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Sobre débitos e créditos da vida real
Melhor Filme:
Hurt Locker (53%)
Avatar (40%)
Melhor ator:
Jeff Bridges (92%)
Melhor atriz:
Sandra Bullock (68%)
Melhor ator coadjuvante:
Christoph Waltz (93.5%)
Melhor atriz coadjuvante:
Mo'Nique (86%)
Melhor diretor:
Kathryn Bigelow, The Hurt Locker (85%)
Custo Brasil, uma sobrecarga de 36%
Segundo estudo inédito da Abimaq, produzir no Brasil sai muito mais caro do que na Alemanha e nos EUA
Marcelo Rehder, de O Estado de S. Paulo , 7 de março de 2010
SÃO PAULO - O chamado Custo Brasil, conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional, encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Somado ao câmbio valorizado, esse custo ajuda a explicar a tendência de especialização cada vez maior do País em exportar produtos primários e semimanufaturados, e de importar mais produtos de maior valor agregado e de tecnologia avançada.
"Imagine que um alemão apaixonado pelo clima tropical resolvesse trazer sua fábrica de porteira fechada para o Brasil, incluindo mão de obra e máquinas. O preço do mesmo produto que ele fabrica hoje na Alemanha subiria automaticamente 36,27% só pelo simples fato de passar a produzir no Brasil", diz o empresário Mário Bernardini, assessor econômico da presidência da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Bernardini coordenou estudo inédito da Abimaq que mede o Custo Brasil pela primeira vez nos últimos 20 anos. "Todo mundo sabe que o Custo Brasil existe, mas nunca ficou claro o tamanho do problema", comentou o empresário ao apresentar o trabalho em reunião plenária da Abimaq em São Paulo na semana passada.
Ele ponderou que, na verdade, trata-se de uma tentativa de avaliação, pois foram mensurados oito itens e o Custo Brasil tem ao menos mais outros 30 que não se consegue transformar em números.
"É um piso, pois seguramente o número é maior que 36%, já que não engloba tudo e foi comparado com países que não são os mais baratos do mundo", disse Bernardini ao Estado.
Segundo ele, se a comparação fosse com a China, o número dobraria de tamanho. "Fomos conservadores de forma proposital, pois o mundo inteiro tem problemas com a China", disse o diretor de Competitividade da Abimaq, Fernando Bueno.
Entre os componentes do Custo Brasil medidos pela Abimaq estão o impacto dos juros sobre o capital de giro, que na média gera custo 7,95% superior ao dos concorrentes internacionais, e preços de insumos básicos, cuja diferença de custos é de 18,57% entre a produção nacional e a americana e alemã. Outros fatores de custo adicional: impostos não recuperáveis na cadeia produtiva (2,98%), encargos sociais e trabalhistas (2,84%), logística (1,90%), burocracia e custos de regulamentação (0,36%), custos de investimento (1,16%) e custos de energia (0,51%).
"Corremos o risco de ver parte do setor produtivo ser transformado em montador, numa indústria que só tem casca e cujo conteúdo vem de fora", alerta o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O que restou da bolha da internet
Renato Cruz
O Estado de São Paulo - 8/3/2010
Dez anos depois do pico da Nasdaq, a internet se popularizou, mas ganhar dinheiro com ela ficou mais difícil
“A internet ficou velhinha”, afirma Marcelo Lacerda, que vai completar 50 anos, pioneiro da internet brasileira. Ao lado de Sérgio Pretto, ele criou a NutecNet, que depois se transformou no ZAZ, ao se associar à Rede Brasil Sul (RBS), e finalmente foi vendida para a Telefônica, em 1999, dando origem ao provedor Terra. “Hoje, quando vou lá no Terra, sou quase o tiozão.”
Na próxima quarta-feira, fará 10 anos que a bolsa americana Nasdaq, que concentra as ações das empresas de tecnologia, alcançou a maior pontuação de sua história. Nunca mais chegou perto dos 5.048,62 pontos atingidos em 10 de março de 2000. Na última sexta-feira, a Nasdaq fechou em 2.326,35 pontos, bem longe dos momentos de glória da década passada.
Durante a bolha da internet, parecia que as empresas e o mercado financeiro viviam num mundo paralelo, em que não era importante ter retorno financeiro e nem mesmo faturamento. Os empreendedores buscavam crescer rápido para se tornarem bilionários na abertura de capital de suas empresas. A preocupação era com o “burn rate” (tempo que levaria para zerar o caixa antes de um novo aporte) no lugar do “break even” (momento em que a operação deixa de ser deficitária). A internet parecia um mercado de crescimento infinito, em que tudo se tornaria possível a um clique do mouse.
Esse otimismo exagerado gerava distorções bizarras, que só pareciam fazer sentido naquele período. Nos EUA, a Priceline, que vendia passagens aéreas pela rede, chegou a valer, no dia de sua abertura de capital (30 de março de 1999), quase US$ 10 bilhões, o que correspondia a mais do que a United Airlines, a Continental Airlines e a Northwest Airlines combinadas, mesmo registrando perdas três vezes maiores que seu faturamento.
O fim da bolha foi marcado por uma escalada de aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, para combater riscos inflacionários. As empresas que dependiam de uma nova rodada de investimentos para continuar funcionando viraram pó. Apesar disso, houve pontos positivos na bolha. Sem a animação desenfreada do mercado, a infraestrutura que poderia levar décadas para ser criada acabou se desenvolvendo em poucos anos.
“A internet foi uma promessa que se cumpriu não só nas pontocom, mas em toda a economia”, diz Lacerda, um dos casos de maior sucesso da internet brasileira. Ele continua investindo em tecnologia e prepara o lançamento de uma empresa de banda larga.
Outro pioneiro que atravessou bem os altos e baixos foi Aleksandar Mandic. Filho de imigrantes iugoslavos, ele criou, em 1990, a primeira Bulletin Board System (BBS) brasileira e a batizou com seu nome, Mandic. As BBSs eram serviços online anteriores à internet, em que as pessoas participavam de listas de discussão e trocavam correio eletrônico. A Mandic virou provedor em 1995 e foi vendida para a argentina Impsat, quatro anos depois.
Depois de passar pela criação do iG, acabou fundando uma nova empresa com seu nome, especializada em e-mail. “O iG chegou a ser avaliado em US$ 7 bilhões”, lembra Mandic. “Era uma ciranda financeira. Hoje, a internet é coisa do passado, deixou de ser alvo de interesses especulativos. Quem fez a crise não foi o técnico, foi o banco.”
Ícones de uma era de excessos
O Estado de São Paulo - 8/3/2010
AOL Time Warner
O principal símbolo da loucura que tomou conta do mercado mundial foi a compra da gigante de comunicação Time Warner pelo provedor America Online (AOL), em janeiro de 2000, por US$ 166 bilhões em ações. Na época, a AOL valia duas vezes mais que a Time Warner. Três meses depois, com o estouro da bolha, as ações da empresa caíram 75%. Com o tempo, a AOL acabou sendo tirada do nome da companhia, virou uma divisão de internet e, no fim do ano passado, já era uma empresa à parte.
Telecom Italia e Globo.com
No Brasil, o maior negócio da internet foi a compra de 30% da Globo.com pela Telecom Italia, por US$ 810 milhões, em junho de 2000. Na época, a Globo havia investido US$ 12 milhões no portal, que tinha 60 dias de vida. Em fevereiro de 2002, a Telecom Italia anunciou que havia dado baixa contábil no investimento, reduzindo seu valor a US$ 18 milhões. Depois de tentar vender - sem sucesso - a sua participação na Globo.com, a empresa italiana acabou trocando-a por espaço publicitário em outras empresas da Globo.
StarMedia
O uruguaio Fernando Espuelas vendeu a Wall Street o sonho da internet latino-americana, com seu portal StarMedia. Em maio de 1999, a empresa abriu capital na Nasdaq, a US$ 15 por ação. Em dois meses, os papéis subiram para US$ 70 e a StarMedia chegou a valer US$ 3,7 bilhões. Mas a bolha estourou e, em fevereiro de 2002, a empresa deixou de ser listada na Nasdaq, quando suas ações já valiam menos de US$ 1. Em julho de 2002, foi comprada pelo grupo espanhol EresMas, por US$ 8 milhões.
Aeron
A cadeira Aeron foi sinônimo de sucesso na época da bolha. Criada pelos designers Bill Stumpf e Don Chadwick, fez parte de uma exposição no Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York em 2000, e custava US$ 1,3 mil. A agência on-line Razorfish tinha mais de 200 em sua sede em Nova York. “Um site brasileiro de viagens entrou nessa onda, mandou importar 60 e acabou fechando em sete meses”, lembra o jornalista Eduardo Vieira, autor do livro Os bastidores da internet no Brasil.
Esse trabalho teve como objetivo verificar o nível de transparência fiscal eletrônica nos sites dos maiores municípios do Estado do Rio de Janeiro, bem como os fatores que possivelmente influenciam a transparência eletrônica da gestão fiscal (população, receita orçamentária, PIB per capita, taxa de alfabetização, IDH-M, IQM e estágio do site). O pressuposto inicial era que quanto maiores fossem os valores dos indicadores sociais e econômicos, maiores seriam os níveis de transparência fiscal eletrônica. O referencial teórico tratou da transparência da gestão fiscal, além de uma exigência legal, como forma de promover uma melhor interação entre governo e os cidadãos, além de facilitar o exercício da cidadania e da accountability. A técnica de análise de conteúdo foi aplicada aos sites dos 23 municípios selecionados com a finalidade de mensurar o nível de transparência fiscal eletrônica. Utilizou-se o teste paramétrico de correlação de Pearson para verificar as hipóteses propostas. As evidências empíricas apontam baixos níveis de transparência fiscal eletrônica, considerados incompatíveis com o desenvolvimento socioeconômico dos municípios e ainda relações positivas e significativas entre nível de transparência fiscal eletrônica e as variáveis: população, receita orçamentária, taxa de alfabetização, IDH-M, IQM e estágio do site. A relação entre a variável dependente e a variável PIB per capita não se mostrou significativa. Esses resultados são condizentes com os verificados em algumas pesquisas realizadas no Brasil e no exterior.
TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL: UM ESTUDO A PARTIR DOS PORTAIS ELETRÔNICOS DOS MAIORES MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - Cláudia Ferreira Cruz, Lino Martins Silva, Ruthberg Santos
Dois artigos sobre pesquisa na área de Contabilidade. A primeira, sobre os egressos dos doutorado da USP. A segunda, sobre a produção científica:
O estudo objetiva analisar as redes de pesquisa dos egressos do curso de Doutorado em Ciências Contábeis da FEA/USP. A pesquisa documental foi realizada nos currículos Lattes dos doutores em controladoria e contabilidade, formados pela Universidade de São Paulo, no período de 1962 a 2008. Da população de 185 doutores do Doutorado de Ciências Contábeis da FEA/USP, uma amostra de 158 foi selecionada, pois 27 currículos Lattes não estavam disponíveis. Na análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva para quantificação da produção científica dos doutores, conforme informações disponíveis nos currículos Lattes. Para análise das redes de pesquisa entre os egressos, utilizou-se o software UNICET®. Os resultados da pesquisa evidenciam as instituições que os egressos estão vinculados atualmente, as funções que exercem nestas instituições, a produção científica dos egressos no período de 1998 a 2008 e as redes de pesquisa predominantes entre os egressos. Constatou-se que a Universidade de São Paulo concentra o maior número de docentes egressos e que a produção científica dos doutores pesquisados está predominantemente publicada em anais de congressos. Quanto às redes, observou-se que estabelecem redes de cooperação com predomínio de ligações fracas em livros, capítulos de livros e textos de revistas/jornais, porém relações de cooperação fortes na publicação de artigos em periódicos. Conclui-se que há ainda necessidade de um fortalecimento nas redes estabelecidas entre os egressos analisados para proporcionar um aprimoramento científico na área contábil.
REDES DE PESQUISA ENTRE OS EGRESSOS DO DOUTORADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA FEA/USP - Ilse Maria Beuren, Sabrina do Nascimento, Vanderlei dos Santos, Silene Rengel
Este artigo efetua uma pesquisa bibliométrica das publicações em eventos e periódicos brasileiros das áreas de Contabilidade e Administração, com a finalidade de mapear e analisar a utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA). A DEA representa uma metodologia, baseada em programação matemática, que busca avaliar o desempenho de unidades operacionais homogêneas, considerando múltiplos inputs (entradas ou insumos ou indicadores do tipo quanto menor, melhor) e múltiplos outputs (saídas ou produtos ou indicadores do tipo quanto maior, melhor). Apesar de bastante difundida no exterior, tem aplicação ainda recente e restrita no Brasil. Dessa forma, este estudo tem o intuito de oferecer um panorama dos estudos realizados e constituir-se em base de referência para estudos futuros. Os resultados revelam que nas áreas de Contabilidade e Administração a aplicação de DEA se encontra em uma fase embrionária, onde as publicações se encontram migrando da concentração em eventos para a divulgação em periódicos.
MAPEAMENTO E ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA) EM ESTUDOS EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - Marcelo Alvaro da Silva Macedo, Silvia Pereira de Castro Casa Nova, Katia de Almeida
Telebrás volta a ter passivo a descoberto
Téo Takar, de São Paulo - Valor Econômico - 5/3/2010
A Telebrás, cujas ações voltaram a estar em evidências nos últimos meses, registrou prejuízo líquido de R$ 20,6 milhões em 2009 e voltou a ficar com patrimônio líquido negativo - dívidas maiores que os ativos. Ao fim de dezembro, o passivo a descoberto da empresa era de R$ 16,7 milhões.
Em dezembro de 2008, após receber um aporte de capital de R$ 200 milhões do governo federal, a companhia ficou com patrimônio líquido positivo, em R$ 3,8 milhões. Naquele ano, o prejuízo da empresa havia sido de R$ 31,78 milhões.
Sem novos aportes, e sem atividade operacional que gere receita, o balanço da Telebrás consiste basicamente em despesas com pessoal e manutenção de sua estrutura administrativa.
A empresa contabilizou apenas R$ 181 mil como receitas operacionais no ano passado. Já as despesas operacionais somaram R$ 18,4 milhões. A companhia encerrou 2009 com 227 funcionários, sendo que 223 estão cedidos à Anatel e a outros órgãos do setor.
Apesar de estar parada há mais de uma década, a reativação da estatal tem sido cogitada pelo governo, como forma de viabilizar o Plano Nacional de Banda Larga, que pretende levar o acesso de internet em alta velocidade para locais que não são atendidos pelas operadoras privadas. A possibilidade de uso da empresa para gerenciar essa rede fez as ações da companhia disparar nos últimos meses.

Links sobre contabilidade de blogs nacionais.
Ritmo diferente na convergência: Brasil x EUA
10 de novembro: dia do contador
Este trabalho investiga se a regulação afeta o nível de conservadorismo contábil no Brasil. Como proxy de regulação, adotou-se a existência de agência nacional reguladora (ANR), legislação específica (LE) ou plano de contas normatizado (PCN). Como proxy de conservadorismo, foram utilizados dois modelos desenvolvidos por Basu (1997). A amostra estudada contemplou as empresas brasileiras de capital aberto, cujos dados estavam disponíveis no Economática® para o período de 1996 a 2006. Os testes realizados envolveram regressões em painel, onde os modelos de Basu (1997) foram rodados com a introdução de uma dummy para captar o impacto da regulação. Os resultados obtidos pelos dois modelos de conservadorismo adaptados às três dummies de regulação não permitem inferir nenhum impacto. Assim, esta pesquisa contribui com a literatura no sentido de não corroborar a hipótese de que a regulação aumenta o conservadorismo. Uma possível explicação para esse cenário é que o Brasil possui outros fatores, tais como ambiente institucional e alta concentração acionária, que podem explicar o nível de conservadorismo. Com isso, o "efeito país" pode ter comprometido o "efeito regulação". Para testar essa alegação, seria interessante replicar este estudo em outros países code-law e compará-los aos países common law.
O IMPACTO DA REGULAÇÃO NO CONSERVADORISMO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA - Rosilda Aparecida da Costa, Fábio Moraes da Costa, Ézio Carlos Silva Baptista, Gustavo Amorim Antunes
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, foi em 2009 o chairman mais bem remunerado em todo o mundo, superando Bernanke, King e o japonês Shirakawa.
Trichet recebeu no ano passado um total de € 360,6 mil, de acordo com os dados divulgados hoje pelo BCE.
O chairman da autoridade monetária europeia é seguido pelo governador do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mervyn King, que arrematou € 329 mil no mesmo período.
Jim Cramer, um polêmico comentarista do mercado financeiro norte-americano, afirmou em seu programa de televisão Mad Money, da rede CNBC, que o mercado brasileiro está muito caro e que corre risco político por estar perto da Venezuela.
"O Brasil é bom, mas está um tanto sobrevalorizado. E o que aconteceria se o governo de lá entrasse na onda da Venezuela?", provoca Cramer, tapando o nariz com o dedo como se sentisse nojo do país presidido por Hugo Chávez.
A afirmação foi feita no contexto de uma análise sobre a economia mundial. Ele se pergunta por que investidores de outros países continuam comprando papéis dos Estados Unidos, com crise e tudo? A resposta, ele mesmo dá: "Parafraseando Churchill, a América é o pior lugar para investir, com exceção dos outros".
Cramer afirma que a China é uma bolha. Pergunta se quem investe no Japão teria coragem de comprar um Toyota. Diz que a Europa seria normalmente um bom refúgio para investidores, mas não neste momento. Considera que a Índia está imersa em inflação. Sobre a Rússia, ele lembra o telespectador do fantasma da crise de 1999.
Leia resumo no site do Mad Money (em inglês)
Ações do Brasil estão caras e têm risco político, diz TV dos EUA - 4 de março de 2010 | 16h19 - Sílvio Guedes Crespo
Talvez o apoio do Brasil ao Irã tenha influenciado esta posição.
SÃO PAULO - O Programa de Parcelamento de Débitos da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e da Receita Federal, apelidado de "Refis da Crise", foi generoso para grandes empresas, sem problemas de caixa, e, em tese, sem necessidade de adesão à renegociação oferecida pelo governo.
Graças ao pacote de ajuda federal, elas puderam reduzir o provisionamento no balanço e, com isso, aumentaram os ganhos. Foi o que aconteceu com a CSN, que teve um impacto positivo bem expressivo nos resultados do quarto trimestre de 2009, divulgados na semana passada. O grupo conseguiu abater no Refis R$ 507 milhões. A bolada turbinou o lucro, que chegou a R$ 745 milhões. Sem o programa, teria sido de R$ 238 milhões.
Na divulgação de resultado, a CSN confirmou a ajuda: "No 4T09, a adesão ao programa de recuperação fiscal (Refis) proporcionou um efeito positivo no resultado antes do IRPJ e CSLL de R$507 milhões".
Outras empresas seguiram a mesma trajetória. É o caso do Grupo Ultra, da AES Eletropaulo, da Braskem e da Klabin. O Ultra negociou no Refis R$ 134 milhões e também vitaminou o lucro. A companhia estimou o impacto sobre lucro líquido em R$ 17 milhões.
Cerca de 1,1 milhão de empresas aderiram ao Refis 4, mais que a soma de todas aquelas que integraram os três programas anteriores. Entre as de capital aberto, o Refis atraiu 11 empresas, como Hering, Portobello e Paranapanema.
Ao optarem pelo Refis, as empresas fizeram uma limpeza no balanço. Conseguiram um desconto que pode chegar a 50% nas dívidas tributárias no caso do pagamento à vista e transformam o valor provisionado em lucro. "Quem contava com dinheiro em caixa teve a facilidade de conseguir um desconto maior. Mas para o governo também é bom, porque as discussões poderiam se arrastar durante muito tempo na Justiça. E com o Refis o dinheiro entra no caixa do governo de imediato", diz Roberto Haddad, sócio da área de tributação da KPMG.
Raimundo Batista, sócio da Deloitte, avalia: "As grandes empresas se beneficiaram bastante". E explica: as companhias que questionam há anos as dívidas tributárias na Justiça sabem que a chance de ganhar a ação hoje não é a mesma do começo. Em alguns casos, decisões do Supremo Tribunal Federal já acabaram com as esperanças de vitória. "Então é melhor fazer um acordo e, se tiver dinheiro em caixa, pagar com abatimento a dívida que uma hora deverá ser quitada."
Além do desconto de 50% para o pagamento à vista, o Refis 4 deixou de cobrar Imposto de Renda sobre o valor que mais tarde vai virar lucro no balanço da empresa. Para Cláudio Yano, diretor da Ernst Young, o programa trouxe ainda outra vantagem em relação aos anos anteriores: no caso de um questionamento judicial, a empresa não precisa desistir de tudo que está sendo reivindicado para fazer parte do Refis. Ela pode abrir mão de apenas parte do que está sendo questionado. "Antes só aderia quem confessasse todas as suas dívidas", completa.
Para Yano, casos de grandes empresas que optaram pelo programa deixam a dúvida: "Muitos se perguntam se o Refis era realmente necessário". Sócio da BDO Consultoria, Lúcio Abrahão pondera que, se no Brasil não houve tanta insegurança jurídica, não haveria um volume tão grande de ações entre empresas e governo. "Aí programas de anistia como este não seriam necessários", argumenta.
Empresas saudáveis aproveitam Refis para renegociar dívidas
Grandes grupos como CSN, Ultra, Braskem e Eletropaulo usaram recurso para reduzir provisionamento e lucrar mais
Paula Pacheco, de O Estado de S. Paulo - 5/3/2010