : Jornal "O Globo" 22/02/2012

25 fevereiro 2012

China

EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE, 44, doutor em economia pela Universidade de Chicago, é professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) - Folha de São Paulo


(...)Um país atrasado tecnologicamente pode conseguir elevadas taxas de crescimento do PIB durante um determinado período. Isso pode ocorrer se existir uma diferença significativa entre a fronteira tecnológica mundial e a desse país. Um exemplo ilustra essa possibilidade.

Ao longo dos anos, a indústria de computadores nos países desenvolvidos desenvolveu novos processadores, passando por 286, 386, 486 e Pentiums, até o Quad Core.

Um país atrasado, sem acesso a computadores, pode adotar a última tecnologia disponível, sem a necessidade de passar por todas as etapas anteriores. Ele não vai pagar o custo da inovação, mas sim o da imitação, geralmente menor.

O salto de produtividade é gigantesco em um curto espaço de tempo, assim como o consequente crescimento econômico. Esse salto é maior do que aquele verificado pelos países que foram obrigados a passar por todas as etapas do processo de evolução da tecnologia.

Processo dessa natureza ocorreu com a China quando ela decidiu se integrar à comunidade econômica internacional. Em 2000, ano em que entrou para a Organização Mundial de Comércio (OMC), o seu PIB per capita era de um país de renda baixa, o equivalente a 10% do PIB per capita que os EUA tinham em 1985.

Demorou somente sete anos para ela passar a ser uma economia de renda média, com o PIB per capita correspondendo a 20% do PIB per capita dos EUA em 1985.

O Japão e o Brasil, por exemplo, demoraram, respectivamente, 37 e 17 anos para dar o mesmo salto, como mostraram os economistas Stephen Parente e Edward Prescott, que desenvolveram essa ideia de adoção de tecnologia.

Quanto mais tardiamente um país entra no jogo, mais espetacular será o "milagre".
Assim, é totalmente injusta a comparação do desempenho econômico recente do Brasil com o chinês -ou até mesmo com o indiano, frequentemente utilizado por analistas.

A colocação desses países no mesmo saco ("Brics") é enganosa. É de se esperar um crescimento mais vigoroso da China, dado o seu estágio de desenvolvimento. Apesar do seu sucesso recente, ela tem ainda um PIB per capita de 70% do brasileiro.

À medida que a diferença entre os desenvolvimentos tecnológicos da China e da fronteira do mundo se reduz, o mesmo ocorrerá com as suas taxas de crescimento. É verdade que os chineses investem substancialmente em educação e que os pais cobram dedicação dos seus filhos aos estudos. Mas eles vão ter de parar de imitar e vão ter de criar, o que é mais difícil.(...)

20 fevereiro 2012

PIB da China em 2011


É comum ouvir dizer que o governo chinês manipula as estatísticas econômicas oficiais e que a China vive um grande esquema ponzi. Os números do PIB de 2011, divulgados pelas 31 províncias chinesas, oferecem subsídios para aqueles que corroboram com a tese da manipulação dos dados. Das 31, 28 tiveram crescimento superior a expansão total do país em 2011, ou seja, acima de 9,2%. Apenas Beijing, Shanghai e Zhejiang apresentaram númerOs inferiores.

Ma Jiantang, chefe do departamento nacional de estatísticas, reconheceu que os números do governo local são, em média, cerca de 10 % maior que o governo central. Segundo Ma, a principal razão do erro foi técnica: a dupla contagem de produção. Embora seja fácil de controlar as importações e exportações através das fronteiras nacionais, monitorar o fluxo de mercadorias através das fronteiras provinciais é efetivamente impossível. O resultado é que o valor de componentes feitos , por exemplo,em Guangdong e montados, em Hunan, num produto final, será contabilizado para ambas as províncias, ao invés de apenas Guangdong.

17 fevereiro 2012

Estranho, ou apenas diferente?

um outro lado em tudo e, em 2 minutos, Derek Sivers mostra que isso é verdade de algumas formas que você não poderia imaginar.

03 fevereiro 2012

Fuga de cérebros

Segundo Robert Guest, a fuga de cérebros (brain drain,em inglês) gera consequências econômicas positivas para os países em desenvolvimento:

Like many rich countries, Britain imports planeloads of medical personnel like my wife's midwife from poor countries like Nigeria; without them, Britain's hospitals could barely function. But this transfer of intellectual capital raises a troubling question: Is it fair for rich countries to poach talent from poor ones? After all, it seems intuitive that "brain drain" hurts the poor. Frank Dobson, when serving as Britain's health secretary, called it an "international disgrace." If all the best doctors and engineers move to the West, who will staff hospitals or build railways in Nigeria or Bangladesh? Simple justice, it would seem, requires that rich countries should stop recruiting doctors and engineers from poor ones.

Or does it? One of the most surprising findings in modern economics is that the brain drain reduces global poverty. On balance, the outflow of talent from poor countries to rich ones is actually good for poor countries -- and even more so for poor people, since many escape poverty by emigrating.

Migration makes poor countries better off in several ways. First, the prospect of earning big bucks working abroad spurs more people to acquire marketable skills. They scrape together college fees and stay late in the library. Having qualified as doctors or engineers, many will promptly emigrate. But many will not. Some will fail to obtain a visa; others will stay behind to look after their aging parents.


15 janeiro 2012

Sinodependência

A China é hoje o maior mercado de exportação para países tão distantes como o Brasil (que representam 12,5% das exportações brasileiras em 2009), África do Sul (10,3%), Japão (18,9%) e Austrália (21,8%). Cada surto ou oscilação na economia da China tem um impacto material nesses lugares. Mas as exportações são apenas um componente do PIB. Na maioria das economias, a demanda interna é mais importante. Veja reportagem do Valor:


Sem os fluxos de capitais vindos da China, o crescimento do mercado consumidor brasileiro "desaparece" e é essa a via do contágio da crise europeia para o país, segundo o economista Jan Kregel, professor da Universidade do Missouri e ex-conselheiro da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Em São Paulo, para participar de seminário organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista, um dos principais acadêmicos keynesianos dos EUA, argumenta que os fluxos de capitais que chegam ao Brasil são direcionados à agroindústria e dependem da China e da Europa e "se esses mercados colapsam, esses fluxos acabam".

Valor: Como a crise europeia pode chegar ao Brasil?
Jan Kregel : Atualmente, o Brasil faz parte de um triângulo de troca com a Europa e a China, a maior exportadora de produtos do Brasil e a maior importadora de produtos da Europa. Com a Europa em recessão, o que vai acontecer, de um jeito ou de outro, é que as exportações da China vão cair, o que vai levar à queda na importação de produtos brasileiros. O fluxo de capital que vem para o Brasil é direcionado aos recursos naturais, se esses mercados colapsam, esses fluxos acabam. Hoje o Brasil está indo bem porque retirou uma grande parte de sua população da pobreza por meio da transferência de renda feita pelo governo com impostos vindos da agroindústria. Mas se esses fluxos estancarem por causa da crise, o governo não vai mais poder sustentar seus programas sociais e esse crescimento será perdido.

Valor: O mercado consumidor brasileiro não pode sustentar esse crescimento?
Kregel : Esse crescimento não veio do investimento, do aumento da produtividade ou da expansão da produção manufatureira. Mas da China. Sem ela, tudo isso desaparece.

Valor: A crise também pode afetar o Brasil pela via do financiamento externo?
Kregel : O Brasil realmente não precisa acessar o financiamento externo. A maior parte do capital que chega ao Brasil não serve para financiar o investimento, mas para ganhar com a diferença entre a taxa de juros local e externa.

Valor: Mas a taxa de juros brasileira força as empresas e o governo a buscar taxas melhores no exterior.
Kregel : E por que essa taxa de juros é tão alta? Alguns economistas dizem que ela é necessária para manter os preços sob controle, mas a relação entre a Selic e a inflação é pequena - a taxa de câmbio e os preços indexados influem muito mais. Os maiores compradores da dívida pública são os bancos brasileiros, que deixam de financiar o investimento em detrimento da compra de títulos públicos e do crédito ao consumo. Se a taxa de juros caísse, os bancos privados seriam obrigados a emprestar para o setor privado.

Em geral, os bancos subestimam os riscos do empréstimo ao consumo e superestimam os riscos dos empréstimos para investimentos. Então repassam esse trabalho para o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), mas o Brasil está crescendo e o BNDES também. É hora de o mercado de capitais privado assumir parte das suas funções. Os dividendos pagos pelos bancos brasileiros são bem maiores do que os americanos. Não é porque são mais eficientes, mas porque têm tratamento especial. O Brasil paga um preço muito alto pela estabilidade do seu sistema bancário.

10 janeiro 2012

Emergentes e vendas de carros

De acordo com o Scotia Bank, em 2012 , os mercados emergentes vão superar os desenvolvidos ,em vendas de carros:

A China é a grande responsável pelo crescimento das vendas.Em 2018, o país irá comprar 11 milhões de unidades de automóveis a mais que em 2011, assim, será responsável por 28% das vendas mundiais, enquanto os americanos responderão por 18% do total. Além disso, assim como os EUA, a China é importadora líquida de carros , ou seja, importa mais veículos do que produz. Em 2010, comprou 253 mil veículos a mais que produziu no mesmo período. Para 2018, a projeção é de que as compras chinesas superem sua produção, em 2,3 milhão de carros.É uma ótima notícia para as montadoras japonesas, sul-coreanas , e para a Europa que é uma grande exportadora de carros.

Ademais, o mercado de carros de luxo é cada vez mais dominado por compradores chineses. A Rolls-Royce, Ferrari , Aston Martin, Lamborghini estão faturando com a crescente demanda. Provável explicação: carro é sinônimo de status e uma forma de demonstrar riqueza. Assim, com o número crescente de novos ricos na China, é bem factível que o interesse por modelos de luxo seja cada vez maior. Conforme Dominique Moisi: " Eles sonham em consumir como os ocidentais e nosso pesadelo é trabalhar como eles."

02 janeiro 2012

Cinco Tendências Econômicas para 2012

By Sudeep Reddy
Blog Real Time Economics
Economic insight and analysis from The Wall Street Journal, December 30, 2011


The Council on Foreign Relations polled economists to identify five trends to watch in the coming year. They all fall under the increasingly common theme of “uncertainty,” and most of them touch on U.S. or euro-zone policies. Brief excerpts of their conclusions, which you can read in full here:

U.S. political polarization: “The increasing partisan and ideological division between the two parties constitutes the single most important influence on future economic policymaking. … We face the possibility that a political impasse will leave the government without a budget for essential federal functions and without the borrowing capacity to fund normal operations.” – Gary Burtless, Brookings Institution

Global volatility: “The main trend in 2012 is volatility, with the preponderance of extreme macroeconomic risk on the downside. It is a two-scenarios environment with roughly equal weight, with the center of global risk located in Europe. … Virtually all of the risk stems from uncertainty about bold policy action and coordination within and among advanced countries. As the probabilities attached to political gridlock shift, expectations about market and economic trajectories will move with them.” – Michael Spence, Council on Foreign Relations

China’s rise under stress: “History will note that 2012 marked China’s shift to a slower growth trajectory and the anointment of its ‘fifth generation’ of leaders. This comes at a time when the country faces formidable internal and external challenges. … With weak financial institutions and its infrastructure-led growth model under attack, [China] may not have all the tools to achieve its goals.” – Yukon Huang, Carnegie Endowment for International Peace

Shortage of AAA assets: “Unlike the Internet bubble, the household and sovereign credit boom was fueled less by dreams of fabulous growth than by the promise of safety. Financial engineering was supposed to turn risky mortgages into safe-as-houses, AAA-rated bonds; similarly, the euro was supposed to turn previously irresponsible countries into paragons of German fiscal discipline. With those illusions shattered, 2012 will witness a widening gap between the preferences of savers and the needs of borrowers.” – NYU’s Thomas Philippon and Morgan Stanley’s Ashley Lester

New appetite for risk: “The new trend to look for in the euro area in 2012 will manifest itself in financial markets rather than in the political realm. At some point, the economic fundamentals of the euro area–as well as the messy [policy responses of] its governments –will have ensured that market fears surrounding, for instance, Italian government debt will be surpassed by the greed of yield-hungry investors.” – Jacob Kirkegaard, Peterson Institute for International Economics

30 dezembro 2011

A Era Pós-Ocidental

Separei alguns trechos da entrevista ao Valor Econômico do cientista político frânces, Dominique Moïsi, que considera que a centralidade ocidental, que durou 250 anos, não é mais a mesma. Moïsi é autor do livro "A Geopolítica das Emoções" (foto), dentre outros.

Valor: Do ponto de vista cultural, como será o mundo pós-ocidental? Critérios estéticos, fundamentos teóricos e valores ético-políticos de hoje são herdeiros de um período bem específico que foi a "modernidade ocidental".

Moïsi: Tenho grande paixão por essa questão. De tudo o que ela contém, o principal é a universalidade. Será que os chineses vão construir uma universalidade para sua forma de ser e pensar? Hoje, a China está centrada em suas questões e não olha o resto do mundo. Uma superpotência global pode se manter assim? E será que é possível se desenvolver sem democracia? Parece que sim, mas acho que não é possível sem o estado de direito. As teorias que relacionam democracia e capitalismo, vê-se agora, não necessariamente estão certas. Os asiáticos querem consumir como nós, mas será que vão querer ser governados como nós?

Valor: Mas, além da ascensão da China, os focos de irradiação cultural e poder político se multiplicam. Antes era só um, o ocidental.

Moïsi: Isso é interessantíssimo e tento desenvolver o assunto no livro que estou escrevendo e provavelmente vai se chamar "O Ocidente na Era Pós-Ocidental". O objetivo é demonstrar aos ocidentais que eles perderam o monopólio dos modelos que detiveram por 250 anos. Isso tem consequências até raciais, porque, até recentemente, a superioridade do branco parecia mais ou menos evidente e nunca mais vai ser assim. É interessante pensar como mesmo no Brasil a questão é importante. Foi, afinal, o último grande país a abolir a escravidão. E embora tenha desenvolvido toda uma narrativa de miscigenação racial e sobretudo cultural, até hoje, quanto mais escura for a pele de uma pessoa, maior é sua chance de sofrer violência.

Valor: A expansão da classe média do mundo emergente suscita outra questão. Diz-se, não sem razão, que é impossível que sete bilhões de pessoas consumam tanto quanto os ocidentais. Mas quem haveria de renunciar ao consumo?

Moïsi: É verdade que seria insustentável. O que vejo de positivo é que, na arte japonesa, e na chinesa também, o homem é representado como parte da natureza, muito integrado. Em que pesem as indústrias altamente poluentes da China e o desastre nuclear no Japão, talvez esses países contribuam com uma mudança de mentalidade. Por sinal, essa questão também é uma oportunidade única para o Brasil: o aumento enorme no consumo de recursos naturais.

Valor: Mas pode-se imaginar a emergência de um capitalismo menos consumista?

Moïsi: Por enquanto, é improvável. Os asiáticos, apesar de tudo, querem poder consumir mais. Se 1 bilhão de chineses comerem tanta carne quanto 300 milhões de americanos, a natureza sofrerá. Eles sonham em consumir como os ocidentais e nosso pesadelo é trabalhar como eles. O que me incomoda é que, no último século, houve uma enorme evolução tecnológica, mas não uma evolução moral. Ganhamos 20 anos de expectativa de vida, mas o que vamos fazer com isso? Não vivemos melhor e o mundo parece mais incerto e instável, embora com instrumentos de governança melhores, mais acesso à informação e menos violência.

Fonte:A geopolítica das placas tectônicas - Por Diego Viana De São Paulo
Valor Econômico , 23/12/2011

22 dezembro 2011

Será que a China vai quebrar?

Pense no seguinte cenário: o crescimento recente dependeu de um grande boom na construção alimentado por uma acentuada valorização imobiliária, apresentando todos os sinais clássicos de uma bolha. Houve um rápido crescimento no crédito – sendo que boa parte dessa expansão não ocorreu por meio da atividade bancária normal, e sim graças a “bancos clandestinos” que não estão sujeitos à supervisão do governo nem são garantidos por ele. Agora a bolha está estourando – e há motivos reais para temer uma crise econômica e financeira.

Seria esta uma descrição do Japão no fim dos anos 80? Ou será dos Estados Unidos em 2007? Talvez seja, também. Estou me referindo à China, que está emergindo como um novo ponto perigoso numa economia mundial que realmente – definitivamente – não precisa desse tipo de coisa no momento atual.

Tenho relutado em analisar a situação chinesa, em parte porque é extremamente difícil saber o que está de fato ocorrendo. Todas as estatísticas econômicas devem ser encaradas como um gênero particularmente monótono de ficção científica, mas os números da China são mais fictícios do que os demais. Eu recorreria a especialistas na China real em busca de orientação, mas parece não haver nem mesmo dois especialistas no assunto que concordem nas suas análises.

Para ler na íntegra, clique aqui.



15 dezembro 2011

Mitos da economia chinesa




Ainda bem que existem indivíduos que enxergam o óbvio, um deles é Luis Stuhberger, que discorre sobre alguns mitos da economia chinesa. Como diria Nelson Rodrigues:"Só os profetas enxergam o óbvio."



A China, apesar de ser o maior comprador das exportações do Brasil, configura hoje um dos principais riscos estruturais para a economia brasileira, avalia o analista Luis Stuhberguer, da Credit Suisse Hedging Griffo. Em relatório intitulado “It´s the end of the world as we know it. And I feel fine!” (É o fim do mundo como o conhecemos. E eu me sinto bem!”, em referência à música de mesmo nome da banda REM, ele destaca os principais pontos de preocupação para o País, os problemas das economias europeias e comenta que os Estados Unidos, por sua vez, estão em recuperação.

Os principais riscos para a economia brasileira, na avaliação de Stulhberguer, estão relacionados a “mitos” da economia chinesa. Enquanto costuma-se prever que a China terá 1 bilhão de consumidores em 2030, o que significaria um gigantesco mercado consumidor não apenas para o Brasil, mas para todo o mundo, ele diz que, na verdade, o crescimento demográfico está se tornando negativo no país. No mesmo sentido, enquanto se previa que o país asiático passaria por uma mudança para uma economia de consumo, com redução da poupança, o que se observa é o aumento da poupança de empresas e a continuidade da dependência do comércio internacional e do investimento.

Outro mito citado por ele é o dos investimentos em infraestrutura. Se antes era comum ouvir que os recursos chineses são bem direcionados, a realidade é que o país está construindo “elefantes brancos” e fazendo uma má alocação de recursos, diz o analista. Ele cita ainda o mito das “forças das reservas internacionais” chinesas, afirmando que o excesso de reservas é, na realidade, um sinal dos “desequilíbrios globais”. Como é um grande comprador de commodities brasileiras, qualquer sinal de deterioração das estruturas econômicas da China acaba sendo uma notícia negativa para o Brasil.

O analista também diz que há um aumento excessivo do crédito e um super investimento no setor imobiliário chinês e rebate a tese de que as ações de empresas vão se beneficiar do forte crescimento da economia, afirmando que “o retorno das ações e o crescimento do PIB não são positivamente correlacionados.”

O analista pondera, entretanto, que “apesar dos temores, [a China] ainda tem uma história positiva,” o que pode favorecer o Brasil, ainda que não seja o suficiente para eliminar os riscos. Segundo ele, é difícil imaginar que o retorno do investimento chinês seja negativo a ponto de não "ser pago". Ele diz ainda que a urbanização ainda é um fator estrutural favorável, uma vez que apenas cerca de 45% da população chinesa vive em cidades. Além disso, Stuhlberger diz que o apetite chinês por commodities deve “se manter voraz”, com o país em crescimento. Ele destaca que 47,7% da demanda global por minério de ferro – um dos principais itens exportados pelo Brasil – é da China.


Fonte: aqui

13 dezembro 2011

Empresas mais inovadoras

De acordo com uma análise de patentes realizada pela Thomson Reuters, as empresas que fazem semicondutores e outros componentes eletrônicos são as mais inovadoras. A análise classifica as empresas pela: proporção de suas aplicações de patentes que são concedidas, o número do "quadrilátero" de patentes (aquelas concedidos na China, Europa, Japão e América), quantas vezes as patentes são citados por outras empresas; e se as patentes se relacionam com novas técnicas e/ou invenções ou são apenas aperfeiçoamentos das já existentes.

Essa abordagem pretende superar as limitações do uso do número de patentes depositadas ou concedidas como uma medida de inovação. Das 100 empresas da lista, 40 são dos EUA, 27 do Japão e 11 da França. A classificação foi feita de acordo com as atividade de patentes de 2005-2010. As empresas chinesas não foram classificadas, pois o relatório ressalta que," embora a China seja líder mundial em volume de patentes, a quantidade não equivale a influência e qualidade." Aproveite e leia o post: O dragão está aprendendo a voar?


17 novembro 2011

Bancos chineses são sólidos, mas as vulnerabilidades trazem riscos



Os bancos chineses são sólidos, mas acumulam vulnerabilidades que podem criar riscos no futuro, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) em documento conjunto que faz um amplo exame do sistema financeiro do país. Os principais riscos são a rápida expansão do crédito, altos preços de imóveis, desintermediação financeira e deficiências no monitoramento do sistema financeiro.

O FMI e o Bird fizeram um teste de estresse incluindo os 17 principais bancos chineses. Eles atravessariam muito bem cenários desfavoráveis como alta da inadimplência, queda nos preços dos imóveis, oscilações na curva de juros ou movimentos na taxa de câmbio. Mas se vários desses eventos ocorrerem ao mesmo tempo, afirmam os organismos, “o sistema bancário será severamente afetado”.

O FMI e o Bird, porém, fazem uma grande ressalva às suas conclusões – elas podem não ser as mais exatas porque seus técnicos não tiveram acesso a todos os dados de que precisavam. Alguns dados são imprecisos, insuficientes ou simplesmente inexistentes. Em alguns casos, a equipe que fez o relatório não teve acesso a informações que as autoridades chinesas consideram confidenciais.

O relatório expõe os desafios de fazer uma análise confiável da solidez do sistema bancário da China, que vem ganhando importância nas últimas décadas e, para muitos analistas econômicos, representa uma fonte relevante de risco à contínua expansão da segunda maior economia do mundo.

O documento, divulgado nesta madrugada, faz parte de uma iniciativa mais ampla do FMI e Bird para analisar a solidez dos bancos dos 25 países considerados sistemicamente importantes – ou seja, cuja quebra poderá repercutir na economia de outros países ou do mundo como um todo. O Brasil faz parte da lista, assim como o México, a Turquia e grande parte das economias desenvolvidas. “Acreditamos que os riscos são administráveis e podem ser gerenciados por reformas”, disse um dos principais autores do relatório, Jonathan Fiechter, do FMI. Ele ponderou que outros países, incluindo os Estados Unidos, deixaram de fornecer dados que consideram sigilosos para as equipes do FMI e do Bird.

As 17 instituições financeiras incluidas no teste de estresse representavam 83% dos bancos comerciais chineses e 66% do sistema bancário no fim de 2010, data que serve de base para os exercícios.

Se o índice de inadimplência, que estava em 1,1% das carteiras em 2010, subir 400%, nenhum dos bancos cairá abaixo dos requerimentos mínimos de capital, de 8%. Houve uma melhora considerável em relação a 2008, quando bancos que representam 25% dos ativos teriam capital abaixo dos níveis exigidos.

De lá para cá, o que melhorou foi basicamente a queda da inadimplência, que passou de 7,5% para 1,1% das carteiras. Esse é o resultado da limpeza no balanço de alguns bancos e também da rápida expansão do crédito. “O rápido crescimento do crédito, porém, poderá resultar numa deterioração na qualidade dos ativos nos próximos anos”, pondera o relatório.

Outra parte do teste de estresse investigou o impacto de uma possivel crise no mercado imobiliário. Foram construídos dois cenários, um deles supondo uma queda de 30% nos preços dos imóveis. O impacto seria relativamente modesto – queda menor que 1 ponto percentual no índice de requerimento de capital.

Segundo o FMI e o Bird, o aperto monetário recente feito na China conseguiu conter a expansão do crédito imobiliário e o avanço dos preços dos imóveis. Os empréstimos imobiliários respondem por apenas 20% dos ativos dos bancos, diz o relatório, índice relativamente pequeno quando comparado com percentuais nos Estados Unidos e Hong Kong, por exemplo.

Mas nesse número não estão considerados empréstimos que usam imóveis como colateral. Nos cinco maiores bancos chineses, eles correspondem por 30% a 45% das carteiras. “Uma grande correção nos preços dos imóveis poderá reduzir o valor dos colaterais e, dessa forma, a recuperação de valores no caso de imadimplência”, afima o relatório.

Os bancos chineses estão vulneráveis, porém, a choques macroeconômicos que afetem diferentes váriaveis ao mesmo tempo, como inadimplência, preços de imóveis, juros e câmbio. Se o crescimento cair a 4% ao ano, mostra o teste de estresse, cerca de 25% dos bancos cairiam abaixo dos níveis mínimos de capital. Para o FMI e o Bird, isso corrobora estimativa anterior feita pelo próprio organismo de que uma queda de um ponto percentual no crescimento da China leva a um aumento de pelo menos 1% na taxa de inadimplência.

Outro risco relevante, aponta o FMI e o Bird, é a crescente desintermediação financeira. A China implementa sua política monetária por meio de limites quantitativos para o crédito. Para driblar os limites, bancos criam veículos financeiros fora de seus balanços para conceder empréstimos.

O relatório aponta também fragilidades na regulação e supervisão. A China não tem, por exemplo, uma autoridade independente com mandato para monitorar o surgimento de riscos sistêmicos. Também falta um sistema de resolução de crises bancárias. A coleta de dados é outra área que precisa melhorar, segundo o FMI e o Bird, incluindo informações sobre o nível de alavancagem, descasamento de prazos entre captações e empréstimos, operações de crédito de grandes volumes e posições financeiras mantidas fora do balanço.

O relatório faz uma série de recomendações às autoridades chinesas, entre elas o uso de taxas de juros como principal instrumento de política monetária. Não há, porém, nenhuma obrigração para a China em implementá-las.

Fonte: Alex Ribeiro Valor Economico

Estadio Nacional

Nesta semana a seleção da Costa Rica jogou contra a Espanha no novo Estadio Nacional. Este Estadio, com capacidade para 36 mil pessoas, possui dois telões, um museu, pista de atletismo e outras comodidades.

O custo do estádio foi de 105 milhões de dólares, com uma projeção inicial de custo de 88 milhões.

O estádio foi pago pelos chineses. Para isto, a construção foi realizada por trabalhadores e matéria-prima da China, sendo considerado um “presente” para o povo da Costa Rica. Na construção, as leis trabalhistas da Costa Rica não foram observadas pela empresa que construiu o estádio.

Como se diz em finanças, “não existe almoço grátis”. Em troca a Costa Rica cortou relações diplomáticas com Taiwan e assinou um acordo de livre comércio com a China, duas semanas após a inauguração.