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Sobre débitos e créditos da vida real
As responsabilidades sociais dos contadores, seja empregados na prática pública, na indústria ou no governo, derivam do status da contabilidade como uma prática que é geralmente considerada entre as "profissões". Este status profissional impõe responsabilidades aos contadores de duas maneiras. A primeira é através das responsabilidades gerais associadas a todas as práticas que são consideradas profissões; a outra é através da singularidade da prática contábil.
Membros de profissões desfrutam de status e privilégios negados à maioria das pessoas. Uma interpretação funcionalista do status e privilégio do profissional os atribui à função social essencial que o profissional desempenha. Medicina, direito, clero ou contabilidade, todos representam funções sociais essenciais que impõem aos seus praticantes a responsabilidade pelo serviço público; suas responsabilidades têm um caráter distintamente público.
Devido ao caráter público do serviço profissional, de acordo com Kultgen (1988), todas as profissões compartilham certas responsabilidades comuns. Uma delas é a responsabilidade da competência. Visto que todas as profissões dependem de alguma base de conhecimento teórico, o profissional deve ser conhecedor e bem treinado nessa base. A sociedade espera habilidade daqueles a quem concede status profissional.
Uma segunda responsabilidade de um profissional é a da integridade. O público deve poder esperar que o praticante de uma profissão se conforme a normas de comportamento que garantam a confiabilidade. Praticamente todas as profissões (incluindo contadores empregados na maioria das áreas da profissão) possuem códigos de conduta escritos; integridade, no mínimo, significa a adesão a um código de conduta.
A terceira responsabilidade de um profissional é a do bem-estar dos outros (welfare of others). O interesse próprio não é a consideração primordial dos profissionais ao executar seus serviços. Para o profissional, existe a obrigação de realizar certas atividades, mesmo que essas atividades não sejam do interesse desse profissional. No mínimo, o profissional é obrigado a não causar dano (do no harm).
No entanto, a prática da contabilidade possui uma característica bastante única que impõe algumas responsabilidades aos contadores que são de particular importância. As profissões são centradas no cliente; os profissionais realizam seus serviços para indivíduos que os procuram e, quando possível, pagam por esses serviços. Os médicos cuidam da saúde de seus pacientes individuais. Se o médico fizer isso bem, ele pode alegar ter cumprido suas responsabilidades sociais como médico. Da mesma forma, um advogado se baseia na natureza adversarial do sistema legal para garantir que, ao se preocupar apenas com o bem-estar de seu cliente, ele cumpriu suas responsabilidades como advogado.
Um contador, não importa onde ou por quem seja empregado, não tem esse empregador como seu único cliente. Assim, um contador, ao contrário de um advogado ou médico, não serve à sociedade meramente servindo a um cliente individual. Isso ocorre porque os contadores estão envolvidos em um processo comunicativo bastante complexo. Os serviços dos contadores constituem um meio primário através do qual as empresas (públicas e privadas) prestam uma contabilidade econômica de si mesmas à comunidade. Isso impõe aos contadores um dever maior do que apenas servir o cliente.
Todos os que são direta ou indiretamente afetados pelos relatórios contábeis são um cliente. Por exemplo, os contadores públicos geralmente se referem à administração da empresa que devem auditar como seu cliente. No entanto, ao contrário de um médico, atender apenas aos interesses deste cliente é uma ab-rogação (abandono) da responsabilidade social, e não um cumprimento dela. A sociedade confia nos contadores para fornecer-lhe informações que ela usa para tomar decisões que têm efeitos significativos sobre várias pessoas ou grupos de pessoas dentro da sociedade. Como esses efeitos geralmente envolvem a distribuição de renda ou riqueza, duas responsabilidades sociais dos contadores são particularmente agudas.
A primeira é a responsabilidade pela honestidade. Francis (1990), por exemplo, classifica a honestidade como o bem interno primordial da prática contábil. Se os contadores individuais não forem meticulosos em serem o mais verdadeiros possível, a confiança pública será diminuída. E qualquer perda de confiança pública corrói o status profissional de qualquer grupo de praticantes. A responsabilidade do contador pela honestidade é institucionalizada através da exigência de ser "independente". A independência exige que os contadores sejam objetivos ao fazer julgamentos, o que significa não permitir que o interesse próprio os influencie.
A segunda responsabilidade crucial dos contadores é a preocupação com a justiça (fairness). A prática contábil gira em torno do desenvolvimento e aplicação de regras, pressupostos, convenções e procedimentos que, quando aplicados à atividade econômica, resultam nos relatórios contábeis que representam a "informação contábil". A atividade econômica resulta tanto na criação de riqueza quanto na sua distribuição. Assim, a prática contábil está profundamente implicada no relativo bem-estar econômico dos membros da sociedade. Julgamentos de justiça são inescapáveis ao conceber e aplicar regras e técnicas contábeis, pois estas representam e, portanto, afetam a distribuição de bens econômicos. O contador profissional tem a responsabilidade de refletir sobre os efeitos distributivos do que ele ou ela faz; o contador profissional deve se esforçar para garantir que os efeitos de sua prática sejam justos.
Em anos recentes, alguns contadores e cientistas sociais têm defendido um papel social mais abrangente para os contadores. Em vez de limitar a contabilidade a uma função de "medição do desempenho financeiro", eles argumentam que ela deveria ser estendida para abranger o relato sobre o desempenho social de grandes organizações empresariais (ver Bauer 1966, Bauer e Fenn 1977, Belkaoui 1984 e Gambling 1974). Essas organizações afetam o mundo de inúmeras e complexas maneiras, e o sistema tradicional de relatórios financeiros é inadequado para capturar e comunicar totalmente todos os efeitos significativos.
Para satisfazer esta maior responsabilidade social, os contadores precisariam de um compromisso com o desenvolvimento de métodos para representar e relatar o comportamento das corporações no que se refere aos efeitos sobre o meio ambiente, oportunidades de emprego, saúde e segurança do trabalhador, segurança do produto, e áreas similares. Até agora, a profissão tem estado relutante em aceitar esta maior responsabilidade social, embora alguns acadêmicos de contabilidade, como Christine Cooper (1992), Rob Gray (1992) e Ruth Hines (1991), continuem a trabalhar no desenvolvimento do conhecimento necessário para que a profissão aceite tal responsabilidade.
Paul F. Williams in The History of Accounting, verbete Responsabilidade social dos contadores.
IASB — devido à inflação e ao fato de algumas jurisdições terem reduzido ou encerrado suas contribuições nos últimos anos, o poder de gasto das jurisdições para apoiar o trabalho do IASB se contraiu em termos reais. A prioridade de curto prazo é trabalhar com as jurisdições para ajustar suas contribuições de acordo com a inflação e aumentar o número de jurisdições que contribuem. Atualmente, pouco mais de um quarto das jurisdições que exigem o uso das Normas de Contabilidade IFRS contribuem para o financiamento do IASB.
ISSB — os acordos de financiamento inicial que têm sustentado com sucesso a criação e os primeiros anos de trabalho do ISSB chegam ao fim em 2026. A prioridade de curto prazo é renovar ou estender esses acordos como uma etapa de transição rumo a um modelo de financiamento de longo prazo.
O objetivo de médio prazo para ambos os boards é implementar um modelo de financiamento de “parcela justa”, baseado em um aporte mais amplo por parte das jurisdições, no qual aqueles que se beneficiam da adoção ou do uso das normas contribuam para seu desenvolvimento e manutenção.
Nos últimos anos, a Fundação aumentou substancialmente o número de funcionários, os locais onde possui algum tipo de instalação física (Japão, China, Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra são alguns dos países de que me lembrei) e ampliou os trabalhos realizados. O Accounting Today fala em um déficit de 5 milhões, mas, dependendo de como serão conduzidas as negociações para financiamento do ISSB, o valor pode ser bem maior.
O Brasil, que já teve um papel importante no financiamento, incluindo a participação expressiva do Conselho Federal de Contabilidade, tem feito doações ridículas. A venda de conteúdo é contraditória com o objetivo de expandir a adoção das normas: precificar o acesso ao site inibe a presença de usuários de países pobres, que não podem pagar.
Nos últimos anos, a dependência do dinheiro das grandes empresas de auditoria diminuiu, o que é positivo. Mas parece que os gestores da Fundação realmente exageram nos planos grandiosos do ISSB. Uma estratégia de contenção de gastos, fechando escritórios nos diversos países e reduzindo pessoal, pode ser uma sinalização importante para os doadores.
Sylvan Goldman, empresário nascido em Oklahoma, trabalhava para um atacadista de mercearia na Califórnia após a Primeira Guerra Mundial quando ficou fascinado com os novos “supermercados”, que colocavam tudo sob o mesmo teto. Ainda assim, ele percebeu um problema: os clientes compravam apenas o que conseguiam carregar em sacolas e cestos. Em 1920, ele e seu irmão Alfred levaram o conceito de supermercado de volta a Oklahoma, onde estabeleceram sua própria rede de lojas. Mas Goldman continuava preocupado com o problema persistente de os consumidores estarem limitados pela força dos próprios braços.
O primeiro protótipo de Goldman para um carrinho de compras, em 1936, era deliciosamente rudimentar. Consistia em duas cadeiras dobráveis colocadas uma de frente para a outra, com rodas presas na parte inferior e uma cesta em cima. Ele apresentou oficialmente o primeiro carrinho de compras em 4 de junho de 1937, na mercearia Humpty Dumpty, em Oklahoma City.
No entanto, o coração de Goldman afundou quando percebeu que os clientes não queriam ter nada a ver com aquelas novas engenhocas. As mulheres, já cansadas de empurrar carrinhos de bebê, se recusavam a empurrar qualquer coisa dentro da loja novamente. Os homens consideravam os carrinhos emasculantes e diziam que empurrá-los por aí era “trabalho de mulher”, segundo Alyson Atchison, diretora de galerias e coleções do Science Museum Oklahoma. O museu abriga hoje o primeiro carrinho que Goldman colocou em uso público — que passou seus primeiros dias largado e ignorado na entrada da loja.
A solução de Goldman foi elegante e muito simples: ele contratou modelos atraentes para fazer compras na loja empurrando os carrinhos com confiança, mostrando aos demais clientes, na prática, como eles eram convenientes e estilosos. Os compradores viram o apelo e começaram a imitar esses homens e mulheres vistosos. Outros merceeiros logo começaram a implorar pelos carrinhos, mas muitos tiveram de esperar: em 1940, donos de lojas que queriam adquirir novos carrinhos enfrentavam, segundo relatos, uma lista de espera de sete anos. Nesse mesmo ano, Goldman começou a produzir o carrinho “encaixável” mais familiar (após uma guerra de patentes pelo design), que solucionava o problema de armazenar os carrinhos entre um cliente e outro.
Os produtores de alimentos passaram a oferecer embalagens maiores nas lojas, sabendo que os consumidores agora podiam transportar itens volumosos com facilidade. A modesta invenção de Goldman ajudou a criar a base do panorama varejista atual — lojas enormes repletas de produtos gigantes. Como diz Atchison, aquelas rodinhas “mudaram e inovaram o ato de fazer compras para sempre”.
Fonte: aqui
Da excelente newsletter de 10 de novembro de Stephen Follows:
Quando as pessoas começam a explorar dados sobre filmes, uma das primeiras coisas que procuram é o orçamento de produção. Parece simples: quanto custou fazer o filme? Conhecer esse número ajuda a estimar o lucro, comparar filmes de escala semelhante ou acompanhar mudanças ao longo do tempo.
Mas, nos últimos anos, esse ponto de partida tão comum tornou-se cada vez mais difícil de encontrar. Mesmo para grandes lançamentos, o número muitas vezes está ausente ou inconsistente.
Então decidi medir quão grave o problema se tornou. E é bem grave.
Qual é o problema?
Vou entrar em mais detalhes sobre orçamentos, os dados disponíveis e as causas principais, mas queria começar com um único gráfico que enquadra o tema.
Coletei dados sobre 62.298 longas-metragens lançados comercialmente desde 2000, e só consegui encontrar informações de orçamento para 10,7%.
Isso já não é ótimo, mas a tendência é ainda mais chocante. Se
restringirmos a filmes feitos nos últimos cinco anos, esse número cai
para apenas 3,3%.
Vamos aprofundar e ver o que podemos aprender sobre o tema e por que isso está acontecendo.
Afinal, o que é exatamente um orçamento de produção?
Quando as pessoas falam sobre o orçamento de um filme, normalmente se referem ao orçamento de produção. É o valor gasto para fazer o filme — não para distribuí-lo, lançá-lo ou promovê-lo. Ele cobre tudo: salários do elenco e da equipe, cenários, equipamentos e pós-produção.
O termo da indústria é “Negative Cost”, pois corresponde ao custo de produzir a primeira versão (na era pré-digital, o primeiro negativo de celuloide) do filme.
Até aqui, tudo parece simples. Mas complicações surgem porque:
1. Os orçamentos podem mudar drasticamente depois que a produção começa.
Alguns projetos são reeditados ou regravados após serem adquiridos por um estúdio. Napoleon Dynamite, por exemplo, foi comprado pela Fox Searchlight, que gastou mais dinheiro preparando o filme para o lançamento. Paranormal Activity ficou famoso por ser “filmado por 15 mil dólares”, mas custou mais de 200 mil dólares adicionais em pós-produção para ficar pronto para exibição comercial.
2. Nem todo custo é pago em dinheiro. Atores podem aceitar cachês menores em troca de participação nos lucros, reduzindo o orçamento declarado. Produtores podem possuir locais de filmagem ou equipamentos, diminuindo os gastos aparentes. Algumas produções recebem apoio substancial em forma de bens ou serviços, como a assistência militar frequentemente dada a filmes de ação, ou produtos gratuitos obtidos por meio de acordos de product placement. Reutilizar cenários ou cenas também complica os cálculos (parecia que um terço de Gladiator II era material reaproveitado de Gladiator).
3. Definir incentivos fiscais como reembolso ou como receita adicional. Muitos países oferecem incentivos financeiros para atrair produções cinematográficas. Se um filme gasta 100 milhões de dólares e recebe um reembolso de 25 milhões, alguns vão registrar o orçamento como 100 milhões, enquanto outros vão reportá-lo como 75 milhões. Ambos podem estar tecnicamente corretos, e não existe um padrão universal.
4. A natureza mutável da produção cinematográfica. Cada elemento da produção mudou de custo. Filmagens em locação e mão de obra ficaram mais caras, enquanto câmeras digitais, ferramentas de edição e efeitos visuais ficaram mais baratos. Um filme de 10 milhões de dólares hoje é muito diferente de um filme de 10 milhões feito há vinte anos. Os números podem parecer iguais no papel, mas o que eles compram na prática mudou completamente.
5. Câmbio e inflação. Flutuações cambiais e inflação distorcem comparações entre épocas e entre países. Um filme britânico que custou 10 milhões de libras em 2005 representa um nível de gasto completamente diferente quando convertido para dólares atuais.
Portanto, embora seja tentador ter um valor numérico preciso para o orçamento de um filme, na prática o cenário é muito mais complicado.
Mentiras, malditas mentiras e orçamentos de filmes
Até agora, presumi honestidade por parte de todos os envolvidos. Isso é uma omissão que precisa ser corrigida. Quando se trata de orçamentos de filmes, a “verdade” é um conceito flexível. Mesmo quando números são divulgados publicamente, eles raramente contam a história completa.
No passado, houve algumas ocasiões em que tive acesso a dados reais que permitiram testar a precisão dos valores divulgados. Em ambos os casos, descobri que os números públicos eram menos confiáveis do que pareciam.
Meu estudo de 29 blockbusters de Hollywood revelou que o blockbuster médio com orçamento declarado acima de 100 milhões de dólares na verdade custa 19 milhões a mais do que o informado publicamente (ou seja, 12,5% a mais).
Da mesma forma, analisando filmes independentes do Reino Unido, descobri que apenas 70% dos orçamentos declarados eram minimamente precisos.
Visto de fora, é difícil saber quando os números estão errados. Talvez a Wikipedia esteja certa e Starship Troopers 3: Marauder REALMENTE tenha custado 20 milhões de dólares — o que implicaria que ele teve os mesmos recursos de Blink Twice, Gold, Uncut Gems e do quatro vezes vencedor do Oscar All Quiet on the Western Front.
Produtores podem inflar valores para fazer seu filme parecer mais robusto ou para justificar um preço alto ao vendê-lo. Outras vezes ocorre o oposto: cineastas subestimam custos para parecerem engenhosos ou para reforçar a imagem de “azarões”.
Em uma indústria feita de contadores de histórias, talvez seja esperado que a maioria dos orçamentos públicos seja parte fato, parte performance.
Por exemplo, aqui está uma cronologia de quanto se afirmou que o sci-fi de baixo orçamento Monsters (2010) custou:
“$15.000” – maio de 2010 (/Film).
“Menos de $100.000” – outubro de 2010 (The Observer)
“Menos de $100.000” – outubro de 2010 (TIME)
“Bem abaixo de $500.000” – outubro de 2010 (MSN Movies)
“Cerca de meio milhão de dólares” – novembro de 2010 (The Guardian)
“Quase nenhum dinheiro” – novembro de 2010 (Ain’t It Cool News)
“£1 – < £2 milhões” – dados de orçamento do BFI enviados para mim em 2014.
“Cerca de meio milhão de dólares” – janeiro de 2024 (SyFy Wire)
“Menos de £500.000” – março de 2024 (Medium), o que equivale a menos de $740.000.
Portanto, embora o valor atual listado no Box Office Mojo — “$500.000” — pareça agradavelmente preciso e simples, ele não soa tão convincente quando examinamos mais a fundo como o filme foi reportado ao longo do tempo.
(Estou usando Monsters apenas como um exemplo — ao longo dos anos, encontrei muitos filmes em que o valor assumido pelo público simplesmente não resiste a uma pesquisa básica).
De onde vêm os dados de orçamento de filmes?
Existem apenas alguns lugares de onde os orçamentos de produção podem se originar.
Em um extremo, há pesquisadores e jornalistas especializados, que rastreiam e verificam valores provenientes de fontes confiáveis. Bancos de dados respeitáveis da indústria, como The Numbers, realizam suas próprias pesquisas e buscam números que possam sustentar com confiança.
No outro extremo estão fóruns públicos como Reddit ou Wikipedia, onde qualquer pessoa pode adicionar ou alterar um valor com base no que leu em outro lugar — ou no que simplesmente pressupõe.
Entre esses extremos estão veículos da indústria, entrevistas, memorandos vazados e, ocasionalmente, press kits.
Essa mistura de fontes com diferentes níveis de confiabilidade pode gerar valores bastante distintos para o mesmo filme.
O que está acontecendo com a disponibilidade de dados?
A lacuna entre dados confiáveis e não confiáveis não é tão grande quanto se poderia imaginar. O The Numbers disponibiliza grande parte de suas informações gratuitamente online, e qualquer pessoa pode assinar por um valor baixo para acessar dados mais completos. Já a Wikipedia, com todas as suas falhas, é construída a partir de fontes públicas acessíveis. Mas ambas refletem o mesmo problema: um conjunto de informações que está encolhendo.
Vamos focar por um momento nos filmes de estúdio — isto é, aqueles mais estudados e para os quais esperaríamos os dados mais completos.
Durante minha pesquisa, registrei a confiabilidade da fonte que informava o orçamento. Se o número vinha do que eu consideraria uma “fonte profissional”, classifiquei o dado como confiável (apesar de todos os problemas já mencionados sobre qualquer valor único de orçamento).
Ambos os tipos de dados — confiáveis e não confiáveis — sofreram quedas acentuadas nos últimos anos.
A cobertura de dados da Wikipedia mostra um padrão fascinante, embora confuso. Até meados da década de 2010, cerca de um quinto dos filmes incluía alguma informação de orçamento. Mas isso desabou por volta de 2013 e só começou a se recuperar nos últimos anos.
Dos 27.766 filmes que encontrei na Wikipedia (2000–25), apenas 16,4% listavam alguma informação de orçamento.
Por que os valores de orçamento estão ficando mais difíceis de encontrar?
Uma das maiores razões é a mudança na natureza da imprensa de cinema. O número de jornalistas cobrindo o lado empresarial da indústria caiu drasticamente, e os que permanecem estão sobrecarregados, distribuídos entre poucos veículos. Com menos tempo e espaço para reportagens investigativas, perguntas básicas (como quanto um filme custou) muitas vezes deixam de ser feitas.
Mesmo quando são feitas, as matérias resultantes têm menos chance de incluir números concretos ou questionar a versão oficial. Esse enfraquecimento da imprensa especializada remove um dos principais canais pelos quais detalhes financeiros costumavam chegar ao registro público.
Paralelamente, os estúdios tornaram-se mais reservados. No passado, orçamentos eram rotineiramente mencionados em materiais de imprensa ou entrevistas, enquanto hoje tais divulgações são muito mais raras.
As plataformas de streaming, por sua vez, estabeleceram novos padrões de sigilo, controlando dados em todas as etapas da produção e do lançamento. Elas não têm qualquer incentivo para divulgar custos, especialmente quando seu sucesso não é medido pela bilheteria.
No outro extremo do mercado, o aumento acentuado de produções pequenas e independentes contribui para a opacidade. Esses filmes muitas vezes são feitos rapidamente, fora de sistemas formais, e com pouca documentação. Tendem a ser menos acompanhados por jornalistas especializados ou serviços de dados, e mais propensos a números vagos ou inflados.
Por fim, a mudança para lançamentos direto no streaming — que rompeu a cadeia tradicional que ligava estúdios, distribuidores e imprensa — torna fácil entender por que os dados confiáveis de orçamento estão desaparecendo.
O resultado é que, apesar de mais filmes serem produzidos hoje do que nunca, sabemos menos sobre quanto eles custam.
Ao preparar esta pesquisa, conversei com várias pessoas da indústria que trabalham com pesquisa e imprensa. A maioria não quis falar oficialmente, mas Bruce Nash, do The Numbers, disse:
“Os serviços de streaming raramente divulgam orçamentos, o que obviamente reduz a média, mas também pode estar dando uma certa cobertura para que estúdios e outros deixem de divulgar orçamentos por completo. Talvez eles se sentissem obrigados no passado, mas agora sintam menos pressão?
Parte da razão para essa redução pode ser também o fato de haver menos jornalistas cobrindo a indústria — e os que restam trabalham para apenas alguns poucos veículos. Assim, produtores, diretores etc. podem simplesmente estar sendo questionados com menos frequência, seja porque têm menos conversas com jornalistas, seja porque os empregadores desses jornalistas querem manter uma relação “amigável” com os estúdios, evitando perguntas difíceis.
O orçamento de um filme parece, intuitivamente, um dado simples que deveríamos conseguir determinar. Mas vimos que ele é frequentemente inconsistente, incompleto ou deliberadamente moldado para causar determinado efeito.
Mais preocupante ainda é que muito menos valores estão chegando ao domínio público.
Sem dados confiáveis, torna-se mais difícil acompanhar como a indústria opera, que tipos de filmes são produzidos de forma eficiente ou como as práticas de produção estão mudando. Isso limita pesquisas sobre lucratividade, transparência e tendências que moldam decisões criativas.
Para os estúdios, o sigilo protege seu poder de negociação e sua imagem de marca. Para os cineastas, os protege de comparações constrangedoras. Para analistas, investidores e o público, cria um ponto cego cada vez maior.
Notas
Para a análise de hoje, utilizei uma definição ampla de “filme de estúdio”, incluindo qualquer longa-metragem lançado por Amazon, Apple, Disney, Lionsgate, Netflix, Paramount, Sony, Universal ou Warner Bros.
Investimentos em Tecnologia na Contabilidade e na Análise Financeira
Os membros do Investor Council observaram um aumento significativo no ritmo em que ferramentas tecnológicas têm evoluído para coletar, resumir e consumir informações financeiras. As informações são obtidas de diversas fontes, incluindo demonstrações financeiras, comentários da mídia e trechos de relatórios do setor. Alguns membros observaram que a ampla variedade de ferramentas tecnológicas disponíveis ao público em geral pode potencialmente reduzir a diferença entre os dados acessíveis a investidores sofisticados e a investidores menos experientes. Outros membros, de forma cautelosa, sugeriram que, embora o acesso à informação financeira esteja se acelerando, essas informações nem sempre são verificáveis ou confiáveis. Alguns membros também observaram que entidades maiores, em setores regulados, possuem uma vantagem significativa na adoção das tecnologias mais recentes em seu potencial máximo, devido a bases de conhecimento mais especializadas e controles estabelecidos sobre dados.
Alguns membros destacaram que compreender como as partes interessadas utilizam tecnologia pode ajudar o Conselho a se tornar mais eficiente e eficaz na elaboração de normas. Alguns membros que representam preparadores relataram maior eficiência em seus processos de reporte financeiro graças às novas ferramentas tecnológicas. Esses membros, no entanto, observaram que o ritmo em que a IA e outras tecnologias podem ser implementadas pelos preparadores no ambiente de reporte é mais lento do que para os investidores, devido ao rigor relacionado aos controles e à precisão das informações divulgadas.
Há vários caminhos que podem ser seguidos pelo FASB. Um primeiro seria revisar a definição de equivalente de caixa para incorporar os stablecoins e similares; para isso, bastaria alterar a definição do termo no glossário. Outra possibilidade é criar a categoria de “equivalente de caixa digital”, também no glossário das normas, que englobaria somente esses ativos digitais. Finalmente, o FASB pode manter tudo como está e apenas adicionar exemplos sobre esses ativos digitais.
Nesta fase, o FASB começa a discutir o assunto e ainda não possui uma posição definida. De qualquer forma, a decisão poderá mudar a classificação dos ativos digitais no balanço e na DFC das empresas.
Da newsletter do NYT:
Para a OpenAI, números gigantescos são a norma, incluindo o recente anúncio de que possui 800 milhões de usuários ativos semanais e está planejando US$ 1,4 trilhão em investimentos em infraestrutura nos próximos oito anos. E há especulações de que ela pode almejar uma avaliação de US$ 1 trilhão quando abrir seu capital.
Mas a empresa também está projetando que terá perdas incrivelmente grandes até 2028 — e então se tornará lucrativa de forma estrondosa apenas dois anos depois. A grande questão, escreve Brian O’Keefe, é se isso é possível.
A OpenAI espera que suas perdas operacionais aumentem para US$ 74 bilhões até 2028, relata o The Wall Street Journal, citando documentos financeiros que a OpenAI compartilhou com investidores. Em comparação, a Meta reportou US$ 68,2 bilhões em receita operacional no ano passado. (A Anthropic, uma das principais rivais de I.A., espera se tornar lucrativa até 2028, acrescenta o Journal.)
No entanto, as projeções da OpenAI preveem uma reviravolta acentuada em suas finanças, revertendo rapidamente de cerca de US$ 50 bilhões em fluxo de caixa livre negativo para mais de US$ 25 bilhões em fluxo de caixa livre positivo em apenas dois anos.
A OpenAI espera uma reviravolta nos negócios nunca antes vista nos mercados de capitais dos EUA. Uma análise de todas as empresas de capital aberto nos EUA desde 1950, compartilhada com o DealBook, não encontrou nenhuma empresa de porte comparável que tenha crescido em receita em cinco anos tão rapidamente quanto a OpenAI espera crescer de 2024 (US$ 3,7 bilhões) para 2029 (US$ 145 bilhões).
Um capitalista de risco com uma pequena participação na OpenAI, falando anonimamente para discutir finanças privadas, comparou as ambições da empresa por uma rápida virada para a lucratividade a "esperar pela Imaculada Conceição."
A OpenAI está apostando em grande parte em um rápido crescimento da receita. Atualmente, ela está gerando cerca de US$ 13 bilhões em receita anualizada, principalmente de assinantes pagantes, que representam cerca de 5% de seus usuários.
A OpenAI tem corrido para adicionar novos serviços e produtos que poderiam impulsionar sua receita principal, incluindo ferramentas de comércio eletrônico, seu aplicativo gerador de vídeo Sora e, eventualmente, um dispositivo de hardware movido a I.A. projetado por Jony Ive, famoso pela Apple.
As finanças da OpenAI têm sido objeto de crescente escrutínio nos últimos dias. Críticos levantaram preocupações sobre os investimentos circulares que a startup firmou com fabricantes de chips, operadoras de data center e outros parceiros de negócios.
Mais sinais de alerta surgiram na semana passada, quando Sarah Friar, a Diretora Financeira (C.F.O.) da OpenAI, levantou a ideia de um "apoio governamental" para os gastos com infraestrutura de I.A. Tanto Friar quanto Sam Altman, o C.E.O. da OpenAI, rapidamente minimizaram a ideia.
Ainda assim, a onda de gastos da OpenAI pode valer a pena. Se a OpenAI conseguir dominar a I.A. da mesma forma que o Google dominou a pesquisa, sua previsão de lucros começa a parecer mais realista, de acordo com Jay Ritter, professor emérito de finanças da Universidade da Flórida, que estuda Ofertas Públicas Iniciais (I.P.O.s) há muito tempo.
"Não está claro se a I.A. é um mercado onde 'o vencedor leva tudo', mas pode ser", disse ele ao DealBook. "Nesse caso, gastar quantias enormes de dinheiro para ter o melhor produto que todos querem usar pode ser uma estratégia de negócios legítima."
Eis alguns rankings interessantes:
Exercitos mais poderosos:
A Maioria das Pessoas pode ser Confiável (Percentual de resposta):
(Nesse ranking, a Dinamarca obteve 74%. O Brasil, somente 7% ou 83o. lugar de 90 países)
Total de presos:
(Por habitante, El Salvador é imbatível)
Países que mais usam dinheiro:
1 Myanmar 98%
2 Etiópia 95%
3 Gâmbia 95%
4 Albânia 90%
5 Camboja 90%
6 Laos 90%
7 Líbano 90%
8 Nepal 90%
9 Paquistão 90%
10 Iraque 85%
Menos usam dinheiro
1. Coréia do Sul
2. Noruega
3. China
4. Islândia
5. Austrália
Do excelente IASPlus:
O International Accounting Standards Board (IASB) emitiu o documento “Translation to a Hyperinflationary Presentation Currency (Amendments to IAS 21)”. As alterações entram em vigor para períodos anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2027, sendo permitida a aplicação antecipada.
Em junho de 2022, o IFRS Interpretations Committee (IFRS IC) discutiu uma consulta sobre o tratamento contábil aplicado por uma controladora cuja moeda funcional é de uma economia hiperinflacionária ao consolidar uma subsidiária cuja moeda funcional pertence a uma economia não hiperinflacionária. Durante a análise, o IFRS IC também identificou um tema relacionado: situações em que uma entidade com moeda funcional não hiperinflacionária apresenta suas demonstrações financeiras em uma moeda de apresentação hiperinflacionária.
O IFRS IC decidiu encaminhar o assunto ao IASB, recomendando o desenvolvimento de uma alteração de escopo limitado que fornecesse um método de conversão adequado para responder tanto à questão original quanto ao tema relacionado. Em julho de 2024, o IASB propôs alterações ao IAS 21 para tratar desses pontos, as quais agora foram finalizadas após a consideração dos comentários recebidos.
As alterações introduzidas por Translation to a Hyperinflationary Presentation Currency (Amendments to IAS 21) são as seguintes:
Quando uma entidade converte valores de uma moeda funcional de economia não hiperinflacionária para uma moeda de apresentação de economia hiperinflacionária, ela deve converter esses valores — inclusive valores comparativos — utilizando a taxa de fechamento da data da demonstração da posição financeira mais recente;
Quando a moeda de apresentação da entidade deixa de pertencer a uma economia hiperinflacionária e sua moeda funcional continua sendo de uma economia não hiperinflacionária, a entidade deve aplicar prospectivamente (sem reexpressar valores comparativos) o método atualmente previsto no IAS 21 para tais situações;
A entidade deve divulgar que aplicou esse método, incluindo informações financeiras resumidas sobre suas operações no exterior convertidas conforme o método proposto; também deve divulgar se a economia em questão deixou de ser hiperinflacionária.
Após considerar custos e benefícios esperados, o IASB também decidiu incluir uma exceção ao método de conversão acima (item 1) para entidades que aplicam o IAS 29 e são obrigadas a converter os resultados e a posição financeira de uma operação no exterior conforme as novas alterações.
As alterações entram em vigor para períodos anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2027. Devem ser aplicadas retroativamente, com certas disposições transitórias.
(Traduzido pelo GPT)
A Casa Branca acaba de divulgar sua lista de 37 doadores que estão financiando a ampliação de 300 milhões de dólares do salão de festas de Trump, e ela parece um verdadeiro “quem é quem” do mundo corporativo americano tentando manter-se em boas relações com o presidente.
Segundo a AP, gigantes de tecnologia dominam a lista — Amazon, Apple, Google, Meta, Microsoft — cada uma contribuindo com valores não revelados após anos de disputas regulatórias. O YouTube, do Google, já fez um acordo com Trump no valor de 24,5 milhões de dólares por causa da suspensão de sua conta, sendo que 22 milhões irão para o Trust for the National Mall (que pode ajudar a financiar a construção do salão). Mark Zuckerberg, da Meta, que havia banido Trump após o 6 de janeiro, agora aparece ao lado de bilionários das criptomoedas, como os gêmeos Winklevoss.
Há muitas questões contábeis e financeiras envolvidas aqui. Esse tipo de doação não seria feito a fundo perdido, já que os doadores estariam pensando em recompensas futuras. Provavelmente, a contabilidade registrou o valor como despesa, mas, na essência, talvez se tratasse de um ativo — um investimento.Imagem aqui
Há muitos anos, prestei, por duas vezes, serviços aos Correios. Na época, aprendi a admirar a empresa pela eficiência dos serviços e qualidade dos recursos humanos. Por esse motivo, é triste ver a situação da empresa, que busca 10 bilhões de reais de recursos para garantir a continuidade operacional, e tem uma grande desconfiança, não somente das instituições financeiras, mas também da população.
A empresa tem um grande número de precatórios, uma intensa concorrência da iniciativa privada no negócio mais lucrativo - entrega de encomenda, obrigatoriedade de prestar serviço que geram prejuízo, como carta social, e um passado nada aconselhável em termos de relacionamento com o fundo de pensão e má gestão. E para agravar, há diversos exemplos internacionais de correios de outros países que estão "saindo" do mercado.
Quando se olha para o desempenho operacional, a situação é grave e parece irreversível.
A visão de uma grande empresa pagando uma alíquota ridícula de imposto de renda parece revoltar muita gente. E as grandes empresas, com empregados especializados em tributos, possuem uma vantagem pois acham brechas nas normas para reduzir sua carga tributária. É por esse motivo que é cômico alguém falar que a alíquota do imposto de renda no Brasil é de 34%. Se uma empresa estiver pagando essa alíquota é que o departamento contábil é ineficiente e incompetente.
O que é válido para o Brasil também é válido para outros países do mundo. As multinacionais usam um grande número de artimanhas para pagar um imposto de renda muito reduzido. E isso é revoltante para algumas pessoas.
Nos Estados Unidos tem-se o Corporate Alternative Minimum Tax (CAMT), aprovado em 2022, no governo Biden. Nesse caso, a alíquota incide sobre o lucro contábil, apurado conforme o US GAAP. As empresas que tiveram um lucro contábil superior a 1 bilhão nos últimos três anos, aplica a alíquota de 15% e compara com o valor apurado pelas regras atuais da receita daquele país. O que for maior é o valor a ser pago.
O CAMT está fazendo a primeira vítima famosa. A empresa Meta (leia-se Instagram) terá um impacto tributário de 15,9 bilhões de dólares de tributos adicionais com esse novo imposto mínimo corporativo.
Há cerca de oitenta anos que surgiu um movimento internacional “pelo direito de entender”, intitulado “Plain Language” (em inglês) ou Linguagem Simples (no Brasil). (...)
No Brasil, há algumas semanas, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei 6256/19, que determina que os órgãos públicos usem Linguagem Simples nos textos dirigidos ao cidadão.
Não se trata de escrever de maneira simplória, infantil, informal ou errada. O assunto é técnico: há uma norma internacional (ISO) de Linguagem Simples, adaptada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 2024.
Há vários exemplos no texto. Eis um deles:
Original: O Programa de Pós-Graduação é uma experiência educacional inovadora, que criou dentro do Parlamento uma estrutura acadêmica de alto nível para estudar a própria instituição.
Sugestão de redação: O Programa de Pós-Graduação oferece especializações e Mestrado com foco exclusivo no Poder Legislativo.
Imagem aqui
Nos últimos anos, iniciou-se uma discussão para tentar melhorar o sistema tributário brasileiro. Por meio de um debate envolvendo especialistas, governo e representantes do Legislativo, começa a tomar forma uma nova realidade, na qual o ICMS e o ISS seriam substituídos pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Trata-se de um imposto sobre valor agregado; ou seja, a alíquota incide sobre aquilo que é agregado em cada etapa do processo produtivo, o que reduz a chamada tributação em cascata.
Outra característica é que a cobrança é feita no destino, isto é, no local de consumo. Se consumidores de uma unidade da federação compram um produto de um fabricante localizado em outra, a arrecadação será realizada no destino.
Agora, o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (CG-IBS) lançou o seu site. Há diversos links que ainda não estão funcionando e, confesso, o material disponibilizado, denominado Guia Orientativo para Impactos Administrativos da Reforma Tributária, é pobre e confuso. E preocupa por trazer a visão dos estados e municípios, mas não do governo federal e dos legisladores.
Outro ponto: o símbolo (vide imagem) parece uma bandeira do Brasil estilizada, assim como linhas de um texto, também estilizada, dentro de um círculo.
Um dos principais mecanismos para resolver o conflito de agência é a remuneração do executivo. Em termos gerais, a teoria da agência envolve dois indivíduos: o agente e o principal, que possuem objetivos próprios, nem sempre alinhados. O principal delega tarefas ao agente e cria instrumentos para alinhar os interesses de ambos.
Um desses instrumentos é justamente a remuneração. O gestor — o agente — atua em nome do acionista, o principal. No entanto, suas decisões nem sempre correspondem aos melhores interesses do acionista. Para reduzir esse conflito, o principal pode adotar formas de remuneração baseadas em desempenho, como valorização das ações ou participação nos lucros futuros, incentivando o gestor a agir em prol dos resultados da empresa.
(Há diversos outros mecanismos para mitigar o conflito de agência, mas o exemplo a seguir foca na remuneração, razão pela qual este aspecto é enfatizado.)
Essa mentalidade de “crescer para descobrir o que acontece” acompanha Altman há anos. Antes mesmo do lançamento do ChatGPT, ele já havia dito aos funcionários da Worldcoin — sua empresa cripto, hoje rebatizada como World — que um de seus princípios de gestão é “escalar e ver o que acontece”, estratégia que, segundo ele, funciona tanto para grandes redes neurais quanto para projetos complexos como reatores de fusão nuclear. E, para ele, velocidade é essencial: escalar “antes mesmo de fazer sentido” é, em suas palavras, “extremamente valioso”.
Especialistas afirmam que Altman pode agir com essa ousadia, pois não tem nada a perder financeiramente. Ele declarou repetidas vezes que não possui participação acionária na OpenAI, e que isso não mudará mesmo após a reestruturação da empresa como uma corporação de benefício público. “Ele tem o lado positivo, em certo sentido, em termos de influência, se tudo der certo”, explica Ofer Eldar, professor de governança corporativa da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Altman assume todos esses compromissos sabendo que não enfrentará consequências diretas, já que não tem participação financeira.”
O artigo completo pode ser encontrado aqui. O título do mesmo é Por que Sam Altman Não Deve Pagar a Conta pelos Gastos Bilionários da OpenAI?
Na visão de Wenger, o futebol ainda depende de elementos intangíveis — como sensibilidade, leitura emocional e instinto — que não podem ser automatizados.
Assim como no futebol, na contabilidade há diversas tarefas que dependem dos elementos intangíveis, nos termos de Wenger
O texto analisa a crescente integração da inteligência artificial (IA) na contabilidade profissional. Segundo o autor, a IA evoluiu rapidamente graças a um investimento superior a 14 bilhões de euros em 2023, e diversas ferramentas além do ChatGPT — como Google Gemini, Microsoft Copilot, Meta AI e o sistema chinês DeepSeek — já estão disponíveis. O texto argumenta que, embora o ChatGPT seja muito utilizado como assistente, sua autonomia e aplicação prática ainda são limitadas — por exemplo, uma fala de René Beltrán define-o como “o melhor assistente que você pode ter, mas o menos proativo e com pouca autonomia que você pode encontrar”. Em contabilidade e auditoria, essas ferramentas podem agilizar tarefas mecânicas — como extrair dados de PDFs/XML, organizar faturamento, montar tabelas — mas ainda demandam supervisão humana, especialmente para interpretação, julgamento e validação de resultados. O artigo conclui que o futuro profissional da contabilidade não será substituído pela IA; ao contrário, o contador que melhor souber empregar a IA como ferramenta terá vantagem competitiva — a “máquina” não substitui o profissional, mas o profissional que domina as máquinas substituirá quem não domina.
Molina argumenta que o rei português, D. João VI, comprava várias assinaturas do jornal como forma de evitar que Hipólito fosse demasiadamente crítico em relação a ele. De fato, o jornalista atacava alguns figurões da corte, mas poupava o monarca. Essa prática guarda semelhança com os dias atuais, em que presidentes e governos “compram” espaços publicitários em jornais, revistas e programas de televisão, influenciando a pauta e a posição editorial dos meios de comunicação.
Molina, em História dos Jornais no Brasil, volume 1, discute as razões pelas quais o Brasil não teve uma imprensa entre 1500 e 1809. Há uma lenda segundo a qual existiria uma proibição real de se estabelecer uma imprensa no país. No entanto, até onde se sabe, não havia uma proibição formal do rei nesse sentido. Há registros de que Portugal permitiu a existência de imprensa em outras colônias, mas permanece o mistério acerca da ausência dessa instituição em território brasileiro.
O atraso do Brasil colonial em instituir uma imprensa tem relevância direta para a história da contabilidade. Convém lembrar que o sucesso da Summa, de Pacioli, não decorreu de ter sido a primeira obra de contabilidade — honra que cabe a Cotrugli — nem de ter criado os procedimentos das partidas dobradas, mas sim por ter sido o primeiro livro impresso e, por isso, amplamente difundido no ensino contábil.
Sem uma imprensa, as possibilidades de surgir uma obra contábil que pudesse servir de referência a aprendizes ou comerciantes eram mínimas. O acesso ao conhecimento contábil dependia, portanto, da importação de livros estrangeiros — provavelmente escritos em outro idioma que não o português —, o que restringia sua disseminação e aplicação prática no contexto colonial.
Anteriormente postamos:
O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. (...) O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto.
Até o presente momento a nova EC não foi aprovada, conforme print da página do Conselho
Roubo de obra de arte em museu é sempre uma notícia. O contraponto entre a audácia dos ladrões e a falha da segurança parece coisa de cinema. Um site listou sete roubos de obra de arte que seriam memoráveis.
Ao ler o texto, é possível perceber uma conexão com a contabilidade, seja na questão do reconhecimento, seja no processo de mensuração. O caso mais famoso foi o roubo da Mona Lisa, em 1911. O roubo foi feito por um italiano, Vincenzo Peruggia, que trabalhava como operário encarregado de construir vitrines de vidro para o Louvre. Peruggia entrou discretamente no museu, esperou o momento apropriado e retirou o quadro da parede. Depois de esconder o quadro, ele retirou a moldura e deixou o museu tranquilamente.
O detalhe curioso da história é que o roubo só foi percebido horas depois, pois na época o quadro era pouco conhecido. Mas a imprensa, para vender seus jornais, decidiu dar destaque ao caso, afirmando que a Mona Lisa era um quadro fundamental na história da arte. E de tanto afirmar isso, a obra de Leonardo da Vinci tornou-se um retrato mundialmente conhecido. O interessante aqui é como um evento, a princípio negativo, contribuiu para a valorização da peça do museu. Ninguém poderia prever isso.
Um segundo roubo de destaque da lista ocorreu em 2004, quando dois homens invadiram o Museu Munch, em Oslo, e levaram o quadro mais conhecido do pintor norueguês, O Grito. Além do prejuízo de não contar com o quadro para mostrar aos visitantes, o Museu teve que passar por uma reforma na sua segurança, que durou quase um ano. Os ladrões foram capturados. Nesse caso, o roubo revelou uma redução drástica de receita e um aumento nas despesas. Isso foi compensado com o aumento do público na reabertura do museu.Mas nem sempre um caso como esse tem um final feliz. Em 1990, dois homens entraram no Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, e conseguiram realizar um grande roubo de obras avaliadas em meio bilhão de dólares. Só a obra O Concerto, de Johannes Vermeer, está avaliada em 250 milhões de dólares. A questão contábil desse caso deveria aparecer no relatório dos auditores: anos antes, o FBI tinha alertado para o problema de segurança do museu e somente alguns dos itens recomendados foram implantados. Até hoje, o museu mantém uma promessa de recompensa de 10 milhões de dólares (um passivo, mas que poderia ser contabilizado?) por informações.
Em 2019, novamente dois homens desativaram os alarmes de segurança do Museu Grünes Gewölbe de Dresden, Alemanha. Levaram joias estimadas em 120 milhões de dólares. As autoridades conseguiram identificar os responsáveis e recuperaram grande parte das joias roubadas. Se as joias tivessem sido baixadas para resultado em 2019, a recuperação, anos depois, merece a reversão do lançamento. Se não foram baixadas — mas registradas com um valor menor, usando uma contraconta do ativo —, também seria necessário um lançamento.
Mas por quanto tempo um museu deveria manter uma obra de arte que foi roubada nos registros contábeis como um ativo? Uma boa questão, que o caso do Museu de Belas Artes de Montreal pode servir de exemplo. O museu canadense foi roubado em 1972 e foram levadas 50 obras de arte. Naquele mesmo ano, os ladrões fizeram contato, devolvendo algumas obras menores para iniciar uma negociação pelo resgate. Mas com o fracasso das negociações, as obras restantes não foram recuperadas até hoje.
O roubo, em 2012, do Museu Kunsthal, em Roterdã, revela o quanto a despesa em segurança é importante para esse tipo de entidade. Parece inacreditável, mas o Museu não possuía vigilância noturna. Ao não ter essa despesa, o resultado do museu ficou melhor para seus doadores. Mas o preço foi perder parte do acervo — somente uma das pinturas foi recuperada, em 2018.
O Museu Van Gogh, também na Holanda, sofreu um roubo em 2002. Em cinco minutos, os ladrões levaram duas pinturas (uma delas, abaixo). A polícia conseguiu desvendar o crime por conta de um boné deixado no local. Apesar de descoberto os autores, as obras não foram encontradas de imediato. Mas, em 2016, uma operação policial na Itália encontrou as pinturas. Esse último caso traz um aspecto importante desses roubos: apesar do valor estimado das obras ser elevado, as mesmas são muitas vezes negociadas por um valor muito reduzido por dois motivos: primeiro, perde-se a liquidez, já que a obra só tem o mercado paralelo para ser vendida; segundo, o risco da operação, uma vez que a polícia procura pelas obras e pelos meliantes.
Min Hee Jin, ou MHJ, foi contratada pela gravadora ADOR, pertencente ao conglomerado Hybe, para criar o primeiro girl group coreano da empresa. MHJ recrutou e formou o grupo NewJeans. Com o tempo, mesmo sendo executiva da gravadora, ela tentou sair da ADOR e levar consigo o grupo para uma nova empresa, buscando novos investidores.
Um potencial investidor com quem MHJ conversou revelou seus planos à Hybe, que então iniciou uma auditoria na ADOR. O trabalho confirmou a tentativa de ruptura por parte de MHJ, que foi removida do cargo de CEO, mas mantida como uma espécie de diretora criativa. No entanto, MHJ recusou a nova função e deixou a gravadora.
Com a crise, as integrantes do NewJeans declararam quebra de confiança e consideraram o contrato inválido, passando a atuar fora da ADOR. A gravadora entrou na Justiça, e um tribunal rejeitou as alegações do NewJeans, atribuiu a responsabilidade a MHJ e sentenciou que os contratos permaneciam válidos. Há uma multa de 250 milhões de dólares em caso de quebra contratual.
O grupo agora pode recorrer da decisão — o caminho que parece ter escolhido —, voltar a trabalhar para a ADOR ou pagar a multa.
No Brasil, no passado, houve um caso semelhante: Chico Buarque assinou contrato com uma gravadora comprometendo-se a entregar determinada quantidade de trabalhos, mas não conseguiu cumpri-lo, e a empresa passou a pressioná-lo. Da crise entre o artista e a gravadora nasceu a música Dono da Voz.
E a contabilidade? Pelo lado da ADOR, provavelmente as artistas não estão registradas no ativo, e como a chance de vitória judicial é significativa, também não deve haver registro de um potencial passivo — caso fosse necessário pagar alguma indenização. Tampouco deve haver um ativo referente à multa a receber, pois o valor é tão elevado que as artistas dificilmente teriam condições de desembolsar um quarto de bilhão. No entanto, todo esse atrito pode reduzir o apelo do grupo, e o “intangível” não registrado não poderá ser amortizado. Ou seja, tudo isso não deve ser registrado na contabilidade da empresa. Faz sentido?