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20 julho 2021

Rir é o melhor remédio

 Não fume (ou não nade)

Jesus trabalhou muito: transformando água em vinho
Instalação do projetor perfeita
Cada um por si
Mais situações aqui

19 julho 2021

Contabilidade e previsão

 

No Spotify aqui

Reportem em probabilidade?


Robin Hanson comentando sobre a recente divulgação de documentos sobre UFO nos Estados Unidos pede para que o incidente seja divulgado em termos de probabilidade física. 

Isto faz lembrar a solicitação de alguns para que a contabilidade divulgue suas demonstrações em termos de intervalo. Em lugar de um número para o ativo da empresa, um intervalo onde estaria esse valor. 

Há algumas desvantagens importantes nessa ideia. 

Primeiro, a contabilidade perderia a áurea de precisão que passa quando divulga um balanço, onde os totais dos dois lados são idênticos. Muitas vezes a contabilidade é confundida com a matemática. Essa confusão é muito boa para o profissional e para o campo de estudo.

Segundo, as pessoas não sabem lidar com a probabilidade; inclui no amplo grupo também os contadores. A capacidade de cometer erros seria muito maior. Também haveria uma confusão no momento da análise. 

Terceiro, a probabilidade deveria trazer também a informação sobre qual a distribuição mais adequada para a medida e os parâmetros necessários para construção da curva de probabilidade. Se a distribuição for normal, seria necessário informar a média e o desvio. Mas outras curvas de distribuição demandariam mais informações.

Finalmente, a relação custo-benefício deveria ser testada, sendo provavelmente desfavorável. 

Foto: aqui

Avaliação de alunos durante a pandemia


A pandemia fez com que muitas universidades afrouxassem seus padrões de aprovação e reprovação. Em algumas delas, a reprovação virou palavra feia. Isto terá consequências sérias na sinalização para o mercado de trabalho no futuro (vide Bryan Caplan). E para outros processos seletivos, como a entrada em um programa de pós. 

Em outras instituições, a avaliação tornou-se binária. Eis um bom comentário sobre o assunto:

La lógica habitual de esa política es fomentar una actitud orientada al aprendizaje en los estudiantes con el objetivo de que salgan de sus zonas de confort y se atrevan con asignaturas a priori más difíciles y exigentes. Otra razón para implementar una política del aprobado/suspenso tiene que ver con la salud mental de los estudiantes: estudios recientes han demostrado que los niveles de estrés se reducen, mientras que la satisfacción con los estudios aumenta

O texto possui bastante citação e é favorável ao sistema binário. Para quem interessa, vale a pena uma lida. 

E se o periódico fechar?


O Journal of Business foi um dos cinco principais periódicos na área de finanças do mundo. Editado pela Chicago University, boas pesquisas eram publicadas no Journal of Business. Em 2004, a editora decidiu interromper o título por uma questão administrativa. O fechamento oficial ocorreu em 2006 e nada mais foi publicado. 

Um estudo feito a partir do caso do Journal of Business mostra que os artigos que foram publicados no periódico sofreram com a decisão de encerramento do mesmo. Segundo a pesquisa, os artigos recebem até 20% menos citações, quando se compara com citações de artigos semelhantes publicados em periódicos ainda existente. 

Isto significa dizer que não é somente o "valor" da pesquisa que conta no momento da citação. O prestígio atual do periódico também é importante. Usando três mil artigos, a pesquisa rastreou as citações nos anos seguintes e comparou com pesquisas semelhantes. 

Contabilidade - Nos últimos vinte anos, nós tivemos uma proliferação de periódicos no Brasil na área de contabilidade. Cada programa de pós e cada faculdade queria ter o seu. O custo era reduzido, pois eram digitais. Só precisava de algum editor para tocar a tarefa. Agora chegou o momento em que alguns deles irão descontinuar e outros reduzirão sua relevância. As pesquisas desses periódicos irão sofrer com uma provável descontinuidade.  

Rir é o melhor remédio

 


17 julho 2021

Reforma tributária mundial pode ser difícil


Eis uma análise pessimista da taxação mundial:

Como temos dito há um tempo agora, o esforço do governo Biden para criar um novo imposto corporativo mínimo provavelmente nunca terá êxito, apesar de todos os relatórios otimistas da imprensa ocidental 

Uma das razões, e citando a Bloomberg, é que o número de países que precisam aceitar a proposta é muito grande. A estimativa seria de mais de 100 países.

(O mapa coloca o Brasil como membro do G20. Não invalida a análise)

Pandemia de ciberataques


Um estudo da London Business School, prestes a ser publicado, captura as tendências analisando as observações feitas para investidores por 12 mil empresas listadas em 85 países ao longo de duas décadas. O risco cibernético mais do que quadruplicou desde 2002 e triplicou desde 2013. O padrão de atividade tem se tornado mais global e afetado uma gama maior de setores. Aqueles que passaram a se conectar de casa para trabalhar durante a pandemia, provavelmente, fizeram com que os riscos aumentassem. E o número de empresas afetadas atingiu um recorde. 

Diante desse quadro, é natural se preocupar mais com as assombrosas crises causadas por ataques cibernéticos. Todos os países têm nós físicos (pontos conectados) vulneráveis, como oleodutos, usinas de energia e portos, cuja falha pode paralisar grande parte da atividade econômica. O setor financeiro é um foco crescente de crimes cibernéticos: atualmente, os ladrões de banco preferem laptops a balaclavas. As autoridades reguladoras começaram a se preocupar com a possibilidade de um ataque causar o colapso de um banco. (...) 

Uma nuvem de sigilo e vergonha em torno dos ataques cibernéticos aumenta as dificuldades. As empresas não costumam divulgá-los. Os incentivos habituais para que elas e suas contrapartes mitiguem os riscos não funcionam bem. Muitas empresas negligenciam o básico, como a autenticação em dois fatores. A Colonial Pipeline não tinha tomado nem mesmo precauções simples. E a indústria da segurança cibernética tem muitas pessoas desonestas que enganam os clientes. Muito do que é vendido é pouco melhor do que “amuletos mágicos medievais”, nas palavras de uma autoridade de segurança cibernética. 

Tudo isso significa que os mercados financeiros têm dificuldade em definir o preço do risco cibernético e a penalidade paga por empresas mal protegidas é muito pequena. O estudo da London Business School, por exemplo, conclui que o risco cibernético é contagioso e está começando a ser contabilizado nos preços das ações. Mas os dados são tão difíceis de entender que é improvável que o efeito reflita o risco real.

The Economist via Estado de São Paulo

Foto: Max Hopman

Videntes e a indústria do petróleo


Na sua origem, a indústria de petróleo contava com a "ajuda" de pessoas que comunicavam com os espíritos para localizar as primeiras reservas do produto. 

Mas, de acordo com o historiador do petróleo Paul H. Giddens, eles não confiavam nos cientistas para lhes dizer onde perfurar Os poucos geólogos profissionais que tentaram usar "meios científicos" para localizar poços foram "considerados charlatães" pelos práticos petroleiros. 

Em vez disso, os petroleiros confiavam em pessoas que contavam com "fontes espirituais, sensoriais ou extra-sensoriais" para sua autoridade escreve a estudiosa literária Rochelle Ranieri Zuck 

Nos anos 80, um ex-ministro César Cals confiou em Neila Alkimin, uma famosa vidente, para indicar para Petrobras onde estariam as reservas minerais no Brasil. 

Estas fontes espirituais, nos dias atuais, seriam aceitas como "especialistas" por parte da contabilidade? Parece absurda a questão, mas vejam que o uso de uma vidente em uma empresa de grande porte no Brasil aconteceu há cerca de 50 anos. 

Links


Peter Jackson e o documentário dos Beatles em novembro

RollingStone: Billie Eilish e a Felicidade

AI Chinês bate um piloto em um combate simulado

Estados ainda descumprem a LRF e manipulam suas contas

O que conhecemos sobre influência ainda vale nos dias atuais?

Noruega lidera na venda de carros elétricos e o papel dos custos

Rir é o melhor remédio

 

Quando fechou o Balanço

16 julho 2021

Mais sobre PCAOB


A destituição do chefe responsável pela fiscalização das empresas de auditoria nos Estados Unidos, Duhnke, ainda traz muita polêmica:

O Wall Street Journal na Quinta-feira afirma que a SEC está investigando se Duhnke violou alguma regra relacionada ao tratamento de reclamações internas no PCAOB. Duhnke foi removido abruptamente no início deste mês pelo novo presidente da SEC, Gary Gensler, dizendo que a medida “protegeria melhor os investidores” e permitiria que o regulador de auditoria cumprisse sua missão sob a Lei Sarbanes-Oxley. Duhnke foi criticado por não realizar reuniões do Grupo Consultivo para Investidores e do Grupo Consultivo Permanente do PCAOB. (...) 

Além disto, a ex-diretora de administração 

Sue Lee acusou Duhnke de discriminar sua etnia chinesa e usar termos como "gripe kung" e "gripe chinesa" na frente dela e que ele queria substituir os liberais no PCAOB pelos republicanos. A SEC e o PCAOB não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

A SEC contratou Pitt [ex-presidente da SEC] em julho de 2019 para avaliar as políticas e práticas de governança corporativa do PCAOB e recomendou as alterações apropriadas. O relatório de Pitt, que custou US $ 125.000 aos contribuintes e ainda não foi divulgado, poderia esclarecer se são necessárias reformas no PCAOB e esclarecer se a SEC tem uma base legítima para revisar a participação do conselho

Mensuração do impacto econômico da Cannabis no Canadá


No The Walrus, o esforço que os canadenses fizeram para reconhecer o impacto da maconha na economia.  

Além de estabelecer protocolos semânticos, o StatCan enfrentou dois obstáculos centrais na determinação de como contar a maconha: quanto os canadenses usam? E quanto custa? Mas os economistas do StatCan queriam calcular esses números não apenas para o último trimestre de 2018, quando a maconha se tornou legal, mas para todos os anos desde 1961, que está tão atrás quanto as contas nacionais, pelo menos em sua forma atual. O raciocínio era que a maconha representa um aumento de cerca de US $ 6 bilhões por ano na atividade econômica. Sem considerar o ajuste, parece que o Canadá teve um 2018 extraordinariamente ótimo, uma ofensa contábil que os economistas do StatCan não puderam aceitar. 

Outros países não tiveram tais escrúpulos. Em 2014, depois que os países da União Europeia adicionaram drogas ilegais e trabalho sexual em suas contas, além de incorporar outras mudanças impostas pelas novas diretrizes internacionais, seus PIBs aumentaram, escreve Diane Coyle. O Reino Unido saltou cerca de 4%, a Espanha por 2,5%. Os da Finlândia e da Suécia provavelmente ganharam ainda mais, diz ela.

A intuição funciona?


A partir dos resultados dos testes de cognição (CRT),

O que coloca a questão: se nossas intuições podem estar tão erradas, as intuições das pessoas sobre economia também podem estar erradas, com impactos adversos na formulação de políticas? 

Sim. O exemplo mais óbvio é a ideia de que as finanças do governo são como as de uma família e, portanto, os governos devem "equilibrar os suas contas. Não é necessário que eu lhe diga que isso não faz sentido. [Mas como esta comparação é feita nos textos] 

Outro exemplo, embora menos flagrante, é a imigração. A intuição nos diz que um aumento na oferta de trabalhadores reduz os salários e, portanto, a imigração deve ser ruim para os trabalhadores. A verdade, no entanto, não é tão simples, porque existem outras mecanismos no trabalho: trabalhadores migrantes também aumentam a demanda; qualquer queda incipiente nos salários aumenta a demanda por trabalhadores ou reduz os preços ou as taxas de juros, e assim por diante. 

David Leiser e Zeev Kril mostram os leigos interpretam a economia usando uma heurística “bom gera bom". O que pode explicar atitudes em relação ao Brexit; se você acha que o Brexit é uma coisa boa por qualquer motivo, também estará inclinado a pensar que é bom para a economia. 

Claro, tudo isso é chapéu velho. Em 1850, Frederic Bastiat avisou contra confiar em nossas intuições, porque os mecanismos econômicos que vemos são apenas alguns dos que realmente operam. E mais recentemente Bryan Caplan tem argumentou que os eleitores irracionais sistematicamente entendem mal a economia.

Fico pensando se o termo "sabedoria das multidões" não ajuda a propagar a ideia de que a intuição das pessoas, mesmo da multidão, pode ser adequada. Há exemplos a favor e contra. Talvez não estamos preocupados com as condições necessárias para que exista a sabedoria. 

Foto: Ryan Gagnon

Links

A criação da nova entidade de normas na área ambiental: a resposta do CPC e do CFC (é interessante como os documentos são diferentes)

SASB e IIRC completam fusão para formar Value Reporting Foundation

Relação de Epstein com seu maior cliente

Nafas, a palavra árabe que explica a mão boa na culinária

Índice de luta no xadrez que mede a competitividade dos melhores jogadores (vale para outros esportes, mas no xadrez é mais fácil de medir)

Rir é o melhor remédio

 


quando você acabou de entender um pronunciamento e o Iasb avisa que está preparando outros para você...
(De um lance bem conhecido da partida Inglaterra e Itália, final da Eurocopa)

15 julho 2021

Impostos dos Bilionários

 

Em junho, o site Propublica teve acesso ao imposto de renda de alguns bilionários. Cruzando com dados da riqueza, estimada pela Forbes, o site chegou a taxa de imposto das 25 pessoas mais ricas dos Estados Unidos. O resultado, de quatro deles, está na figura acima. 

É importante notar que essas pessoas não estão burlando o imposto. Geralmente o patrimônio são as ações das empresas. Quando necessitam de dinheiro, os bilionários tomam empréstimos, tendo por garantia essas ações. Assim, a alíquota é bastante reduzida.

O levantamento do site trouxe uma polêmica secundária: sobre como eles obtiveram os dados, se os mesmos são confidenciais. É bom lembrar que até hoje o ex-presidente Trump revelou seu imposto de renda, como tem sido praxe nos Estados Unidos.

Estrela Pornô usa Ben Graham para vender Coin


A influenciadora digital Lana Rhoades (aqui link para verbete na Wikipédia em Português) foi contratada por uma empresa para promover um investimento em produtos relacionados com moeda digital. Além de Rhoades, o rapper Tyga, mais conhecido por ter sido namorado de Kylie Jenner, também está promovendo a criptomoeda.

Rhoades tem mais de 15 milhões de seguidores no Instagram e postou uma imagem com o clássico livro de investimento de Ben Graham, The Intelligent Investor, conforme é possível ver na fotografia acima. 

O leitor mais atento deve ter percebido um detalhe interessante na foto. 

Fraude na indústria de petróleo e derivados


Vale também para outros setores:

A maioria dos casos de fraude na indústria do petróleo envolve um conceito simples. As empresas de petróleo são capazes de arrecadar dinheiro com base em quanto petróleo dizem estar na terra que possuem - é isso conhecido como reservas de petróleo Quanto maior o valor que a empresa reivindica por suas reservas, mais dinheiro ela pode emprestar ou atrair dos investidores. 

Esses casos de fraude são muito semelhantes à fraude na avaliação de moradias. O que algumas dessas empresas de petróleo estão fazendo é o equivalente a possuir uma casa no valor de US $ 250.000, dizendo ao banco que vale US $ 500.000 e depois pedindo dinheiro emprestado com base nesse valor inflado. 

Em outras palavras, você aumenta o valor do seu ativo, e aqui seria o valor contábil mesmo, e isto pode potencializar o interesse dos fornecedores de capital. Neste ponto, a estimativa originária da área técnica é importante.

Foto: aqui

Links


 Investimento em catálogos de artistas de música brasileira

Repressão tributária do G7 e o fim da hiperglobalização - mesmo os paraísos fiscais tem pouco a reclamar da proposta de reforma tributária mundial

Torto Arado: boas críticas e boas vendas

Anom, o app de mensagens desenvolvido pelo FBI para capturar criminosos (aqui também)

Fumo no mundo: saúde, propaganda, impostos... (foto)

Rir é o melhor remédio

 

Não ria das escolhas da esposa. Você foi uma delas

14 julho 2021

Bitcoin na contabilidade financeira


Apesar do texto ser de maio, vale a pena reproduzir a influência do Bitcoin nos balanços:

As empresas com Bitcoin em seus balanços, podem estar ficando nervosas. Para fins contábeis, a criptomoeda é avaliada pelo preço de compra nas contas da empresa. Se aumentar de valor, isso não será refletido nas contas de uma empresa, mas se cair, o valor será levado a resultado e prejudicará os lucros trimestrais. Três grandes investidores corporativos em Bitcoin são Tesla, MicroStrategy e Square. Aqui é onde eles estão : 

Tesla: A empresa de veículos elétricos comprou US $ 1,5 bilhão em Bitcoin no último trimestre, a um preço médio de cerca de US $ 34.700 por moeda, não muito longe do preço atual [maio]. O executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, sinalizou que a empresa não está vendendo, mas sim provavelmente também não está comprando. 

MicroStrategy: A empresa de software de inteligência de negócios gastou cerca de US $ 2,2 bilhões em Bitcoin, a um preço médio de US $ 24.450. A empresa comprou mais na semana passada e ainda está com grandes ganhos. 

 Square: A empresa de pagamentos, liderada pelo chefe do Twitter Jack Dorsey, comprou dois lotes de Bitcoin  - US $ 50 milhões em outubro a um preço de cerca de US $ 10.600 por moeda e US $ 170 milhões em fevereiro a um preço de cerca de US $ 51.000. Foi necessário um impairment de US $ 20 milhões em suas participações no último trimestre. Não planeja mais comprar, disse seu chefe de finanças este mês.

Foto: aqui

FASB discute abrir a conta de CPV


Os membros do IAC (Comitê Consultivo para Investidores), vinculado ao FASB, estão discutindo a possibilidade de desagregar as informações da demonstração de resultado do exercício. Entre os itens, o custo dos produtos vendidos e as despesas de vendas, gerais e administrativas. 

Esta desagregação poderia ser qualitativa ou quantitativo. Reconhecendo que isto pode ser difícil em algumas empresas, os membros abriram a possibilidade de uso de notas explicativas. 

A proposta é interessante, mas será normatizada? As informações poderiam representar informações relevantes em certos setores, favorecendo as empresas de capital fechado. 

É importante lembrar que a proposta de alteração da Lei 6404, que resultou na mudança aprovada em 2007, tinha a previsão deste detalhamento, mas o assunto não prosperou. 

Foto: Jonanthan Borba

Desenvolvimento da numeração na pré-história


A Nature traz um artigo sobre a busca pela origem dos sistemas de numeração.  Parece que ainda existem lacunas que estão sendo investigadas. Mas eis um trecho importante:

Overmann analisou dados antropológicos relativos a 33 sociedades de caçadores-coletores contemporâneas em todo o mundo. Ela descobriu que aquelas com sistemas de número simples (um limite superior não muito superior a 'quatro') tinham frequentemente poucos bens materiais, tais como armas, ferramentas ou joias. Aqueles com sistemas elaborados (um limite superior de numeração muito superior a 'quatro') tinham sempre uma gama mais rica de posses. As evidências sugeriram a Overmann que as sociedades poderiam precisar de uma variedade de posses materiais se quisessem desenvolver tais sistemas de numeração.

Isto é relevante. Uma forma de tentar descobrir quando o homem (ou seus ancestrais) começou a contar, os pesquisadores estão buscando várias alternativas. Uma delas é a linguística, através do estudo da origem das palavras numéricas. 

O biólogo evolucionista Mark Pagel, da Universidade de Reading, Reino Unido, e seus colegas passaram muitos anos explorando a história das palavras em famílias de idiomas existentes, com a ajuda de ferramentas computacionais que eles desenvolveram inicialmente para estudar a evolução biológica. Essencialmente, as palavras são tratadas como entidades que permanecem estáveis ou são superadas e substituídas à medida que os idiomas se espalham e diversificam. Por exemplo, o inglês 'water' e o alemão 'wasser' estão claramente relacionados, tornando-os cognatos que derivam da mesma palavra antiga - um exemplo de estabilidade. Mas o "mão" em inglês é distinto do espanhol "mano" - evidência de substituição de palavras em algum momento no passado. Ao avaliar com que frequência esses eventos de substituição ocorrem por longos períodos, é possível estimar as taxas de mudança e inferir a idade das palavras. 

Usando essa abordagem, Pagel e Andrew Meade, da Reading, mostraram que palavras com números de baixo valor ('uma' a 'cinco') estão entre os recursos mais estáveis das línguas faladas. De fato, mudam tão pouco nas famílias linguísticas - como a família indo-europeia, que inclui muitas línguas modernas europeias e do sul da Ásia - que parecem ter estado estáveis entre 10.000 e 100.000 anos.

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

Rir é o melhor remédio

 Quando o melhor da fotografia está no pequeno detalhe no fundo:






Muito mais aqui

13 julho 2021

Legibilidade e Auditor


A questão da legibilidade das informações contábeis permite um grande número de pesquisas. Eis uma pesquisa recente, publicada no Journal of Accounting and Public Policy, onde a baixa legibilidade faz com que o auditor "perceba" um risco maior. Também aumenta o custo da auditoria, sugerindo que o número de horas trabalhadas também aumente. 

We show that increased audit effort is associated with lower annual report readability to compensate for a perceived increase in the risk of financial misstatement for United States (US) firms. In particular, we find that lower annual report readability is associated with longer audit delays and higher audit fees for Form 10-K for US auditors, suggesting that auditors spend more effort auditing clients when annual reports have lower readability. We also find that low readability increases the likelihood of auditors using more explanatory language in unqualified audit reports.

Foto: Kelly Sikkema

Lucro e Recessão

 

A figura mostra a linha evolutiva da margem de lucro das empresas dos Estados Unidos. Os trechos cinzas são os períodos de recessão. É possível perceber que as recessões derrubam as margens das empresas. Mas isto não está ocorrendo agora. Pelo contrário, a margem aumentou durante a pandemia. Qual seria a razão? 

A estrutura de contabilidade financeira permite que as empresas incluam nos lucros os itens não operacionais. Os itens não operacionais mais significativos incluem lucros e perdas de ganho de capital resultantes de atividades de negociação ou uma reavaliação de um ativo. O PIB exclui a receita de ganho de capital e as perdas de reavaliações de ativos (para mais ou para menos). 

Isto seria um sinal de que a contabilidade estaria menos informativa? Ou o problema seria do PIB? 

Auditores internos e ESG


Um relato do Institute of Internal Auditors (IIA) (via aqui) afirma, que já que as empresas estão sob pressão para lidar com as questões ambientais, sociais e de governança, os auditores internos estão dando maior ênfase nas questões relacionadas com tais assuntos.

A pressão dos grupos externos termina por influenciar o trabalho dos auditores internos. 

Links


Ambiente e como a bolsa de valores pode ajudar (com o descendente de Jacques Cousteau)

Um mapa da web com os sites mais populares

Uma crença de 60 anos que ajudou a aumentar as mortes pelo Covid (uma longa história sobre uma "verdade" científica e como foi difícil Linsey Marr convencer a OMS)

Brasil e o sistema político: necessidade de mudança (The Economist)

Escrever sobre probabilidade de forma que as pessoas entendam

Rir é o melhor remédio

Um homem em um automóvel percebeu que estava perdido. Sem um GPS ou mapa, ele não sabia o que fazer. Avistou uma mulher e resolveu pedir ajuda: 

- Com licença, você pode me ajudar? Eu não sei onde estou. 

 - Você está em um automóvel, entre 15,77 graus de latitude sul e 47,93 graus de longitude oeste. 

 - Você deve ser contadora, não? 

 - Sim, eu sou. Como você sabe? 

- Bem, tudo que você falou está correto, mas não tenho ideia do que fazer com sua informação. E ainda estou perdido. Não me ajudou muito, na verdade. 

- E você deve ser um administrador de empresas, afirmou a mulher 

- Eu sou. Como você sabia? 

- Bem, você não sabe onde está, nem para onde está indo. Você quer fazer algo, queria que eu resolvesse seu problema e quando eu dei a informação necessária, você não soube o que fazer com ela. Ou seja, continua no mesmo lugar que antes, com a informação necessária, mas sem saber o que fazer com ela, e parece que de alguma forma a culpa ainda é minha.

12 julho 2021

A Irlanda continuará se opondo a reforma tributária global?


A proposta recente de reforma tributária internacional, que poderá aumentar a arrecadação dos países que atualmente utilizam os paraísos fiscais para diminuir sua despesa, encontrou na Irlanda um grande obstáculo. Como as decisões da Comunidade Europeia devem ser por unanimidade, a oposição da Irlanda é um grande problema. 

Sendo um paraíso fiscal, a Irlanda teria muito a perder. Mas será que a posição da Irlanda é imutável? O New York Times, na newsletter de 8 de julho, apresenta um argumento de que a oposição da Irlanda pode ser vencida internamente. 

Na Irlanda, os críticos dizem que a maior parte dos ganhos do investimento das multinacionais apenas fluíram para essas empresas e os seus empregados e não para a economia como um todo.

Exemplos largamente relatados de evasão fiscal têm tornado o fato de ser um paraíso fiscal cada vez mais desconfortável. "Poder-se-ia legalizar o tráfico de armas, e isso ajudaria a sua economia, mas esse não é realmente um bom caminho para qualquer nação", disse Dean Baker do Centro de Investigação Económica e Política.

Foto: Tina Kuper

Beleza é riqueza


Muito interessante. No Financial Review:

This paper examines whether and how CEO attractiveness relates to firm value. We construct a Facial Attractiveness Index of 667 CEOs based on their facial geometry. More attractive CEOs are associated with better stock returns surrounding their job announcements and around earnings-announcement news with CEOs' images. Further, more attractive CEOs are related to higher acquirer returns following acquisition announcements and higher Tobin's Q. Finally, consistent with the existing literature documenting the beauty premium in pay, more attractive CEOs receive higher compensation.

Ou seja, a beleza do executivo pode afetar o valor da empresa. 

Foto: Shari Sirotnak

Discussão e rede social

 

O gráfico mostra a média que as pessoas passam nas mídias sociais (Youtube, Reddit e Wpp consomem mais tempo, na amostra pesquisada). Mas também mostra se os usuários já tiveram discussão. No Wpp e Facebook mais da metade já tiveram discussão. 

Parece que o desenho da mídia social afeta as divergências online. A amostra foi de 257 pessoas e os pesquisadores descobriram que as (algumas) pessoas evitam discutir questões polêmicas na rede com medo de prejudicar os relacionamentos. Mas evitar o Wpp e o Facebook parece ajudar. 

Rir é o melhor remédio

Uma lista de correlações espúrias pode ser encontrada aqui (dica Alex Laquis, grato). Uma amostra a seguir:





11 julho 2021

Uma nova era no Iasb - 2


Minha análise da gestão de Hoogervorst no Iasb foi reforçada pelo texto do Accounting Today (que só li agora)

Quando Hoogervorst iniciou seu mandato, o IASB e o FASB estavam no meio da convergência do IFRS com o USGAAP, mas o esforço de convergência acabou ficando aquém. 

"No decorrer de 2011 e 2012, o sonho de um único conjunto de padrões contábeis globais desapareceu gradualmente à medida que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA se tornava cada vez mais hesitante em relação à adoção do IFRS" [1], disse ele [Hans Hoogervorst]. “Após a Grande Crise Financeira, as empresas estavam sob muita pressão em todos os lugares e a SEC achou que não poderia avançar com uma reforma que geraria um custo considerável no curto prazo. O ministro das Finanças do Japão também se tornou mais cauteloso após o terrível tsunami de 2011."

[1] Veja que Hoogervorst culpa a SEC pelo fracasso. É controverso. 

O caso do Japão mostra um pouco que a gestão do holandês na Fundação IFRS não foi o que se esperava. O próprio Hoogervorst reconhece que menos da metade do mercado acionário japonês adota a IFRS

Feedback do Novo Relatório de Auditoria

Quando lançado em 2015, o novo relatório de auditoria (e não mais parecer) trouxe uma certa estranheza para o usuário. Agora, a International Auditing and Assurance Standards Board (Iaasb) divulgou um curto relato sobre esta mudança. 

Com 148 respondentes (41 da Ásia, região do Pacífico; 35 da África; 28 da Europa; 11 da América do Sul; entre outras regiões), a maioria são auditores. E o resultado, na visão da entidade, encontrou "amplo apoio" das partes interessadas e atendeu os objetivos do Iaasb. A divulgação dos "key audit matters" (KAM) é um dos destaques, segundo a pesquisa. 

Links


Uma ponte em Auckland para bicicletas: cara demais para a redução de emissão gerada

Masterclass: aula com os melhores - quem sabe fazer, sabe ensinar? (entre os professores Serena Williams, Natalie Portman, Malcolm Gladwell...)

Quem ganha com o cartão de crédito por pontos

Ativismo social e político e o valor da empresa


Rir é o melhor remédio

 

dois tipos

10 julho 2021

Interferência no PCAOB


O PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) foi criado com a lei Sarbox para supervisionar o trabalho dos auditores nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB teve três "escândalos". 

O primeiro ocorreu logo após a criação, quando o governo, através da SEC, nomeou William Webster para ser o primeiro Chairman. Como advogado, Webster tinha trabalhado para o FBI e a CIA. Mas sua nomeação causou constrangimento, seja pelo critério de escolha. Sua aprovação na SEC foi apertada, por 3 votos a 2, mas logo após surgiu a notícia que Webster tinha trabalhado em um comitê de auditoria de uma empresa que estava sendo investigada por irregularidades contábeis. Webster terminou renunciando.

O segundo problema ocorreu quando alguns funcionários da entidade foram contratados por uma empresa de auditoria. A questão é que os funcionários levaram informações sobre a fiscalização que a auditoria seria submetida. As informações poderiam ajudar a auditoria a "melhorar" a qualidade do trabalho que seria investigado pela PCAOB. O resultado foi a condenação desses funcionários. Como resultado do problema, a SEC optou por renovar todo PCAOB, nomeando William Duhnke III em janeiro de 2018. 

A questão é que Duhnke tinha sido funcionário de um político republicano. 

O terceiro escândalo ocorreu agora, no mês de junho de 2021. A SEC informou no início daquele mês que estava removendo Duhnke e que iria também remover os outros membros do conselho. A mudança pode ser vista como uma politização do PCAOB. O novo presidente da SEC, Gary Gensler, que assumiu o cargo em abril, entendeu que o PCAOB deveria ter uma postura mais rigorosa em assuntos como a auditoria de empresas chinesas. A pressão partiu dos senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders.