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02 julho 2025

Mark, Max e Marx

 Do blog Market Design: Mark Granovetter está aposentando. E o departamento de sociologia de Stanford mostrou o seguinte gráfico, comparando a citação de Max, Mark e Marx:


Para quem não entendeu. Marx é Karl Marx, o polêmico economista, cientista político e historiador. Max corresponde a Max Weber, o sociólogo que estudou a burocracia. 

Agora um resumo das contribuições de Mark, conforme o GPT: 

Mark Granovetter é um sociólogo norte-americano amplamente reconhecido por suas contribuições à sociologia econômica e à teoria das redes sociais. Ele é professor na Universidade de Stanford e ficou famoso por seu artigo seminal de 1973, "The Strength of Weak Ties" (A Força dos Laços Fracos), no qual argumenta que conexões sociais mais fracas — como colegas distantes ou conhecidos — são, paradoxalmente, mais eficazes do que laços fortes (como amigos íntimos ou familiares) para difundir informações e oportunidades, especialmente no mercado de trabalho.

Granovetter também é conhecido por seu trabalho sobre o conceito de embeddedness (enraizamento), destacando que o comportamento econômico está profundamente inserido em redes sociais e relações pessoais, contrariando a visão tradicional de que os agentes econômicos agem de forma isolada e puramente racional. Seus estudos ajudaram a estabelecer a ponte entre economia e sociologia e influenciaram áreas como ciência política, administração e estudos organizacionais.

Ele chegou a ser um nome cotado para ganhar o Nobel de Economia. Parece que será mais um nome que o Comitê não irá reconhecer. (Além disso, não tente encontrar sobre ele na Wikipedia em língua portuguesa. Leia aqui)

Um benefício inesperado das IFRS e como o Brasil está na convergência

 Eis a tradução do resumo:

Revelamos um novo efeito real da harmonização das normas contábeis sobre o comércio internacional: após a adoção obrigatória das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), exportadores que enfrentam mudanças mais significativas nos requisitos de reporte tornam-se mais bem-sucedidos em se defender contra processos antidumping em países estrangeiros. Esse efeito é mais forte quando há uma aplicação mais rigorosa das normas contábeis e permanece robusto mesmo ao se excluir exportadores de economias não orientadas pelo mercado. Discutimos os canais pelos quais a globalização das normas contábeis facilita um comércio mais eficiente, seja mitigando o protecionismo dos países importadores ou reduzindo as práticas de dumping por parte dos exportadores.

Eis um trecho interessante:

A figura apresenta a distribuição da distância em relação às IFRS entre as jurisdições, com o eixo x representando os nomes das jurisdições e o eixo y indicando as distâncias em relação às IFRS. O valor teórico máximo para a distância IFRS é 52.

O Painel A mostra a distância IFRS antes de uma jurisdição adotar as IFRS. A distância pré-adoção é determinada como a distância calculada entre os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP) locais e as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) para o país j, com base na pesquisa GAAP 2001. Para cada país ou região, atribui-se o código 1 se forem identificadas diferenças em relação a um item específico da IAS na norma indicada, e 0 caso contrário.


(O Brasil está na metade do gráfico)

O Painel B apresenta a distância IFRS após a adoção das IFRS por um país ou jurisdição. Para jurisdições que não adotaram as IFRS (isto é, Egito, Índia, Japão, Indonésia e Estados Unidos), a distância pós-adoção é a mesma que a distância pré-adoção.


O Brasil está no sexto, da esquerda para direita. Isso é um indicador que o país não é tão convergido assim. Uma das normas citadas no texto - para o caso do Brasil - é o IFRIC 15, referente a construtoras, e IAS 27. 

IA, Eficiência e preço de auditoria

 


Da Bloomberg (via aqui):

A PricewaterhouseCoopers LLP, uma das maiores empresas de consultoria profissional do mundo, cortou os preços de alguns serviços à medida que os clientes aumentavam o fato de a consultoria utilizar inteligência artificial para concluir o seu trabalho mais rapidamente.

“Os clientes nos ouviriam falando sobre o uso de IA e diriam: ‘Queremos nosso quinhão dessas eficiências, disse Dan Priest, diretor de IA da PwC, em entrevista à Bloomberg News. 

Formação e Alfabetização em IA, por país. Faz sentido?

Pesquisa da KPMG:

Países e conhecimento de IA. Quanto mais elevado no país no gráfico, maior o conhecimento de IA. E no topo está a Nigéria e Egito. O texto enfatiza a ignorância dos canadenses em IA. É a barra vermelha. Isso parece também não fazer sentido para você? 


Individualismo do auditor e comparabilidade do lucro

Nós examinamos se o individualismo do sócio de auditoria reduz a comparabilidade dos lucros nos Estados Unidos. Argumentamos que sócios de auditoria individualistas têm maior propensão a se desviar das regras internas de trabalho e a permitir maior flexibilidade aos clientes nas escolhas contábeis, o que, consequentemente, reduz a comparabilidade dos lucros desses clientes. Utilizando uma nova métrica de individualismo em nível de sócio, encontramos que, dentro das próprias firmas Big 4, os lucros são menos comparáveis entre uma empresa auditada por um sócio individualista e outra auditada por um sócio não individualista, em comparação com um par de empresas auditadas por sócios não individualistas. Nossas inferências são robustas a análises de mudanças, testes de falsificação e ao uso de pareamento por escore de propensão. Também constatamos que o efeito do individualismo do sócio é menos evidente quando a firma de auditoria está sob monitoramento regulatório mais rigoroso e quando os clientes são mais importantes, mas mais evidente quando os sócios individualistas estão mais confiantes em agir de forma diferente. Análises adicionais sugerem que nossas principais inferências permanecem robustas ao controle por diferenças culturais entre sócios e ao uso de pares de clientes auditados pelo mesmo sócio. Coletivamente, nosso estudo oferece evidências inéditas sobre o papel do individualismo do auditor na comparabilidade dos lucros.

Fonte: aqui

01 julho 2025

Padrão de planejamento tributário

Entrou em vigor hoje o International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA)  Tax Planning Standards . O padrão pode ser encontrado em PDF aqui . O documento procurou fornecer uma estrutura baseada em princípios, que fosse aplicável a serviços e atividades relacionadas com o planejamento tributário. A apresentação fala em interesse público, reputação e outros termos. 

Nesse sentido, a entidade está preocupada com a questão da evasão fiscal prejudicando a credibilidade e reputação das empresas, provocando litígios e prejudicando o interesse público. Segundo o texto, "o objectivo fundamental destas normas é garantir uma base ética e credível para aconselhar sobre acordos de planeamento fiscal, restaurando assim a confiança pública e institucional num tema que é fundamental para o contrato social entre as empresas e o mercado que os apoia."

Interessante o termo "restaurando". Significa dizer que havia algo quebrado aqui. Mas não creio que o padrão irá corrigir isso. 

Em discussão a Estrutura Conceitual do Setor Público

O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. O objetivo é promover o alinhamento com as normas internacionais.


Parece que existiu uma preocupação com esse alinhamento, o que pode ser interessante. Fazendo uma rápida leitura, percebi uma evolução enorme. Eis um trecho importante:

A estrutura conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais devem ser elaborados com base no regime de competência.

(Fica a pergunta sobre a legalidade dessa redação, dentro da existência da Lei 6404). Outro trecho interessante: 

A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. 

Esse trecho também está presente na EC da contabilidade financeira. O regulador fez uma grande ginástica para manter o termo prudência na estrutura, sem deixar de "apoiar" a neutralidade. 

O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto. (Foto: aqui)