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18 julho 2009

Diversificação

Diversificação de portfólio fracassa e força investidor a rever conceitos
Tom Lauricella, The Wall Street Journal
13/7/2009 - The Wall Street Journal Americas

Diante de um grupo de colegas do ramo de consultoria financeira, Carl Mahler expressou recentemente sua frustração com a descoberta de que um dos dogmas do mundo dos investimentos estava errado.

"Oi. Meu nome é Carl, e sou um alocador de ativos em recuperação", brincou Mahler, consultor da administradora de recursos americana Raymond James Financial.

A alocação de ativos, há décadas um dos fundamentos do mundo dos investimentos, foi um fracasso total em 2008. A crença compartilhada pela maioria dos investidores — de que eles devem distribuir seus recursos numa miríade de ativos diferentes para minimizar as perdas — foi abalada quando praticamente todos os mercados desabaram em uníssono.

A crise financeira empurrou vários consultores financeiros, acadêmicos e investidores de volta à estaca zero em termos de estratégias de aplicação. Mahler disse ao grupo que foi obrigado a reescrever as regras que seguiu durante a maior parte de seus 41 anos de experiência no mercado. "A alocação de ativos não funcionou", diz ele. "Foi tudo para o buraco."

Muitos investidores saíram da carnificina acreditando que o ano passado foi apenas uma anomalia — e que, em tempo de turbulência grave como a ocorrida em 2008, mercados díspares desabam em conjunto quando os investidores correm para vender tudo que têm para aumentar a liquidez das aplicações.

Mas alguns investidores e analistas influentes, de gestores de fundos gigantescos como a Pacific Investment Management Co., ou Pimco, a pequenos fundos de universidades, argumentam que os fundamentos das estratégias de alocação de ativos estão errados. Não foi um fracasso anômalo, dizem eles, mas algo que está em desenvolvimento há muito tempo.

"Temos visto cada vez mais um colapso" dos relacionamentos pressupostos entre as classes de ativos, diz Mohamed El-Erian, um dos diretores de investimentos da Pimco. "E já era assim bem antes da última fase dos mercados, que acentuou os problemas."

Investidores como El-Erian admitem que os problemas os obrigaram a repensar esses relacionamentos, para levar em conta como as amplas mudanças na economia mundial e as inovações financeiras mudaram a maneira como as pessoas investem.

Nem todo mundo concorda que as práticas de alocação de ativos tenham falhas. A Fidelity Investments enviou mês passado um relatório aos clientes em que defendeu a estratégia. "A diversificação não fracassou durante a última baixa do mercado. Ela funcionou — apenas num grau menor", afirma o relatório.

Superficialmente, a diversificação é um conceito simples: combine investimentos que não sobem ou descem ao mesmo tempo, ou que pelo menos são separados em algum grau. O objetivo é suavizar as oscilações dos retornos, protegendo as carteiras contra perdas pesadas em investimentos individuais e mantendo os investidores no lucro quando algum rincão do mercado apresentar ganhos extraordinários.

A ciência da alocação de ativos surgiu nos anos 50, quando economistas como Harry Markowitz, que depois seria agraciado com o Prêmio Nobel por seu trabalho, desenvolveram modelos matemáticos que apontavam meios de incrementar as carteiras de investimento.

Desde então alocar ativos ficou entranhado em praticamente todos os cantos de Wall Street. Para corretores, mexer na alocação ajudava a justificar a cobrança de comissões fixas dos clientes ano após ano. Os consultores de fundos de pensão erigiram um negócio lucrativo de seleção de gestores de patrimônio.

Para as administradoras de fundos, a alocação de ativos representou a base de seu mantra de comprar e esperar, pois justificava a manutenção de suas aplicações. Elas expandiram seus negócios para além das ações mais manjadas e rumo a fundos com tarifas de gestão maiores. Os fundos de ciclo de vida se tornaram a base da maioria dos planos de aposentadoria privada dos Estados Unidos.

Mas enquanto Wall Street promovia a diversificação como a alma do negócio, qualquer pessoa que estudasse a fundo os números por trás das fórmulas sofisticadas descobriria nos últimos anos que o relacionamento entre as classes de ativos estava mudando. Investimentos que deveriam ter pouca ou nenhuma conexão, como bolsas localizadas em lados opostos do mundo, começaram a se movimentar no mesmo sentido. Os benefícios da alocação de ativos começaram a desaparecer.

A correlação é uma medida estatística do nível em que os retornos dos investimentos se movem juntos. Em 1994, a correlação entre o índice de 500 ações da Standard & Poor's e os títulos de dívida de alto rendimento era baixa, de 0,2 ou 0,3, segundo estatísticas da Pimco. (Uma correlação de 1 indica que os retornos se movem em perfeita sincronia.) As ações de fora dos EUA tinham uma correlação com o S&P 500 de 0,3 ou 0,4, e para os fundos de investimento imobiliário ela era de 0,3, segundo dados da Pimco. As commodities não tinham nenhuma correlação com as ações.

No início de 2008, praticamente todas as classes de aplicação se moviam muito mais em sincronia com o S&P 500. A correlação das bolsas internacionais e dos títulos de alto risco subiu para 0,7 ou 0,8, e a dos fundos de investimento imobiliário para 0,6 ou 0,7. A essa altura, as commodities tinham uma correlação negativa — os retornos moviam-se no sentido oposto — de 0,2 ou 0,3, segundo os dados da Pimco.

Aí veio o colapso de 2008.

Num ano em que o S&P 500 perdeu 37%, o índice MSCI das maiores bolsas da Europa, Ásia e Austrália caiu 45%. O índice MSCI de mercados emergentes caiu 55%. Os fundos de investimento imobiliário tiveram declínio de 37%, os títulos de alto risco caíram 26% e as commodities caíram 37%.

Na Pimco, o diretor de análise da firma, Vineer Bhansali, aponta para as commodities como um exemplo de como as estratégias de diversificação podem desmoronar. Até mesmo quando as bolsas e o mercado de renda fixa começavam a cair, no início de 2008, as cotações da commodities caminhavam para uma alta histórica. As firmas de Wall Street divulgavam análises mostrando a falta de correlação entre ações e commodities.

Mas essa explicação não levou em consideração um elemento importante. Antes desta década, investir em commodities era um processo difícil, devido à grande complexidade do mercado futuro. Com o advento dos fundos negociados em bolsa, ou ETF na sigla em inglês, ficou fácil comprar e vender commodities com um simples clique do mouse. Em meados de 2008 os investidores de ETF tinham aplicado bilhões em commodities em poucos meses.

Quando a crise financeira piorou e bolsas e títulos desmoronaram, os investidores de ETF descobriram que também era fácil desovar as commodities. O resultado foi a queda de 37% em 2008 no Índice de Commodities Dow Jones AIG. "Quando todo mundo começa a comprar um ativo, o simples ato de diversificar a carteira torna o ativo em questão menos diversificador", diz Bhansali, da Pimco.

17 julho 2009

Rir é o melhor remédio

Links

Em Finanças Comportamentais:

Palavra usadas para descrever um vinho caro são diferentes das usadas para descrever um vinho barato

Finanças comportamentais: Palavras e vinhos caros

A razão pela qual o governo faz uma previsão pontual e não intervalar

A ciência do beijo

Guerra Religiosa na Contabilidade

Nos últimos dois anos a contabilidade envolveu-se em uma guerra religiosa. De um lado estão aqueles que querem empréstimos, títulos e outros ativos financeiros sejam apresentados a preços de mercado. De outro lado estão os gerentes, apoiado por muitos políticos e reguladores, que prefeririam que os ativos sejam escriturados pelo custo amortizado e apenas baixar quando as perdas são prováveis.


Divine intervention - Accounting rules for financial firms are a mess. New proposals go some way to cleaning them up - The Economist - 16/7/2009

As duas possibilidades possuem problemas. A marcação a mercado tem sido acusada de obrigar a baixas exageradas que levou a uma situação de insolvência as instituições financeiras. O segundo lado é acusado de usar a regra antes da crise, mas não na crise.

Para complicar as normas permitem que diferentes empresas possam ter ativos idênticos por preços diferentes. E reconhecer a perda de forma diferente.

Para a The Economist,

O resultado ainda é uma bobagem, mas um tipo superior de lorota. Com alguns ajustes, deve entregar o que ambos os lados querem: contabilidade que não agrava o ciclo econômico, mas que ainda permite aos investidores usar ativos a "preços de mercado".


Para resolver a perda de autonomia que os reguladores tiveram recentemente, o texto recomenda a continuidade do processo de fusão das normas internacionais, restaurando a confiança, impedindo que normas nacionais se sobreponham e reduzindo o lobby nacional. Encerra o texto com,

Investors need not trust in God, but they must be able to trust accounts.

As novas normas do Iasb, segundo a The Economist

Em Marks and sparks - Accountants draw up new rules for financial firms a revista The Economist de 16 de julho de 2009 comenta a recente proposta de alteração da contabilidade pelo Iasb. O texto inicia lembrando que reescrever leis com pressa nunca é uma boa idéia, embora seja isto que o International Accounting Standards Board (IASB) esteja fazendo.

Apesar do aspecto desagradável da pressão política para mudar as regras, a revista reconhece que a mudança é necessária: as regras atuais são confusas, com exceções, mistura de mensuração e maneiras diferentes de reconhecer perdas. Ou seja, o resultado é a falta de comparabilidade.

O sistema proposto admite somente dois tipos de mensuração. Para a The Economist o sistema proposto é muito mais simples do que o existente. Mas, conforme um executivo da área financeira, a fronteira entre os dois tipos de ativos é muito tênue. Mas isto é inevitável, segundo a revista.

Muito provavelmente a proporção de ativos avaliados pelo valor justo deve reduzir. Mas qualquer outra coisa seria passível de pressão por parte dos governos europeus, lembra o texto.

Custo do Apagão

Apagão de energia elétrica custou ao país R$ 45 bilhões, conclui TCU

O apagão de energia elétrica, ocorrido entre 2001 e 2002, custou R$ 45,2 bilhões. A conclusão e do Tribunal de Contas de União (TCU) que divulgou, ontem, um relatório sobre os efeitos daquela crise nas empresas, no governo e para os consumidores.

Segundo o TCU, a maior parte do prejuízo foi paga pelos contribuintes. Os consumidores pagaram 60% do prejuízo do apagão de energia por meio de aumentos nas contas, o chamado repasse tarifário. Esse percentual equivale a R$ 27,12 bilhões.
O restante foi custeado pelo Tesouro Nacional, o que também onerou os contribuintes.

O relatório lembra que o Tesouro fez aportes em diversas companhias através do BNDES e pela Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial (CBEE) - empresa criada durante a crise para administrar o valor do "seguro apagão", quantia cobrada dos consumidores para fazer frente a eventuais dificuldades no setor. O tribunal verificou ainda que os R$ 45,2 bilhões permitiriam a construção de seis usinas como a hidrelétrica de Jirau, que será erguida no rio Madeira.

"A população brasileira sofreu com o racionamento de energia", disse o ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo no TCU. Ele lembrou que a atividade econômica teve uma redução no período do apagão. A taxa de crescimento da economia caiu de 4,3%, em 2000, para 1,3%, em 2001. "Com ela adveio problemas como desemprego, redução da competitividade do produto nacional, diminuição do ritmo arrecadatório, entre outros", afirmou o ministro.

O relatório contém recomendações para evitar que ocorram apagões no futuro. Para Rodrigues, o governo deveria aumentar o orçamento da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão responsável por fiscalizar as empresas do setor. "Cabe a essa importante agencia regular e fiscalizar esse mercado que movimenta anualmente cerca de R$ 90 bilhões somente em compra e venda de energia elétrica", advertiu. No entanto, a Aneel obteve orçamento de apenas R$ 365 milhões para 2008, dos quais R$ 150 milhões foram gastos, pois o restante foi contingenciado (retido) pelo governo para outras atividades.

O TCU recomendou a Casa Civil que faca uma analise geral das condições de trabalho no Ministério das Minas e Energia (MME), na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e na Aneel. O objetivo e verificar se esses órgãos possuem estrutura organizacional, física e de pessoal adequadas para fiscalizar o setor. Segundo o tribunal, a Casa Civil deve promover "melhoramentos, se for o caso, de forma a mitigar os riscos futuros de uma crise energética".

As recomendações serão enviadas a ministra Dilma Rousseff, que ocupou o comando do MME durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2005. O ministro Jose Jorge, hoje, no TCU foi, durante a crise, titular da pasta de Minas e Energia. Ele participou do julgamento e endossou o voto a favor dos alertas a Casa Civil. 2009 NoticiasFinancieras - Valor Econômico


Esta é um bom exemplo no estudo da tempestividade da informação financeira. Ou da falta de tempestividade.

Teste #111

Uma pesquisa estava tentando determinar quantos contadores já tinham realizado algum tipo de fraude contábil. Para isto utilizou-se o procedimento metodológico adequado para ter esta resposta (PAENZA, Adrián. Matemática ... Cadê você? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 156-159): cada entrevista entra numa "cabine cega" e joga uma moeda. Se sair cara, ele irá responder "sim" seja qual for a resposta verdadeira. Se cair coroa, deve responde a verdade. O número de participantes foi muito grande e no final 59% responderam sim, que já participaram de alguma fraude contábil. Com base na metodologia, qual o percentual que o pesquisador deve considerar na sua pesquisa?

Resposta do Anterior: Mateus = Hierapolis/Etiopia; Lay = Snowmass; Buchwald = Washington

Custo de Estacionar


Fonte: The Economist via Carpie Diem

Custo e Eficiência no Transporte

É sempre interessante analisar a eficiência e o custo dos diferentes meios de transporte. As figuras a seguir foram retiradas de um sítio da internet e convertidas para km/l usando um outro endereço de conversão.

A primeira figura refere-se a base para os cálculos. Assim, partiu-se da suposição que um avião teria 175 passageiros, por exemplo. Estas suposições são, em alguns casos, irrealistas pois em geral uma aeronave descola com cerca de 70% dos assentos ocupados. (Como cheguei a este dado? As empresas aéreas informam que o ponto de equilíbrio é em torno de 60%.) Uma SUV dificilmente transporte cinco passageiros.



A segunda ilustração apresenta o consumo médio por litro. Este valor pode sofrer variações pela condições do trânsito, manutenção, comportamento do motorista, entre outros fatores. Mas é interessante notar que por este critério a Scooter é o veículo mais eficiente.



A terceira figura parte de uma viagem de 800 quilômetros. O menor custo é novamente da Scooter. Mas a diferença com o carro híbrido não é muito significativa.



A quarta figura é uma derivação da anterior, mas as informações estão em custo por quilômetro. Como o tamanho da viagem é o mesmo para todos os tipos de veículos, a ordem não se alterou.



Finalmente, a quinta figura é controversa, pois mostra o consumo por passageiro. A suposição do número de passageiros termina por penalizar a Scooter.

16 julho 2009

O valor da mudança

As mudanças contábeis realizadas em 2008 permitiram uma melhoria nos resultados das instituições financeiras. O texto a seguir apresenta uma mensuração do valor destas mudanças. Grifo meu.

Las financieras elevan su patrimonio por la nueva normativa
Expansión - 16/7/2009

El patrimonio neto de un centenar de entidades financieras europeas mejoró en 28.000 millones de euros en 2008 gracias a los cambios que aplicaron tras la revisión de varias normas de contabilidad internacional, según un estudio del Comité Europeo de Reguladores (CESR) publicado ayer por la Comisión Nacional del Mercado de Valores.

De acuerdo con este informe, la flexibilización de las normas de contabilidad NIC 39 y NIIF 7 -que se refieren fundamentalmente a la valoración de instrumentos financieros derivados-, el pasado mes de octubre, permitió al centenar de entidades estudiadas -22 de las cuales cotizan en el FTSE Eurotop 100- mejorar el valor de sus activos, ya que el 61% de éstas -porcentaje que supone el 79% del total de los activos en balance- los reclasificó en las cuentas de cierre de 2008.

Información inadecuada

La declaración del CESR muestra también que gran parte de las 100 compañías analizadas -74 bancos, 14 compañías aseguradoras y 8 compañías financieras- no ha hecho pública de forma adecuada toda la información adicional exigida por la norma tras su modificación. En este sentido, subraya la importancia para los usuarios de los estados financieros de hacer públicas las informaciones que la modificación normativa emitida en octubre requería. Según explica, hubiera sido de esperar que las firmas que se han beneficiado de la mayor flexibilidad ofreciesen esta información. CESR publicará a finales de 2009 otro informe en el que analizará el futuro desarrollo de los instrumentos financieros y normas contables.

Bancos e Valor justo

Regras contábeis: Nova proposta quer melhorar transparência, mas deve aumentar volatilidade de ganhos

Por Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres - Valor Online (15/07/2009)

Uma mudança radical na maneira como os bancos e seguradoras divulgam o valor dos instrumentos financeiros está sendo proposta por formuladores de regras contábeis internacionais, numa tentativa ousada de resolver uma grande disputa que está no centro dos esforços para impedir a repetição de uma crise de crédito.
International Accounting Standard Board (IASB) está propondo um princípio simples para quando os bancos e seguradores devem avaliar um investimento financeiro como posição de longo prazo, e quando ele deve ser avaliado como posição de negócio. Pelas propostas, mais investimentos serão informados aos valores correntes de mercado, uma mudança que poderá melhorar a transparência das contas, mas aumentar a volatilidade dos ganhos.

Sob as regras propostas pelo IASB, se um investimento de um banco produzir um fluxo de caixa previsível, como um bônus do governo, ele poderá ser avaliado na contabilidade usando-se um mecanismo que elimina as flutuações do mercado. Se o fluxo de caixa do investimento for imprevisível, como é o caso de alguns derivativos, ele deverá ser avaliado aos valores correntes de mercado.
As propostas são uma resposta ao esforço transatlântico para diluir a contabilidade do "valor justo", avaliando os ativos aos níveis do mercado. Alguns bancos e formuladores de políticas acreditam que o "valor justo" cria uma volatilidade desnecessária nos lucros, contribuindo para uma perda da confiança dos investidores no auge de uma crise de crédito, quando a queda dos preços dos ativos atinge os balanços.

As novas regras mudam essa discussão ao conceder aos bancos mais liberdade na maneira como eles informam seus ativos, mas enfatizam os princípios do uso dos preços de mercado onde possível. Todavia, elas deverão forçar bancos e seguradoras a reavaliarem completamente a maneira como eles divulgam seus portfólios de investimentos.

Por exemplo, uma carteira de títulos do Tesouro dos Estados Unidos - entre os ativos de maior liquidez do mundo - pode ser classificada como instrumento de negociação e seria informada pelo valor justo, como é hoje. Mas um banco ou seguradora que tivesse esses mesmos bônus como investimentos de longo prazo poderiam optar por informar essa parte de sua carteira ao "custo amortizado", um processo que remove a volatilidade do mercado dos valores informados. "As propostas reconhecem que os bancos administram seus portfólios de maneiras diferentes e esse é um grande passo na direção certa", afirma Pauline Wallace, sócia da PwC. "Esta é uma área fundamental da contabilidade e precisamos fazer isso direito".


Fonte: Aqui

Continua a Convergência

Processo de convergência contábil será mantido
Graziella Valenti - Valor Econômico - 15/7/2009

O cronograma anunciado ontem pelo Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb) para revisão das regras de instrumentos financeiros não afetará o processo de convergência contábil para o IFRS no Brasil. Eliseu Martins, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reiterou que será mantido o plano original de emissão das normas neste ano, para adoção completa em 2010.

As mudanças anunciadas pelo Iasb ontem são de adoção obrigatória apenas em 2012. Há opção de seguir as novas diretrizes voluntariamente no balanço de 2009. Os trabalhos do comitê internacional são divididos em três fases. Apenas a primeira foi concluída e anunciada junto com o cronograma ontem. O processo das mudanças só estará finalizado em 2010.

No Brasil, por enquanto, as companhias continuarão seguindo a regra antiga (ainda válida) do IFRS para instrumentos financeiros. A convergência foi dividida em duas fases aqui - uma parte emitida e aplicada em 2008 e outra divulgada neste ano, para uso em 2010.

"A CVM poderá estudar a antecipação sugerida pelo Iasb somente se na consulta pública dessa próxima fase houver solicitação nesse sentido", disse Eliseu. Caso contrário, será feito tudo de acordo com a norma antiga e então a CVM estudará as mudanças para 2012 - quando serão obrigatórias.

O Brasil entrou na rota oficial do IFRS em 2008. No total, são necessárias 49 normas para completar esse esforço. Dessas, 20 já foram emitidas, 15 estão ou já saíram de consulta pública e 14 estão em fase de elaboração, sendo que cinco devem sair nos próximos dias.

Atualmente, antes de serem contabilizados, os instrumentos financeiros, com exceção de derivativos e hedge, devem ser classificados entre três tipos: os títulos que serão carregados até o vencimento, os disponíveis para venda e aqueles da tesouraria. Para cada classe, havia regras específicas.

Alexsandro Broedel, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi), explicou que, com a mudança do Iasb, só haverá dois tipos de classificação: títulos com características de empréstimos, contabilizados pelo custo de amortização e aplicações de capital, como ações, que serão registradas pelo valor justo.

15 julho 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: New Yorker

Teste #110

No teste anterior a associação foi entre local de nascimento e figura contábil. Agora é local da morte e a figura contábil.

a) Hierapolis, na Turquia, ou Etiópia
b) Snowmass, Colorado
c) Washington, DC

1) Arthur Buchwald (1925 – 2007), brigou com a Paromount sobre o lucro do filme Coming to America
2) Kenneth Lee "Ken" Lay (April 15, 1942 – July 5, 2006), ex-executivo da Enron
3) Mateus, cobrador de impostos, padroeiro dos contadores


Resposta do Anterior: Harran = Taymiyyah; Borgo = Paccioli; Florença = Medici; Tus = al-Ghazālī

Valor justo e Iasb

O Iasb está propondo uma nova maneira de encarar a questão do valor justo. Se um investimento financeiro for de longo prazo, com fluxos previsíveis, deve ser mensurado sem a influencia do mercado. Se o fluxo for imprevisível, como é o caso de certos derivativos, a mensuração seria pelo valor de mercado.

Isto seria uma tentativa de resolver o tratamento do valor justo em situações de volatilidade, segundo o Financial Times.

Esta é ainda uma proposta - que o Iasb chama de draft - com a finalidade de reduzir a complexidade e tornar a contabilidade mais compreensível para os usuários, segundo o Iasb.

O Financial Times publicou um gráfico explicativo das duas opções (em lugar das quatro existentes hoje):



A proposta recebeu elogios de Norris, colunista do NY Times de contabilidade, pela sua simplicidade.

Modelos de Precificação

Mais um problema para os modelos de precificação:

Os modelos de precificação de ativos, entre eles o CAPM, são largamente usados e ensinados. Entretanto, suas hipóteses restritivas são perigosas. Uma recente conclusão questiona ainda mais os valores obtidos por estes modelos. Em Asset Class Correlations Increase In Bad Times informa-se que a correlação entre ativos muda com o passar do tempo. Mais ainda, que a correlação, medida estatística entre dois ativos, aumenta com os problemas do mercado.

A questão é que os modelos são implantados usando dados históricos de covariâncias. Ou seja, o passado é usado para tomar as decisões nos dias de hoje. Apesar de alguns modelos permitirem ajustes nos dados históricos, a realidade é que os dados passados são relevantes.

Contadores e Sentimentos

Comentei anteriormente sobre o livro Idéias que Colam, de Chip Heath e Dan Heath. No capítulo 5 o livro fala de Sentimentos. E começa com uma pesquisa realizada para verificar qual a melhor forma de uma entidade sem fins lucrativos abordar as pessoas. Uma pesquisa de 2004, da Universidade Carnegie Mellon testaram duas carta de solicitação para a entidade Save the Children.

A primeira correspondência apresenta números reais da fome no Malaui, a seca na Zâmbia, o êxodo em Angola e a falta de alimentos na Etiópia. A segunda versão apresenta a seguinte informação:

Qualquer quantia que você doar será revertida para Rokia, uma menina de 7 anos, do Mali, na África. Rokia é extremamente pobre e está ameaçada a passar fome ou até mesmo morrer de fome. Contamos com usa colaboração financeira para poder mudar a vida dessa menina para melhor. Com seu apoio, e a caridade de outros padrinhos, a Save the Children trabalhará junto à família da Rokia e outros membros da comunidade para ajudar a alimentá-la e educá-la, e fornecer assistência média básica e noções de higiene.

Ou seja, a primeira solicitação era muito objetiva, mas genérica. A segunda comentava um caso real. A resposta da primeira carta foi uma contribuição média de 1,14 dólares. Já as pessoas que leram a carta sobre Rokia contribuíram com 2,38 dólares em média.

Os pesquisadores acreditavam que as doações menores para a carta de estatística poderiam ser resultado do que chamam de "efeito gota no oceano".

Continuando a pesquisa, foi elaborada uma terceira carta, com ambas as informações. O objetivo era saber se a combinação de informações genéricas com um caso específico era mais favorável numa campanha de doação. Esta terceira carta gerou uma média de 1,43 dólares por pessoa, muito abaixo da média obtida com a segunda carta. O livro apresenta uma conclusão interessante:

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que pensar sobre estatísticas leva as pessoas a um tipo de pensamento mais analítico. Quanto as pessoas pensam de forma analítica, elas estão menos propensas a pensar emocionalmente. E os pesquisadores acreditavam que foi a reação emocional ao apelo de Rokia que levou as pessoas à ação.

Para confirmar isto, foi realizado um segundo estudo. Para um grupo de pessoas foram feitas perguntas analíticas (perguntas de física, por exemplo) e para um segundo grupo questões de sentimentos ("escreva uma palavra que expresse o sentimento ao ouvir a palavra bebê"). Depois desta fase, ambos os grupos receberam a carta de Rokia. A média do primeiro grupo, com perguntas analíticas, foi de 1,26 dólares. A média do segundo foi de 2,34 dólares.

Os resultados são chocantes. O simples ato de fazer um cálculo reduziu a propensão à doação. Quando colocamos o chapéu analítico, reagimos de forma diferente aos apelos emocionais. Criamos uma barreira à nossa capacidade de sentir. (p. 149, grifo dos autores)

Podemos então afirmar que o contador não possui sentimento?

Número manipulado

Um texto do Wall Street Journal (Currents -- The Numbers Guy: Spun: The Off-the-Wall Accounting of Record Sales --- Confusion Over Songs vs. Albums, Scant Historical Data Amplify Tallies for Michael Jackson and Other Pop Superstars, Carl Bialik, 15/7/2009) mostra a manipulação de números num setor interessante: a venda de albuns de artistas populares. Um caso típico ocorreu com Michael Jackson. Por muito anos divulgou-se que o cantor tinha vendido ao longo de sua carreira 200 milhões de albuns.

Mas em 2006 começavam a circular um novo número: 750 milhões. Mais de três vezes o valor original. E este número tem sido consistentemente usado (afinal, uma mentira repetida muitas vezes torna-se uma verdade).

Um dos problemas é o número de vendas em países onde não existe uma contagem confiável. O problema não é exclusivo de Jackson. As vendas de 1 bilhão dos Beatles também são questionáveis. Assim como do AC/DC, ABBA e outros.

SEC e Ratings

EUA: Presidente Da Sec Defende Processos Contra Agências De Ratings
DJ em Portuguese - 14/7/2009

Washington, 14 - A presidente da SEC (Securities and Exchange Comission), a comissão de valores mobiliários dos EUA, Mary Schapiro, disse que acredita que as propostas para facilitar a abertura de processos pelos investidores contra as agências classificadoras de risco de crédito podem resultar num trabalho de melhor qualidade destas firmas. Schapiro fez seus comentários durante audiência no subcomitê sobre mercados de capitais e serviços financeiros da Câmara dos Representantes, na qual foi questionada pelos deputados sobre sua posição a respeito de uma reforma nas normas que governam as agências de rating.

As opiniões de Schapiro ecoaram as do senador democrata Jack Reed, que apresentou um projeto este ano que tornaria mais fácil a abertura de processos contra as agências se elas não revelarem, propositalmente ou por negligência, informações-chave no desenvolvimento de seus ratings. Schapiro, que teve o cuidado de afirmar que sua opinião pode não refletir a de seus colegas na comissão, disse que acredita que responsabilizar as firmas pode "certamente fazer uma diferença muito grande".

"Nós obviamente queremos ser cuidadosos na elaboração destas propostas", disse Schapiro. "Queremos que as agências trabalhem, queremos que trabalhem efetivamente - e queremos que elas alinhem seus interesses aos dos investidores."

Alguns críticos alegam que as agências de ratings como Standard & Poor's, Moody's e Fitch exacerbaram a crise financeira após terem dado ratings excessivamente positivos para certos tipos de dívida, incluindo alguns títulos lastreados por hipotecas subprime. Para os críticos, o modelo de negócios das agências apresenta um conflito de interesse inerente porque os emissores pagam para receber o rating de suas dívidas destas firmas.

A SEC ganhou pela primeira vez autoridade sobre as agências de rating num projeto de 2006 e, desde então, aprovou algumas normas para conter os conflitos de interesse e melhorar a transparência e a contabilidade. Outras normas propostas para as firmas de rating, por sua vez, ainda estão pendentes na comissão. Mas Schapiro indicou em diversas ocasiões que ela acredita que a SEC ainda precisa fazer mais.

Nesta terça-feira, ela manifestou sua preocupação com o fato de que os emissores de dívida buscam o melhor rating possível entre uma variedade de firmas ("rating shopping"). Ele disse aos congressistas que a agência está explorando maneiras para limitar esta prática.

Uma possibilidade seria "exigir numa base confidencial" que os emissores divulguem os dados subjacentes de produtos estruturados para as firmas de ratings e permitam que elas então façam um rating não solicitado, disse.

Outra possibilidade sendo considerada, que Schapiro revelou pela primeira vez no texto de seu depoimento divulgado pelo comitê ontem à noite, seria exigir que os emissores revelem todos os ratings preliminares que receberam de agências de rating registradas na SEC "antes de escolherem uma firma para conduzir um rating".

Ela também indicou que criou uma nova equipe especial encarregada de supervisionar as firmas de ratings registradas na agência. Perguntada se acha que a agência já tem a autoridade legal necessária para impor novas normas para limitar o "rating shopping", ela disse que a agência ainda está trabalhando para determinar isso. "Eu não tenho uma resposta definitiva", disse.

A reforma para coibir as falhas expostas nas práticas das agências de ratings durante a crise financeira está entre as muitas coisas destacadas pelo governo Obama em seu relatório de diretrizes divulgado no mês passado sobre uma reforma regulatória nos EUA. As informações são da Dow Jones. (Regina Cardeal)