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12 setembro 2013

Rir é o melhor remédio



Ibovespa

Os investidores que estão na lida há mais de 20 anos sabem que de tempos em tempos alguma ação causa distorções ao Índice Bovespa, dificultando a gestão de carteiras referenciadas no índice, prejudicando a arbitragem entre os mercados futuro e à vista e o segmento de aluguel de ações. O impacto que algumas ações do grupo "X" está provocando no índice e, consequentemente, em instrumentos derivativos, já aconteceu antes. Talvez hoje, é verdade, em intensidade muito maior. 

O Ibovespa é o principal indicador de desempenho do mercado de ações brasileiro e mantém sua metodologia de cálculo desde a implantação, em 1968. Esse é o indicador que normalmente o pequeno investidor olha como referência do desempenho da bolsa no dia a dia e que é citado pela maioria dos jornais e televisões quando se referem ao desempenho da bolsa no Brasil. É ainda um parâmetro de desempenho muito utilizado por gestores de fundos ativos e passivos, e para comparar o desempenho do mercado brasileiro com bolsas de outros países. Sem falar, é claro, em todos os produtos de futuros e opções criados a partir dele.

O Ibovespa tem se mostrado um excelente índice nesses anos todos. É natural ser cauteloso quando se cogita fazer aperfeiçoamentos num produto de tanto sucesso. Entretanto, a história mostra que, se um produto se prova obsoleto, ao longo do tempo, a concorrência de produtos mais eficientes prevalece. O Dow Jones manteve sua metodologia inalterada desde o início (em 1928), o que custou sua liderança quando foi superado pelo SP como indicador de desempenho mais representativo e eficiente do mercado.

A atual metodologia de cálculo do Ibovespa é baseada num conceito de negociabilidade que é uma "proxy" para a liquidez do papel em bolsa. Tanto o critério de inclusão na carteira quanto o de ponderação dos pesos de cada papel no índice utilizam esse conceito de negociabilidade. Basear a carteira do índice nesse conceito de negociabilidade tem uma razão válida, pois um bom indicador de desempenho deve poder ser replicável pelo investidor. Intuitivamente, um índice baseado em liquidez deveria ser facilmente replicável pelos investidores. O caso atual das empresas "X" mostra que às vezes a intuição falha.

Chama a atenção o fato de o Brasil ser o único no mundo a utilizar esse critério de negociabilidade. A pergunta que se coloca é: por quê? Será que o Brasil produz um índice superior? Levantamento feito pela própria Bovespa dos principais indicadores de ações do mundo mostra que a esmagadora maioria deles utiliza critérios que se baseiam no valor de mercado total da empresa ou da parcela que não está mãos dos controladores ("float"), e não necessariamente como critério de seleção mas, principalmente, na sua ponderação. A Bovespa há alguns anos lançou uma família de índices baseados em valor de mercado. Os dois principais são o IBrX-100 e o IBrX-50.

Observando-se a tabela abaixo, vemos que o desempenho médio anualizado do Ibovespa comparado com o dos outros dois índices desde suas criações é muito inferior, mostrando que a metodologia da família IBrX é mais eficiente.

Os dirigentes da Bovespa estão cientes das distorções da metodologia do Ibovespa e seu impactos nos diversos mercados. E, como bons dirigentes de seu negócio, estão decididos a efetuar mudanças para aperfeiçoar o índice, de tal forma que essas distorções não aconteçam mais.

Entre os diversos interlocutores que a diretoria da Bovespa procurou nos últimos meses, destaca-se um grupo representativo de participantes de mercado que, conjuntamente com a equipe técnica da Bovespa, trabalhou em propostas para colocar o Ibovespa entre os mais eficientes do mercado mundial.

As principais alterações que esse grupo sugeriu foram: (1) mudança do critério de ponderação dos papéis (peso no índice) para free float; (2) introdução de um "cap" de liquidez para que papéis com alto valor de mercado, porém baixa liquidez, não prejudiquem a replicabilidade do índice; (3) alteração do cálculo do índice de negociabilidade dando mais peso ao volume financeiro e menos ao numero de negócios, reduzindo o estímulo de "market makers" fragmentarem ordens para artificialmente aumentar o peso de seus papéis no índice; (4) alterações nos critérios de inclusão e exclusão de papéis, aumentando a representatividade de 80% para 85% da liquidez; (5) permissão para incluir ações novas porém representativas antes de completarem 12 meses de negociação; (6) exclusão das chamadas "penny stocks" (ações com valor de negociação abaixo de R$ 1); (7) introdução de um limite máximo de 20% por ação para reduzir a concentração da carteira em poucos papéis e (8) harmonização dos critérios de exclusão do índice com outros instrumentos derivativos e contratos de aluguel.

A diretoria da Bovespa já confirmou que pretende fazer aperfeiçoamentos no Ibovespa, porém parece preocupada em não descaracterizá-lo. Para a grande maioria dos participantes de mercado, a introdução de todas as melhorias sugeridas acima tornaria o Ibovespa um índice muito mais atualizado com as melhores práticas no mundo inteiro e, no fim do dia, é isso que importa para os investidores em geral.

A Bovespa está diante de uma oportunidade histórica de passar uma mensagem forte para todos os brasileiros e investidores do mundo inteiro: chega de puxadinho e jabuticaba. Está na hora de pararmos de reinventar a roda e fazer a coisa certa. Sejamos ousados. Vida longa ao Ibovespa!

O Ibovespa está morto. Vida longa ao Ibovespa! - Valor Econômico - 11/09/2013 - Marcos De Callis

Seria manipulação?

O fato de Eike Batista ter prometido à OGX um aporte - na forma de uma opção de venda de ações da companhia, ou "put", no jargão do mercado - de US$ 1 bilhão e, agora, afirmar que não irá honrar o compromisso poderá se configurar em evidência de que o empresário tentou manipular as expectativas do mercado em relação à petroleira, afirmaram fontes ao Valor. Procurada, a OGX não concedeu entrevista.

(...) Na época, o mercado especulou que a empresa poderia estar fazendo um colchão de recursos para participar de uma eventual próxima rodada de licitação de blocos exploratórios da ANP. Ou que, por alguma razão ainda desconhecida, o caixa seria comprometido ou a geração de caixa operacional seria menor. Uma potencial capitalização para a realização de nova parceria também foi comentada. Ou seja, não ficou exatamente claro porque a "put" foi lançada, embora ela tenha sido um sinal de confiança do empresário no negócio. A opção de venda, que seria exercida a R$ 6,30, estava 36% acima do valor de mercado da OGX naquele dia de outubro. O valor passou a ser também um teto para o papel.

O fato de Eike não honrar o compromisso pode ampliar a avaliação de que ao anunciar a intenção de capitalização da empresa o empresário tomou a medida baseado em informações que não foram amplamente divulgadas para o mercado e que podem explicar a situação delicada que a empresa hoje se encontra. A concessão de instrumentos desse tipo não é usual, embora Eike tenha assumido - e honrado - o mesmo compromisso em OSX, no momento em que o estaleiro abriu capital.

Se já estivesse ciente da deterioração da empresa, a "put" pode ter sido uma tentativa de reverter expectativas - uma sinalização de confiança no negócio para tranquilizar os investidores e atrair novos compradores para os papéis ou para fechar novos negócios.


Negativa de Eike pode abrir debate sobre manipulação - Valor Econômico - 11/09/2013 - Ana Paula Ragazzi

Melhores profissões

Fonte: Aqui

Ilusão de ótica

De Dalí


Público e desempenho

Será que um clube de futebol com melhor desempenho atrai mais público? Aparentemente não é isto que acontece no campeonato brasileiro. O gráfico mostra a relação entre as duas variáveis, onde a correlação é de 0,27:
Algumas equipes com desempenho abaixo da média conseguem atrair um bom público nos seus jogos (São Paulo e Flamengo, por exemplo). Outros, com boa colocação no campeonato, possuem média de público reduzida (Botafogo, por exemplo). O Naútico, com o pior desempenho no campeonato, possui uma média de público intermediária.

Em alguns casos, a torcida comparece para tentar animar o time. Em outros, a equipe reduziu o preço do ingresso para tentar ter o apoio da torcida.

II Seminário de Contabilidade da Face/UFG


O período de submissão de pesquisas para o II Seminário de Contabilidade da Face/UFG está oficialmente aberto.

O organizador é o queridíssimo ex-UnB, Cláudio Moreira Santana, que foi meu professor e é um mestre em movimento, sempre disposto a ajudar pesquisadores que vagam por aí, sem saber sobre o que escrever, sem conhecer a tal da norma ABNT. Já fiz várias postagens com textos e livros que foram por ele indicados. Já vi vários alunos serem resgatados e revividos pelas práticas animadas desse primoroso educador.

Então, queridos leitores, vamos lá! Mexam e remexam por aí, procurem artigos engavetados ou terminem o TCC. O prazo de submissão vai até 30 de setembro e o evento ocorrerá no dia 1º de novembro, em uma sexta-feira, na Universidade Federal de Goiás.

Clique aqui para mais informações, realização do cadastro e submissão dos trabalhos.

11 setembro 2013

Melhor Universidade

A Folha de S. Paulo divulgou um ranking das melhores universidades do Brasil por área. Em Ciências Contábeis, a UnB ficou em primeiro lugar no tópico Ensino, enquanto a USP ficou em primeiro em Mercado. Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Existe um livro que ficou conhecido como A Bíblia Maldita. Tudo em razão do pior erro tipográfico já cometido por uma obra (pior do que este). Estava impresso: Cobiçarás a mulher do próximo.

(Fonte: O Sinal e o Ruído, Nate Silver, p. 12)

Auditoria, Erro e Controle Interno

O setor de auditoria convive regularmente com denúncias de escândalos. Empresas fazem falcatruas na sua contabilidade e o auditor parece que não percebe o que está ocorrendo. Os exemplos são inúmeros e incluem nomes como Panamericano, Lehman, Olympus, Stanford, Satyam, Madoff, HP, entre outros. Recentemente um relatório da entidade que fiscaliza as empresas de auditoria dos Estados Unidos apontava que mais de 20% dos trabalhos das grandes empresas de auditoria tinham algum tipo de problema, sendo que uma das empresas fiscalizadas este índice chegava próximo a 50%. Isto é assustador já que o usuário espera que o relatório de auditoria seja o comprovante que a contabilidade da entidade é confiável.

Alguns apontam que os problemas das empresas diz respeito à forma como o setor opera. As empresas de auditoria são contratadas pelas entidades que serão auditadas e isto gera um viés na opinião do auditor, conforme pesquisas comportamentais já demonstraram. Uma alternativa é permitir que o regulador fizesse o contrato e pague pela auditoria, sendo o custo repassado, posteriormente, para a entidade auditada. Além disto, em razão da economia de escala visando à redução das suas despesas, as empresas de auditoria utilizam uma mão-de-obra composta aprendizes – os famosos traines – sem experiência e vivência de uma situação de fraude. Outros consideram que existe uma acomodação, propiciada pela falta de um rodízio entre as auditorias.

Um aspecto que geralmente é deixado de lado nestes debates é que a auditoria recebe os holofotes da imprensa, dos blogs e dos reguladores quando cometem erros. Entretanto, não sabemos quantas vezes as empresas de auditoria impediram que os usuários fossem enganados, já que isto não aparece no seu relatório. Em outras palavras, a auditoria parece com o sistema de meteorologia. Diariamente escutamos suas previsões sobre o tempo; quando o sistema acerta, geralmente não damos a devida atenção. Entretanto, quando o sistema falha, alertando para uma chuva que não ocorreu ou deixando de falar da possibilidade de chuva quando ocorreu, lembramos que a previsão do tempo estava errada.

Esta dificuldade é maior uma vez que não sabemos – ou não levamos em consideração na nossa decisão – o universo de empresas auditadas. Se tivermos 500 empresas no mercado e ocorreram problemas com cinco delas, estes cinco casos estarão nas discussões sobre a qualidade do setor. Estas falhas serão lembradas, discutidas pelos reguladores e consideradas nos textos das redes sociais. Mas este nível de erro significa que o processo de auditoria cometeu falhas em 1% dos casos, o que seria uma taxa bastante razoável.

O Grumpy Old Accountants tem um argumento adicional sobre o assunto (Garbage In, Garbage Out - Are Accountants Really to Blame?). Segundo o Grumpy, as estatísticas mostram que cerca de 20% das empresas possuem problemas no controle interno. Além disto, as estratégias de crescimento, particularmente aqueles realizados a partir das aquisições e fusões, quebram controles internos. Assim, segundo o texto, muitos erros contábeis e falhas de auditoria tem sua raiz na falha dos controles internos das empresas.

Neste sentido, a solução para o problema de auditoria passa pela melhoria destes instrumentos. Em outras palavras, trocar o foco do PCAOB pelo Coso. Somente com o fortalecimento deste controle interno é que a auditoria irá deixar de estar associada aos escândalos fraudulentos. E será companheira fundamental para prevenir e antecipar problemas.

Isto parece muito com uma analogia criada por Simons, no seu livro Levers of Control: o que faz um automóvel andar rápido não é o motor potente, mas um sistema de freio confiável. Só podemos dirigir nosso automóvel a 80 km/h se tivermos a segurança que o veículo irá parar no momento adequado. Os controles internos possuem a mesma função para empresa. Somente com controles internos efetivos é que a empresa poderá crescer de maneira sustentada.

(Cartoon adaptado daqui)

Fonte Super Interessante

A revista Super Interessante anda bem comportada. O plágio passa longe. Agora as reportagens e fotos estão bem referenciadas. Nada mais de “pesquisas indicam que”, “segundo estudos”... sem dizer de onde, quem, quando, ou como...

Na edição de agosto de 2013, na seção Ciência Maluca, por exemplo, dizer que “o chulé pode virar arma contra malária” baseou-se em um trabalho de autores da London School of Hygiene and Tropical Medicine que foi publicado no Plos One, um journal internacional online de acesso gratuito. Dizer, por sua vez, que os bonecos de Lego estão cada vez mais raivosos, foi uma iniciativa de pesquisadores da Universidade de Canterbury, que foram premiados na 1ª conferência Internacional iHAI 2013 no Japão.







Previsão e projeção

Em geral utilizo os termos como sinônimos. Entretanto, Nate Silver, em O Sinal e O Ruído, na página 159, faz uma distinção entre eles:

Previsão = é uma declaração definitiva e específica sobre quando e como haverá um evento
Projeção = é uma declaração probabilística sobre um evento

Assim, a contabilidade geralmente faz previsão.

Frase


Eduardo Batalha Viveiros de Castro é um antropólogo carioca, 
professor do Museu Nacional da UFRJ.

10 setembro 2013

Rir é o melhor remédio

Animais e fotografia




O Sinal e o Ruído

O livro O Sinal e o Ruido foi escrito por Natan Silver e recentemente traduzido para língua portuguesa pela Intrinseca. Silver ficou conhecido por ter acertado a previsão do resultado das eleições dos Estados Unidos nos cinquenta estados. Depois disto, aumentou o interesse pela forma como Silver consegue fazer boas previsões.

Com 13 capítulos, a obra possui uma leitura muito agradável. Os temas estão bem divididos e o assunto é apresentado com muitos exemplos. Silver dedica a discutir a questão da previsão em diferentes áreas, como meteorologia, terremotos, mercado acionário, pôquer, política, baseball, saúde, apostas, xadrez, aquecimento global e terrorismo. Particularmente, por não entender muito de baseball, achei este capítulo enfadonho, assim como os últimos. Mas isto não impede de recomendar esta obra para quem deseja refletir sobre o assunto.

Mas este é um blog de contabilidade e aparentemente o assunto não nos interessa, certo? Errado. Cada vez mais a contabilidade depende da previsão nas informações. Veja o caso do teste de recuperabilidade, que exige a projeção do fluxo de caixa dos ativos. Ou quem sabe a estimativa dos passivos trabalhistas de uma entidade. Ou a possibilidade de reversão de uma série de prejuízos, utilizando um imposto diferido. São três exemplos de como estudar a questão da projeção é relevante. E o livro é uma boa reflexão sobre o assunto.


As suas 460 páginas passam rápido (na verdade, mais de 500 com as notas). A forma como Silver explica overfitting é fantástica e considero o ponto alto do livro. Com o subtítulo “Por que tantas previsões falham e outras não”, Silver consegue expor os principais problemas que enfrentam aqueles que desejam ter uma bola de cristal na sua mesa. O conhecimento de Silver inclui métodos quantitativos, mas também uma grande dose de bom senso. Afinal, na projeção o que importa é acertar. 

P.S. O autor da resenha adquiriu a obra com seus recursos.

Parceiros do blog:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino

Premiação reduz produtividade

A medalha Fields é o prêmio mais relevante para os matemáticos. Vencer representa o reconhecimento dos seus pares. Mas uma pesquisa mostrou que a vitória traz acomodação. Os medalhistas, de vermelho, reduziram sua produtividade após a vitória. De azul, os cientistas que participaram, mas não venceram o prêmio. Neste caso, o comportamento é oposto. Parece que ao não vencer a medalha, os cientistas fazem mais esforço para ter o reconhecimento dos seus pares. 

Felicidade

As Nações Unidas consideraram que os dinamarqueses são os mais felizes do mundo. Os brasileiros estariam em 24o, conforme figura a seguir

Os poderosos

A revista Accounting Today faz uma lista das 100 personalidades mais poderosas da área contábil. Diversos executivos, reguladores e funcionários governamentais dos Estados Unidos são listados. Destes, 27 são mulheres (o mundo contábil parece machista) e um grande número gosta de assistir The Big Bang Theory (18 indicações) e Mad Man (15 votos).

Quando perguntado as 100 personalidades quem é o mais poderoso, 56 responderam Barry Melancon, do AICPA. O segundo colocado, Tom Hood (MACPA), e Mary Jo White (SEC), terceira, tiveram 16 e 12 votos.

Lehman Brothers e a contabilidade

A quebra da Lehman Brothers foi uma das consequências da crise financeira recente. Entre os aspectos relacionados com esta quebra, existiu a questão de uma contabilidade duvidosa por parte da entidade.

Num texto do New York Times (Inside the End of the U.S. Bid to Punish Lehman Executives) discute este assunto. Um dos pontos refere-se a posição do regulador dos EUA sobre o fato do executivo da Lehman saber ou não do que estava ocorrendo com as "práticas questionáveis da contabilidade". Os reguladores, no final, optaram por acreditar que os executivos da Lehman não sabiam destas práticas, apesar de existir evidências contrárias.

Uma posição sobre o assunto pode ser encontrada na Bloomberg.

09 setembro 2013

Rir é o melhor remédio

A propaganda é a alma do negócio. Mas este anúncio publicado no Estado de S Paulo em 1936 (edição de 7 de junho, n. 20446, p. 17) é interessante: a cidade de São Paulo é considerada o berço mundial das Partidas Dobradas para tentar convencer os potenciais clientes a comprar o livro.

História da Contabilidade: A Política e o profissional contábil na década de 1930

A organização de uma classe de profissionais pressupõe uma postura política. Sabemos que a primeira organização de trabalhadores da contabilidade no Brasil ocorreu no século XIX. Mas somente na década de 1910 é que estas entidades se estruturam. Estas primeiras associações procuraram incentivar a participação dos patrões, convidando os comerciantes para as suas reuniões.

A presença do senador do Rio Grande do Norte, João Lyra, nos congressos organizados na década de 1920 (1) mostra a preocupação das entidades em manter um bom relacionamento com poder. A década de 1930 significa um momento histórico onde estas entidades irão conviver de perto com a questão política.

É bom lembrar que a década de trinta foi marcada pelo tomada de poder de Vargas, pondo fim a política do café com leite. Em 1932 os paulistas tentam promover uma revolta, que é derrotada pelo poder central. Logo a seguir, Vargas mantem-se no poder, diante da ameaça dos comunistas e dos integralistas. Ao mesmo tempo, o Brasil começa a tomar uma posição diante do conflito que se inicia na Europa (II Guerra Mundial).

Em 1931 tem-se a notícia de greve dos alunos da Academia de Commercio (2). Em 1932, o Instituto Paulista de Contabilidade assina uma convocação, “ao povo paulista”, para um comício em favor de uma constituinte (3), com os seguintes dizeres:

“As Associações abaixo-assignadas convidam o povo a comparecer ao Comicio que será realisado, por iniciativa da LIGA PAULISTA PRO-CONSTITUINTE, no dia 24 de fevereiro, ás 17 e meia horas, na praça da Sé. 

Nesse Comicio, que constará somente de propaganda pela rapida reconstitucionalisação do Paiz, falarão oradores representando todas as classe sociaes”


No ano de 1932, entre julho e outubro, ocorreu em São Paulo, a revolução constitucionalista (4). Durante este movimento, o Instituto Paulista de Contabilidade trabalhou ativamente para esta causa, conforme relato deste período (5):

“Communica-nos a direcção do Instituto Paulista de Contabilidade, que essa associação de classe tem exercido a sua atividade profissional em pról da causa constitucionalista. É assim que se tem incumbido dos serviços de intendencia e administração quanto às requisições fornecimentos, postos de donativos, etc.

Cerca de uma centena de seus associados estão empregando o seu tempo em pról da grande causa, na Commissão Central de Requisições, nos postos a cargo da Associação Commercial e S. Paulo, nos serviços de intendência da M. M. D. C. etc”

É interessante que meses antes, em abril, o IPC esteve defendendo uma tese sobre ensino comercial, que ocorreu no Rio de Janeiro (6). A tese defendida pelo IPC era a polêmica editada pelo Decreto 20.158, que será discutida a seguir. Para o IPC, o decreto deveria ser revogado.

No mesmo congresso brasileiro de contabilidade, realizado em 1932, aprovou uma moção apresentada pelo ex-contador geral da República, Francisco d´Auria, contra a mudança na contabilidade pública (7).

Com a derrota dos paulistas e a perpetuação de Getúlio Vargas no poder, o V Congresso Brasileiro de Contabilidade, de 1937, aclamou o ditador como seu patrono (8). Anteriormente a este congresso, o IV Congresso teve como presidente de honra o ministro do Trabalho, Agamemnon Magalhães (9).

Decreto 20158
O Decreto 20158 ficou conhecido como Lei Francisco Campos, nome do poderoso ministro da educação do governo Vargas. De 1931, organizou o ensino comercial e regulamentou a profissão de contador. Com 82 artigos, separados em três títulos. O primeiro título tratava da organização do ensino comercial. O ensino comercial teria “um curso propedêutico e dos seguintes cursos técnicos: de secretário, guarda-livros, administrador-vendedor, atuário e de perito-contador e, ainda, de um curso superior de administração e finanças e de um curso elementar de auxiliar do comércio” (10). O decreto detalha o conteúdo de cada um dos cursos e descreve a Superintendência do Ensino Comercial.

O ponto mais polêmico ficou com o título III, “Da Profissão de Contador e das suas Regalias”. No artigo 53, cria-se a necessidade do registro obrigatório. No artigo 54 define-se que contador seria os portadores de diplomas emitidos pelos institutos de ensino comercial reconhecidos oficialmente. O artigo 55 exige que os práticos que já exerçam a profissão devem requerer, num prazo de um ano, um exame de habilitação. O artigo 57 é sobre revalidação de diplomas em entidades estrangeiras. Os artigos seguintes são sobre situações específicas.

A reação ao Decreto
O decreto provocou uma ampla reação dos profissionais. O principal ponto era o artigo 55, que exigia um exame para os práticos. Argumentava-se que a necessidade de um exame seria uma humilhação, já que existia a necessidade de demonstrar uma capacidade já comprovada na vida ativa (11). Ou citava casos de pessoas com amplo conhecimento em contabilidade, que teriam que submeter a prova como era o caso do falecido senador João Lyra, neste momento considerado a maior autoridade em matéria de contabilidade (12). Seriam “direitos adquiridos”.

Numa entrevista ao jornal A Esquerda o presidente da União dos Empregados no Comercio (13), Monteiro de Barros, comenta o dilema entre o prático e o teórico. A posição da UEC foi apoiada pelo Instituto da Ordem dos Contadores (14).

Fotografia da publicação A Esquerda, 11 de agosto de 1931, ed 1101, p. 1.

As discussões que se seguiram produziram uma proposta de nova redação do decreto, em particular do artigo 55 (15). Entretanto, com as discussões, a proposta abrangeu todo o título III do decreto (16).

Detalhe de uma reunião na UEC para discussão da proposta. Foto do Correio da Manhã, 26 de setembro de 1931, p. 3.

Em novembro de 1931 foi entregue uma proposta de mudança do decreto ao ministro da Educação (17) realizada pela UEC. Neste período, o ministro da educação recebeu uma série de correspondências, solicitando a mudança na lei (18). As discussões continuaram, incluindo na UEC, após a entrega do memorial ao ministro (19).

Foto da reunião da UEC, no início de 1932. Correio da Manhã, 28 de janeiro de 1932, ed 11389, p. 7.

Apesar das resistências, no início de 1932 a Academia de Commercio do Rio de Janeiro já fazia os primeiros exames, habilitandos todos os candidatos (20).


Fotografia Jornal do Brasil, 11 de setembro de 1931, ed 218, p. 10.


Jornal do Brasil, 5 de novembro de 1931, p. 11, ed 264

Pressão deu resultado: Decreto 21033
Em fevereiro de 1932 o governo edita o decreto 21033 (21). Afinal, o decreto anterior afeta a vida de 30 mil profissionais (22). Segundo o Instituto da Ordem dos Contadores, foi uma solução “capaz e conciliatória dos interesses de diplomados e não diplomados” (23).

A posição deste Instituto, no entanto, é no sentido que ambos os decretos representaram um grande avanço para a profissão contábil. Tanto é assim que em julho de 1932 se comemorou o aniversário, com telegramas de agradecimento a ... Getúlio Vargas e Francisco Campos (24). Isto é muito relevante já que a revolução constitucionalista começou naquele mês (25)

Entretanto, existiram sequelas. Monteiro de Barros, da UEC, escreve uma correspondência para o A Noite destacando que sua entidade possui interesses divergentes do Instituto da Ordem dos Contadores presididos por Moraes Junior (26). Barros acusa o Instituto Brasileiro de Contabilidade de querer “monopolizar o comercio de diplomas” em razão de um artigo do decreto 20158. No mesmo texto, Monteiro de Barros afirma que a solução do decreto 21.033 não satisfaz a classe dos contadores e guarda-livros não diplomados. O mesmo jornal fez uma entrevista com um guarda-livros, Oliveira Campos, que manifestou insatisfação com a posição do governo (27). O mesmo solicita, durante o Congresso de Contabilidade, a revogação de todo o título III do referido decreto (28).


Fotografia: A Noite, 12 de março de 1932, ed. 7289, p. 4.

Considerações Finais
A questão do decreto que regulamenta a profissão parece que ficou esquecida na memória contábil. Da mesma forma, a posição dos diferentes atores, em especial no período de 1931 e 1932, merece mais estudos.

Notas
(1) O senador João Lyra recebeu uma homenagem no segundo congresso brasileiro, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1932. No último dia de congresso, os participantes foram visitar seu túmulo no cemitério São João Batista. Conforme Jornal do Brasil, 27 de abril de 1932, p. 11. A participação do senador no legislativo foi substituída pelo deputado João Ferreira de Moraes Junior.
(2) A Esquerda, ed 1134, 18 de setembro de 1931, p. 1.
(3) Estado de S. Paulo, 20 de fevereiro de 1932, ed 19097, p. 1. Grafia da época.
(4) vide, por exemplo, wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932
(5) Estado de S. Paulo, 29 de julho de 1932, p 2, ed 19235.
(6) Conforme Diario Nacional, ed. 1433, p. 2, 12 de abril
(7) Correio da Manhã, ed 11472, 6 de maio de 1932, p. 2.
(8) Jornal do Brasil, 5 de setembro de 1937, ed 209, p. 6. A comunicação foi feita pelo presidente do congresso, o congressista Moraes Jr.
(9) Correio da Manhã, 5 de junho de 1937, ed 13057, p. 12.
(10) Vide http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20158-30-junho-1931-536778-publicacaooriginal-34450-pe.html
(11) A Esquerda, 24 de setembro de 1931, ed 1139, p. 2.
(12) Correio da Manhã, 8 de setembro de 1931, ed 11267, p. 3.
(13) A Esquerda, 11 de agosto de 1931, ed 1101, p. 1, 2 e 3. Esta União promoveu várias reuniões para elaborar uma proposta de substituição do referido decreto. Vide A Esquerda, 22 de setembro de 1931, p. 2, ed 1137.
(14) A Esquerda, 13 de agosto de 1931, ed 1103, p. 6.
(15) Correio da Manhã, 11 de setembro de 1931, ed 11270, p. 3, para a redação da proposta aprovada pela UEC. A proposta recebeu uma crítica, através de uma carta do jornal Correio da Manhã, 13 de setembro de 1931, p. 8, ed. 11272.
(16) Correio da Manhã, 5 de novembro de 1931, ed 11317, p. 2.
(17) Correio da Manhã, 5 de novembro de 1931, ed 11317, p. 2 e p. 6. O texto encontra-se nesta edição. Vide também Jornal do Brasil, 5 de novembro de 1931, ed. 264, p. 11.
(18) Correio da Manhã, 17 de novembro de 1931, ed. 11327, p. 6.
(19) Correio da Manhã, 28 de janeiro de 1932, ed 11389, p. 7.
(20) Correio da Manhã, 30 de janeiro de 1932, ed. 11391, p. 5. Uma destas comissões foi presidida pelo Candido Mendes de Almeida. Vide Correio da Manhã, 12 de fevereiro de 1932, ed. 11401, p. 6.
(21) vide, por exemplo, http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=21033&tipo_norma=DEC&data=19320208&link=s. O texto foi publicado também no Jornal do Brasil, 18 de fevereiro de 1932, ed 41, p. 10.
(22) Conforme Correio da Manhã, 30 de janeiro de 1932, ed. 11391, p. 5.
(23) Correio da Manhã, 14 de fevereiro de 1932, p. 3, ed 11403.
(24) Correio da Manhã, 8 de julho de 1932, ed. 11526, p. 3.
(25) vide, por exemplo, wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932
(26) A Noite, 22 de fevereiro de 1932, p 7, ed 7271.
(27) A Noite, 12 de março de 1932, ed. 7289, p. 4.
(28) A Noite, 26 de abril de 1932, ed. 7333, p. 5.

História da Contabilidade: Tecnologia nos anos 1930

Os anos de 1930 apresentaram uma série de novidades na área da tecnologia contábil. Mesmo deixando de lado a Hollerich – que deveria absorver pelo menos uma postagem, já que virou nome comum na língua portuguesa – os exemplos são vários. Selecionei dois casos de tecnologia colocada à disposição do profissional da época. A propaganda já permite fazer algumas inferências sobre o produto.


08 setembro 2013

Rir é o melhor remédio

A relação entre cartoons e logos

OGX e o aporte de caixa

Em uma tacada surpresa, a diretoria da petroleira OGX exigiu ontem do empresário Eike Batista o cumprimento da promessa de aportar até US$ 1 bilhão, manobra que visa tirar a companhia da situação dramática em que se encontra. A cobrança chegou quando os investidores já nem cogitavam mais o exercício da opção de venda de ações contratada em outubro de 2012, quando o cenário da petroleira era bem mais favorável.

(...) A diretoria da OGX cobra um aporte imediato de US$ 100 milhões. Sem condições de arcar com esse valor, Eike pretende levar a discussão a uma câmara arbitral. (...)

Factível ou não, a notícia fez os papéis da petroleira dispararem no pregão de ontem. As ações OGXP3 fecharam a R$ 0,52, com alta de 26,8%.

Analistas do Credit Suisse, Vinicius Canheu e Andre Sobreira consideraram o aporte imediato de US$ 100 milhões relevante, já que equivale a 18% do valor de mercado da empresa, de cerca de US$ 560 milhões. Os profissionais avaliam, no entanto, que o anúncio é vago, principalmente no que diz respeito à habilidade do empresário em honrar os US$ 900 milhões restantes.

(...) Alguns questionam se a resolução foi tomada de forma independente ou a partir de uma estratégia alinhada com o próprio Eike e grupos envolvidos no resgate da OGX. Nesse caso, os diretores dariam uma cartada para recuperar a imagem da empresa e evitar um maior comprometimento, mesmo cientes de que o empresário descumprirá o acordo.

(...) Caixa. Fontes de mercado dizem que a disponibilidade de caixa já estaria abaixo de US$ 100 milhões. O valor é ínfimo se comparado à dívida de R$ 8,7 bilhões da companhia em 30 de junho. Além disso, no fim de agosto o executivo-chefe da malaia Petronas, Shamsul Azhar Abbas, condicionou o pagamento dos US$ 850 milhões empenhados na compra da fatia de 40% do campo Tubarão Martelo à reestruturação da dívida da OGX. O negócio é uma das apostas da companhia para voltar ao equilíbrio. Ontem, a petroleira comunicou mais uma baixa em seu conselho de administração, com a renúncia do empresário tunisiano Aziz Ben Ammar. Uma assembleia extraordinária de acionistas está marcada para o dia 12 de setembro, quando será votada a recomposição do conselho.

As maiores operações de compra da história

Fonte: Aqui

07 setembro 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Fato da Semana

Fato: As garras afiadas da Receita Federal

Qual a relevância disto? O equilíbrio de um país pode ser obtido controlando as despesas ou aumentando as receitas. A nossa tradição é focar no aumento das receitas. E esta semana tivemos mais neste sentido. A primeira medida  foi o abatimento imposto sobre o ágio, que proporcionada uma atratividade adicional nas operações de fusão e aquisição. A segunda é a tributação do lucro em controladas e coligadas no exterior. Terceiro, a decisão de tributar as indenizações recebidas pelas empresas concessionárias do setor elétrico.
As mudanças possuem diversos efeitos sobre a contabilidade. Por exemplo, a questão do ágio tende a gerar uma discussão sobre a norma do CPC sobre o assunto e o reconhecimento de um eventual passivo nos próximos anos. O mesmo ocorre com a tributação dos lucros. E a discussão da tributação das indenizações poderá gerar questões interessantes sobre o reconhecimento do passivo.

Positivo ou Negativo? A contabilidade seria neutra diante desta situação. Mas seria pedir muito que o governo tentasse buscar o equilíbrio através do lado da despesa?

Desdobramentos – As empresas prejudicadas irão procurar na justiça seus direitos. Isto poderá provocar uma longa discussão, inclusive sobre a adequação do reconhecimento dos passivos. Mas é sempre bom lembrar que estamos perto de uma eleição e estas empresas também contribuem com a campanha.

Teste da Semana

Teste da semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – O escândalo é antigo e a justiça é lenta. Esta semana este empresário foi preso por sonegação fiscal:
Ricardo Mansur, ex-dono do Mappin
Simeira Jacob, ex-dono das Lojas Arapuã
Wagner Canhedo, ex-dono da Vasp

2 – A Multitek Engenharia demitiu 1700 funcionários. A empresa alega problemas em receber do seu grande cliente, a empresa
Ambev
Embraer
Petrobras

3 – Mancha Verde, Oktoberfest, Catebral de Brasília possuem algo em comum. São casos
Investigação conduzida pela CGU
Patrocínio da Caixa
Uso da Lei Rouanet

4 – Segundo a legislação brasileira, qualquer sorteio e concurso em redes sociais necessita da autorização
Da Caixa e do Ministério da Fazenda
Do legislativo
Do Ministério Público

5 – As empresas deste setor que resolveram receber indenização do governo serão tributadas, revelou a receita federal, em 34% do lucro. São empresas do setor
De comunicações
De mineração
Elétrico

6 – O fim da janela de transferência dos jogadores de futebol revelou que o país em que os clubes mais gastaram foi
Alemanha
Espanha
Inglaterra

7 – O CFC criou um grupo para ajudar a analisar o cenário brasileiro e o uso dos recursos
Das empresas de capital aberto
Das entidades do terceiro setor
Públicos

8 – Custo de transação e externalidades são termos usados nos dias de hoje. Esta semana faleceu um ganhador do Nobel de Economia, responsável pela estruturação destes termos:
Arrow
Coase
Samuelson

9 – O Investor Advisory Committee do Financial Accounting Standards Board foi contrário a proposta de norma contábil conjunta sobre
Estrutura conceitual básica
Leasing
Reconhecimento da receita

10 – Este jogador pagou ao fisco espanhol 5 milhões de euros para tentar resolver pendências :
Cristiano Ronaldo
Iniesta
Messi

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 8 ou 7 = prata; 6 ou 5 = bronze

Respostas: (1) Wagner Canhedo (2) Petrobras; (3) Uso da Lei Rouanet; (4) Da Caixa e do Ministério da Fazenda; (5) Elétrico; (6) Inglaterra; (7) Públicos; (8) Coase; (9) Leasing; (10) Messi

Desemprego nos EUA e a Pornografia

O comportamento da taxa de desemprego dos Estados Unidos em agosto pode ter sido influenciada pela indústria pornográfica, informou o The Telegraph.

No mês de agosto, a indústria de filmes pornográficos esteve paralisada por 12 dias depois da descoberta que um dos atores estava com HIV. O setor de cinema perdeu 22 mil empregos ou 6% do total. Apesar dos dados não detalharem se esta perda ocorreu nos filmes pornográficos, o jornal parece dizer que seria esta a razão.

Mas esta opinião é controversa e não aceita por todos, como aqui. (Cartoon: Henfil)

Tremor nas pálpebras

Do Uol Notícias, por Carmen Guaresemin

Quem nunca sentiu aquele famoso tremor nas pálpebras? Algo tão irritante quanto impossível de ser controlado. Pior: pode durar dias, com direito a curtos intervalos. Mas por que isso é tão comum e, ao mesmo tempo, difícil de ser evitado?

A oftalmologista Andrea Lima Barbosa, diretora médica da Clínica dos Olhos São Francisco de Assis (RJ), conta que é extremamente comum pessoas chegarem a seu consultório com essa queixa. "É sempre preocupante para a pessoa e o correto é procurar um especialista, mesmo. Esse tremor palpebral em episódios é uma luz vermelha avisando que algo não vai bem não só no seu corpo, mas em sua vida", alerta a médica. [...] é um sinal de que a pessoa pode estar no auge do estresse. "Pode ser fadiga, ansiedade, resultado de noites mal dormidas ou problemas pessoais , por exemplo".

Barbosa explica que o tremor, quase sempre unilateral, aparece porque liberamos hormônios ligados ao estresse que vão para o sistema nervoso autônomo. Estes hormônios levam estímulos para as pálpebras, que passam a ter contrações involuntárias, ou seja, impossíveis de se controlar. [...] alguns outros fatores podem desencadear o problema: ingestão excessiva de cafeína, carência de vitaminas, idade avançada, excesso de horas em frente ao computador etc. [...] algumas doenças como conjuntivite e olho seco também podem provocar os espasmos. Isso sem contar que pessoas com mal de Parkinson e Síndrome de Tourette (desordem neurológica ou neuroquímica caracterizada por tiques, reações rápidas, movimentos repentinos ou vocalizações que ocorrem repetidamente) também sofrem com esses espasmos.

[...]

Uma receita caseira dá conta de que compressas de chá de camomila ajudariam a parar o tremor. "Melhor tomar o chá", brinca a médica. Porém, ela ensina que gelo é bom, porque anestesia a musculatura.

Censura da Foto de Hollande

Duas agências internacionais de notícias fizeram uma auto-censura com uma fotografia do presidente francês François Hollande. A censura foi ridicularizada na internet e mídia social. Segundo o The Guardian, a foto foi tirada quando o presidente visitava uma escola no norte de França. Eis a foto

Diniz sai, finalmente, do Pão de Açúcar

Depois de um grande período de brigas entre Abílio Diniz e o corpo diretivo do grupo francês Casino, as intrigas chegaram ao fim. O empresário, atual presidente do Conselho de Administração da BRF, se desligou da empresa fundada por sua família.

Segundo informações da Reuters, Abílio Diniz trocará suas ações ordinárias por preferencias, papéis sem direito a voto. Com isso, Diniz lucrará mais do que a proposta anterior, que tinha como proporção de 0,91 por ação ON. Ainda de acordo com a agência de notícias, os dois lados encerrarão os processos entre si.

Em comunicado oficial e conjunto, as duas partes afirmaram "terminar suas disputas de maneira benéfica para ambos." O presidente do Grupo Casino, Jean-Charles Naouri, também agradeceu Diniz pelo desenvolvimento do Grupo Pão de Açúcar até então e disse que, agora, olhará para "um futuro brilhante."

Os problemas entre a sociedade de Diniz e Casino começaram em 2011, após o empresário tentar unir o Pão de Açúcar ao Carrefour, principal concorrente do Casino na França, para não perder o controle do GPA.

Após a resolução dos primeiros entreveros com o cancelamento da fusão, que necessitou até da intervenção do governo federal, o Casino passou a controlar o Pão de Açúcar, mas com Abílio Diniz como presidente do conselho. Neste ano, Diniz adquiriu ações da BRF, uma das principais fornecedoras da varejista, e também foi eleito presidente do conselho da gigante de alimentos.


Fonte: Aqui

Receita unifica o Simples Nacional

A partir desta sexta-feira, a Receita Federal e os órgãos tributários estaduais e municipais poderão fiscalizar, em conjunto, o pagamento das parcelas do Simples Nacional. Começou a funcionar, em todo o país, o Sistema Único de Fiscalização e Contencioso do Simples Nacional.

Por meio do novo programa, as administrações tributárias poderão lançar, em um único auto de infração, as dívidas relativas aos oito tributos que compõem o Simples Nacional. De acordo com a Receita, 7,7 milhões de micro e pequenas empresas estão inscritas no regime simplificado de pagamento de tributos.

Em agosto, a Receita começou a testar o sistema nas Secretarias de Fazenda de três estados: São Paulo, Rio Grande do Sul e Sergipe. Também foram realizados testes nas Secretarias de Finanças dos municípios de São Paulo, Belo Horizonte e Rondonópolis (MT) e nas Delegacias da Receita Federal de Salvador, Londrina, no Paraná, e Uberlândia, em Minas Gerais.

Os fiscais estaduais e municipais estão sendo treinados e habilitados pelo Comitê Gestor do Simples Nacional. Segundo a Receita, a fiscalização unificada representa um grande avanço na gestão dos créditos tributários do regime especial de tributos.

Criado em 2007, o Simples Nacional é um regime simplificado de tributação que beneficia micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. Em uma única guia, o empresário paga seis tributos federais, mais o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é administrado pelos estados, ou o Imposto Sobre Serviços (ISS), de responsabilidade dos municípios.


Fonte: Brasil Econômico (Imagem adaptada daqui)

É interessante notar que a notícia destaca os ganhos para a Receita. E o contribuinte?

06 setembro 2013

Rir é o melhor remédio







Rir

Fadiga e Desempenho

Em 1984 o então campeão mundial de xadrez Anatoli Karpov, então com 33 anos, duelou com Kasparov, então com 21 anos, pelo título mundial de xadrez tivemos um duelo de gerações. Karpov iniciou o confronto de maneira arrasadora, com quatro vitórias em nove jogos. Como a regra do confronto era de que o campeão do mundo seria aquele que obtivesse seis vitórias, Kasparov começou a adotar uma estratégia para cansar o campeão, provocando empates. Até o jogo 27º. Kasparov segurou os esforços de Karpov em fechar o confronto, com empates sucessivos. Nesta partida, Karpov obteve sua quinta vitória. Ou seja, mais uma partida com a vitória do campeão o título seria mantido.

Existia uma previsão de que a disputa seria encerrada em 18 partidas e isto realmente não ocorreu. No 32º. Jogo Kasparov conseguiu a sua primeira vitória. E a disputa continuou com uma série de empates. Quando iniciou a 47ª. partida o placar apontava 5 vitórias para o campeão e 1 para o jovem desafiante. Mas era perceptível que Karpov estava muito cansado, depois de cinco meses jogando xadrez contra o desafiante. Então, jogando com as peças pretas, que geralmente possuem uma pequena desvantagem, Kasparov obteve a segunda vitória. E no 48º. Jogo Kasparov venceu novamente, fazendo com que o placar ficasse 5 a 3 em termos de vitórias.

Neste momento, o então presidente da confederação de xadrez, o filipino Campomanes, decretou o fim do confronto, alegando que era necessário preservar a saúde dos jogadores.

A disputa do título mundial de xadrez de 1984 mostra o efeitos da fadiga sobre o desempenho dos jogadores. Em geral quando estamos cansados o nosso desempenho cai. Se não dormimos muito, no dia seguinte teremos dificuldade de absorver o conteúdo de uma aula ou de ler um livro. Isto certamente ocorreu com os jogadores, mas Karpov sentiu mais os efeitos das longas partidas.

Se esta associação é valida para atividades intelectuais, também deverá ser para as atividades físicas. Talvez isto seja válido para o basquete e o tênis. Mas para o futebol existe uma surpresa.

É muito comum escutar que o calendário do futebol afeta o desempenho das equipes. Que uma equipe que teve pouco descanso entre uma partida e outra foi prejudicada pela falta de tempo na recuperação dos atletas. Nada melhor que usar os dados existentes para verificar se esta “verdade” tem fundamento.

Um pesquisador da Universidade da Calabria tentou investigar se a fadiga tem efeitos sobre os resultados do futebol. Usando observações da Copa do Mundo e do campeonato europeu de campeões, o pesquisador verificou o intervalo entre um jogo e outro. Se a fadiga é relevante, o time com um menor tempo de recuperação entre dois jogos deveria ter um desempenho pior que outro tipo. Da sua amostra, na metade dos jogos os times tinham o mesmo tempo de descanso, mas em 11% dos casos a diferença de descanso era maior que dois dias. Mas para fazer este tipo de pesquisa, é necessário levar em consideração a qualidade de cada equipe e o fato de jogar em casa.

O resultado que o pesquisador encontrou foi surpreendente: não existe nenhum efeito relevante do número de dias de descanso no desempenho das equipes. Ou seja, os técnicos, jogadores e comentários não devem insistir que o calendário prejudicou um determinado time.

Mas existe um ponto interessante na pesquisa: este efeito existia no passado. Talvez a evolução da preparação física tenha permitido fazer com que os jogadores não sentissem o impacto do número de jogos. Ou quem sabe, os clubes começaram a usar, de maneira mais inteligente, seus atletas.

Leia Mais em SCOPPA, VINCENZO. Fatigue and Team Performance in Soccer: Evidence from the FIFA World Cup and the UEFA European Championship. IZA Discussion Paper No. 7519, July 2013

Leia também sobre o assunto: Mudar o treinador resolve?