Descoberto que um morcego brasileiro se alimenta de sangue humano
A morte suspeita de uma jovem na Islândia, onde são cometidos dois assassinatos por ano
Os candidatos a pior filme do ano
Mr Coffee ou a história do café feito em casa
O fracasso (de crítica e de dinheiro) dos filmes baseados nos jogos
24 janeiro 2017
23 janeiro 2017
História da Contabilidade: Mucuri
A Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri foi criada em 1849 pelos irmãos Theophilo Benedito Ottoni e Honorio Benedicto Ottoni. Foi uma das primeiras empresas a emitir ações de Sociedade Anônima no Brasil (1). Tinha por objetivo estabelecer uma ligação entre o Rio de Janeiro e Salvador com o vale do Mucuri. Para isto, a empresa abriria estradas, implantaria uma linha fluvial entre a região e o mar, através do rio Mucuri, e promoveria a colonização da região com imigrantes. A empresa tornou-se uma das primeiras concessões públicas, uma espécie de Parceria Público-Privada do império (2).
Concebida por Theophilo Ottoni (3), que posteriormente batizou uma das cidades surgidas a partir da criação da empresa, teve um história de controvérsias e polêmicas. Weder Ferreira da Silva, na dissertação de mestrado (4), faz um importante apanhado histórico sobre a empresa e o papel de Otoni no desenvolvimento da região do Mucuri. O estudo da empresa permite conhecer melhor como era a contabilidade das empresas na metade do século XIX. Envolve questões relacionadas com a concessão, mas também a encampação de empresa, incluindo avaliação de bens em situação de liquidação.
Esta postagem irá se concentrar no relatório preparado por um dos peritos, no caso Jose Candido Gomes, que analisou a situação da empresa (5), assim como a documentação contábil da mesma. Conforme explica Silva, na dissertação de mestrado, dois peritos fizeram uma análise da Mucuri. Gomes, denominado de comissário árbitro, foi indicado pelo ministro dos Negócios da Agricultura, e Ernesto Otoni, dos acionistas; existindo divergência, a mesma seria decidida pelo presidente da província de Minas Gerais.
A leitura do parecer de Gomes permite inferir alguns aspectos interessantes sobre a contabilidade da empresa. Destaco aqui os seguintes pontos:
1) A Mucuri utilizava o método das partidas dobradas (6). Naquela época, nem toda entidade usava o método, como é o caso da administração pública, onde era predominante as partidas simples. Apesar disto, a escrituração estava baseada no regime de caixa; assim, uma dívida não estava registrada no passivo da empresa, exceto se tivesse transitado pelo caixa da empresa.
2) Não existia a demonstração de lucros e perdas, a atual demonstração do resultado. Entretanto, a partir das contas do “balancete” é possível fazer uma análise do desempenho da empresa. O problema maior estava na qualidade dos números apurados (7);
3) Outro aspecto destacado no parecer de Gomes é que a grande maioria das despesas eram classificadas numa única conta, de “despesas gerais”, o que impedia uma análise mais detalhada do desempenho da empresa. Como a empresa tinha vários negócios, não era possível saber se eram lucrativos; pela análise, provavelmente nenhum deles era, incluindo o comércio, que representava uma pequena parte da receita.
4) Um auditor iria reprovar as contas da empresa, já que a maioria dos lançamentos não tinham os documentos comprobatórios (8). Num dos casos, a contabilidade registrava que o volume de documentos era muito grande e não tinha sido encaminhado, da região de Mucuri para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa, por serem grandes. As cartas entre os funcionários também não eram suficientes para comprovar os lançamentos, já que muitos acertos eram feitos verbalmente. Num dos recibos, a letra do funcionário era, segundo Gomes, igual a do guarda-livros (9).
5) Entre os ativos da empresa existiam seres humanos (10). Na época a escravidão era legalizada no país e estas pessoas eram consideradas como bens da empresa. Há uma discussão sobre o quantitativo de escravos, a “baixa” daqueles que foram alforriados pelo gestor ou dos que morreram entre o balanço e o levantamento dos bens da empresa. E também a amortização dos seres humanos pela perda de capacidade de trabalho em razão da idade.
6) Apesar de não existir claramente o conceito de depreciação ou amortização, o mesmo estava indiretamente apresentado no documento redigido por Gomes (11). Este perito, ao comentar sobre o valor dos ativos, destaca a necessidade de subtrair um percentual pelo uso ou desgaste do mesmo.
7) Para finalizar, há uma discussão muito interessante sobre se uma determinada quantidade de terra deveria ser considerada como ativo da empresa (12). Gomes traça um histórico da lei que deu a concessão para a Mucuri. Na norma, a empresa poderia receber do império terras devolutas caso cumprisse uma série de requisitos. Para o perito, em alguns casos a empresa cumpriu o expresso na norma; em outros casos, isto não ocorreu. Assim, para Gomes, este último caso não daria direito, para a empresa, de reconhecer as terras como ativo, ao contrário do que afirmava o perito da empresa, Ernesto Ottoni. Este ponto me fez lembrar da discussão do Iasb sobre a necessidade do ativo estar dentro da lei ou não.
O caso da Mucuri é muito interessante por mostrar que situações históricas podem enriquecer nosso conhecimento sobre a contabilidade.
(1) Salomão Neto, Flávio Henrique. Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri: uma concessão de serviço público como forma de desenvolvimento de uma Região.
(2) Idem.
(3) Vide verbete na Wikipedia
(3) Colonização, Política e Negócios: Teófilo Benedito Otoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863) defendida no programa de pós-graduação de história da UFOP em 2009. O trabalho de Silva representa uma análise muito interessante dos fatos relacionados com a Mucuri.
(5) O relato foi publicado parcialmente no jornal O Constitucional, em diversas edições (ano I, números 7 a 19, 23, 28 e 29, 1862)
(6) número 7 do O Constitucional.
(7) Idem.
(8) número 8 do O Constitucional
(9) A questão da letra encontra-se no número 9 do O Constitucional.
(10) Este aspecto pode ser encontrado no número 8 e no número 15 do O Constitucional.
(11) Isto está no número 13 e 17 do jornal.
(12) Número 12 do jornal
Concebida por Theophilo Ottoni (3), que posteriormente batizou uma das cidades surgidas a partir da criação da empresa, teve um história de controvérsias e polêmicas. Weder Ferreira da Silva, na dissertação de mestrado (4), faz um importante apanhado histórico sobre a empresa e o papel de Otoni no desenvolvimento da região do Mucuri. O estudo da empresa permite conhecer melhor como era a contabilidade das empresas na metade do século XIX. Envolve questões relacionadas com a concessão, mas também a encampação de empresa, incluindo avaliação de bens em situação de liquidação.
Esta postagem irá se concentrar no relatório preparado por um dos peritos, no caso Jose Candido Gomes, que analisou a situação da empresa (5), assim como a documentação contábil da mesma. Conforme explica Silva, na dissertação de mestrado, dois peritos fizeram uma análise da Mucuri. Gomes, denominado de comissário árbitro, foi indicado pelo ministro dos Negócios da Agricultura, e Ernesto Otoni, dos acionistas; existindo divergência, a mesma seria decidida pelo presidente da província de Minas Gerais.
A leitura do parecer de Gomes permite inferir alguns aspectos interessantes sobre a contabilidade da empresa. Destaco aqui os seguintes pontos:
1) A Mucuri utilizava o método das partidas dobradas (6). Naquela época, nem toda entidade usava o método, como é o caso da administração pública, onde era predominante as partidas simples. Apesar disto, a escrituração estava baseada no regime de caixa; assim, uma dívida não estava registrada no passivo da empresa, exceto se tivesse transitado pelo caixa da empresa.
2) Não existia a demonstração de lucros e perdas, a atual demonstração do resultado. Entretanto, a partir das contas do “balancete” é possível fazer uma análise do desempenho da empresa. O problema maior estava na qualidade dos números apurados (7);
3) Outro aspecto destacado no parecer de Gomes é que a grande maioria das despesas eram classificadas numa única conta, de “despesas gerais”, o que impedia uma análise mais detalhada do desempenho da empresa. Como a empresa tinha vários negócios, não era possível saber se eram lucrativos; pela análise, provavelmente nenhum deles era, incluindo o comércio, que representava uma pequena parte da receita.
4) Um auditor iria reprovar as contas da empresa, já que a maioria dos lançamentos não tinham os documentos comprobatórios (8). Num dos casos, a contabilidade registrava que o volume de documentos era muito grande e não tinha sido encaminhado, da região de Mucuri para o Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa, por serem grandes. As cartas entre os funcionários também não eram suficientes para comprovar os lançamentos, já que muitos acertos eram feitos verbalmente. Num dos recibos, a letra do funcionário era, segundo Gomes, igual a do guarda-livros (9).
5) Entre os ativos da empresa existiam seres humanos (10). Na época a escravidão era legalizada no país e estas pessoas eram consideradas como bens da empresa. Há uma discussão sobre o quantitativo de escravos, a “baixa” daqueles que foram alforriados pelo gestor ou dos que morreram entre o balanço e o levantamento dos bens da empresa. E também a amortização dos seres humanos pela perda de capacidade de trabalho em razão da idade.
6) Apesar de não existir claramente o conceito de depreciação ou amortização, o mesmo estava indiretamente apresentado no documento redigido por Gomes (11). Este perito, ao comentar sobre o valor dos ativos, destaca a necessidade de subtrair um percentual pelo uso ou desgaste do mesmo.
7) Para finalizar, há uma discussão muito interessante sobre se uma determinada quantidade de terra deveria ser considerada como ativo da empresa (12). Gomes traça um histórico da lei que deu a concessão para a Mucuri. Na norma, a empresa poderia receber do império terras devolutas caso cumprisse uma série de requisitos. Para o perito, em alguns casos a empresa cumpriu o expresso na norma; em outros casos, isto não ocorreu. Assim, para Gomes, este último caso não daria direito, para a empresa, de reconhecer as terras como ativo, ao contrário do que afirmava o perito da empresa, Ernesto Ottoni. Este ponto me fez lembrar da discussão do Iasb sobre a necessidade do ativo estar dentro da lei ou não.
O caso da Mucuri é muito interessante por mostrar que situações históricas podem enriquecer nosso conhecimento sobre a contabilidade.
(1) Salomão Neto, Flávio Henrique. Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri: uma concessão de serviço público como forma de desenvolvimento de uma Região.
(2) Idem.
(3) Vide verbete na Wikipedia
(3) Colonização, Política e Negócios: Teófilo Benedito Otoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863) defendida no programa de pós-graduação de história da UFOP em 2009. O trabalho de Silva representa uma análise muito interessante dos fatos relacionados com a Mucuri.
(5) O relato foi publicado parcialmente no jornal O Constitucional, em diversas edições (ano I, números 7 a 19, 23, 28 e 29, 1862)
(6) número 7 do O Constitucional.
(7) Idem.
(8) número 8 do O Constitucional
(9) A questão da letra encontra-se no número 9 do O Constitucional.
(10) Este aspecto pode ser encontrado no número 8 e no número 15 do O Constitucional.
(11) Isto está no número 13 e 17 do jornal.
(12) Número 12 do jornal
Rir é o melhor remédio
Uma propaganda pode ser criativa e engraçada:
Poderíamos dizer: acabastes de aprender algo inútil. Leia a próxima postagem (sobre a Mucuri) e poderá aprender algo útil.
Poderíamos dizer: acabastes de aprender algo inútil. Leia a próxima postagem (sobre a Mucuri) e poderá aprender algo útil.
22 janeiro 2017
Links
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21 janeiro 2017
Fato da Semana
Fato: Desemprego em 2016
Data: 21 de janeiro de 2017
Contextualização - O blog Contabilidade Financeira acompanha o número de admitidos e demitidos do mercado formal de emprego no Brasil. Este é um número oficial obtido a partir do Caged, do governo federal. Compilamos informações como número de admitidos, demitidos, salário, formação, idade, gênero, tempo de emprego, entre outras informações. Os números de 2016, divulgados ontem, mostram como o ano foi ruim para o profissional contábil: quase 360 mil profissionais foram demitidos nos últimos 36 meses. Como outros foram contratados, a soma mostra uma redução de 32 mil vagas no mercado formal. E dezembro foi o segundo pior mês do ano em destruição de vagas. Mulheres, pessoas com curso médio, com idade média de 32 anos e escriturários foram os mais atingidos.
Relevância - O que está ocorrendo no mercado de trabalho é reflexo da crise econômica. Mas também pode ser decorrente da mudança estrutural no emprego, com a adoção de softwares que podem substituir o trabalhador.
Notícia boa para contabilidade? Ruim. Mas dois fatos agravam o problema: a possibilidade da crise continuar por mais alguns meses; e não sabemos se o problema é conjuntural (em decorrência dos problemas da economia) ou estrutural (mudança na estrutura do trabalho).
Desdobramentos - Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos. Outro ponto a ser analisado: menos emprego significa menor arrecadação dos Conselhos e mais pressão para mudança no Sistema CRC/CFC. Será?
Mas a semana só teve isto? - Tivemos dois fatos relevantes na semana: a posse de Trump e a morte do ministro do STF. Para o primeiro, os efeitos na contabilidade somente serão sentidos quando o novo chefe da SEC começar a trabalhar. O segundo fato poderá ter impacto sobre a investigação da corrupção no Brasil, mas isto ainda não está claro.
Data: 21 de janeiro de 2017
Contextualização - O blog Contabilidade Financeira acompanha o número de admitidos e demitidos do mercado formal de emprego no Brasil. Este é um número oficial obtido a partir do Caged, do governo federal. Compilamos informações como número de admitidos, demitidos, salário, formação, idade, gênero, tempo de emprego, entre outras informações. Os números de 2016, divulgados ontem, mostram como o ano foi ruim para o profissional contábil: quase 360 mil profissionais foram demitidos nos últimos 36 meses. Como outros foram contratados, a soma mostra uma redução de 32 mil vagas no mercado formal. E dezembro foi o segundo pior mês do ano em destruição de vagas. Mulheres, pessoas com curso médio, com idade média de 32 anos e escriturários foram os mais atingidos.
Relevância - O que está ocorrendo no mercado de trabalho é reflexo da crise econômica. Mas também pode ser decorrente da mudança estrutural no emprego, com a adoção de softwares que podem substituir o trabalhador.
Notícia boa para contabilidade? Ruim. Mas dois fatos agravam o problema: a possibilidade da crise continuar por mais alguns meses; e não sabemos se o problema é conjuntural (em decorrência dos problemas da economia) ou estrutural (mudança na estrutura do trabalho).
Desdobramentos - Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos. Outro ponto a ser analisado: menos emprego significa menor arrecadação dos Conselhos e mais pressão para mudança no Sistema CRC/CFC. Será?
Mas a semana só teve isto? - Tivemos dois fatos relevantes na semana: a posse de Trump e a morte do ministro do STF. Para o primeiro, os efeitos na contabilidade somente serão sentidos quando o novo chefe da SEC começar a trabalhar. O segundo fato poderá ter impacto sobre a investigação da corrupção no Brasil, mas isto ainda não está claro.
Presente Amargo
O ano de 2016 encerrou de maneira amarga para as pessoas que trabalham na área de contabilidade. Se o ano de 2015 mostrou que aquelas palavras sobre a empregabilidade da área eram balelas, um ano depois temos uma realidade muito dura. Segundo os levantamentos realizados pelo blog, a partir dos dados de empregos formais, para contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários de contabilidade, foram quase 92 mil admitidos, mas 115 mil demitidos.
A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.
Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.
Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.
Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.
Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.
A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.
Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.
Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.
Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.
Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.
20 janeiro 2017
Nova norma de Leasing
Em janeiro de 2016 o International Accounting Standards Board (IASB) emitiu a IFRS 16 – Leases, aplicável para exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro 2019, cuja alteração mais significativa será a de exigir que os locatários reconheçam a maioria dos alugueres nos seus balanços.
De acordo com a nova norma, uma locação é um contrato que transmite para o locatário o direito de usar um ativo por um período de tempo em troca de uma consideração. Determinar se um acordo contém uma locação deve ter em consideração que o contrato deve transmitir o direito de controlar o uso de um ativo identificável ou apenas uma parcela fisicamente distinta do ativo (ex: terreno de um edifício). Determinar o direito de uso de um ativo vem trazer subjetividade adicional, nomeadamente na determinação se o locatário tem o direito de gerir o uso do ativo identificável, particularmente quando o contrato inclui também a prestação de serviços adicionais significativos.
Identificar e separar os componentes de leasing dos componentes de não leasing de um contrato poderá ser um exercício complexo que irá exigir mais informação a disponibilizar pelo locador, e/ou o uso de um preço base independente para a referida repartição (“stand alone selling price”).
No ativo, a empresa passa a conhecer o direito de uso do ativo (“right-of-use” ou “ROU”) que inclui: No Passivo reconhece-se a responsabilidade subjacente que não é mais que o valor presente dos pagamentos do leasing os quais incluem as considerações fixas, opções, penalidades, valores residuais entre outros considerados como ex-fluxos de caixa quase certos.
O reconhecimento do ROU trará dificuldades acrescidas, nomeadamente, o cálculo da respetiva duração do contrato, quer seja por não existir prazo definido (são exemplos os alugueres dos terrenos para a instalação dos aerogeradores dos parques eólicos, antenas, outros), quer seja por existirem opções de renovação que deverão ser avaliadas quando à sua realização. Acresce ainda a determinação do valor do aluguer dependente do tratamento que será dado às considerações variáveis e/ou não mensuráveis, como são exemplo as existentes nos contratos de aluguer de lojas e/ou espaços comerciais.
O registo do ROU e da responsabilidade subjacente em balanço irá alterar a leitura e interpretação de rácios e covenants e a forma como avaliamos a performance nos dias de hoje, nomeadamente e a título de exemplo, por via do aumento do reconhecimento de passivos, aumento de gastos com depreciações e gastos financeiros por oposição a um decréscimo de gastos operacionais com rendas.
Tendo em conta a relevância e transversalidade de impactos decorrentes de um processo de adoção da IFRS 16, sugere-se a sua avaliação antecipada nomeadamente ao nível contabilístico, financeiro, desenho de processos de controlo interno, cumprimento de covenants, entre outros, como garante de processo sem transtornos e de pleno compliance.
Fonte: Aqui
De acordo com a nova norma, uma locação é um contrato que transmite para o locatário o direito de usar um ativo por um período de tempo em troca de uma consideração. Determinar se um acordo contém uma locação deve ter em consideração que o contrato deve transmitir o direito de controlar o uso de um ativo identificável ou apenas uma parcela fisicamente distinta do ativo (ex: terreno de um edifício). Determinar o direito de uso de um ativo vem trazer subjetividade adicional, nomeadamente na determinação se o locatário tem o direito de gerir o uso do ativo identificável, particularmente quando o contrato inclui também a prestação de serviços adicionais significativos.
Identificar e separar os componentes de leasing dos componentes de não leasing de um contrato poderá ser um exercício complexo que irá exigir mais informação a disponibilizar pelo locador, e/ou o uso de um preço base independente para a referida repartição (“stand alone selling price”).
No ativo, a empresa passa a conhecer o direito de uso do ativo (“right-of-use” ou “ROU”) que inclui: No Passivo reconhece-se a responsabilidade subjacente que não é mais que o valor presente dos pagamentos do leasing os quais incluem as considerações fixas, opções, penalidades, valores residuais entre outros considerados como ex-fluxos de caixa quase certos.
O reconhecimento do ROU trará dificuldades acrescidas, nomeadamente, o cálculo da respetiva duração do contrato, quer seja por não existir prazo definido (são exemplos os alugueres dos terrenos para a instalação dos aerogeradores dos parques eólicos, antenas, outros), quer seja por existirem opções de renovação que deverão ser avaliadas quando à sua realização. Acresce ainda a determinação do valor do aluguer dependente do tratamento que será dado às considerações variáveis e/ou não mensuráveis, como são exemplo as existentes nos contratos de aluguer de lojas e/ou espaços comerciais.
O registo do ROU e da responsabilidade subjacente em balanço irá alterar a leitura e interpretação de rácios e covenants e a forma como avaliamos a performance nos dias de hoje, nomeadamente e a título de exemplo, por via do aumento do reconhecimento de passivos, aumento de gastos com depreciações e gastos financeiros por oposição a um decréscimo de gastos operacionais com rendas.
Tendo em conta a relevância e transversalidade de impactos decorrentes de um processo de adoção da IFRS 16, sugere-se a sua avaliação antecipada nomeadamente ao nível contabilístico, financeiro, desenho de processos de controlo interno, cumprimento de covenants, entre outros, como garante de processo sem transtornos e de pleno compliance.
Fonte: Aqui
19 janeiro 2017
Samsung
Família Lee Fonte: Aqui |
Um tribunal da Coreia do Sul rejeitou nesta quinta-feira (19) um pedido de prisão para o chefe do Samsung Group [publicamos aqui o link do pedido de prisão], maior conglomerado empresarial do país, por suspeita de envolvimento em um escândalo de corrupção que levou ao afastamento da presidente do país, Park Geun-hye, pelo Parlamento.
[...]
Lee, que comanda a Samsung desde que seu pai, Lee Kun-hee, sofreu um ataque cardíaco em 2014, ainda enfrenta as mesmas acusações de pagamento de propina, peculato e perjúrio, segundo analistas legais, mesmo que não esteja detido.
[...]
Lee é um dos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção pelo suposto pagamento pela Samsung de 30 bilhões de wons (US$ 25,3 milhões) para uma empresa e fundações apoiadas por uma amiga pessoal da presidente Park em troca de receber permissão para uma fusão entre duas unidades do conglomerado em 2015.
Park teve o impeachment aprovado pelo Parlamento e agora aguarda decisão da Suprema Corte do país sobre o processo de impedimento.
A Samsung nega as acusações de lobbying para forçar uma fusão de US$ 8 bilhões com duas afiliadas Samsung em 2015: Samsung C&T e Cheil Industries.
Segundo a Fortune, mais de 20% do PIB da Coréia do Sul advém da Samsung. O caso de corrupção apagou todos os esforços de transição pacífica de poder entre o Lee patriarca, Lee Kun-hee, atualmente hospitalizado, para a segunda geração, seu filho Jay Y-Lee.
Segundo a Exame.com a fusão teria ajudado a solidificar a força do herdeiro que possuía 23% da Cheil Industries. Com a fusão, houve ganho de controle da fatia de 4,1% da Samsung C&T na Samsung Eletronics, responsável por cerca de 75% das receitas do grupo.
A procuradoria continuará as investigações e as ações aumentaram 1,5%.
Informação e Preço
Uma das grandes
vertentes de pesquisa na área financeira é como as pessoas reagem aos preços.
Nos dias de hoje, os pesquisadores utilizam o mercado acionário. Assim que uma
notícia é divulgada, é possível perceber a potencial reação dos investidores.
Caso a notícia não seja pública, alguns investidores podem atuar, comprando ou
vendendo ações e, por consequência, mudando o preço das ações. Assim, também é
possível usar o mercado acionário para verificar como as informações privadas,
que somente algumas pessoas possuem, afetam os preços. Nos dias de hoje o
problema é a grande quantidade de informação que é gerada, seja pública ou
privada. Como certificar que o movimento de preço de uma ação foi decorrente de
uma informação específica. De certa forma, culpa dos dias atuais.
No passado, quando o
fluxo de informação era muito menor, era mais fácil de associar uma informação
específica a um movimento de preço. Baseado neste princípio, um pesquisador da
Stanford University, Peter Koudijs, utilizou dados passados para tentar
entender como o movimento de preços atua diante de novas informações. Koudijs
estudou o mercado acionário de Amsterdã. A grande inovação na pesquisa é que
ele usou os dados do século dezoito, das empresas britânicas. A ideia é muito
interessante. Entre 1771 a 1787, o mercado de ações da cidade holandesa
negociava ações de companhias britânicas. Algo em torno de 20 a 30% dos
negócios destas empresas. As principais informações destas empresas eram
trazidas por barco, duas vezes por semana. Em alguns casos, o barco se
atrasava; em muitas situações, juntamente com as informações públicas – de
jornais, por exemplo, existiam informações privadas – cartas endereçadas a
investidores holandeses. Assim, Koudijs tinha um ambiente muito propício para
analisar o impacto de novas informações de conhecimento público, bem como as
notícias derivadas de informações particulares. Ele pode analisar como os
preços respondiam a chegada das notícias e, também, a “não” chegada de
notícias. O pesquisador calculou a volatilidade, a relação de preços entre o
mercado de Londres e Amsterdã, o efeito da liquidez das ações, entre outros
aspectos.
Koudijs descobriu que
as informações públicas explicaram mais de 50% da variância do retorno nos dias
da chegada do navio e 40% da variância total. Mas as informações privadas
também tinham um papel relevante: de 25% e 35%, nos dias com e sem navios.
Ao usar dados
“antigos”, muitas vezes desprezados pelos pesquisadores, Koudijs indicou a
relevância da informação na movimentação dos preços.
KOUDIJS, Peter. The
boats that did not sail. The Journal of Finance, vol 71 n. 3 , junho de
2016.
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