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10 março 2009

IFRS no Brasil 6

Desafio com normas novas é contínuo no IFRS
Valor Econômico - 10/3/2009

É um caminho sem volta e sem fim. A decisão do Brasil de harmonizar o padrão contábil com o internacional IFRS demandará estudos contínuos do tema. E o desafio com mudanças de regra não terminará tão cedo. Talvez em 2014.

Logo depois que o país terminar a emissão das normas locais baseadas nos princípios do padrão internacional - o que deve acontecer em 2010 -, começarão os trabalhos para convergência do padrão americano US Gaap ao IFRS, que devem ir de 2011 até 2014.

Gregory Gobetti, sócio da Ernst & Young, lembrou que, quando chegar a vez dos Estados Unidos, as normas do IFRS serão reeditadas para buscarem a união das orientações das duas contabilidades. "Estamos aprendendo algo que está mudando", completa Paul Sutcliffe, sócio líder no padrão internacional IFRS da firma no Brasil.

Nelson Carvalho, diretor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Atuariais e Contábeis (Fipecafi-USP), ressaltou o contínuo processo de discussão sobre as normas e os desafios da adoção, durante debate promovido pela escola, em conjunto com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). "Não é um processo fácil, nem rápido e nem sem reação."

Geraldo Toffanello, diretor contábil da Gerdau, que optou por adotar antecipadamente o padrão IFRS - desde o balanço anual de 2007 - enfatiza a necessidade da presença do contador nas definições da administração. "Ele precisa estar na ponta das decisões." E destacou a necessidade de os profissionais da área se manterem atualizados sobre as discussões no Brasil e em âmbito internacional.

Contabilidade e Vivo

El control de Vivo, más fácil para Telefónica
Expansión - 10/3/2009 - GENERAL - 14
I.C./J.M. Madrid

El tiempo corre a favor de Telefónica en su interés por controlar Vivo, el líder del mercado brasileño de telefonía móvil. La operadora española, que comparte, al 50% con Portugal Telecom (PT), el control sobre el accionariado de Vivo, ha visto como la operadora portuguesa rechazaba sistemáticamente las ofertas de la española para hacerse con su participada.

Enorme influencia

Es normal. Cada vez más, Vivo, con sus casi 45 millones de clientes de telefonía móvil (frente a los 6,9 millones que PT tiene en Portugal), supone el yacimiento de crecimiento del grupo portugués, con un peso sobre la compañía lusa mucho más importante que el que tiene en el consolidado del gigante español. Y un peso creciente, además.

En 2008, los ingresos que PT se apuntó procedentes de Vivo, 3.040 millones de euros, representaban el 45% de los ingresos totales del grupo, de 6.734 millones, lo que supone una notable subida sobre el 40% que suponían hace un año. Lo mismo ocurre con el ebitda, donde la participada brasileña aportó el 34% de los ingresos en 2008, frente al 25% en 2007. Cinco puntos más que el año anterior.

Pero esta situación puede cambiar dramáticamente, beneficiando los intereses de la española. A partir de 2010 está previsto que se apliquen nuevos cambios en las normas internacionales de contabilidad (IFRS) que impedirían que tanto PT como Telefónica pudiesen aplicar una consolidación proporcional de Vivo como realizan hasta ahora al poseer el control conjunto de la compañía. En ese caso, tendrían que aplicar una consolidación por puesta en equivalencia, lo que mantendría la consolidación de los resultados pero haría desaparecer la aportación de Vivo en los ingresos y el ebitda. Ese golpe no sólo reduciría a la mitad el tamaño actual de PT, sino que, de rebote, reduciría drásticamente la importancia que el grupo brasileño tiene para la operadora portuguesa, que ya no se beneficiaría de su crecimiento excepto en los beneficios. En ese caso, y con un grupo cuyo endeudamiento y compromisos globales están por encima de tres veces ebitda, la posibilidad de que PT optase por la venta de Vivo sería más alta.


Grifo meu.

Brasil e a crise

Conforme um estudo recente da Organization for Economic Cooperation & Development (OECD) o Brasil pode ser o único entre as 34 grandes economias que evitará a recessão em 2009. Enquanto os EUA debatem se deve nacionalizar os bancos, os [bancos] brasileiros permanecem relativamente bem. Empresas de petróleo no mundo todo reduzem investimentos, mas a empresa estatal Petrobras vai adiante, com um plano de expansão de 174 bilhões de doláres.

Fonte: Carpe Diem

Desculpas

No processo de implantação da IFRS é sempre interessante acompanhar as empresas justificando seu resultado pela adoção da nova norma. Eis um exemplo inglês:

Aviva: Pérdida neta 7.710m libras 2008, por nuevo método contable
Dow Jones en Espanol - 5/3/2009
Vladimir Guevarra

LONDRES (EFE Dow Jones)--Aviva PLC (AV.LN), la mayor aseguradora del Reino Unido por capitalización de mercado, indicó el jueves que en 2008 sufrió una importante pérdida debido a que utilizó un nuevo método de contabilidad.
Aviva utilizó el valor intrínseco coherente con el mercado, o MCEV por sus siglas en inglés. Ajustado a este nuevo tipo de contabilidad, Aviva sufrió una pérdida de 7.710 millones de libras en 2008 frente a un beneficio neto de 1.950 millones de libras en 2007.

Bajo el método contable anterior, las Normas Internacionales de Información Financiera, la pérdida de Aviva en 2008 habría sido menor, de 885 millones de libras, frente a un beneficio neto de 1.500 millones en 2007.

El beneficio de explotación creció un 10% a 3.360 millones de libras en 2008, según el estándar MCEV, frente al beneficio de 3.060 millones de libras del año anterior.
El valor intrínseco es un nuevo método contable que cada vez más aseguradoras europeas utilizan porque tiene en cuenta los riesgos de las inversiones y utiliza tasas de rentabilidad más "coherentes con el mercado", frente a otros métodos contables, que utilizan tasas de rentabilidad más basadas en sus propias estimaciones.

Las acciones de la compañía abrieron la sesión con un descenso del 2,1% tras anunciar la pérdida.

Moeda

Um pequeno comentário num texto do Valor Econômico sobre a AB-Inbev poderá trazer grandes conseqüências a médio e longo prazo para empresa:

A companhia trocará o euro pelo dólar como moeda de contabilidade do balanço, porque a maior parte de seu fluxo de caixa agora é na divisa americana.
AB-InBev cresce nos EUA e recua na Rússia – 6/3/2009 - Valor Econômico


Isto é coerente com as normas internacionais do Iasb, mas pode afetar a comparação e os resultados da empresa. Observe que pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade a moeda das demonstrações deve ser o Real. Mas o Brasil adotou as normas internacionais, que exige o uso da moeda de maior volume de transação. O que fazer?

Importância dos comerciais

Os cientistas estão concluindo que os comerciais tornam o habito de assistir televisão mais agradável.

Numa experiência da New York University, com 87 alunos de graduacao que assistiram um episódio de um seriado denominado Taxi, metade o fizeram com comerciais e a outra metade sem propaganda.

O resultado mostra que pessoas gostam de coisas quando existem pausas forcadas. E o efeito não esta limitado a televisão.

Fonte: Science: You Love Commercials, por Hamilton Nolan

Recado ao BACEN

Presidentes, primeiros-ministros e príncipes muçulmanos conclamaram ontem o mundo islâmico a adotar práticas financeiras para superar a crise global e instou bancos islâmicos realizar "trabalho missionário", no oeste de promover o sharia bancário.

Quase todos os oradores na abertura do quinto Fórum Econômico Mundial Islâmico (WIEF) em Jacarta lamentaram os excessos do "irresponsável e não regulado mercado financeiro ocidental" para o desencadeamento da crise, e consideraram o sharia bancário como a abordagem para um sistema financeiro global mais estável.

(...) Instituições financeiras islâmicas não pagam juros e exigem operações de ser sustentada por ativos reais. Seus ativos compreendem apenas alguns por cento da indústria bancária mundial, mas têm sofrido menos do que os seus homólogos convencionais por não usar de subprime ou complexos produtos estruturados.

Susilo Bambang Yudhoyono, o presidente indonésio, disse a 1550 delegados de 36 países islâmicos que "agora devemos ser capaz de assumir um papel de liderança". "Banqueiros islâmicos devem, portanto, fazer alguma obra missionária no mundo ocidental para promover o conceito da sharia bancário (...)”

Standard & Poor's, agência de notação, disse na semana passada que, embora as instituições financeiras islâmicas tenham fortes perspectivas de longo prazo, o futuro imediato era incerto. (...)


Islamic banks urged to show west the sharia way forward
John Aglionby in Jakarta - 3 March 2009 - Financial Times - USA Ed1 - 03

Imparidade

(...) Quando uma empresa adquire outra, o preço tende a ser superior ao valor dos ativos fixos, tais como os edifícios e equipamentos de escritório, que ela adquire.

A diferença entre os dois valores é o goodwill,, que as empresas devem testar a imparidade pelo menos uma vez por ano no âmbito das normas de contabilidade.

Estas baixas tornaram-se banais depois do colapso da bolha das telecomunicações em 2001, quando as empresas que pagou preços estratosféricos por acordos de compra ficaram com um monte goodwill em seus balanços.

Até agora, muitas empresas que fizeram aquisições entre 2006 e 2007 têm sido capazes de mascarar o fato de que elas podem ter pagado demais por ativos devido à alta contínua das cotações das ações.

Mas esta camuflagem tem sido afastada pelo declínio acentuado nos mercados acionários mundiais. Liderando os índices de quase para metade nos últimos anos, forçando as empresas a rever as suas previsões sobre o valor destas ofertas.

(...) Esta era a defesa que a Akzo Nobel deu acionistas no mês passado, quando contabilizou € 1.2 bilhões de baixa relacionadas com o goodwill da sua aquisição da ICI, que foi comprada por £ 8.1 bilhões em 2007com 45 por cento de prêmio.

"O mundo mudou desde 2007", disse a Akzo aos acionistas. "Compramos a ICI por muito boas razões estratégicas e não compramos com passivo. Portanto, pedimos desculpas pela compra? Claro que não.”

(...) Talvez uma das mais graves implicações da baixa contábil é o impacto que pode ter sobre contração de empréstimo, quando o crédito é tão escasso.

Muitos desses acordos contêm convênios ligados à contabilidade dos lucros e patrimônios líquido, e baixa de goodwill têm uma relação direta, com efeitos sobre os dois.

Aggressive M&As of boom years leave huge goodwill writedowns
Lina Saigol - 3 March 2009 - Financial Times - Asia Ed1 - 18

Finanças Comportamentais e Neoliberalismo

Constantemente tenho lido que finanças comportamentais se opõem o liberalismo (de Smith e Friedman). Veja o seguinte texto:

Além disso, nesta década, economia comportamental tem desafiado a presunção neoliberal de que as pessoas fazem decisões econômicas racionais. Análise comportamental aplica a psicologia e a sociologia para dizer que não - ou não sempre. Se eles fizeram, não haveria qualquer habitação e bolha de ativo.
POLITICS : On a Hide-ing To Nothing
1/3/2009 - Management Magazine - 27 - Colin James

Parece simplista uma vez que Thaler defende em Nudge o liberalismo orientado por ações do Estado.

09 março 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #32

Grau de Dificuldade: **
1. Paulo Lyra Tavares, ex-presidente do CFC, poderia ter comprado o Channel 5?
2. William Beaver acompanhou as notícias no rádio sobre o incêndio Hindenburg em New Jersey?
3. Ibn Taymiyyah soube da batalha de Alcácer-Quibir?

Resposta do Teste anterior: Alemão, contabilidade

Derivativos

Em primeiro lugar o adjetivo "tóxico" nem sempre é apropriado para o uso indiscriminado que vivenciamos. O uso do derivativo, se bem empregado, auxilia a distribuição do risco entre os diversos players de mercado ao possibilitar que as empresas comprem proteção contra, o que é chamada de forma simplista, uma indesejada e imprevisível variação de um determinado ativo e/ou índice. Assim, ao adentrarmos sob o aspecto contratualista dessas operações de swap, hedge, opções etc., nos deparamos, a priori, com um contrato tipicamente de risco, ou seja, a companhia, face à variação do dólar, por exemplo, poderá ou não lucrar.

Derivativos 'tóxicos' e responsabilidade de administradores
Marcelo Freitas Pereira e Walter Roberto Plaza Junior - 3/3/2009 - Valor Econômico

Mercado acionário e economia

Antiga bola de cristal, bolsa vira termômetro do medo
Justin Lahart, The Wall Street Journal
3/3/2009 - The Wall Street Journal Americas - 1

Durante os anos 90, o mercado de capitais dos Estados Unidos ganhou a reputação de bola de cristal. Como representação da sabedoria de milhões de investidores, sua capacidade de prever o rumo da economia parecia superar todas as demais previsões.

Depois da bolha da Internet, época em que a ação da agência de viagens online Priceline.com subiu tanto que passou a valer mais que a soma de todas as grandes empresas aéreas americanas, o mercado deixou de ser visto como um oráculo. E, nos últimos tempos, as altas e baixas desenfreadas revelam confusão, e não mensagem. Nos anos 90, a Média Industrial Dow Jones subiu ou caiu 2% em 91 dias. Só no ano passado, houve mais de 80 oscilações como essas.

Mas, em meio ao pior declínio econômico em pelo menos uma geração, uma recuperação das bolsas — por mais que essa possibilidade pareça afastada depois da forte queda de ontem — pode ser um sinal especialmente bom.

As bolsas são mais do que simplesmente uma medida da expectativa do investidor; elas são uma medida de confiança. Numa época em que a maior parte dos males da economia reside na crise de confiança, em que tanto os consumidores quanto os empresários estão tão inseguros quanto ao futuro que cortam despesas até o osso, a alta das ações seria um importante sinal de que a maré virou. Mais que isso, bolsas em alta podem ser, por si só, um importante estimulante da confiança.

O pensamento reinante de que as ações são o principal indicador do rumo da economia americana baseia-se na idéia de que os investidores monitoram incansavelmente a lucratividade das empresas. "Da mesma forma que a lucratividade de uma empresa revela alguma coisa sobre a economia, o mercado de ações pode ser um sinal", disse o economista Frederic Mishkin, da Columbia Business School.

Em quase todos os 11 declínios econômicos dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial, a Média Industrial Dow Jones atingiu seu ponto mais baixo da recessão e começou a subida seis meses antes do início da recuperação da economia.(A grande exceção foi a recessão de 2001, quando o mercado de ações só atingiu o fundo do poço quase um ano depois do começo da recuperação). Geralmente, os investidores ficam ansiosos para comprar papéis antes da recuperação econômica porque, quando eles sobem depois de uma recessão, os ganhos são consideráveis.

Agora, claro, muitos investidores estão simplesmente ansiosos. O valor atual das ações já não reflete a lucratividade de longo prazo, disse o presidente do Federal Reserve, o banco central dos EUA, Ben Bernanke, em depoimento na Comissão de Finanças da Câmara, mas apenas "as atitudes do investidor sobre risco e incerteza, que estão agora em níveis muito altos".

Grande parte da insegurança do investidor se deve ao desconhecimento quanto ao destino dos bancos. Os investidores ainda não sabem exatamente que bancos vão quebrar, ser incorporados pelo governo ou transferidos para os credores, e qualquer dessas opções vai prejudicar os acionistas. Como resultado, as ações dos bancos já não refletem tanto as expectativas de lucros futuros, mas sim as apostas de que este ou aquele irá sobreviver. Isso fez com que as ações flutuassem amplamente. E, como as empresas financeiras estão na base da crise de crédito, quando elas entram em turbulência o resto do mercado reage.

Mesmo para famílias americanas que não têm nenhuma exposição às bolsas — cerca de metade delas —, o mercado de ações é importante. Um estudo feito em 1999 pela economista do Fed Maria Ward Otoo mostra que mudanças nos preços da ações afetaram a confiança das famílias consultadas na pesquisa do índice de confiança do consumidor feita da Universidade de Michigan, independentemente do fato de terem investimentos ou não. Ela concluiu que os consumidores usam o mercado de ações como um indicador de tendência de seus salários.

O mercado de ações também influencia o comportamento das empresas. Em discurso no mês passado, o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, explicou como chegou à conclusão, no final da década de 50, de que mudanças na cotação das ações levaram a mudanças nas compras de equipamentos pelas empresas. Ele atualizou a análise há pouco tempo e concluiu que a correlação entre ações e gastos das empresas com equipamentos continua a existir.

"Uma recuperação do mercado de ações liderada pelo fim do medo pode muito bem ser o momento de virada da atual crise", disse ele. "A questão, claro, é saber quando."

Em agosto de 1982, durante o que até agora parece ter sido o declínio mais profundo desde a Grande Depressão, o "quando" a que Greenspan se referiu aconteceu no momento em que o Fed cortou a taxa básica de juros, sinalizando que sua luta contra a inflação estava encerrada. As ações dispararam e continuaram em alta, apesar do acúmulo de más notícias sobre a economia e das reclamações dos analistas de mercado de que os avanços não tinham sentido. Em novembro daquele ano, a recessão acabou.

Provisão para tempos ruins


Reguladores estão esperando o desenvolvimento de alguma forma da “provisão dinâmica” para forçar bancos a manter fundos nos tempos bons para ajudá-los nos ruins. Mas contadores estão preocupados em como isto pode afetar seriamente a transparência das contas dos bancos.

IASB warns on capital reserve plans - Jennifer Hughes 24/2/2009 - Financial Times - Asia Ed1 - 14

Buffett e a Marcação a Mercado

Todd Sullivan, em Buffett Endorses 'Mark-to-Market' as a Producer of Ways to Profit, discute a posição do famoso investidor em relação a marcação a mercado. Na apresentação das demonstrações da sua empresa Buffett afirma que “nos endossamos a contabilidade marcada a mercado”. O mesmo Buffett afirma que melhorar a transparência, um remédio favorito dos políticos, comentaristas e reguladores financeiros - não resolve os problemas com derivativos. Para Buffett não existe mecanismo para descrever e mensurar os riscos dos complexos derivativos. Por isto, segundo Buffett, auditores não pode auditar estes contratos e reguladores não podem regulá-los.

Buffett, segundo conclui Sullivan, acredita que marcação a mercado produz ineficiências no mercado, dando exemplo de um mesmo título que produz diferentes resultados.

Frase

Cerca de 70% das recolocações de profissionais que ocupam cargos de alto nível hierárquico ocorre por meio de networking, isto é, graças à rede de contatos pessoal de cada um. A afirmação é da gerente de consultoria da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Renata Perrone.

Sete em cada dez contratações começam na rede de contatos
2/3/2009 - Gazeta Mercantil
Caderno D - Pág. 7 - João Paulo Freitas

IFRS no Brasil 5

Mudança atinge setor de construção em cheio
Valor Econômico - 9/3/2009

A expectativa é grande. Dos analistas, dos investidores, dos concorrentes. A safra de balanços do setor de construção civil - o mais afetado pelas novas regras contábeis - nunca foi tão esperada como agora. Pelo que já mostrou o único balanço divulgado até o momento, da Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), e pela previsão dos analistas e das próprias incorporadoras, deve haver uma mudança significativa nos demonstrativos financeiros do quarto trimestre e, consequentemente, do ano de 2008. A projeção é de redução de receita, de margem, do resultado operacional e da última linha do balanço.

As mudanças mobilizaram o setor, que vem se reunindo há pelo menos três meses. A preocupação é grande, sobretudo em um momento de queda das vendas. O maior temor é que as alterações contábeis sejam interpretadas como consequência da crise. Para divulgar balanços "homogêneos" que permitam que os analistas usem os parâmetros antigos para avaliar os balanços - as grandes construtoras de capital aberto fizeram um acordo. Irão publicar os resultados pelas normas antigas e pelas novas, ambos comparáveis com os períodos anteriores.

Analistas consultados pelo Valor disseram que irão avaliar os números pelas regras antiga, até porque as projeções que fizeram contemplam ao modelo anterior de balanço. Só depois que forem divulgados todos os relatórios é que os analistas devem começar a fazer as suas avaliações pelas novas regras. Isso porque ainda há muitas dúvidas, inclusive das próprias incorporadoras.

A principal e mais discutida questão - e justamente a que vai mais impactar os resultados - é o ajuste a valor presente das contas a pagar e a receber. O efeito desse tipo de cálculo no setor de construção é expressivo porque o ciclo é longo e as vendas são feitas a prazo. Sem saber exatamente que taxa usar ou que fórmula usar, as incorporadoras começaram a se reunir no final do ano passado.

Depois de mais de dez encontros, inúmeros telefonemas e e-mails trocados entre as áreas de controladoria das empresas, há cerca de quinze dias, as empresas definiram uma fórmula comum. Em linhas gerais, ficou definido que a metodologia usada será a taxa média de captação do financiamento à produção - que pode variar de TR mais 11% a TR mais 13%, descontado a inflação, medida pelo IPCA. As empresas escolheram o IPCA no lugar do INCC (Índice Nacional da Construção Civil) porque não há previsão futura do índice. Os apartamentos já entregues não serão ajustados a valor presente. "Ficou acertado assim, porque os juros já estão definidos", explica Eduardo Cytrynowicz, diretor de finanças corporativas da Even. Depois da entrega das chaves, os juros contratuais são de IGPM mais 12% ao ano.

No caso da CCDI , por exemplo, as novas regras contábeis tiraram R$ 44,9 milhões do lucro anual da empresa, de R$ 96,7 milhões para R$ 51,7 milhões. No quarto trimestre, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 8 milhões e, pelas regras anteriores, teria apresentado lucro de R$ 1,6 milhão. No trimestre, o impacto é maior porque os ajustes do ano todo recaem sobre os três últimos meses. "É preciso analisar os números com cuidado", afirma Zeca Grabowsky, presidente da PDG Realty. "Os resultados do quarto trimestre serão afetados, mas não podem ser projetados para os próximos trimestres", acrescenta. Os executivos também frisam que as mudanças são contábeis e o desempenho operacional não muda.

Ainda que as empresas estejam procurando uma forma de se alinhar, a avaliação do setor e de analistas sobre as alterações é muito positiva. "Muitos investidores estrangeiros não gostam do setor imobiliário no Brasil porque os balanços são muito diferentes. No México é muito mais uniforme", diz um analista que acompanha o segmento. Para o diretor da Even, o mais positivo é que os balanços passam a ser comparáveis. "Havia alguma variações e interpretações importantes", acrescenta. "O balanço deixa de ser estático", avalia Leonardo Correa, diretor de relações com investidores da MRV.

Além do impacto do ajuste a valor presente, as incorporadoras têm ainda uma mudança contábil específica: as empresas passam a ter que descontar, de uma só vez, despesas comerciais e de vendas - como gastos com estande, propaganda e apartamentos decorados - que antes eram contabilizadas conforme o andamento da obra.

No Brasil, os balanços do setor acompanham o desenvolvimento das obras, modelos mais conhecido pela sigla em inglês POC, que significa percentual de conclusão. "O POC é bom no sentido de dar uma indicação de resultado. Não é preciso esperar o final do ciclo para saber se a empresa ganhou ou perdeu dinheiro", diz Correa, da MRV. A empresa definiu que, além de divulgar o balanço pelas novas regras, também continuará usando a metodologia antiga, pelo chamado POC.

Na avaliação de Henrique Campos, auditor diretor da BDO Trevisan, as mudanças para o setor devem ser ainda maiores a partir de 2010, quando o Brasil alcançar a convergência plena com o padrão internacional IFRS. Ele explica que, no padrão internacional, o negócio da incorporadora é entendido como uma atividade mercantil comum. Logo, as companhias irão contabilizar as receitas conforme a transferência do imóvel para o novo proprietário, o que caracterizará a venda efetiva do bem. Esse regime é conhecido pela expressão "chave na mão". Os especialistas têm até mesmo dificuldade de estimar os impactos sobre os resultados, uma vez que será uma grande mudança de conceito. (Colaborou Graziella Valenti)


Em outros países que adotaram a IFRS, o setor de construção civil foi um dos que apresentaram maiores diferenças. Atenção para este setor.

IFRS no Brasil 4

Para mercado, balanço de 2008 será marco zero
Valor Econômico - 9/3/2009

O desafio da nova linguagem contábil está apenas começando para os analistas de investimento. Além de emitir opiniões sobre a qualidade dos dados do tumultuado quarto trimestre, os profissionais terão que projetar os próximos resultados já de acordo com as novas normas.

Os reguladores permitiram que as empresas fizessem apenas o balanço de 2008 de acordo com a lei nova, sem necessidade de trazer a base de comparação pelo mesmo critério. Daqui para frente, os trimestrais serão também de acordo com as 16 normas emitidas pelo Comitê de Padrões Contábeis ao longo de 2008.

"Para nós será o balanço anual de 2008 será base zero. Perdeu-se o histórico", contou Lika Takahashi, chefe de análise da Fator Corretora. Ela explicou ainda que os analistas da corretora fizeram treinamento sobre as mudanças. No entanto, a aplicação prática é muito diferente e não havia como estimar quais seriam os efeitos.

De acordo com Lika, o desafio do analista é ainda maior quando se trata de companhia com efeitos sazonais. Isso porque não dá para saber como será agora de acordo com os novos padrões.

Na maioria dos casos, as companhias fizeram os comentários de desempenho sobre os balanços excluindo os ajustes da trazidos pela nova lei, prejudicando o papel educacional da adoção inicial das regras.

Segundo Sérgio Citeroni, sócio da auditoria da Ernst & Young, essa foi a preferência porque os balanços deste ano não têm a comparação. Logo, ficaria ainda mais difícil fazer a análise sem essa opção.

Além da projeção, a dificuldade de comparação deve persistir nas demonstrações financeiras trimestrais de 2009, já que as de 2008 foram feitos de acordo com o padrão antigo.

Para os analistas, o refresco virá só no próximo ano. Em 2009, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) planeja a emissão de mais 28 pronunciamentos contábeis, até setembro. Porém, eles serão aplicados apenas a partir dos trimestrais de 2010 e com apresentação dos dados comparativos.

As demonstrações anuais de 2009 seguirão rigorosamente as mesmas normas usadas para o do ano passado. "Portanto, serão comparáveis", enfatizou Eliseu Martins, diretor da autarquia, durante o anúncio, em dezembro, do cronograma de trabalhos deste ano.

IFRS no Brasil 3

Confusão contábil prejudica análise de balanços de 2008
Valor Econômico - 9/3/2009

O Pão de Açúcar divulgou e explicou um lucro de R$ 281 milhões em 2008. O ganho que ficará em seus registros históricos será, porém, de R$ 260 milhões, segundo as novas regras contábeis adotadas a partir dos balanços anuais de 2008. Assim como a rede varejista, quase todas as grandes empresas do mercado - entre aquelas que já divulgaram seus números - ofereceram ao leitor, no mínimo, dois dados de lucros. Há casos de três e até quatro resultados. A Petrobras divulgou duas receitas consolidadas. E os ajustes são relevantes, como os da Vale do Rio Doce e da Camargo Corrêa, que reduzem o lucro do ano passado em 28,6% e 46,5% , respectivamente.

A dificuldade com os balanços desta temporada em função da tumultuada adaptação à nova lei contábil foi tanta - para fazer e para entender - que nasceram diversos resultados para um único período. Não faltou criatividade na hora de tentar explicar, ou não, as mudanças. O lucro nunca teve tantos adjetivos: além do já conhecido pro forma, surgiram ainda os resultados "teóricos", os "orgânicos" e os "reconciliados".

"Não deu para fazer milagre. As circunstâncias são desafiadoras", disse Sérgio Citeroni, da Ernst & Young. Ele se refere à correria da reforma contábil, antecipada em um ano pela assinatura da nova lei em 28 de dezembro de 2007. Se ela fosse assinada três dias depois, companhias, reguladores e investidores teriam um ano a mais para se preparar.

A maioria das companhias optou por não apresentar o balanço de 2007 de forma comparável ao do ano passado, conforme licença concedida pela Comissão de Valores Mobiliários em função da correria dos trabalhos. Com isso, as empresas fizeram os comentários e explicações de desempenho sobre um número que legalmente já não é mais o oficial - o balanço de 2008 pela lei antiga. No quarto trimestre, o problema é maior, com cada empresa adotando a regra que entende mais adequada. Com a confusão, perdeu-se a precisão do primeiro registro dos efeitos da crise global.

Há setores com impactos mais dramáticos, como o de construção. A mudança para as incorporadoras imobiliárias deve resultar em perda de margem. Em compensação, os balanços passarão a ser comparáveis entre as empresas do setor, o que não acontecia antes.


Sem dúvida nenhuma, a IFRS será justificativa para muitos resultados de 2008.

IFRS no Brasil 2

Treinamento em IFRS: 2009, o ano do desafio
Gazeta Mercantil - 9/3/2009

9 de Março de 2009 - O ano de 2008 foi um dos mais relevantes em relação à evolução das técnicas contábeis no Brasil, assim como do processo de harmonização das práticas locais às normas de contabilidade internacional, ou IFRS. O termo IFRS - International Financial Reporting Standards - tornou-se conhecido pela maioria das empresas de capital aberto, de grande porte, ou multinacionais. Agora, chegou o momento de os profissionais terem contato detalhado e próximo com essa nova literatura contábil.

A importância do IFRS para os processos de governança corporativa já se faz presente e necessária para a transparência das transações e mensuração dos fatos financeiros, inclusive para haver comparabilidade global. O desafio é conhecer as normas e aplicá-las de uma forma correta.

Estima-se que, no Brasil, haja mais de 400 mil profissionais da área contábil. Acredita-se que apenas entre 5% e 10% deles tenham algum treinamento em IFRS, sendo que grande parte dos agentes em processo de treinamento avançado encontra-se nas empresas de auditoria.

Assim, possivelmente, temos um universo de mais de 360 mil profissionais que necessitam passar por adequado treinamento em relação a um padrão contábil que se tornou referência para a contabilidade brasileira desde a promulgação da lei nº 11.638, ao final de 2007, e, como conseqüência, das normas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão criado para centralizar as regulamentações do setor. Isso sem contar os universitários que se preparam para ingressar no mercado.


[há controvérsias. Alguns defendem que somente uma pequena parcela das empresas brasileiras estão sujeitas ao IFRS]

Trata-se de um desafio de proporções enormes, já que o sistema contábil brasileiro está em pleno processo, aparentemente irreversível, de harmonização rumo às normas internacionais. Até o final de 2010, empresas de capital aberto, instituições financeiras e grandes corporações que faturam mais de R$ 300 milhões ao ano devem ter suas demonstrações contábeis preparadas de acordo com as novas métricas.

A perspectiva é que, gradativamente, a convergência seja ampliada e o novo sistema contábil utilizado no país seja adotado como padrão para todas as empresas brasileiras, das gigantes multinacionais até os empreendimentos de pequeno porte. Diante desse cenário, torna-se obrigatória a preparação adequada em IFRS de todos os profissionais da área contábil.

Vale lembrar que os próprios órgãos reguladores do mercado já demonstram preocupação com o tema. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já colocou em audiência pública minuta de deliberação que dispõe sobre o programa de educação continuada dos auditores independentes. O objetivo é fazer com que esses profissionais comprovem formação mínima nas normas internacionais.

Tal esforço concentrado demandará vultosos investimentos e dedicação concentrada de empresas, profissionais, instituições de ensino, estudantes, governos e demais instâncias da sociedade brasileira que dependem de demonstrações contábeis fidedignas.

A convergência ao sistema internacional é extremamente positiva para a economia brasileira, oferecendo transparência e, especialmente, padronização global para que a contabilidade das companhias seja compreendida pela maior parte dos agentes externos. Por isso, contar com profissionais que dominem as normas de contabilidade internacional é essencial

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ricardo Maciel - BDO Trevisan)