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21 maio 2025

Imposto de renda: retenção e devolução

Prestar logo suas contas com o Leão pode trazer recompensas. A dez dias do fim do prazo, cerca de 20 milhões de contribuintes ainda não entregaram sua Declaração Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) à Receita Federal. Até as 18h16 da segunda-feira (19), 26,7 milhões de contribuintes tinham enviado os dados, ou 57,78% do total previsto para este ano.

Segundo a Receita Federal, 64,9% das declarações entregues até agora terão direito a receber restituição, enquanto 19,2% terão que pagar Imposto de Renda e 15,9% não têm imposto a pagar, nem a receber.

A informação foi obtida aqui. A reportagem parece indicar que é "vantajoso" preencher uma declaração de imposto de renda. Também já escutei, na prática, muitas pessoas felizes por terem devolução. Mas se a grande maioria das pessoas possuem direito a restituição, isso é um claro sinal que o imposto, durante o ano exercício, foi retido a mais. Isso seria igual a adiantarmos um dinheiro para o governo, sem juros e correção. E um ano depois, o mesmo governo devolve seu dinheiro. Não seria mais justo simplesmente não termos sido taxados? 

GPT e Ensino: uma boa notícia


Desde sua chegada em novembro de 2022, o ChatGPT gerou grande entusiasmo. Professores, estudantes, tecnólogos e formuladores de políticas públicas debatem seu potencial como ferramenta de aprendizagem, mas também seus riscos. Estamos diante de uma revolução educacional ou apenas de um assistente com luzes e sombras? E talvez seja prudente adotar cautela. Primeiro, porque a tecnologia avança em altíssima velocidade, e não sabemos o que pode acontecer em três anos — muito menos em uma década. E segundo, porque há um histórico de diferentes tecnologias serem anunciadas como extremamente disruptivas, e depois não mudarem tanto assim. Eu me lembro de que havia quem pensasse que os MOOCs nos deixariam sem trabalho — e aqui estamos. E os mais velhos me dizem que algo parecido aconteceu quando surgiu a televisão.

O trabalho de Wang e Fan realiza uma meta-análise de 51 estudos experimentais e quase-experimentais publicados entre novembro de 2022 e fevereiro de 2025. Seu objetivo é determinar se o ChatGPT melhora o desempenho acadêmico, a percepção da aprendizagem e o pensamento crítico ou criativo. E, talvez mais importante, entender quando e como ele funciona melhor.
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Os resultados são bastante contundentes. No desempenho acadêmico, o tamanho do efeito é muito alto, g = 0,867. Francamente, é tão alto que me custa acreditar. A maioria das intervenções educacionais que conheço tem efeitos muito menores — no melhor dos casos, um terço desse valor. Não estou dizendo que seja mentira, e certamente isso eleva minhas crenças a posteriori, mas, por enquanto, mantenho certo ceticismo. Na percepção da aprendizagem e no pensamento de ordem superior, o efeito também é grande, mas um pouco mais modesto: g = 0,456 e g = 0,457, respectivamente. Isso significa que, em média, os estudantes que usam o ChatGPT obtêm melhores resultados acadêmicos, têm uma experiência de aprendizagem mais positiva e desenvolvem melhor suas habilidades cognitivas complexas, em comparação com aqueles que não o utilizam.

O estudo também analisa quais fatores ampliam ou reduzem esse impacto. Para começar, o efeito é mais forte em cursos de escrita acadêmica e em desenvolvimento de habilidades não quantitativas do que em matemática ou ciências exatas. Talvez o mais interessante, para mim, seja que o ChatGPT funciona melhor quando atua como tutor inteligente — oferecendo orientação, feedback ou correções — ou como companheiro de aprendizagem, em vez de ser apenas uma ferramenta auxiliar. Acredito que isso seja muito relevante. Sabemos, na educação, que a tutoria é extremamente útil, mas também cara, pois funciona melhor em grupos pequenos. Se o ChatGPT funciona como substituto de um input caro, então estamos, de fato, diante de uma grande revolução. 

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fonte: aqui

Política e desempenho

O resumo:

Construímos uma medida inédita de discurso corporativo partidário utilizando técnicas de processamento de linguagem natural e a utilizamos para estabelecer três fatos estilizados. Primeiro, o volume de discurso corporativo partidário aumentou de forma acentuada entre 2012 e 2022. Segundo, esse aumento foi desproporcionalmente impulsionado por empresas que adotaram uma linguagem mais alinhada ao Partido Democrata, uma tendência que se observa de forma ampla em diversos setores, regiões geográficas e perfis de orientação política dos CEOs. Terceiro, declarações corporativas de cunho partidário são seguidas por retornos anormais negativos nas ações, com uma heterogeneidade significativa de acordo com o grau de alinhamento dos acionistas em relação à declaração. Por fim, propomos um modelo teórico e fornecemos evidências empíricas sugestivas de que essas tendências são, ao menos em parte, impulsionadas por uma mudança nas preferências não pecuniárias dos investidores em relação ao discurso corporativo partidário. 

Achei bem interessante a sugestão que política faz mal para o retorno acionário.

20 maio 2025

Meios de pagamento no México

Enquanto no Brasil cada vez mais difícil achar um lugar que aceite pagamento em dinheiro, eis a realidade do México:


Retorno e emissão de carbono

Este estudo investigou a relação entre as emissões de carbono e o retorno acionário no mercado brasileiro, utilizando uma amostra de 87 empresas, financeiras e não financeiras da B3, no período de 2014 a 2022. Foram aplicadas regressões para dados em painel, com efeitos fixos de tempo de setor para controle da heterogeneidade entre os grupos de empresas. A literatura internacional elenca evidências consistentes de que o mercado exige um prêmio de carbono pela exposição ao risco de carbono resultante das incertezas relacionadas a uma possível transição desordenada do uso de fontes de energia fósseis para energias renováveis. A literatura nacional, ainda embrionária, não identificou relações significativas nas análises carbono-retorno, ao analisar retornos anormais relacionados ao índice ICO2 e em análises das emissões de carbono por escopo. Esta pesquisa apresenta um novo recorte temporal e métodos estatísticos
ainda não explorados. Os resultados evidenciaram que há uma relação inversamente proporcional entre o total das emissões de carbono e o retorno acionário, e essa relação oscila na presença de sinalizações das empresas, políticas e regulamentos que ameaçam ser severos, de modo que o risco de carbono se concretize. Essa relação não foi identificada nas investigações por escopo, nas emissões por unidade de receitas ou na variação das emissões, tal como as evidências já presentes na literatura nacional, demonstrando uma análise do mercado na perspectiva do curto prazo e ainda em estágio de evolução. Este estudo contribui para a literatura ao documentar a posição do mercado brasileiro frente à sustentabilidade ambiental.

Da dissertação de Jucellia Prates.

Um pequeno presente para Trump: um presente que pode custar caro


Já tínhamos postado sobre um pequeno presente que Trump ganhou: um avião. Pois, "cavalo dado, não se olha os dentes". Mas "não existe almoço grátis" deve ser lembrado. A doação pode custar muito caro:

Poucos negócios em potencial chamaram tanta atenção nos últimos meses quanto a possível doação de um Boeing 747 de propriedade do Catar para o governo Trump.

Críticos levantaram questões sobre as implicações éticas. Mas uma investigação aprofundada feita pelo The Times sobre a história do avião revelou alguns números surpreendentes.

O custo potencial: reportagens noticiaram que um novo Boeing 747-8, o modelo oferecido pelo Catar, custa 400 milhões de dólares.

Trump afirmou que apenas uma “pessoa estúpida” recusaria um presente tão caro. Mas isso não leva em conta os altos custos de adaptação do avião:

Seria necessário um trabalho considerável para preparar o avião para servir como um verdadeiro Air Force One — incluindo a remoção de possíveis dispositivos eletrônicos de escuta escondidos, a instalação de equipamentos de comunicação avançados e de sistemas especializados para proteger a aeronave contra ataques com mísseis ou outras ameaças. E mesmo que o avião seja doado, o custo dessas adaptações seria enorme, segundo autoridades atuais e ex-integrantes do Pentágono: pelo menos 1 bilhão de dólares.

Também não está claro quanto o governo pagaria à L3Harris, a empresa contratada para realizar a adaptação, ou de onde viriam esses recursos. 

O possível cronograma: autoridades da Casa Branca inicialmente presumiram que o avião do Catar precisaria apenas de uma nova pintura e algumas melhorias, e estaria pronto para uso dentro de um ano. Mas adequar o jato aos padrões do Air Force One levaria anos, possivelmente até depois de 2027. (Embora Trump possa dispensar exigências de sistemas avançados de segurança, ex-oficiais do Pentágono afirmam que isso seria um erro.)

Veja o que disse Marc Foulkrod, engenheiro aeroespacial que chegou a tentar ajudar na venda do avião do Catar, sobre o plano do governo:

“É ridículo”, disse Foulkrod sobre a ideia de que o avião do Catar poderia ser uma solução rápida, acrescentando que os projetos já existentes da Boeing provavelmente poderiam ser acelerados. “Isso tem um custo-benefício melhor do que tentar pegar o avião de outra pessoa e transformá-lo em um avião presidencial. Não faz sentido.”
Texto da Newsletter do NYTimes

A questão dos gastos públicos dos Estados Unidos

Recentemente ocorreu o rebaixamento da nota de investimento dos Estados Unidos. O Gráfico acima revela um dos principais motivos: a dívida pública é crescente desde a crise de 2008. Isso foi citado pela Moody´s: “large annual fiscal deficits and growing interest costs.” É uma decisão que tem respaldo anterior com as decisões da SP em 2011 e Fitch em 2023.  Somente 11 países possuem a classificação máxima nas três agências. 

Mas a preocupação é a tendência crescente. Os números mostram que os juros da dívida é maior que o orçamento de defesa e Medicare, o sistema de saúde deles. O déficit foi de 1,8 trilhão no ano passado, um pouco acima de 6% do PIB. E a política de cortes de impostos e o perfil de Trump como uma pessoa que importa pouco com a dívida também preocupa. 

Fonte: Chartr