Sped restringe espaço das fraudes e torna sonegação difícil
Gazeta Mercantil - 6/4/2009
São Paulo, 6 de Abril de 2009 - Depois de grande esforço para a introdução da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), o projeto Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) ganha um fôlego extra com a entrada de duas novas obrigatoriedades: a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e a Escrituração Contábil Digital (ECD).
A regulamentação cria um ambiente que permite às Secretarias da Fazenda e à Receita Federal cruzar informações contábeis e fiscais, identificando fraudes e sonegação e cobrindo toda a cadeia produtiva.
Preparar a infraestrutura de TI para a regulamentação vem consumindo grande esforço das corporações. Não se adaptar ou enviar dados errados pode acarretar multas e outras penalidades. Para muitas empresas, mexer nos sistemas a fim de extrair informações fiscais e contábeis é como abrir uma caixa de Pandora.
Para se ter uma ideia do tamanho do "problema", a consultoria fiscal IOB ouviu 405 corporações brasileiras com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 7 bilhões. O estudo revelou que 83% dos entrevistados cometeram algum equívoco nestas áreas em 2007, sendo que 56% deles realizaram transações com fornecedores ou clientes inabilitados pelo governo.
As adequações dos sistemas ao Sped esbarram na agregação de um software paralelo, aquisição de equipamentos e ampliação de links de comunicação. As dificuldades começam pela complicada legislação tributária brasileira, transitam pela necessidade da limpeza e o ajuste dos dados inseridos nos softwares de gestão empresariais (ERP), culminando, em muitos casos, na necessidade de mudança de processos e tratamento das informações fiscais e contábeis dentro dos sistemas de origem.
"Apenas emitir NF-e, sem ter o controle financeiro e de estoque, não faz os dados fecharem nem que a empresa contrate o ganhador do Prêmio Nobel para cuidar da contabilidade", brinca o autor do livro sobre Sped Big Brother Fiscal, Roberto Dias Duarte.
O especialista aponta que são raras as empresas que têm esses dados coerentes e prevê a chegada de uma grande onda de gestão nas companhias no Brasil. "Trata-se da inserção das autoridades legais na Era do Conhecimento", pontua referindo-se à necessidade de um maior rigor com os dados imputados pelas corporações em seus sistemas.
"A regulamentação impõe novos processos de controle e gestão, confiabilidade da informação, sincronização de cadastros, consistência e integração entre os sistemas", lista Pedro Bicudo, sócio-diretor da TGT Consult. Mas a adaptação às novas regras tem consumido muitas horas para ajuste dos bancos de dados, com dificuldades que passam pelo impasse na definição das exigências por parte do governo, traduzindo-se em extensão de prazo e revisão de orçamentos. "Até 2008, as empresas acreditavam que bastava incorporar um sistema e todas as obrigatoriedades do Sped estariam vencidas", diz o especialista.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Felipe Dreher/ITMidia)
06 abril 2009
SPED
GM do Brasil
'GM do Brasil tem muita liberdade'
O Estado de São Paulo - 6/4/2009
Sonia Racy
Enquanto a matriz, nos EUA, luta pela sobrevivência, o presidente da GM daqui, Jaime Ardila, avisa: no País a empresa está segura e não sofre os problemas de lá
A General Motors vive, nos Estados Unidos, seu inferno astral. Semana passada, circulavam dúvidas quanto à capacidade de a montadora continuar operando por lá, mesmo depois de Barack Obama ter dado 60 dias para apresentação de novo projeto de viabilização.
A situação no Brasil, no entanto, é diferente. A operação local, como as de outras subsidiárias, é financeiramente independente. A Deloitte & Touche fez uma auditoria ampla na contabilidade da montadora e deu parecer favorável à sustentabilidade da filial brasileira. “Legalmente - e temos pareceres jurídicos dizendo isto - as leis brasileiras não permitem que uma concordata lá fora tenha impacto por aqui. Estamos absolutamente tranquilos”, contou à coluna o colombiano Jaime Ardila, presidente da empresa no Brasil. Aqui vão os principais trechos da entrevista:
Barack Obama forçou mudanças na GM americana. O que o senhor achou disso?
Concordo com as recomendações do presidente. É preciso gerar mais caixa, reduzir o nível das dívidas, acelerar a reestruturação operativa e buscar carros com maior eficiência. Aliás, neste último quesito, o Brasil pode ajudar em termos tecnológicos, com nossos carros menores.
Mas trocar um dirigente, Rick Wagoner, por outro, Fritz Henderson, que trabalhou a vida inteira na GM, muda algo?
A substituição foi simbólica e política, na busca pelo apoio do público. Obama deixou claro que ajudará a GM.
Se a empresa entrar em recuperação judicial, como ficam vocês no Brasil?
A Deloitte & Touche acaba de fazer uma auditoria também nas contas da GM Brasil. Nossa posição é sólida. Não creio em impactos maiores.
E se a GM de lá resolver vender vocês aqui?
(risos). Ela não vai fazer isto. Nos planos da GM estão à venda as marcas Saab, Hummer e Saturn.
Existem planos para abrir outra fabrica da GM no Rio Grande do Sul?
Nada a comentar, não podemos comentar.
A GM investe com recursos próprios?
Normalmente, sim. Mas agora temos também projetos com o BNDES.
Estão conversando com eles?
Estamos, provavelmente já poderemos falar sobre coisas concretas no segundo semestre.
Qual o grau de liberdade que a GM Brasil tem frente à matriz americana?
Hoje nós temos muita liberdade financeira, no dia a dia do negócio, em relação aos grandes recursos, ao capital. Mas não temos isso no desenvolvimento de produtos.
Por quê?
Para não haver sobreposição de trabalhos, a área é coordenada pela matriz. A GM se parece muito ao governo de um país. A burocracia é gigante.
O senhor esteve trabalhando no mundo inteiro. O brasileiro vê o carro de maneira diferente de outros?
Não há muita diferença. O consumidor brasileiro gosta de carro como produto de transporte, uma necessidade. É a segunda necessidade mais importante, depois da moradia.
Mas na hora de montar o carro ou definir acessórios, por exemplo?
Os brasileiros gostam muito de motores, de rendimento e de tecnologia. Nos Estados Unidos, as pessoas estão mais preocupadas com o interior do carro, com o acabamento. Ah, lembrei: os brasileiros gostam também das rodas. Este tipo de detalhe não preocupa tanto em outros lugares.
Os problemas das montadoras americanas começaram com os japoneses invadindo os EUA, muitos anos atrás. Porque os EUA nunca invadiram o Japão?
É muito difícil invadir o Japão. Eles têm muitas barreiras protecionistas, barreiras culturais, o preço da terra. São todos organizados para que só as companhias japonesas fiquem. Mercado japonês fala japonês. E é quase impossível comprar terrenos para ter concessionárias.
Na China vocês entraram...
É um modelo diferente. A China fez parcerias com empresas de fora. Hoje a GM tem 50% do mercado local. Lá somos líderes.
Eles não estão sentindo a crise?
China e Brasil são os países que estão se defendendo melhor. Eles têm uma coisa muito parecida com o Brasil: diminuíram o imposto de renda dos carros e o impacto foi o mesmo daqui. As vendas se recuperaram, abriram créditos para os consumidores. Desde janeiro, fevereiro, pela primeira vez na história o mercado chinês foi maior que o americano.
O que você acha da política automotiva brasileira?
Ela montou uma boa proteção para a indústria, criou tecnologia e garante empregos. Tem também grandes investimentos. E mais. O desenvolvimento tecnológico faz do Brasil, hoje, um dos cinco principais centros do mundo. E desenvolvimento significa design, engenharia.
Na América Latina há países que cobram menos imposto que o Brasil?
Sim, Peru e Chile são mercados totalmente abertos.
E o México?
Tem menos imposto que o Brasil, muito menos. O Brasil tem os impostos mais altos na hora de vender.
Quanto por cento das vendas da GM mundial são fruto de vendas no Brasil?
O maior mercado está nos EUA. Mas para nós, o Brasil é o terceiro mais importante. O primeiro são os EUA, em segundo vem a China.
Qual a fatia que a GM tem do mercado americano?
Tem 21%, é líder. Líder na China e nos EUA.
E quando será líder no Brasil?
É uma coisa curiosa, essa ânsia não existe só no setor automotivo, mas em qualquer outro setor. Todos buscam a liderança. Eu acho que prestígio tem que vir antes de ser a maior no mercado. É o prestígio que transmite confiança aos consumidores. É mais importante ser o melhor, não o maior.
Dois comentários: (a) O executivo não respondeu de forma objetiva quando perguntado sobre o valor do mercado brasileiro; (b) A GM do Brasil não divulga as suas demonstrações contábeis. Como posso saber se a situação dela é razoável ou não?
Resultado do G20
Foram discretas, até agora, as comemorações, no governo, pela declaração do chanceler britânico, Gordon Brown, sobre a morte do chamado Consenso de Washington, regras aceitas como indispensáveis ao bom funcionamento do sistema capitalista, compiladas em 1989 pelo economista John Williamson. Reservadamente, não foram poucos os que comemoraram, entre os conselheiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Brown, que expediu o atestado de óbito durante a reunião do G-20, na semana passada, pode ter se precipitado. (...)
Como todo consenso econômico internacional, o novo consenso não é levado integralmente em conta pelos países mais poderosos, no momento de formulação de suas políticas. Entre as medidas recém-editadas por Obama, está a permissão aos bancos para fixar, sem fidelidade às regras rígidas de contabilidade, o valor dos "ativos tóxicos", os papéis que serão vendidos com generosa ajuda do governo americano para socorrer as instituições financeiras. Analistas como o próprio Stiglitz já alertam para o "capitalismo artificial" de Obama, que mantém o jogo de ficção do mercado, em transações pouco transparentes. (...)
Sergio Leo - A morte do consenso - 6/4/2009 - Valor Econômico
Como todo consenso econômico internacional, o novo consenso não é levado integralmente em conta pelos países mais poderosos, no momento de formulação de suas políticas. Entre as medidas recém-editadas por Obama, está a permissão aos bancos para fixar, sem fidelidade às regras rígidas de contabilidade, o valor dos "ativos tóxicos", os papéis que serão vendidos com generosa ajuda do governo americano para socorrer as instituições financeiras. Analistas como o próprio Stiglitz já alertam para o "capitalismo artificial" de Obama, que mantém o jogo de ficção do mercado, em transações pouco transparentes. (...)
Sergio Leo - A morte do consenso - 6/4/2009 - Valor Econômico
05 abril 2009
Desvantagem das normas internacionais
O texto a seguir apresenta uma clara desvantagem das normas de flexibilidade: a falta de flexibilidade dos reguladores nacionais. A questão política da convergência tem sido subestimada no Brasil, o que é perigoso.
O próximo passo é uma pressão sobre o Iasb para que acompanhe as normas do Fasb. Provavelmente o Iasb irá aceitar as mudanças das normas.
Europa pede flexibilidade de normas contábeis de empresas
Agence France Presse - 4/4/2009
Os países europeus assumiram neste sábado a flexibilidade das normas contábeis das empresas, em particular as dos bancos, para que não fiquem em desvantagem em relação a seus concorrentes americanos.
O organismo que determina as normas de contabilidade dos EUA, a FASB (Financial Accounting Standards Board, Junta de padrões de contabilidade financeira), decidiu, de forma unilateral, amenizar as regras de avaliação dos ativos para ajudar os bancos a limparem seus balanços de ativos "tóxicos" ou invendáveis.
Os europeus querem o mesmo tratamento, mas as normas contábeis da União Europeia dependem de um organismo supranacional, o IASB (International Accounting Standards Board), que as fixa não somente para a Europa como também para muitos outros países à margem dos Estados Unidos.
Depois de se reuniram em Praga, os ministros europeus das Finanças publicaram um comunicado pedindo à "IASB que coopere estreitamente com a FASB para responder imediatamente a estes problemas".
"A meta deve ser obter um tratamento equivalente e a aplicação de critérios idênticos", destacou o texto.
O próximo passo é uma pressão sobre o Iasb para que acompanhe as normas do Fasb. Provavelmente o Iasb irá aceitar as mudanças das normas.
Resultados
Empresas brasileiras com ações em Bolsa tiveram um prejuízo recorde de R$ 11,718 bilhões no último trimestre do ano passado, que desafiam as atuais práticas de controle e gestão empresarial. Segundo estudo da consultoria Economática, tiveram prejuízo 118 de 325 empresas que divulgaram resultados financeiros do quarto trimestre de 2008.
Trata-se da pior temporada de perdas para esse período pelo menos desde 1999, ano da desvalorização do real e quando foi iniciado o levantamento. Supera prejuízos de R$ 4,934 bilhões do quarto trimestre de 2001 (11 de Setembro e o estouro da bolha da internet) e de R$ 4,873 bilhões do último trimestre de 2002 (eleição do presidente Lula). Em comum, todos tiveram forte variação cambial. A Economática corrigiu os dados históricos pelo IPCA.
A produtora de papel e celulose Aracruz, por exemplo, conseguiu ter perdas de R$ 4,213 bilhões no ano em que todas as suas vendas somaram R$ 3,696 bilhões. É como se a empresa tivesse perdido tudo o que produziu e ainda ficasse devendo.
No caso, o problema decorreu do hedge (proteção) cambial mal calculado pelo departamento financeiro e que passou também pelo crivo da controladoria interna. "O prejuízo de uma atividade não-essencial [financeira] superou todo o ganho da principal atividade da empresa. É impossível? Não, tanto que aconteceu. Mas é um resultado absolutamente anormal, é a exceção da exceção da exceção da regra", disse Alexsandro Broedel, professor de contabilidade da USP.
O mesmo aconteceu com MMX e LLX, respectivamente empresas de mineração e logística do empresário Eike Batista, além do parque de diversões Hopi Hari e a agência de turismo Invest Tur.
Empresas como a petroquímica Braskem, a alimentícia Sadia, a sucroalcooleira Cosan, a elétrica MPX, a têxtil Coteminas e o frigorífico Minerva, entre outros, estão com valor de mercado na Bolsa inferior ao próprio dinheiro que tinham disponível em caixa no final de 2008 -se fossem hipoteticamente compradas, o novo dono poderia pegar o dinheiro delas no banco, cobrir o valor desembolsado e ainda sobrava.
A única ressalva é quanto ao endividamento de curto prazo dessas empresas, que pode consumir grande parte desse caixa. "Quando você compra uma empresa, não leva só o caixa, mas também as dívidas. O ideal é comparar a avaliação do mercado [na Bolsa] com o patrimônio líquido, que é quanto ela vale para o seu acionista", disse Sérgio Machado, professor de contabilidade do Ibmec-SP.
No caso da Braskem, o caixa era de R$ 2,95 bilhões -acima dos R$ 2,57 bilhões do valor de mercado. Já o patrimônio líquido estava em R$ 3,68 bilhões.
Distribuição de prejuízo
Com os prejuízos registrados por essas empresas, afirmam especialistas, perdem todos os segmentos da sociedade: o governo deixa de arrecadar Imposto de Renda (para essas companhias não houve ganhos); os acionistas não embolsam dividendos (e ainda perdem com a desvalorização das ações); funcionários de diferentes escalões deixam de receber bônus e participação nos lucros e correm o risco de perder o emprego; credores têm de elevar as provisões para devedores duvidosos (aumentou o risco de inadimplência).
"O que assusta é o tamanho da destruição de riqueza. A sociedade ficou mais pobre. Todos perdem", avalia Machado.
As perdas das empresas brasileiras decorreram basicamente de três fatores: alta da dívida em moeda estrangeira (o dólar subiu 31,9% no ano), operações desastrosas de proteção cambial (só Aracruz, Sadia e Braskem tiveram perdas financeiras de R$ 9,264 bilhões) e, mais recentemente, queda nas vendas. "A variação cambial pode ser revertida; mas a queda na atividade econômica apenas começou", diz Machado.
"Chama a atenção a falta de sistemas internos de controles adequados [para impedir perdas]. Normalmente, os controles são muito bons na atividade operacional, não no financeiro. Essas empresas tiveram uma perda tão grande que podia comprometer a sua continuidade; tanto que tiveram de fazer acordo com os credores. A falta de controle interno coloca em risco a continuidade dessas companhias", disse Broedel.
Perdas recordes desafiam gestão de empresas
Folha de São Paulo - 5/4/2009
TONI SCIARRETTA
Comentários:
a) a avaliação do tamanho da perda sempre deve visto com cuidado. No caso específico dos valores apresentados, o valor total foi influenciado pela perda de algumas poucas empresas. Além disto, é inegável que hoje as empresas brasileiras são maiores que no passado; isto significa dizer que as perdas relativas "talvez" sejam menores hoje;
b) discordo da proposta do professor do Ibmec, que defende a comparação do PL contábil com o valor de mercado.
Petrobrás
Nos últimos dois anos, os investimentos feitos pela Petrobras em países da América do Sul causaram perdas de R$ 600 milhões à empresa. A maior delas foi no Equador, de quase R$ 400 milhões em 2007 e 2008.
Na Venezuela, a estatal brasileira teve que reconhecer uma queda no valor de seus investimentos de R$ 175 milhões. Na Bolívia, depois de todo o barulho feito pelas medidas de nacionalização adotadas pelo presidente Evo Morales, a Petrobras conseguiu um ganho de R$ 66,2 milhões ao vender suas ações para a estatal boliviana por US$ 112 milhões.
"Houve um aumento no risco político na América do Sul nos últimos anos. A Petrobras já tinha feito investimentos [na região] que foram prejudicados", diz Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Corretora.
Nem todas as perdas registradas no balanço da estatal brasileira são irrecuperáveis. É o caso, por exemplo, da Venezuela. Em 2006, o presidente Hugo Chávez decidiu que as empresas privadas teriam, no máximo 40% nos campos explorados, e a estatal petroleira PDVSA ficaria com 60%.
A Petrobras foi obrigada, então, a ajustar sua contabilidade ao novo cenário. Para isso, reconheceu uma "perda sobre investimentos". Foram R$ 119,6 milhões em 2007 e R$ 55,425 milhões no ano passado.
No balanço, a empresa explica que a "recuperação desses investimentos está relacionada à volatilidade do preço do petróleo, às condições econômicas sociais e regulatórias na Venezuela e, em particular, aos interesses de seus acionistas em relação ao desenvolvimento das reservas de petróleo".
A maior dificuldade da estatal brasileira está no Equador. No ano passado, a Petrobras devolveu ao governo do país um bloco exploratório, o que implicou prejuízos de R$ 181,6 milhões. Já tinha sido obrigada em 2007 a fazer uma reserva, conhecida como provisão [sic], de R$ 308,8 milhões para enfrentar a nacionalização das reservas de petróleo e o aumento da tributação aprovados em 2007.
De acordo com as explicações dadas no balanço da estatal, essas mudanças afetaram "a previsão de rentabilidade dos atuais negócios no Equador e a recuperabilidade dos investimentos realizados".
A Petrobras não divulga o volume de investimentos que fará no exterior por país. Questionada sobre a avaliação que faz das aplicações nesses países e se continuará a investir, a empresa informou que "espera manter os investimentos e as atividades nos países em que atua, de acordo com seu posicionamento estratégico e a avaliação de risco de cada região".
O investimento feito pela estatal na América do Sul não raro é alardeado pelo governo como uma ferramenta de política externa para apoiar vizinhos.
O discurso político tem prevalecido nas ações da diplomacia brasileira. No embate com a Bolívia, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou cobranças públicas ao presidente Evo Morales e preferiu uma negociação de bastidores. Lula insistiu em que o Brasil, mais rico, não podia abrir guerra com a Bolívia e precisava entender a realidade do país e a "justeza da atitude de estatização".
Petrobras perde R$ 600 mi em 2 anos na AL
Folha de São Paulo - 5/4/2009
LEANDRA PERES
04 abril 2009
03 abril 2009
Rir é o melhor remédio
Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe:
- Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira.
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:
- Onde está a arca, Noé?
- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário. Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se eu tinha um “Projeto de Reflorestamento” e um tal de “Plano de Manejo”. Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável" e eu acabei tendo que matá-lo, porque, para este crime a lei é mais branda. Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal, falando em “sinais exteriores de riqueza“ e também me multou. Finalmente, quando a Secretaria do Meio Ambiente pediu o “Relatório de Impacto Ambiental“ sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve.
Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava e perguntou:
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens. Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!
Enviado por Matias, grato.
- Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira.
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:
- Onde está a arca, Noé?
- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário. Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se eu tinha um “Projeto de Reflorestamento” e um tal de “Plano de Manejo”. Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável" e eu acabei tendo que matá-lo, porque, para este crime a lei é mais branda. Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal, falando em “sinais exteriores de riqueza“ e também me multou. Finalmente, quando a Secretaria do Meio Ambiente pediu o “Relatório de Impacto Ambiental“ sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve.
Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava e perguntou:
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens. Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!
Enviado por Matias, grato.
Valor recuperável e Cesp
Valor recuperável dá novo fôlego às ações da Cesp
Gazeta Mercantil - 3/4/2009
São Paulo, 3 de Abril de 2009 - O demonstrativo financeiro de 2008 da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) é um dos melhores exemplos até agora da dualidade que a adoção dos padrões contábeis definidos pela lei 11.638 pode trazer às empresas de capital aberto. Apesar de a companhia ter divulgado um prejuízo de R$ 2,35 bilhões por conta dos ajustes de contabilidade, a resposta do mercado acionário foi a valorização de seus papéis, com alta superior a 7% no pregão seguinte.
Não fossem os ajustes, as operações se manteriam lucrativas, com um avanço de 13,5% da receita e de 12% na geração de caixa, para R$ 1,63 bilhão. Mas não é que o mercado tenha sido tão compreensível assim com o ajuste. Acontece que, também por conta das novas regras de contabilidade, a Cesp exibiu um novo fôlego para a briga de renovação das concessões que opera.
"O resultado operacional ficou dentro das expectativas, mas o que animou o mercado foi a avaliação do valor recuperável dos ativos", afirma Luciana Pazos, analista da Gradual Corretora. Agora, cada usina passa a ter seu valor econômico individual, como unidades de negócios segmentadas e que não afetam uma à outra (positiva ou negativamente). Nesta avaliação, das seis usinas da Cesp, somente a Porto Primavera fica com as contas no vermelho - o que explica justamente o prejuízo contábil final.
"A empresa mostrou um valor de R$ 9,54 bilhões de recuperação dos demais ativos, que deu ao investidor uma percepção de minimização dos riscos de não renovação das concessões. Ou seja, se a companhia devolver os ativos para a União, terá esta remuneração", explica Luciana, ressaltando entretanto que a Cesp não explicitou que taxa de desconto aplicou nessas contas.
O montante daria um valuation de R$ 38 por ação, segundo a equipe da corretora Bradesco - bem melhor que os cerca de R$ 13 em que o papel é negociado atualmente. Nas contas da Ativa Corretora, o valor justo seria de R$ 43 por ação, após o desconto das dívidas. A equipe da Ativa ressalta que a Cesp ainda apresenta alta exposição à variação cambial - 40% de suas dívidas estão em moeda estrangeira, sem hedge. Com o cenário, a corretora Merrill Lynch reiterou a recomendação de compra aos papéis, com preço-alvo de R$ 25 por ação, enquanto as demais corretoras estão revendo suas recomendações.
O prejuízo contábil já impacta de imediato a distribuição de dividendos. Mas segundo analistas, o grande apelo da ação continua sendo a expectativa de privatização - quanto mais perto do vencimento das concessões operadas pela Cesp, que se dará em 2015, maior a possibilidade de um desfecho positivo. "O governo pode ficar encorajado com o novo valuation por ação", diz um analista.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Maria Luíza Filgueiras)
Gazeta Mercantil - 3/4/2009
São Paulo, 3 de Abril de 2009 - O demonstrativo financeiro de 2008 da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) é um dos melhores exemplos até agora da dualidade que a adoção dos padrões contábeis definidos pela lei 11.638 pode trazer às empresas de capital aberto. Apesar de a companhia ter divulgado um prejuízo de R$ 2,35 bilhões por conta dos ajustes de contabilidade, a resposta do mercado acionário foi a valorização de seus papéis, com alta superior a 7% no pregão seguinte.
Não fossem os ajustes, as operações se manteriam lucrativas, com um avanço de 13,5% da receita e de 12% na geração de caixa, para R$ 1,63 bilhão. Mas não é que o mercado tenha sido tão compreensível assim com o ajuste. Acontece que, também por conta das novas regras de contabilidade, a Cesp exibiu um novo fôlego para a briga de renovação das concessões que opera.
"O resultado operacional ficou dentro das expectativas, mas o que animou o mercado foi a avaliação do valor recuperável dos ativos", afirma Luciana Pazos, analista da Gradual Corretora. Agora, cada usina passa a ter seu valor econômico individual, como unidades de negócios segmentadas e que não afetam uma à outra (positiva ou negativamente). Nesta avaliação, das seis usinas da Cesp, somente a Porto Primavera fica com as contas no vermelho - o que explica justamente o prejuízo contábil final.
"A empresa mostrou um valor de R$ 9,54 bilhões de recuperação dos demais ativos, que deu ao investidor uma percepção de minimização dos riscos de não renovação das concessões. Ou seja, se a companhia devolver os ativos para a União, terá esta remuneração", explica Luciana, ressaltando entretanto que a Cesp não explicitou que taxa de desconto aplicou nessas contas.
O montante daria um valuation de R$ 38 por ação, segundo a equipe da corretora Bradesco - bem melhor que os cerca de R$ 13 em que o papel é negociado atualmente. Nas contas da Ativa Corretora, o valor justo seria de R$ 43 por ação, após o desconto das dívidas. A equipe da Ativa ressalta que a Cesp ainda apresenta alta exposição à variação cambial - 40% de suas dívidas estão em moeda estrangeira, sem hedge. Com o cenário, a corretora Merrill Lynch reiterou a recomendação de compra aos papéis, com preço-alvo de R$ 25 por ação, enquanto as demais corretoras estão revendo suas recomendações.
O prejuízo contábil já impacta de imediato a distribuição de dividendos. Mas segundo analistas, o grande apelo da ação continua sendo a expectativa de privatização - quanto mais perto do vencimento das concessões operadas pela Cesp, que se dará em 2015, maior a possibilidade de um desfecho positivo. "O governo pode ficar encorajado com o novo valuation por ação", diz um analista.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Maria Luíza Filgueiras)
IFRS e Brasil
Mudança contábil exige novo perfil de profissionais
Valor Econômico - 3/4/2009
A implementação das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), aprovada em 2007 no Brasil por meio da Lei 11.638 e que afeta todas as companhias abertas e limitadas de grande porte do país, está causando uma verdadeira revolução na rotina e na carreira de contadores, auditores, controllers e executivos da área financeira. A mudança, que unifica os padrões contábeis para estabelecer critérios de comparação entre empresas internacionais, aumenta significativamente o grau de responsabilidade dos profissionais que elaboram ou analisam balanços, exigindo deles uma visão crítica e conhecimentos mais aprofundados de gestão de negócios, finanças corporativas, questões societárias, planejamento tributário e sistemas de informação.
Os treinamentos, debates e congressos sobre IFRS pipocam por toda parte e lotam auditórios com representantes de empresas, universidades e órgãos públicos preocupados em entender e debater as aplicações das novas regras, já em vigor nos balanços consolidados de 2008 publicados este ano.
Mas, apesar dessa corrida contra o tempo, esta lei é entendida pelo mercado como um grande avanço por transformar as demonstrações financeiras em um instrumento efetivo de gestão do negócio, mais transparente e confiável para os investidores. Já para os contadores, acostumados a figurar em segundo plano na escala das profissões da área financeira, trata-se de uma revolução que os coloca em um novo patamar no mercado. Seu papel, até então restrito aos registros numéricos, sobe para o nível da tomada de decisão.
"Esta é uma grande oportunidade de carreira para o profissional contábil, que sempre foi muito discriminado, visto como um registrador de fatos e dados. Agora, ele é obrigado a fazer parte da estratégia da empresa", diz a contadora-chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vania Borgerth. Para ela, que também é diretora do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) no Rio de Janeiro e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), este é o momento de maior mudança em toda a sua carreira.
Há 16 anos no BNDES, Vania lidera atualmente uma equipe de 50 pessoas. Ao todo, a estrutura da instituição tem 250 contadores, responsáveis por analisar o balanço das empresas que solicitam financiamento. E é da contadora-chefe a missão de capacitá-los em IFRS. Por isso, desde 2006, Vania acompanha de perto as discussões no Brasil e no exterior sobre as normas contábeis internacionais. "Procuramos nos antecipar ao mercado. O próximo passo será certificar internacionalmente todos os nossos contadores", explica ela.
As normas internacionais causam também um impacto importante no ensino, uma vez que exigem mudanças não apenas no currículo dos cursos de ciências contábeis, administração e economia, mas também na mentalidade dos professores e nas metodologias. Afinal, as escolas terão de exigir do aluno um posicionamento mais analítico e não somente o cumprimento de normas pré-estabelecidas. O desafio é grande: segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), cerca de 20 a 25 mil contabilistas se formam a cada ano em 1.046 instituições de ensino superior espalhadas pelo país.
Como as regras estão sendo adotadas por etapas e, por isso, há pouquíssimas publicações sobre o tema no Brasil, a responsabilidade de se atualizar e buscar as informações recai sobre todos os profissionais envolvidos com o tema - inclusive os professores. "O conhecimento está se formando e, por isso é muito importante que os professores participem das discussões", diz Sérgio Machado, professor do Ibmec São Paulo. Em relação ao mercado de trabalho, ele acredita que a demanda agora será por contadores que enxerguem a organização de forma mais ampla.
As escolas de ponta no ensino de finanças saem na frente na adequação à nova legislação. A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à Universidade de São Paulo (USP), é uma das líderes do processo no país, e faz parte do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), grupo formado pelas principais entidades do mercado de capitais responsável pelo estudo, adequação e emissão de normas ligadas à Lei 11.638.
Além de promover uma série de workshops e palestras sobre o assunto em parceria com outras entidades e empresas, a Fipecafi já incorporou ao seu currículo todas as normas publicadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "O antigo modelo contábil é mencionado apenas como referência histórica", diz o professor Ariovaldo dos Santos. Para ele, mais do que a questão técnica, o maior desafio é a postura que deverá ser adotada pelos professores, alunos e profissionais de mercado. "É preciso mudar a cabeça das pessoas. Elas terão de reaprender a profissão."
A Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Eaesp) também já reformou a disciplina de contabilidade em seus cursos de acordo com o padrão internacional. A cada nova norma publicada pela CVM, os professores levam artigos e a própria legislação para discutir em sala de aula.
A professora Edilene Santana Santos, do departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da FGV, vê impactos importantes tanto na carreira dos contadores, que precisam de conhecimento mais profundo para tomar decisões, como dos analistas de mercado, já que eles são os usuários das informações publicadas e precisam interpretar corretamente os balanços. "Com a adoção do IFRS, há flexibilidade para adaptação em cada empresa. O analista vai se deparar com formas diferentes e, ao ler os relatórios, precisa saber como aquela prática adotada afetou os resultados", explica Edilene.
É o que vive na pele Marco Saravalle, analista da corretora Coinvalores e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). "Foi uma mudança muito sensível para a análise", diz ele, que terá de fazer projeções de mercado para 2009 com as novas alterações. Saravalle acabou de concluir um MBA voltado para o mercado de capitais, porém ainda estudou com base no modelo contábil antigo. "Se eu soubesse (que as regras mudariam tanto) teria esperado mais um pouco para fazer o curso", lamenta. "Nós, analistas, vamos ter que ler muito, buscar informações em palestras e seminários para estarmos atualizados, porque pequenas questões podem ser determinantes na avaliação de uma empresa."
Outro segmento do mercado que tem investido fortemente em capacitação em IFRS são as empresas de auditoria, que têm sido responsáveis por introduzir as novas regras em boa parte das empresas de grande porte no País, além de oferecer treinamento para as equipes internas dessas organizações. Para garantir tal expertise dos auditores, os treinamento no Brasil e exterior são intensivos.
Só na KPMG, foram investidos em 2008 aproximadamente de R$ 4 milhões em treinamentos de IFRS e novos pronunciamentos contábeis. Cerca de 1.800 profissionais da equipe passaram por 280 mil horas de treinamentos presenciais no país e na Europa ou em cursos on-line. "Muitos fatores exigem um grau de subjetividade muito grande, como determinar o valor justo de ativos. São aspectos que exigem maior senioridade dos profissionais", diz o sócio-líder de auditoria da KPMG no Brasil, Charles Krieck. "O processo ficou mais complexo e mais interessante", completa.
A PricewaterhouseCoopers (PwC) também treinou mais de mil funcionários em sessões que variaram de 30 a 100 horas por ano, além de um grupo de cerca de cem "superespecialistas" que fizeram intercâmbio técnico fora do país ou possuem qualificação internacional independente. Além da capacitação interna, a empresa promove constantemente seminários gratuitos para cerca de 400 pessoas sobre a Lei 11.638 e seus impactos nas organizações. "Nossa preocupação é que o mercado todo consiga se capacitar", diz Fábio Cajazeira, sócio da área de mercado de capitais no Brasil.
Há cerca de dez anos, quando a Europa sinalizou a mudança nas regras internacionais, a PwC mundial começou a promover intercâmbios internos para capacitar profissionais dos 154 países em que atua. Cajazeira foi um deles. Passou dois anos no Reino Unido participando de um grupo global especializado em IFRS. Hoje, considerado um "superespecialista", ele acredita que a convergência das regras internacionais é a maior revolução na linguagem de comunicação das empresas com seus diversos públicos. Por isso, o entendimento de quem atua na área não pode ser superficial. "São mais de 40 normas que mudam toda a estrutura de balanço. Não é algo que um curso de cinco horas resolveria." Na opinião dos especialistas ouvidos pelo Valor, o IFRS tende a promover um maior interesse de jovens profissionais para atuar na área contábil.
A demanda já foi identificada pelo Ibmec RJ, por exemplo, que lançou uma graduação em ciências contábeis toda moldada a essa nova realidade. O curso se propõe a formar profissionais que tenham pleno domínio conceitual, funcional e operacional do IFRS e outras questões importantes ligadas à área financeira, mas também traz questões que remetem ao novo papel dos contadores, como gestão de negócios, análise de informações, habilidades de liderança e visão estratégica das atividades contábeis.
Para o vice-presidente de fiscalização do Conselho Federal de Contabilidade, Enory Luiz Spinelli, o pleno ajuste às novas regras deve se dar entre cinco e oito anos. "A história da contabilidade no Brasil, desde a chegada dos portugueses, sempre teve um enfoque tributário, fiscal. Agora, teremos uma contabilidade focada no negócio e no conhecimento."
Investigadores
Procuram-se investigadores de fraudes
Gazeta Mercantil - 3/4/2009
3 de Abril de 2009 - À medida que a crise financeira se alastra, surgem novas suspeitas de fraude - e com elas a necessidade de encontrar provas de má conduta. É por esse motivo que cresce a procura por investigadores de fraudes.
Recentemente, o FBI anunciou que o número de investigações de fraudes com hipotecas superava os 1,6 mil casos no fim do ano fiscal de 2008, que terminou em 30 de setembro, em contraste com as 881 ocorrências registradas dois anos atrás. Em acréscimo, foram abertas 530 investigações de fraudes corporativas, informou a policia federal americana.
A agência está recrutando gente para ajudar nessas investigações, incluindo pessoas com experiência em informática e contabilidade. Os candidatos que falam um idioma estrangeiro e aqueles que são inspetores de fraude certificados também levam vantagem sobre os concorrentes. A certificação é uma credencial oferecida pela Associação de Inspetores de Fraude que indica proficiência e experiência na prevenção, detectação e dissuasão de fraudes.
Fora do âmbito governamental, os investigadores de fraudes trabalham para consultoras de segurança como a Kroll; nos escritórios de contabilidade como o Deloitte Touche and Eisner; e nos escritórios de consultoria empresarial global e de auditoria interna como o Protiviti. Alguns penduram suas próprias placas. Esses escritórios podem ser contratados por escritórios de advocia ou pelas empresas que queiram realizar uma investigação interna.
O número de inspetores certificados cresceu 10% em comparação com o ano passado, segundo a associação, um grupo de classe com sede em Austin, no Texas. A remuneração média para os inspetores de fraude certificados que trabalharam em tempo integral em 2008 foi de pouco mais de US$ 90 mil por ano, informa a associação.
Os investigadores de fraude corporativa dizem que o trabalho exige curiosidade e tenacidade. E advertem que pode ser extenuante e mesmo enfadonho. Por serem contratados com basea na recomendação de advogados corporativos ou externos, eles estão comprometidos com o direito profissional do advogado e não têm poder para processar o autor de um crime. Mesmo assim, eles asseguram, seus esforços podem ser recompensadores.
Recentemente, surgiu um heroi da categoria: Harry Markopolos, que advertiu sucessivamente a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) que Bernard L. Madoff aoperava um esquema de pirâmide gigantesca às custas dos investidores. Markopolos, que trabalhava para uma empresa de investimento quando começou a investigar as atividades de Madoff, saiu do emprego em 2004 para estabelecer sua própria agência de investigação.
Embora a SEC não tenha agido com base nas advertências de Markopolos, ele ajudou a facilitar o caminho para investigações posteriores, que identificaram vários escândalos "mini-Madoff" e outros tipos de fraude.
Embora muitos investigadores tenham experiência em contabilidade forense, auditoria interna e cumprimento da lei, os especialistas dizem que a área também atrai executivos de finanças, assistentes jurídicos, bibliotecários e ex-jornalistas. "O que é realmente necessário é uma grande habilidade para fazer as pessoas falarem", declarou Jules Kroll, o recém-aposentado fundador da empresa que traz seu nome.
Há dois anos, depois de publicar um livro intitulado "Body Brokers: Inside America's Underground Trade in Human Remains", a escritora free-lance Annie Cheney pensou no que faria a seguir. Ela considerou a produção do livro uma experiência incompleta. "Era muita solidão", disse. "Eu precisava de um emprego".Já que ela adora relatórios e solucionar enigmas, Cheney enviou um currículo para a Kroll, empresa de gereneciamento de risco e investigação de fraudes. Contratada como analista, foi recentemente promovida a diretora.
Philip S. Deming, que administra a agência Philip S. Deming & Associates, em King of Prussia, na Pensilvânia, iniciou sua carreira no Departamento do Tesouro e avançou degraus em desenvolvimento e gestão de recursos humanos. Numa caso que investigou, concluiu que um funcionário havia exagerado numa nota de despesas. Em outro, descobriu que uma mulher forjou um diploma universitário.
A necessidade de investigar fraudes hoje em dia é tão grande que Deming viu-se forçado a contratar funcionários temporários - advogados, investigadores particulares e inspetores de fraude certificados - que ganham de US$ 150 a US$ 275 por hora.
A formação de profissionais também pode fazer parte do cotidiano de um investigador de fraudes. Pam Verick, que coordena o sistema de gestão de risco de fraude na Protiviti, também conduz sessões de treinamento para funcionários de clientes. Nessas oportunidades, ela os alerta para as possíveis práticas de esquemas que envolvem propinas, subornos e relatórios financeiros fraudulentos.De quando em quando, durante o intervalo das aulas, um participante da turma a chama de lado e diz: "Estou preocupado, pois algo sobre o que conversamos está ocorrendo".. O assunto é então encaminhado ao consultor juridico interno para investigação na empresa do aluno do curso de treinamento.
Quando Pam conduz suas próprias investigações de fraude, ela se mantém alerta para os detalhes. E a tecnologia que usa para obtê-los ganhou sofisticação. Ela diz que agora recupera provas de celulares, Blackberry, discos rígidos e arquivos de rede. Pam disse por experiência própria que, se a fraude for descoberta, a maior parte das empresas não entram com ação judicial. Em vez disso, elas fazem acordos individuais para que os funcionários envolvidos efetuem a devida restituição.
Os expedientes com duração de 18 horas e as refeições extraídas de máquinas automáticas durante as investigações valem a pena, quando um cliente diz: "Obrigado, nós tínhamos de ouvir exatamente isso".
Dina Blake, estudante formada em contabilidade pela West Virginia University, em Morgantown, na Virgínia Ocidental, espera investigar fraude um dia. Ela pretende seguir a carreira de contabilidade forense e receber um certificado de investigação de fraude. Para tanto, conseguiu um estágio na Ernst & Young, o escritório de auditoria, em Washington enquanto ainda cursava o segundo semestre.
Ela disse que seus estudos lhe deram uma melhor compreensão das dificuldades pelas quais passam as pessoas que perderam as economias de aposentadoria como resultado de fraude corporativa. Dina vê sua nova carreira com idealismo: "Eu vou ajudar a endireitar o mundo dos negócios. Por bem ou por mal".
(Gazeta Mercantil/Caderno D - Pág. 7)(Amy Zipkin The New York Times)
Mudança na MM pelo Fasb 13
EUA: Conselho (fasb) Aprova Flexibilização De Marcação A Mercado
DJ em Portuguese - 2/4/2009
Nova York, 2 - O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, na sigla em inglês) aprovou o plano que flexibiliza suas controversas diretrizes contábeis de marcação a mercado, permitindo às empresas maior margem de manobra para a avaliação de seus investimentos.
O FASB revisou as regras para permitir que as empresas usem seu próprio julgamento em maior escala na determinação do "valor justo" de seus ativos. O conselho também tornou mais fácil para as empresas evitar ter que assumir custos sobre perdas quanto sofrerem prejuízos em seus investimentos.
As alterações veem na esteira de uma forte pressão de bancos e de seus representantes políticos no Congresso para que as regras de marcação a mercado fossem flexibilizadas. Como estavam, as regras exigiam que as empresas determinassem o valor de seus investimentos durante as altas e baixas do mercado.
Os bancos reclamam que durante a atual crise financeira, quando muitos mercados estão congelados ou sem funcionar direito, as regras empurraram essas avaliações para baixo de forma injusta e forçam os bancos a registrar grandes perdas com base em flutuações temporárias do mercado. Os que apoiam as regras dizem que elas são necessárias para fornecer informações mais acuradas aos investidores e que qualquer mudança poderá permitir que os bancos sobrevalorizem seus ativos.
As alterações do FASB terão efeito sobre as informações financeiras do segundo trimestre para a maioria das empresas. As companhias não poderão aplicar as novas regras de forma retroativa, como algumas queriam. As informações são da Dow Jones. (Ana Conceição)
Mudança na MM pelo Fasb 12
ATUALIZA-Conselho dos EUA alivia regras de marcação a mercado
Por Al Yoon
Reuters Focus - 2/4/2009
(Texto atualizado com mais informações e comentários de analistas)
NORWALK, Connec., 2 de abril (Reuters) - Os formuladores de padrões contábeis dos Estados Unidos pressionaram o Congresso do país e o setor bancário nesta quinta-feira e permitiram mais flexibilidade na avaliação de ativos tóxicos que acarretaram bilhões de dólares em baixas contábeis.
Os cinco membros do conselho para padronização da contabilidade financeira (Fasb, na sigla em inglês) decidiu por unanimidade dar maior poder aos bancos para decidir qual a melhor ferramenta para definir o preço para definir o valor de ativos quando tiverem que passar por marcação a mercado.
Mas no assunto que ajudaria muitos bancos norte-americanos a apresentar resultados mais fortes, o conselho aprovou com margem apertada --três votos a dois -- uma orientação que pode permitir aos concessores de empréstimo assumir prejuízos menores dos ativos debilitados disponíveis para venda.
"Eu acho que isso é um avanço", disse o presidente do Fasb, Robert Herz, sobre as mudanças durante a reunião de três horas do conselho em uma sala repleta de dezenas de representantes de instituições contábeis, bancos e companhias de seguro.
Mas Marc Siegel e Thomas Linsmeier, dois dos membros do conselho, votaram contra a nova orientação que diz como as companhias devem apontar seus ativos que tiveram uma queda significativa de valor.
As mudanças teriam efeito a partir do segundo trimestre para a maioria das instituições financeiras norte-americanas, mas a adoção inicial pode ser permitida ainda para o primeiro trimestre.
Muitos parlamentares, bancos e outros defensores das mudanças argumentam que a manutenção dos preços de ativos em níveis irrisórios, durante um longo período de mercados inativos, ampliou a crise financeira por meio das baixas contábeis, que golpearam os lucros, deterioram os níveis índices de proteção de capital e reduziram a capacidade de empréstimos.
Alguns investidores têm uma visão diferente, dizendo que a maior flexibilidade com as regras pode permitir que grandes bancos escondam o real valor de seus ativos tóxicos.
Robert Willens, analista especializado em impostos e questões contábeis, disse que as mudanças vão ajudar os bancos superficialmente e aumentar seus níveis de capital.
"Além disso, estou percebendo que a maior parte dos investidores com quem converso está desapontada porque isso não muda a realidade dos bancos", disse. "Isso pode acabar como um dia negro na história", completou.
CRISE-EUA-MARCACAO-ATUA|LANGPT|BRS
Mudança na MM pelo Fasb 11
EUA: Mudança Em Marcação A Mercado Pode Ter Pouco Impacto P/ Bancos
DJ em Portuguese - 2/4/2009
Nova York, 2 - Analistas do setor bancário estão alertando que as mudanças contábeis aprovadas esta manhã podem ser muito pequenas e terem chegado muito tarde. No início do dia, as ações de bancos dispararam depois que o Comitê de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês) aprovaram mudanças para dar aos bancos maior flexibilidade para estimar o valor de ativos em sua carteira de investimentos. Às 16h20 (de Brasília), as ações do Citigroup subiam 2,61% e as do Bank of America estavam em alta de 3,36%.
As normas que forçaram os bancos a marcarem os papéis a mercado causou muitas dificuldades para as instituições porque não havia compradores e, portanto, não havia preços para as obrigações da dívida colateralizada e outros ativos lastreados em determinadas hipotecas. As mudanças não serão aplicadas retroativamente, e os ativos nos livros dos bancos já sofreram baixas contáveis agressivas. Portanto, boa parte do dano já ocorreu.
Enquanto, os maiores problemas para os bancos agora não são os ativos submetidos a baixas contábeis, mas o crédito inadimplente, o dinheiro que os bancos tiveram de colocar de lado para cobrir os calotes e o poder de gerar lucro destas companhias.
O presidente e executivo-chefe do Bank of America, Ken Lewis, disse nesta quinta-feira à cadeia de notícias CNBC que, no caso do banco, a questão (da marcação a mercado) não era tão importante "quanto alguns pensavam".
Em comunicado, o Citigroup disse que acredita que "as decisões de hoje do Fasb sobre a regra contábil de valor justo (FSP FAS 157-e) não terão impacto nas declarações financeiras do Citigroup ou em nossas práticas existentes de determinar o valor justo".
Robert B. Albertson, estrategista-chefe da firma de serviços financeiros Sandler O'Neill, afirmou que, considerando a "potencial ambiguidade do que (o Fasb) diz" é possível que a polêmica sobre a marcação a mercado continue. As mudanças podem ser boas para os bancos ou não dar em nada, acrescentou.
O analista John McDonald, da corretora Sanford Bernstein, disse em e-mail à Dow Jones que, na sua opinião, "trata-se de uma modesta mudança interpretativa e vem muito tarde no ciclo" para alterar a direção dos bancos.
Robert Willens, ex-analista contábil do Lehman Brothers Holdings que agora atua numa consultoria sobre tributação corporativa em Nova York, estima que a mudança pode aumentar os lucros dos bancos em até 20%. Vários analistas e mesmo alguns banqueiros consideram esta estimativa muito agressiva.
Lewis disse na CNBC que a mudança pode adicionar "um ou dois centavos" ao lucro por ação, "mas não 20%". O executivo-chefe do Bank of America disse que cerca de US$ 700 bilhões dos aproximadamente US$ 2,4 trilhões em ativos do Bank of America estão "marcados a mercado e bastante rigorosamente marcados".
Richard X. Bove, da Rochdale Securities, acredita que a mudança possa adicionar entre 5% e 10% aos lucros de alguns bancos, mas disse que não está claro quem se beneficiaria mais, porque os detalhes sobre quais bancos não deram baixa contábil agressiva em ativos não são claros. Provavelmente os que mais se beneficiarão, disse, são os maiores bancos dos EUA, como JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of America e Wells Fargo, enquanto mesmo os grandes bancos regionais poderão ter pouco ou nenhum aumento nos lucros.
A mudança na norma terá um impacto em baixas contábeis futuras, mas Bove concorda com McDonald que os bancos "reduziram o tamanho das carteiras de ativos nas quais as baixas contábeis futuras podem ser menores" e os preços subiram para "uma boa parte dos ativos". Os grandes problemas que os bancos sofreram estão agora superados, disse Bove.
As mudanças contábeis podem ter outro efeito: os investidores podem olhar para o poder de gerar lucro dos bancos. "Há um reconhecimento crescente de que a maior parte dos grandes bancos é lucrativa", incluindo o Bank of America, disse Bove. As informações são da Dow Jones. (Regina Cardeal)
Mudança na MM pelo Fasb 10
BM&FBOVESPA: Bolsa dispara 4,19% com G20 e marcação a mercado
Gazeta Mercantil News (Tempo Real) -2 /4/2009
SÃO PAULO, 2 de abril de 2009 - Nem mesmo a palavra otimismo pode ilustrar o que aconteceu nos principais mercados acionários mundiais nesta quinta-feira. Uma junção de notícias externas fez as bolsas de valores mundo afora dispararem mais de 4%, inclusive o índice acionário da BM&FBovespa, que encerrou o dia em forte alta de 4,19% aos 43.736 pontos. O giro financeiro somou R$ 5,89 bilhões.
As decisões tomadas durante a reunião do G20 (grupo que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes do globo) foi uma das razões para o movimento. Em entrevista coletiva, ao final do encontro, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou que os países membros do G20 concordaram em destinar US$ 1 trilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), em uma tentativa de ajudar os países com problemas decorrentes da crise financeira internacional. Além disso, Brown também prometeu esforço fiscal, feito com economia dos gastos públicos e corte de impostos, da ordem de US$ 5 trilhões até 2010 para a criação de empregos - tal cifra reflete o maior investimento já feito em toda a história.
"Mas, na minha opinião, o que deixou os investidores bastantes esperançosos quanto ao futuro foi a flexibilização das normas de marcação a mercado", afirma Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor. O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, na sigla em inglês) anunciou hoje a flexibilização das normas de avaliação de ativos, que nos últimos meses levaram os bancos a registrar grandes desvalorizações.
Esta norma, chamada "mark-to-market" ou "marcação a mercado", obriga as instituições financeiras a avaliar seus ativos no valor de mercado. Nos casos de ativos "tóxicos" herdados da bolha imobiliária, dificilmente intercambiáveis, este valor é muitas vezes considerado como muito frágil, causando grandes perdas para os bancos. Com a flexibilização permite que as instituições financeiras usem seu próprio julgamento para determinar o "valor justo" de seus ativos.
"Acredito que a flexibilização de marcação a mercado, aliada às medidas anunciadas pelo G20 hoje, pode ser o princípio da volta da confiança dos investidores no sistema financeiro", diz Daoud. Mas o diretor da Global Financial Advisor ressaltou que as medidas não elimina os estragos já feitos nas economias.
Por fim, os indicadores econômicos norte-americanos continuam mostrando sinais de recuperação. Hoje o Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou que o volume de encomendas à indústria avançou 1,8% ou US$ 6,1 bilhões em fevereiro, após seis meses de queda. Para amanhã, é aguardado o relatório com os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, indicador ainda considerado bastante frágil diante do contexto econômico.
Por aqui, dentre as maiores altas figuraram JBS ON (+9,34%), Lojas Renner ON (+9,32%) e Cyrela ON (+9,29%). No sentido oposto estiveram as ações da Transmissão Paulista PN (-5,08%), Redecard ON (-2,57%) e Vivo PN (-1,64%).
(Vanessa Correia - InvestNews)
Mudança na MM pelo Fasb 9
Fasb flexibiliza regra para marcação a mercado de ativos
Valor + News - 2/4/2009
SÃO PAULO - O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb) dos Estados Unidos aprovou hoje uma polêmica medida que deve aliviar a pressão sobre o balanço dos bancos norte-americanos.
De acordo com as novas regras, as empresas não serão mais obrigadas a contabilizar o preço de todos os seus ativos a valor de mercado - marcar a mercado, no jargão do setor - caso não haja liquidez suficiente para os papéis. A lógica é: se não há mercado, não há como determinar o preço de mercado.
Os bancos argumentam que possuem ativos, como empréstimos e títulos de atrelados a hipotecas, que continuam gerando fluxo de caixa normalmente, mas que estão com preços muito descontados nos casos em que houve algum tipo de venda dos papéis, por conta da falta de liquidez.
Como pela regra vigente até então as instituições tinham que registrar os ativos a esses preços mais reduzidos, elas vinham fazendo a cada trimestre novas baixas contábeis, derrubando o lucro e seus índices de solvência.
Como poderão agora contabilizar tais ativos pelo fluxo de caixa esperado trazido a valor presente, teoricamente, não haverá novas perdas de valor, a não ser que o risco de crédito do ativo se deteriore no período.
Por outro lado, os críticos da medida argumentam que ao não registrar os papéis pelo seu valor de mercado, em caso de necessidade de venda dos ativos a perda acabará aparecendo de qualquer maneira. Neste caso, o investidor fica sem saber se o balanço publicado realmente reflete números reais, ou apenas a estimativa ou a esperança dos administradores sobre o fluxo de caixa de determinado instrumento.
(Valor Online, com agências internacionais)
Mudança na MM pelo Fasb 8
EUA afrouxam regra para bancos
Patrícia Campos Mello, WASHINGTON
O Estado de São Paulo - 3/4/2009
Na contramão do que decidiu o G-20, instituições terão mais liberdade para lançar valor de ativos nos balanços
Contrariando o comprometimento do G-20 de tornar mais rigorosa a regulamentação financeira, os Estados Unidos aprovaram ontem a flexibilização de regras contábeis de bancos e empresas. O Financial Accounting Standards Board (Fasb), órgão que estabelece padrões de contabilidade, concordou em dar mais liberdade a empresas e bancos para estabelecerem o valor de seus ativos nos balanços.
Com a nova regra, bancos não precisam “marcar em valor de mercado” muitos dos ativos tóxicos - hoje bastante deprimidos - que têm nos balanços. Em vez de registrá-los pelo valor que os ativos atingiriam se fossem vendidos hoje no mercado, eles poderão determinar o “valor justo” dos ativos, em condições mais favoráveis de mercado.
A mudança foi resultado de pressões do Congresso, dos bancos e do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke. Defensores da flexibilização da marcação a mercado argumentam que, atualmente, o mercado está tão tumultuado que não reflete valores realistas dos ativos.
Como os preços de ativos no mercado não param de cair, as empresas estavam constantemente revisando para baixo os valores dos ativos em seus balanços, exacerbando a crise financeira.
A medida, longe de ser meramente burocrática, tem enormes implicações na crise financeira. Às vésperas dos testes de estresse que o Tesouro fará nos bancos, a nova regra pode evitar que muitos bancos sejam considerados insolventes.
As ações de bancos subiram em Nova York por causa da nova medida. Segundo Robert Willens, ex-integrante do conselho do Lehman Brothers, a mudança pode elevar os lucros em até 20% em bancos como o Citibank.
Para alguns analistas, no entanto, a flexibilização das regras de marcação a preços de mercado simplesmente deixa bancos quebrados sobreviverem com uma mudança das regras no meio do jogo. Investidores dizem que a flexibilização vai ajudar os bancos a mascararem as perdas e sobrevalorizarem seus ativos.
“Os investidores não vão querer investir em empresas que escondem o valor real de seus ativos e dívidas”, disse em comunicado o CFA Institute, instituto de análise financeira.
“Estamos muito preocupados com o fato de a Fasb ter se curvado a pressões políticas, que impedem os investidores de entenderem as reais obrigações das empresas financeiras”, disse Arthur Levitt, presidente do Investors Working Group.
A medida que altera as regras entra em vigor nos balanços do segundo trimestre deste ano, mas as companhias podem adotá-la já para o balanço do primeiro trimestre.
Mudança na MM pelo Fasb 7
Bancos poderão elevar valor de ativo podre
Gazeta Mercantil - 3/4/2009
Nova York, 3 de Abril de 2009 - A Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira norte-americana (Financial Accounting Standards Board) votou ontem a favor da concessão de maior autonomia aos bancos do país para informar o valor de títulos hipotecários. As mudanças permitirão que os bancos registrem lucros maiores ao assumir que estes papéis valem mais do que qualquer investidor aceitaria pagar por eles nos dias atuais.
Estas medidas foram solicitadas por membros do Congresso dos Estados Unidos e associações de bancos, mas foram veementemente repreendidas por alguns investidores e por um grupo liderado por dois ex-presidentes da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês).
Em resposta às críticas dos investidores, a comissão decidiu exigir que os bancos forneçam mais informações acerca de seus ativos. A comissão aprovou três alterações às regulações - duas delas foram alcançadas em votações secretas e uma após duas divergências. As medidas possibilitarão que os bancos mantenham algumas quedas nos valores de seus ativos fora de seus registros de rendimentos.
"Há um entendimento de que nós estamos nos curvando a pressões políticas", afirmou um dos membros da comissão que votou a favor das mudanças, Lawrence W. Smith. Ele apontou que a recepção hostil dada a Robert H. Herz, presidente da comissão, em uma audiência no Congresso no mês passado, durante a qual parlamentares de ambos os partidos ameaçaram tomar medidas cabíveis caso a comissão não fizesse as mudanças requisitadas pelos bancos. A comissão propôs as mudanças alguns dias depois.
"Nós somos uma entidade independente e é importante que a nossa independência seja mantida", afirmou Smith. "Ao mesmo tempo, como podemos ignorar o que esta acontecendo a nosso redor?" Os bancos têm defendido que os valores de mercado de alguns títulos, particularmente aqueles lastreados em hipotecas, estão, agora, bem abaixo do valor real que será revelado ao longo do tempo. O fato de serem forçados a amargar tais perdas, argumentam eles, prejudica seus ativos e agrava a crise financeira. As instituições bancárias desejam que avaliar alguns ativos de acordo com os valores atuais de mercado.
A American Bankers Association, que havia forçado os legisladores a exigirem que a comissão fizesse mudanças, elogiaram a medida. "A decisão deve melhorar a informação para investidores ao fornecer estimativas mais acuradas de valores dos mercados", disse Edward Yingling, presidente da associação. Uma mudança adotada pela comissão exigiria que os bancos divulgassem o efeito da interpretação modificada, embora a palavra final não tenha sido divulgada e não esteja claro o grau de detalhamento da divulgação.
Para alguns outros ativos, os bancos devem reduzir o valor contábil a valores de mercado somente se concluírem que a queda "não é temporária". A medida que causou dissidência permitirá que os bancos mantenham parte de tais quedas fora de suas demonstrações de lucros e perdas, embora a queda ainda apareça nos balanços das instituições.
Um dissidente, Thomas J. Linsmeier, reclamou que as regras de contabilidade já permitem a "ficção de que todos os bancos estão bem capitalizados", acrescentando que as mudanças "vão fazer com que pareçam melhor capitalizados". A adoção das regras era amplamente esperada, mas alguns analistas vinculam sua aprovação à alta no mercado de ações depois que os votos foram anunciados.
Os reguladores dos bancos já têm o poder de ajustar a contabilidade ao computar capital, e alguns grupos de investidores argumentaram essa seria a melhor alternativa, em vez de dar aos bancos mais liberdade para avaliarem ativos em valores estipulados por eles e não em valores que as pessoas pagariam por eles.
A comissão acrescentou à regra mais recente que o objetivo de refletir o valor de mercado permaneceu o mesmo, mas as regras ainda vão permitir mais julgamento por parte de gerentes e, assim, mais habilidade para controlar os números que eles divulgam. O voto atraiu a condenação de uma organização chamada de Investors Working Group, liderada por dois ex-presidentes da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), William H. Donaldson e Arthur Levitt Jr., e está preparando recomendações para a reforma regulatória.
"Para criar padrões contábeis de alta qualidade, é importante que o processo seja independente e esteja livre de pressão política", disse o grupo, em um comunicado. "Isso vai assegurar que tais padrões sejam neutros e representem de maneira fiel a realidade econômica.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(The New York Times)
Mudança na MM pelo Fasb 6
Pacote empurra bolsas para terceira alta seguida
Valor Econômico - 3/4/2009
As bolsas de valores dos Estados Unidos tiveram um rali ontem pelo terceiro pregão seguido, à medida que mais dados sugeriram que a economia está se estabilizando e mudanças numa regra de contabilidade bancária animaram o setor financeiro.
O tom positivo aumentou após o anúncio de líderes do G-20 de recursos adicionais da ordem de US$ 1 trilhão para reforçar o Fundo Monetário Internacional e impulsionar o comércio.
O índice Dow Jones avançou 2,79%, para 7.978 pontos. O Nasdaq subiu 3,29%, para 1.602 pontos. O índice Standard & Poor's 500 teve valorização de 2,87%, para 834 pontos.
As ações da Caterpillar subiram 8,8% e as da DuPont ganharam 9,17%. Os papéis da General Electric fecharam em alta de 5,60% e os da Exxon Mobil ganharam 1,47% em meio a um aumento de mais de US$ 4 nos preços do petróleo no mercado futuro.
No setor bancário, os papéis do Wells Fargo fecharam com valorização de 5,87% e os da Goldman Sachs avançaram 3,56%.
A mudança no padrão contábil dos EUA em relação à marcação a mercado de ativos com baixa liquidez também beneficiou as ações dos bancos.
Os principais índices de ações europeus também encerraram em alta pela terceira sessão consecutiva. O indicador FTSEurofirst 300, que reúne as principais blue chips do continente, teve valorização de 4,88%, para 781 pontos.
"Claramente, houve alguma melhora dos dados... no geral houve rumores positivos vindos do G-20, e Trichet falou sobre a probabilidade de uma recuperação em 2010", disse Jim Wood-Smith, chefe de pesquisa da Williams de Broe, em referências as declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE) , Jean-Claude Trichet.
A alta das ações de bancos voltou a comandar o terceiro dia consecutivo de ganhos para as bolsas europeias. A avaliação é de que o pior da crise no sistema financeiro possa ter ficado para trás continuou influenciando o humor assim como as expectativas em torno da reunião do G-20.
O FTSE-100, de Londres, fechou com alta de 4,28%, para 4.124 pontos. Em Frankfurt, o DAX terminou aos 4.381 pontos, com valorização de 6,07%. O CAC 40, de Paris, avançou 5,37%, para 2.992 pontos.
As bolsas chegaram a retroceder logo após a decisão do BCE de reduzir o custo do dinheiro da região do euro de 1,5% para 1,25% ao ano. O corte foi menor do que o esperado. Muitos economistas projetavam redução de 0,5 ponto na taxa, para 1%, mas os índices voltaram a subir em seguida.
As ações do Royal Bank of Scotland subiram 12,35%, as do HSBC ganharam 11,75% e as do Allied Irish Banks, 22,22%.
Mudança na MM pelo Fasb 5
G-20 surpreende e provoca euforia
3/4/2009 - Valor Econômico
Luiz Sérgio Guimarães
Reunião do G-20, surpreendente pela medidas concretas e pelas cifras envolvidas, provoca euforia nos mercados
A reunião do G-20 surpreendeu o mercado. O encontro não só neutralizou o ceticismo dos que apostavam no fracasso como mostrou ser possível uma coordenação eficaz em torno de propostas concretas. A reação dos mercados foi de euforia. A aversão global ao risco diminuiu, os investidores desmancharam defesas erguidas com o dólar e compraram ações e bônus mundo afora. O petróleo disparou 8,78% em Nova York, para US$ 52,64. Os pregões brasileiros acompanharam. O dólar, em sua terceira queda consecutiva, recuou 1,97%, a R$ 2,2350. E os juros subiram no mercado futuro da BM&F.
(...) Além da reunião do G-20, os mercados americanos se alegraram com duas outras notícias. A primeira já era esperada, mas isso não diminuiu o seu impacto. O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, em inglês) dos EUA flexibilizou as regras de marcação a mercado de ativos. O objetivo é facilitar a definição do valor justo desses papéis. Mas os balanços dos bancos perderão em transparência. A segunda veio do Departamento de Comércio dos EUA. Ele informou que o volume de pedidos à indústria cresceu 1,8% em fevereiro, depois de seis meses de retração. O dado surpreendeu duplamente, no sentido e no tamanho, já que os analistas previam queda de 1,1%.
Mudança na MM pelo Fasb 4
Nova regra de avaliar ativos ajuda bancos americanos
Valor Econômico - 3/4/2009
Bancos que seguem as normas contábeis internacionais não receberão a brecha concedida aos seus rivais dos Estados Unidos, conforme informou hoje o órgão controlador de normas internacionais.
O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês) dos EUA concordou ontem com uma alteração feita apressadamente às suas regras, que relaxa a chamada contabilidade pelo "valor justo", permitindo maior liberdade para bancos usarem seus próprios modelos de avaliação, em vez dos preços de mercado correntes, para ativos nos quais os mercados se tornaram ilíquidos.
A mudança na regra deverá reforçar os lucros de primeiro trimestre de muitos bancos, ao permitir que os gerentes recalculem o valor de alguns ativos problemáticos.
O Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), que estabelece as regras para mais de 100 países, inclusive a União Européia, havia dito, porém, que preferirá pressionar por uma reavaliação mais completa e ágil da forma como registra instrumentos financeiros. Uma minuta da proposta é esperada em menos de seis meses.
"É muito melhor se propor a assumir uma reavaliação fundamental do que adotar uma abordagem gradual a um padrão que é amplamente reconhecido como desatualizado", disse Gerrit Zalm, presidente do conselho curador que fiscaliza o Iasb.
A súbita alteração da regra pelo Fasb ocorreu após pressão do Congresso no mês passado e de intensas gestões por parte de alguns círculos do setor financeiro. Eles haviam argumentado que a contabilidade pelo valor justo ampliou os problemas causados pela turbulência no mercado, porque os preços que foram obrigados a reportar decorrem de vendas em condições adversas e não constituem um mercado objetivo ou real.
A contabilidade pelo valor justo dividiu o mundo contábil por algum tempo. Muitos executivos de bancos apoiam, ao passo que outros lideraram as iniciativas de lobby para mudar as regras.
Em carta publicada ontem no "Financial Times", um grupo de executivos franceses, que inclui Michel Pébereau, presidente do conselho de administração do BNP Paribas, exigiu uma revisão mais abrangente do seu uso, sustentando que ele "induziu investidores ao erro". Críticos dos pedidos de mudança incluem investidores que são considerados os usuários finais dos demonstrativos financeiros. Eles alertaram que as mudanças do Fasb minarão a confiança do investidor, ao reduzir a transparência dos balanços patrimoniais dos bancos.
Outros criticaram a pressão política que levou à mudança. Numa carta enviada ao membro do Congresso Paul Kanjorski, divulgada ontem, um grupo de dirigentes e analistas do setor de investimentos alertou que a pressão coloca em risco o mercado mais amplo.
Valor Econômico - 3/4/2009
Bancos que seguem as normas contábeis internacionais não receberão a brecha concedida aos seus rivais dos Estados Unidos, conforme informou hoje o órgão controlador de normas internacionais.
O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês) dos EUA concordou ontem com uma alteração feita apressadamente às suas regras, que relaxa a chamada contabilidade pelo "valor justo", permitindo maior liberdade para bancos usarem seus próprios modelos de avaliação, em vez dos preços de mercado correntes, para ativos nos quais os mercados se tornaram ilíquidos.
A mudança na regra deverá reforçar os lucros de primeiro trimestre de muitos bancos, ao permitir que os gerentes recalculem o valor de alguns ativos problemáticos.
O Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), que estabelece as regras para mais de 100 países, inclusive a União Européia, havia dito, porém, que preferirá pressionar por uma reavaliação mais completa e ágil da forma como registra instrumentos financeiros. Uma minuta da proposta é esperada em menos de seis meses.
"É muito melhor se propor a assumir uma reavaliação fundamental do que adotar uma abordagem gradual a um padrão que é amplamente reconhecido como desatualizado", disse Gerrit Zalm, presidente do conselho curador que fiscaliza o Iasb.
A súbita alteração da regra pelo Fasb ocorreu após pressão do Congresso no mês passado e de intensas gestões por parte de alguns círculos do setor financeiro. Eles haviam argumentado que a contabilidade pelo valor justo ampliou os problemas causados pela turbulência no mercado, porque os preços que foram obrigados a reportar decorrem de vendas em condições adversas e não constituem um mercado objetivo ou real.
A contabilidade pelo valor justo dividiu o mundo contábil por algum tempo. Muitos executivos de bancos apoiam, ao passo que outros lideraram as iniciativas de lobby para mudar as regras.
Em carta publicada ontem no "Financial Times", um grupo de executivos franceses, que inclui Michel Pébereau, presidente do conselho de administração do BNP Paribas, exigiu uma revisão mais abrangente do seu uso, sustentando que ele "induziu investidores ao erro". Críticos dos pedidos de mudança incluem investidores que são considerados os usuários finais dos demonstrativos financeiros. Eles alertaram que as mudanças do Fasb minarão a confiança do investidor, ao reduzir a transparência dos balanços patrimoniais dos bancos.
Outros criticaram a pressão política que levou à mudança. Numa carta enviada ao membro do Congresso Paul Kanjorski, divulgada ontem, um grupo de dirigentes e analistas do setor de investimentos alertou que a pressão coloca em risco o mercado mais amplo.
Mudança na MM pelo Fasb 3
Mudança contábil deve melhorar balanço dos bancos americanos
Folha de São Paulo - 3/4/2009
TONI SCIARRETTA
Os EUA anunciaram ontem um relaxamento nas regras contábeis que permitirá aos bancos melhorarem a fotografia de seus balanços e elevarem o volume de empréstimos concedidos. A mudança, comunicada pelo Fasb (comitê contábil americano), vale a partir do segundo trimestre de 2009, que começou anteontem.
Visto como uma "mágica contábil", esse relaxamento diminuirá o rigor com que ativos de baixo preço e liquidez são registrados pelos bancos e empresas -permitirá contabilizar valores acima dos de mercado.
Até então, papéis lastreados em hipotecas, por exemplo, deveriam ser contabilizados pelo preço pelo qual encontrassem um comprador. Com a crise, a maioria desses papéis não tinha comprador e acabavam sendo registrados por valores ínfimos, diminuindo a capitalização dos bancos e reduzindo a capacidade de emprestar.
A mudança foi considerada um retrocesso por contadores, auditores e analistas, que viram pressão do Congresso dos EUA. Eles temem estímulo à "maquiagem" de balanço e dificuldades para comparar resultados com períodos anteriores e entre diferentes instituições -a regra foi rejeitada por dois dos membros do Fasb.
A mudança permite uma espécie de "dessazonalização" do valor de um ativo, retirando o impacto que a falta de liquidez teve em seu preço. No caso, parte das perdas não passarão pelo resultado financeiro -que termina em lucro ou prejuízo- da empresa , mas reduzirão o patrimônio dos acionistas. Também flexibiliza a data em que devem ser computados, permitindo o registro em um período mais favorável.
Segundo Alexsandro Broedel, da contabilidade da USP, a mudança pode elevar em 20% o lucro dos bancos nos EUA.
Broedel acredita que, se a regra for adotada pelo Brasil, terá um impacto "imaterial" nos balanços dos bancos. Isso porque altera mais o preço de derivativos de crédito, que quase não existem no país. "O impacto maior será que os bancos americanos poderão voltar a emprestar mais ao Brasil."
Para valer no Brasil, a nova regra deve, primeiro, ser adotada pelo Iasb (correspondente internacional do Fasb americano), que é seguido pelo país. Depois, deve ser aprovada pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e colocada em audiência pública antes de ser regulamentada pela CVM.
O Iasb divulgou ontem nota apoiando o órgão americano, mas pedindo seis meses para se pronunciar sobre o assunto. A tendência é que faça algo semelhante, melhorando a capitalização dos bancos europeus.
Para Edson Arisa, do Ibracon (associação dos auditores), é cedo para dizer se a regra é mesmo um retrocesso.
"Os órgãos que tratam da contabilidade estão buscando a melhor forma para interpretar o que está acontecendo, sem exagerar nem para um lado nem para o outro", disse.
Broedel lembra que há dúvidas se os bancos vão aderir à mudança. "Muitos bancos podem falar que não querem mudar e que vão continuar com regras mais rigorosas", disse.
Mudança na MM pelo Fasb 2
Marcação a mercado "light" reduz pressão
3/4/2009 - Valor Econômico
A administração Obama agiu rapidamente nos últimos dois meses para assegurar aos mercados que está fazendo tudo o que pode para estabilizar o sistema financeiro: testando ao extremo os bancos, planejando leilões para comprar ativos questionáveis, disponibilizando capital para os bancos necessitados. Os formuladores de normas contábeis impediram isso?
Após intensa pressão dos legisladores e algumas facções do setor financeiro, o Financial Accounting Standards Board (Fasb) decidiu ontem tornar mais fácil para as empresas avaliar os ativos de seus balanços com uma consideração menor aos preços de mercado. O conselho, que estabelece as políticas de contabilidade dos Estados Unidos, foi encorajado pelo setor bancário e pressionado pelo Congresso. A American Bankers Association apoiou as disposições, mas diz que as propostas poderão não ser suficientes em certos pontos.
A decisão poderá facilitar a vida para as instituições financeiras, permitindo a elas enfrentar os humores dos mercados com um risco menor das autoridades reguladoras virem a exigir que elas captem recursos ou sejam fechadas. Mas ao mesmo tempo, ela poderá muito bem atrapalhar o discernimento dos investidores sobre como os bancos estão se saindo. E alguns observadores temem que as novas regras também venham a proporcionar menos incentivos para que os bancos limpem seus balanços, livrando-se dos ativos arriscados através do novo programa de leilões do Tesouro, anunciado no fim do mês passado.
A questão está centrada numa discussão prolongada mas normalmente obscura sobre a contabilidade do "valor justo" - anteriormente território do mundo das finanças, mas hoje o foco de um lobby furioso e audiências acaloradas no Congresso.
Em essência, os princípios do valor justo dizem que os números dos ativos e responsabilidades do balanço de uma empresa devem refletir seu valor no mundo real. Isso normalmente significa marcá-los acima ou abaixo dos preços de mercado sempre que possível, na tese de que os mercados proporcionam a melhor medida de valor.
Mas os bancos afirmam que a crise financeira destruiu essas regras da marcação a mercado: muitos títulos estão sendo pouquíssimo negociados - especialmente aqueles atrelados a hipotecas residenciais e outros empréstimos agora vistos como arriscados.
Os negócios que ocorrem a preços de liquidação não refletem realmente o verdadeiro valor dos ativos, afirmam eles. A solução dos bancos: deixar que a administração dos bancos ofereça avaliações mais acuradas. E numa inflamada audiência realizada na Câmara dos Representantes no mês passado, legislador após legislador tocou no mesmo ponto para as autoridades reguladoras e o presidente do Fasb.
"Não nos faça dizer a vocês o que vocês precisam fazer", alertou Michael E. Capuano, representante Democrata por Massachusetts, ao presidente do Fasb.
Os investidores reagem afirmando que, por mais imperfeitos que os preços possam ser, eles são mais confiáveis - e certamente mais transparentes - do que as estimativas sigilosas feitas pela administração. Eles afirmam que as mudanças técnicas do Fasb dão muita liberdade às administrações dos bancos, especialmente com os grandes incentivos que eles têm para chegar a estimativas favoráveis.
A conclusão, segundo os críticos: os investidores vão perder ainda mais a confiança nas demonstrações financeiras dos bancos, aumentando as mesmas dúvidas que ajudaram a derrubar o setor financeiro nos últimos meses.
"É uma coisa absolutamente orwelliana proteger o público. Esse 'órgão supervisor' vai deixá-los cegos aos erros cometidos pelas instituições financeiras ao tornar a contabilidade menos transparente", afirma Jack Ciesielski, editor da publicação "Analyst's Accounting Observer".
Esta poderá ser uma tempestade breve se a administração Obama conseguir leiloar até US$ 1 trilhão em ativos podres que estão sobrecarregando a contabilidade dos bancos. Assim que os bancos estiverem limpos e os mercados de crédito retomarem seu funcionamento normal, os preços no mercado se normalizarão e supostamente serão mais favoráveis aos bancos.
Mas isso poderão não acontecer se os bancos subitamente tiveram um incentivo para reter seus ativos, na esperança de que os mercados irão se recuperar antes que eles tenham de vendê-los. As novas regras "também poderão resultar em entidades não dispostas a vender ativos financeiros porque poderão ter prejuízo, uma vez que será mais vantagem carregar ativos pelo valor 'mark-to-model', mais alto", alerta o Center for Audit Quality, um centro de estudos de auditoria sem fins lucrativos.
Em outras palavras, se as regras permitirem aos bancos ficar com os ativos sem levarem um golpe nos lucros por causa das condições do mercado, eles poderão ter uma disposição menor em vender agora.
Afinal, vender no mercado em queda, significa perdas - não importa a maneira como o Fasb ajustar a contabilidade pelo valor de mercado.
"A preocupação é que isso realmente tem o potencial de minar o que o Tesouro está tentando fazer, que é tirar os ativos dos balanços", afirma Jay Hanson, diretor nacional de contabilidade da firma de auditoria McGladrey & Pullen.
(Tradução de Mario Zamarian)
Mudança na MM pelo Fasb 1
Regras mais brandas de marcação de títulos e G-20 animam mercados
3/4/2009
Valor Econômico
As ações americanas ultrapassaram ontem as altas do mês passado, levando o índice Dow Jones Industrial acima dos 8.000, depois que o Financial Standards Boars (Fasb) relaxou as regras de marcação dos ativos aos valores de mercado na contabilidade das empresas, que vinham sendo apontadas como responsáveis pelo agravamento dos problemas de capital dos bancos.
As mudanças significam que os bancos poderão marcar os ativos tóxicos de acordo com seus próprios modelos, em vez do valor desses ativos no mercado aberto. Alguns analistas calculam que a mudança poderá reforçar os lucros trimestrais de alguns bancos em até 20% .
A decisão desencadeou uma onda de comprar no setor bancário, com a ação do Citigroup subindo 4,1%, para US$ 2,79; Bank of America ganhando 4,7%, para US$ 7,38; e Wells Fargo avançando 6,5%, para US$ 15,42. "Essa decisão significa que haverá mais confiança nos bancos quando eles divulgarem seus lucros, o que vai encorajar indivíduos e empresas a começarem a gastar e investir", disse Roy Williams, sócio sênior da Prestige Wealth Management Group.
Houve outras boas notícias para o setor bancário depois que o Credit Suisse disse que o Goldman Sachs tem uma "forte" posição no mercado e elevou sua classificação para a instituição para "outperform" (desempenho acima da média do mercado). O Barclays também se mostrou otimista com o Goldman, elevando suas perspectivas de lucro para o primeiro trimestre de US$ 0,80 por ação para US$ 1,70. A ação do Goldman subiu 3,8%, para US$ 114,44.
O mercado também foi ajudado por sinais de entendimento no fim do encontro do G-20 em Londres, com os líderes das 20 maiores economias do mundo triplicando os recursos disponíveis para o Fundo Monetário Internacional (FMI) para US$ 750 bilhões, e pelas expectativas de uma estabilização da economia mundial.
Embora o quadro tenha ajudado a melhorar a confiança nos mercados de ações ao redor do mundo, a falta de um acordo sobre uma nova rodada global de estímulos financeiros limitou seu efeito. "Quando fomos para a cama na noite passada, não estávamos pensando que os acontecimentos em Connecticut [onde o Fasb tem sua sede] iriam movimentar os mercados mais que os acontecimentos em Londres, mas foi isso o que aconteceu", disse Wasif Latif, vice-presidente assistente da USAA Investment Management.
O índice referencial Standard & Poor's chegou a subir 3,6%, para 840,05 pontos por volta do meio-dia em Nova York, enquanto o Dow Jones chegou a ganhar 3,4%, para 8.023 pontos, e o índice da Nasdaq 3,9% para 1.612,77 pontos. O S&P 500 está agora sendo negociado acima da média em movimento de 100 dias pela primeira vez em mais de nove meses, e o índice da Nasdaq entrou em terreno positivo no acumulado do ano.
Os ganhos acontecem apesar dos números sobre o desemprego para a semana passada, que mostraram que o número de pessoas que estão requisitando auxílio-desemprego pela primeira vez cresceu inesperadamente para 669 mil, o maior patamar em 26 anos. Houve ontem umas raras boas notícias para o setor automobilístico, depois que as montadoras americanas disseram, na noite de quarta-feira, que suas vendas de veículos novos caíram menos que o esperado, com a demanda crescendo visivelmente na última semana de março.
As abaladas ações da General Motors e Ford avançaram ontem, com a GM ganhando 10,9%, para US$ 2,14, e a Ford ganhando 6,3%, para US 2,91. A ação da Johnson Controls, que fabrica acessórios para automóveis, também subiu com a notícia: 16,4%, para US$ 15,38. Mas a ação da AutoZone, varejista de autopeças, caiu 1,6%, para US$ 164,08, depois que o Citigroup disse que ela está supervalorizada.
A ação da Monsanto, companhia de produtos agrícolas, subiu depois que a empresa anunciou um lucro por ação de US$ 2,16, que ficou acima das estimativas dos analistas, de US$ 2,07. A companhia também elevou sua estimativa para os lucros do ano como um todo de US$ 4,23 por ação para US$ 4,33, e assim sua ação ganhou 1,5%, para US$ 82,98.
A Dow Chemical foi outra que saiu ganhando ontem, com alta de 11,2%, para US$ 9,80, depois de ter vendido sua unidade Morton Salt para a K&S, a maior produtora de sal da Europa, por US$ 1,7 bilhão para ajudar a concluir sua aquisição da Rohm & Haas, a companhia de materiais e ferramentas de uso doméstico.
As ações do setor de energia seguiram os preços do petróleo, que subiram bastante durante a noite e foram negociados acima de US$ 50 o barril em Nova York por volta do meio-dia. As ações do setor de commodities também foram alavancadas pela alta dos preços, com as companhias siderúrgicas registrando a segunda sessão consecutiva de ganhos.
3/4/2009
Valor Econômico
As ações americanas ultrapassaram ontem as altas do mês passado, levando o índice Dow Jones Industrial acima dos 8.000, depois que o Financial Standards Boars (Fasb) relaxou as regras de marcação dos ativos aos valores de mercado na contabilidade das empresas, que vinham sendo apontadas como responsáveis pelo agravamento dos problemas de capital dos bancos.
As mudanças significam que os bancos poderão marcar os ativos tóxicos de acordo com seus próprios modelos, em vez do valor desses ativos no mercado aberto. Alguns analistas calculam que a mudança poderá reforçar os lucros trimestrais de alguns bancos em até 20% .
A decisão desencadeou uma onda de comprar no setor bancário, com a ação do Citigroup subindo 4,1%, para US$ 2,79; Bank of America ganhando 4,7%, para US$ 7,38; e Wells Fargo avançando 6,5%, para US$ 15,42. "Essa decisão significa que haverá mais confiança nos bancos quando eles divulgarem seus lucros, o que vai encorajar indivíduos e empresas a começarem a gastar e investir", disse Roy Williams, sócio sênior da Prestige Wealth Management Group.
Houve outras boas notícias para o setor bancário depois que o Credit Suisse disse que o Goldman Sachs tem uma "forte" posição no mercado e elevou sua classificação para a instituição para "outperform" (desempenho acima da média do mercado). O Barclays também se mostrou otimista com o Goldman, elevando suas perspectivas de lucro para o primeiro trimestre de US$ 0,80 por ação para US$ 1,70. A ação do Goldman subiu 3,8%, para US$ 114,44.
O mercado também foi ajudado por sinais de entendimento no fim do encontro do G-20 em Londres, com os líderes das 20 maiores economias do mundo triplicando os recursos disponíveis para o Fundo Monetário Internacional (FMI) para US$ 750 bilhões, e pelas expectativas de uma estabilização da economia mundial.
Embora o quadro tenha ajudado a melhorar a confiança nos mercados de ações ao redor do mundo, a falta de um acordo sobre uma nova rodada global de estímulos financeiros limitou seu efeito. "Quando fomos para a cama na noite passada, não estávamos pensando que os acontecimentos em Connecticut [onde o Fasb tem sua sede] iriam movimentar os mercados mais que os acontecimentos em Londres, mas foi isso o que aconteceu", disse Wasif Latif, vice-presidente assistente da USAA Investment Management.
O índice referencial Standard & Poor's chegou a subir 3,6%, para 840,05 pontos por volta do meio-dia em Nova York, enquanto o Dow Jones chegou a ganhar 3,4%, para 8.023 pontos, e o índice da Nasdaq 3,9% para 1.612,77 pontos. O S&P 500 está agora sendo negociado acima da média em movimento de 100 dias pela primeira vez em mais de nove meses, e o índice da Nasdaq entrou em terreno positivo no acumulado do ano.
Os ganhos acontecem apesar dos números sobre o desemprego para a semana passada, que mostraram que o número de pessoas que estão requisitando auxílio-desemprego pela primeira vez cresceu inesperadamente para 669 mil, o maior patamar em 26 anos. Houve ontem umas raras boas notícias para o setor automobilístico, depois que as montadoras americanas disseram, na noite de quarta-feira, que suas vendas de veículos novos caíram menos que o esperado, com a demanda crescendo visivelmente na última semana de março.
As abaladas ações da General Motors e Ford avançaram ontem, com a GM ganhando 10,9%, para US$ 2,14, e a Ford ganhando 6,3%, para US 2,91. A ação da Johnson Controls, que fabrica acessórios para automóveis, também subiu com a notícia: 16,4%, para US$ 15,38. Mas a ação da AutoZone, varejista de autopeças, caiu 1,6%, para US$ 164,08, depois que o Citigroup disse que ela está supervalorizada.
A ação da Monsanto, companhia de produtos agrícolas, subiu depois que a empresa anunciou um lucro por ação de US$ 2,16, que ficou acima das estimativas dos analistas, de US$ 2,07. A companhia também elevou sua estimativa para os lucros do ano como um todo de US$ 4,23 por ação para US$ 4,33, e assim sua ação ganhou 1,5%, para US$ 82,98.
A Dow Chemical foi outra que saiu ganhando ontem, com alta de 11,2%, para US$ 9,80, depois de ter vendido sua unidade Morton Salt para a K&S, a maior produtora de sal da Europa, por US$ 1,7 bilhão para ajudar a concluir sua aquisição da Rohm & Haas, a companhia de materiais e ferramentas de uso doméstico.
As ações do setor de energia seguiram os preços do petróleo, que subiram bastante durante a noite e foram negociados acima de US$ 50 o barril em Nova York por volta do meio-dia. As ações do setor de commodities também foram alavancadas pela alta dos preços, com as companhias siderúrgicas registrando a segunda sessão consecutiva de ganhos.
Novos Pronunciamentos do CPC
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) coloca em audiência pública hoje, 02/04/2009, minutas de deliberação referendando os Pronunciamentos CPC 15, sobre "Combinação de Negócios"; CPC 21 sobre "Demonstração Intermediária"; CPC 22, sobre "Informações por Segmento"; CPC 27, sobre "Imobilizado", e CPC 28 sobre "Propriedade para Investimento".
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 15 é reger os registros contábeis das operações de combinações de negócios e as divulgações pertinentes nas demonstrações contábeis, sempre tendo por base que as transações de combinação de negócios devem ser contabilizadas a partir da essência econômica, independentemente da forma elegida para concretizá-las. Uma combinação de negócios pode envolver diversas operações como aquisição de participações societárias, fusão, incorporação, incorporação de ações, cisão e alteração de controle.
Esse Pronunciamento, previsto inicialmente para regulação em duas fases, sendo que a primeira chegou a passar pela Audiência Pública, não foi emitido em 2008 por ter sido eliminadaa obrigação de regulação para os exercícios findos naquela data, pela MP 449/08. Como amplamente divulgado, pela Deliberação CVM 565/08, que aprovou o Pronunciamento CPC 13 – Adoção inicial da Lei 11638/07, o CPC decidiu por emitir nesse momento o Pronunciamento numa única fase e integralmente convergente ao IFRS 3 (revisado).
É importante ressaltar que este Pronunciamento Técnico corresponde à norma internacional IFRS 3 – Business Combinations (edição de 2008), cuja vigência prevista é para as combinações de negócios com data de aquisição a partir dos exercícios sociais anuais iniciados em ou após 1º. de julho de 2009.
A minuta de deliberação da CVM em audiência, a exemplo das demais deliberações ora em audiência pública e em linha com a Agenda de Regulação Conjunta CVM/CPC, estabelece que o CPC 15 será aplicável aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 e às demonstrações financeiras de 2009 apresentadas em 2010, para fins de comparação. No entanto, considerando a natureza e a complexidade da matéria e o disposto no IFRS 3 , a CVM está especialmente interessada em receber comentários sobre a conveniência da aplicação da norma para demonstrações financeiras de 2009 apresentadas em 2010 para fins de comparação.
O Pronunicamento Técnico CPC 21 tem como objetivo principal tornar evidente nas demonstrações contábeis intermediárias as atualizações e novidades ocorridas entre a data da última demonstração contábil anual e a data da intermediária. As demonstrações contábeis intermediárias focam em novos eventos, atividades e circunstâncias, portanto não duplicam informações previamente reportadas. O Pronunciamento, convergente com o IAS 34 e a interpretação IFRIC (The International Financial Reporting Interpretations Committee ) 10, prescreve um tratamento diferente do adotado no Brasil quanto às demonstrações contábeis intermediárias. A principal diferença refere-se ao fato de as demonstrações contábeis intermediárias terem conteúdo informacional razoavelmente diverso do que atualmente ocorre na prática no Brasil.
Esse Pronunciamento não contempla qualquer adaptação para atender a eventuais necessidades específicas dos órgãos reguladores brasileiros. No caso da CVM, a apresentação de informações trimestais está regulada pela Instrução CVM nº 202, que deverá ser substituída, conforme Edital de Audiência Publica Nº 07/08. Portanto, algumas disposições previstas no Pronunciamento, especialmente quanto ao período intermediário e prazo para apresentação (itens 1 "a" e "b") não deverão alterar essas normas específicas.
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 22, convergente com o IFRS 8, é especificar como a entidade deve divulgar informações sobre seus segmentos operacionais, assim como sobre seus produtos e serviços, áreas geográficas em que opera e principais clientes. Os segmentos operacionais são componentes da entidade que possui informação financeira individualizada que seja avaliada pelo principal gestor das operações para a tomada de decisões sobre a alocação de recursos e avaliação de desempenho.
A estrutura de divulgação apresentada é de extrema relevância, pois apresenta a visão gerencial da administração da companhia quanto à forma como segmenta seus negócios/produtos para fins de tomada de decisões estratégicas. Assim, o usuário pode acompanhar o desempenho econômico-financeiro de produtos/negócios sob a perspectiva gerencial da companhia.
O objetivo deste Pronunciamento Técnico CPC 27, convergente com o IFRS 16, é prescrever o tratamento contábil para ativos imobilizados, de forma que os usuários das demonstrações contábeis possam discernir a informação sobre os investimentos de uma entidade em seu ativo imobilizado, bem como as mutações ocorridas nesses ativos.
Os principais pontos a serem considerados na contabilização dos ativos imobilizados são o reconhecimento desses ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem reconhecidas em relação aos mesmos.
A minuta do Pronunciamento CPC 27 - Ativo Imobilizado contém referências a outros pronuncimentos do CPC que não foram ainda emitidos ou mesmo colocados em audiência pública. A exemplo dos outros pronunciamentos colocados em audiência em 2009, ressaltamos que esta é uma situação transitória e que não irá afetar a aplicação deste Pronunciamento, tendo em vista que o CPC irá emitir e a CVM irá referendar, ainda em 2009 para vigência em 2010, todos os pronunciamentos citados na minuta. Além de outros Pronunciamentos necessários para que seja alcançada a plena convergência com as normas internacionais de contabilidade.
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 28, convergente com o IAS 40, é prescrever o tratamento contábil aplicável às propriedades para investimento. Essas propriedades são dadas pelos imóveis destinados à obtenção de renda, à valorização comercial ou ambas, podendo, segundo a minuta, ser avaliadas ao custo ou pelo valor justo. As propriedades para investimento não fazem parte do Imobilizado, mas do subgrupo Investimentos, dentro do Ativo Não-Circulante.
De uma maneira geral, a legislação contábil brasileira já contemplava os procedimentos de registro e divulgação desses ativos e, até, parte do critério de mensuração, mas o aspecto mais relevante introduzido pelo CPC 28 é a possibilidade de avaliação das propriedades para investimentos pelo seu valor justo.
02 abril 2009
Rir é o melhor remédio
Tenho acompanhado de perto as postagens de um blog chamado PhotoshopDisasters. Sua última postagem é uma foto de uma modelo (?) Kim Kardashian com um "vampiro" (vide foto abaixo):

A penúltima postagem foi mais interessante ainda. Mostra uma nota de dois dólares em 1998 e 2009, com uma sutil diferença na cor de uma das pessoas que compõe a pintura. Veja a fotomontagem:

P.S. Não sei se é preciso comentar que se trata de uma brincadeira de primeiro de abril.

A penúltima postagem foi mais interessante ainda. Mostra uma nota de dois dólares em 1998 e 2009, com uma sutil diferença na cor de uma das pessoas que compõe a pintura. Veja a fotomontagem:

P.S. Não sei se é preciso comentar que se trata de uma brincadeira de primeiro de abril.
Rir é o melhor remédio
Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta:
Qual a diferença entre Político e Ladrão?
Chamou à atenção a resposta de um leitor:
Caro Millôr , após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: A diferença
entre o ladrão e o político é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou
certo? Fábio Viltrakis, Santos-SP.
Eis a réplica do Millôr:
Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma
diferença! Parabéns!!!
Enviado por Denise, grato.
Qual a diferença entre Político e Ladrão?
Chamou à atenção a resposta de um leitor:
Caro Millôr , após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: A diferença
entre o ladrão e o político é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou
certo? Fábio Viltrakis, Santos-SP.
Eis a réplica do Millôr:
Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma
diferença! Parabéns!!!
Enviado por Denise, grato.
Supersimples
Receita descobre fraude no Supersimples
Valor Econômico - 2/4/2009
"Para que você acha que temos uma família grande?" Foi o que ouviu o diretor de uma indústria de máquinas em Bauru, no interior de São Paulo, de empresários do mesmo ramo em que atua. Eles subdividiram suas empresas de grande porte em cinco ou seis unidades "filhote" - que ingressaram no Supersimples, sistema simplificado de recolhimento de tributos destinado a micro e pequenas empresas que garante a elas uma carga tributária reduzida. A prática começou agora a ser investigada no país em Bauru, em uma operação batizada de "Simples Incompatível", organizada pela delegacia local da Receita Federal do Brasil.
A operação teve início a partir da queixa de algumas indústrias da região, que viram seu faturamento reduzir a ponto de cogitarem o encerramento de suas atividades por conta da concorrência com as novas pequenas empresas que surgiram de uma hora para outra oferecendo preços melhores pelos produtos. No fim do ano passado, a delegacia da Receita em Bauru começou a fiscalização em seis empresas de pequeno porte optantes pelo Supersimples que estariam apresentando uma discrepância entre o faturamento declarado e sua movimentação financeira. Neste ano, outras 134 empresas optantes do Supersimples foram selecionadas para investigação por estarem na mesma situação.
De acordo com o delegado da Receita Federal em Bauru, Maurício Antônio Bento, que comanda a operação, dois tipos de situações foram detectadas entre as empresas selecionadas. Na primeira delas, empresas de grande porte se travestem de pequeno porte por meio de subdivisões para poderem ingressar no Supersimples. Na segunda, empresas de pequeno porte que cresceram e extrapolaram o limite anual de renda bruta permitido no Supersimples, de R$ 2,4 milhões, deixam de declarar parte de sua receita para não terem que deixar o sistema simplificado e passar a recolher seus tributos pelo sistema do lucro presumido, cujo limite de renda bruta anual é de R$ 48 milhões. "Não tenho conhecimento de outras operações similares pelo país, mas penso que a iniciativa de Bauru pode se tornar uma estratégia nacional", diz Bento. Procurada pelo Valor, a Receita Federal dio Brasil preferiu não se manifestar a respeito.
Criado em 2006 pela Lei Complementar nº 123, o Supersimples passou a vigorar em 2007 permitindo que micro e pequenas empresas que ingressem no sistema apurem e recolham outro tributos de forma unificada, a uma alíquota global que varia de 4% a 17,42% sobre sua receita bruta, conforme o setor de atuação e o faturamento da companhia. Com uma carga tributária menor, elas conseguem oferecer preços competitivos aos seus produtos e concorrer com empresas de maior porte.
Em Bauru, a vantagem competitiva se tornou atrativa também para grandes empresas, que, impossibilitadas de ingressarem no Supersimples, se tornaram "menores" para serem também beneficiadas pela tributação diferenciada, segundo a investigação do fisco. Carlos Alberto Keidel, diretor da Indústria de Máquinas Miruna, que atua no ramo de arames e grampos para uso industrial, calcula que perdeu 90% do faturamento no mercado do interior de São Paulo nos últimos dois anos em função dessa prática. Segundo Keidel, a empresa, localizada em Bauru há 60 anos, tem sobrevivido de exportações, hoje afetadas pela crise. "Desde a existência do Supersimples nos tornamos mais competitivos nos Estados Unidos do que no Brasil", diz. Keidel afirma que as vendas mais atingidas foram as realizadas para clientes de pequeno porte, que passaram a preferir comprar de optantes do Supersimples pela menor carga de tributos embutida no preço dos produtos - os impostos diretos no ramo de grampos para a fabricação de sofás somam uma carga tributária de 22%, pagos por empresas que recolhem tributos pelo sistema do lucro real. Já uma empresa optante do Supersimples do mesmo setor é tributada em 9% sobre seu faturamento, percentual que praticamente não é embutido na venda dos produtos.
A empresa Ciclotron Indústria Eletrônica, também com sede em Bauru, passa pela mesma situação. A carga tributária para o setor, incluindo impostos diretos e destinados à Previdência, é de 42% para as empresas não-optantes do Supersimples e de 12% para as incluídas no sistema. Assim, de acordo com Edson Gandolfi Torres, diretor da empresa, diversas indústrias do ramo eletrônico passaram a se dividir para poderem optar pelo sistema simplificado. O problema, segundo ele, é que tratam-se de empresas com mais de 100 produtos em linha, rede de assistência técnica em todo o país e maciço investimento em propaganda. "O governo não levou em conta que a lei do Supersimples seria transformada em uma lei de Gérson", diz Torres.
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