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29 novembro 2006

Novos Mestrados

A CAPES aprovou três novos mestrados em Contabilidade: UFBA (federal da Bahia), UFMG e UFPE. Parabéns para as três instituições de ensino.

Pesquisa sobre Mulheres


Duas pesquisas sobre mulheres, notícia do Blue Bus:

1. Mas as mulheres passam 8 anos e meio de suas vidas fazendo compras - Uma pesquisa da GE Money realizada na Inglaterra diz que as mulheres saem para as compras em media 301 vezes por ano. Dedicam a isso um total de 399 horas e 46 minutos. Considerando as compras de comida e roupas para a familia ao longo de uma vida, as mulheres passam mais de 25 mil horas em lojas, shoppings e supermercados. É o equivalente a 8 anos e meio - usando como referência um dia de trabalhao de horario convencional, das 09:00 as 17:00. Noticia do Daily Mail.

2. Mulheres falam 20 mil palavras por dia, os homens só 13 mil - As mulheres falam quase 3 vezes mais do que os homens e têm mais celulas do cérebro envolvidas na tarefa de falar. É o que diz a Dra Luan Brizendine, psiquiatra, que está lançando na Inglaterra 'The Female Mind'. Afirma que as mulheres falam em media 20 mil palavras por dia - enquanto os homens falam cerca de 13 mil. A diferença seria explicada por uma questao hormonal desde a formaçao dos bebês no utero. Ainda de acordo com a Dra Brizendine, por conta do hormonio testosterona, a area da audiçao seria menor nos cerebros masculinos - o que deixaria os homens 'surdos' para o falatorio feminino. Noticia do Daily Mail.

culpado ou Inocente?


"Culpado ou Inocente?"

Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino e, por isso, desde o primeiro momento se procurou um "bode expiatório" para acobertar o verdadeiro assassino.

O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.

O juiz, que também foi comprado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado para que este provasse sua inocência.

- Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor: vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e no outro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O Senhor decidirá seu destino - determinou o juiz.

Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance de o acusado se livrar da forca.

Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a "vibração", aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.

- Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber o seu veredicto?

- É muito fácil. - respondeu o homem - Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o contrário.

Imediatamente o homem foi liberado.

MORAL DA HISTORIA:
Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até o último momento. Saiba que, para qualquer problema, há sempre uma saída. Não desista, não entregue os pontos, não se deixe derrotar. Vá em frente apesar de tudo e de todos, creia que pode conseguir


Enviado por nosbor

Editoras combatem fotocópias

Editoras unem-se para combater fotocópias de livros
Tainã Bispo
27/11/2006

As principais editoras de livros técnico-científicos decidiram descruzar os braços e combater a pirataria de livros. No primeiro semestre de 2007, elas lançarão um projeto chamado Pasta do Professor.

O objetivo é eliminar os arquivos de textos em papel e digitalizá-los. Hoje, nas universidades é comum o professor selecionar e fotocopiar trechos de livros para que os alunos não tenham de comprá-los. Uma vez digital, o "xerox" deixa de ser ilegal.

A fotocópia já causou graves danos para o segmento de livros técnico-científicos. Entre 1995 e 2005, o setor encolheu 35% em números de exemplares vendidos, para 19,9 milhões de cópias. Hoje, o negócio de "xerox" fatura o mesmo, ou até mais, do que as editoras desse segmento - algo em torno de R$ 384,7 milhões em 2005.

O projeto está sendo desenvolvido e bancado por uma comissão de editoras técnico-científicas, mas está aberto a editoras de todos os segmentos. Empresas como Atlas, Saraiva, Pearson Education do Brasil, Campus/Elsevier e Forense dedicam-se, há um ano e meio, a criar uma alternativa às empresas de fotocópia que se instalam perto ou dentro das instituições de ensino. Nessa união de esforços - que hoje envolve 14 empresas ou 80% das editoras de técnico-científico - criou-se o Pasta do Professor.

A comissão contratou a empresa de tecnologia Neoris para criar uma plataforma que já está pronta. Segundo Luiz Herrmann Junior, presidente da Atlas, a idéia é a seguinte: as editoras irão armazenar, em um centro de dados, o conteúdo que escolherem, principalmente aqueles mais requisitado pelos professores universitários. O professor, por sua vez, entrará nesse centro e escolherá os capítulos dos livros que utilizará em sala de aula. A segurança da tecnologia é uma das maiores preocupações das companhias.

Esse conteúdo será vendido através de parceiros, que poderão ser as próprias empresas de "xerox", as instituições de ensino e livrarias. Os parceiros terão um computador padrão e uma impressora digital acoplada à máquina. Cada arquivo poderá ser impresso apenas uma vez. A comissão ainda está decidindo pelo fabricante do computador e da impressora.

Assim que a impressão for completada, o software fará o controle de quanto deve ser pago às editoras e aos autores - geralmente, os escritores recebem 10% do preço de capa do livro físico.

O grupo de editoras, no entanto, ainda precisa revolver algumas pendências antes de lançar o produto. Primeiro, ainda não está decidido o preço da impressão. Cada editora terá uma política própria. Depois, a comissão terá que decidir como será gerida a operação da Pasta do Professor. Há possibilidade de abrir uma empresa para essa finalidade.

As editoras mostram-se entusiasmadas com o projeto. Mas nenhuma delas prevê o impacto da Pasta do Professor no mercado. "A demanda por conteúdo parcial é grande", afirma Roger Trimer, gerente editorial da Pearson Education do Brasil. "Buscou-se uma maneira de apresentar uma solução ao estudante tão cômoda quanto o "xerox", mas de uma maneira legal." Para o executivo, tentar proibir algo é sempre mais difícil do que gerar alternativas eficazes.

José Luiz Próspero, superintendente da editora Saraiva, afirma que os escritores têm recebido de forma positiva o plano. "O projeto piloto é importante para sentir o mercado e adequá-lo à demanda", diz. Mesmo assim, Trimer defende a compra do livro para que o aluno obtenha uma formação mais adequada. Gisela Zingoni, proprietária da editora Gryphus, que publica livros de economia, administração e negócios, concorda. A Gryphus não faz parte do projeto. "O aluno precisa ter uma biblioteca básica referente à sua profissão em casa", diz.

Valor Econômico


Enviado por Ricardo Viana

28 novembro 2006

Sarbox e o custo de evidenciação



Segundo reportagem do Wall Street Journal a aprovação da Sarbox reduziu a vantagem de ter ações negociadas no mercado norte-americano, principalmente em países de boa governança (o que não é o caso do Brasil).

As empresas não-americanas cujas ações são registradas tanto em seu mercado doméstico como numa bolsa dos EUA são tradicionalmente negociadas a uma cotação mais alta, em relação a seu valor patrimonial, ou o valor contábil, do que outras empresas de seus mercados de origem sem papéis nos EUA. Esse ágio pode ser resultado da maior confiança que os investidores depositam numa empresa que cumpre os padrões de registro dos EUA, ou da maior liquidez que ter ações no mercado americano oferece.

(...) O ágio para registro nos EUA e no mercado doméstico foi em média de 51 pontos porcentuais de 1997 a 2001, e depois caiu a 31 entre 2002 e 2005, constatou Zingales [autor da pesquisa].

Isso implica que os investidores viram mais custos que benefícios para a companhia ser registrada nos EUA depois de 2002, diz ele.

Rating


Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a principal razão para mudança no rating de uma empresa é a melhoria do risco país.

Banco Central se posiciona


O Banco Central recusou a proposta de ex-controladores de bancos quebrados, entre os quais o Nacional e o Econômico, para encerrar a liquidação extrajudicial. A razão alegada foi o princípio de defesa do patrimônio público. Para o Bacen, estes bancos querem ficar com recursos públicos do Proer.

Segundo o jornal Valor Econômico, "fontes dessas instituições vem dizendo de forma reservada que o BC tem atrapalhado o acordo."

O lobby a favor destes bancos será grande.

Gol



A Gol está sentindo os problemas decorrentes do acidente aéreo com seu avião mas principalmente a questão do tráfego aéreo. O gráfico ao lado reproduz a cotação da ação da empresa nos últimos seis meses na bolsa de Nova Iorque (linha azul) versus o próprio comportamento da bolsa (de vermelho). É facilmente percebido que o mercado sentiu o impacto desses dois fatos. A parte de baixo do gráfico mostra o volume negociado.

Para comparar, o gráfico abaixo mostra a cotação da TAM, também em Nova Iorque, nos últimos seis meses. A queda nas cotações foi menor.



Clique aqui para ler mais

Blogs de Economia


Uma reportagem do Los Angeles Times do dia 23 de novembro mostra a popularidade dos blogs de economia entre o público norte-americano. Um desses blogs, o Marginal Revolution, recebe quase 20 mil visitas por dia. Até o economista Becker, vencedor do Nobel e ex-colunista da Business Week, também possui um blog com uma boa visitação, apesar de sua atualização ser semanal.

A reportagem estima que entre os 100 sites mais visitados da blogosfera, 4 ou 5 são de economia.

27 novembro 2006

Links


Sobre o controle das ações no mercado brasileira - clique aqui

A questão da Telemar - clique aqui

O impacto da melhoria da avaliação do risco país na avaliação - clique aqui

Americanas.com e Submarino


Detalhes sobre a operação entre as Americanas.com e Submarino foram reveladas e utilizando a reportagem que saiu na imprensa econômica:

=> será criada uma nova empresa, por enquanto denominada B2W Companhia Global de Varejo.

=> Os nomes Americanas.com e Submarino sobreviverão

=> A controladora será a Americanas.com, que terá 5 membros no Conselho de Administração contra 4 da Submarino

=> Os acionistas do Submarino terão que aprovar o negócio em Assembléia Geral. Os da Lojas Americanas já aprovaram.

=> Representa a maior fusão de empresas abertas de capital pulverizado listadas no Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).

=> A empresa B2W terá faturamento bruto de mais de R$ 2,2 bilhões

=> cada ação do Submarino nas mãos dos minoritários será trocada por uma ação da B2W. A Lojas Americanas terá 53,25% da empresa e o Submarino, 46,75%.

=> Haverá sinergias - olha a palavra mágina aparecendo! - segundo alguns especialistas. Particularmente tenho dúvidas (sempre tenho quando aparece esta palavra)

= Haverá redução de pessoal (contraditório com o anterior, é claro) mas as empresas negam.

=> Alguém no mercado já sabia da operação. Segundo o Jornal do Commercio (24/11/2006) nos últimos 30 dias a ação da Submarino subiu 30% (versus 8,5% do Ibovespa). Os jornais divulgaram antes de sair o fato relevante.

26 novembro 2006

Fatos da Semana


1. Persiste a questão Vale e Funai - Clique aqui para ler. Aqui também

2. O Bradesco é notícia positiva pelo sucesso na Bolsa de Nova Iorque - Clique aqui

3. Americanas e Submarino decidem unir forças - Clique aqui

4. Unibanco chega a um acordo com a família Magalhães Pinto - Clique aqui

5. Os problemas financeiros nas Olimpíadas de Londres alertam para a questão dos jogos Pan-Americanos (alguém já viu alguma prestação de contas?) e para futuras candidaturas brasileiras - Clique aqui

O sucesso do Bradesco


Texto do Jornal de Commercio (21/11) sobre as negociações de ações do Bradesco na Bolsa de Nova Iorque:

Sucesso do Bradesco em Wall Street

É o banco latino-americano de maior liquidez na Bolsa de Nova York

LUCIANNE CARNEIRO
DO JORNAL DO COMMERCIO

Em um dia considerado histórico nos 63 anos de existência do Bradesco, o presidente Márcio Cypriano e integrantes da diretoria do banco comemoraram ontem cinco anos de bem sucedida negociação de ações da instituição financeira na Bolsa de Valores de Nova York. "Alcançamos, nestes cinco anos, a condição de banco latino-americano com a maior liquidez do mercado", destacou o executivo, que ao fim do dia tocou o sino de fechamento do pregão.

Cypriano citou extensa lista de indicadores que mostram melhora significativa da instituição desde novembro de 2001, quando as ações do banco começaram a ser negociadas na Bolsa de Nova York. Atualmente, 30% das ações do banco já estão na mão de investidores estrangeiros e há interesse em ampliar este percentual, garantindo ainda mais liquidez às ações do banco.

"Muita coisa aconteceu com o Bradesco e com a economia brasileira nesse período. O Bradesco reafirmou sua posição de liderança entre as instituições financeiras privadas da América Latina, nossa base de clientes chega, hoje, a 17 milhões, fruto de crescimento orgânico e da aquisição estratégica de outras instituições financeiras, além de forte processo de bancarização", disse.

Valor de mercado: US$ 35,3 bi. O valor de mercado do Bradesco atingiu US$ 35,3 bilhões neste ano, ante US$ 7,1 bilhões em 2001. A consultoria Economática mostra que a valorização das ações ordinárias (ON) do Bradesco foi de 768% em dólar nos últimos 5 anos, enquanto as preferenciais (PN) subiram 540%, percentuais superiores aos Índices Bovespa, Dow Jones e Nasdaq.

O volume médio diário anual de negociação era US$ 12,5 milhões em 2001 e foi ampliado para US$ 93,7 milhões. O volume girado em ADRs em Nova York passou de 22,5% da liquidez em 2001 para 128%. "Agora, o volume de ADRs (American Depositary Receipts) já é equivalente a 128% do que se negocia em São Paulo", resumiu Cypriano.

"O total de ativos mais que dobrou nos últimos cinco anos, assim como nosso patrimônio líquido. O lucro cresceu e lidera o setor bancário privado há oito trimestres consecutivos. A carteira de crédito dobrou em relação a 2001, com a inadimplência mantendo-se estável. A rentabilidade alcançou novo patamar, da ordem de 30% e assim vem se mantendo. Esses resultados originaram-se na escolha de estratégias acertadas, adequadas ao desempenho da economia brasileira", disse, ressaltando que o Bradesco é o único banco latino-americano a participar do grupo com ativos superiores a US$ 100 bilhões.

O Bradesco foi o responsável pelo maior lucro anual do sistema financeiro da América Latina, de US$ 2,4 bilhões em 2005.

Contribuíram para o avanço das operações nos últimos cinco anos, segundo Cypriano, as cerca de 30 aquisições, parcerias de crédito e acordos de empréstimo consignado no período. Entre elas, citou as compras do Banco Mercantil de São Paulo, BBVA, Banco Boavista e o Banco Cidade, o acordo com as Casas Bahia, a parceria com a American Express e a privatização dos bancos dos estados do Ceará (BEC) e do Maranhão (BEM). Além disso, destacou o processo de segmentação do atendimento do banco.

"Temos tradição de 63 anos de lucros ininterruptos. Tudo isso nos dá diferencial competitivo e a certeza de que continuaremos a melhorar, ano a ano, os nossos resultados", afirmou. Ele acrescentou que o Bradesco ocupa a quarta posição entre empresas financeiras e não-financeiras cujas ações são as mais negociadas da América Latina.

Nos encontros com analistas, foi reforçado o interesse do Bradesco em ampliar as operações de seu banco de investimentos. Em fevereiro, as operações de banco de investimento, gestão de recursos, tesouraria e corretora da instituição financeira foram agrupadas no Banco Bradesco de Investimento (BBI). Um dos objetivos da nova estrutura é apoiar aquisições de ativos no exterior por empresas brasileiras.

"O banco olha com muita atenção e está disposto a participar dessas operações grandes, é um dos objetivos do banco de investimento", disse Cypriano, lembrando que o banco participou da aquisição da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Na apresentação aos analistas, Márcio Cypriano ressaltou o otimismo com o futuro da economia brasileira e disse que o banco está preparado para desenvolvimento mais acentuado do País.

"O Brasil preparou nos últimos anos base sólida para o lançamento de um novo ciclo longo de crescimento, que seja consistente e sustentável. Temos inflação sob controle, saldos crescentes na balança comercial, reservas internacionais confortáveis. A expectativa para 2007 é da continuação da queda dos juros primários", apontou.

Cypriano afirmou que o banco manterá sua estratégia de vender participações em negócios que não estejam no foco principal do grupo: banco e seguros. O movimento foi iniciado com a cisão da Bradespar, mas será mantido.

No início de novembro, o Bradesco vendeu a participação no capital social ordinário da Usiminas, de 2,8%. "O banco tem saído de quase todas as participações que não são relevantes para o nosso negócio", disse o presidente do Bradesco.

Apoio, na China, a exportadores brasileiros

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, anunciou que banco estuda a instalação de escritório de representação na China para atender a exportadores brasileiros que atuem naquele país, mas não precisou data para este investimento.

"Já temos participação no mercado chinês por meio de nosso acordo operacional com o Tokyo Mitsubishi UFJ, que mantém rede de agências na China. Porém, o vigor da expansão econômica chinesa já justifica uma presença direta para o atendimento das empresas brasileiras que estão lá, como Petrobras, Vale e Embraer. Com a abertura do mercado chinês, estamos pensando em abrir um escritório de representação lá, se os estudos confirmarem nossas expectativas positivas", anunciou Cypriano. O executivo acrescentou que devem ser prospectados negócios em outros mercados emergentes, como a África, por exemplo.

Na última semana, ele já tinha afirmado que a busca por mercados fora do Brasil está no planejamento estratégico do banco para os próximos dez anos.

A China deve iniciar a abertura de seu setor bancário no dia 11 de dezembro, como parte de uma série de reformas exigidas para sua integração à Organização Mundial do Comércio (OMC), ocorrida em 2001. Atualmente, investidores estrangeiros não podem investir no setor financeiro no País e a fragilidade do sistema financeiro é apontada como uma das maiores ameaças ao crescimento da economia chinesa.

A princípio, Cypriano descartou a possibilidade de o banco brasileiro atuar no varejo na China e ressaltou que o objetivo da operação será apoiar exportadores brasileiros na China. Ele explicou que o estudo é para a instalação de um escritório de representação e não de um banco. Não há intenção de realizar operações de crédito.

"O que vamos fazer é um escritório de representação, não um banco. Nós não vamos fazer operação de crédito", disse ele.

"Não temos intenção de fazer varejo fora do Brasil, até porque ainda temos no País muito para caminhar em bancarização de 40% da população economicamente ativa que ainda não possui conta em bancos. O objetivo de nós abrirmos eventualmente um escritório na China seria basicamente para atender operações de trade finance através de nossos clientes que são exportadores para a China", apontou.

Segundo o executivo, o volume de capital necessário para fazer um escritório de representação na China é próximo de US$ 25 milhões. "Não é nada tão expressivo que possa trazer qualquer tipo de preocupação (sobre garantias)", disse.

Cypriano informou que o Bradesco prevê ampliar o serviço de remessas oferecido aos brasileiros residentes nos Estados Unidos. Para isso, iniciou conversações com várias instituições financeiras locais para buscar parcerias que aumentem a capacidade de prestação de serviços do Bradesco.

As remessas de recursos de brasileiros através do Bradesco totalizaram US$ 400 milhões entre janeiro e outubro deste ano, ante US$ 383 milhões em todo o ano de 2005. As operações partem principalmente de residentes no Japão, Europa Ibérica e Estados Unidos.

As Comparações entre setores


Um artigo interessante sobre as comparações inter-setoriais. Publicado na Gazeta de 22/11:

Governança Corporativa - Comparações inter-setoriais

22 de Novembro de 2006 - Um dos vícios em relações com investidores é sempre se comparar com outras empresas do setor. Isso ocorre por duas razões principais: a primeira é uma competitividade natural com as companhias que disputam o mesmo mercado; ademais, a própria diretoria sempre encara seu negócio comparando-o com a concorrência.
A outra é que os próprios analistas, sobretudo os de sell-side que possuem maior contato com a companhia, são especializados por setores, avaliam assim os resultados e, sempre que demandam alguma informação extra, falam que "a outra companhia passa esses dados".
De fato, não há mal nenhum em realizar um benchmark do setor. Se todos seus competidores abrirem uma dada informação, é imprescindível que você faça o mesmo. Se nenhum deles o fizer, você pode escolher entre ser um exemplo ou simplesmente seguir o padrão.
O que não pode acontecer é restringir-se ao seu próprio setor e perder o contato com o restante do mercado. Afinal, não custa lembrar que, para o mercado acionário, é melhor ser a companhia com pior performance de um setor com resultados excelentes do que ser a companhia com melhor performance de um setor em crise.
Alguns setores são conhecidos pela transparência e detalhamento de suas informações financeiras, enquanto outros não fornecem sequer um fluxo de caixa. Então, existe um espaço para a comparação no planejamento, mas não deve ser o único. É importante lembrar também que parte significativa dos investidores é estrangeira, então é relevante realizar essas comparações com benchmarks globais.
Outro erro comum em relação ao setor é assumir que os analistas e investidores já conhecem as tendências do mercado como um todo e que é preciso apontar apenas as particularidades da própria companhia.
O grau de importância e o tipo de informações setoriais variam muito de setor para setor.
Por exemplo, no caso de uma companhia que produz e vende commodities, os preços praticados pela companhia dependem fundamentalmente do mercado. Então, comentários sobre as perspectivas de demanda e oferta dos produtos são vitais, uma vez que, não raro, esses fatores exógenos são os principais determinantes da rentabilidade - por mais que a companhia tenha uma perspectiva particular interessante para apresentar, seja em termos de eficiência, custos, qualidade, distribuição, etc..
Em outros, pode ser que o setor não seja tão fundamental na precificação em si, mas podem apontar outras importantes tendências. Por exemplo, a demanda do varejo tem tido forte aceleração em função do crescimento da oferta de crédito pessoal. Da mesma forma, as menores taxas de juros e prazos mais longos também têm apontado tendências muito positivas para o mercado de bens duráveis, como o setor imobiliário e automotivo.
Finalmente, as companhias podem apresentar fatores pontuais que afetam de maneira permanente seus mercados. Companhias de cigarro e bebidas podem enfrentar restrições regulatórias em termos de marketing ou mesmo de venda, afetando suas vendas.
Por outro lado, as companhias públicas desses setores sofrem muito com o mercado informal, onde não se pagam impostos, há concorrência desleal e preços mais baixos. Assim, sempre que o governo anuncia alguma medida capaz de coibir essas práticas, é positivo para essas companhias.
Muitas dessas tendências podem parecer óbvias para dirigentes da própria companhia ou analistas do setor. No entanto, certamente esse não é o caso de alguns administradores de portfólios ou analistas de buy-side, que precisam acompanhar dezenas de empresas simultaneamente.
Além disso, a diretoria da empresa deveria ser quem melhor entende o mercado. Com auxílio de consultorias, força de vendas trabalhando o dia-a-dia, equipes montadas para identificar as tendências, uma companhia certamente está melhor posicionada para opinar sobre tendências de mercado que um analista trabalhando sozinho.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Márcio Veríssimo - Consultor, especial para Gazeta MercantilE-mail: ri@gazetamercantil.com.br )

Governança Corporativa


Sobre controles corporativos, publicado na Gazeta de 22/11. Óbvio, mas não deixa de ser importante:

Governança Corporativa - Sair do escritório para testar controle

São Paulo, 22 de Novembro de 2006 - Saber se os controles corporativos estão operando adequadamente é uma das grandes preocupações da administração das companhias. Segundo Sidney Ito, sócio da KPMG, normalmente não é possível testar controles corporativos sem visitar algumas ou todas as localidades ou unidades de negócio que esses controles operam. "A eficácia de alguns controles corporativos, tais como a implantação e aplicação de um código de conduta ou de manuais de contabilidade, é evidenciada fora do escritório central ou da sede da empresa", afirma o consultor.

Uma forma de testar os controles, conforme Ito, é por localidades ou de unidades de negócio. Para isso, o primeiro passo recomendado por Ito é estabelecer o número de localidades a visitar. O ideal é que as localidades inclusas no teste sejam representativas das populações ou de unidades de negócio que, tomadas em conjunto, sejam relevantes. Além disso, a extensão dos testes deve ser sempre maior do que a executada pelo auditor independente.

"A administração pode considerar fatores tais como o grau de centralização dos controles, o compartilhamento do processo, o desenho dos controles entre as unidades e a consistência das políticas contábeis", acrescenta Ito.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Lucia Rebouças)

Vale x Funai 6

A Funai decidiu ir na Justiça de Marabá para obrigar a Vale a ajudar os índios xicrins, que vivem próximo a Carajás. A ajuda, conforme relata o texto a seguir da Folha de São Paulo de 22/11, corresponde a R$596,9 mil por mês. Utilizando uma taxa de desconto de 0,5% ao mês, juros da poupança, isto corresponde a um valor presente de 119 milhões de reais. Leia a seguir a reportagem:

Funai vai à Justiça contra a Vale do Rio Doce

Empresa diz que decreto a desobriga de repassar dinheiro aos índios; para presidente da Funai, mineradora foge do dever

Funai pede na Justiça que a Vale mantenha repasse de R$ 596,9 mil por mês, para prevenir revolta dos índios; juiz ainda não se pronunciou



ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Funai (Fundação Nacional do Índio) entrou com ação cautelar na Justiça Federal de Marabá (PA) para obrigar a Vale do Rio Doce a reiniciar a ajuda financeira aos índios xicrins, que vivem em áreas próximas da mina de Carajás, no sudeste do Pará. A ajuda foi interrompida no fim de outubro, depois da invasão da mina por 200 guerreiros da tribo.
A empresa afirma que um decreto do ex-presidente FHC, que criou a Floresta Nacional de Carajás, em 1998, desobrigou-a de repassar dinheiro às comunidades indígenas próximas da jazida e da ferrovia de Carajás e que continuou a fazê-lo, a partir de então, por mera liberalidade.
A ação cautelar pede que a Vale continue a repassar R$ 596,9 mil por mês aos xicrins, para prevenir uma revolta dos índios, que estariam em "situação periclitante". Até ontem à tarde, o juiz não havia se manifestado. São cerca de mil índios, divididos em duas aldeias.
O presidente da Funai, o antropólogo Mércio Pereira Gomes, diz que não se trata de liberalidade, mas de obrigação legal e contratual da Vale. "É uma compensação por ela ter recebido gratuitamente do governo as jazidas de Carajás." Ele diz que a jazida está em áreas de posse imemorial dos índios, onde estão restos mortais de seus antepassados.
A Vale cancelou o convênio existente havia 17 anos com os xicrins e suspendeu o pagamento das duas últimas parcelas referente ao repasse de R$ 9 milhões acertado para este ano. O acirramento coincide com a aquisição, pela Vale, da segunda maior mineradora mundial de níquel, a Inco, por cerca de US$ 17 bilhões.
A Vale lucrou R$ 4 bilhões no último trimestre. A ajuda prevista para os xicrins em 2006 corresponde ao lucro de quatro horas e meia nesse período. A empresa diz que repassa cerca de R$ 10 mil ao ano por índio e que, proporcionalmente, desembolsa dez vezes mais do que a Funai e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
A Vale denunciou o governo brasileiro na OEA (Organização dos Estados Americanos) por não cumprir suas obrigações com os indígenas.

Acionistas
O diretor de projetos institucionais estratégicos da empresa, Walter Cover, diz que o fato de ser grande não a torna responsável pelas populações carentes em seu entorno e que isso é tarefa do governo. "A empresa tem compromissos com seus acionistas, de crescer e de dar lucro", afirmou.
A Vale admite voltar a ajudar os xicrins, desde que o governo crie projetos que viabilizem a auto-suficiência das comunidades. Reclama que parte do dinheiro foi gasta na compra de carros importados e diz que não quer continuar só custeando consumo.
Gomes contrapõe que a Vale não apresentou nada de concreto para superar o impasse com os xicrins. Sobre a forma como os índios gastam o dinheiro, disse não condenar os caciques por comprarem carros importados e que também não critica os diretores da Vale por morarem em apartamentos de luxo.

Incra
O gerente-geral jurídico da Vale, José Alberto Araújo, diz que a resolução 331/86 do Senado não obriga a empresa a dar dinheiro aos índios porque não lhe foi dada a concessão do uso da terra, como exigia o artigo 3º do documento. O processo ficou no Incra por cinco anos, até ser devolvido por não se tratar de reforma agrária.
O governo e a empresa não se preocuparam com a inexistência da concessão até as vésperas da privatização, em 1997. Em março, dois meses antes do leilão de privatização, o ex-presidente FHC assinou um decreto sem número, reafirmando a autorização para a concessão do direito de uso da terra à empresa.
Um ano depois da privatização, FHC assinou novo decreto criando a Floresta Nacional de Carajás na mesma área onde havia sido autorizado o direito de uso para a Vale. A administração da floresta foi, então, repassada ao Ibama, em convênio com a própria Vale.
Esse decreto é o pivô da confusão jurídica sobre os direitos dos índios. Para a Funai, ele não desobrigou a Vale da ajuda, porque não houve revogação do decreto anterior. Já a empresa sustenta que o decreto de 1997 foi extinto, porque perdeu o objeto.
A Folha perguntou ao Ibama, à Casa Civil da Presidência da República e ao DNPM se o decreto de 97 continua em vigor (o que garantiria o direito dos índios) ou se foi anulado com a criação da floresta, o que tornaria questionável o direito dos índios à ajuda financeira. Nenhum órgão elucidou o fato.
O ex-presidente do Ibama Eduardo Martins, que participou da criação da Floresta Nacional de Carajás, disse à Folha que a questão dos índios nem sequer foi abordada pelas autoridades na elaboração do decreto, em 1998.

25 novembro 2006

Unibanco e Nacional

Na terça-feira os jornais econômicos noticiaram um acerto entre o Unibanco e o Banco Nacional. Quando o Unibanco comprou a parte boa do Banco Nacional, no final de 1995, as relações entre os controladores de ambas as instituições ficaram estremecidas. A reaproximação é interessante para ambas as partes, mas o acerto final depende do Banco Central.

A questão contábil diz respeito ao valor do passivo do Nacional com o Bacen e a forma com deve ser corrigido no tempo. A posição que favorece ao Unibanco seria o passivo ser corrigido pela TR; o Banco Central entende que o passivo deve ser corrigido pelo valor das garantias mais 2%.

Decisões judiciais anteriores favorecem ao acordo entre os bancos. Para o Unibanco, o acordo pode trazer uma vantagem adicional: fica com os créditos tributários.

Clique a seguir para ler as notícias

Unibanco acerta compra do Nacional – Valor Econômico de 21/11/2006

Magalhães Pinto e Unibanco fazem acordo sobre o Nacional – Jornal do Commercio de 21/11/2006
Moreira Salles espera solução para Nacional - Valor Econômico – 24/11/2006

Unibanco nega compra da parte podre do Banco Nacional - Gazeta Mercantil 24/11/2006

24 novembro 2006

Vínculo entre conhecimentos

Não é possível nos dias atuais uma pessoa acreditar que o seu conhecimento de uma determinada área deve ficar restrito ao que acontece naquela área. A transição entre os conhecimentos é continua e por esta razão este espaço fala também de economia, administração, direito etc.

A figura mostra o mapa da cidade de Tel Aviv, onde as cores escuras representam as áreas iluminadas. O sítio Urban Economics utiliza esta imagem para mostrar como é difícil definir o que é área urbana e os seus limites. Alguns espaços em branco mostram a inexistência de prédios; outros é um espaço tão pequeno que poderia ser classificado como zona urbana.



O sítio mostra que é possível utilizar o conceito de fractal para identificação de autosimilaridade. O conceito de fractal tem sido utilizado em diversas ciências.

Poderíamos utilizá-lo na contabilidade financeira? Marcia Athayde mostrou em sua brilhante dissertação de mestrado que o conceito de fractal tem sido usado para pesquisa sobre preços de ativos. Mais especificamente, Márcia trabalhou com preços de cobre e tentou, com as teorias de fractais, determinar se era possível estimar os valores deste ativo.

Como estamos partindo para uma contabilidade a valor justo, a utilização de ferramentas como a teoria dos fractais pode ser interessante para os novos desafios.

23 novembro 2006

Preço da ação e conflito 02


Outra reportagem, agora do Valor Econômico de 21/11/2006, sobre mesmo assunto:

Custo dos conflitos Por Catherine Vieira
Os analistas sempre observaram que as disputas societárias entre acionistas controladores e minoritários puniam as cotações em bolsa dos papéis das companhias em litígio. Agora, pela primeira vez, um trabalho acadêmico avalia o efeito que as notícias sobre esses conflitos têm sobre as ações. No trabalho "Impacto da Divulgação de Disputas entre Acionistas Controladores e Minoritários sobre o Preço das Ações no Brasil", o professor da FEA-USP, Alexandre Di Miceli contabiliza o tamanho do dano em 22 empresas envolvidas em disputa societária entre 2000 e 2006. A perda média ocasionada pelo impacto das notícias foi de 7%. Quando analisados os sete principais conflitos, essa perda média eleva-se para 21%.

O trabalho não analisa cada empresa de forma isolada. "Pretendemos fazer isso nas próximas pesquisas, mas a título de exemplo, pegamos um caso como o da Cosipa, que ocorreu em 2001, e notamos que a desvalorização média foi de 4% ao dia e no acumulado chegou a 60%", diz o autor.

O professor da FEA esclarece que essas perdas referem-se ao chamado retorno anormal negativo, ou seja, a variação das ações nos períodos menos a variação esperada. "Esse retorno esperado é obtido por meio de uma regressão da correlação do papel com o Índice Bovespa", explica Miceli. O mecanismo é utilizado para evitar distorções. "Não adianta dizer que a ação caiu no dia seguinte a uma notícia sobre conflito, é preciso ver o que ocorreu com o mercado".

O trabalho, elaborado com auxílio dos alunos Armando Dias Junior e Antoninno Matazzo e que acaba de ser premiado pelo Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças (Ibef), seção São Paulo, analisa 26 eventos de conflitos societários por meio de notícias nos principais meios de comunicação via internet. "Analisamos apenas a primeira notícia relativa ao conflito e, com isso, chegamos a esse conjunto final de 26 notícias", diz. "Inicialmente coletamos 170, mas reduzimos também em função de outros eventos que poderiam estar influenciando as companhias naquele momento". Foram eliminadas companhias cujas ações têm baixíssima liquidez na bolsa.

O estudo analisa o comportamento das ações num intervalo de 16 dias, sendo cinco antes e dez depois da data de publicação da notícia. Também são comparados com a variação dos papéis nos 50 pregões anteriores à publicação. As disputas envolviam problemas como a troca de ações em condições desfavoráveis, cisão, incorporação, fechamentos "brancos" de capital, diluição e desrespeito a direitos de minoritários. "Nota-se que o poder da notícia é bastante grande, uma vez que muitos dos conflitos sequer estavam na esfera judicial", diz.

Dos 26 conflitos analisados, a maior parte está em empresas do setor de telecomunicações (8). Em seguida vêm os setores de química (5), siderurgia (5), energia elétrica (3), finanças e seguros (2), alimentos e bebidas (1), papel e celulose (1) e outros (1). "O fato de haver mais conflitos nas teles pode ser resultado de vários fatores", analisa Miceli. "É um setor com problemas decorrentes das estruturas de governança criadas nas privatizações e também é um segmento com muitas empresas grandes e de alta liquidez na bolsa".

Chamou também a atenção dos pesquisadores o fato de que o efeito negativo sobre as ações começa cerca de três dias antes da veiculação da notícia e se acentua até o dia seguinte da data de publicação. "Muitas vezes pode não ser exatamente um 'insider', mas investidores mais qualificados que percebem uma informação antes dos demais", avalia Miceli. Segundo ele, os papéis tendem a ensaiar uma recuperação no segundo e no terceiro dias, mas em seguida novo movimento de desvalorização ocorre. "Isso pode eventualmente ser causado por investidores institucionais, como fundos de pensão, que exigem um tempo um pouco maior para tomada de decisões".

Segundo o professor, os chamados "conflitos de agência" (nome técnico para esses embates) vêm sendo cada vez mais estudados no mundo à medida que a idéia do impacto positivo das práticas de governança ganha espaço. Nos países mais desenvolvidos, porém, onde boa parte das companhias têm controle difuso, essas disputas são entre os executivos que as comandam. "No entanto, habitualmente os estudos testam mais o impacto que podem ter a adoção de boas práticas de governança e, nesse trabalho, procurei fazer o caminho oposto e observar os problemas que podem decorrer da ausência destas práticas", explica.

Outra conclusão é a de que os conflitos não vêm se reduzindo com o tempo. Em 2001, foram observados três conflitos relevantes, mas em 2002 o número elevou-se para seis. Em 2003, foram quatro disputas societárias, número que voltou a subir para seis em 2004. O destaque positivo do ano de 2005, em que apenas duas brigas tiveram início, de acordo com o trabalho, logo se desfez este ano. Em 2006, até setembro, foram registradas cinco disputas. "Apesar de todo o movimento orientado para a adoção de boas práticas de governança, não se pode afirmar que os conflitos vêm diminuindo".

Entre as empresas analisadas estão: AmBev, Arcelor, Bamerindus, Biobrás, Bombril, Banco do Brasil, Brasil Telecom, Cataguazes Leopoldina, Cosipa, Eletrobrás, Enersul, Gerdau, Petroquisa, Rhodia Ster, Ripasa, Sanepar, CSN, Tele Centro Oeste Celular, Telefonica Data Holding, Telemar Norte Leste, Tele Norte Leste, Telesp Celular e TIM Participações.

Valor Economico - 21/11/2006

Preço da ação e Conflito 01


Reportagem da Gazeta de 21/11/2006:

Governança Corporativa - Notícia de conflito nas empresas faz ação cair São Paulo, 21 de Novembro de 2006 - O ano de 2006 vai passar para a história empresarial brasileira como o ano da governança corporativa. Nunca se discutiu tanto sobre o tema e nunca tantas companhias se mostraram abertas à busca de transparência, como mostra o aumento das discussões em público de conflitos de interesse envolvendo controladores e acionistas minoritários.

Este ano, o número de conflitos divulgados pela imprensa deve bater recorde. Já foram registradas oito ocorrências, entre elas Telemar e Arcelor, para citar as que mais fizeram barulho na mídia. Na avaliação do professor Alexandre Di Miceli, da Faculdade de Economia da USP, o aumento reflete um maior acompanhamento das empresas por parte de analistas de mercado e indica ainda que o público e a mídia estão mais atentos ao comportamento empresarial.

Miceli foi um dos vencedores do "Prêmio Revelação em Finanças Ibef-SP/KPMG", de 2006, com um estudo onde mostra, usando metodologia estatística, o rombo provocado pela falta de governança corporativa no bolso dos stakeholders (acionistas, fornecedores, consumidores). Segundo o estudo - realizado no período de 2000 e 2006, com base em 26 anúncios veiculados na imprensa, envolvendo 22 empresas -, as ações negociadas em Bolsa perdem em média 7% de seu valor nos dez dias após a divulgação do conflito.

Pesquisa com 22 companhias mostra que, na média, há perda de 7% no valor de mercado. O professor da FEA/USP, Alexandre Di Miceli foi premiado pelo estudo "Impacto das Divulgações de Disputas entre Acionistas e Controladores e Minoritários sobre o preço das Ações", onde demonstra, usando metodologia estatística, o rombo provocado pela falta de governança corporativa no bolso de todos os stakeholders.
O estudo, realizado no período de 2000 e 2006 , com base em 26 anúncios veiculados na imprensa, envolvendo 22 empresas, constatou que as ações negociadas em bolsa perdem, em média, 7% de seu valor nos dez dias após o nome da empresa aparecer na mídia. Entre os casos estudados, o da Cosipa foi o mais alarmante: a empresa chegou a perder 60% do seu valor de mercado.
"Esse resultado corroborou fortemente a hipótese do estudo de que o mercado reage de maneira brusca e negativa a notícias de disputas entre controladores e minoritários e outros conflitos", afirma Miceli.
Número de ocorrências
O setor econômico com maior número de ocorrências, conforme o estudo, foi o de telecomunicações, seguido pelos de química e siderurgia e metalurgia, com cinco ocorrências cada um. Os três foram responsáveis por 70% dos conflitos analisados.
A privatização esteve no centro dos conflitos apresentados por esses setores. Da maneira como foi realizada, criou estruturas de controle nebulosas. De acordo com Miceli, os principais conflitos apresentados pela amostra estudada foram: mudanças no bloco controlador; fechamento "branco" de capital; desrespeito aos direitos dos acionistas minoritários e transações duvidosas.
Como exemplo de transações duvidosas, o estudo cita o caso a multa que a Telefônica levou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por deixar de convocar uma assembléia geral de acionistas para aprovar um contrato com a empresa do mesmo grupo, a Atento, para prestação de serviços de tele-atendimento.Concentração no Brasil
Um outro aspecto relevante do estudo diz respeito à estrutura de propriedade das empresas componentes da amostra. A existência de uma forte concentração de propriedade em países emergentes era esperado. No entanto, o Brasil tem uma concentração acima do esperado. "Aqui para uma pessoa ou grupo se tornar controlador de uma empresa é necessário possuir 50% das ações com direito a voto (ordinárias), mais uma, o que pode ser alcançado com um percentual bem inferior a 50% do capital total da companhia", conta.
Por outro lado, as empresas com menor concentração do direito de voto por um controlador, menor nível de endividamento, emissoras de ADR, maior tamanho e com ações mais líquidas apresentaram, em média, melhor desempenho, conforme o estudo do professor Miceli.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1 e B3)(Lucia Rebouças) - 21/11/2006