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15 julho 2013

Boeing

O gráfico mostra a reação do mercado ao saber do acidente do avião da Boeing:

Hannah Brencher: Cartas de amor para estranhos

A mãe de Hannah Brencher sempre escreveu cartas para ela. E então quando ela se encontrou numa depressão profunda depois da universidade, ela fez o que pareceu natural -- escreveu cartas de amor e as deixou para que fossem encontradas por estranhos. Este ato se tornou uma iniciativa global, "O Mundo Precisa De Mais Cartas De Amor", que leva cartas escritas à mão para aqueles que estão precisando de um impulso.


Como aconteceu o desastre Eike

Eike Batista está abalado e alterna momentos de euforia e depressão. Sai pouco de sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro, evitando aparecer em restaurantes e correr na lagoa Rodrigo de Freitas.

Ele não deixou, porém, de dar expediente no grupo EBX, e tem participado das negociações para vender seu império numa das maiores liquidações de ativos do país.

O estado de espírito de Eike é um reflexo da profunda crise de confiança que derrubou as ações de suas empresas e o atolou em dívidas. As empresas X devem R$ 23 bilhões. Na holding, precisa pagar outros R$ 5 bilhões.

A razão para a derrocada é simples: com base em alguns bons projetos, Eike prometeu resultados exorbitantes, mas não entregou. A OGX seria a "mini-Petrobras", a MMX, a "mini-Vale", o porto do Açu, a "Roterdã dos trópicos", a OSX, a "Embraer dos mares".

Ele previu que a MMX atingiria 33,7 milhões de toneladas em 2013. Produziu no ano passado apenas 7 milhões.

A OGX prometeu produzir entre 40 mil e 50 mil barris por dia neste ano. Em maio, estava com 10 mil.

Para entender o que ocorreu com o grupo, é preciso entender quem é Eike Batista.

A Folha conversou com 13 pessoas próximas a ele: executivos, ex-executivos e interlocutores no governo. A maior parte falou sob condição de não ter o nome citado.

Eike e o grupo EBX não deram entrevista. Alguns o classificam como megalomaníaco --o que ele admite na autobiografia "O X da questão": "Um pouco de megalomania e ousadia é recomendável".

VENDEDOR DE SEGUROS

Mineiro de Governador Valadares, Eike mudou-se criança para a Europa, acompanhando o pai, Eliezer Batista. Iniciou a faculdade de engenharia na Alemanha, mas não terminou. Vendia seguros para se manter.

Voltou ao Brasil no início dos anos 80 para buscar ouro na Amazônia. Na época, Eliezer o outorgou num pedaço de papel um "diploma de idiota" por se embrenhar naquelas fronteiras.

A mãe, Jutta Fuhrken, dizia aos filhos que deveriam ser melhores que o pai, tarefa difícil se tratando de Eliezer, que presidiu a Vale e construiu a mina de Carajás.

Eike prosperou, virou dono de mineradora de ouro e chegou ao primeiro bilhão de dólares. Mas só passou a ser conhecido ao se casar com a ex-modelo Luma de Oliveira.

O casamento ganhou os jornais e a TV. Eike chegou a participar de um leilão de um biquíni no Domingão do Faustão usado pela esposa.

Em 2005, depois de se divorciar, ele criou a MMX. Era o início da trajetória de empreendedor serial. Eike levou seis companhias à Bolsa. Criou outras sete. No total, levantou R$ 27 bilhões. O empresário aproveitou o apetite chinês por commodities e investiu em projetos estruturantes para o país.

Ele tirou dinheiro do bolso para colocar nas suas empresas. Foi assim na MMX, quando subscreveu R$ 200 milhões em debêntures para debelar uma crise.

Acreditava nos seus projetos e convencia os outros. Em 2008, vendeu por US$ 5,5 bilhões duas minas para Anglo American. O negócio ilustra o talento de Eike para vender.

Ele chegou até a levar a então presidente da Anglo, Cynthia Carroll, para passear em sua lancha em Angra dos Reis. Encantada com o projeto, ela assinou o cheque.

A Anglo tenta até hoje tirar minério --e dinheiro-- do investimento. Em 2012, foi obrigada a fazer uma baixa contábil de mais de US$ 4 bilhões por causa da mina comprada de Eike. Carrol renunciou.

Mas a maior aposta foi a OGX, que levou 21 blocos em leilão. As áreas eram nas "franjas" do pré-sal, o que gerou críticas na Petrobras. "O leilão deveria ter sido cancelado. Eike é cria do compadrio do governo", diz Ildo Sauer, ex-diretor da estatal.

Também vieram da Petrobras para a OGX vários executivos, como Rodolfo Landim e Paulo Mendonça.

Com a OGX, Eike traçou uma meta: ser o homem mais rico do mundo. Em 2009, passou a ser o mais rico do Brasil. Em 2012, o sétimo do mundo, com US$ 30 bilhões, segundo a revista Forbes.

A OGX, sob comando do geólogo Paulo Mendonça, exagerou no otimismo.

Na maior parte das petroleiras, engenheiros de reservatório, responsáveis por calcular as reservas, estão subordinados à produção e "jogam água fria" no entusiasmo dos geólogos. Na OGX, respondiam a Mendonça.

O primeiro poço do campo de Tubarão Azul chegou a produzir 18 mil barris ao dia. Mas a equipe falhou em prever que o declínio da produção seria rápido. Com base em estimativas irrealistas, a OGX encomendou plataformas e se endividou.

"É como preparar uma festa para 2 mil pessoas e só comparecerem 100", diz um ex-executivo.

As ações da petroleira desabaram depois do anúncio de que vai interromper a produção em vários campos. Na sexta, fecharam a R$ 0,43. Segundo especialistas, a área é rica em petróleo, mas o óleo é pesado e a rocha tem pouca porosidade. Ou seja, a produção é difícil e cara.

CALÇAS CURTAS

O estilo de gestão de Eike também pode ter comprometido o negócio. Ele costumava levar seus funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias, dizia: "Vocês têm calças curtas".

Nos últimos quatro anos, o grupo EBX perdeu 25 executivos. Os salários eram acima do mercado, mas, na avaliação deles, a divisão da riqueza criada foi desigual.

Em 2009, por exemplo, Eike reduziu o bônus de seus principais executivos. Em seguida, os convocou a aplicar dinheiro na MMX. A maior parte se negou.

O empresário também é resistente a entregar participações nas empresas. O caso mais ruidoso foi o de Rodolfo Landim. Eike teria prometido 1% da holding ao executivo. Na época, a fatia valia US$ 270 milhões. Landim o processou e perdeu.

Há dois meses, Eike pediu ajuda ao governo.

Sempre cultivou boas relações em Brasília e chegou a pagar R$ 500 mil num terno de Lula num leilão beneficente. Dilma foi à inauguração da plataforma da OGX.

O BNDES aprovou R$ 10 bilhões em empréstimos a seus projetos. A decisão foi socorrê-lo, porque sua falência seria ruim para o país.

A Petrobras foi acionada e ministros foram mobilizados. Mas o governo foi atropelado por protestos, e o risco político tornou-se grande demais. As negociações com a Petrobras, contudo, seguem.

Sem apoio do governo, Eike vem sendo obrigado a vender ativos. No início de junho, foi ao encontro de Graça Foster, presidente da Petrobras, junto com André Esteves, do banco BTG. Dias depois, viajou ao exterior para encontrar Ivan Glasenber, CEO da Glencore, para quem tenta passar parte da MMX.

A avaliação de executivos e banqueiros é que parte dos projetos de Eike é importante para o país e vai sobreviver, mas na mão de outros. Ele pode sair dessa com um bom dinheiro, mas perdeu o toque de Midas.


Fonte: Folha de S Paulo, 14 de julho de 2013

Comenta-se que Eike conseguiu grande parte da sua forte graças ao apoio do pai, quando participava do governo, e ao apoio político, nos últimos anos.

14 julho 2013

Rir é o melhor remédio

O treinador Sir Alex Ferguson é muito vitoriosa. Durante décadas comandou o Manchester United e recentemente anunciou a aposentadoria. O vídeo a seguir presta uma homenagem ao treinador sob a forma de um joguinho de Mario. Muito criativo.

Entrevista

Nesta semana entrevistamos a bibliotecária Lúcia Helena de Figueiredo, responsável pela biblioteca do Conselho Federal de Contabilidade - CFC. Para quem não conhece, a biblioteca (foto) talvez seja aquela com o acervo mais especializado na área contábil. Situada no quinto andar do prédio do CFC em Brasília (SAS Quadra 05, Lote 03, Bloco J), esta biblioteca possui desde revistas históricas até livros mais modernos e atuais. Eis a entrevista:

Contabilidade Financeira: Quantos exemplares possui a biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O acervo bibliográfico da Biblioteca do CFC conta com 10.304 exemplares.

Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?

Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.

Contabilidade Financeira: E a revista?

Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).

Contabilidade Financeira: Hoje muitas bibliotecas estão fazendo a digitalização do seu acervo. Como isto está ocorrendo na Biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O processo de digitalização de obras ainda é muito complicado devido às questões de direitos autorais. As bibliotecas estão disponibilizando on-line livros cujos os direitos autorais são de domínio público, publicações editados pelas suas mantenedoras e as publicações acadêmicas mediante autorização dos autores. Na linguagem técnica da área, podemos dizer que a Biblioteca do CFC é uma biblioteca híbrida, disponibiliza acesso a informação, em suporte impresso e digital. Atualmente, por meio da nossa base de dados, disponível no site do CFC (http://www.cfc.org.br/sisweb/biblioteca/ ) , os usuários poderão acessar mais de 2000 referências bibliográficas on-line ( livros, artigos, trabalhos técnicos e científicos, dissertações e teses).

Contabilidade Financeira: Existe alguma diferença significativa entre uma biblioteca comum e uma biblioteca especializada, como é este caso?

Lúcia Figueiredo: Entende-se como biblioteca especializada aquela que atenda a uma instituição, seja ela empresa pública ou particular, restrita a um campo de atuação. Ela servirá de suporte e apoio às decisões e planejamentos técnico cientifico da instituição, para isso terá documentos específicos da área na qual atua, documentos como “livros, periódicos, teses, dissertações, CDs, DVDs, etc. Por se tratar de um acervo que não demanda grande volume de livros, a avaliação e atualização de sua coleção poderá ser constante. As bibliotecas especializadas têm características peculiares, principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares, e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados em termos de áreas de conhecimento.

Contabilidade Financeira: A RBC é o periódico de contabilidade mais antigo de contabilidade no Brasil ainda publicado. Quais são os cuidados na preservação deste acervo tão importante para os contabilistas?

Lúcia Figueiredo: Procuramos, dentro do possível, seguir as recomendações para conservação e preservação das coleções. Além disso, estamos em processo de digitalização dos exemplares da revista, visando a preservação, acessibilidade e disseminação da informação.

Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?

Lúcia Figueiredo: Não.

Contabilidade Financeira: Parte das referências brasileiras estão relacionadas com obras publicadas em Portugal. Existe algum intercâmbio da biblioteca do CFC com bibliotecas daquele país?

Lúcia Figueiredo: Não.

Petrobras 2

Além da mudança contábil anunciada esta semana, que aliviará perdas no balanço decorrentes da alta do dólar, a Petrobrás estuda duas saídas para resolver problemas de caixa, desta vez com operações off-balance (fora do balanço).

A estratégia não seria imediata, depende de entraves contábeis e de vencer resistências dentro da área de exploração e produção da companhia. Mas conta, segundo fontes, com a simpatia da presidente da empresa, Graça Foster, e da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard.

Uma das propostas é ampliar a Sete Brasil ou criar uma empresa espelho dela - uma companhia nos mesmos moldes para deter ativos novos com o objetivo de alugá-los à Petrobrás. A proposta foi apelidada jocosamente de "Oito Brasil".

Outra medida seria criar uma empresa para a qual a Petrobrás venderia algumas plataformas que já existem, de sua propriedade, embolsaria o dinheiro e passaria a alugar as mesmas embarcações. As duas propostas seriam off-balance, ou seja, tirariam pesos do balanço da Petrobrás, aliviando os limites de endividamento e dando mais fôlego para investimentos.

Graça Foster já externou a interlocutores seu apoio a soluções off-balance nos moldes da Sete, embora não para este ano. A área de exploração & produção prefere ter ativos próprios.

A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, é defensora de saídas off-balance. "A experiência passada mostra que a Petrobrás consegue soluções criativas, com operações off-balance, para driblar dificuldades", disse, em entrevista ao Broadcast em marco.

Uma fonte graduada envolvida nas negociações estima que a venda de seis FPSOs (plataformas flutuantes) renderia de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões à Petrobrás. Um dos impedimentos para esta solução está nas novas regras contábeis internacionais (IFRS), adotadas no Brasil há três anos.

As normas impedem que uma empresa venda uma plataforma e alugue o mesmo equipamento por período indeterminado, o que seria apenas uma maquiagem financeira. Deveria haver um limite para o aluguel, de forma que a plataforma pudesse ser oferecida a outra empresa. Mas a fonte diz que uma empresa nos moldes da Sete Brasil solucionaria esse impasse


SABRINA VALLE / RIO - O Estado de S.Paulo

Lupatech

A Lupatech deu ontem mais uma demonstração do tamanho da crise que vive: a empresa informou ao mercado que não pagou uma dívida de US$ 6,7 milhões relativa a juros devidos sobre bônus emitidos na Bolsa de Luxemburgo. A falha em saldar uma obrigação relativamente pequena é, segundo analistas, um sinal da grave situação de caixa da companhia.

Ao fim do primeiro trimestre, a empresa, que presta serviços para a indústria de petróleo, só contabilizava R$ 21 milhões em caixa, ainda menos do que as magras reservas do quarto trimestre de 2012, de R$ 31,8 milhões. É muito pouco diante das obrigações que a empresa tem pela frente - mais de R$ 700 milhões da dívida total de R$ 1,3 bilhão vencem no curto prazo - e da ausência de perspectiva de melhores resultados operacionais.

A situação se reflete diretamente nas ações da companhia: os papéis, que valiam R$ 10 há dois anos, hoje são negociados a R$ 0,50. No auge da euforia da Lupatech, que coincidiu com o anúncio das reservas do pré-sal, em 2008, os papéis passaram da marca de R$ 40.

Segundo os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, não há como a Lupatech seguir no mercado sem receber novos aportes de capital dos sócios. "O backlog (carteira de projetos futuros) não é suficiente para garantir uma melhoria do ponto de vista operacional", dizem os analistas.

Neste cenário, a perspectiva é que o bloco de controle - formado por BNDESPar, Petros (o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás) e a GP Investimentos - deverá ser acionado novamente. À medida que as dificuldades da Lupatech se amontoaram, os sócios com maior capacidade de investimento foram sendo acionados. A participação do braço de investimentos do BNDES na empresa saltou de 11,4% para 31% entre o fim de 2011 e o primeiro trimestre de 2013.

O problema, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é que o cenário atual é desfavorável para novos investimentos do banco de fomento no negócio. "A situação econômica mudou, com o País vivendo dificuldades para controlar a inflação e para fechar a conta do superávit primário", diz o especialista no setor de petróleo. "Com o atual clima político, vai ser mais difícil o BNDES explicar um aporte numa empresa que não está dando certo. É um problema semelhante ao que vive o empresário Eike Batista."

Não faz muito tempo que o BNDES e a Petros capitanearam uma tentativa de resgate para evitar a quebra da Lupatech. Em abril do ano passado, foi feito um aumento de capital de R$ 700 milhões, no qual BNDESPar e Petros tiveram preferência de compra das novas ações.

Segundo fontes, há duas razões para o drama vivido pela Lupatech. O primeiro é de gestão. Com o caixa inflado pela abertura de capital, em 2006, a Lupatech foi às compras: gastou cerca de R$ 400 milhões em 17 aquisições. No entanto, quando começou a enfrentar dificuldades, ficou claro que algumas das compras não tinha sido acertada. A partir de 2011, a empresa se desfez de negócios como Microinox e Metalúrgica Ipê.

A outra face do problema é a lentidão da Petrobrás em fazer os investimentos para tirar os projetos do pré-sal do papel. Hoje, cerca de dois terços do faturamento da Lupatech estão ligados à estatal. O problema, segundo os analistas da Coinvalores, é que a fornecedora não pode mais esperar, já que suas obrigações são de curto prazo.

O ritmo lento do desenvolvimento do pré-sal, segundo Pires, do CBIE, pode ser explicado por duas exigências do governo à Petrobrás: ao mesmo tempo que tinha de ser a operadora do pré-sal, a empresa foi obrigada a segurar o aumento da gasolina, o que prejudicou sua capacidade de investimento.


FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo

Petrobras

Uma mudança promovida pela Petrobrás na forma de contabilizar sua dívida exposta à variação cambial deve permitir à estatal melhorar o resultado do segundo trimestre em cerca de R$ 7 bilhões, reduzir sua exposição ao câmbio em cerca de R$ 70 bilhões e aumentar seu lucro. No fim, isso deve significar uma elevação do pagamento de dividendos aos acionistas, sendo o principal deles a União.

Para analistas, o novo cálculo inclui a empresa na "contabilidade criativa" do governo no esforço de atingir a meta fiscal.

Gustavo Gattass, do BTG Pactual, disse que a medida o fez elevar a estimativa do resultado da companhia no segundo trimestre. Mas disse acreditar que, no médio prazo, o efeito pode ser negativo. "Vejo esta movimentação como negativa, com uma ainda mais negativa conclusão por trás dela. Triste, porque o momento não é adequado", disse, defendendo mais transparência na empresa.

As novas regras permitirão à Petrobrás registrar de forma diluída, ao longo dos próximos sete anos, parte do prejuízo causado pela variação cambial na dívida. A parcela exposta ao câmbio, cerca de US$ 50 bilhões no fim de março, subiu em reais na mesma proporção em que se valorizou a moeda estrangeira.

No último trimestre, a alta de 10% do dólar representou, portanto, um prejuízo contábil de R$ 10 bilhões (US$ 5 bilhões). Procurada, a Petrobrás informou que não falaria sobre o assunto.

A manobra contábil é legal e não é inédita. Grandes empresas, como Usiminas e BRF, também adotam o modelo. Mas a decisão da Petrobrás ganha maior repercussão por ocorrer em um momento de forte valorização do dólar. No segundo trimestre de 2012, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro resultado trimestral negativo desde a maxidesvalorização do real, em 1999.

Com a perspectiva de um balanço melhor, as ações ordinárias (ON) da companhia, que pagam dividendos ao governo, subiram ontem 7,25%, a maior alta do Ibovespa. Mas, para analistas, o movimento seria especulativo, não teria trazido novos acionistas para a empresa, e pode inverter posição no médio prazo. A adoção da contabilidade de hedge reduz a volatilidade das ações no curto prazo, mas é insuficiente para alterar a visão do investidor de longo prazo sobre a companhia.

"O que a gente espera hoje para ficar mais positivo com a Petrobrás não é uma mudança de contabilidade, mas de resultado", diz Will Landers, gestor na América Latina de fundos da BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo. Para ele, a mudança depende do que a presidente da estatal, Graça Foster, conseguirá entregar em termos operacionais. A BlackRock mantém, nos fundos geridos pelo executivo, a classificação da Petrobrás como "underweight" - abaixo da performance do índice de mercados emergentes da América Latina.

Landers prefere não classificar a alteração contábil da Petrobrás de "criativa", por considerar que ela está em linha com os padrões de contabilidade internacional. "Mas, sem dúvida, (a mudança) vai ajudar na meta do governo de arrecadar mais divisas por meio de dividendos altos", disse. Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não faria comentários sobre a mudança, pois se trata de uma decisão empresarial.

A equipe de analistas do BES Securities também acredita que a utilização de uma prática contábil que permite a redução de impactos por variações cambiais vai melhorar "artificialmente" os resultados da Petrobrás no segundo trimestre. Com ela, a despesa financeira excepcional ocasionada pela valorização do dólar, que seria de R$ 10 bilhões no período, deve cair para R$ 3 bilhões, estima a instituição.

"Vemos esta mudança contábil como negativa, uma vez que vai melhorar artificialmente os resultados do segundo trimestre, embora ela seja uma alteração permitida", destacou o banco O cálculo dos analistas é baseado na variação de aproximadamente 10% do dólar ao longo do segundo trimestre. Como a Petrobrás possui uma exposição líquida ao dólar estimada em R$ 100 bilhões, o impacto da variação cambial seria de R$ 10 bilhões.


SABRINA VALLE, MARIANA DURÃO / RIO, ANDRÉ MAGNABOSCO / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

13 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Colocando na nuvem

Fato da Semana

Fato: Derrota do Rodízio de Auditoria nos Estados Unidos 

Qual a relevância disto? – Os defensores do rodízio das empresas de auditoria acreditam que isto poderá melhorar a qualidade do serviço prestado. Mas aqueles que são contra o rodízio também possuem bons argumentos, incluindo o aumento no custo do trabalho. Alguns países já implantaram o rodízio, incluindo países desenvolvidos. Na maior economia do mundo, onde a contabilidade é mais avançada, o regulador das empresas de auditoria tentou criar normas para obrigar as empresas a fazerem o rodízio.

Num primeiro momento a proposta foi derrotada no congresso, dentro de uma das suas comissões, por 52 votos a zero. Agora o Congresso aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. Isto praticamente enterra as chances de se ter o rodízio naquele país nos próximos anos.
O ato teve aprovação do AICPA, uma entidade historicamente dominada pelas grandes empresas de auditoria, que são contrárias ao rodízio. Mas alguns comentaristas lamentaram a aprovação, por entender que o rodízio poderia ser uma experiência que melhoraria a qualidade dos pareceres.

Positivo ou Negativo? – Depende. Se você é favorável ao rodízio, a aprovação realmente é negativa. Impede que empresas da maior economia sejam obrigadas a mudar seus auditores. Se você acredita que o rodízio é ruim, o fato da semana é positivo.

Desdobramentos – Pelo menos nos Estados Unidos, o assunto rodízio não voltará a ser debatido pelos reguladores nos próximos anos. Como os Estados Unidos possuem uma grande influencia em outras economias, isto também pode significar que esta experiência talvez não seja implantada em muitos países.

Outro fato relevante: a escolha de um fato relevante é sempre difícil. Além deste, é interessante notar que a semana apresentou, em dois países distintos, um problema com o ativo “mais” líquido existente: a moeda. Nestes países, a moeda corrente pode não possuir o valor de face.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – Este país está vendendo sua moeda para colecionadores por um valor menor que o valor de face. Isto é um exemplo interessante de que o dinheiro pode, em certas circunstâncias, ser avaliado por um preço menor que o valor nominal. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

2 – Já este outro país está incentivando sua população a denunciar quem não aceita a moeda de maior valor, que possui a figura de um líder carismático para uma parcela da sua população. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

3 – Finalmente ficamos sabendo que os sócios estrangeiros do Banco Renner são brasileiros com domicilio no exterior. Tratam-se
Bispo Edir Macedo e Esposa
Cantor Roberto Carlos
Luciano Huck e Angélica

4 – Esta empresa anunciou, entre 2009 a 2012, 55 comunicados sobre descoberta de petróleo e informações derivadas. Hoje sabe-se que alguns dos comunicados eram manipulados:
BHP
OGX
Petrobras

5 – E esta outra está sendo investigada por suposta prática de esquema de pirâmide no Brasil:
Anway
Herbalife
Telexfree

6 – O Comitê da Basileia está estudando mudar as normas recentemente aprovadas denominadas de Basileia 3. Trata-se de normas sobre
O capital das instituições financeiras
O hedge que deve ser feito em derivativos
O valor do sinistro das seguradoras

7 – A Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada para alguns clientes vips do índice de confiança do consumidor. A divulgação antecipada significava que estes clientes recebiam a informação com antecedência de quanto tempo em relação aos clientes normais?
1 hora
1 minuto
2 segundos

8 – Neste país, o partido do governo está sendo investigado por uso de caixa dois. Inclusive com pagamentos ao principal estadista do país. O tesoureiro responsável pela distribuição do dinheiro acumulou uma boa fortuna
Argentina
Brasil
Espanha

9 – A inflação deste país está perto dos 40% anuais. Para o Goldman Sachs isto é hiperinflação.
Equador
Venezuela
Zimbabue

10 – Um grande jornal anunciou-se que a Petrobrás estará usando a contabilidade de _____ para proteger-se do movimento do câmbio.
Derivativos
Equivalência patrimonial
Hedge

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) Irã; (2) Argentina; (3) Bispo Edir Macedo e Esposa; (4) OGX; (5) Telexfree; (6) O capital das instituições financeiras; (7) 2 segundos; (8) Espanha; (9) Venezuela; (10) Hedge

O que Bernanke e os protestos têm em comum?

O que Bernanke e os protestos têm em comum?"
Texto de Ilan Goldfajn para O Estado de S. Paulo e O Globo.
Publicado em: 02/07/2013

Tudo está mudando ao mesmo tempo. Choque internacional, protestos no País. Até a Seleção Brasileira mudou e voltou a jogar como campeã.
 
Parece obra do acaso. Mas não acredito em coincidências, o choque externo sinaliza proximidade do fim de um ciclo global e, através de caminhos diversos, desperta a insatisfação local já existente. Por isso acontecem ao mesmo tempo. A economia global certamente está mudando de rumo. E pressionando a economia brasileira. Após anos de juros zero, fluxos de capitais abundantes para países emergentes e pressão para apreciação do real, a maré está mudando. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixou claro que já está preparando a diminuição dos estímulos dos últimos anos e, no futuro, a subida de juros. Agora os fluxos de capitais estão voltando aos EUA e o real deprecia, pressionando a inflação e requerendo políticas mais austeras. O Banco Central do Brasil (BC) tem intervindo no mercado de câmbio tentando suavizar o impacto do choque, mas o movimento é forte.
 
Ao mesmo tempo, os protestos indicam necessidade de mudanças: melhores serviços públicos, mais crescimento, menos inflação e, de uma forma geral, aumento do bem-estar. Essa situação reduz o espaço de manobra da política econômica, no curto prazo. Mas a dificuldade abre espaço para a oportunidade que, se bem aproveitada, pode melhorar a economia no longo prazo.
 
São vários protestos no mundo, cada um diferente do outro. O que têm em comum é que ocorrem no fim de um longo ciclo global, que começou com uma década de crescimento forte (sem discriminar por país ou tipo de política econômica, não havia política errada) e passou por uma crise financeira global, que quase levou à depressao no mundo e à quebra do euro, só evitadas graças a políticas extremas de estímulo por parte dos governos. O fim do ciclo está próximo, pelo menos nos EUA, onde o desemprego cai e aproxima-se do patamar de 6,5%, ponto focal para reversão das políticas de estímulo. O excesso de estímulo fica para trás. A nova realidade assusta o mundo.
 
A princípio não haveria por que temer a nova realidade nos EUA. Se, por um lado, juros mais altos nos EUA e reversão dos fluxos de capitais têm consequências negativas, como a liquidação de ativos nos países desenvolvidos, queda nas bolsas e nos outros ativos, sem falar na depreciação cambial, por outro lado, o país que primeiro entrou em crise, com o problema dos empréstimos "subprime", está começando a sair dela. E a volta do crescimento nos EUA pode significar, com alguma defasagem de tempo, o começo do fim da recessão na Europa e a volta para um "novo normal". Até mesmo a desaceleração recente das economias emergentes  pode ser revertida com a ajuda da volta do crescimento nos países avançados. Entendo a desaceleração atual nos emergentes como efeito da desaceleração global – retardado alguns anos pelas políticas domésticas de estímulo que conseguiram adiar o efeito do choque global. Agora seria o começo do caminho na direção contrária.
 
A subida dos juros no mundo é a outra face da volta do crescimento global. Uma não vai ocorrer sem a outra. O impacto em cada uma das economias no mundo emergente vai depender da combinação do impacto financeiro negativo com o impacto da volta do crescimento global.
 
Na América Latina acredito que existam defesas bem construídas para choques financeiros. A grande maioria dos países (inclusive o Brasil) construiu grandes (e custosos) estoques de reservas internacionais que servem de defesa, pois podem ser usados para suavizar qualquer ajuste necessário na economia, sem grandes traumas. Muitos governos tornaram-se credores em moeda forte, os passivos externos são menos rígidos e a maturidade da dívida pública é mais longa. As defesas foram construídas como lições das crises das décadas anteriores, essencialmente financeiras. Acredito que após o choque inicial e o ajuste aos tremores que se seguem haverá reversão dos eventuais exageros e a volta da calmaria.
 
A vulnerabilidade maior na América Latina hoje é a um choque real. Uma desaceleração mais forte da China, que venha a impactar negativamente as commodities e os termos de troca e, portanto, a renda na região teria um impacto maior. Qual  a probabilidade desse cenário? Num contexto em que a economia global se recupera lentamente, uma desaceleração mais forte da China seria consequência do estouro da bolha de crédito e de investimento, estímulos usados para revitalizar a economia depois da quebra do Lehman Brothers. Uma desaceleração específica da China teria um impacto maior nas economias da América Latina (e no Brasil) do que o impacto do choque de juros de Bernanke.
 
O impacto do novo ciclo mundial no Brasil depende, portanto, das idiossincrasias na China, mas também de suas próprias. O que temos de específico no Brasil em relação ao resto do mundo? Em que divergimos mais? Entramos nesta nova fase com inflação mais alta que nossos vizinhos, muitos com inflação abaixo das suas metas. Isso coloca limites na depreciação do câmbio que pode ser absorvida pela economia (pelo menos sem que a alta da inflação exija mais medidas de austeridade, difíceis no contexto atual). Também adotamos política fiscal mais estimulativa do que os outros, em parte porque o Brasil começou a desacelerar antes das outras economias do mundo. Precisamos fazer ajuste fiscal e ao mesmo tempo atender às novas demandas de velhos problemas. Está claro que a dificuldade de hoje é também a oportunidade de rebalancear a economia. Precisamos voltar a investir em infraestrutura, mas também em serviços públicos consistentes com a alta carga tributária. Reformas que privilegiem a educação são muito bem-vindas, há que se olhar o longo prazo. Só assim reagiremos à altura ao choque externo combinado aos protestos.
 
 Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.

12 julho 2013

Rir é o melhor remédio










Contabilidade na Petrobras

Leiam o texto a seguir:

Para evitar o forte impacto do câmbio em seus balanços, a Petrobras informou que passou a adotar desde maio deste ano uma nova regra contábil, conhecida contabilidade de hedge --instrumento usado para proteção contra variações de moedas em empresas que tem receitas ou dívidas em outras moedas que não o real.

Segundo a Petrobras, essa prática é regulamentada no Brasil e "permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos (balanços trimestres)".

O mecanismo só pode ser usado, porém, desde que as companhias "gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos", de acordo com a estatal.

Em outras palavras, a empresa terá de obter receitas em moeda estrangeira que compensem, por exemplo, o impacto negativo do câmbio em suas dívidas.

No caso da Petrobras, a nova regra contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas expostas à variação cambial (ou seja, denominada em dólar ou outras moedas) por um período de sete anos. Desse modo, a estatal tem esse prazo para "compensar" eventuais perdas decorrentes do câmbio.

A compensação se dará por meio das exportações da estatal, protegendo cerca de 20% das vendas externas da companhia pelo mesmo período.

"Com a aplicação da contabilidade de hedge, os ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da companhia na medida em que as exportações forem realizadas.

Até que essas exportações sejam realizadas, as referidas variações serão acumuladas em conta do patrimônio líquido", diz a estatal em comunicado.

Para o banco britânico Barclays, espera-se com a introdução do mecanismo "reduzir o impacto causado pela variação cambial" no balanço da estatal.

No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a oscilação do câmbio gerou menor pressão sobre o endividamento da Petrobras e resultou num impacto positivo de R$ 925 milhões na comparação com o primeiro trimestre de 2012.

Às 15h27 (horário de Brasília), as ações mais negociadas da Petrobras (preferenciais, sem direito a voto) subiam 2,89%, para R$ 15,65, enquanto os papéis ordinários (com direito a voto) da petroleira avançavam 6,44%, para R$ 14,69. (Folha de S Paulo, grifo nosso, 
Petrobras muda contabilidade para reduzir impacto do câmbio, 11 julho 2013)

Observem a forma "torta" com que o texto trata a contabilidade por hedge: o texto dar a entender que o hedge é uma regra contábil, quando na verdade os lançamentos contábeis refletem este fato. Pensei em fazer uma série de observações, mas confesso que não tive paciência. 

Estudo destaca ocupações de nível técnico com maiores ganhos salariais



Com base em dados extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE), uma pesquisa divulgada pelo Ipea apontou as carreiras de nível técnico que mais geraram vagas de trabalho e tiveram maiores ganhos salariais entre 2009 e 2012. Na geração de vagas, destaque para a área de saúde.

Entre as ocupações que predominam com maiores ganhos salariais estão as de operadores de câmara fotográfica, de cinema e de televisão (com aumento real de 51,1% nos salários), dos técnicos de inspeção, fiscalização e coordenação administrativa (aumento de 41,6%) e dos técnicos em laboratório (29,3%).

Os dados fazem parte da edição especial do boletim Radar - Tecnologia, Produção e Comércio Exterior.

CVM e Evidenciação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) discute internamente a possibilidade de divulgar ao mercado os ofícios de alerta que encaminha às companhias abertas ou a pessoas físicas que atuam no mercado de capitais. Nesses documentos, a autarquia, após identificar alguma irregularidade desses agentes, chama a atenção para o fato, fixa um prazo para que a irregularidade seja corrigida e alerta para que ela não se repita.

Fernando Soares Vieira, superintendente da área de relações com empresas (SEP) da CVM, conta que em 2008 o colegiado da época discutiu o tema e decidiu que esses documentos não deveriam se tornar públicos, conforme a deliberação 542.

"Mas hoje nosso entendimento é que seria muito bom divulgá-los, até mesmo para dar uma satisfação ao mercado. Três ou quatro casos recentes nos fizeram chegar a essa conclusão", diz Soares, ressaltando que a decisão não cabe à superintendência, mas sim ao colegiado, que deverá examinar novamente o tema.

Os ofícios de alertas são apenas um dos instrumentos de fiscalização e supervisão de riscos da CVM, rotineiramente utilizados, mas que quase nunca se tornam públicos, a menos que, por exemplo, alguma companhia tome a iniciativa de divulgá-los.

O mercado já acostumou-se à resposta-padrão da CVM a questionamentos sobre possíveis más condutas. "A autarquia não comenta casos específicos, mas está sempre analisando todos os casos no mercado". Apesar da pouca informação, essa resposta está longe de indicar que a atividade de fiscalização na CVM não seja intensa e criteriosa, embora, a própria autarquia reconheça que suas atividades são pouco divulgadas ao público.

"Sabemos que [essa falta de divulgação] traz o risco de ficar no mercado uma imagem de que a CVM não está atuando", afirma Claudia Hasler, assessora da SEP. "Mas nós não podemos correr o risco de perder um caso. Se ficar a sensação de que fizemos um pré julgamento, pode ser alegado que houve um cerceamento de defesa. E com isso podemos perder um caso em que uma punição poderia ser feita até mesmo com um efeito instrutivo para o mercado", afirma. É por essa razão, explica Claudia, que a CVM sempre opta por ser discreta. "O regulador não pode parecer injusto, ter a imagem de que não apura tudo o que deve apurar ou de que não ouve as pessoas e as companhias. Nenhuma das duas coisas seriam boas", afirma. (...)


CVM estuda tornar público alerta enviado a companhia - Ana Paula Ragazzi | Do Rio - Valor Econômico - 11/07/2013

Crédito Tributário para bancos

As instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com exceção das cooperativas de crédito e administradoras de consórcio, poderão apurar crédito tributário presumido a partir de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos, a cada ano. Crédito presumido é um valor que a instituição financeira pode registrar no seu livro fiscal e usar para quitar tributos devidos no futuro, como se fosse uma espécie de devolução.

Esses créditos presumidos são fruto de tributos que foram cobrados anteriormente sobre essas provisões. Eles são importantes porque podem ser usados na composição do patrimônio de referência (PR) dos bancos.

A possibilidade de apuração de tais créditos pelas instituições financeiras foi instituída pela Lei nº 12.838, publicada ontem no Diário Oficial da União. Essa lei relaciona-se com a Medida Provisória nº 608, de 2013, conhecida como "MP da Basileia". Existe estimativa de que os créditos oriundos da provisão para crédito de liquidação duvidosa somem cerca de R$ 63 bilhões.

De acordo com a nova lei, esse crédito presumido poderá ser apurado quando as instituições financeiras apresentarem, ao mesmo tempo, créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos e prejuízo fiscal. Ambos valores devem ter sido apurados no ano anterior. Assim, não vale usar o prejuízo fiscal acumulado até o ano anterior para o cálculo desses créditos.

O valor do crédito presumido corresponde a 25% de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e 15% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Os tributos incidem sobre as diferenças entre as despesas com essas provisões, segundo a lei contábil, e as despesas autorizadas como dedução para a determinação do lucro real. A nova lei traz a fórmula para o cálculo exato do valor do crédito presumido.

Nos casos de falência ou liquidação extrajudicial das instituições financeiras, o total do saldo de créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos, apurado na escrituração societária, corresponderá ao crédito presumido a partir da data da decretação da falência ou da liquidação extrajudicial. Isso valerá para instituições com falência ou liquidação decretadas a partir de janeiro de 2014.

Na prática, segundo Carlos Pelá, diretor setorial da comissão de tributação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), antes as instituições corriam o risco de ter que recolher mais imposto. "Com a nova lei, os créditos tributários decorrentes dessas provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos passam a ser computados no PR como dedutíveis [do lucro]", afirma. Quanto maiores os valores dedutíveis, menor a base de cálculo de IRPJ e CSLL a pagar.

Os bancos poderão pedir o ressarcimento dos créditos presumidos ao Fisco. Mas a Fazenda poderá checar a exatidão do valor apurado. Em relação a todas essas mudanças, a nova lei produz efeitos a partir de 1º de janeiro de 2014.


Bancos poderão solicitar crédito tributário referente a provisões - Laura Ignacio | De São Paulo - Valor Econômico - 11/07/2013

11 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Gastos da União


[...]

Ninguém sabe disso com clareza, mas 75% dos gastos da União se dão com uma gigantesca folha de pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais, além dos salários de servidores, resultado de um exagerado modelo de transferência de dinheiro para certos segmentos, não necessariamente os mais necessitados. Essa folha corresponde hoje a cerca de 54 milhões de contracheques, onde se pendura mais de metade da população brasileira, se raciocinarmos com duas pessoas sustentadas a cada contracheque.
Os 25% restantes da despesa total se decompõem em 8% para gastos correntes em saúde; 1,3% para os investimentos em transportes; 4,7% para os demais investimentos; e os demais 11% são gastos correntes pulverizados em setores que às vezes deveriam ser prioritários e não o são. Essa última parcela inclui, ainda, o espremido custeio geral da máquina, de onde o ministro da Fazenda quer agora tirar algo 50% acima do gasto em transportes, obviamente inviável.
Ressalte-se que em 1987, um pouco antes da implementação do atual modelo de gastos, os gastos em saúde representavam os mesmos 8% do total, enquanto os de investimento eram 16% do todo. Enquanto isso, a “grande folha de pagamento” pesava bem menos: 39% do total.
Como se vê pelos protestos, saúde e infraestrutura estão na linha de frente dos gritos. Ou seja, só transferir dinheiro não é suficiente. A tarefa é grande e urgente. O país precisa correr porque está em cima do laço.
[...]

Inflação na Venezuela

O gráfico mostra a inflação anualizada da Venezuela. Hoje está em quase 40%. Para o Iasb, uma taxa de 100% em três anos representa uma economia hiperinflacionária. Já o Goldman Sachs considera uma taxa anual superior a 40%.

Caixa dois na Espanha

O Partido Popular (PP), que governa a Espanha, foi obrigado a divulgar ontem reiterados desmentidos de que operava recursos de "caixa dois" para fazer pagamentos não declarados a seus membros mais antigos, entre os quais o atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy.

O partido de Rajoy foi atacado por políticos da oposição, depois que o jornal "El Mundo" publicou ontem o que alega serem cópias de originais com registros de movimentações de dinheiro clandestinas, que eram mantidos por Luis Bárcenas [montagem], ex-tesoureiro do PP que está na prisão aguardando julgamento.

(...) O jornal "El Mundo" afirma que os documentos que publicou mostram que Mariano Rajoy recebeu pagamentos ilegais quando era ministro no governo de José María Aznar, o então primeiro-ministro, juntamente com outras altas figuras do PP, como Rodrigo Rato, então ministro da Economia e, posteriormente, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Todos os supostos beneficiários negaram que esses pagamentos tenham sido feitos.

Os desmentidos vieram na esteira da anterior publicação, pelo jornal "El País", de fotocópias da contabilidade clandestina supostamente mantida pelo ex-tesoureiro Bárcenas, documentos que, segundo o PP, não têm credibilidade por não serem originais. Agora o "El Mundo" alega ter publicado cópias dos originais.

Bárcenas, que está detido e aguarda um julgamento sobre como acumulou uma fortuna em torno de € 48 milhões em contas bancárias no exterior, dissera inicialmente que os documentos eram falsos, mas depois mudou sua versão, alegando que o partido o pressionara para que mentisse a respeito. (...)


Cresce escândalo do mensalão do PP na Espanha - Miles Johnson | Financial Times publicado no Valor Econômico - 10/07/2013


Sarcasmo

Uma empresa francesa está desenvolvendo uma ferramenta que será capaz de identificar comentários sarcásticos publicados na internet. O software usa um combinação de linguistica, semântica e heurística para obter algoritmos. Alguns especialistas estão duvidando dos resultados, já que o sarcasmo pode ser muito sútil. Mas acredita-se que a taxa de sucesso seja de 80%.

PwC e a Mulher

Gaenor Bagley, da PricewaterhouseCoopers, reconheceu que sua empresa não tem feito progressos significativos na participação das mulheres no topo do comando. Num artigo escrito para o The Telegraph, Bagley informa que 15% dos partners são mulheres (eram 8% em 2008) e 27% do board são mulheres. Apesar da evolução, Bagley reconhece que a taxa de promoção das mulheres na PwC ainda é baixa: apesar de 29% dos diretores serem mulheres, nas últimas promoções somente 16% eram mulheres.

A análise de Bagley realmente é interessante:

The reality is that there are still a number of barriers businesses need to overcome before satisfactory progress is made. This includes tackling the unconscious assumptions people make about leadership, which are influenced by our history of predominantly male leaders. So leadership is often linked in people’s minds with attributes such as gravitas and impact, which they associate with men. The effect is many women are simply not putting themselves forward for these roles as they don’t think they fit the mould. But also they are less likely to be perceived by others as leaders or having the potential to be a leader.

People tend to promote in their own image, and with men still holding the majority of managerial positions, women are often being unfairly viewed as a
more ‘risky’ choice because they don’t necessarily display the same leadership traits at work as men, or they may display them in a different way. It is an uncomfortable truth that we are influenced by deep-held stereotypes and are therefore not as fair as we think we are. We are missing out on some key talent because of this.

10 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

CPI do Eike

Confusão a caminho – As relações do governo do PT com o megaempresário Eike Batista pode ser maior do que o escândalo do Mensalão do PT, esquema de corrupção montado no governo Lula para comprar apoio de parlamentares no Congresso Nacional, cujo principal mentor, o ex-deputado e então ministro José Dirceu, foi condenado juntamente com outros parlamentares pelo Supremo Tribunal Federal. A opinião é do presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP).
Freire defendeu a união dos partidos de oposição para exigir investigação em todas as instâncias cabíveis de Eike Batista e seus negócios com o governo Lula. “Pelas relações promíscuas e eivadas de corrupção, pelas facilidades com que esse empresário circulava nas hostes governistas, este escândalo poderá ser maior do que do Mensalão, nestes tempos lulopetistas. É preciso que as oposições exijam apuração deste caso”, afirmou Freire.
Ele lembrou que foi graças ao patrocínio do ex-presidente Lula que Eike Batista foi elevado a “símbolo de capitalista dos tempos de ouro do governo petista”.
O parlamentar defendeu que os contratos do empresário com a Petrobras sejam apurados, bem como o uso do BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social) para beneficiar onze empresas do grupo EBX, de propriedade de Eike Batista, com o empréstimo de R$ 10 bilhões. “O BNDES é apenas um instrumento desse colossal escândalo que, se for apurado com rigor, poderá abalar a República”, alertou Roberto Freire.
Fonte aqui

Erros de previsão

Com incertezas se acumulando no cenário macroeconômico — incluindo as flutuações do câmbio e as pressões das manifestações populares —, os especialistas têm cada vez mais dificuldade de acertar previsões sobre indicadores, como os resultados da produção industrial e a expansão do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de produtos e serviços produzidos).

Na última divulgação da produção industrial, na semana passada, nenhum dos 30 principais bancos listados pela Bloomberg acertou a queda de 2%. As previsões apontavam retração de 1,1%. No mês anterior, as projeções indicavam alta de 1%, mas o resultado foi de 1,9%.

No Banco Central, o fato de o IBC-Br, prévia da instituição para o PIB, ficar bem próximo do resultado oficial costumava ser exaltado e era estampado em documentos, como o relatório de inflação. Agora, com as divergências, o BC frisa que usa metodologia diferente da aplicada pelo IBGE, que afere o PIB oficial.

Especialistas afirmam que o cenário está mais complexo e isto eleva a volatilidade dos dados. (...)


O Globo - Com dólar, incentivos e manifestações, especialistas erram previsões econômicas

Questão de segundos

Pressionada pela promotoria de Nova York, a Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada — em dois segundos — do índice de confiança do consumidor americano a clientes que pagam uma taxa extra. Os dados são produzidos pela Universidade de Michigan e fornecidos à agência num contrato anual de pelo menos US$ 1 milhão por ano. A universidade põe as informações em seu site duas vezes por mês, às 10h. A clientes, a Reuters oferece as informações às 9h 55m. E a um seleto grupo que paga uma taxa extra, às 9h 54m 58s.

Os dois segundos representam uma vantagem para fundos quantitativos (de alta frequência, que usam algoritmos para encontrar oportunidades e disparam ordens de compra e venda automaticamente, em segundos), que pagam mais de US$ 6 mil por mês pelo privilégio.

A prática, iniciada em 2008, viola a legislação antifraude, avaliam os promotores, que vêm investigando o caso desde abril, após denúncia de empregados da agência. O objetivo é proteger os investidores, nivelando o acesso a informações. O índice de confiança do consumidor é uma das mais importantes medidas do cenário econômico do país.

Estratégia de segundos

Um porta-voz da agência defendeu a prática e, a princípio, se recusou a suspendê-la. Mas a promotoria avisou que pediria um mandato judicial. Diante da perspectiva de uma batalha nos tribunais, a Reuters disse ontem que, enquanto a investigação estiver em curso, todos os usuários receberão as informações às 9h55. A agência não quis informar quantos clientes tinham acesso aos dados antecipadamente.

O caso destaca a crescente importância das operações de alta frequência — mais da metade do movimento de ações nos EUA é feito desta forma hoje. Provedores de informação, incluindo as grandes Bolsas, cobram pelo acesso antecipado a dados, um mercado estimado em US$ 25 bilhões, de acordo com o “Financial Times”, e os reguladores começam a examinar a questão.

Publicado no New York Times via O Globo

Valor do dinheiro

A Argentina lançou, ano passado, uma nota de 100 pesos, com a estampa de Evita. Mas os comerciantes estão com restrição em aceitar a nota, seja por desconhecimento ou por não gostar de Evita. Para resolver este problema, o Banco Central da Argentina lançou uma linha direta para que sejam feitas denúncias contra pessoas que recusam em aceitar a nota.

Rodízio

O PCAOB tentou implantar o rodízio de auditoria nos Estados Unidos. Mas nesta semana o congresso daquele país aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. E teve apoio inclusive do AICPA: seu presidente afirmou que foi uma clara mensagem para o fim do debate sobre o rodízio.

As reações podem ser vistas aqui.

Evidenciação em Redes Sociais

A CVM está estudando o que fazer com a evidenciação nas redes sociais. A razão: grupo empresarial Eike Batista:

(...) Batista [acionista do grupo X] tinha atuação frequente no Twitter, onde costumava falar com otimismo sobre o desenvolvimento das obras e projetos das empresas do grupo. Em maio, após ressalva de que tinha restrições em sua comunicação com seus seguidores, chegou a dizer a um acionista que anunciaria em breve um novo plano de negócios para a OGX. Após o recrudescimento da crise, o empresário reduziu drasticamente a frequência com que interage na rede social.


CVM estuda monitorar redes sociais, após caso Eike - Nicola Pamplona - 9 de julho de 2013 - Brasil Econômico

Jogo combinado

Na disputa na sexta divisão do futebol da Nigéria, Police Machine e Plateau United Feeders disputavam o privilégio da promoção. Police jogaria contra Bubayaro e Plateau contra Akurba. Caso ambos vencessem, o critério de desempate seria o saldo de gols.

Os resultados foram "interessantes"

Police Machine 67 x 0 Bubayaro
Plateau 79 x 0 Akurba

Algo estranho? A Federação da Nigéria também achou e resolveu suspender os times. Outro detalhe: dos 146 gols, 133 ocorreram no segundo tempo de jogo, mais de um gol por minuto.

Basileia 3

O principal órgão global de supervisão bancária abriu a possibilidade de fazer mudanças para simplificar as novas regras sobre capital próprio dos bancos, estabelecidas no acordo de Basileia 3.

O Comitê de Basileia de Supervisão Bancária divulgou ontem um documento sobre as bases de discussão envolvendo complexidade, comparação e sensibilidade a riscos nas novas exigências impostas ao setor. "O comitê está perfeitamente consciente do presente debate sobre a complexidade do atual quadro regulamentar", afirmou em comunicado o presidente do comitê e presidente do Banco Central da Suécia, Stefan Ingves.

Segundo o grupo, manter um "equilíbrio razoável" entre simplicidade e sensibilidade aos riscos é essencial para o sucesso das regras. "Há evidência de que algumas partes do arcabouço sobre capital tornaram-se complexas demais e que os benefícios marginais de mais complexidade poderiam ser pequenos, ou mesmo negativos."

Em resposta à crise financeira, o Comitê de Basileia introduziu uma série de reformas para aumentar substancialmente a resiliência do sistema financeiro a choques, sobretudo reforçando o capital próprio dos bancos. As medidas incluem introdução de índice de alavancagem e exigência adicional de capital para bancos importantes demais para quebrar, entre outras.

Bancos dos Estados Unidos, sobretudo, não cessaram de pedir para as autoridades reduzirem a complexidade de Basileia 3. O Federal Reserve aprovou na semana passada um conjunto de regras para ajudar na aplicação do acordo.

Agora, o comitê abre caminho para a discussão. "O comitê pensa que se beneficiará de observações suplementares sobre essa questão crucial antes de decidir sobre o mérito de mudanças específicas na atual regulação", diz o texto.

Entre as questões para as quais o comitê espera retorno do mercado estão se o atual arcabouço, que leva em conta o capital ponderado pelo risco como principal item, fornece o equilíbrio apropriado ou se há outros objetivos que deveriam ser considerados na adequação do capital internacional. (Com agências internacionais)


Comitê admite rever Basileia 3 - Assis Moreira - Valor Econômico - 09/07/2013


09 julho 2013

Rir é o melhor remédio


Café

Viés em pesquisas acadêmicas

Um dos requisitos para galgar degraus na carreira acadêmica nos dias de hoje é a publicação de pesquisas em periódicos de renome. Esta pressão tem criado situações onde o cientista procura aumentar as suas chances de publicar seu artigo.

Sabemos que as pesquisas que trazem novidades apresentam mais chances de serem aceitas. Isto termina por incentivar os cientistas a buscarem os resultados que possam agradar mais aos pareceristas e editores dos periódicos.

Usando 641 artigos publicados em três periódicos de excelência na área de economia (American Economic Review, The Journal of Political Economy e Quarterly Journal of Economics) quatro pesquisadores investigaram os resultados dos testes estatísticos. Isto significou analisar mais de 50 mil testes estatísticos, já que cada artigo possui em média 78 testes e mais de três mil tabelas. Como os artigos foram publicados entre 2005 e 2011, a investigação corresponde ao estado da arte da pesquisa na área de economia.

O resultado não foi uma grande surpresa: uma vez que os periódicos gostam das pesquisas que rejeitam a hipótese nula, os resultados apresentam uma grande distorção. Os valores do “valor do p” que os pesquisadores encontraram parecem um desenho de um camelo, com muitos valores acima de 25%, um vale entre 10% e 25%. Isto parece indicar que os pesquisadores “inflam” os resultados, tornando-os mais próximo daquilo que se esperam os periódicos.

Leia Mais em BRODEUR, Abel et al. Star Wars: The Empirics STrike Back. Working Paper, Iza DP 7268, 2013.

Vice-presidência da Louis Vuitton

Delphine Arnault, francesa, 38, filha mais velha do gigante de bens de luxo, Bernard Arnault, foi nomeada esta semana como diretora-geral adjunta da Louis Vuitton, o que a coloca em segundo lugar no comando da marca. Desde 2008, ela ocupava o mesmo cargo na Dior.

Ela substitui Pietro Beccari, agora CEO da Fendi, e responderá diretamente a Michael Burke, chairman e CEO da Louis Vuitton. Juntos pretendem elevar a marca de bens de couro para o topo do mercado de luxo.

Delphine, que estudou na EDHEC Business School, na França, e na London School of Economics, na Inglaterra, começou sua carreira na empresa de consultoria McKinsey & Co. Desde 2003, ela encontra-se no conselho da LVMH e, além da Dior, já trabalhou em outras marcas que pertencem à holding, como Céline e Loewe.

Fonte: Adaptado daqui

TelexFree

A Polícia Federal irá investigar a empresa Ympactus Comercial LTDA, nome fantasia da TelexFree. A determinação para a abertura de um inquérito contra a companhia foi dada nesta segunda-feira (8) pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo o governo, há indícios de formação de pirâmide financeira, evasão de divisas e crime contra a economia popular. (Folha de S Paulo)

Gisele está mais uma vez na lista das 100 celebridades mais poderosas do mundo

A “Forbes” divulgou sua tradicional lista com as 100 celebridades mais poderosas do mundo. Para fazer o ranking, não mensura-se somente a quantidade de dinheiro arrecadado pelas personalidades nos últimos 12 meses, mas ainda o impacto que sua fama causa. O time da publicação calcula quantas vezes cada celebridade é mencionada em veículos impressos ou na TV, além de medir a força de sua presença na internet e como são vistos pelos consumidores americanos.

Neste ano, eles também usaram uma nova ferramenta que mede o índice de comercialização baseada numa pesquisa de opinião em que o público vota em 46 atributos em mais de seis mil celebridades. O resultado mostra que Will Smith, Jennifer Aniston e Sandra Bullock são as celebridades mais fáceis de serem comercializadas.

Após dois anos em segundo lugar, Oprah Winfrey volta a liderar o ranking, que conta com um top 10 composto em sua maior parte por personalidades femininas: Lady Gaga (2º), Beyoncé (4º), Madonna (5º), Taylor Swift (6º) e Ellen DeGeneres (10º). Madonna retorna após dois anos de fora da lista graças à turnê do seu álbum “MDNA”, que a fez arrecadar US$ 125 milhões entre junho de 2012 e junho de 2013.

Gisele Bundchen aparece em 81º como a mais bem colocada no segmento moda. A australiana Miranda Kerr fecha a lista em 100º lugar. No ano passado, Gisele foi eleita a modelo mais rica do mundo e neste ano a Forbes a elegeu a modelo mais poderosa do mundo.

Foi publicada também a lista que enumera as 100 mulheres mais poderosas do mundo, que, em 2013, foi encabeçada pela sétima vez por Angela Merkel, chefe de governo da Alemanha. Dilma Rousseff, presidente do Brasil, aparece em segundo lugar, logo seguida por Melinda Gates, da Fundação Bill & Melinda, e Michelle Obama, primeira dama dos Estados Unidos. Já entre os nomes ligados ao mercado da moda, a revista cita, entre outras, Anna Wintour (em 41º), Miuccia Prada (em 58º), Diane von Furstenberg (em 74º) e Gisele Bündchen (em 95ª).

Mesmo que dominada por representantes de Estado e por executivas de corporações relacionadas à tecnologia, como o Facebook, o Yahoo! e a IBM, a lista traz também personalidades como a cantora Beyoncé Knowles, as atrizes Angelina Jolie e Sofia Vergara e a apresentadora Ellen DeGeneres, que aparecem em 17º, 37º, 38º e 51º, respectivamente. Fora Wintour, Prada, von Furstenberg e Gisele, a “Forbes” elenca também a CEO da Burberry, Angela Ahrendts, em 53º; a estilista Tory Burch, em 69º; e Rosalia Mera, co-fundadora da Inditex, holding que é dona da Zara, em 66º.

Sara Blakely, fundadora da Spanx, aparece em 90º e, de acordo com a “Forbes”, ela, que tem apenas 42 anos, é a bilionária mais jovem “feita por si mesma”, ou seja, construiu sua própria fortuna, sem contar com herança. À parte Dilma Rousseff e Gisele Bündchen, a revista traz ainda uma terceira brasileira na lista, a CEO da Petrobrás, Maria das Graças Foster.

Fonte: Forbes e FFW Fashion

08 julho 2013

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

História da Contabilidade: O Guarda-livros no final do século XIX

A função de guarda-livros corresponde ao que hoje denominamos de contabilistas. No final do século XIX o número de profissionais desta categoria cresceu, muito embora seja difícil determinar o número existente.

Ser um guarda-livros representa uma oportunidade de ascensão social e econômica pela acessibilidade aos ensinamentos.

Era possível adquirir conhecimentos necessários para exercer a profissão através de cursos particulares, muitos deles ministrados num horário bastante conveniente, ou mesmo até junto com as primeiras lições de matemática e escrita, conforme já demonstramos aqui em outras postagens. Ao contrário da advocacia, que era necessários estudos superiores, ser guarda-livros não possuía este requisito.

O curso Veridiano de escrituração mercantil, por exemplo, ensinava os livros exigidos por lei, além de noções de direito, redação e outros assuntos (1). O curso funcionava das 7 as 9 da manhã e das 7 a 9 da noite, o que permitia que o interessado que estivesse trabalhando pudesse adquirir conhecimentos de contabilidade.

Sobre o reconhecimento da sociedade é importante citar que o guarda-livros era um dos profissionais aptos a votar no império, conforme está expresso no Decreto 6097, de 12 de janeiro de 1876 (2), desde que tivessem ordenado acima de 200 reis e registro do comercio. Outro caso que prova a fé no guarda-livros está numa declaração dada em 1888 por J. M. Pontes, guarda-livros da Cia Carris de Ferro de S. Paulo, informando que um certo Luiz de Vasconcellos possuía ações da empresa (3).

Associação profissional
O crescimento do número de profissionais trouxe, como consequência, a reunião em associações. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Associação de Guarda-Livros foi criada em 1876, coincidentemente no mesmo ano da lei eleitoral (4). Para evitar a desconfiança dos patrões, a Associação os convidava: “Pede-se o comparecimento de todos e assim também dos srs. negociantes que quizerem honrar-nos com a sua presença, e fazerem parte da mesma” (grafia da época) (5).

Discussões teóricas
Algumas discussões teóricas começam a surgir neste momento. Um profissional de nome Antônio Tibúrcio de Mello questiona a qualidade de dois peritos sobre o laudo emitido sobre a contabilidade de uma empresa que faliu (6). Outra discussão ocorreu a partir dos balanços da Companhia Cantareira sobre a melhor forma de classificação das ações a emitir (7). Ou a discussão sobre a diferença entre balanço e balancete, na mesma empresa (8).

Tecnologia
A contabilidade ainda era feita à mão. Assim, a boa caligrafia era um requisito básico para um bom profissional. Mas aparecem no Brasil os primeiros avanços tecnológicos para facilitar o trabalho guarda-livros. Um dos grandes problemas deste profissional era lidar com os problemas dos borrões provocados pela tinta. Na véspera da proclamação da república aparecem produtos para tirar borrões dos livros, “sem deixar vestígio”, como “O Electric” (9) ou “Eureka” (10).

(1) O Estado de S Paulo, 2 de fevereiro de 1899
(2) A Província de S Paulo, 4 de fevereiro de 1876.
(3) A Província de S Paulo, 17 de julho de 1888.
(4) A Província de S Paulo, 7 de setembro de 1876.
(5) A Província de S Paulo, 6 de agosto de 1876. No final do século aparece o Grêmio dos Guarda-livros de São Paulo.
(6) O Estado de S Paulo, 4 de outubro de 1899.
(7) A Província de S. Paulo, 13 de abril de 1884, p. 1
(8) A Província de S. Paulo, 21 de março de 1884.
(9) A Província de S Paulo, 19 de junho de 1889.
(10) A Província de S. Paulo, 7 de janeiro de 1889.

História da Contabilidade: Demonstrações Contábeis no final do século XIX

É interessante notar que algumas empresas faziam uma ampla publicação do seu desempenho já no final do século XIX. A figura a seguir mostra parte do balanço patrimonial da Cia Industrial de São Paulo, encerrado em 31 de dezembro de 1890, a parte do Ativo (1). Logo de início uma surpresa: o que denominamos de capital a integralizar é classificado como ativo. E isto parecia ser uma prática normal naquela época, apesar de um pouco polêmica (2).
Logo após outros ativos, incluindo o caixa existente. Alguns ativos são reunidos por área de negócios: tipografia, tecidos e fósforos, sendo feita a separação entre prédios e terrenos, máquinas, estoques e até caixa das lojas. Não existe aqui nenhuma menção a depreciação.

A figura abaixo mostra a segunda parte do balanço, o “passivo”. Não podemos dizer que se trata do lado direito do balanço, pois o mesmo foi publicado logo abaixo do ativo. A disposição das contas do passivo também é diferente das de hoje: começa pelo capital, passando por empréstimos e letras a pagar, contas correntes e vales. A penúltima conta seria classificada hoje como patrimônio líquido: fundo de reserva. Finalmente, o balanço encerra com a quantia de dividendo a distribuir para os acionistas.
Pelos valores, trata-se de uma empresa com elevado índice de endividamento, mas com grande investimento em ativos de longo prazo. Finalmente, o balanço é assinado pelo presidente da empresa e pelo chefe da contabilidade.

Em lugar da Demonstração do Resultado existia a Demonstração dos Lucros e Perdas. Isto nada mais era do que um fechamento das contas transitórias de débito e crédito, conforme é possível perceber a seguir.
A presença de dividendos a distribuir indica a presença de lucro. Isto deve ser considerado com cautela, já que o procedimento de depreciação não era muito comum à época. Ou seja, o lucro pode estar superestimado. Novamente, a demonstração é assinada pelo presidente da empresa, juntamente com o chefe da contabilidade.

(1) Publicado no O Estado de São Paulo, 12 de março de 1891, p. 2.
(2) “´No seu entender (de guarda-livros autor do parecer) um dos erros do nosso balanço consiste em mencionar no activo as acções que existem por emitir no valor de 456:400$´ E depois de perguntar ‘onde haviam de ser escripturados os valores de taes acções´ acrescenta: ‘este plano de escripturação não é invenção do guarda-livros da Companhia Cantareira´; e invoca a seu favor os balanços das Companhias Paulista, Mogyana, Previdente e Banco Predial”. O Estado de São Paulo, 13 de abril de 1884, p. 1. (grafia da época)