Translate

04 outubro 2022

Fisco inglês fiscalizando os clubes de futebol

O HMRC (algo como Receita e Alfândega de Sua Majestade) é o fisco do Reino Unido. Com mais de 60 mil empregados, o HMRC é responsável pela fiscalização no pagamento de impostos. Em 2021, o HMRC fez diversas investigações em clubes de futebol que renderam um imposto adicional de 59 milhões de libras. Segundo informações o foco da investigação foram as taxas pagas aos agentes e os pagamentos de hotéis e voos para amigos e familiares de jogadores.

Entre os clubes que já foram investigados pelo HMRC estão os Rangers, Newcastle, Manchester United e, mais recentemente, o West Ham. O ex-técnico do City, Manuel Pellegrini, já foi multado em 343 mil libras. Um dos focos do HMRC são os benefícios em espécie, quando o clube paga passagens e estadia para a família de um jogador. Usualmente o clube não declara como pagamento ao jogador, o que evita pagamentos previdênciários.

Multa para influenciadora digital Kardashian


A mega influenciadora Kim Kardashian terá de pagar US$ 1,26 milhão (equivalente a R$ 6,6 milhões) à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) depois de uma ação de publicidade com criptomoedas. Segundo a SEC, Kardashian infringiu as regras do país ao divulgar um token criptográfico sem revelar que foi paga para isso.

De acordo com a agência federal norte-americana, a influenciadora e estrela de reality shows recebeu US$ 250.000 (R$ 1,3 milhão) para postar em sua conta do Instagram um conteúdo sobre os tokens EMAX, um ativo criptográfico oferecido pela EthereumMax. Segundo a Bloomberg, ela não admitiu ou negou as alegações, mas concordou em não divulgar nenhum ativo digital por três anos.

“Este caso é um lembrete de que, quando celebridades ou influenciadores endossam oportunidades de investimento, incluindo títulos de criptoativos, isso não significa que esses produtos de investimento sejam adequados para todos os investidores”, afirmou Gary Gensler, presidente da SEC, em comunicado. [vide acima] “Encorajamos os investidores a considerar os potenciais riscos e oportunidades de um investimento à luz de seus próprios objetivos financeiros.”

Anteriormente, o órgão regulador já havia alertado que famosos divulgando criptomoedas consideradas títulos precisam deixar claro se são pagos pelo apoio. Em 2018, multas foram aplicadas ao boxeador Floyd Mayweather e ao produtor musical DJ Khaled por esta razão.

Fonte: Época. Veja também aqui

EY e a separação da consultoria

Francine McKenna argumenta que o plano da EY em separar a área de auditoria do braço de consultoria é fruto de uma posição de fraqueza da entidade. No processo de separação, há um acordo de não concorrência, onde a empresa focada na auditoria ficará fora da área de consultoria por um período inicial. 


Eis um trecho interessante:

Finalmente, como as empresas de auditoria dos EUA não publicam demonstrações financeiras auditadas, o público não tem idéia se as empresas são financeiramente viáveis, principalmente quando a empresa se depara com ela perdas de litígios potencialmente catastróficas.

Vimos isso repetidamente até os queixosos têm dificuldade em extrair informações financeiras das empresas ao processá-los, mesmo que o objetivo seja avaliar quanto uma empresa poderá pagar, se vencer.

Neste sentido

A EY está enfrentando ações judiciais de uma série de auditorias recentes fracassadas, incluindo reivindicações legais de bilhões de dólares na Alemanha e no Reino Unido por causa de suas auditorias supostamente fracassadas na Wirecard AG e no operador hospitalar NMC Health PLC.

Foto: Sven Piper

Política e Excesso de mortes na pandemia



Political affiliation has emerged as a potential risk factor for COVID-19, amid evidence that Republican-leaning counties have had higher COVID-19 death rates than Democrat- leaning counties and evidence of a link between political party affiliation and vaccination views. This study constructs an individual-level dataset with political affiliation and excess death rates during the COVID-19 pandemic via a linkage of 2017 voter registration in Ohio and Florida to mortality data from 2018 to 2021. We estimate substantially higher excess death rates for registered Republicans when compared to registered Democrats, with almost all of the difference concentrated in the period after vaccines were widely available in our study states. Overall, the excess death rate for Republicans was 5.4 percentage points (pp), or 76%, higher than the excess death rate for Democrats. Post- vaccines, the excess death rate gap between Republicans and Democrats widened from 1.6 pp (22% of the Democrat excess death rate) to 10.4 pp (153% of the Democrat excess death rate). The gap in excess death rates between Republicans and Democrats is concentrated in counties with low vaccination rates and only materializes after vaccines became widely available.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Escritor referência do século XX. Mudei os nomes do cartoon original (muito enviesado) para minhas referências. 

03 outubro 2022

FRC, Carillion e KPMG

Aqui é possível obter um documento com mais de 100 páginas sobre a atuação da KPMG durante a auditoria na Carillion. A acusação pesada aparece logo no início do documento:

Each of the Second to Sixth Respondents, on one or more occasions during those inspections, was involved in the creation of false and/or misleading documents, either with the intention that the FRC would be misled into accepting those documents as genuine, or alternatively, being reckless as to whether the FRC would be so misled. 

Achei curioso que no final o documento afirma:

we have considerable sympathy for Mr Paw. We gave reasons for that sympathy. He was a young man, able but not yet qualified, recruited and instructed by more senior accountants who should not have committed Misconduct, and should not have involved him in it. He was led to commit his Misconduct by his desire to assist his seniors. 

Accountancy Daily chama a atenção para o fato da KPMG ter criado "atas" de reuniões fictícias. 

A empresa Carillion apresentou dificuldades, sem que sua auditoria manifestasse nenhuma preocupação com a continuidade. 

Encontro de reguladores sobre sustentabilidade

Um encontro entre reguladores aconteceu em Londres, no final do mês passado. Segundo o Iasplus ocorreu a apresentação: (a) do EFRAG, entidade européia que está desenvolvendo diversos documentos na área, entre eles o ESRS E1 Climate Change, que foi objeto de discussão; (b) do International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB), que apresentou um relatório de sustentabilidade para o setor público; e (c) a SEC, dos EUA, que trouxe o The Enhancement and Standardization of Climate-Related Disclosures for Investors. 

A Austrália anunciou que irá usar os padrões ISSB, mas poderá existir itens específicos. A presença de vários padrões é uma preocupação, já que isto poderia ser um obstáculo para a internacionalização. E isto pode conduzir os padrões do ISSB para uma maior flexibilidade, o que, obviamente, dificulta a comparabilidade. 

Solução da questão climática passa pelos investidores

Gernot Wagner traz algumas considerações interessantes sobre a questão do risco climático. Seria como estarmos jogando com um baralho onde não sabemos o número exato de coringas que existe. A questão do clima, seus riscos e as probabilidades envolvidas, ainda é uma incógnita para a ciência. Mas é inegável que existe aqui um problema. Ao final do texto, sobre a contabilidade, um resumo da atual caminho escolhido pelos reguladores contábeis: 


As regras propostas pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos paras as divulgações relacionadas ao clima obrigariam as empresas a padronizar e relatar o impacto de suas operações no clima e os riscos que as mudanças climáticas representam para essas operações. O esforço da SEC deixa de pedir a todos os poluidores que paguem por sua própria poluição; em vez disso, cabe aos investidores decidir o que fazer com as novas informações. 

Estamos jogando a responsabilidade nos investidores. Será suficiente para resolver o problema? 

02 outubro 2022

The 32nd First Annual Ig Nobel Prize Ceremony

Cerimônia do IgNobel. A pesquisa da USP está no minuto 24:50 até 30. Gostei muito da reação humorada dos pesquisadores brasileiros. Afinal, uma boa divulgação da pesquisa. Amanhã começa a divulgação do Nobel

Rir é o melhor remédio


 

30 setembro 2022

Limitação para publicação

Do Statmodeling:

O consultor internacional de biotecnologia Glenn Begley, que está em campanha por vínculos mais significativos entre a academia e a indústria, disse que a fraude na pesquisa é uma história de incentivos perversos. Ele quer que os pesquisadores sejam proibidos de produzir mais de dois ou três trabalhos por ano, para garantir que o foco permaneça na qualidade e não na quantidade.


No começo, pensei que era uma ideia horrível. Alguns de nós têm mais de duas ou três coisas para dizer em um ano Begley está tentando nos silenciar!

Mas então pensei, com certeza, que tudo depende apenas de como você define “artigos de periódicos.”Em vez de publicar 20 artigos de periódicos em um ano, eu poderia colocar 20 artigos no Arxiv e escolher apenas três deles para publicar em periódicos. Isso seria bom pois, na verdade, pouparia meus colaboradores e eu de enormes esforços para lidar com relatórios de revisão, papelada de periódicos e assim por diante. Meus colaboradores e eu poderíamos escrever o quanto sempre escrevemos, apenas com muito mais eficiência.

Então, eu estou de acordo com a proposta de Begley. Não tenho certeza de como isso seria aplicado e não pretendo fazê-lo unilateralmente, mas estou começando a gostar disso como uma política geral.

Então, novamente, você poderá continuar publicando 20 ou mais artigos por ano, mas há uma lógica para dizer que apenas 2 ou 3 podem estar em "jornais".”Ainda existem alguns detalhes que precisam ser elaborados, como contar artigos de coautoria e pensar em publicações não-jornais, como o arxiv.

A Capes, no Brasil, tentou fazer algo sobre isto - provavelmente não intencionalmente - reforçando uma análise somente na produção mais "relevante".

Código de ética do IESBA

Encontra-se disponível o 2021 Handbook do "The International Code of Ethics for Professional Accountants", publicado pelo IESBA, do IFAC. 

A edição de 2021 contém revisão de alguns itens do código anterior. Em língua inglesa o código pode ser encontrado aqui. São mais de 300 páginas, embora boa parte é uma descrição das mudanças ocorridas. 

Gráficos

Três gráficos descrevem o mundo atual. O primeiro, a seguir, mostra a influência do Covid no turismo europeu. Se em 2019 a Europa recebeu 579 milhões de turistas, em 2020 o número caiu para menos de um terço. O gráfico destaca a epidemia SARS e a crise financeira, que não afetaram o setor. 

O segundo gráfico é o quanto custa um influencer no Instagram. No passado, Cristiano Ronaldo retirou duas garrafas de Coca em uma conferência de imprensa afetou em 4 bilhões o valor de mercado da empresa. Ronaldo sabe do seu peso e dos 400 milhões de seguidores. E cobra por isto. Segundo HQ Hopper, cada postagem patrocinada dele custa 2,4 milhões de dólares. 

Como as pessoas usam o transporte. Nos EUA o destaque é o automóvel próprio. Na China, o uso de veículo compartilhado. A Coréia tem uma forte participação do transporte público. E o Brasil é a motocicleta. 
A democracia está em crise? Uma evolução histórica  de longo prazo mostra que não.Mas no curto prazo a situação piorou. As democracias foram classificadas como eleitoral e liberal. A segunda não somente tem eleições livres, mas leis e processos equitativos. Em 2016 existiam 97 democracias no mundo e no ano passado o número caiu para 89. O número de pessoas vivendo em uma democracia também caiu de 3,9 bilhões para 2,3 bilhões. 

O comércio online entre países posiciona os americanos e japoneses entre os maiores compradores online. Os brasileiros compram bem menos:


Rir é o melhor remédio

 

contra a propaganda em excesso

29 setembro 2022

Padrões do ISSB escaláveis


Após fazer uma proposta dos primeiros padrões sobre sustentabilidade e receber centenas de respostas, o ISSB (International Sustainability Standards Board) pretende tornar o padrão mais "escalável".  Esta decisão foi fruto de uma reunião de quatro dias em Frankfurt, onde fica a sede do ISSB. 

O ISSB estaria reconhecendo que diferentes entidades possuem capacidades e preparo distintas para aplicar as normas. Isto passa por questões como aplicação da materialidade e frequência dos relatórios. A decisão afeta a transição para os novos relatórios.

Custo da Copa do Mundo

 

Somando todos os custos, a Copa do Mundo do Catar será a mais cara de todos os tempos (em valores nominais). Isto inclui infraestrutura. Os 15 bilhões que o Brasil gastou em 2014 serão multiplicados por mais de dez vezes: 220 bilhões. Só os custos dos novos estádios estão em um intervalo que vai de 6,5 bilhões a 10 bilhões, 4 bilhões acima do planejado. Os demais gastos, como hotéis, metrô e aeroportos, poderão ter outra utilidade. 

Google cancela projetos

A notícia geral é que o Google estaria cortando alguns projetos, para ser uma empresa mais eficiente. Entre os cortes:


Um dos cortes é o Qaya, serviço que oferece vitrines na web para criadores digitais lançado no final do ano passado. Semelhante ao Linktree, o Qaya está integrado à Pesquisa do Google e ao Google Shopping. Ele também pode ser vinculado a uma estante de produtos do YouTube para promover os produtos e serviços do criador.

Os outros seis projetos cancelados ainda não foram lançados e estavam relacionados a: contabilidade financeira para o Planilhas Google, compras, análise para realidade aumentada e realidade virtual, além de três que envolviam a temática do clima. Esses últimos se dedicavam a mapas de carregamento de veículos elétricos com roteamento, contabilidade de carbono para TI e medição de carbono de florestas.

Foto: Firmbee.com

Evolução da preocupação com o clima no mundo

A ciência já sabia que a questão ambiental seria um problema para a humanidade há mais de um século.  Um artigo de 1917 já associava a queda do império romano ao declínio da agricultura e mudança do clima. Mas como isto tem evoluído ao longo do tempo? Eis um conjunto de respostas:

O gráfico acima mostra o assunto clima em 12 jornais europeus. Veja que o assunto aparece com mais frequência agora. 
E aqui a palavra nos discursos do presidentes de banco central da Europa. 
Mas nem tudo é preocupação. A tabela acima mostra o assunto "clima" em cinco periódicos de economia. Só para finalizar, o termo "clima" no Google Trends:




Quem deve pagar por um serviço público: o usuário ou deveria ser gratuito (e todos os contribuintes pagarem). O Caso do Integra

Eis uma discussão interessante: afinal quem paga por um serviço público prestado para o usuário.

A Integra Contador permite o acesso automatizado a um conjunto de informações que só estavam disponíveis por consulta individualizada no Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal (e-CAC). A ferramenta oferece, inicialmente, 27 serviços em sete APIs (Application Programming Interface). Dentre os principais, estão os relacionados ao Simples Nacional e MEI, consulta e transmissão de DCTFWeb, consulta de pagamentos realizados, emissão de DARF, dentre outros.





"O acesso a essas informações é primordial ao profissional contábil que necessita entregar as obrigações acessórias dos seus clientes no prazo legal. As empresas contábeis tratam diariamente de centenas de dados fiscais de seus clientes, e apesar de todo o corpo técnico qualificado da empresa contábil, não é difícil de se encontrar dificuldade no cumprimento das obrigações fiscais causadas por sistemas da Administração Pública que por vezes não suporta o volume dos dados transmitidos", diz o manifesto assinado pelas entidades que trabalham junto a todas as categorias econômicas.

Ainda segundo as entidades, a mercantilização da plataforma é uma situação que está em total desacordo com o que é defendido por dois principais motivos. "Primeiro que a criação da plataforma é feita por empresa pública e com intuito de facilitar o acesso a transmissões de dados obrigatórios pelo contribuinte (ou seu contador), ou seja, a API é um meio para que os contribuintes - pessoa física ou jurídica, cumpram com suas obrigações fiscais; segundo que os custos financeiros para uso dessa plataforma recairão diretamente ao contribuinte, que já arca com grandes dispêndios financeiros para custear o cumprimento das suas obrigações acessórias. É de se ressaltar que não pode ser transferido ao contribuinte o ônus da ineficiência na prestação dos serviços online que são obrigatórios ao próprio contribuinte", reitera o comunicado. (...)

Parece que a defesa é tornar o acesso gratuito. Mas veja que o pagamento é socialmente mais justo, já que o acesso gratuito significa que todos os contribuintes, independente de usarem ou não o serviço, irão pagar. É algo similar ao pedágio de uma estrada: apesar das pessoas não gostarem, o pedágio é muito mais razoável socialmente, pois quem usa paga. Este parece ser o caso.

Veja que o texto em negrito é um argumento que parece inadequado. 

Foto: Towfiqu barbhuiya