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30 julho 2010

Escândalo Frances

Um dos principais ministros do governo francês negou ontem, em depoimento, que tenha recebido ilegalmente envelopes de dinheiro das mãos de Liliane Bettencourt — principal acionista do grupo L'Oréal — para o partido do governo (UMP) ou para a campanha do presidente Nicolas Sarkozy. O nome do ministro do Trabalho, Eric Woerth, é citado várias vezes em conversas gravadas e entregues às autoridades francesas, num dos maiores escândalos de corrupção do país.

O caso foi parar na Justiça depois que o mordomo da bilionária gravou horas de conversas da patroa por conta de uma briga de família. Na gravação de 29 de outubro, o administrador de Bettencourt Patrice de Maistre lembra à bilionária que empregou a mulher do ministro — na época, do Orçamento — na empresa que gerencia a sua fortuna.

— Quem é este? — perguntou à bilionária, de 87 anos, ao ouvir o nome de Woerth.

— Ora, é o marido de madame (Florence) Woerth, que a senhora emprega. Ela é uma das minhas colaboradoras, e não é grande coisa. Mas ele é muito simpático e é o nosso ministro do Orçamento. É ele que se ocupa dos seus impostos. Portanto, não é idiota (convidá-lo para uma cerimônia) — disse o administrador.


Ministro nega conflito de interesse no caso L'Oréal - 30 Jul 2010 - O Globo

Delação premiada

A partir de la reforma financiera, la SEC tiene más presupuesto. Citi arregló un pago con el Gobierno por una causa sobre fraude a inversores

En los 21 años desde que la Comisión de Bolsa y Valores de Estados Unidos (SEC) instituyó el pago de recompensas por delatar el uso de información privilegiada, el organismo ha desembolsado tan solo u$s 1,16 millones a seis personas, incluso u$s 1 millón este mes a una mujer que denunció al fundador del fondo de cobertura de riesgo Pequot Capital Management. Con la nueva ley de normas financieras refrendada por el presidente Barack Obama el 21 de julio, el ritmo está a punto de acelerarse.

Arrinconada por las acusaciones de que hizo caso omiso de informaciones sobre las fechorías de Bernard Madoff, la SEC pidió al Congreso que aumentara los pagos y ampliara la autoridad del organismo para recompensar a quienes le ofrezcan pistas sobre otros tipos de infracciones, incluso las estratagemas de Ponzi y los fraudes en la contabilidad empresarial.

Esos deseos se cumplieron: la ley de reorganización financiera dice que la SEC puede otorgar recompensas a los soplones en cualquier caso que origine una multa de más de u$s 1 millón. Y ahora los informantes tienen derecho a hasta un 30% de todo el dinero que la SEC cobre, incluso multas y ganancias obtenidas ilícitamente. Antes, los delatores tenían derecho a solo un 10%. “La disposición sobre los delatores beneficiará considerablemente nuestro programa de fiscalización al alentar a las personas a dar conocimiento a las autoridades”, dijo el vocero de la SEC, John Nester.


Regulador de EE.UU. aumenta recompensas para ‘soplones’ - BLOOMBERG Y EFE Buenos Aires - 30 Jul 2010 - El Cronista Comercial

Ver também aqui, teste 317.

Responsabilidade pesa

“Um político de peso, capaz de opiniões abrasivas, quando questionado sobre seus atos, esquiva-se com argumentos escorregadios. Incapaz de sentir a pressão da culpa sobre a alma, dorme um sono leve.”

Você deve estar imaginando a que político estou me referindo, mas talvez não tenha percebido que o parágrafo acima contém cinco exemplos do uso de termos relacionados ao sentido do tato (peso, abrasivo, escorregadio, pressão e leve) para qualificar objetos que jamais percebemos por meio desse sentido (político, opiniões, Paulo, culpa e sono).

A associação de termos relacionados aos sentidos para qualificar objetos não relacionados ao sentido em questão ocorre em todas as línguas. Estudos quantitativos demonstraram que o tato é o sentido em que esse fenômeno de transferência é mais frequente, apesar de muitas vezes o sentido da visão (“uma mente brilhante”) e o do olfato (“aquele acordo fede”) também fornecerem qualificadores para objetos não relacionados.

Muitos linguistas e psicólogos acreditam que esse fenômeno se deve ao fato de o tato ser o primeiro sentido utilizado pela criança para perceber o mundo exterior. Mesmo antes de abrir os olhos, o recém-nascido sente o bico do peito na boca, prova o gosto do leite e se conforta com o cheiro e o abraço da mãe. Esses cientistas acreditam que mais tarde, durante o desenvolvimento da linguagem, a mente humana transfere para objetos abstratos muitas das qualificações derivadas dos sentidos. E ao longo da história da humanidade, em todas as culturas, essas associações se perpetuam em expressões verbais.

Agora, um grupo de cientistas deu um passo além e investigou se essa associação entre percepções táteis e objetos não relacionados influencia o comportamento e a capacidade de julgamento de pessoas adultas. O que eles testaram é se a presença de um estímulo tátil afeta nossa capacidade de decisão.

No primeiro estudo, pediram para 50 voluntários avaliarem o currículo de um candidato a um emprego hipotético. Todos os voluntários receberam o mesmo currículo, com o mesmo texto, impresso em folhas de papel idênticas, e tiveram o mesmo tempo para fazer sua avaliação. A diferença é que metade recebeu o currículo em uma prancheta leve, que pesava aproximadamente 300 gramas, e a outra metade, em uma prancheta pesada, de mais de 2 quilos. Uma diferença de 1 quilo e 700 gramas. Os voluntários deveriam avaliar, em uma escala de 0 a 10, se o candidato era adequado à vaga, se possuía os requisitos necessários e assim por diante.

Peso da linguagem. O resultado é impressionante. Os avaliadores que receberam a prancheta pesada deram notas maiores para as qualidades do candidato que, na língua inglesa, possuem expressões verbais associadas ao peso (capacidade intelectual e responsabilidade). Por outro lado, na parte da avaliação que perguntava sobre a capacidade de socialização do candidato, que na língua inglesa não possui expressões relacionadas ao peso, a avaliação pelo grupo de pessoas com as pranchetas pesadas ou leves foi idêntica.

Além disso, os cientistas pediram para que os voluntários avaliassem como se sentiam em relação à responsabilidade de avaliar um candidato a partir de apenas um currículo. Os que haviam recebido o currículo em pranchetas pesadas avaliaram sua própria responsabilidade como muito maior quando comparada à percepção dos que receberam as pranchetas leves. Ou seja, “sentiram o peso da responsabilidade”.

Outros cinco experimentos, que testaram se a manipulação de objetos rugosos ou lisos e duros ou moles afeta o julgamento de pessoas adultas, confirmou que nossa capacidade de julgamento e decisão é realmente afetada pelo estímulo tátil ao qual estamos submetidos. Esse experimento demonstra claramente que nossa capacidade de tomar decisões racionais é aparente e limitada.

Nosso cérebro, o aparato que processa informações e decide, está longe de ser isento de influências que datam de nossa infância. Tudo indica que nossa história tem um peso muito real sobre nossa capacidade de julgamento. Freud deve estar sorrindo no túmulo.

MAIS INFORMAÇÕES: INCIDENTAL HAPTIC SENSATIONS INFLUENCE SOCIAL JUDGMENTS AND DECISIONS. SCIENCE, VOL. 328, PÁG. 1.712, 2010

Responsabilidade pesa 1,7 kg
Fernando Reinach - 29 Jul 2010 - O Estado de São Paulo

Medicamentos

Pesquisa de funcionária da Secretaria de Estado da Saúde de SP mostra concentração dos processos para compra de remédios não incluídos no SUS nas mãos de poucos advogados, e sugere que laboratórios farmacêuticos estão por trás disso

Estudo publicado na Revista de Saúde Pública mostra que a maior parte das ações movidas contra o governo estadual paulista para obtenção de medicamentos não cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) está concentrada nas mãos de poucos médicos e poucos advogados. Os resultados, segundo os pesquisadores, é mais um indício de que a indústria farmacêutica está por trás desses processos.

A pesquisa analisou 2.927 ações cadastradas no Sistema de Controle Jurídico da Secretaria de Estado da Saúde, movidas em 2006, em benefício de pacientes residentes na cidade de São Paulo. Dos 565 advogados responsáveis pelas ações, 19 ajuizaram cerca de 63% dos processos. No caso de alguns medicamentos específicos, um único advogado foi responsável por 70% das ações.

O estudo revela também uma concentração de médicos citados nas ações: nos processos para aquisição de quatro remédios, mais de 20% das justificativas foram assinadas pelo mesmo médico. O nome dos profissionais envolvidos não foram divulgados.

O título do artigo não deixa dúvidas sobre a conclusão: “Ações judiciais: estratégia da indústria farmacêutica para introdução de novos medicamentos”.

Segundo o artigo 198 da Constituição, todos devem ter acesso universal e integral à saúde. O estudo sugere que laboratórios manipulam esse princípio para, com a ajuda de médicos e advogados, aumentar os lucros. Remédios comprados com liminares não passam por licitação e, por isso, o Estado é obrigado a pagar o preço estipulado pelos fabricantes, sem negociação.

Argumentos. O trabalho é resultado do levantamento realizado por Ana Luiza Chieffi, funcionária da Secretaria de Estado da Saúde, para um curso de mestrado profissional em 2008 na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Ela oferece argumentos estatísticos para frequentes críticas de secretários de saúde a essas ações.

Em setembro de 2008, quando a polícia paulista desmontou um esquema que obrigava o Estado a adquirir drogas de alto custo para psoríase, a Secretaria Estadual da Saúde estimou que cerca de 50% dos R$ 400 milhões gastos com remédios via Justiça seriam decorrentes de fraudes.

Na ocasião, o então governador José Serra (PSDB) disse que “há uma indústria de ações judiciais” e chamou a operação de “ponta de um barbante de um nó que precisa agora ser desatado”. Em 2009, a secretaria afirma ter investido R$ 1,3 bilhão em remédios, cerca de R$ 400 milhões para cumprir medidas judiciais – 30% do total. No ano estudado (2006), o gasto com ações foi de R$ 65 milhões (5,4% do total).

“Estatisticamente é impossível – probabilidade igual a zero – ter um único médico e um único advogado responsáveis por mais de 50% das ações solicitando um único medicamento sem que exista algum tipo de articulação entre indústria, advogado e médico”, diz a pesquisadora Rita de Cássia Barradas Barata, pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coautora do estudo.

Outros especialistas, entidades de pacientes e representantes da indústria discordam da análise apresentada no trabalho


Indústria usa ações judiciais para lucrar com medicamentos, diz estudo - Alexandre Gonçalves - 26 Jul 2010 - O Estado de São Paulo

29 julho 2010

Rir é o melhor remédio

Uma das insuficiências resulta do incêndio que terá destruído 75% da contabilidade da empresa-mãe Freeport PLC, no Reino Unido. Em 2006, as Finanças inspeccionaram a "Freeport Leisure", mas não encontraram justificativos para pagamentos de 6,9 milhões de euros, entre 1999 e 2004. A documentação de suporte dos pagamentos estaria em Inglaterra, mas ardeu num incêndio.

De resto, os investigadores verificaram que, em Maio de 2002, dois meses após a aprovação do Freeport, Charles Smith pediu dinheiro à empresa-mãe para pagar, a um indivíduo identificado como "Pinóquio", o que havia combinado com um tal "Bernardo". Mas nenhum deles foi identificado, tal como sucedeu com outro suposto beneficiário de comissões que era alcunhado de "Gordo".


Processo Freeport acusa só - 27 Jul 2010 - Jornal de Notícias- NELSON MORAIS

Teste #318

Este grande clube de futebol da Europa apresentou no balanço de 2009/2010 um lucro de 11,1 milhões de euros. Entretanto, uma auditoria realizada na contabilidade, realizada a pedido da nova diretoria, revelou que o resultado foi um prejuízo de 77,1 milhões de euros. Uma diferença de 89 milhões de euros. Qual o nome deste clube de futebol?

Barcelona

Chelsea

Inter de Milão


Resposta do Anterior: 1 milhão. Fonte: Washington Post, SEC pays $1 million to woman who ratted on her ex, Zach Goldfarb.

Os executivos mais bem pagos da década

1. Lawrence Ellison – Oracle – 1,8 bilhão
2. Barry Diller – Interactive – 1,1 bilhão
3. Ray Irani – Occidental Petroleum – 857 milhões
4. Steve Jobs – Apple – 748 milhões
5. R Fairbank – Capital One – 568 milhões

Fonte : Wall Street Journal Oracle's Ellison: Pay King --- Leads WSJ List of Top-Paid CEOs of the Decade; Diller, Irani, Jobs Rank High - Scott Thurm - 27 jul 2010

Sumiram com 8 bilhões de dólares

O jornal The Guardian apresentou uma reportagem muito interessante sobre a falta de controle dos recursos públicos. O que torna o texto atrativo, é que o problema ocorreu com recursos dos Estados Unidos. E os valores chegam a 8 bilhões de dólares. A grande questão é onde foram parar oito bilhões de dólares, que aparentemente foram gastos, mas não contabilizados.

Segundo texto de Martin Chulov (Accountants asked to trace missing $8.1bn of Iraqi oil cash, 28 julho de 2010) os valores eram destinados a reconstrução do Iraque. Entretanto, sabe-se que provavelmente os fundos foram gastos durante o período de 2004 a 2007, mas não existe nenhuma informação sobre comprovantes. O dinheiro deveria ser usado para reconstrução da infra-estrutura daquele país, após a guerra do Iraque.

Viabilidade do Trem-bala

A demanda de passageiros é uma das maiores interrogações no projeto do trem de alta velocidade (TAV), que unirá as duas principais metrópoles brasileiras. Cálculo preliminar feito pelo Ibmec-RJ a partir das variáveis do edital, como investimento inicial, tarifa, percurso e capacidade, indica que seria necessária lotação integral durante toda a operação entre Rio e São Paulo para garantir a viabilidade econômica do trem-bala.

“É um cálculo preliminar, porque não dispomos de informações abertas de todos os itens necessários para um estudo mais aprofundado. Tomando como referência o teto da tarifa, a viabilidade econômica - do ponto de vista pura e simplesmente do investidor - se daria com uma taxa de ocupação de quase 100% do uso dos trens, o que é inviável, basicamente impossível”, explica Luiz Magalhães Ozório, professor de Finanças do Ibmec.

Roberto Zentgraf, coordenador dos MBAs do Ibmec e coautor do estudo, explica que, além da perspectiva de investimento de R$ 33 bilhões e da fixação da tarifa de R$ 0,49 por quilômetro, foram verificados os percursos, tomando como referência uma taxa de ocupação próxima ao que hoje se verifica em outros modais de transporte, como a ponte aérea e a ponte rodoviária. “Usamos números de custos e margens de lucro de empresas no exterior, principalmente da França e do Japão”, explicou.

Os professores chamam a atenção para a ocupação atual da ponte aérea Rio-São Paulo, um dos corredores nacionais mais rentáveis de transporte de passageiros: 57%. “Obviamente, algumas companhias conseguem a totalidade em alguns horários, mas não todo o tempo. Tomando isso como referência, uma taxa de mais de 90% não nos parece viável, mesmo com uma taxa de eficiência bem alta, a não ser que fosse elevado o valor da tarifa. Mas aí o projeto perderia em competitividade de preços.”

Edital. O edital da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estima uma receita anual de R$ 1,314 bilhão para o trem-bala, sendo R$ 811,7 milhões em horário de pico e outros R$ 502,2 milhões fora dele. A participação de mercado prevista no edital é 52,9% do mercado total. Sem contar o trem-bala, as projeções apresentadas no documento revelam que, em 2014, a demanda total entre Rio de Janeiro e São Paulo será de 10,7 milhões de viagens, com uma participação de mercado para avião de 68%, 16% para carro e 15% para ônibus.

Ainda de acordo com o estudo apresentado no edital da ANTT, a projeção para 2014 revela que o fluxo maior de passageiros do trem-bala ficará entre São Paulo e Campinas, com 12,3 milhões de passageiros. O segundo maior fluxo é São José dos Campos-São Paulo, com 8,6 milhões de passageiros; o terceiro, entre Rio de Janeiro e Volta Redonda/Barra Mansa, com quase 2,6 milhões. Todos os outros fluxos como, por exemplo, Rio de Janeiro- São José dos Campos, geram baixos níveis de demanda.

“O TAV é bem-sucedido na demanda desviada do carro em viagens mais curtas, que têm uma finalidade de viagem a trabalho, tais como Rio de Janeiro-Volta Redonda e São Paulo-Campinas”, conclui o estudo. Se o trem de alta velocidade fosse colocado em operação em 2008, data do primeiro levantamento, um pouco menos da metade das viagens existentes entre Rio de Janeiro e São Paulo seria desviada para o trem-bala. “A previsão é que cerca de 46% das viagens aéreas, 60% das viagens de ônibus e 38% das viagens de carro seriam desviados”, diz o texto do documento.

Migração. Pedro Janot, presidente da Azul Linhas Aéreas, companhia que oferece voos entre o Rio e Campinas, concorda que alguns passageiros podem migrar para o trem-bala. “Num primeiro momento, o trem-bala pode roubar um pouco dos passageiros do avião, mas numa segunda etapa os dois modais vão crescer juntos.” Adotando a linha da boa concorrência, ele afirma que o projeto criará sinergia com os aeroportos. “A ponte aérea é um produto caro e elitista. O trem-bala trará competição a essas estruturas. Há mercado para os dois produtos, mas certamente vamos ter de nos adequar a essa nova competição.”

A Gol também diz defender investimentos em infraestrutura, especialmente os que permitem mais acesso das populações do interior aos principais aeroportos. Em nota, a companhia declarou, no entanto, que considera prematuro fazer avaliações detalhadas a respeito do impacto do trem-bala sobre a demanda do setor de aviação comercial. Procurada, A TAM não quis comentar o assunto.

Os professores do Ibmec-RJ fizeram uma simulação para uma taxa de ocupação do trem-bala entre 40% e 50%. “A tarifa que se precisaria cobrar para garantir a rentabilidade seria próxima a R$ 1 por quilômetro, o dobro do que está sendo pedido”, diz Ozório. Ele lembra que isso determinaria uma passagem final em torno de R$ 400. “Seria R$ 100 a mais do que a tarifa média da ponte aérea, o que criaria outra dificuldade de competitividade.”

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vai financiar o projeto, não quis comentar o estudo realizado pelo Ibmec-RJ. “O banco lembra que está na internet, no site da ANTT ( www.tavbrasil.gov.br), à disposição da sociedade, o amplo e profundo estudo de viabilidade técnica e econômica para implantação do trem de alta velocidade (TAV) Rio-São Paulo, realizado por consultoria especializada, selecionada mediante concorrência internacional organizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento”, diz a nota enviada pelo banco ao Estado.

Operação deficitária. Os professores do Ibmec ressaltam que, no mundo inteiro, operações como a do trem-bala costumam ser deficitárias, ao menos nos primeiros anos. “Isso não é exclusivo do Brasil. É um tipo de investimento que não deve ser olhado só pelo lado financeiro”, diz Zentgraf. O professor argumenta, ainda, que a entrada do Estado empreendedor será necessária para garantir a obra, com financiamento de baixo custo e com renúncia fiscal.

“O Estado precisa saber elencar o que é mais importante. Nos próximos anos, teremos dois eventos que vão exigir investimentos enormes. E me pergunto: é melhor investir em infraestrutura de aeroporto, para receber as pessoas que vêm para cá, em segurança ou no trem-bala? O Brasil precisa começar a pensar de que forma o dinheiro público é usado, porque ele é escasso”, diz Zentgraf.


Estudo contesta viabilidade do trem-bala
Irany Tereza / RIO
O Estado de São Paulo - 26 jul 2010

Nova BP

Depois de anunciar um prejuízo de US$ 17,15 bilhões no segundo trimestre, por causa do vazamento de petróleo no Golfo do México, a BP PLC iniciou ontem uma sacudida radical, com planos de vender cerca de US$ 30 bilhões em ativos, nomear um novo presidente executivo e alterar a forma como faz negócios.

As mudanças vão deixar a petrolífera britânica menor e mais concentrada na recuperação de sua combalida reputação, embora a BP pretenda continuar buscando oportunidades em águas profundas e planeje manter uma forte presença nos Estados Unidos, disseram executivos de alto escalão da petrolífera.

O diretor-presidente da BP, Tony Hayward, que será sucedido por Robert Dudley em 1o de outubro, disse que a planejada venda de ativos faria com que a empresa passasse de uma petrolífera de 4 milhões de barris diários para “talvez uma empresa de 3,5 milhões de barris por dia que tem ativos de melhor qualidade [e] um portfólio mais focado”. A empresa ainda assim produziria mais petróleo e gás natural que a rival anglo-holandesa Royal Dutch Shell PLC.

Alguns analistas disseram que as vendas são uma chance para a BP se reinventar. “Em um período de 18 meses, eles poderão acabar se tornando uma máquina mais afinada, enxuta e focada”, disse Jason Kenney, analista do setor de petróleo do ING Bank. Ele falou que a virada dá à empresa uma “chance única” de passar à frente dos concorrentes concentrando- se mais firmemente nos ativos de melhor desempenho do seu portfólio.

A BP informou que Hayward sairá do cargo em “acordo mútuo” com o conselho da empresa. Hayward disse que, ao liderar a resposta de emergência da BP ao desastre da Deepwater Horizon, tornou-se a face pública da empresa e, consequemente, foi “demonizado e vilificado” nos EUA. “O fato é que a BP não pode ir adiante como uma empresa nos EUA tendo-me como seu líder”, disse Hayward.

Em um comunicado, o presidente do conselho da BP, Carl-Henric Svanberg, disse que o derramamento de petróleo foi um divisor de águas para a petrolífera, e que ela será “uma empresa diferente no futuro, exigindo uma nova liderança, sustentada por uma governança robusta e um conselho muito engajado”.

“A estratégia de três pontas, de elevar as provisões, as vendas de ativos e um novo presidente, deve ser uma mistura poderosa na formação de uma base futura sólida”, disse Richard Hunter, diretor de ações britânicas da corretora Hargreaves Landsdown Stockbrokers.

A BP apresentou um prejuízo de US$ 17,15 bilhões no segundo trimestre, reflexo de uma despesa extraordinária de US$ 32,2 bilhões antes dos impostos para cobrir custos correntes e futuros com a contenção, limpeza, indenizações e multas relacionadas ao vazamento no Golfo do México. A BP espera receber um crédito fiscal de US$ 9,98 bilhões relativo à despesa extraordinária, o que reduziria o custo do vazamento a US$ 21,95 bilhões.

As sócias da BP no poço rompido de Macondo — Anadarko Corp. e Mitsui & Co., que têm uma participação combinada de 35% — recusaram-se até o momento a pagar a parte delas nos custos do vazamento, sob a alegação de que a BP foi negligente. A BP vai recorrer a todos os meios legais para fazer com que as empresa cubram a parte delas no vazamento, disse Hayward.

Embora a BP tenha lançado a perda no balanço agora, os pagamentos relacionados ao vazamento, especialmente ao fundo de compensação de US$ 20 bilhões, serão diluídos ao longo de vários anos.

Ainda assim, nem todos os analistas estão convencidos de que a BP cobriu integralmente os custos potenciais. O Credit Suisse informou que se o fluxo tiver sido maior do que a empresa estimou e ela for considerada negligente, a BP poderá se deparar com despesas extraordinárias adicionais de US$ 12,6 bilhões. “Na medida em que as várias investigações sobre as causas do acidente progridam, nós vemos riscos de que a BP precise fazer mais provisões nos próximos trimestres”, informou o Credit Suisse em nota de análise.

Para preparar seu balanço, a BP informou que vai vender US$ 30 bilhões — cerca um décimo da empresa, de acordo com algumas estimativas — em ativos de exploração e produção nos próximos 18 meses. A petrolífera também vai reduzir o atual nível de endividamento para algo entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões. A dívida líquida era de US$ 23 bilhões no fim de junho.

A BP já fechou um acordo para vender um pacote de ativos na América do Norte e Egito no valor de US$ 7 bilhões para a Apache Corp. A empresa também está negociando a venda uma parte da unidade argentina Pan American Energy para a Bridas Corp. por cerca de US$ 9 bilhões, de acordo com uma pessoa a par do assunto.

Alguns dos substanciais ativos da BP no Alasca também estão sendo oferecidos a um grupo de potenciais compradores, disse uma outra pessoa. A BP confirmou que venderá ativos de gás natural no Vietnã e no Paquistão.

“O valor dos ativos da empresa é substancialmente superior à cotação atual da ação”, então as vendas são uma maneira lógica de levantar recursos, disse Colin Morton, um gestor de recursos da Rensburg Fund Management, que tem uma participação na BP. “Este pode ser um bom catalisador para eles.”

Dependendo de que ativos venda, a BP pode se tornar uma proposta de investimento muito diferente no fim do processo. “Você pode começar a ver a

Fora o vazamento, a BP afirmou que está se saindo bem. O ganho com custo de reposição, um dado acompanhado com muita atenção e que retira ganhos e perdas dos estoques e itens excepcionais como o vazamento, subiu quase 70% no segundo trimestre, para US$ 4,98 bilhões, ante 2,94 bilhões um ano antes. O fluxo de caixa operacional no segundo trimestre foi de US$ 8,9 bilhões, ante quase US$ 3 bilhões que gastou com o vazamento no trimestre.

“A empresa está em boa forma para cumprir com suas responsabilidades”, disse Hayward. A BP vai estudar se deve voltar a pagar dividendos em fevereiro do ano que vem, disse Svanberg.


Com prejuízo de US$ 17 bi, BP planeja reforma radical
James Herron e Guy Chazan, The Wall Street Journal, de Londres
28 Jul 2010 - The Wall Street Journal Americas

Contabilidade e eleições

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) divulgaram hoje várias iniciativas para garantir a legalidade e transparência das prestações de contas das campanhas eleitorais. Partidos políticos, candidatos e comitês financeiros encaminham, a partir de hoje e até o dia 3, à Justiça Eleitoral os primeiros balanços parciais das receitas e despesas das campanhas. A divulgação dos balanços ocorre somente no dia 6 de agosto. A prestação de contas final das campanhas deve ser apresentada até o dia 2 de novembro.

O TSE disponibilizou em sua página na internet (www.tse.jus.br) um link para cadastrar os cidadãos e empresas interessados em contribuir para a fiscalização das contas de campanha (doações e gastos eleitorais) dos candidatos, comitês financeiros ou partidos políticos, faça seu cadastro. Na prática, este link implementa dispositivo de Resolução do TSE que prevê o reforço de voluntários na fiscalização e controle das contas eleitorais. Assim, doadores e fornecedores de bens e serviços às campanhas poderão prestar informações voluntárias à Justiça Eleitoral. Para tanto, deverão se cadastrar no local indicado pelo TSE. Eles receberão uma mala-direta com instruções, link e senha de acesso ao cadastro de informações.

Cartilha explicativa

Por sua vez, a OAB e o Conselho Federal de Contabilidade uniram-se para lançar uma cartilha com esclarecimentos didáticos sobre as prestações de contas eleitorais e os processos de fiscalização, análise e julgamento dos balanços. As duas entidades também assinaram um protocolo de intenções em que se comprometem a atuar em conjunto na fiscalização das campanhas e no combate à corrupção eleitoral. O objetivo é que a cartilha, que estará disponível na internet, no site do CFC (www.cfc.org.br), funcione como uma ferramenta a mais, ao lado da Lei Ficha Limpa, para intensificar o combate à corrupção e formação de caixa dois nessas eleições.

Juntas, as duas instituições vão promover cursos nos Estados, em parcerias com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), para capacitar os profissionais que atuarão nas prestações de contas, seja do lado dos candidatos, partidos e comitês financeiros, seja do lado dos juízes eleitorais, na análise das contas. O advogado e contador Bruno Mendes, coautor da cartilha, observa que os instrumentos de combate à corrupção vêm se aperfeiçoando a cada eleição. Uma percepção desse aprimoramento seria é a elevação dos limites de gastos das campanhas. Segundo ele, um sinal de que os candidatos e partidos não estariam mais dispostos a recorrer a artifícios como a formação de caixa dois.

Os candidatos elevaram as estimativas de gastos nas campanhas. Por exemplo, em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato à reeleição, apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) previsão de gastar até R$ 115 milhões na campanha. Na prestação de contas final, o petista declarou gastos de R$ 91,4 milhões. Neste ano, a previsão de gastos da candidata do PT, Dilma Rousseff, é de R$ 157 milhões.

O mesmo ocorreu com o PSDB. Candidato em 2006, Geraldo Alckmin, declarou ao TSE previsão de gastar até R$ 95 milhões. No final da campanha, apresentou relatório de despesas no valor de R$ 81,9 milhões. Neste ano, o candidato tucano à Presidência, José Serra, afirmou que pretende gastar até R$ 180 milhões - mais que o dobro do valor gasto há quatro anos pelo PSDB na corrida presidencial.


Instituições procuram ampliar transparência das eleições
Andrea Jubé Vianna - 28 Jul 2010 - AE Noticiário

Conselhos e Punições


Pelo menos 704 profissionais de seis das maiores entidades de classe do Paraná receberam algum tipo de punição no ano passado por má conduta no exercício do trabalho. Desses, apenas 1% sofreu a pena mais severa: a cassação do registro profissional e o impedimento de exercer o ofício. Para especialistas, o baixo número de cassações é consequência do corporativismo. Juntas, as seis entidades somam quase 154 mil profissionais ativos no estado. São elas: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e os conselhos regionais de Odontologia (CRO-PR), Con­tabilidade (CRC-PR), Medicina (CRM-PR); Farmácia (CRF-PR) e Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR).

Na maioria dos casos, a punição é uma advertência confidencial em aviso reservado, ou seja, apenas o profissional fica sabendo. Em segundo lugar vem a censura pública, quando o nome do profissional e o artigo do Código de Ética que ele infringiu são divulgados em veículos de comunicação. Em alguns conselhos, como o de Farmácia e o de Contabilidade, também são aplicadas multas. “A cassação é o último recurso. Ela só é utilizada quando o conselho de profissionais acredita que aquele profissional não tem mais correção”, afirma o corregedor-geral do CRM-PR, Alceu Fontana Pacheco.

Um dos dados divulgados pelos conselhos que mais chamam a atenção é o de absolvições. Nos últimos cinco anos, as entidades absolveram cerca de 2 mil profissionais. Os números que mais evidenciam isso foram registrados pelo Conselho Regional de Medicina. De 2005 para cá, 296 médicos foram absolvidos. Outros 171 foram punidos e apenas cinco tiveram o registro cassado.

Para o sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, chefe do departamento de Ciências Sociais da Uni­versidade Federal do Paraná (UFPR), toda categoria profissional tem um viés corporativo. “Até que se prove o contrário, as entidades sempre vão proteger os seus profissionais. Os maus profissionais só são efetivamente punidos quando existe uma forte pressão da opinião pública”, afirma.

Para o professor, quanto mais a sociedade fiscalizar, menor é a chance de o corporativismo se perpetuar. “A sociedade e a imprensa têm que fiscalizar. Mais fiscalização significa mais transparência sobre as decisões dos conselhos profissionais”, opina.


Cassação alcança só 1% dos profissionais - 29 Jul 2010 - Gazeta do Povo
Foto: Design you trust

Infraero


A Infraero vai contratar uma consultoria especializada para adequar a contabilidade da estatal aos padrões internacionais, que são mais rigorosos. Por esse método, passivos precisam ser reconhecidos no balanço já a partir da decisão judicial em primeira instância. Além disso, os ativos serão reavaliados anualmente para aferir a capacidade de geração de renda futura.

A medida faz parte do conjunto de ações em discussão para reestruturar a empresa, dentro da proposta de criar a Infraero S.A. A estimativa é que sejam necessários dois anos para aprovar uma lei ordinária no Congresso, elaborar o modelo de concessão, que será assinado pela nova empresa, e concluir o processo de abertura de capital. (...)

Infraero: consultoria vai adequar contabilidade a padrão internacional - 28 Jul 2010 –
O Globo - Geralda Doca e Lino Rodrigues

28 julho 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste #317

Uma das formas da SEC (a CVM dos EUA) exercer a fiscalização do mercado é através de denúncias feitas por terceiros. Mas ao contrário da CVM, a SEC paga um prêmio, em dinheiro, para as denúncias que resultem em processos contra os potenciais fraudadores. Pela nova lei de regulamentação do mercado financeiro, do presidente Obama, a SEC poderá pagar até 30%. No passado este sistema sofreu críticas, pois o pagamento era demorado e de baixo valor. Mas agora, uma esposa que descobriu que o marido estava envolvido num escândalo de uso de informação privilegiada receberá uma boa recompensa. O valor será de:

100 mil dólares
1 milhão de dólar
10 milhões de dólares


Resposta do Anterior: Microsoft Fonte: CNBC via Seeking Alpha

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Novo prazo para o Exame de Suficiência: aqui ou aqui

Mudanças nas Demonstrações Contábeis

Basileia III, jornalistas financeiros e lobyy

Congresso dos EUA aprovou Basiléia III antes de sua existência

Custo do vazamento do petróleo deve chegar a 40 bilhões de dólares para BP

A Questão de Fermi

Enrico Fermi (1901 – 1954) foi um dos maiores físicos de todos os tempos. Nascido na Itália, naturalizado norte-americano por conta da perseguição aos judeus no governo de Mussolini, este cientista recebeu o Nobel de Física em 1938. Suas contribuições ocorreram na teoria quântica, na física nuclear e de partículas e na mecânica estatística. Conforme destaca o verbete da Wikipedia, Fermi combinou teoria com experiência. Além disto, foi um educador preocupado em transmitir os ensinamentos de forma simples aos alunos.

Em How to Measure Anything, Douglas Hubbard propõe a Questão de Fermi. O físico propunha a seus alunos a seguinte pergunta: quantos afinadores de piano existem em Chicago? É interessante notar que Fermi estava numa das suas aulas de física, na Universidade de Columbia. Mas este é um teste interessante para sabermos se somos ou não criativos em encontrar a solução para uma questão de mensuração.

Uma forma simples de responder a pergunta de Fermi é contar o número de afinadores. Mas isto seria muito difícil, com uma relação entre o custo e o benefício muito desfavorável. Outra possível saída é olhar nos classificados ou numa lista de anúncios (de telefone, por exemplo) para verificar quantos afinadores fazem propaganda.

Uma solução mais simples é responder de maneira indireta. Poderíamos começar com a população da cidade e depois obter o número de residências com piano, a freqüência que um piano precisa ser afinado, quantos pianos por dia podem ser afinados e quantos dias no ano o afinador trabalha. Com estas informações, seria possível obter um intervalo aproximado de quantos afinadores existiriam numa cidade, sem precisar fazer um censo para obter este valor.

A Questão de Fermi mostra que muitas vezes a solução para problemas de mensuração pode ser mais simples e fácil do que pensamos. A solução pode ser obtida de maneira indireta.

Contabilidade de Pequenas Empresas em Portugal

(...) Há sensivelmente dois meses tomei conhecimento de uma iniciativa legislativa do CDS/PP, intitulada "Dispensa da aplicação das normas contabilísticas das Microentidades".

Depois de a ler cuidadosamente, fiquei perplexo.

O documento ia ao encontro de uma tradicional cultura portuguesa, onde a organização sempre foi vista como um custo improdutivo e não como um conjunto de informações imprescindíveis à gestão e consolidação das empresas portuguesas.

O projecto apresentado era inadequado à nossa realidade empresarial, onde nos últimos anos se tem assistido a uma profunda renovação da forma e filosofia existencial das empresas, retirando-lhe custos muito significativos com a desburocratização do seu dia-a-dia.

(...) Diminuir o papel que a Contabilidade deve desempenhar na organização das empresas prejudicaria fortemente a sua viabilidade económica. A Contabilidade merece respeito e não pode ser usada em jogos políticos. (...)

Reduzir o papel que a Contabilidade deve desempenhar na organização das empresas é incorrer num enorme erro.


Legislar com cuidado - 28 Jul 2010 - Diário Económico - Domingues de Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas

Confesso que fiquei curioso para saber o que significa “Bastonário”. Procurei no Houaiss e não encontrei o significado. Mas a Wikipedia salvou: “designação oficial que se dá, em Portugal, ao dirigente superior de cada uma das associações profissionais públicas”

27 julho 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Limite

“Chegamos ao limite da nossa irresponsabilidade.” Gravada por arapongas em conversa telefônica reservada, a advertência foi feita em 1998 pelo ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio ao ex-ministro das Comunicações Luis Carlos Mendonça de Barros. Os dois combinavam a participação dos fundos de pensão de estatais na privatização da Telebrás. Fundos também usados na compra da Vale do Rio Doce, um ano antes. Incansavelmente reprovada pelo PT, a frase era reveladora de como gestores públicos acertam nos bastidores o manejo de dinheiro para alcançar um objetivo. No caso, o objetivo era privatizar a Telebrás.

Doze anos depois a história se repete no governo de Lula e do PT, que tanto condenaram os métodos tucanos de buscar recursos e agora recorrem a artifícios piores. Sustentados pela expansão excessiva de dívidas, esses artifícios comprometem o futuro da Petrobrás, do BNDES, dos fundos de pensão de estatais e da dívida pública do País. Na verdade, se o governo FHC beirou, o de Lula ultrapassou o “limite da irresponsabilidade”. A privatização foi até benéfica para os fundos, que lucraram e aumentaram seu patrimônio ao se tornarem sócios da Vale e de empresas de telecomunicações. Agora é diferente, o futuro é preocupante. Aos fatos:

Petrobrás - O governo fez tudo errado com o petróleo do pré-sal. Em vez de manter a legislação e atrair empresas privadas para, junto com a Petrobrás, investir capital no pré-sal, mudou as regras. Confiou à estatal a responsabilidade de exploração, obrigando-a primeiro a tomar vários empréstimos, endividar-se, para garantir investimentos do PAC; e quando a dívida cresceu e se aproximou do nível de 35% em que o risco de inadimplência aumenta, a saída foi fazer uma capitalização confusa, tardia e até agora emperrada. Hoje a empresa está ameaçada de perder o grau de investimento na classificação de risco e pagar juros mais altos em novos empréstimos. Com tanta interferência do governo em sua gestão, a Petrobrás tem perdido valor patrimonial e a boa imagem conquistada desde o governo FHC é abalada a cada dia. Suas ações na Bovespa já caíram 25% este ano e investidores têm fugido de seus papéis.

BNDES - Para quem acredita que o governo Lula transfere renda dos ricos para os pobres perde a crença e o encanto ao conhecer a generosa transferência de dinheiro dos impostos - pagos também pelos pobres - para grandes empresas privadas amigas, em operações intermediadas pelo BNDES. Funciona assim: o governo capta dinheiro no mercado pagando juros de 10,75%, empresta ao BNDES, que repassa para empresas amigas cobrando 6% de juros. A diferença é bancada pelo Tesouro com receita de tributos. Ou seja, o pobre que paga imposto subsidia créditos para os ricos. Os dois últimos empréstimos do Tesouro ao BNDES, que totalizaram R$ 180 bilhões, geram subsídios de quase R$ 8 bilhões. Créditos bilionários para dois frigoríficos - JBS Friboi (R$ 7,5 bilhões) e Marfrig (R$ 2,5 bilhões) - comprarem empresas no exterior custam aproximadamente R$ 450 milhões em subsídios bancados pelo contribuinte brasileiro.

Será que transferir capital para empresa privada investir no exterior é mais prioritário do que aplicar dinheiro em saúde, educação e saneamento? Concentrar enormes quantias nessas empresas sem controlar sua aplicação não eleva o risco de inadimplência no futuro? É brincar com o perigo, é ultrapassar o “limite da irresponsabilidade”.

Fundos de estatais - O governo orientou os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal) - sempre os mesmos - a substituírem empresas privadas que desistiram de investir no capital da Usina de Belo Monte, por não confiarem na rentabilidade do empreendimento. Nascida majoritariamente privada, a Usina de Belo Monte vai acabar mais de 70% estatal, dos quais 27,5% do capital é integralizado pelos três fundos de pensão. Não importa a incerteza quanto à rentabilidade do projeto. Importa é viabilizá-lo na campanha eleitoral, mesmo rompendo o “limite da irresponsabilidade”.


O limite da irresponsabilidade - SUELY CALDAS 25 Jul 2010 - O Estado de São Paulo