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23 novembro 2006

Vale x Funai


Notícia do Estado de hoje sobre o conflito entre Vale e Funai:

Funai e MP vão à Justiça contra Vale

A disputa entre a Companhia Vale do Rio Doce e a Fundação Nacional do Índio (Funai) ganhou novo capítulo com um pedido de liminar à Justiça Federal de Marabá. Junto com o Ministério Público, a Funai pede que a Vale restabeleça o pagamento de R$ 596.915,89 mensais aos índios xicrins, no sudeste do Pará, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. A Vale cortou a indenização após o bloqueio às suas instalações em Carajás, há um mês.

22 novembro 2006

Remédio para quem precisa

Notícia da Reuters informa que prefeito da cidade Novo Santo Antonio, estado de Mato Grosso, começou uma campanha para distribuição de remédios para população idosa. Mais especificamente, para os idosos daquela cidade. Na realidade o prefeito decidiu distribuir um remédio: Viagra. A campanha está provocando uma alteração nos velhinhos de Novo Santo Antônio e recebeu o sugestivo nome de "Pinto Alegre".

21 novembro 2006

Olimpíadas de Londres - Parte 2


O custo de se fazer as Olimpíadas é elevado. A de Londres parece que não foge a regra. Foi revelado que a estimativa inicial, de 2,3 bilhões de libras, deve ultrapassar a 5 bilhões.

Uma das razões decorre de um erro de mensuração. Segundo o Financial Times, de 5 de novembro, os organizadores esqueceram de levar em consideração cerca de 1 bilhão de libras (quase dois bilhões de dólares) referente aos custos dos impostos dos projetos de construção de infraestrutura para os jogos. Estes custos não foram incluídos na proposta dos organizadores em 2004.

E os jogos Pan-Americanos? Quanto custa?

Clique aqui para mais informações

20 novembro 2006

Congresso de Contabilidade

Teremos em 2007 o Primeiro Congresso de Contabilidade organizado pela ANPCONT, que é a associação dos programas de pós-graduação em Contabilidade.

O Congresso

O Congresso ANPCONT pretende ser um evento de importante significado acadêmico-científico da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduaçào em Ciências Contábeis, em nível nacional. Este evento proporciona a interação da comunidade acadêmica, pesquisadores, professores e estudantes, representando um meio de divulgação da produção técnico-científica na área das Ciências Contábeis.



Este congresso concentra discussões relativas à Controladoria e Contabilidade Gerencial; Contabilidade para Usuários Externos; Mercados Financeiro, de Crédito e de Capitais; Educação e Pesquisa em Contabilidade. Sendo assim, o Congresso ANPCONT é um evento que busca estabelecer uma ligação entre estudos acadêmicos e aplicações em organizações, possibilitando aos participantes conhecer mais profundamente os diversos enfoques dos estudos nas Ciências Contábeis.


A primeira edição do Congresso está programada para o período de 17 a 19/6/2007, e com previsão de que ocorra a cada ano, sempre organizado pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis - ANPCONT.


Local de realização: Centro de Eventos Hotel Serra Azul - Gramado/RS
Número estimado de participantes: 200 pessoas
Abrangência do evento: Nacional

Comissão Organizadora

Profª. Dra. Ilse Maria Beuren

Prof. Dr. Fábio Frezatti

Prof. Dr. Jorge Katsumi Niyama

Prof. Dr. Ernani Ott

A realização do I Congresso ANPCONT tem como principais objetivos:
- Debater os temas relevantes das Ciências Contábeis, abordando aspectos referentes aos temas do evento;

- Divulgar a produção técnico-científica da área;

- Fortalecer a produção científica e o intercâmbio dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis do País.

Público-Alvo
O público-alvo do I Congresso ANPCONT são estudantes, professores, pesquisadores e profissionais. Espera-se Tendo em vista o número de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis existentes no Brasil, espera-se que o evento conte com cerca de 200 participantes.

Atividades Previstas
Para atingir os objetivos especificados, há uma série de atividades previstas para o I Congresso ANPCONT: a) sessões temáticas (apresentação de trabalhos); b) palestras; c) painéis; e d) workshops.

a) Sessões Temáticas

Deverão ser aceitos 48 trabalhos, sendo que 24 serão apresentados em sessões temáticas interativas e 24 serão apresentados em sessões temáticas convencionais. No total, estão previstas 16 sessões temáticas. Cada uma dessas sessões irá se desenvolver por um período de aproximadamente uma hora e meia e será constituída pela apresentação e discussão de trabalhos afins.

b) Palestras

Estão previstas três palestras contemplando o tema central do Congresso, que deverão contar com pesquisadores, representantes de órgãos de regulamentação e fiscalização da pós-graduação (CAPES) e de órgãos de fomento à pesquisa (CNPq).

c) Painéis

Estão previstos dois painéis, que contemplarão assuntos relacionados com o tema central do Congresso. Um painel que versará sobre estudos de caso para ensino e outro sobre a qualidade dos Cursos de Doutorado em Ciências Contábeis das universidades americanas.

d)Workshops

Está previsto um workshop que contemplará assuntos relacionados com o tema central do Congresso. O workshop consistirá de tema que abordará a avaliação de trabalhos científicos.

Serviços Incluídos

Conforme as necessidades comuns a qualquer evento, a organização e realização do I Congresso ANPCONT deverão incluir os seguintes serviços:

- ambiente com privacidade e conforto reservado para autoridades e convidados;

- serviço de hospedagem, alimentação e translado aos palestrantes e convidados;

- serviços opcionais de City Tour;

- pacotes promocionais de hotéis e lazer para participantes;

- equipamentos audiovisuais;

- internet;

- avaliação de satisfação dos participantes.


Mais informações, clique aqui

Olimpíadas


A estimativa inicial era de 2.3 bilhões de libras para os Jogos de Londres. O comentário é que deve ultrapassar a 5 bilhões (clique aqui para link em inglês). Isto equivale a 300 novos hospitais (clique aqui). Vale a pena?

Lei e mercado


Trabalho de Rafael La Porta, Florencio Lopes-de-Silanes e Andrei Shleifer, do número de fevereiro de 2006 do Journal of Finance, procurou estabelecer o impacto da lei no desenvolvimento do mercado acionário de 49 países, inclusive o Brasil (Planilha com dados, em Excel, pode ser obtida aqui). Até que ponto o nível de evidenciação possui relação com as características legais de cada país. Achei interessante a metodologia de pesquisa utilizada pelos autores, pouco comum em artigos publicados no Journal of Finance: questionários para advogados (um questionário para cada país) descrevendo a lei do mercado de capitais. O Brasil saiu mal em exigências de evidenciação.

19 novembro 2006

Rir é o melhor remédio 23

Razão do aumento da terceirização


É inegável que tivemos um aumento na terceirização nos últimos anos. Uma das razões para este aumento pode ser explicado pela teoria da agência. Como?

"A terceirização dos negócios [ocorreu] (...) também por que se tornou mais fácil para as empresas monitorarem e previnir os custos de agência da terceirização."

Fonte: Economic

Poder da economia


Uma reportagem do mês passado mostra como é importante cultivar bons hábitos econômicos desde cedo. Utilizando como mote uma propaganda que incentiva o pai a presentear seu filho com um celular, a jornalista Mara Luquet, especialista em finanças pessoais, mostra que este mero presente, se trocado por aplicações financeiras, pode render um apartamento. É o poder dos juros compostos.

A seguir a reportagem, do Valor Econômico de 16 de outubro de 2006.

Em vez de celular, dê um apartamento para seu filho de 4 anos

Mara Luquet
Na última semana, foi possível ver o avanço tecnológico no portfólio de presentes para crianças. O que chamou mais a atenção foi um celular feito especialmente para crianças a partir dos 4 anos de idade.

Fala sério!!! Celular para crianças a partir de 4 anos?! Mas os produtos foram lançados porque há um enorme mercado. Crianças adoram celulares e os pais compram. Na verdade, os pais também adoram e há muitos argumentos em defesa, como a facilidade para encontrar seus filhos. Mas o fato é que crianças de 4 anos não andam desacompanhadas. E mesmo as mais velhas deveriam contar com mais atenção de seus pais do que simplesmente carregarem um celular. Mas essa é outra discussão.

A proposta é: dê um apartamento para seu filho, não o celular.

Simulação feita pelo economista Robinson Moraes, da equipe do Valor Data, mostrou que o valor desse celular, anunciado pela bagatela de R$ 800, pode render ao seu filho um bom dinheiro. Uma aplicação inicial de R$ 800, mais mensais de R$ 50 (o equivalente à conta de telefone, numa projeção muito conservadora) a uma taxa média anual de 8% chega ao final de 18 anos a R$ 26,6 mil. Se a carteira de investimento tiver um perfil mais agressivo e conseguir uma taxa média anual de 10% de retorno, o valor chega a R$ 33,3 mil.

Você pode então resgatar o dinheiro porque seu filho de 4 anos, que não ganhou o celular, terá 22. Mas se não o fizer e deixar aplicado por mais 20 anos, sem fazer nenhum aporte adicional, ele chegará à meia idade com um presente de R$ 155 mil (a uma taxa de 8% ao ano) ou de R$ 223 mil (a uma taxa de 10%). Um presentão que não exigiu nenhum esforço financeiro.

Adultos que aprendem na infância que os recursos são escassos costumam se tornar consumidores conscientes, o que faz bem não apenas para ele, mas para toda a comunidade. Sobre este tema vale a pena conhecer o trabalho do Instituto Akatu (www.akatu.org) e apresentá-lo também ao seu filho.

Agora, se você quer ajudar seu filho a alcançar a independência financeira e ainda contribuir para a boa saúde física e mental dele, então vá além. Aproveite a semana para fazer uma verdadeira limpeza nas quinquilharias eletrônicas que ele acumula no quarto. Comece pela televisão. É normal crianças e adolescentes terem suas próprias televisões no quarto. Um erro grave, segundo especialistas. Um estudo recente da Kaiser Family Foundation (www.kff.org) diz que 43% das crianças entre 4 e 6 anos têm televisão no quarto.

Esse mesmo grupo vê mais do que duas horas de TV por dia. A recomendação da Academia Americana de Pediatras (www.aap.org) é de que crianças acima de dois anos vejam no máximo duas horas de TV por dia. Para crianças abaixo de dois anos, a recomendação da academia é de que elas não assistam TV. No entanto, segundo a pesquisa da fundação Kaiser, mais de 40% dos bebês de até dois anos assistem TV todos os dias.

Quando questionados por que compraram a televisão para o quarto do filho, 55% dos pais responderam que essa era a forma de evitar brigas na hora da escolha da programação. O segundo motivo foi a capacidade da TV de manter o filho ocupado numa atividade segura, enquanto os pais podem cuidar de outros assuntos. Ou seja, nos dois casos, a TV resolve problemas dos pais, não dos filhos.

Já um trabalho da Academia Americana de Pediatria enumera os benefícios que as atividades físicas trazem não apenas para a saúde física, mas principalmente mental do seu filho. Jogar bola, correr, caminhadas, enfim, um lazer ativo é muito importante, segundo esse trabalho, para reduzir o estresse da criança e do adolescente e contribui fortemente para seu bem-estar.

Há muitos outros dados nas pesquisas apresentadas pela fundação Kaiser e que investigam crianças também em outras faixas etárias. Todas elas constatam que crianças e adolescentes estão perdendo muito do seu tempo com jogos eletrônicos, TV, computador, e atividades que podem comprometer seu bem-estar, com sérias implicações para o seu sucesso profissional e pessoal futuro.

O resumo dessa ópera é que ralos enormes no orçamento doméstico, como contas de telefone e de luz e ainda a pressão por gastos com as últimas novidades tecnológicas são criados pelos próprios pais. Eles vão buscar paliativos que custam caro. Mas, veja que ironia, o melhor investimento para seu filho não exige dinheiro, mas justamente o que lhe é mais caro: seu tempo.

Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do Guia Valor Econômico para o Planejamento da Aposentadoria

E-mail mara.luquet@valor.com.br

18 novembro 2006

Fatos da Semana


1. Morte de Friedman - o defensor do livre mercado acreditava que a responsabilidade social da empresa resume em gerar lucro. Polêmico, mas produtivo com mais 90 anos. Clique aqui para ver um ranking dos economistas mais produtivos dos Estados Unidos em outubro (aparecem na posição 270o.)

2. Ainda a questão da Petrobrás e Bolívia. Agora a contabilização das reservas - Clique aqui para ler

3. A assembléia da Telemar, que não deu em nada - Clique aqui

4. A briga da Vale com o governo e os índios. Clique aqui, aqui, aqui, aqui e aqui

5. Lucro do BB e BNDES. Os estatais também são rentáveis.

6. Os sócios misteriosos da Ecodiesel - Clique aqui e aqui

7. GM e Ford precisam dar garantias para obter empréstimos - Clique aqui

17 novembro 2006

Petrobrás deve contabilizar as reservas na Bolívia


Eis aí uma boa questão para pensarmos. As reservas que a Petrobrás tem contrato na Bolívia para operar devem constar de seu balanço? Segundo o ex-ministro boliviano, não. Segundo a empresa, sim. E a teoria, o que diz?

Eis uma nota do Valor de hoje sobre isto:

O Ministério da Presidência da Bolívia afirmou, em nota divulgada anteontem, que as petroleiras que operam no país não poderão contabilizar em bolsa as reservas bolivianas. A medida contradiz declarações recentes do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, para quem a contabilização seria possível mesmo após a assinatura dos contratos de concessão. As companhias querem anotar como suas as reservas que operam na Bolívia porque estas podem ser usadas como garantia de financiamentos.

A Petrobrás informou ontem, porém, que não contabiliza reservas que opera, nem mesmo as brasileiras. A estatal explica que o que anota em seu balanço é o direito de operar as reservas, que, mesmo no Brasil, pertencem à União. Na época em que explicou o contrato com a Bolívia, Gabrielli disse que a área jurídica da empresa avaliara que, como se trata de um contrato de operação, as reservas podem ser contabilizadas.

Telemar


A decisão sobre a questão dos minoritários da Telemar ainda não saiu. A falta de quórum da assembléia do dia 13 impediu a votação sobre a reestruturação societária. Veja, a seguir, a reportagem do jornal Valor Econômico:

Decisão de Telemar deve ir para os pênaltis

Daniele Camba
Aconteceu o que o mercado previa: a decisão sobre a reestruturação societária da Telemar vai ficar para o fim do mês. Até lá, as ações da companhia devem oscilar ao sabor das expectativas da operação ser ou não concrentizada. Por falta de quórum na assembléia de ontem, o assunto não pôde ser votado. Era necessária a presença de pelo menos 50% mais um das ações preferenciais (PN, sem direito a voto) e só estavam presentes 29,17% das PNs. Na melhor das hipóteses, a próxima tentativa ocorrerá daqui dez dias, ou seja, no dia 23, e mais uma vez o quórum mínimo para instalar a assembléia é de 50% mais um das preferenciais. Se novamente não se atingir esse percentual, daí haverá uma terceira tentativa. Ela poderá ocorrer no mesmo dia dessa segunda assembléia, mas com aprovação exigida de apenas 25% das PNs.

Ontem, as ações da companhia refletiram a dificuldade da aprovação do negócio logo de bate e pronto. Em um dia em que o Índice Bovespa caiu 0,28%, as preferenciais subiram 2,31%, figurando entre as maiores altas do índice. Em tese, os detentores de PN têm todo o interesse que a reestruturação não ocorra, já que pela relação de troca das ações a participação deles no capital da empresa será bastante diluída. Já as ordinárias (ONs, com direito a voto), que ganham com a operação, caíram ontem 0,76%.

A relação entre ordinária e preferencial ontem era de 2,05 - o preço de uma ON representava cerca de 2,05 ordinárias -, mais baixo que os 2,1 da sexta-feira e ainda mais distante da relação de 2,6 estabelecida na operação. A leitura do mercado foi de que a falta de quórum significa que o negócio tem poucas chances de vingar, diz um analista.

O que se espera é que os controladores da Telemar tentem levar a decisão para os pênaltis (na terceira assembléia), exatamente para precisar de uma quantidade muito menor de acionistas endossando a reestruturação. Se isso ocorrer, os palpites estão divididos sobre qual será o desfecho.

Um acionista que participou da assembléia de ontem, estima que, dos 29% que estavam presentes, cerca de 24% estariam contra o negócio, restando apenas 5% a favor. Isso significa que o grupo favorável precisaria de, no mínimo, adesão de mais 20% das PNs para passar o negócio na terceira assembléia, o que dificultaria a vida do controlador. Já na visão de outro acionista que também participou da assembléia, alguns minoritários importantes não teriam comparecido, o que reforçaria a tese de que são a favor e devem comparecer apenas na terceira chamada, facilitando a aprovação com quórum reduzido.

Qualquer cenário com base na assembléia de ontem, no entanto, é pura especulação, já que a empresa não divulgou a lista de presentes. Para um analista do setor de telefonia, essa atitude prova a falta de transparência da empresa. "As ações preferenciais vão cair mesmo que a operação não passe, pois o evento deixou claro que o controlador não está comprometido com os minoritários", completa o analista, que recomenda a venda das preferenciais da Telemar para quem já possui lucros com o papel.

Queda das vedetes

A queda nos preços das commodities no mercado internacional deflagrou mais um pregão de baixa na bolsa de valores brasileira. O movimento externo contaminou as ações de companhias como Petrobras e Vale do Rio Doce, que juntas representam cerca de 30% do Índice Bovespa. As ações ONs e PNAs da Vale caíram 2,07% e 2,45%, respectivamente. Já as ordinárias da Petrobras caíram 3,04% (a segunda maior queda do Ibovespa) e as preferenciais 2,76%. Além das commodities, o resultado da Petrobras no terceiro trimestre um pouco abaixo do esperado acentuou o movimento de vendas dos papéis da companhia.

Ainda mais de Vale x Índios


A questão entre a Vale do Rio Doce e os Índios permanece. Hoje, no Estado de S. Paulo, nova reportagem sobre a empresa e a ajuda que a mesma fornece aos índios. A empresa disse que dá mais ajuda aos índios que o próprio governo, apesar de não ter obrigação legal para isto. Parece que a empresa percebeu que era refém do auxílio e estava sendo ameaçada.

Vale diz que dá mais ajuda a índios do que a Funai

Apesar disso, empresa sustenta que não tem obrigação de repassar verba

Irany Tereza

A Vale do Rio Doce informou ontem que destina mais dinheiro a cada índio das reservas próximas às áreas de mineração que explora do que a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) juntas - embora sustente que não tem obrigação legal de repassar esses recursos.

A empresa foi acusada ontem pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, de fugir a suas responsabilidades. Em entrevista ao Estado, Mércio disse que ela tenta escapar dos compromissos que assumiu com as comunidades indígenas na época de sua privatização.

Segundo o diretor de Assuntos Corporativos da Vale, Tito Martins, a empresa encerrará o ano com a destinação de quase R$ 30 milhões aos índios. 'São cerca de R$ 10 mil por índio ao ano, é mais do que fazem a Funai e a Funasa juntas.'

A Vale está recorrendo à Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o governo brasileiro. Segundo Martins, a petição tem por objetivo obrigar o governo a assumir responsabilidades no trato com os índios e tornar viáveis as relações entre suas comunidades e a Vale. 'O que está nos incomodando é que se está desviando do foco principal: cadê a política indígena?', disse o executivo.

Segundo ele, as três recentes invasões de tribos a instalações operacionais da Vale causaram perda estimada em US$ 32 milhões. 'Há seis etnias diferentes. Se cada uma delas invadir nossas instalações pelo menos uma vez por ano, teremos um prejuízo entre US$ 70 milhões e US$ 80 milhões. Não podemos continuar nessa situação', reclamou Martins. Ele foi mais longe: disse que havia representantes da Funai entre os invasores do Complexo de Carajás. 'Se isso não é apoio, é pelo menos omissão', acusou.

O diretor alegou que um decreto a que se referiu o presidente da Funai, que obrigaria a Vale a dar assistência aos índios, levava em conta um acordo de concessão de direito de uso da terra que não chegou a ser assinado com o governo. A empresa diz ter responsabilidades ambientais e sociais, mas não que envolvam explicitamente as comunidades indígenas.


Aqui, o outro lado...

Funasa nega desentendimentos

A presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) criticou ontem as declarações feitas ao Estado pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, sobre a falta de entendimento entre os dois órgãos federais na área de atendimento aos índios.

Em nota, a Funasa afirma que as duas instituições já atuam em conjunto e que o atendimento teve 'avanços significativos'.

Lucro do BNDES

O lucro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no período de janeiro a setembro foi de R$ 5,716 bilhões. Aumento de 132% relação ao mesmo período de 2005. Metade deste lucro ocorreu no terceiro trimestre: R$ 2,399 bilhões. É recorde na história do banco. Os tempos são propícios também para os bancos estatais.

Variação dos preços e Valor Justo

A reportagem a seguir, da The Economist da semana, comenta a variação nos preços específicos dos produtos. Uma das críticas ao uso do valor justo na contabilidade financeira é exatamente a variabilidade no processo de mensuração contábil. Será que a relação do custo x benefício seria favorável ao valor justo?

Como e por que os preços variam se a inflação é estável?

The Economist
Dos Estados Unidos à Nova Zelândia, a estabilidade de preços é o "objeto de desejo" dos bancos centrais. Muitos deles vivem nessa Terra Prometida, ou perto dela: a inflação nos preços ao consumidor é 2,1% nos EUA, 1,6% na zona do euro, 2,4% no Reino Unido e 0,6% no Japão. Seria de imaginar que, como o nível geral dos preços não está mudando muito, o mesmo estaria acontecendo com preços de cada produto individualmente. Isso não é, necessariamente, verdade, como estão descobrindo os economistas tanto nos EUA como na Europa.

Com que freqüência os preços individuais são alterados é uma questão importante. Modificações nos preços são como semáforos para a economia, sinalizando às pessoas comprar mais disso e menos daquilo, gastar ou poupar ou procurar novo emprego. Se os semáforos mudam prontamente, os recursos podem ser redirecionados harmoniosamente; se enguiçam, travam a economia.

Em especial, se nem os preços nem os salários caírem com facilidade, o custo - em produção e empregos - da redução da inflação pode ser alto. Estabilidade de preços também implica que um choque inflacionário - por exemplo, um aumento no preço do petróleo - pode levar muito tempo para repercutir pelo sistema.

Embora de grande relevância macroeconômica, as evidências sobre estabilidade de preços estão no detalhe microeconômico de milhares de preços. Até há pouco tempo, os economistas sabiam surpreendentemente pouco sobre com que freqüência e em que medida os preços mudam, porque o volume de informações necessário é enorme e freqüentemente sigiloso (idealmente, os analistas preferem trabalhar, por exemplo, com os números com que são calculados os índices de preços ao consumidor ou com leituras dos scanners dos supermercados). Recentemente, porém, diversos pesquisadores tiveram acesso a dados úteis e os vêm analisando.

A maior parte dessas primeiras análises foi feita nos EUA - e muitas delas examinaram os preços de apenas alguns produtos, como revistas em bancas de jornais ou produtos adquiridos por reembolso postal. As pesquisas concluíram que esses preços mudaram apenas cerca de uma vez por ano.

Mas um estudo publicado em 2004 por Mark Bils, da Universidade de Rochester, e Peter Klenow, da Universidade Stanford, descobriu que a maioria dos preços muda mais freqüentemente. Bils e Klenow usaram dados de 350 produtos e serviços acompanhados pelo Birô de Estatísticas do Trabalho para calcular o índice de preços ao consumidor. Eles estimaram que, de 1995 a 97, metade desses preços mudaram pelo menos a cada cinco meses.

Novas pesquisas feitas por Emi Nakamura e Jon Steinsson, ambos alunos de pós-graduação em Harvard, salientam a importância de liqüidações e promoções na freqüência das mudanças de preços nos EUA. Liqüidações são muito mais comuns em alguns mercados que em outros, respondendo por 87% das mudanças nos preços de roupas (por exemplo, liqüidação de queima de estoques), 67% no caso de móveis (todos aqueles sofás pela metade do preço) e 58% dos alimentos processados (as latas de feijoada estão novamente com descontos), mas não há liqüidações de combustíveis para automóveis ou de água e eletricidade, e são praticamente inexistentes no setor de serviços (você se lembra de algum advogado que tenha lhe oferecido um desconto?).

Depois de excluídos os efeitos de liqüidações e ofertas especiais, a duração mediana dos preços no varejo ficou entre 8 e 11 meses em 1998-2005. Levando em conta as liqüidações, a duração da estabilidade dos preços cai para a metade, portanto um resultado aproximadamente coerente com os obtidos por Bils e Klenow. É também relevante, mas apenas um pouco, que Nakamura e Steinsson tenham estudado um período posterior, quando a inflação era ligeiramente inferior: eles assinalam que uma inflação elevada induz o comércio a subir os preços mais freqüentemente.

As evidências na zona do euro, fruto de um projeto de três anos do Banco Central Europeu (BCE) e concluído neste ano, sugere que os preços lá mudam menos freqüentemente do que nos EUA. Os economistas europeus descobriram que os preços no varejo mudam a cada quatro ou cinco trimestres.

A eliminação dos efeitos das liqüidações, onde havia dados disponíveis, fez pouca diferença: aparentemente, as liqüidações têm repercussão muito menor do que nos EUA. Esse resultado é coerente com a percepção generalizada de que a zona do euro tem uma economia menos flexível e ágil do que os EUA. Apesar disso, a Europa está longe de ser rígida: mais de 40% das mudanças registradas nos preços foram reduções, um percentual bastante parecido com as estimativas para os EUA. As variações nos preços na Europa, quando aconteceram, tenderam a ser grandes, seja para cima ou para baixo: o aumento médio foi de 8% e a redução média foi 10%, numa inflação de aproximadamente 2%. As variações dos preços nos EUA, para cima ou para baixo, são também bem maiores do que a inflação.

Nos dois lados do Atlântico, a freqüência das mudanças no preços varia enormemente. De modo geral, quanto maior a participação de matérias-primas num produto, mais freqüentes são suas mudanças de preços - os preços da gasolina mudam, em média, em cinco de cada seis meses tanto nos EUA como na Europa; os preços de alimentos frescos são alterados muito mais freqüentemente do que os de alimentos processados. Os preços de serviços são mais estáveis do que os de produtos. Isso pode ser conseqüência de serviços tenderem a ser mais intensivos em mão-de-obra do que produtos e de os salários serem mais estáveis do que outros preços. Isso parece ser especialmente válido na Europa, onde os mercados de trabalho são menos flexíveis que nos EUA e os serviços são mais regulamentados.

Menos de 6% dos preços dos serviços compilados na pesquisa da zona do euro mudam todo mês. Nos EUA, Bils e Klenow estimam a freqüência em torno de 20%; Nakamura e Steinsson dizem que a freqüência é de 44% no caso de preços de viagens e 9% para outros serviços. Mas as comparações transatlânticas são dificultadas pela diferenças nos serviços estudados.

O que as autoridades monetárias podem aprender com essas pesquisas? De modo geral, a investigação deve ser, provavelmente, motivo de otimismo, e não apenas porque diz aos BCs muita coisa sobre como suas economias funcionam. Os economistas europeus dizem que a inflação tornou-se menos persistente com o passar do tempo, à medida que a política monetária passou a concentrar-se em estabilidade de preços e na manutenção de baixas expectativas inflacionárias. E as evidências sobre estabilidade de preços pode deixar os BCs nos dois lados do Atlântico mais confiantes na manutenção de inflação baixa - teoricamente uma tarefa difícil se os preços raramente caem. As pesquisas sugerem que os preços caem com bastante freqüência - os BCs, assim como os consumidores, podem agradecer por todos aqueles cortes de preços nas latas de feijoada. (Tradução de Sergio Blum)


fonte: Valor Econômico, 13/11

Efeito diploma


Estudo revela queda do 'efeito-diploma' sobre salário

Raquel Salgado
Ter um diploma já não é mais uma vantagem tão grande na conquista de um salário melhor. Como mais pessoas estão se qualificando no país, os ganhos de rendimento relativos ao maior tempo dispensado à escola estão diminuindo. Em 2004, por exemplo, um trabalhador com o ensino superior completo ganhava 19,2% a mais do que aquele que tinha ido até o penúltimo ano desse nível. Em 1982, esse diferencial era muito maior, de 31%.

Um movimento semelhante, mas de menor intensidade ocorreu no ensino médio, chamado antes de colegial. Em 1982, ter completado os três anos desse grau fazia com que o salário subisse 31,8%. Dez anos depois, essa diferença atingiu os 40,5%. Pelos últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que são de 2004, o retorno à conclusão do ensino médio caiu para 27,2%. Os dados estão em um estudo dos economistas Anna Crespo e Maurício Cortez Reis.

"A tendência é que o prêmio refletido em salário maior por ter mais escolaridade diminua ao longo do tempo", comenta Reis, que é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso tem acontecido porque a população brasileira está cada vez mais educada.

Não adianta nem mesmo completar os quatro anos do primário. Há 14 anos, estudar esses quatro anos levava a um incremento de 3,5% no rendimento. Hoje, esse grau não agrega absolutamente nada ao salário.

Em 1992, 9,6% dos trabalhadores brasileiros tinham completado o ginásio. Em 2004, esse número subiu para 11,6%. No ensino médio, a elevação foi ainda mais significativa no período: de 14,2% para 23,6%. A quantidade de pessoas com um diploma de graduação também cresceu e foi de 5,4% para 6,4%. Em compensação, a quantidade de pessoas com pouca escolaridade tem declinado. No começo da década de 80, 26% dos ocupados tinham cursado os quatro primeiros anos da escola. Dez anos depois, em 1992, esse número cedeu para 21,2% e agora, em 2004, despencou para 13,55%.

A redução do diferencial entre os salários embora pareça algo negativo à primeira vista, é um movimento natural de mercados de trabalho mais desenvolvidos. E, no Brasil, tem tido alguns reflexos positivos. Um deles é ajudar na diminuição da desigualdade social, explica Naércio Aquino Menezes Filho, professor da Universidade de São Paulo e do Ibmec. Quanto maior for a escolaridade, menor será o prêmio por ela. E isso não é ruim, ressalta o economista. "A queda se dá em termos relativos e não significa que uma pessoa graduada está ganhando menos em valores absolutos, mas sim que ela não ganha tão mais que as outras", diz.

Apesar da maior escolarização dos brasileiros e do aumento nos graus de escolaridade, os números ainda são muito precários. Na Argentina, a média da população tem 12 anos de estudo, enquanto no Brasil essa média está em torno de 7 anos, comenta Menezes Filho. A qualidade da educação brasileira também deixa a desejar. Porém, para ele, é melhor colocar todas as crianças na escola ainda que o ensino não seja o ideal. Foi isso o que fizeram países como a Coréia do Sul.

"Não adianta melhorar a qualidade sem antes incorporar todo mundo à escola. Se não for assim, cria-se um estudo de elite, como a que tivemos aqui no passado", diz. Menezes Filho também defende o aumento do tempo que a criança passa na escola e o uso de instrumentos que motivem e avaliam de perto os professores. "O salário deles deveria depender do desempenho dos alunos em testes de proficiência", sugere o professor da USP.


Fonte: Valor econômico, 13/11

Ainda sobre a EcoDiesel



Sobre a EcoDiesel, o Valor do dia 13/11 destaca que:

"A CVM solicitou mais informações à Brasil Ecodiesel depois que reportagem do Valor publicada no dia 8 indicou que um dos sócios controladores da companhia, detentor de 47,7% do seu capital por meio da empresa Eco Green Solutions, tem identidade desconhecida. Adicionalmente, a reportagem relatou a existência de rumores de que o sócio oculto poderia ser o empresário Daniel Birmann, fundador e ex-controlador da Ecodiesel. Ele foi inabilitado pela própria CVM para exercer cargos em companhias abertas depois de condenado por abuso de poder de controle e descumprimento de deveres de diligência e lealdade, entre outros. No total, são quatro processos administrativos, cujas decisões ainda estão sujeitas a recurso.

(...)

No novo prospecto, liberado para os investidores na internet já na sexta, a Brasil Ecodiesel não descarta totalmente a possibilidade de que o empresário ainda seja seu sócio. O texto afirma que "pelo conhecimento da companhia", Daniel Birmann não é mais acionista.

O novo texto deixou ainda mais explícito que não é possível determinar a identidade do proprietário da Eco Green Solutions, que detém 47,7% da Ecodiesel. Isso porque a empresa é controlada por um trust com sede na Suíça que, por sua vez, pertence a um segundo trust com sede nas Ilhas Cayman. "De acordo com as leis que regem o domicílio e a administração do Cayman Trust, não é permitido divulgar quaisquer informações adicionais a respeito da propriedade das ações da Eco Green." A Deutsche Fiduciary Services, do Deutsche Bank, é o agente fiduciário do trust suíço e responsável pelas tomadas de decisão.

(...)

Embora não figure mais como acionista da Brasil Ecodiesel, Daniel Birmann ganhou algumas páginas com informações a seu respeito no novo prospecto - muito mais do que qualquer dos outros acionistas controladores (o fundo Zartman e o presidente da empresa, Nelson Cortês da Silveira). Boa parte do espaço contém detalhes dos processos administrativos da CVM em que Birmann foi condenado.

O novo prospecto trouxe também amplo detalhamento dos contratos de opção de fornecimento obrigatório firmados entre a Ecodiesel e o grupo Enguia Power, do qual Birmann é acionista e administrador. "


fonte: Valor Econômico, 13/11/2006

A História da Avestruz Master


A Avestruz Master levou milhares de investidores a perderem seus recursos com a promessa de uma milagre financeiro: retornos acima do mercado. A situação atual da empresa foi analisada pelo Valor Econômico:

Agonia do avestruz

Por Danilo Fariello
Passado um ano desde o início da crise da Avestruz Master, em que investidores viram voar para longe cerca de R$ 350 milhões aplicados na criação dos animais, os aplicadores têm poucas esperanças de receber ao menos parte desse valor num horizonte de curto prazo. De um ano para cá, a empresa passou por um processo de recuperação judicial que fracassou e não evitou que a Avestruz Master tivesse sua falência decretada. A Justiça também determinou que os mais de 50 mil portadores de Contratos de Investimento Coletivo (CICs) assumissem o controle dos bens e dos animais em posse da empresa, mas a massa falida ainda é controlada por um administrador judicial, aprovado pelo tribunal de Goiânia (GO), onde fica a sede da empresa.

Muitos investidores têm fé na iminência de um contrato de venda maciça e permanente da carne dos animais para clientes estrangeiros, com tradição no consumo da ave. Essa é a única esperança que têm para receber em um futuro ainda distante parte do valor aplicado ou conseguir administrar a empresa, para que ela possa distribuir lucros. Por enquanto, a Avestruz Master opera com dificuldades porque obtém receita apenas da venda do couro do animal e da distribuição reduzida da carne em hipermercados no Centro-oeste.

"Hoje vivemos um momento crucial, em que estamos às portas de fazer com que o negócio funcione de vez, mas também estamos à beira do abismo", diz o administrador da massa falida da Avestruz Master, Sérgio Crispim. "Não há dinheiro para pagar a folha de salários, mas há a expectativa de aprovação de um pedido feito junto ao Ministério da Agricultura para liberar a produção de nosso frigorífico para exportação." Negociadores interessados da Europa, da Ásia e até do Zimbábue já teriam vindo ao país para analisar a produção de aves da empresa para comprá-las.

Espera-se que a venda de carne para países estrangeiros permita escoar grande parte da produção da empresa, garantindo sua sustentabilidade. No entanto, na situação atual, nenhum cliente estrangeiro está disposto a firmar acordos de longo prazo com a empresa, explica Eduardo Scartezini, presidente da associação de investidores da Anavestruz. Antes de um contrato desse tipo, a Justiça parece estar reticente em determinar a criação da sociedade de credores e transferir a direção da empresa aos aplicadores em situação tão incerta, diz Crispim. Assim, a empresa fica em um teorema sem solução à vista, com o contrato internacional dependendo da definição judicial e vice-versa.

Com boa dose de otimismo, mesmo quando esse estágio estiver superado e considerando-se a produção e exportação contínuas da carne dos avestruzes, só será possível à empresa distribuir algum dividendo, com os aplicadores começando a receber retorno, daqui a uns cinco anos, avalia Amarildo Garcia, presidente da Associavestruz, outra associação de credores da Avestruz Master. "Passou um ano, mas acreditamos que ainda vai demorar muito para começarmos a receber algo", diz Garcia. O sucesso do negócio dependerá da velocidade em que a empresa implementará uma produção integrada dos avestruzes e fechará parcerias, diz Scartezini, da Anavestruz.

O sucesso da produção dos avestruzes é a principal saída para os aplicadores. Se os bens e as aves da empresa fossem vendidos e distribuídos da forma prevista na lei de falências cada investidor receberia algo próximo de 3% ou 4%, na previsão de Scartezini. Segundo Crispim, o administrador da massa, se os bens fossem liquidados, poderiam gerar receita de apenas R$ 20 milhões. "Os investidores têm de ter em mente que já perderam dinheiro na Avestruz Master", diz Crispim.

Se a empresa for vendida funcionando e com bons contratos, o retorno poderia ser de 10%, em caso de venda das partes de cada investidor, prevê Scartezini. Mas, caso a empresa funcione um ano e demonstre que tem bom potencial, o valor de mercado dela poderá triplicar, a algo como 30% do valor aplicado, prevê o presidente da Anavestruz. Sem vender as ações da futura sociedade de credores, os aplicadores teriam retorno apenas com a eventual distribuição de dividendos. "Jamais o negócio será viável a ponto de realizar o pagamento integral dos investidores", ratifica o administrador judicial.

Nos próximos dias, estão previstos leilões judiciais de bens da família de Jerson Maciel da Silva, antigo controlador da empresa. Esses bens teriam sido adquiridos com dinheiro desviado da Avestruz Master. A renda obtida com os leilões vai bancar dívidas trabalhistas e fiscais, diz Crispim. "Se conseguirmos salvar o empreendimento, acredito que a Justiça já se daria por satisfeita. Seria a salvação da criação de avestruzes no Brasil."

Fonte: Valor Econômico, 13/11/2006

16 novembro 2006

Estratégia diferente


A Sony está lançando no mercado mundial o Play Station 3. No Brasil a Microsoft está trazendo, em português, o Xbox. E igualmente no mercado mundial a Nintendo lançou o Wii. Começou a guerra para saber quem deve prevalecer no domínio do jogos eletrônicos. O ganhador leva para casa muitos lucros para os próximos cinco ou seis anos.

A estratégia da Microsoft foi sair primeiro, esperando ganhar mercado enquanto torce pelo atraso dos concorrentes.

A Sony investiu pesado no Play Station e deve lançar seu aparelho com um bom prejuízo por unidade. Esta empresa espera retirar a diferença nos lançamentos de jogos para este console e na consolidação da tecnologia do substituto do DVD.

A visão da Nintendo é diferente da Microsoft e da Sony, segundo reportagem da The Economist de 28/10/2006 (p. 73-74, "Playing a different game"). A empresa acredita que a ênfase do mercado para os amantes de jogos eletrônicos tem afastado os não jogadores, o que compromete o futuro crescimento do negócio. Um dos problemas é que os atuais jogos exigem que os jogadores tenham um tempo disponível enorme, incompatível com os dias atuais. Isto faz com que alguns dos possíveis clientes não queiram arriscar a experimentar os jogos épicos, que levam horas para serem completados. Além disto, as novidades exigem maior complexidade (mais comandos e as vezes acessórios), tornando difícil para as pessoas terem interesse.

Em outras palavras, a Nintendo está buscando o jogador eventual.

Brasil Ecodiesel


A Empresa Brasil Ecodiesel pretende ser a maior empresa brasileira de biodiesel. Para obter recursos, esta empresa decidiu pela oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês). Os bancos começaram a convencer seus correntistas a comprar ações desta empresa uma vez que o governo federal está incentivando projetos em biodiesel.

Entretanto um problema alcançou esta oferta pública de ações: dúvidas sobre a identidade dos sócios da empresa! Um sócio desconhecido, Eco Green Solutions, que detém 47,7% do capital, é um dos mistérios. Outro é a saída de um ex-controlador.

Fonte: Estado de S. Paulo, 13/11/2006, p. B7