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14 maio 2021

Teremos Olimpíadas este ano?

O Japão "venceu" a concorrência e deveria hospedar os Jogos Olímpicos em 2020. Depois de escolherem um lindo símbolo e construírem as instalações, surgiu a pandemia. Os jogos foram transferidos para este ano. E faltam poucos dias. Com isto o Japão irá receber atletas do mundo todo. Mas veja o que está ocorrendo agora no Japão:


Para bom entendedor, uma figura basta. O número de mortes no Japão em razão do Covid aumentou nos últimos dias. O número de mortos no seu máximo foi, até agora, 123. Bem abaixo do nosso teto. A população do Japão é 125 milhões. Em termos proporcionais, quase metade da população brasileira. 

Mas este aumento tem movimentado a opinião pública no sentido de cancelar os jogos. Algo em torno de 65% da população deseja isto. Algumas regiões estão em alerta e o ritmo de vacinação é lento. Na história, somente três vezes os jogos foram cancelados e a razão foi uma guerra mundial:


E há interesses envolvidos, de patrocinadores até atletas. E o custo, que já estava elevado, aumenta mais ainda. 

IOSCO e a Sustentabilidade


Em um evento da Comunidade Europeia, o vice presidente das entidades que congrega as comissões de valores mobiliários (IOSCO) destacou o envolvimento da entidade com a questão da sustentabilidade (via aqui). Uma das razões apontadas por Servais, o representante da IOSCO, é evitar a "lavagem verde" (greenwashing). Neste sentido, a IOSCO destacou o papel da IFRS e que irá endossar novas normas para o assunto em todo o mundo. 

A IOSCO defende um sistema não fragmentado de normas. Isto é bastante interessante, pois coloca o Fasb na defensiva. E a IFRS aproveitou o momento para "criar" uma entidade separada para tratar do assunto. 

Um maior alinhamento internacional sobre as divulgações relacionadas ao ESG aumentará a transparência global. Também reduzirá os custos da devida diligência para os investidores globais e os custos administrativos das empresas que operam globalmente.

Há controvérsias, não? Veja aqui para um postagem recente neste blog.. Foto: aqui

Contador e a Ciência dos Dados



Um relatório do IFAC e do CPA do Canadá lembra a relevância da ciência dos dados para contabilidade. Eis o resumo:

Conforme as economias digitalizam, as organizações de todos os tamanhos, em todos os setores, enfrentam enormes perturbações e oportunidades. Os contadores devem expandir sua abordagem para incluir conjuntos de dados estruturados e não estruturados para apoiar as organizações na tomada de decisões (...) um relatório conjunto lançado pela IFAC e os Contadores Profissionais do Canadá (CPA Canadá), delineia uma cadeia de valor de gerenciamento de dados e explora quatro papéis-chave que os contadores podem ocupar dentro dela: Engenheiro de Dados, Controlador de Dados, Cientista de Dados e Assessor Estratégico. 

As organizações estão enfrentando escassez crônica de habilidades nestas áreas, e os contadores têm a oportunidade de ocupar estas funções. O relatório inclui estudo de caso destacando como os contadores profissionais em diferentes funções, tais como o CFO, podem ampliar suas funções na condução de decisões orientadas por dados. 


Clique aqui para obter cópia do relatório de 38 páginas

Divórcio e mensuração


A discussão sobre o divórcio de bilionários envolve uma questão interessante de mensuração. Neste caso, o profissional contábil pode ser consultado para mensurar os gastos da família para determinar o estilo de vida. A ideia é que o processo não afete a vida das pessoas, inclusive as crianças envolvidas.

Este trabalho pode implicar em fazer uma levantamento das finanças pessoais da família, determinando as despesas passadas da família. Em muitos casos, as despesas são comuns ao casal e filhos. Um exemplo é a moradia. É preciso atribuir as despesas para as crianças e o cônjuge com menor renda. 

Alguns tribunais adotam o princípio que ambas as partes devem manter o estilo de vida existente. Mas além disto, é necessário levar em consideração despesas futuras: filhos maiores de bilionários podem ter gastos com automóveis e isto precisa ser estimado. 

A presença de um profissional contábil pode ser útil para resolver os impasses entre o casal. Um acordo amigável pode ser uma solução obtida entre as partes. Mas a ausência de um acordo, pode conduzir a discussão para os tribunais. E para a imprensa. 

O blog da Tracy Coenen (aqui sua última postagem) traz uma realidade diferente da nossa em termos jurídicos e econômicos, mas apresenta algumas dicas interessantes sobre o assunto. 

Foto: aqui

Rir é o melhor remédio

Um contador está andando pela rua quando encontra um mendigo. 

"Uma esmola", fala o mendigo. 

"E qual a razão para isso?", pergunta o contador. 

"Estou quebrado. Não tenho nada, nem para comer", responde o mendigo

"Estou vendo. Mas como você se compara com o mesmo trimestre do ano passado?" 

xxx

Última notícia. O CEO da IKEA foi eleito primeiro-ministro da Suécia. Ele está atualmente montando seu gabinete.

xxx

Morreu o Papa. Quando chegou no céu, foi saudado pelos anjos. O papa deu um volta, viu fontes, belos parques e uma grande mansão. Viu também um condomínio de casas. Ao final do passeio, encontra São Pedro que entrega para ele a chave de sua casa no condomínio.

Mas não posso ficar na mansão? perguntou o papa

Aquela mansão é moradia de um advogado.

Mas um advogado? Eu dediquei minha vida à Deus e recebo uma casa em um condomínio. E um advogado ganha uma mansão...

Responde São Pedro:

Você deve entender que temos muitos papas aqui, mas só um advogado. 

xxx

Um homem chega a um escritório de contabilidade e pergunta quanto o dono cobra.

Eu cobro R$1.000 para responder três perguntas

Isto é um pouco caro, não?

Sim. Qual é a sua terceira pergunta?

13 maio 2021

Divórcio e Renda - 2

Anteriormente postamos um gráfico relacionando divórcio e renda. O aumento da renda reduz o número de divórcios. Mas eis um contraponto:


Na verdade, os bilionários mais ricos dos Estados Unidos apresentam índices de divórcio semelhantes aos do cidadão médio, concluiu a Forbes após analisar os relacionamentos das 50 pessoas mais ricas dos Estados Unidos. Esses bilionários (cada um com patrimônio de, pelo menos, US$ 13,2 bilhões) disseram “aceito” um total de 72 vezes, 35 das quais terminaram em divórcio, o que coloca seu índice em 49% – em sintonia com o índice de 40% a 50% da população em geral. 

Então, como a elite endinheirada lida com o matrimônio? Alguns colecionam cônjuges como colecionam Basquiats e Ferraris vintage, enquanto outros nunca se deram ao trabalho de se enlaçar. Muitos se casaram depois de ficarem ricos, enquanto outros o fizeram por amor, anos antes de acumularem sua fortuna. E nenhum precisou se preocupar com a parte dos votos que pede para continuarem juntos “na pobreza”.

O texto traz algumas histórias de brigas de bilionários



Dez Atletas mais bem pagos

1. Conor McGregor US$ 180 milhões 

Nacionalidade: Irlanda 

Idade: 32 

Esporte: MMA 

 2. Lionel Messi US$ 130 milhões 

Nacionalidade: Argentina 

Idade: 33 

Esporte: Futebol 

3. Cristiano Ronaldo 

US$ 120 milhões 

Nacionalidade: Portugal 

Idade: 36 

Esporte: Futebol 

4. Dak Prescott 

US$ 107,5 milhões 

Nacionalidade: Estados Unidos 

Idade: 27 

Esporte: Futebol americano 

5. Lebron James 

US$ 96,5 milhões 

Nacionalidade: Estados Unidos 

Idade: 36 

Esporte: Basquetebol 

6. Neymar 

US$ 95 milhões 

Nacionalidade: Brasil 

Idade: 29 

Esporte: Futebol 

7. Roger Federer 

US$ 90 milhões 

Nacionalidade: Suíça 

Idade: 39 

Esporte: Tênis 

8.Lewis Hamilton 

US$ 82 milhões 

Nacionalidade: Reino Unido 

Idade: 36 

Esporte: Fórmula 1 

9. Tom Brady 

US$ 76 milhões 

Nacionalidade: Estados Unidos 

Idade: 43 

Esporte: Futebol americano 

10. Kevin Durant 

US$ 75 milhões 

Nacionalidade: Estados Unidos 

Idade: 32 

Esporte: Basquetebol

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Internet durante a propaganda e depois da propaganda

12 maio 2021

Regulação e inovação na contabilidade


Um texto de Breur, Leuz e Vanhaverbeke trazem um argumento importante sobre e contra a harmonização (ou padronização, convergência ou endosso). O principal ponto é o seguinte: "forçar as empresas a divulgar publicamente suas demonstrações financeiras realmente desencoraja atividades inovadoras". 

Os possíveis pontos positivos não são suficientes para compensar o efeito negativo para a inovação. 

A literatura (Healy e Palepu 2001) já colocou as vantagens para o funcionamento do mercado e para proteger os investidores e outras partes interessadas. Mas evidenciar significa, muitas vezes, revelar informações para concorrentes, clientes e outras partes. É o que chamamos (Niyama e Silva, 2021) de injustiça da regulação. Além disto, a regulação pode dificultar a chance da empresa obter ganhos com inovação ou até mesmo reduzir os benefícios para a inovação (Arrow, 1962).

A questão é que é muito difícil fazer um balanço efetivo dos pontos positivos e negativos deste assunto. Mas diversas pesquisas mostram que o concorrente pode ser beneficiado pela evidenciação. Uma situação é a empresa que percebe que seu concorrente está obtendo uma elevada margem de lucro. Observando seu processo e sua forma de atuação, seria possível copiar o que a empresa está fazendo. 

E cada vez mais os reguladores avançam, aumentando o volume de informação divulgado e a obrigatoriedade de divulgação. E o princípio da evidenciação plena (Frank, 2013) mostra que não seria necessário a atuação das autoridades neste sentido. Parece que ninguém leu sobre a evidenciação plena. 

Mas voltando a questão importante: Como a evidenciação pode afetar a inovação? Segundo Breur, Leuz e Vanhaverbeke e outros autores (Graham et al. 2005, Minnis e Shroff 2017) a revelação de margens de lucro, despesas de P&D e outras informações pode facilitar o aprendizado do concorrente. Pode ajudar o concorrente a entrar em um mercado ou expandir para uma região geográfica específica. Ou se a empresa reporta baixo custo de produção, isto pode aumentar o incentivo para descobrir os segredos e copiá-los. Ou então pode enfraquecer o poder de barganha com os fornecedores e clientes. 

Referências

Arrow, K (1962), “Bem-estar econômico e a alocação de recursos para invenção”, em The Rate and Direction of Inventive Activity: Economic and Social Factors , National Bureau of Economic Research, 609–26.

Breuer, M, C Leuz e S Vanhaverbeke (2020), “Reporting Regulation and corporate innovation”, NBER Working Paper w26291.

Frank, R. Microeconomia e Comportamento. McGraw Hill, 2013

Graham, JR, CR Harvey e S Rajgopal (2005), “As implicações econômicas dos relatórios financeiros corporativos”, Journal of Accounting and Economics 40 (1-3): 3-73.

Healy, PM e KG Palepu (2001), “Assimetria de informação, divulgação corporativa e os mercados de capitais: Uma revisão da literatura de divulgação empírica”, Journal of Accounting and Economics 31 (1-3): 405-40.

Minnis, M e N Shroff (2017), “Por que regulamentar a divulgação e auditoria de empresas privadas?”, Accounting and Business Research 47 (5): 473–502.

Niyama, J.K; Silva, C. A. T. Teoria da Contabilidade. Atlas, 2021. 

Pesquisa e inovação na empresa

A pesquisa científica pode ser fundamental para inovação, mas as pesquisas criadas nas empresas apresenta uma questão importante: a presença do concorrente. Eis um ponto importante

Ashish Arora , Sharon Belenzon e Lia Sheer descobriram que as empresas de fato produzem menos publicações científicas se é mais provável que a ciência seja usada em invenções de rivais.Também mostram que uma parte crescente da pesquisa corporativa está encontrando seu caminho para os concorrentes.
Em 1990, era tão comum produtos patenteados citarem pesquisas internas (a linha preta sólida) quanto a ciência produzida por rivais (linha tracejada). Mas isso mudou nas décadas que se seguiram. 

Veja como isto está perto da postagem seguinte. 

Tentativa de tributar grandes empresas nos Estados Unidos

Mostramos recentemente um gráfico indicando que, historicamente, a carga tributária das pessoas físicas são cada vez maiores que das pessoas jurídicas, nos Estados Unidos. Parece que agora há um estudo no sentido de reverter esta situação, proposto por Janet Yellen, do Fed. 

A proposta é as grandes empresas através de um "imposto contábil". Ou seja, sobre os lucros declarados para os acionistas, não sobre os lucros declarados para o fisco. Isto atingiria grandes empresas, que usam planejamento tributário e paraíso fiscal para escapar da tributação.



Rir é o melhor remédio

 

Vida moderna e celular

11 maio 2021

Como a vacina afetou a receita da Pfizer

 

A empresa farmacêutica, uma das vencedoras na descoberta da vacina para a pandemia, agregou US$3,5 bilhões de receita. Isto equivale a um lucro antes de impostos de 900 milhões. Os resultados devem persistir no futuro próximo, mas a empresa já procura a aprovação para aplicação da vacina em crianças. 

Atualização - a quebra da patente pode ser um fator que limitaria a Pfizer e outros fabricantes a apurarem lucros maiores. Entretanto, a questão não é tão simples assim. Entre uma quebra de patente e a fabricação por parte de produtores genéricos há um tempo que pode ser elevado. Outra questão é o surgimento de novas variantes. A vacina da Pfizer usa 280 componentes de 86 fornecedores e equipamentos especializados. Um fabricante genérico conseguiria alcançar este padrão? Eis a reação do mercado nos últimos dias:



Cientista e maldade

Qual o cientista mais malvado da história? Além da resposta óbvia, citando Mengele, uma das respostas lembrava Dr. Helmut Wakeham. Wakeham trabalhou para Philip Morris de 1959 a 1981. Ele usou a dúvida a favor da indústria do fumo. No momento que começaram a surgir evidências da ligação entre fumo e câncer, Wakeham comandou uma reação a partir do seguinte pensamento: os cigarros não podem causar câncer, porque algumas pessoas têm câncer sem ter fumado, e algumas pessoas fumam sem ter câncer. 

Este tipo de argumento tem sido usado por muitos picaretas de empresas, da política e da ciência. Se a evidência mostra uma relação de causa-efeito, inverta o pensamento.

Em uma entrevista de 1976 para "Death in the West", um documentário britânico apresentando cowboys da vida real morrendo por fumar, Wakeham foi questionado se os cigarros eram perigosos. Sua resposta: qualquer coisa pode causar danos se você consumir muito, "até mesmo compota de maçã". Quando pressionado a reconhecer que muitas pessoas não estavam morrendo de compota de maçã, Wakeham brincou: "Eles não estão comendo muito!" A Philip Morris percebeu que o filme poderia prejudicar sua reputação, então eles enviaram um exército de advogados ao Reino Unido e conseguiram que um tribunal impedisse a distribuição do filme nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar. Todas as cópias foram confiscadas, e os produtores e editores do filme receberam ordens de silêncio vitalícias.


Emoji versus palavras


Uma reflexão de Lazlo Barclay sobre o uso do emoji dos dias atuais. Eis alguns trechos:

A linguagem humana é uma coisa incrível. A capacidade de comercializar informações detalhadas sobre ideias concretas e abstratas é exclusiva para nós e nos ajuda a persistir com sucesso como espécie.

A comunicação tem sido amplamente verbal por cerca de 98% de nossa vida humana. Antes do advento da escrita, há cerca de 5.500 anos , a única maneira de se comunicar com alguém era falando-lhe pessoalmente ou usando a linguagem corporal. Vamos chamá-lo de “modo natural” de comunicação. O modo natural é operado por nossa personalidade social.

A validação é o ingrediente secreto para desenvolver boas relações humanas.

Em nosso modo natural, a comunicação tende a girar em torno da conversa - o ato de duas ou mais personagens sociais trocando informações por meio de palavras, sons e pistas físicas. A conversação é uma habilidade complexa que envolve muitas habilidades diferentes, e uma das mais importantes dessas habilidades é a validação.

A validação é o ingrediente secreto para desenvolver boas relações humanas. É o que une as pessoas e cria confiança. Amigos são amigos apenas porque duas personagens sociais passaram por uma cadeia extremamente longa de microvalidações mútuas. (...)

A validação permite que uma pessoa saiba que é aceita. Isso dá à pessoa a devida gratificação de uma troca e fortalece gradativamente o relacionamento entre ela e seu (s) parceiro (s) de conversação. A validação também permite que as conversas fluam para lugares diferentes e evoluam naturalmente. Sem validação, as conversas podem vacilar e os relacionamentos têm menos probabilidade de se formar.

(...) A invenção da escrita mudou um pouco o jogo. Ele introduziu a possibilidade de comunicação de forma assíncrona - ou seja, não ao vivo. Você poderia gravar alguns símbolos em um pedaço de madeira, enviá-lo em um burro por 160 quilômetros pelo país e dizer ao faraó que você pensava que ele era um idiota. Ou, em vez de dizer ao morador local que você a ama, você pode simplesmente escrever um poema romântico e prendê-lo no poço ao lado de sua cabana. (...)

Nos séculos 19 e 20, a comunicação escrita começou a deslizar em direção a um estado de mensagens cada vez mais sincronizado . Em outras palavras, o intervalo de tempo entre a transmissão de uma mensagem e o recebimento de uma resposta foi diminuindo gradativamente, graças aos avanços da tecnologia. As notas físicas simples (cartas e telegramas) tornaram-se mensagens telefônicas (fax), que se tornaram mensagens digitais (e-mails) e essas mensagens digitais eventualmente chegaram a dispositivos móveis portáteis (mensagens de texto). A mensagem de texto instantânea é agora a forma mais prolífica de comunicação entre os humanos e, devido ao intervalo de tempo quase zero entre a transmissão e o recebimento da mensagem, ela atua efetivamente como uma imitação por escrito de uma conversa na vida real.

Existem dois desafios principais associados a essa realidade:

O desafio 1 é navegar por um modo não natural de comunicação e alinhar nossa persona social com nossa {persona escrita}.

O desafio 2 é obedecer a um princípio fundamental de conversação na vida real e fornecer validação em porções saudáveis ​​e de alta qualidade.

Ambos representam um grande desafio: Como podemos ser a representação mais precisa de nossa persona social em {conversas} a fim de fornecer a devida validação em nossos relacionamentos?

Essa questão se torna ainda mais importante quando você considera que as mensagens de texto estão rapidamente canibalizando a interação na vida real, mas não estão equipadas para entregar a mesma carga social.

Emoji

Emoji é o desenvolvimento mais significativo na linguagem humana desde os hieróglifos e é considerada a linguagem de crescimento mais rápido que existe hoje.

Nos últimos 20 anos, um piscar de olhos na vida do Homo sapiens , esses ideogramas se tornaram um componente central das mensagens de texto em todo o mundo. As pessoas os amam. Uma pesquisa de 2015 estimou que 72% dos cidadãos do Reino Unido com idades entre 18 e 25 anos acham mais fácil comunicar emoções usando emoji em vez de texto. Mais tarde, em 2015, o Dicionário Oxford revelou sua palavra do ano como o emoji “rosto com lágrimas de alegria”: 😂

E faz sentido que as pessoas os amem. Na tendência moderna de facilidade e conveniência em todas as áreas da vida, o emoji apresenta um atalho útil para humanos famintos de tempo equilibrando vários relacionamentos online. Além disso, eles são coloridos, fofos e meio engraçados.

As pessoas usam emoji de todas as maneiras quando enviam mensagens de texto. Às vezes é para bordar uma frase e dar um pouco de cor. Outras vezes, é para reagir ao comentário ou declaração de alguém de uma forma rápida e sem estresse. Seja qual for a maneira que você escolher para implantar um emoji, a verdade inescapável é que você, consciente ou inconscientemente, fez um sacrifício ao longo do caminho. Um sacrifício, o que é mais polêmico, à custa de palavras.

Mas as palavras não gostam quando são sacrificadas. E por que eles deveriam?

Aviso rápido: não acho que todos os emojis, ou todos os casos de uso de emojis, sejam ruins. Eles podem ser ferramentas muito úteis para adicionar atrevimento, fazer referência a piadas internas, estruturar informações ou dar um toque de cor à sua declaração predominantemente baseada em texto. Às vezes eu os uso! Meu foco principal aqui é em emojis que tentam capturar emoções humanas e, mais especificamente, quando esses emojis são usados ​​para reagir a algo por conta própria, sem nenhum texto que os acompanhe.

A batalha pelo significado entre palavras e emoji

A língua inglesa tem cerca de 170.000 palavras em uso atualmente. Essas palavras foram cuidadosamente elaboradas ao longo de centenas e centenas de anos e são evidências de nossa constante busca e exploração de significado. Todos os anos, as línguas abrem espaço para acomodar as muitas novas idéias, pensamentos e invenções que os humanos surgiram, permitindo-nos vocalizá-los ou colocá-los no papel pela primeira vez.

Emoji, por outro lado, atualmente tem 3.521 símbolos . Embora o dicionário de emoji também esteja sendo adicionado regularmente e rapidamente, ele ainda é consideravelmente mais esparso do que as línguas tradicionais. Quando se trata do emoji mais comum e dos principais alvos do meu artigo - aqueles que envolvem expressões faciais e a forma humana - o pool de seleção é de apenas cerca de 200 ideogramas.

Quando você usa um emoji de rosto em suas mensagens de texto, está fazendo uma troca.

Portanto, temos um imenso portfólio de palavras que se chocam com um pequeno número de símbolos. Isso significa que quando você usa um emoji de rosto em suas mensagens de texto, está fazendo uma troca. Você está cedendo seu direito de escolher entre um enorme arsenal de palavras para transmitir seu significado específico e optando por um dos 200 símbolos que estão em rotação regular pelos 4 bilhões de pessoas que enviam mensagens de texto hoje. Metade do mundo está se comunicando usando o mesmo livro de adesivos para crianças de sete anos.

Em última análise, não há nada de distinto ou característico em escrever um emoji em uma mensagem de texto. Ao fazer isso, você se despoja do seu direito à exclusividade e se junta às hordas de pessoas cuja comunicação é ditada pela tecnologia que usamos e não pelos pensamentos que temos.

Você não está abordando o primeiro desafio da comunicação por mensagem de texto - alinhar sua persona social com sua {persona escrita}. (...)

As palavras são as principais ferramentas de que dependemos para nos fazermos compreender. E eles fazem um ótimo trabalho. De romances de guerra épicos a poemas românticos, as palavras têm sido consistentemente uma válvula de escape confiável para a expressão humana.

Além de descrever as coisas ao nosso redor que podemos ver, as palavras também captam as mais abstratas das idéias humanas: tormento, luxúria, agonia, atrevimento, paixão, ganância. Quando você lê uma sequência de letras que compõe uma dessas palavras abstratas, tenho certeza de que obtém uma sensação microscópica ou sabor associado a essa palavra. “Agonia”, por exemplo, atinge esse acorde levemente desesperador por todo o meu corpo por uma fração de segundo. “Paixão” é como um fogo fraco piscando em volta do meu esterno e, quando digo a palavra em voz alta, até parece que ela própria parece apaixonada.

Essa é a beleza das palavras. Eles são personagens inteiros em si mesmos. E não estou falando sobre os personagens que você escreve em um tweet; Estou falando sobre os personagens dos romances épicos que as palavras ajudaram a escrever. As palavras são agentes arredondados e matizados que dão grande atenção aos detalhes e ressoam com um significado concreto e abstrato quando são proferidas ou escritas. Quando usados ​​juntos em diferentes combinações, as possibilidades de expressão e comunicação são quase infinitas, e podemos pintar um quadro de quase qualquer situação em toda sua gloriosa sutileza. (...)

Eles podem fazer nossas reações parecerem mais extremas do que realmente são. Se você responder 😂 a uma mensagem que você achou modestamente engraçada e que teria gerado qualquer coisa menos do que histeria pessoalmente, sua persona social e {persona escrita} estão em desacordo. A reação é falsa.

Eles banalizam a emoção real. Em um mundo estilizado e grotesco de sentimentos onde você é tudo ou nada, começamos a nos associar mais ao perigoso território da {emoção}. Isso é diferente do mundo cheio de nuances da emoção real, onde até a mais floreada assembléia de palavras luta para comunicar nossos sentimentos exatos. O mundo da emoção é uma paródia, uma pantomima. (...)

Confesso que gostei tanto do texto que achei difícil selecionar as melhores partes. A partir da sua leitura, estou tentando usar menos o Emoji. (Traduzido pelo Deepl)

Contabilidade? - como uma forma de comunicação, interessa observar as vantagens e desvantagens da forma de comunicação. 

Dívida dos clubes

 

Fonte: estadão

Rir é o melhor remédio

 

Vida real e vida online

10 maio 2021

Rica e cheia de dinheiro Wikipedia


Ao receber o aviso acima, resolvi fazer uma doação para a Wikipedia. Gosto da enciclopédia como uma fonte de dados para iniciar uma pesquisa e uma forma de distribuir conhecimento geral gratuito na internet. Além disto, admiro a rapidez com que o conhecimento é atualizado. Mas errei. Deveria ter olhado o GiveWell para escolher uma entidade do terceiro setor para quem deveria doador. Ou ter tentado ver as demonstrações contábeis da Fundação, para saber algo sobre suas finanças. Mas confesso que agi por impulso. O apelo de manter a Wikipedia funcionando foi maior. Nem lembrei dos alertas de Siva Vaidhyanathan, que em A Googlelização de Tudo alertou para ligação entre a Wikipedia e o Google. 

Depois que li o artigo comentando os laços profundos da Wikipedia com a Big Tech (Big Tech são as grandes empresas de tecnologia) senti que minha decisão foi errada. Michael Olenick faz um grande levantamento sobre a Wikipedia, revelando que, ao contrário do anúncio acima, a enciclopédia não está pobre, nem mostra todo seu financimento e como isto afeta o conteúdo sensível para suas fontes de financiamento. 

Eis alguns pontos relevantes apresentados por Olenick:

1. A Wikipedia e a Wikimedia, organização sem fins lucrativos da Wikipedia, tem grandes recursos financeiros, ao contrário do anúncio solicitando doação. Estes recursos são mais que suficiente para manter a enciclopédia funcionando para os próximos anos. Suas informações indicam um ativo líquido de 180 milhões de dólares, um valor bem expressivo para uma entidade do terceiro setor. Além disto, a Tides Foundation, uma entidade que trabalha em colaboração estreita com a Wikimedia, possui outros 63 milhões de dotação para a Wikimedia.

2. A Wikimedia tem um grande potencial de arrecadação - Apesar de não o acesso que as Big Tech possuem, a Wikimedia não é pobre. Por ser do terceiro setor, depende de doadores, é verdade. Quando Alexa responde uma pergunta feita por uma pessoa, a inteligência artificial da Amazon busca na Wikipedia esta resposta. Manter viva a Wikipedia é de interesse do Google (dono deste Blogger), da Amazon, da Apple e outras empresas. A questão é como transferir recursos para Wikimedia sem um contrato de serviço. E a existência de contrato de serviço pode diminuir as doações de pequenos usuários, como o meu caso, e a possibilidade de usar os recursos humanos gratuitos. A Wikimedia pode abrir uma subsidiária em Delaware, por exemplo, e fazer este contrato. 

3. A evolução dos números da Wikimedia mostra uma entidade bastante saudável. Veja abaixo

Em termos de ativos líquidos, em 2015 o valor era de 78 milhões (todos os valores estão em US$ milhões). Em 2020 era 180 milhões, o dobro de seis anos antes. Os salários, geralmente a principal despesa de uma entidade do terceiro setor, corresponde a 30% deste ativo. 

4. Os funcionários da Wikimedia são bem remunerados - A entidade possui 255 funcionários, o que significa uma média salarial de 218 mil dólares. Isto foi obtido dividindo o valor da coluna salários pelo número de funcionários. 

5. Há um problema de transparência - a relação entre a Wikimedia e a Tides não é muito clara. A Tides não divulga, por exemplo, seus benfeitores. Sabe-se que o Google já fez doações para Tides, através da Google.org, em um valor total de 50 milhões. A Tides fez doações para Wikimedia de 2,5 milhões. 

6. Isto termina por afetar a isenção da Wikipedia - A pesquisa mostra diversos exemplos. Mas gostaria de citar o verbete sobre lei antitruste, que não faz qualquer citação do Google, Amazon, Facebook ou Apple. O verbete do Google fala deste problema apenas cinco vezes; da Amazon, apenas uma. Há suspeita que o Google apoie a Wikipedia na parte tecnológica. (Estranho que a taxa de internet, da Tabela acima, mostre um valor pequeno e praticamente constante)

7. Como os dados da Wikipedia são usados pelos recursos de inteligência artificial das empresas de tecnologia, isto pode ser um canal de divulgação de desinformação. Além da questão da isenção, a atuação de governos e "editores" pode atrapalhar a qualidade dos dados. 

8. A Wikimedia Enterprise pode ser um canal entre a Big Tech e a Wikimedia. 

Simplesmente não há como Google, Amazon e Apple republicarem o conteúdo da Wikipedia na escala que fazem sem uma garantia sólida de que suas empresas foram protegidas de uma nevasca de litígios de direitos autorais meritórios.

Manipulação nos dados ambientais

A questão ambiental desperta a atenção. E a manipulação dos dados também. 

Cientistas do Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Europeia anunciaram ontem (26) que detectaram uma grande diferença, igual ao valor aproximado de emissões anuais dos Estados Unidos, entre a quantidade de emissões que causam o aquecimento global reportada por países e a quantidade que chega à atmosfera de acordo com modelos independentes.  

A lacuna de cerca de 5,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano ocorre não por conta de erros cometidos pelos países. O motivo é devido às diferenças entre métodos científicos utilizados em inventários nacionais que são reportados pelos países sob o Acordo de Paris de 2015 de mudanças climáticas, e os métodos utilizados por modelos internacionais.  

“Se modelos e países falarem em línguas diferentes, a avaliação do progresso no clima será mais difícil”, disse Giacomo Grassi, autor de um estudo sobre o assunto e autoridade científica do Centro. “Para abordar esse problema, precisamos encontrar uma maneira de comparar as estimativas”.  

A diferença entre os números de emissões, explicada no estudo publicado nesta segunda-feira na Nature Climate Change, pode significar que alguns países precisam ajustar suas reduções de emissões. Por exemplo, os modelos nacionais feitos por Estados Unidos e outros países mostram mais territórios florestais capazes de sequestrar carbono do que os modelos independentes indicam.  

O estudo conclui que as estimativas nacionais, que permitem definições mais flexíveis dessas áreas, mostram cerca de 3 bilhões de hectares de florestas administradas pelo mundo a mais do que os modelos independentes.  

O risco é que alguns países possam afirmar que suas florestas estão absorvendo grandes quantidades de emissões e não façam o bastante para cortar emissões de carros, residências e fábricas. (com Reuters)  

Emissões de carbono são maiores do que países reportam


Diagnóstico e Exames

 

Via Marginal Revolution. Apesar dos exames apontarem uma reduzida chance de algumas doenças, os médicos apontavam em sentido oposto. Há problemas de incentivos e o fato do custo do Erro Tipo I e Tipo II serem distintos. 

Rir é o melhor remédio

 

Vida e decisões ruins

09 maio 2021

Maiores Resultados

 

Dados das empresas com maiores lucros, em R$bilhões, nominais, segundo a Economatica. A Vale é a empresa lucrativa, apesar de estar lucrando bem menos que em 2010. Culpa da crise. 

Acima, a geração de caixa operacional. Petrobras é uma máquina de gerar caixa operacional, com quase 50 bilhões por trimestre. Vale segue a lista. 


Maiores Bancos - 2

 

Eis a posição dos maiores bancos pelo tamanho do ativo. Santander, terceiro em intermediação, ocupa o quarto lugar em ativo. Bradesco é 50% maior que o banco espanhol, mas a diferença era maior em 2010. O Itau era o terceiro da lista em 2000 e obteve um crescimento nominal de 10 vezes entre 2010 e 2000. 

Maiores Bancos

 

Os maiores bancos, por receita de intermediação financeira, em R$ bilhões nominais, segundo Economática. A surpresa está em todo lugar. O BB, líder em 2000 e acompanhado de perto pelo Bradesco, perdeu a liderança em 2020. O Santander ultrapassou o Bradesco e hoje é o terceiro banco brasileiro em intermediação financeira. O BTG ocupa um distante quinto lugar. 

Rir é o melhor remédio

 

Visitando mãe

08 maio 2021

Políticos importam com o que você pensa

Pelo menos na Espanha, sim. 

Felizmente, você não precisa mais seguir fisicamente os políticos (ou pedir sua permissão) para saber tudo isso. Os políticos fornecem todos esses dados voluntariamente ao interagir com o público nas redes sociais. Entre 2016 e 2019, coletamos 1,5 milhão de tweets escritos por parlamentares espanhóis e as reações do público a esses tweets. Para descobrir quais tópicos os parlamentares falavam em cada um de seus tweets (ler um por um não era uma opção), usamos inteligência artificial. Para nossa surpresa, o algoritmo de aprendizado de máquina era realmente mais preciso do que os assistentes de pesquisa que contratamos inicialmente. Para quantificar as reações dos cidadãos, usamos o número de "retuítes" e "curtidas" de cada tweet recebido.

Leia mais aqui.

Eis um gráfico interessante:
As questões de gênero são mais importantes para as mulheres que estão na política (vermelho) do que para os homens (verde). 

Pensando nas consequências do feedback dos cidadãos no discurso dos políticos para além das questões de gênero, estamos preocupados que isso possa criar polarização em diferentes dimensões. Por exemplo, um estudo recente dos Estados Unidos mostrou que os políticos conservadores superestimam consistentemente o quão conservadores são os eleitores porque cidadãos muito conservadores são mais ativos no contato com seus representantes (aqui). Além disso, pensando em quem interage com os políticos no Twitter, sabemos que são pessoas com opiniões políticas mais extremas do que o eleitor médio (aqui), o que é potencialmente problemático. Já que os políticos usam a mídia social para moldar sua percepção do eleitorado (aqui), percebem um mundo mais polarizado do que realmente é.

Maiores empresas brasileiras

 



O ranking das maiores empresas brasileiras, por receita e em R$ bilhões nominais, mostra um grande avanço do grupo JBS, que ultrapassou a Vale como e encostou na Petrobras. Os dados são da Economática. Algumas empresas eram de capital fechado em 2010 e 2000 e por isto não possuem o valor da receita. 

Em 2010 participava da lista das dez maiores empresas a Gerdau (6o.), além da Eletrobrás (8o.) e BRF (10o.). Ou seja, três alterações no ranking. Em 2000 o ranking era o seguinte

1. Petrobras (1o. em 2020)

2. Eletrobras (22o.)

3. Vale (3o.)

4. CBD (10o)

5. Light (42o.)

6. Telefônica (12o.)

7 Itausa (74o.)

8. Ambev (9o.)

9. Gerdau (11o)

10. Embraer (28o)

Poluidores

 

Um relatório divulgado (via aqui) mostra os países com maior emissão de poluentes. Em 2019, a China foi responsável por 27% do total mundial. Em termos per capita, a Europa ainda emite mais, mas a diferença foi reduzida nos últimos anos. Brasil respondeu por 2,8% das emissões globais. 

Rir é o melhor remédio

 

Sou um contador

07 maio 2021

Ranking de Custos do Governo Federal

 

Relatório completo pode ser obtido aqui

Divórcio e Renda

 

Menor nível de renda traz uma maior taxa de divórcio. Mas isto estabiliza a partir de US$200 mil por ano, em um nível de 30%. Mas o número de dados é menor e isto faz com que os valores do nível de divórcio, com renda maior, sejam dispersos. 

Prazos internos e efeito limpeza de mesa

 As pessoas reagem a um feriado e isto muda seu comportamento. O impacto disto sobre as decisões irá variar conforme a natureza da situação. Uma pesquisa muito interessante mostrou como as pessoas trabalham na véspera de um feriado importante. A pesquisa foi publicada na American Economic Review: Insights e olhou as agências de aprovação de medicamentos. Os pesquisadores descobriram que existe uma "limpeza de mesa (ou gaveta)" quando se aproxima de um feriado. O resultado é uma avaliação mais relaxada e problemas de segurança.

A figura acima é do artigo. A aprovação de medicamento aumenta em dezembro. Este mês responde por 15% do total, versus 7,35% dos outros meses. Isto ocorre nos Estados Unidos, Europa, Reino Unido, Japão, China e Coréia do Sul. 

Além disto, a pesquisa mostrou que ao final de cada mês o número de aprovações também aumenta. Nos Estados Unidos, os últimos 10 dias respondem por 45% das aprovações. Como as aprovações são mais relaxadas, os autores calcularam que este padrão pode ser responsável por algo entre 1.400 a 9.000 vidas por ano no mundo. 

Maiores empresas : 1989 x 2021

 From the Berkshire Hathaway annual meeting - top 20 companies in the world today vs. 30 years ago. Amazing what can happen in just 30 years.

As maiores em 1989:

As maiores em 2021:


Valor Hedônico e NFT

No dia 20 de março este blog lançou a questão: NFT é um ativo?. Citamos um trecho de um jornal, no qual destacamos o seguinte:

É difícil imaginar como um arquivo, que pode ser replicado infinitas vezes, tenha o status de obra de museus, pois o que caracteriza peças do tipo é a aura de serem únicas. Muitas vezes, o que garante a originalidade dessas obras são certificados de autenticidade. 

Logo depois, uma postagem destacava um comentário de um artista que foi beneficiado por um leilão de um NFT:

Acho que as pessoas não entendem que, quando você compra, você tem o token [ou NFT]. Você pode exibir o token e mostrar que é o proprietário do token, mas não é o proprietário dos direitos autorais [da arte]”  

Isto tudo parece muito estranho. Mas encontrei um comentário de Matt Stephenson que pode ajudar a explicar a razão de existirem pessoas que pagam por NFTs. Mas antes disto, Nguyen resume um pouco a perplexidade sobre o tema:


Já escrevi anteriormente sobre como os NFTs parecem quase contra intuitivo para a era da mídia digital; a tecnologia codifica e impõe uma métrica de escassez em um arquivo digital que está em desacordo com a ideia de uma internet aberta. Essa noção abstrata de valor virtual e escassez tem confundido a maioria das pessoas enquanto buscam entender a tecnologia. Afinal, esses bens não têm valor físico tangível.
 

A explicação de Stephenson: valor hedônico. Traduzindo, hedônico corresponde a "prazer". Ou seja, valor relacionado com o prazer. Isto seria um valor pessoal. Enquanto o valor de uso está vinculado a como usar algo, o valor hedônico refere-se a "quanto eu gosto de algo, por si só".  

Quando nós pensamos em valor, sendo da área de finanças, prevalece a noção de valor obtido pelo uso de algo ou valor obtido pela troca. A noção de valor hedônico parece "irracional". 

as pessoas gostam dos colecionáveis ​​porque possuem algum tipo de elemento biográfico que indexa alguns eventos importantes do passado ou sua relação com a vida de uma pessoa na história. O fato de que essa noção está sendo aplicada no espaço digital por meio de NFTs é realmente emocionante para mim. (...)

Uma maneira de pensar sobre a escassez é que ela é um fenômeno de oferta e demanda. O que a tecnologia NFT faz é fornecer o suprimento. Não lhe dá a demanda. A escassez digital é a maneira certa de falar sobre essa tecnologia, mas é importante lembrar que a demanda tem que vir de algum lugar, certo?

Montadoras, P&D e impairment


As montadoras respondem por um quinto dos gastos mundiais de pesquisa e desenvolvimento, segundo a Bloomberg. O valor é maior do que o lucro, mas o resultado ainda é incipiente. 

Uma grande parte do investimento de capital está indo para intangíveis, como pesquisa de tecnologia de eletricidade e bateria, aquisição e proteção de patentes e propriedade intelectual futura, em oposição a ativos tangíveis como equipamentos tangíveis e propriedade - coisas que têm um valor definitivo. 

Mas os números não são adequados. Muitos valores, que são capitalizados, são posteriormente amortizados em razão do teste de impairment. 

Uma questão subjacente é a suposição de que as novas tecnologias são (ou eram) certas  para criar valor  e, por sua vez, produzir lucros e fluxos de caixa no futuro próximo. Os ambiciosos pronunciamentos corporativos também estão baseados nessa meta. A realidade é que ninguém sabe realmente quando qualquer uma dessas tecnologias atingirá a maioridade em um sentido verdadeiramente comercial .

Rir é o melhor remédio

 

Influencer x Analista

06 maio 2021

Previsibilidade dos lucros

 

Um dos argumentos de Baruch Lev e Gu, em The End of Accounting, é que os lucros contábeis estão cada vez menos preditivos. Os autores calculam os valores para uma série bastante longa, nos Estados Unidos. Acima, um cálculo adaptado para este fator para empresas brasileiras. A linha verde é o terceiro quartil, a linha azul é a mediana e a linha vermelha é o primeiro quartil. Espera que não exista uma grande variação ao longo do tempo. É possível notar uma redução entre 2003 a 2014 - com exceção do período da crise financeira. E um posterior aumento durante a nossa recessão. Mas o gráfico aponta valores anuais. Quando considera os valores em três anos eis o resultado:


A partir de 2005 há uma redução - novamente com exceção do período da crise, mas volta a aumentar a partir de 2014. Mas bem abaixo dos valores anteriores. Isto parece não fazer sentido no argumento de Lev e Gu, já que com a adoção das normas IFRS deveria aumentar. 

Nota metodológica - foi utilizada uma expressão mais simplificada da expressão de Lev e Gu uma vez que nossa série histórica não é tão grande. Para cada empresa de capital aberto foi obtida a informação do lucro líquido consolidado, corrigido, na base Economática. Os valores foram colocados em módulo. O uso do módulo pode ser um problema, percebo agora, enquanto escrevo esta postagem, para empresas que trocaram o sinal do resultado. Em cada ano foi calculada a variação anual, em relação ao ano anterior. 

Para resolver um pouco a questão do sinal, decidi calcular a variação anual somente para a empresa que apresentou lucro nos dois anos. Eis o resultado:


O ano de 2002 é o destaque. Mas parece que a previsibilidade melhorou. Ou seja, as variações anuais dos lucros são menores. Um ponto interessante é que o lucro, desde 2008, apresentava uma variação anual abaixo da inflação. Mas isto mudou em 2019 e 2020. Boas notícias. Já usando dados da mediana de três anos:


Fica nítido que os resultados das empresas de capital aberto no mercado brasileiro, entre 2007 a 2020 foi ruim. O fato de usarmos somente as empresas que tiveram lucro em dois períodos consecutivos certamente afeta o resultado acima. 

A adoção das normas internacionais de contabilidade parece não ter sido relevante para o resultado apurado. 

Separação de Bill e Melinda Gates e a Filantropia


Bill e Melinda Gates estão se divorciando após 27 anos de casamento, levantando questões sobre o destino de sua vasta fortuna. De acordo com os cálculos da Forbes, sua cisão pode render o maior acordo de divórcio registrado, superando a quebra de 35 bilhões de dólares de Jeff Bezos e MacKenzie Scott, da Amazon. Dadas as prováveis somas envolvidas, o que acontece com os amplos investimentos e obras de caridade dos Gateses será monitorado nos mais altos níveis do governo, das empresas e do setor sem fins lucrativos.

O que está em jogo: O Sr. Gates é a quarta pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes, com uma riqueza estimada em US$ 124 bilhões. A família é a maior proprietária de terras agrícolas nos EUA. Sua empresa de investimento pessoal, a Cascade Investment, possui grandes participações em ativos como a Four Seasons, a Canadian National Railway e a cadeia de concessionárias de automóveis da AutoNation.

Acredita-se que os Gates tenham um acordo pré-nupcial, mas seus detalhes não são conhecidos publicamente. O pedido de divórcio observa que há um contrato de separação em vigor.

Os dois têm enfrentado dificuldades de relacionamento nos últimos anos, Andrew, David Gelles e Nick Kulish relatam no The Times. O Sr. Gates deixou a diretoria da Microsoft e da Berkshire Hathaway em parte para passar mais tempo com sua família.

O que vai acontecer com a Fundação Gates? Os 50 bilhões de dólares sem fins lucrativos é uma das maiores filantropos do mundo, doando cerca de 5 bilhões de dólares por ano para causas como saúde pública global e educação infantil. Mais recentemente, a fundação foi fundamental na formação do Covax, o programa global de vacinação contra o coronavírus. Por enquanto, a fundação diz que pouco mudará na forma como é administrado no dia a dia, mas as pessoas em sua órbita se preocupam que a separação dos seus fundadores possa turvar os planos das organizações sem fins lucrativos. "Juntos eles me asseguraram de seu compromisso contínuo com a fundação que eles trabalharam tanto para construir juntos", disse o chefe executivo da fundação, Mark Suzman, aos funcionários em um e-mail.

(Dealbook, NYTimes, newsletter)

Canal de Culinária no Youtube permite prender mafioso


Uma notícia muito engraçada, que passou desapercebida. Investigadores italianos descobriram um crimonso mafioso, de 53 anos, que estava escondido na República Dominicana. E a descoberta foi inusitada. 

Marc Biart estava fugitivo há 7 anos. Ele e esposa resolveram iniciar um programa de culinária italiana e postaram vídeos no YouTube. Ele tinha o cuidado de não mostrar o rosto, mas no vídeo apareceram as suas tatuagens. Levando uma vida discreta no Caribe, Biart não se aproximava da comunidade italiana. Mas o canal do Youtube denunciou o criminoso. Foto aqui

Vacina: um ótimo negócio?

Com mais de 1,2 bilhões de doses aplicadas no mundo, a campanha de vacinação segue a todo vapor. Hoje, vamos falar sobre quão lucrativo criar imunizantes pode ser.

No início do desenvolvimento da vacina, diversas empresas especializadas começaram as pesquisas, e a Pfizer, uma farmacêutica americana, foi uma das que capitaneou o projeto.

O resultado da empreitada? Mais de US$ 3,5 bilhões em receita nos primeiros três meses deste ano. De longe, a maior fonte de receita da Pfizer no período. A empresa não divulgou os lucros, mas reiterou que a margem com a vacina gira em torno de 20%, ou seja, algo em torno de US$ 900 milhões.

Uma dicotomia… A Pfizer recebeu muitos elogios pela velocidade recorde que conseguiu desenvolver sua vacina com uma tecnologia de ponta. Por outro lado, outros consideram o lucro não tão positivo, diante da discrepância do estoque das vacinas entre países ricos e pobres.

No dia 3 de maio, no entanto, Pfizer e a BioNTech enviaram cerca de 430 milhões de doses da vacina para 91 países ao redor do mundo.

O chefe da OMS lamentou um "desequilíbrio chocante na distribuição global de vacinas”, e pediu esforços para fortalecer o Covax, programa que visa garantir que as nações mais pobres possam ter acesso aos imunizantes.

Uma atitude em prol da solução: O governo americano anunciou, ontem, apoio à suspensão da proteção de patentes para as vacinas contra a COVID-19. Uma mudança de posicionamento significativa — que vem depois que seu país já atendeu a demanda de doses — capaz acelerar a produção e a distribuição de imunizantes no mundo.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


 Cortando cebola

05 maio 2021

A verdade sobre a mentira

 A verdade sobre mentir 

Você não pode identificar um mentiroso apenas olhando - mas os psicólogos estão focando em métodos que podem realmente funcionar

Por Jessica Seigel 25/03/2021


A polícia pensou que 17-year-old Marty Tankleff parecia muito calmo depois de encontrar sua mãe esfaqueada até a morte e seu pai mortalmente espancado na extensa casa da família em Long Island. As autoridades não acreditaram em suas alegações de inocência e ele passou 17 anos na prisão pelos assassinatos.

Ainda em outro caso, os detetives pensaram que Jeffrey Deskovic, de 16 anos, parecia muito perturbado e ansioso para ajudar os detetives depois que seu colega de escola foi encontrado estrangulado. Ele também foi julgado por mentir e cumpriu quase 16 anos pelo crime.

Um homem não estava chateado o suficiente. O outro estava muito chateado. Como esses sentimentos opostos podem ser pistas reveladoras de uma culpa oculta?

Eles não são, diz a psicóloga Maria Hartwig, uma pesquisadora do John Jay College of Criminal Justice da City University of New York. Os homens, ambos posteriormente perdoados, foram vítimas de um equívoco generalizado: que você pode identificar um mentiroso pela maneira como eles agem. Em todas as culturas, as pessoas acreditam que comportamentos como desviar o olhar, inquietação e gagueira traem os mentirosos.

Na verdade, os pesquisadores encontraram poucas evidências para apoiar essa crença, apesar de décadas de pesquisas. “Um dos problemas que enfrentamos como estudiosos da mentira é que todo mundo pensa que sabe como a mentira funciona”, diz Hartwig, que foi coautor de um estudo de pistas não-verbais sobre mentir no Annual Review of Psychology . Esse excesso de confiança levou a graves erros judiciais, como Tankleff e Deskovic sabem muito bem. “Os erros de detecção de mentiras custam caro para a sociedade e para as pessoas vítimas de erros de julgamento”, diz Hartwig. “As apostas são muito altas”.

Difícil de dizer

Os psicólogos sabem há muito tempo como é difícil identificar um mentiroso. Em 2003, a psicóloga Bella DePaulo, agora afiliada à Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, e seus colegas, vasculharam a literatura científica, reunindo 116 experimentos que comparavam o comportamento das pessoas ao mentir e ao dizer a verdade. Os estudos avaliaram 102 possíveis pistas não verbais, incluindo desviar o olhar, piscar, falar mais alto (uma pista não verbal porque não depende das palavras usadas), encolher de ombros, mudar a postura e os movimentos da cabeça, mãos, braços ou pernas. Nenhuma provou ser um indicador confiável de um mentiroso , embora alguns fossem fracamente correlacionados, como pupilas dilatadas e um pequeno aumento - indetectável ao ouvido humano - no tom da voz.

Três anos depois, DePaulo e o psicólogo Charles Bond, da Texas Christian University, revisaram 206 estudos envolvendo 24.483 observações que julgaram a veracidade de 6.651 comunicações de 4.435 indivíduos. Nem os especialistas em aplicação da lei nem os estudantes voluntários foram capazes de escolher as afirmações verdadeiras das falsas melhor do que 54% das vezes - apenas um pouco acima do acaso. Em experimentos individuais, a precisão variou de 31 a 73 por cento, com os estudos menores variando mais amplamente. “O impacto da sorte fica evidente em pequenos estudos”, diz Bond. “Em estudos de tamanho suficiente, a sorte se equilibra.”

Esse efeito de tamanho sugere que a maior precisão relatada em alguns dos experimentos pode ser reduzida ao acaso, diz o psicólogo e analista de dados aplicados Timothy Luke, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. “Se não encontramos grandes efeitos até agora”, diz ele, “é provavelmente porque eles não existem ”.

A sabedoria comum diz que você pode identificar um mentiroso pela forma como ele soa ou age. Mas quando os cientistas analisaram as evidências, eles descobriram que muito poucas pistas realmente tinham qualquer relação significativa com mentir ou dizer a verdade. Mesmo as poucas associações que foram estatisticamente significativas não eram fortes o suficiente para serem indicadores confiáveis.

Os especialistas na polícia, entretanto, freqüentemente apresentam um argumento diferente: que os experimentos não eram realistas o suficiente. Afinal, dizem eles, voluntários - a maioria estudantes - instruídos a mentir ou dizer a verdade em laboratórios de psicologia não enfrentam as mesmas consequências que os suspeitos de crimes na sala de interrogatório ou no banco das testemunhas. “Os 'culpados' não tinham nada em jogo”, diz Joseph Buckley, presidente da John E. Reid and Associates, que treina milhares de policiais todos os anos na detecção de mentiras baseada em comportamento. “Não era uma motivação real.”

Samantha Mann, uma psicóloga da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, achava que as críticas da polícia fazia sentido, quando ela foi atraída para a pesquisa da mentira, 20 anos atrás. Para aprofundar a questão, ela e seu colega Aldert Vrij passaram por horas de entrevistas em vídeo com a polícia de um assassino em série condenado e descobriram três verdades conhecidas e três mentiras conhecidas. Então Mann pediu a 65 policiais ingleses que vissem as seis declarações e julgassem quais eram verdadeiras e quais eram falsas. Como as entrevistas foram em holandês, os oficiais julgaram inteiramente com base em pistas não-verbais.

Os policiais estavam corretos 64 por cento das vezes - melhor do que o acaso, mas ainda não muito precisos, diz ela. E os policiais que se saíram pior foram aqueles que disseram confiar em estereótipos não-verbais como "mentirosos desviam o olhar" ou "mentirosos ficam inquietos". Na verdade, o assassino manteve contato visual e não se incomodou ao mentir. “Esse cara estava claramente nervoso, sem dúvida”, diz Mann, mas controlou seu comportamento para contrariar estrategicamente os estereótipos. (...)

Confirmando esses resultados em grande escala, anos depois, Hartwig e Bond revisaram a literatura para estudos que comparavam as habilidades das pessoas para detectar mentiras de alto e baixo risco. Eles não encontraram evidências de que as pessoas fossem melhores em detectar mentiras contadas por criminosos ou suspeitos acusados ​​injustamente em investigações policiais do que aquelas contadas por voluntários de laboratório.

Algo para esconder

De assassinos em série a estudantes mentindo em experimentos de laboratório, foram ditas as mentiras em todos esses experimentos. Em um estudo publicado em 2019, Mann examinou o engano não-verbal, como quando alguém está tentando esconder uma atividade ilícita. Ela recrutou 52 estudantes universitários voluntários e pediu que a metade deles transportasse um laptop que supostamente continha fotos confidenciais em um trajeto de balsa entre duas cidades. Os voluntários foram instruídos a tentarem se misturar à multidão e não parecerem “desconfiados”, porque as pessoas estariam tentando identificá-los. A outra metade do grupo recebeu um telefone celular comum para transportar, sem instruções para esconder o que estavam fazendo.

Quando Mann mostrou vídeos das viagens de balsa para 104 outros voluntários e pediu que eles escolhessem os “contrabandistas”, os observadores não fizeram melhor que o acaso. Em entrevistas posteriores, os “contrabandistas” disseram que estavam nervosos, mas conscientemente tentaram agir normalmente e controlar seus nervos com táticas como ouvir música ou usar seus telefones.

Em seguida, Mann aumentou as apostas. Metade de um novo grupo de 60 voluntários recebeu um envelope de moeda russa, egípcia e coreana para esconder, enquanto a outra metade não “contrabandeou” nada. Mas, desta vez, Mann enviou dois pesquisadores para a balsa para perambular e examinar os passageiros, parecendo comparar seus rostos às fotos de um telefone celular.

Desta vez, 120 observadores, tentando identificar os “contrabandistas” em vídeo, acertaram 39,2% das vezes - bem abaixo do acaso. A razão, diz Mann, é que os “contrabandistas” conscientemente fizeram um esforço para parecer normais, enquanto os voluntários de controle “inocentes” agiram naturalmente. A surpresa deles com o exame inesperado pareceu aos observadores um sinal de culpa.

A descoberta de que enganadores podem esconder o nervosismo com sucesso preenche uma peça que faltava na pesquisa da mentira, diz o psicólogo Ronald Fisher, da Florida International University, que treina agentes do FBI. (...) “A questão toda é que os mentirosos ficam mais nervosos, mas isso é um sentimento interno, em oposição ao modo como eles se comportam conforme observado pelos outros.”

Estudos como esses levaram os pesquisadores a abandonar em grande parte a busca por pistas não-verbais para a mentira. Mas existem outras maneiras de identificar um mentiroso? Hoje, os psicólogos que investigam a mentira estão mais propensos a se concentrar em pistas verbais e, particularmente, em maneiras de ampliar as diferenças entre o que dizem os mentirosos e os contadores da verdade.

Por exemplo, os entrevistadores podem reter evidências estrategicamente por mais tempo, permitindo que um suspeito fale com mais liberdade, o que pode levar os mentirosos a contradições. Em um experimento, Hartwig ensinou essa técnica a 41 policiais em treinamento, que então identificaram corretamente os mentirosos em 85% das vezes, em comparação com 55% de outros 41 recrutas que ainda não haviam recebido o treinamento. “Estamos falando de melhorias significativas nas taxas de precisão”, diz Hartwig.

Outra técnica de entrevista explora a memória espacial ao pedir que suspeitos e testemunhas desenhem uma cena relacionada a um crime ou álibi. Como isso aumenta a lembrança, os contadores da verdade podem relatar mais detalhes. Em um estudo simulado de missão de espionagem, publicado por Mann e seus colegas no ano passado, 122 participantes encontraram um “agente” no refeitório da escola, trocaram um código e, em seguida, receberam um pacote. Posteriormente, os participantes instruídos a dizer a verdade sobre o que aconteceu deram 76% mais detalhes sobre as experiências no local durante uma entrevista de esboço do que aqueles solicitados para encobrir a troca de pacote de código. “Quando você faz um esboço, está revivendo um evento - isso ajuda a memória”, diz a co-autora do estudo Haneen Deeb, psicóloga da Universidade de Portsmouth.

O experimento foi projetado com a contribuição da polícia do Reino Unido, que regularmente usa esboços de entrevistas e trabalha com pesquisadores de psicologia como parte da mudança da nação para o questionamento presumido sem culpa, que substituiu oficialmente os interrogatórios do tipo acusação nos anos 1980 e 1990 naquele país escândalos envolvendo condenação injusta e abuso.

Nos Estados Unidos, porém, essas reformas baseadas na ciência ainda precisam fazer incursões significativas entre a polícia e outras autoridades de segurança. A Administração de Segurança de Transporte do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, por exemplo, ainda usa pistas de engano não-verbal para examinar os passageiros do aeroporto para interrogatório. A lista de verificação de triagem comportamental secreta da agência instrui os agentes a procurarem pistas de supostos mentirosos, como olhar desviado - considerado um sinal de respeito em algumas culturas - e olhar fixo prolongado, piscar rapidamente, reclamar, assobiar, bocejar exagerado, cobrir a boca ao falar e excessivo inquietação ou cuidados pessoais. Todos foram completamente desmascarados por pesquisadores. (...)

(imagem aqui)