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30 novembro 2006

A difícil arte de publicar


Fica cada vez mais difícil publicar artigos em periódicos de nível A no Brasil. A Revista de Administração de Empresas, da FGV, informa que no ano terminado em 31/12/2005 foram submetidos 257 artigos para publicação na RAE. No mesmo período terminando em 31/08/2006 o número aumentou para 341 artigos. Nestes dois anos foram aprovados 28 artigos. Um artigo pode ficar, em média, mais de duzentos dias em avaliação.

Blog mais visitados de economia


Um ranking interessante traz os blogs de economia mais visitados:


1. Big Picture com 23836 visitas por dia
2. Marginal Revolution com 18810 ou 0.789 do primeiro colocado
3. Gregory Mankiw, com 12160 visitas por dia ou 0.510 do primeiro lugar.
4. Economist's View, com 7982 visitas ou 0.335 do primeiro colocado
5. Michael Shedlock, 6945 visitas por dia ou 0.291 do primeiro
6. Calculated Risk, com 6307 visitas ou 0.265

País exporta capital


O Brasil, no período de janeiro a outubro deste ano, exportou capital (investimento). As empresas brasileiras investiram no exterior $22.8 bilhões versus $13.6 bilhões de investimento direto.

Parte deste desempenho decorre da compra da Vale, com pagamento de 13.3 bilhões em outubro para os acionistas da Inco.

Sunk Cost e o papel no monópolio natural


John Kay ao comentar sobre a existência de monopólio natural afirma:

"A economia básica do monopólio natural enfatiza duas frase principais: sunk cost e contestabilidade. Sunk cost são custo de entrar no mercado que não pode ser recuperado se você dizá-lo (...) Fornecedores existentes já investiram em sunk cost mas novos investidores terão que investir para entrar no jogo. Então estes custos são medidos como uma vantagem dos fornecedores existentes."

Considero o conceito de sunk cost (custo perdido) o mais difícil da contabilidade

Exemplo da importância dos dados faltantes


Quando se faz pesquisa é muito comum existirem alguns dados faltantes. Em certos casos isto não é problema, mas em outros pode ser conclusivo para o trabalho.

Eis um exemplo interessante, obtido no sítio Statistical Modeling:

"Muitos pesquisadores dizem que a democracia melhora a riqueza dos pobres. Este artigo utiliza dados da mortalidade de jovens e crianças (...) Estudos entre países tendem a excluir de sua amostra estados não-democráticos que tem um bom desempenho; isto leva a inferência errônea de que não democrácias tem pior desempenho que democracias. Uma vez que este problema é corrigido, democracia tem pouco ou nenhum efeito sobre as taxas de mortalidade."

A universidade de contabilidade mais admirada


Uma pesquisa mostra que a University of Texas, de Austin, foi considerada a mais admirada dos Estados Unidos, entre os professores de contabilidade.

A pesquisa foi direcionada entre 500 educadores contábeis de diferentes faculdades e universidades. A University of Texas mantém o título desde 2001, incluindo aqui o doutorado em contabilidade. Seguem as seguintes instituições: Brigham Young University, University of Illinois at Urbana-Champaign, University of Notre Dame, e University of Southern California, nesta ordem.

A pesquisa também questionou as empresas de contabilidade. Deu Deloitte e PricewaterhouseCoopers, na ordem.

29 novembro 2006

Novos Mestrados

A CAPES aprovou três novos mestrados em Contabilidade: UFBA (federal da Bahia), UFMG e UFPE. Parabéns para as três instituições de ensino.

Pesquisa sobre Mulheres


Duas pesquisas sobre mulheres, notícia do Blue Bus:

1. Mas as mulheres passam 8 anos e meio de suas vidas fazendo compras - Uma pesquisa da GE Money realizada na Inglaterra diz que as mulheres saem para as compras em media 301 vezes por ano. Dedicam a isso um total de 399 horas e 46 minutos. Considerando as compras de comida e roupas para a familia ao longo de uma vida, as mulheres passam mais de 25 mil horas em lojas, shoppings e supermercados. É o equivalente a 8 anos e meio - usando como referência um dia de trabalhao de horario convencional, das 09:00 as 17:00. Noticia do Daily Mail.

2. Mulheres falam 20 mil palavras por dia, os homens só 13 mil - As mulheres falam quase 3 vezes mais do que os homens e têm mais celulas do cérebro envolvidas na tarefa de falar. É o que diz a Dra Luan Brizendine, psiquiatra, que está lançando na Inglaterra 'The Female Mind'. Afirma que as mulheres falam em media 20 mil palavras por dia - enquanto os homens falam cerca de 13 mil. A diferença seria explicada por uma questao hormonal desde a formaçao dos bebês no utero. Ainda de acordo com a Dra Brizendine, por conta do hormonio testosterona, a area da audiçao seria menor nos cerebros masculinos - o que deixaria os homens 'surdos' para o falatorio feminino. Noticia do Daily Mail.

culpado ou Inocente?


"Culpado ou Inocente?"

Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino e, por isso, desde o primeiro momento se procurou um "bode expiatório" para acobertar o verdadeiro assassino.

O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.

O juiz, que também foi comprado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado para que este provasse sua inocência.

- Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor: vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e no outro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O Senhor decidirá seu destino - determinou o juiz.

Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance de o acusado se livrar da forca.

Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a "vibração", aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.

- Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber o seu veredicto?

- É muito fácil. - respondeu o homem - Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o contrário.

Imediatamente o homem foi liberado.

MORAL DA HISTORIA:
Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até o último momento. Saiba que, para qualquer problema, há sempre uma saída. Não desista, não entregue os pontos, não se deixe derrotar. Vá em frente apesar de tudo e de todos, creia que pode conseguir


Enviado por nosbor

Editoras combatem fotocópias

Editoras unem-se para combater fotocópias de livros
Tainã Bispo
27/11/2006

As principais editoras de livros técnico-científicos decidiram descruzar os braços e combater a pirataria de livros. No primeiro semestre de 2007, elas lançarão um projeto chamado Pasta do Professor.

O objetivo é eliminar os arquivos de textos em papel e digitalizá-los. Hoje, nas universidades é comum o professor selecionar e fotocopiar trechos de livros para que os alunos não tenham de comprá-los. Uma vez digital, o "xerox" deixa de ser ilegal.

A fotocópia já causou graves danos para o segmento de livros técnico-científicos. Entre 1995 e 2005, o setor encolheu 35% em números de exemplares vendidos, para 19,9 milhões de cópias. Hoje, o negócio de "xerox" fatura o mesmo, ou até mais, do que as editoras desse segmento - algo em torno de R$ 384,7 milhões em 2005.

O projeto está sendo desenvolvido e bancado por uma comissão de editoras técnico-científicas, mas está aberto a editoras de todos os segmentos. Empresas como Atlas, Saraiva, Pearson Education do Brasil, Campus/Elsevier e Forense dedicam-se, há um ano e meio, a criar uma alternativa às empresas de fotocópia que se instalam perto ou dentro das instituições de ensino. Nessa união de esforços - que hoje envolve 14 empresas ou 80% das editoras de técnico-científico - criou-se o Pasta do Professor.

A comissão contratou a empresa de tecnologia Neoris para criar uma plataforma que já está pronta. Segundo Luiz Herrmann Junior, presidente da Atlas, a idéia é a seguinte: as editoras irão armazenar, em um centro de dados, o conteúdo que escolherem, principalmente aqueles mais requisitado pelos professores universitários. O professor, por sua vez, entrará nesse centro e escolherá os capítulos dos livros que utilizará em sala de aula. A segurança da tecnologia é uma das maiores preocupações das companhias.

Esse conteúdo será vendido através de parceiros, que poderão ser as próprias empresas de "xerox", as instituições de ensino e livrarias. Os parceiros terão um computador padrão e uma impressora digital acoplada à máquina. Cada arquivo poderá ser impresso apenas uma vez. A comissão ainda está decidindo pelo fabricante do computador e da impressora.

Assim que a impressão for completada, o software fará o controle de quanto deve ser pago às editoras e aos autores - geralmente, os escritores recebem 10% do preço de capa do livro físico.

O grupo de editoras, no entanto, ainda precisa revolver algumas pendências antes de lançar o produto. Primeiro, ainda não está decidido o preço da impressão. Cada editora terá uma política própria. Depois, a comissão terá que decidir como será gerida a operação da Pasta do Professor. Há possibilidade de abrir uma empresa para essa finalidade.

As editoras mostram-se entusiasmadas com o projeto. Mas nenhuma delas prevê o impacto da Pasta do Professor no mercado. "A demanda por conteúdo parcial é grande", afirma Roger Trimer, gerente editorial da Pearson Education do Brasil. "Buscou-se uma maneira de apresentar uma solução ao estudante tão cômoda quanto o "xerox", mas de uma maneira legal." Para o executivo, tentar proibir algo é sempre mais difícil do que gerar alternativas eficazes.

José Luiz Próspero, superintendente da editora Saraiva, afirma que os escritores têm recebido de forma positiva o plano. "O projeto piloto é importante para sentir o mercado e adequá-lo à demanda", diz. Mesmo assim, Trimer defende a compra do livro para que o aluno obtenha uma formação mais adequada. Gisela Zingoni, proprietária da editora Gryphus, que publica livros de economia, administração e negócios, concorda. A Gryphus não faz parte do projeto. "O aluno precisa ter uma biblioteca básica referente à sua profissão em casa", diz.

Valor Econômico


Enviado por Ricardo Viana

28 novembro 2006

Sarbox e o custo de evidenciação



Segundo reportagem do Wall Street Journal a aprovação da Sarbox reduziu a vantagem de ter ações negociadas no mercado norte-americano, principalmente em países de boa governança (o que não é o caso do Brasil).

As empresas não-americanas cujas ações são registradas tanto em seu mercado doméstico como numa bolsa dos EUA são tradicionalmente negociadas a uma cotação mais alta, em relação a seu valor patrimonial, ou o valor contábil, do que outras empresas de seus mercados de origem sem papéis nos EUA. Esse ágio pode ser resultado da maior confiança que os investidores depositam numa empresa que cumpre os padrões de registro dos EUA, ou da maior liquidez que ter ações no mercado americano oferece.

(...) O ágio para registro nos EUA e no mercado doméstico foi em média de 51 pontos porcentuais de 1997 a 2001, e depois caiu a 31 entre 2002 e 2005, constatou Zingales [autor da pesquisa].

Isso implica que os investidores viram mais custos que benefícios para a companhia ser registrada nos EUA depois de 2002, diz ele.

Rating


Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a principal razão para mudança no rating de uma empresa é a melhoria do risco país.

Banco Central se posiciona


O Banco Central recusou a proposta de ex-controladores de bancos quebrados, entre os quais o Nacional e o Econômico, para encerrar a liquidação extrajudicial. A razão alegada foi o princípio de defesa do patrimônio público. Para o Bacen, estes bancos querem ficar com recursos públicos do Proer.

Segundo o jornal Valor Econômico, "fontes dessas instituições vem dizendo de forma reservada que o BC tem atrapalhado o acordo."

O lobby a favor destes bancos será grande.

Gol



A Gol está sentindo os problemas decorrentes do acidente aéreo com seu avião mas principalmente a questão do tráfego aéreo. O gráfico ao lado reproduz a cotação da ação da empresa nos últimos seis meses na bolsa de Nova Iorque (linha azul) versus o próprio comportamento da bolsa (de vermelho). É facilmente percebido que o mercado sentiu o impacto desses dois fatos. A parte de baixo do gráfico mostra o volume negociado.

Para comparar, o gráfico abaixo mostra a cotação da TAM, também em Nova Iorque, nos últimos seis meses. A queda nas cotações foi menor.



Clique aqui para ler mais

Blogs de Economia


Uma reportagem do Los Angeles Times do dia 23 de novembro mostra a popularidade dos blogs de economia entre o público norte-americano. Um desses blogs, o Marginal Revolution, recebe quase 20 mil visitas por dia. Até o economista Becker, vencedor do Nobel e ex-colunista da Business Week, também possui um blog com uma boa visitação, apesar de sua atualização ser semanal.

A reportagem estima que entre os 100 sites mais visitados da blogosfera, 4 ou 5 são de economia.

27 novembro 2006

Links


Sobre o controle das ações no mercado brasileira - clique aqui

A questão da Telemar - clique aqui

O impacto da melhoria da avaliação do risco país na avaliação - clique aqui

Americanas.com e Submarino


Detalhes sobre a operação entre as Americanas.com e Submarino foram reveladas e utilizando a reportagem que saiu na imprensa econômica:

=> será criada uma nova empresa, por enquanto denominada B2W Companhia Global de Varejo.

=> Os nomes Americanas.com e Submarino sobreviverão

=> A controladora será a Americanas.com, que terá 5 membros no Conselho de Administração contra 4 da Submarino

=> Os acionistas do Submarino terão que aprovar o negócio em Assembléia Geral. Os da Lojas Americanas já aprovaram.

=> Representa a maior fusão de empresas abertas de capital pulverizado listadas no Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).

=> A empresa B2W terá faturamento bruto de mais de R$ 2,2 bilhões

=> cada ação do Submarino nas mãos dos minoritários será trocada por uma ação da B2W. A Lojas Americanas terá 53,25% da empresa e o Submarino, 46,75%.

=> Haverá sinergias - olha a palavra mágina aparecendo! - segundo alguns especialistas. Particularmente tenho dúvidas (sempre tenho quando aparece esta palavra)

= Haverá redução de pessoal (contraditório com o anterior, é claro) mas as empresas negam.

=> Alguém no mercado já sabia da operação. Segundo o Jornal do Commercio (24/11/2006) nos últimos 30 dias a ação da Submarino subiu 30% (versus 8,5% do Ibovespa). Os jornais divulgaram antes de sair o fato relevante.

26 novembro 2006

Fatos da Semana


1. Persiste a questão Vale e Funai - Clique aqui para ler. Aqui também

2. O Bradesco é notícia positiva pelo sucesso na Bolsa de Nova Iorque - Clique aqui

3. Americanas e Submarino decidem unir forças - Clique aqui

4. Unibanco chega a um acordo com a família Magalhães Pinto - Clique aqui

5. Os problemas financeiros nas Olimpíadas de Londres alertam para a questão dos jogos Pan-Americanos (alguém já viu alguma prestação de contas?) e para futuras candidaturas brasileiras - Clique aqui

O sucesso do Bradesco


Texto do Jornal de Commercio (21/11) sobre as negociações de ações do Bradesco na Bolsa de Nova Iorque:

Sucesso do Bradesco em Wall Street

É o banco latino-americano de maior liquidez na Bolsa de Nova York

LUCIANNE CARNEIRO
DO JORNAL DO COMMERCIO

Em um dia considerado histórico nos 63 anos de existência do Bradesco, o presidente Márcio Cypriano e integrantes da diretoria do banco comemoraram ontem cinco anos de bem sucedida negociação de ações da instituição financeira na Bolsa de Valores de Nova York. "Alcançamos, nestes cinco anos, a condição de banco latino-americano com a maior liquidez do mercado", destacou o executivo, que ao fim do dia tocou o sino de fechamento do pregão.

Cypriano citou extensa lista de indicadores que mostram melhora significativa da instituição desde novembro de 2001, quando as ações do banco começaram a ser negociadas na Bolsa de Nova York. Atualmente, 30% das ações do banco já estão na mão de investidores estrangeiros e há interesse em ampliar este percentual, garantindo ainda mais liquidez às ações do banco.

"Muita coisa aconteceu com o Bradesco e com a economia brasileira nesse período. O Bradesco reafirmou sua posição de liderança entre as instituições financeiras privadas da América Latina, nossa base de clientes chega, hoje, a 17 milhões, fruto de crescimento orgânico e da aquisição estratégica de outras instituições financeiras, além de forte processo de bancarização", disse.

Valor de mercado: US$ 35,3 bi. O valor de mercado do Bradesco atingiu US$ 35,3 bilhões neste ano, ante US$ 7,1 bilhões em 2001. A consultoria Economática mostra que a valorização das ações ordinárias (ON) do Bradesco foi de 768% em dólar nos últimos 5 anos, enquanto as preferenciais (PN) subiram 540%, percentuais superiores aos Índices Bovespa, Dow Jones e Nasdaq.

O volume médio diário anual de negociação era US$ 12,5 milhões em 2001 e foi ampliado para US$ 93,7 milhões. O volume girado em ADRs em Nova York passou de 22,5% da liquidez em 2001 para 128%. "Agora, o volume de ADRs (American Depositary Receipts) já é equivalente a 128% do que se negocia em São Paulo", resumiu Cypriano.

"O total de ativos mais que dobrou nos últimos cinco anos, assim como nosso patrimônio líquido. O lucro cresceu e lidera o setor bancário privado há oito trimestres consecutivos. A carteira de crédito dobrou em relação a 2001, com a inadimplência mantendo-se estável. A rentabilidade alcançou novo patamar, da ordem de 30% e assim vem se mantendo. Esses resultados originaram-se na escolha de estratégias acertadas, adequadas ao desempenho da economia brasileira", disse, ressaltando que o Bradesco é o único banco latino-americano a participar do grupo com ativos superiores a US$ 100 bilhões.

O Bradesco foi o responsável pelo maior lucro anual do sistema financeiro da América Latina, de US$ 2,4 bilhões em 2005.

Contribuíram para o avanço das operações nos últimos cinco anos, segundo Cypriano, as cerca de 30 aquisições, parcerias de crédito e acordos de empréstimo consignado no período. Entre elas, citou as compras do Banco Mercantil de São Paulo, BBVA, Banco Boavista e o Banco Cidade, o acordo com as Casas Bahia, a parceria com a American Express e a privatização dos bancos dos estados do Ceará (BEC) e do Maranhão (BEM). Além disso, destacou o processo de segmentação do atendimento do banco.

"Temos tradição de 63 anos de lucros ininterruptos. Tudo isso nos dá diferencial competitivo e a certeza de que continuaremos a melhorar, ano a ano, os nossos resultados", afirmou. Ele acrescentou que o Bradesco ocupa a quarta posição entre empresas financeiras e não-financeiras cujas ações são as mais negociadas da América Latina.

Nos encontros com analistas, foi reforçado o interesse do Bradesco em ampliar as operações de seu banco de investimentos. Em fevereiro, as operações de banco de investimento, gestão de recursos, tesouraria e corretora da instituição financeira foram agrupadas no Banco Bradesco de Investimento (BBI). Um dos objetivos da nova estrutura é apoiar aquisições de ativos no exterior por empresas brasileiras.

"O banco olha com muita atenção e está disposto a participar dessas operações grandes, é um dos objetivos do banco de investimento", disse Cypriano, lembrando que o banco participou da aquisição da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Na apresentação aos analistas, Márcio Cypriano ressaltou o otimismo com o futuro da economia brasileira e disse que o banco está preparado para desenvolvimento mais acentuado do País.

"O Brasil preparou nos últimos anos base sólida para o lançamento de um novo ciclo longo de crescimento, que seja consistente e sustentável. Temos inflação sob controle, saldos crescentes na balança comercial, reservas internacionais confortáveis. A expectativa para 2007 é da continuação da queda dos juros primários", apontou.

Cypriano afirmou que o banco manterá sua estratégia de vender participações em negócios que não estejam no foco principal do grupo: banco e seguros. O movimento foi iniciado com a cisão da Bradespar, mas será mantido.

No início de novembro, o Bradesco vendeu a participação no capital social ordinário da Usiminas, de 2,8%. "O banco tem saído de quase todas as participações que não são relevantes para o nosso negócio", disse o presidente do Bradesco.

Apoio, na China, a exportadores brasileiros

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, anunciou que banco estuda a instalação de escritório de representação na China para atender a exportadores brasileiros que atuem naquele país, mas não precisou data para este investimento.

"Já temos participação no mercado chinês por meio de nosso acordo operacional com o Tokyo Mitsubishi UFJ, que mantém rede de agências na China. Porém, o vigor da expansão econômica chinesa já justifica uma presença direta para o atendimento das empresas brasileiras que estão lá, como Petrobras, Vale e Embraer. Com a abertura do mercado chinês, estamos pensando em abrir um escritório de representação lá, se os estudos confirmarem nossas expectativas positivas", anunciou Cypriano. O executivo acrescentou que devem ser prospectados negócios em outros mercados emergentes, como a África, por exemplo.

Na última semana, ele já tinha afirmado que a busca por mercados fora do Brasil está no planejamento estratégico do banco para os próximos dez anos.

A China deve iniciar a abertura de seu setor bancário no dia 11 de dezembro, como parte de uma série de reformas exigidas para sua integração à Organização Mundial do Comércio (OMC), ocorrida em 2001. Atualmente, investidores estrangeiros não podem investir no setor financeiro no País e a fragilidade do sistema financeiro é apontada como uma das maiores ameaças ao crescimento da economia chinesa.

A princípio, Cypriano descartou a possibilidade de o banco brasileiro atuar no varejo na China e ressaltou que o objetivo da operação será apoiar exportadores brasileiros na China. Ele explicou que o estudo é para a instalação de um escritório de representação e não de um banco. Não há intenção de realizar operações de crédito.

"O que vamos fazer é um escritório de representação, não um banco. Nós não vamos fazer operação de crédito", disse ele.

"Não temos intenção de fazer varejo fora do Brasil, até porque ainda temos no País muito para caminhar em bancarização de 40% da população economicamente ativa que ainda não possui conta em bancos. O objetivo de nós abrirmos eventualmente um escritório na China seria basicamente para atender operações de trade finance através de nossos clientes que são exportadores para a China", apontou.

Segundo o executivo, o volume de capital necessário para fazer um escritório de representação na China é próximo de US$ 25 milhões. "Não é nada tão expressivo que possa trazer qualquer tipo de preocupação (sobre garantias)", disse.

Cypriano informou que o Bradesco prevê ampliar o serviço de remessas oferecido aos brasileiros residentes nos Estados Unidos. Para isso, iniciou conversações com várias instituições financeiras locais para buscar parcerias que aumentem a capacidade de prestação de serviços do Bradesco.

As remessas de recursos de brasileiros através do Bradesco totalizaram US$ 400 milhões entre janeiro e outubro deste ano, ante US$ 383 milhões em todo o ano de 2005. As operações partem principalmente de residentes no Japão, Europa Ibérica e Estados Unidos.

As Comparações entre setores


Um artigo interessante sobre as comparações inter-setoriais. Publicado na Gazeta de 22/11:

Governança Corporativa - Comparações inter-setoriais

22 de Novembro de 2006 - Um dos vícios em relações com investidores é sempre se comparar com outras empresas do setor. Isso ocorre por duas razões principais: a primeira é uma competitividade natural com as companhias que disputam o mesmo mercado; ademais, a própria diretoria sempre encara seu negócio comparando-o com a concorrência.
A outra é que os próprios analistas, sobretudo os de sell-side que possuem maior contato com a companhia, são especializados por setores, avaliam assim os resultados e, sempre que demandam alguma informação extra, falam que "a outra companhia passa esses dados".
De fato, não há mal nenhum em realizar um benchmark do setor. Se todos seus competidores abrirem uma dada informação, é imprescindível que você faça o mesmo. Se nenhum deles o fizer, você pode escolher entre ser um exemplo ou simplesmente seguir o padrão.
O que não pode acontecer é restringir-se ao seu próprio setor e perder o contato com o restante do mercado. Afinal, não custa lembrar que, para o mercado acionário, é melhor ser a companhia com pior performance de um setor com resultados excelentes do que ser a companhia com melhor performance de um setor em crise.
Alguns setores são conhecidos pela transparência e detalhamento de suas informações financeiras, enquanto outros não fornecem sequer um fluxo de caixa. Então, existe um espaço para a comparação no planejamento, mas não deve ser o único. É importante lembrar também que parte significativa dos investidores é estrangeira, então é relevante realizar essas comparações com benchmarks globais.
Outro erro comum em relação ao setor é assumir que os analistas e investidores já conhecem as tendências do mercado como um todo e que é preciso apontar apenas as particularidades da própria companhia.
O grau de importância e o tipo de informações setoriais variam muito de setor para setor.
Por exemplo, no caso de uma companhia que produz e vende commodities, os preços praticados pela companhia dependem fundamentalmente do mercado. Então, comentários sobre as perspectivas de demanda e oferta dos produtos são vitais, uma vez que, não raro, esses fatores exógenos são os principais determinantes da rentabilidade - por mais que a companhia tenha uma perspectiva particular interessante para apresentar, seja em termos de eficiência, custos, qualidade, distribuição, etc..
Em outros, pode ser que o setor não seja tão fundamental na precificação em si, mas podem apontar outras importantes tendências. Por exemplo, a demanda do varejo tem tido forte aceleração em função do crescimento da oferta de crédito pessoal. Da mesma forma, as menores taxas de juros e prazos mais longos também têm apontado tendências muito positivas para o mercado de bens duráveis, como o setor imobiliário e automotivo.
Finalmente, as companhias podem apresentar fatores pontuais que afetam de maneira permanente seus mercados. Companhias de cigarro e bebidas podem enfrentar restrições regulatórias em termos de marketing ou mesmo de venda, afetando suas vendas.
Por outro lado, as companhias públicas desses setores sofrem muito com o mercado informal, onde não se pagam impostos, há concorrência desleal e preços mais baixos. Assim, sempre que o governo anuncia alguma medida capaz de coibir essas práticas, é positivo para essas companhias.
Muitas dessas tendências podem parecer óbvias para dirigentes da própria companhia ou analistas do setor. No entanto, certamente esse não é o caso de alguns administradores de portfólios ou analistas de buy-side, que precisam acompanhar dezenas de empresas simultaneamente.
Além disso, a diretoria da empresa deveria ser quem melhor entende o mercado. Com auxílio de consultorias, força de vendas trabalhando o dia-a-dia, equipes montadas para identificar as tendências, uma companhia certamente está melhor posicionada para opinar sobre tendências de mercado que um analista trabalhando sozinho.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Márcio Veríssimo - Consultor, especial para Gazeta MercantilE-mail: ri@gazetamercantil.com.br )