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09 março 2019

Elsevier e Universidade da Califórnia

Postamos que a Universidade da Califórnia rompeu sua assinatura com a editora Elsevier. Segundo o Conversation, as ações da empresa caíram 7% em razão do anúncio. Para este site, o confronto UC x Elsevier é mais uma rachadura no sistema de compartilhamento de pesquisas acadêmicas.

Conforme comentamos, as universidades assinam os periódicos, nos dias atuais de forma on-line. Estes contratos são negociados em um pacote único, com valores de milhões de dólares. Se o contrato acabar, as universidades não possuem mais acesso. Caso queira ler um artigo, é possível comprar pagando em torno de 35 a 40 dólares por texto.

Para o pesquisador, isto é bom, desde que ele esteja associado a uma instituição que aceite pagar. Para a editora, o sistema atual é interessante, já que o custo do acesso on-line é baixo. Além disto, há pouca concorrência. As editoras recebem os artigos gratuitamente, mas muitas pesquisas foram financiadas com dinheiro público. Os revisores atuam gratuitamente.

Segundo a bibliotecária da UC

A grande promessa da internet era que tornaria o conhecimento mais livre e facilmente acessível . No mundo da pesquisa acadêmica - onde novas descobertas são feitas e novos conhecimentos nascem - a esperança de 20 anos atrás era que o advento das plataformas online tornaria os artigos de pesquisa universalmente disponíveis. Isso também reduziria o custo da publicação de periódicos acadêmicos e, conseqüentemente, reduziria os custos de assinatura multimilionários suportados pelas universidades e outras instituições de pesquisa.

Em vez disso, os artigos não estão prontamente disponíveis para todos, os custos de assinatura continuaram aumentando e os direitos dos assinantes foram corroídos, incluindo o que eles podem fazer com os artigos que compram e sua capacidade de fornecer acesso de longo prazo a eles.

Mulheres

Um texto do Estadão mostra que "Nenhuma das 62 empresas do Ibovespa é presidida por uma mulher". É óbvio que esta discussão merece mais do que um texto de jornal, mas o texto é feliz em fazer a constatação: "Pesquisa Women In Business 2019, realizada pela consultoria Grant Thornton com mais de 3.500 empresários em 35 países, revela que apenas 15% das companhias têm mulheres no topo". Mais ainda:

Na pesquisa da Grant Thornton, em empresas que não possuem mulheres na liderança, só 32% delas dizem ter o objetivo de chegar ao topo. Porém, quando a companhia tem exemplos femininos nos cargos de gestão, o índice sobe 17 pontos porcentuais, para 49%

Uma explicação para este fato, de certa forma "diferente" (para não dizer "polêmica") das usuais, pode ser encontrada no livro Lo que Importa es el porqué, de Uri Gneezy. (É uma tradução de uma obra em língua inglesa, mas é a versão que tenho no Kindle).

Prevendo recessão

O Stumbling and Mumbling traz uma discussão interessante sobre previsão. Tenho um grande interesse neste assunto, talvez em razão de ministrar Avaliação de Empresas na minha universidade e isto ser tão relevante. Além disto, a previsão envolve métodos quantitativos, psicologia, pesquisas criativas e muitas outras formas que realmente atraem a atenção de um curioso.

Voltando a postagem, o site colocar uma comparação entre previsões realizadas em dezembro de cada ano para o crescimento da economia do ano seguinte (gráfico acima). De certa forma, na maioria dos casos, a previsões são razoáveis. Mas a grande diferença ocorreu nos anos de 2007 e 2008, justamente anos de recessão. Para o site, os previsores vão muito mal nas recessões. Citando Loungani, duas das 60 recessões que ocorreram no mundo nos anos 90 foram previstas com um ano de antecedência. E dois terços das recessões não foram enxergadas sete meses antes de ocorrerem. Para o site, “as previsões econômicas, portanto, são razoavelmente boas, exceto quando realmente precisamos delas.”

As razões podem ser listadas: (1) talvez os preditores demorem a atualizar as previsões (2) não há incentivo para romper o consenso (“é melhor estar errado junto com os outros”) (3) as recessões são realmente difíceis de serem previstas. Obviamente que esta lista de razões pode ser ampliada.

Contabilidade para Streaming

Nos últimos anos o setor de entretenimento apresentou uma mudança expressiva com a ascensão dos serviços de streaming (Netflix, por exemplo). Isto representa uma mudança também nas normas contábeis. Quando uma produtora de filmes desenvolve um produto para o cinema, os custos de produção devem ser capitalizados; a receita deve ser reconhecida com a bilheteria e a venda posterior do filme para a TV a Cabo, televisão ou streaming. Assim, os custos serão levados a resultado como proporcional a receita.

Entretanto, uma série de televisão, com episódios regulares, isto não poderia funcionar desta forma. A receita paga por um canal de televisão pode variar conforme o contrato entre produtor e exibidor. Diante desta situação, o FASB, entidade de emite normas contábeis nos Estados Unidos, apresentou uma “Atualização de Norma Contábil” ou ASU para tratar deste assunto. A norma contempla este novo modelo de negócio, onde a receita do streaming é baseada na assinatura. 

Segundo o presidente do Fasb, Russell G. Golden, o novo padrão melhora a informação para o investidor das empresas que trabalham com episódios de televisão. A norma deve entrar em vigor no final de dezembro de 2019. (imagem, daqui)

Rir é o melhor remédio

Carta de despedida do contabilista Sabugosa de Castro e Belinda Guedes, moça de prendas domésticas de Jundiá dos Pilares:

Prezada senhorita:
Tenho a honra de comunicar a V.Sa. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, no. 632, dar por encerrado nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceitua firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.
Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maior de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.
Sem mais, creia-me de V Sa. patrício e admirador
Sabugosa de Castro

(Amor de contabilista em carta comercial, O Cruzeiro, ed 2502, p 19, José Candido, p. 19)

08 março 2019

Confiança e desconfiança

O Metro Bank é um banco de varejo, fundado em 2010, no Reino Unido. Desde então, o banco cresceu, estando listado na Bolsa de Londres e fazendo parte do índice FTSE. Logo após sua fundação, o banco se expandiu rapidamente, abrindo muitas "lojas" de atendimento.

O Metro é um caso típico onde a desconfiança em razão de um "erro" provoca uma grande desconfiança do investidor.
Em março de 2018 o preço da ação do banco começa a cair. Agora estão valendo 77% a menos que há um ano.

Um banco classifica seus ativos conforme o nível de risco. Basicamente, se um ativo tem um risco maior ele "vale" menos que um ativo com menor risco. Recentemente o banco reconheceu que classificou incorretamente um ativo. Na realidade a PRA, a entidade reguladora inglesa na área, foi quem identificou o "erro". O problema do Metro mostra a relevância da informação sobre o índice de capital do banco. Como a confiança foi quebrada, agora o banco tem a difícil missão de convencer os investidores que a instituição é segura. O Metro é bem avaliado entre os clientes, muito acima dos bancos tradicionais, como HSBC, Lloyds, Barclays e RBS.

Mas o que importa são os investidores. Caso tenha necessidade de mais capital, o Metro provavelmente irá ter que pagar mais pelos recursos.

Petrobras ainda tem problemas de corrupção


  • Em novembro de 2018 a Petrobras encerrou os trabalhos de uma comissão de investigação alegando que a empresa tinha evoluído no combate à corrupção
  • Um mês depois, um funcionário da empresa foi preso nos Estados Unidos por corrupção 
  • Relatos mostram que há muita resistência em fazer apurações de todas as denúcias de corrupção

Um texto da Forbes/Reuters merece um leitura atenta. Segundo a revista, a empresa Petrobras ainda luta para vencer a corrupção. Ao contrário do que afirma a empresa, que estaria “livre de corrupção”, os depoimentos e a análise feita pela revista mostram que a corrupção generalizada ainda não foi erradicada.

Mas em novembro, a empresa encerrou os trabalhos de uma comissão de investigação constituída em 2014, afirmando que a empresa tinha progredido na luta contra a corrupção.

A revista fez entrevistas com seis pessoas. Uma delas, João Elek Jr, foi diretor de Governança e Conformidade. As demais não são citadas. Apesar da impressão de que a empresa evoluiu nos controles internos e na redução da corrupção, parece que ainda existem vulnerabilidades da empresa. Confirmando isto, em dezembro, novas denúncias aparecereram, incluindo acusações contra um funcionário da empresa na área de trading, atualmente preso nos Estados Unidos.

Elek relata que a unidade de conformidade teve muito trabalho e não tinha equipe suficiente para as investigações. Existiam obstáculos para demissão de funcionários e hostilidade ao trabalho da equipe. Segundo Elek, ocorreu um resistência cultural. Uma forma de resistência era o atraso com que as informações solicitadas eram fornecidas: alguns pedidos de arquivos que poderiam ser entregues em dias, levavam semanas ou meses. Alguns chefes, quando informados de suspeitas, tentavam proteger seus subordinados.

Haveria mais de 2 mil denúncias para serem apuradas. Não existia um apoio da alta gestão. O comitê de conformidade nunca teve a presença do então presidente, Aldemir Bendine. Bendine está preso por corrupção.

Desde o início das investigações, a Petrobra se diz vítima de elementos que espoliaram a empresa. Não acredito nisto. O texto mostra que existe um problema estrutural na empresa. Note que o verbo está no presente, não no passado. Não somos otimistas assim.

Mais mulheres com doutorado

O gráfico mostra a participação crescente das mulheres nos títulos de doutorado no Brasil. Em 2017, 54% eram mulheres. Inclui Mariana Pereira Bonfim, Ilka Gislaine de Melo Souza, Ivone Vieira Pereira, Adriana Isabel Backes Steppan, Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira e Fernanda Fernandes Rodrigues

Rir é o melhor remédio


07 março 2019

Mulheres e igualdade

Uma pesquisa do Banco Mundial sobre o papel da mulher em diferentes países encontrou que somente em seis dos países existentes a mulher tem direitos igual ao homem. Os países são: Bélgica, Dinamarca, França, Letônia, Luxemburgo e Suécia, que conseguiram nota máxima em 35 critérios.

O Brasil ficou em uma posição intermediária elevada, com nota máxima em “going places”, “starting a job”, “getting married” e “managing assets”, totalizando 81,88 de 100. Um pouco atrás dos Estados Unidos ou Suíça.

Risco moral, Uber e Taxi

Já se imagina que plataformas digitais, como Uber, poderia ajudar a resolver o problema de risco moral entre motorista e passageiro. Agora, uma pesquisa comprovou que o sistema de classificação, juntamente com o monitoramente em tempo real e reclamação acessível pode realmente ajudar.

Segundo Meng Liu, Erik Brynjolfsson e Jason Dowlatabadi ao comparar Uber com taxi para uma mesma rota, os motoristas de taxis desviam em 7% uma rota de aeroporto para passageiro não locais, o que significa uma corrida mais longa.

Kothari é o novo economista-chefe da SEC

Um dos maiores pesquisadores da área de contabilidade foi nomeado para ser economista-chefe da SEC, a CVM dos EUA:

The Securities and Exchange Commission today announced that S.P. Kothari has been named Chief Economist and Director of the agency’s Division of Economic and Risk Analysis (DERA).  Dr. Chyhe Becker, who has served as DERA’s Acting Director while the SEC completed its search, will continue to serve both as Deputy Director and Associate Director of Litigation Economics.
Mr. Kothari joins the SEC from the Sloan School of Management at the Massachusetts Institute of Technology (MIT), where he is a professor of accounting and finance and recently ended a six-year term as Deputy Dean of MIT Sloan School of Management.

“S.P. brings with him wide-reaching insight from his decades spent as a leader in applying sophisticated research to the operation of our financial markets, including firsthand experience from his time in the private sector,” said SEC Chairman Jay Clayton.  “His leadership will guide DERA well in the research and analysis it provides in support of the Commission’s work on behalf of Main Street investors.  I also want to thank Chyhe for her exemplary leadership as Acting Director of the division over the last year.

Fonte:aqui
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Cursos mais demandados


Segundo o Censo de 2017 (via aqui), eis os cursos mais demandados no Brasil:

1) Pedagogia = 272.397 estudantes
2) Administração = 238.341
3) Direito = 215.520
4) Educação Física = 132.502
5) Ciência Contábeis = 130.945
6) Enfermagem = 102.470
7) Gestão De RH = 93.532
8) Engenharia Civil = 78.634
9) Psicologia = 69.953
10) Processos gerenciais = 69.616

Eis uma explicação para os números:

O tamanho do mercado de trabalho e a longevidade dos cursos ajudam a entender porque pedagogia, administração, ciências contábeis, direito, enfermagem e engenharia civil atraem milhares de estudantes para o ensino superior independentemente de crises e novas tendências. O perfil generalista do curso de administração aliado ao baixo custo do curso o coloca entre um dos campeões de alunos. “Quem se formou vai encontrar um posto de trabalho mesmo num momento como esse. É uma carreira que gera muitas contratações”, diz o gerente do Quero Bolsa.

Futebol e ações negociadas na bolsa

  • O preço das ações reflete a riqueza futura que será gerada
  • Em um clube de futebol, a eliminação de uma competição pode reduzir os prêmios que serão recebidos e o valor do patrocínio
  • Ontem, a Roma perdeu para o Porto e deixará de receber 10 milhões de euros. O preço das ações do clube cairam no dia de hoje

É sempre interessante acompanhar o que ocorre com o preço da ação de um clube de futebol. Quando este clube possui ação negociada na bolsa.

Veja o caso da Roma, um grande clube italiano. Ontem, jogando pela Champions League, provavelmente o principal campeonato de futebol do mundo, a Roma precisava de um empate ou uma vitória, por qualquer placar. Tinha vencido o primeiro jogo em casa e jogava o segundo em Portugal, contra o Porto. Ao final de 90 minutos, o placar mostrava 2x1 para o Porto. A prorrogação aconteceu e o Porto fez mais um gol. Com isto, classificava para mais uma etapa da Champions. A Roma estava eliminada. Eis o que ocorreu com o preço da ação da Roma:

O preço da ação refletiu o resultado em campo. Com o placar, a Roma deixou de classificar e perdeu 10 milhões de euros de prêmios, além da menor visibilidade para seus patrocinadores.

Rir é o melhor remédio


06 março 2019

Pesquisa

Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa sobre as características dos profissionais contábeis. Nela estamos buscando traços que sejam comuns aos profissionais de contabilidade.

Você será submetido a um instrumento de pesquisa que poderá ser respondido em apenas 2 (dois) minutos.

Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa. Os benefícios serão o oferecimento de dados sobre as características dos profissionais contábeis, contribuindo para o estudo nessa área.

Clique aqui.

Grato

Para pirataria: bons produtos e preços razoáveis


  • Alguns países tentaram combater a pirataria com penas mais pesadas
  • A experiência da Nova Zelândia parece indicar que bons produtos e preços razoáveis pode ser a solução

A experiência da Nova Zelândia parece indicar que a melhor maneira de combater a pirataria é através da oferta de bons produtos a preços razoáveis. Uma pesquisa com mil pessoas naquele país (via Boing Boing) mostrou que 75% dos entrevistados usam a TV aberta, 58% o cinema e 55% assinam streaming (Netflix, por exemplo). Somente 11% usam a pirataria e 10% torrent.

As pesquisas parecem indicar que os usuários migram para opções legais quando estão disponíveis por um preço razoável. É bom lembrar que sites piratas geralmente estão cheios de malware, sendo arriscados para os usuários.

Isto vale para preço de artigos em periódicos? A margem de lucro da Elsevier é de 37%. Entretanto, há uma sutileza aqui. Em muitos casos, o acesso é pago pela universidade ou pelo governo (no caso do site “periódicos”).

Piora a situação fiscal dos Estados

Um texto do Estado de S Paulo mostra que mesmo após a renegociação das dívidas de 2016, mais da metade dos estados brasileiros pioraram os indicadores fiscais. Parece até que não sabem o que é risco moral? Eis o texto:

Mesmo após a renegociação das dívidas com a União, em 2016, mais da metade dos Estados brasileiros tiveram uma piora em indicadores fiscais. Naquele ano, o governo federal suspendeu o pagamento e reduziu parcelas das dívidas estaduais por dois anos, com a intenção de dar um alívio para que eles colocassem as contas em dia. No entanto, levantamento feito pelo ‘Estadão/Broadcast’, com base em dados do Tesouro Nacional, mostra que 14 das 27 unidades da federação estavam, no fim de 2018, com ao menos um dos dois indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – que medem endividamento e gasto com pessoal – piores que em 2015, no auge da crise que levou à renegociação.



São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Distrito Federal estão nessa lista. Rio Grande do Norte, que decretou recentemente estado de calamidade, e Mato Grosso do Sul não informaram os dados completos ao Tesouro.

O Rio Grande do Sul, um dos casos mais graves, apresentou leve melhora desde 2015, mas continua desenquadrado da LRF em termos de dívida. Pela lei, a dívida do Estado não pode ser maior que duas vezes sua receita. No caso do gasto com pessoal, essa despesa não pode ser superior a 49% da receita para o Executivo estadual.

Com o acordo de 2016, os governadores ficariam livres de pagar as parcelas da dívida com a União por seis meses. Depois disso, as prestações voltariam gradativamente. Em troca, a União exigiu um teto para os gastos públicos, que ficam impedidos de crescer mais do que a inflação do ano anterior. Mesmo assim, as contas de muitos deles continuaram a piorar.

De lá para cá, o governo criou um Regime de Recuperação Fiscal (RRF) desenhado para Estados em grave desequilíbrio – com adesão do Rio – e já admite um novo programa. A ideia é que governadores consigam dinheiro novo no curto prazo, com empréstimos garantidos pela União em troca, novamente, da aprovação de medidas de ajuste fiscal.

Gasto. A avaliação da equipe econômica é que o fato de os Estados terem piorado os indicadores mesmo após a renegociação mostra que o problema não é o pagamento de dívida, mas sim o elevado gasto, sobretudo com servidores e aposentados. Por isso, o novo programa de auxílio exigirá corte de despesas e só liberará recursos proporcionalmente à economia.

“Você não pode dar benefício sem ter instrumento de cobrar contrapartidas”, diz o economista Felipe Salto, presidente da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. Segundo ele, a União também tem culpa por ter aumentado transferências e avais para empréstimos nos últimos anos sem ter se preocupado com o escalonamento da crise fiscal.

“A crise estadual é estrutural, com ICMS obsoleto, FPE (fundo de participação dos estados) esvaziado, aposentadorias fáceis e precoces. Não há lei que evitasse essa crise”, diz o professor do Instituto de Direito Público (IDP), José Roberto Afonso.

Estados citam diversas causas para o problema

As justificativas dos Estados para a piora nos indicadores fiscais vão desde falta de austeridade das gestões anteriores, queda de receita e crescimento de gastos obrigatórios a mudanças metodológicas, já que muitos tiveram que alterar regras de contabilidade nos últimos anos para atender a critérios do Tesouro Nacional. Eles citam ainda a alta no câmbio, que afetou as dívidas externas – caso de São Paulo, Santa Catarina e Bahia – e as dificuldades de enxugar o crescimento da folha e dos gastos previdenciários.

No caso de Minas Gerais, o secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, explica que a atual gestão mudou a forma de contabilizar as receitas financeiras do fundo de financiamento previdenciário do Estado. Segundo ele, a fórmula antiga escondia “travestia o déficit”, à medida que abatia parte das receitas do fundo do cálculo da despesa.

Minas Gerais deixou de pagar as últimas parcelas da dívida à União e recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não sofrer as contrapartidas aplicadas pelo Tesouro. Tenta também, bem como Rio Grande do Sul, ingressar no RRF.

Já o secretário de Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, admite que o Estado tem dificuldades em controlar o gasto previdenciário. Ele relata que o ente aprovou um regime de capitalização para a previdência dos servidores em 2013, mas nunca regulamentou. Agora, às vésperas da reforma federal, prefere esperar.

Em Roraima, o secretário Marcos Jorge diz que as últimas gestões deixaram o gasto crescer descontroladamente.

Santa Catarina também atribui a piora nos indicadores a mudanças metodológicas.

A Secretaria de Fazenda de São Paulo explica que, se por um lado a dívida cresceu, com o câmbio e o estoque de precatórios, por outro a receita corrente caiu 5,7% em termos reais.

Já a Bahia ressalta que a dívida está sob controle, abaixo do limite. Alagoas também alega que a piora é pequena e decorrente do avanço dos gastos com aposentados e pensionistas.

Em Tocantins, a secretaria de Fazenda culpa o último governo, que foi cassado.

Rio de Janeiro, Amazonas, Mato Grosso, Distrito Federal e Maranhão foram procurados, mas não responderam.

Impacto da nova norma de Leasing na Espanha

A exemplo do Brasil, a Espanha está adotando as novas normas de leasing. A seguir, uma reportagem do Cinco Dias sobre o assunto e o impacto na dívida das empresas:

Las nuevas normas contables sobre los arrendamientos van a tener un importante impacto sobre la deuda de las empresas del Ibex 35. En concreto, estas grandes compañías verán engordar en 35.164 millones de euros en conjunto su pasivo desde este año con la aplicación de la NIIF 16, según se desprende de sus cuentas anuales. Telefónica, IAG, Santander, BBVA, Naturgy, CaixaBank o Repsol son las que mayores volúmenes se anotarán y queda pendiente conocer cómo afectará a Inditex los alquileres de sus tiendas en todo el mundo.

La IASB (Junta de Normas Internacionales de Contabilidad, en sus siglas en inglés) aprobó la NIIF 16 para aplicar a partir de 2019. Anteriormente, los arrendamientos financieros se apuntaban como gasto en la cuenta de resultados, pero ahora las empresas cotizadas (y las que tienen deuda cotizada) deben incorporar el valor de los alquileres y el leasing de inmuebles, vehículos o equipos como deuda. La obligación financiera se apunta como pasivo, a la vez que el derecho de uso se trata como un activo.

Esto significa que si, por ejemplo, una compañía de­sembolsa 100 millones de euros al año por los alquileres de sus oficinas o vehículos, en un contrato vigente por cinco años, deberá sumar 500 millones al pasivo.

Respecto a la deuda neta total de las empresas no financieras del Ibex, que alcanzó los 155.971 millones en 2018, la NIIF 16 tendrá un impacto de alrededor de un 14% adicional en el pasivo, lo que significa sumar 21.937 millones. En el caso de las entidades financieras, estos arrendamientos supondrán otros 13.227 millones.

La mayor parte de las grandes cotizadas ya han comenzado a describir en sus cuentas de 2018 la huella que dejará la NIIF 16. En términos absolutos, el mayor impacto recae en Telefónica, que reconoce una cifra de pasivo adicional de entre 7.400 y 8.100 millones, un 18% más que el montante de 2018. La teleco tiene un número muy elevado de acuerdos como arrendatario de diversos activos, principalmente torres, circuitos, inmuebles para oficinas, tiendas y terrenos donde se ubican torres propias, según recoge en sus cuentas.

También destaca el caso de IAG, con un impacto de 5.130 millones, lo que supone un 61,4% adicional en deuda, debido a los alquileres de aeronaves, inmuebles y otros equipos, según la empresa. Naturgy, por su parte, reconoce 1.643 millones de pasivo complementario por arrendamientos de buques, vehículos, terrenos de uso energético donde se ubican centrales de generación, principalmente parques eólicos y fotovoltaicos, además de oficinas. Repsol también reconoce 1.367 millones de impacto, un 39,75% más. ACS, por su parte, suma 1.003 millones, frente a una caja positiva de tres millones del pasado año. En términos porcentuales, la compañía más afectada es Meliá, concretamente con un 209%, debido a que como explica la propia compañía su cartera incluye 100 hoteles en régimen de alquiler, principalmente en ciudades europeas (ver gráfico).

Efectos y amortización

Este aumento de pasivo por la NIIF 16 va a tener algunas consecuencias en las empresas. “Va a haber un impacto en los ratios de endeudamiento, algo que los analistas comprueban sistemáticamente”, explica Fernando Nubla, socio de la consultora EY. Sin embargo, como destaca este experto, la amortización de estos contratos se computa fuera del ebitda, por lo que en ese aspecto “las compañías se van a ver beneficiadas”, ya que este indicador financiero mejorará. También recalca la importancia que va a tener en las cuentas la estimación que cada firma haga de los arrendamientos más cortos y renovables a su voluntad, como las tiendas para grupos de retail, ya que en ese caso entra el cálculo discrecional de “un plazo razonablemente cierto”.

Los grandes bancos también están entre los más afectados en volúmenes, debido a que en gran parte han protagonizado en los últimos años operaciones de sale & lease back de carteras de sucursales bancarias y de sus propias sedes. Santander sufre la magnitud más elevada, de 6.700 millones, y ha calculado un impacto sobre la ratio de capital ordinario (CET 1) de 20 puntos básicos. La entidad presidida por Ana Botín, además de vender sucursales agrupadas en la socimi Uro, también se desprendió de su sede central en Boadilla (Madrid), en un contrato de 40 años. BBVA, por su parte, reconoce un importe de 3.600 millones, con un impacto en capital Tier 1 de 12 puntos básicos. En el caso de CaixaBank son 1.400 millones y una reducción de 10 puntos negativos en el capital CET1. En contraste, Bankia todavía no ha revelado su cifra pero explica en sus cuentas que el impacto será reducido.

Inditex tampoco ha ofrecido todavía el impacto, que previsiblemente será una cifra relevante, debido a que la mayor parte de sus 6.500 tiendas son en alquiler, por las que el año pasado pagó 2.300 millones en rentas, aunque no obstante el grupo textil dispone de caja positiva por 6.824 millones.