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27 janeiro 2021

Importância da denúncia para combater o crime financeiro

Uma das formas que os reguladores possui para combater os chamados crimes financeiros é o incentivo à denúncia. Isto pode ser feito apurando as denúncias recebidas e instituindo prêmios para àqueles que fizeram denúncias comprovadamente corretas. 

Este tem sido o caminho trilhado pela SEC. Desde 2012, a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos faz pagamentos para as denúncias realizadas por pessoas que conhecem o problema e muitas vezes não possuem coragem de levar a questão internamente. Em 2020, as denúncias significaram 2,7 bilhões de penalidades e estas pessoas receberam 562 milhões. Isto significa uma média de 5,3 milhões para 106 pessoas. Nada mal. 

Um artigo do Propublica alerta que o governo Trump conseguiu reduzir o valor dos prêmios. O argumento é que o dinheiro poderia ser gasto em outra fonte. Isto poderia, segundo o texto, reduzir o impacto da medida, já que as empresas com maiores multas são aquelas onde é mais difícil detectar o problema sem uma ajuda, principalmente interna. 

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Rir é o melhor remédio


 

26 janeiro 2021

Capitalismo e leilão do fracasso

O NY Times traz uma reportagem de um mercado lucrativo: a venda de produtos de empresas que foram fracassos. Isto inclui um peso de papel a missão da Lehman Brothers ou livro da Enron sobre conduta de negócios. 


Uma empresa Wall Street Treasures foi criada e vende estas lembranças. Uma lembrança do prêmio recebido por quatro anos da Enron como "empresa inovadora" está sendo vendido por 1.495 dólares.

Isabel dos Santos deixa de ser "bilionária"



Um texto bem interessante da Forbes sobre Isabel dos Santos, no passado, a mulher mais rica da África. Sua fortuna chegou a ser estimada em 3,5 bilhões de dólares pela própria Forbes.

Isabel ficou rica por ser filha do ex-presidente de Angola. Usando sua influência, ela "saqueou" um país rico em petróleo.A partir do momento que seu pai deixou o poder, Isabel começou a perder grande parte de sua fortuna.

Com seu pai fora do cargo, seu império é uma sombra do passado, com acusações de corrupção, bens congelados por tribunais em três países diferentes e uma ação judicial reivindicando centenas de milhões de dólares em dívidas não pagas. A Forbes estima que ela não tem acesso e provavelmente não tem chance de recuperar o controle dos recursos congelados que juntos valem cerca de US$ 1,6 bilhão. Por isso, não a considera mais bilionária. A revista retirou Isabel com uma fortuna de US$ 2,2 bilhões em janeiro de 2020, da lista de 2021 pessoas mais ricas da África.

A ex-“princesa” africana não é de forma alguma uma indigente. Ela teria uma casa em uma ilha particular em Dubai, outra residência em Londres e um iate de US$ 35 milhões. Ela provavelmente tem contas bancárias e recursos que a Forbes e as autoridades legais ainda precisam rastrear.

[É bem verdade que parte destes bens geram despesas, não receitas. E isto pode reduzir o patrimônio da angolana]

A empresária usou, durante muitos anos, Portugal como forma de "lavar" o dinheiro obtido no seu país. Com os recursos obtidos, investiu em bancos, televisão e uma empresa de engenharia. Os políticos portugueses, na sua maioria, não questionaram o que estava ocorrendo.

A política [Ana Gomes] levou detalhes da suposta lavagem de dinheiro às autoridades judiciais portuguesas em 2016. Desde então, nenhuma ação foi tomada em resposta.

No início de 2020, Isabel processou Ana por difamação em um tribunal português. Ela discordou do fato de a ex-deputada ter tuitado e ido à TV dizendo que o banco dos Santos era uma máquina de lavar dinheiro. A ex-bilionária perdeu o caso, mas os advogados recorreram da decisão

(...) Dois meses após o seu mandato, ele [novo presidente de Angola] demitiu Isabel como chefe da empresa estatal de petróleo Sonangol, cargo ao qual ela foi nomeada durante o governo de seu em junho de 2016. Mas a maior mudança veio em dezembro de 2019. Como parte de uma investigação de corrupção, o tribunal angolano congelou recursos no país que pertenciam a Isabel e seu marido, incluindo uma participação na empresa de telecomunicações móveis Unitel e em vários bancos. 

E a contabilidade? Empresas da área ajudaram Isabel em aumentar sua fortuna: 

(...) uma enxurrada de detalhes sobre Isabel e seus bens se tornou pública por meio do Luanda Leaks, uma coleção de mais de 700 mil documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. (...) O Luanda Leaks também destacou seus viabilizadores: empresas de consultoria e contabilidade como McKinsey e PwC, bem como um grupo de banqueiros e advogados que a ajudaram a transferir sua fortuna para o exterior. Em uma declaração de dezembro de 2020, a PwC disse que quando as alegações vieram à tona, “tomou medidas imediatas para encerrar relacionamentos com as empresas envolvidas” e que alguns funcionários seniores deixaram a empresa ou foram sujeitos a “medidas corretivas.” Um porta-voz da McKinsey disse que Isabel e outras empresas da família não fazem mais parte de sua agenda de clientes. Até o momento, nenhuma das empresas de serviços profissionais foi acusada de qualquer delito. Mesmo assim, no ano passado um regulador português investigou firmas de auditoria que trabalharam com Isabel e constatou que algumas não tomaram medidas para impedir uma possível lavagem de dinheiro.

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Rir é o melhor remédio

 Em homenagem a saída da Ford do Brasil, encontrei este meme sobre os modelos de carros da empresa:


25 janeiro 2021

Perdão financeiro

Ao sair da presidência, Trump concedeu 143 indultos e comutações. Muito do bom coração do ex-presidente tinha uma relação com a área financeira. Segundo Sorkin (do NYT), eis os destaques:

Elliott Broidy - responsável pela arrecadação de Trump e condenado por violar as leis de lobby estrangeiro, incluindo o fugitivo malaio Jho Low

Ken Kurson - antigo editor do New York Observer e acusado de perseguição cibernética

Anthony Levandowski - o ex-executivo do Google, culpado de roubar segredos corporativos; 

William Walters - o apostador esportivo, condenado por informações privilegiadas

Sholam Weiss - condenado a mais de 800 anos de prisão por fraude de seguro

Bob Zangrillo - acusado no escândalo Varsity Blues College-admissions.

(Imagem do filme "o brother where art thou")

A linguagem dos gráficos

 Quatro gráficos contam diferentes histórias. Mas mostram muita informação. Três deles da Bloomberg e um da Nature. Abaixo, a participação da Netflix no mercado de vídeo dos Estados Unidos. Confesso surpreso com a importância da Prime, da Amazon, e da Hulu. 

O gráfico abaixo mostra a participação do petróleo do Irã depois das sanções dos Estados Unidos. Efeito certo na economia do Irã.
Este é da Nature e tem o efeito do Covid sobre a emissão de carbono. No mundo, significou -6,4%, com impacto maior nos Estados Unidos, Europa e Índia. 

A pandemia fez muito bem para Netflix. A empresa tinha um grande valor negativo no fluxo de caixa livre, mas reverteu o resultado em 2020. 


Rir é o melhor remédio


 

24 janeiro 2021

Custo Perdido em hidrelétrica do Canada


O Canadá está construindo uma usina hidrelétrica na província de Colúmbia Britânica. Denominado de Site C Clean Energy Project, a usina deveria permitir ao país uma maior geração de energia "limpa". Há diversas controvérsias sobre o projeto, incluíndo impacto sobre a comunidade indígena.

O custo estimado da construção é de 20 bilhões de dólares canadenses (aproximadamente US$16 bilhões). Diante dos problemas com o projeto, um artigo (via aqui) questiona se não seria o caso de abandonar o projeto. Já foram investidos no projeto mais de 6 bilhões. E um estudo aponta que o projeto não é econômico e não entrega uma energia limpa, com redução de emissão de carbono. 

Trata-se de um típico caso de custo perdido. Eis uma análise:

o valor presente total da eletricidade produzida no Site C é estimada em $ 2,76 bilhões contra um custo total estimado de $ 10,7 bilhões, implicando em uma perda de $ 8 bilhões . Isso é ruim. No entanto, se o projeto fosse cancelado agora, a perda seria cortada pela metade, para talvez US $ 4,5 bilhões. 

Foto: By Jason Woodhead - https://www.flickr.com/photos/woodhead/33925655676/, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=93611410

Previsão e Contabilidade - 2


Na postagem anterior vimos que existe uma ênfase em se fazer previsão na contabilidade atual. Mas temos vários problemas com esta escolha. 

Aqui vamos enfatizar somente um aspecto: como melhorar a contabilidade, através da melhoria do processo preditivo. Quando a contabilidade lida com a previsão, geralmente isto não está explicito nas informações. O especialista sabe que o valor do passivo judicial de uma empresa depende, substancialmente, de previsão. Também sabe que uma decisão sobre a recuperabilidade dos ativos é apoiada nestas previsões. 

Uma das melhores maneiras que as pessoas aprendem é errando e corrigindo o erro. Entretanto, o processo contábil não permite que isto seja feito. Se o profissional fez uma estimativa que uma determinada causa não resultaria em um passivo para a empresa e errou, o usuário dificilmente saberá deste erro. Há algumas exceções. Algumas empresas divulgam suas principais projeções. Mas na maioria dos casos, é impossível saber aonde termina uma estimativa e começa uma projeção. A melhor maneira de saber se a mensuração realizada pela entidade através da previsão é adequada será através de um sistema que permita analisar seu grau de acerto. 

Fazer uma previsão de que o PIB deverá aumentar este ano pode ser fácil. Ou dizer que a sua vida irá mudar para melhor este ano é muito genérico. Os horóscopos geralmente se baseiam em afirmações amplas o suficiente para incorporar as mais diferentes possíveis situações. Por isto a leitura dos astros parece com charlatanismo. 

Mas especificar um valor para este acréscimo faz com que tenhamos melhores motivos para tentar acertar nossa decisão. Da mesma forma, indicar que um processo judicial não irá resultar em perdas para a empresa é uma previsão bem específica. Assim podemos saber se houve um acerto ou um erro na previsão. 

Observe que isto também pode ajudar os reguladores. Divulgando as previsões precisas das empresas, será possível perceber o quanto erramos e como isto interfere nos resultados apresentados nas informações. Se o erro for substancial e estiver atrapalhando a análise do desempenho da empresa, talvez seja melhor pensar em outra alternativa para mensuração contábil. 

Rir é o melhor remédio

 

Fazendo o impossível

Previsão e Contabilidade


Historicamente, a partidas dobradas não dependia substancialmente do processo preditivo. A partir dos meados do século passado, a questão da previsão começou a aparecer na contabilidade, seja na obra dos teóricos, seja nos documentos preparados pelas associações de profissionais contábeis. Com a criação do Fasb, nos Estados Unidos, e a adoção de sua filosofia na preparação de informações contábeis na maioria dos países, através do Iasb, a previsão passou a constar da estrutura conceitual. Sob a denominação de valor preditivo, a informação contábil deveria permitir que o usuário fizesse inferências sobre o futuro da empresa e também confirmasse suas previsões passadas. 

Aqui é importante fazer uma distinção entre os termos estimativa e previsão. A estimativa é geralmente utilizada na literatura contábil sem uma associação com o futuro. Quando o profissional calcula a depreciação mensal de um equipamento, é necessário fazer uma estimativa da vida útil deste ativo, para a determinação do valor da despesa. Da mesma forma, quando é feito o levantamento do estoque através do inventário periódico, estima-se o valor do custo a partir da fórmula (CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoques Final). Nos dois exemplos, o futuro não é a parte relevante no processo de mensuração, embora esteja mais forte na primeira situação. 

Já a previsão tem uma associação mais estreita com o que irá ocorrer no futuro. Com base nos processos judiciais anteriores, é possível prever que a empresa deverá ter sucesso em uma determinada causa, e irá vencer. Assim, a contabilidade não irá reconhecer no passivo este processo. 

O que a estrutura conceitual enfatiza é o chamado valor preditivo. Há uma discussão inicial se o valor preditivo é do preparador da informação ou se, com base nas informações apresentadas, deve ser do usuário. Quando a norma enfatiza o valor justo, parece que a responsabilidade está sob os ombros do preparador. 

Imagem: aqui

23 janeiro 2021

Google Earth Time-Lapse

 O Google juntou fotografias de satélites em diferentes anos em um site chamado de Earth Time-Lapse. Ao entrar no site, você pode ver a história de alguns lugares selecionados. Isto inclui Rondônia e Teles Pires River. Mas você pode localizar uma cidade e ficar observado a sua evolução no tempo. 

Por exemplo, eis Patos de Minas no ano de 1984:


Mesma posição do satélite, agora em 2018:

Boa diversão.

Rir é o melhor remédio

 

Trabalho e meta

22 janeiro 2021

Campeões da Netflix

 

Fonte: aqui. Isto é do mercado dos Estados Unidos. Curioso é que comecei a ver The Office no final do ano passado. E vi Gambito. Vi The Crown e Tiger durante o ano. Além de The Office, estou assistindo Peaky Blinders. Muito bom. Os filmes:

Bem infantil e família, não? Mais aqui

SEC sob o governo Biden

O novo presidente dos Estados Unidos escolheu Gary Gensler para ser o presidente da SEC. Mas o seu nome deve ser aprovado pelo Senado. O processo está atrasado, pois o período de transição foi um pouco tumultuado. Gensler já foi presidente da Commodity Futures Trading Commission. Enquanto isto, a SEC será conduzida por Allison Herren Lee:

Lee já estava na SEC desde julho de 2019 e marcou posição nas tentativas do ex-presidente da SEC em afrouxar algumas regras. Além do presidente da SEC, a nova administração deverá contar com um novo chefe de contabilidade, já que o anterior, Sagar Teotia, já saiu do cargo. Ao contrário do antigo comandante da SEC, Gensler deve ter uma postura mais incisiva sobre a regulamentação financeira. No passado, ele foi da Goldman Sachs. 

Se Lee continuar mais tempo no cargo de interina da SEC, a entidade deve enfatizar a questão do clima, o que está coerente com a nova gestão. 

Os livros mais vendidos em 2020

 

Fonte: Estado de S Paulo, 22 de janeiro de 2021

Rir é o melhor remédio

 


21 janeiro 2021

Mais informação é mais informação de baixa qualidade - II


Veja que interessante um texto do New York Times, que complementa a postagem anterior. Um reporter narra sua busca por livrar do vício de consultar o celular. Um primeiro texto fala sobre phubbing

Os psicólogos têm um nome para isso: “phubbing” ou desprezar uma pessoa em favor do seu telefone. Estudos têm mostrado que o phubbing excessivo diminui a satisfação no relacionamento e contribui para sentimentos de depressão e alienação.

Mas eu gostei mesmo quando ele apresenta uma grande solução para o assunto: aula de cerâmica !!

(...) a cerâmica é um substituto perfeito do telefone. É um desafio manual e exige concentração por horas a fio. Ele também suja as mãos, o que é um bom impedimento para mexer com eletrônicos caros.

Mais informação é mais informação de baixa qualidade


Uma lei da economia pode ajudar a explicar como prevalece, nos dias atuais, as informações de baixa qualidade. Entre ler um artigo da New Yorker, preferimos ler a última fofoca de uma pretensa celebridade. A Lei de Gresham foi proposta para produtos tangíveis, mas pode ser aplicada para a informação. 

Atacada pela competição acirrada do ciclo de notícias diárias, a notícia sofre com a Lei de Gresham, um conceito financeiro que afirma que o dinheiro ruim tira o dinheiro bom até que só o dinheiro ruim reste. A Lei de Gresham pode explicar por que o consumidor mediano lê informações de baixa qualidade online. Na Internet, o conteúdo de baixa qualidade expulsa o conteúdo de alta qualidade, já que os artigos mais lidos são polarizadores e emocionalmente chocantes. Primeiro, eles distorcem a verdade eliminando nuances e adicionando carga emocional a tópicos importantes. Se você verificar quase todas as publicações importantes, verá que as histórias mais populares são opinativas e causam medo. Eles nos atraem porque influenciam nossos instintos básicos de maneiras irresistíveis.

(...) Mas, na prática, aconteceu o contrário. Em vez de informar o público, os jornalistas são forçados a manipular algoritmos de mídia social, divulgando histórias e escrevendo manchetes enganosas. Um repórter da Vox me disse que eles têm que escrever dez títulos para cada postagem que escrevem. A Vox escolhe o título que atrai mais engajamento, dependendo da plataforma. Desesperados por cliques, os repórteres tendem a sombrear suas manchetes com medo e indignação. 

Mas isto não é de todo ruim. 

Para o consumidor de notícias consciente, nunca houve melhor época para estar vivo. A Internet está repleta de informações de alta qualidade, de modo que os consumidores de informações mais experientes têm acesso a mais conhecimento de alta qualidade do que em qualquer momento da história humana.

Portanto, pule o ciclo de notícias, mas reduza o consumo medido. Ignore as recomendações da sociedade sobre o que consumir e atualize seus hábitos de aprendizagem como se estivesse sacudindo um esboço. Lembre-se de que o que você deve consumir não se parece em nada com o que foi ensinado a consumir. Rebele-se contra os holofotes tradicionais, encontre alguns curadores confiáveis ​​e, em vez disso, trace seu próprio caminho. (...)

Na Internet, sua taxa de aprendizado é limitada não pelo acesso às informações, mas por sua capacidade de ignorar distrações. As pessoas que você segue online são um indicador importante de seu sucesso, sua saúde e sua felicidade. 

Abrace a responsabilidade pessoal. Ignore a junk food, siga as pessoas certas e beba profundamente suas recomendações.