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08 maio 2014

Liquidez e Avaliação

Um dos componentes básicos do valor de um ativo é a sua liquidez. A ausência de liquidez termina por reduzir o valor de um ativo. Assim, se eu tenho uma máquina que só posso vender a um grupo restrito de pessoas, este ativo irá ter um valor menor do que um terreno, que poderá ser adquirido por diversas pessoas.
A questão do impacto da liquidez no valor dos ativos pode ser ilustrada pelo caso da família Estevão. Esta família começou a construir sua fortuna baseada em patrimônio imobiliário. Ou seja, terrenos, lojas comerciais e apartamentos, além de empresas concessionárias de veículos. A revista Veja Brasília de 16 de abril avaliou a fortuna da família Estevão em 32,8 bilhões de reais ou 14,7 bilhões de dólares (Entre o luxo e a prisão , Lilian Tahan, p. 25 a 29). Somente para se ter uma ideia, Lehman, considerado o brasileiro mais rico, tem uma fortuna estimada de 38 bilhões de reais, segundo a Forbes. Em outras palavras, a família Estevão seria a terceira maior fortuna do país, atrás de Lehman e Safra e bem distante de Abilio Diniz (somente 8 bilhões de reais de fortuna).

Assim, os números da Veja Brasília são questionados pelo valor e pela ausência de uma fonte creditada pela jornalista (Lilian Tahan). Existe um problema adicional: a falta de liquidez dos ativos. Apesar da propriedade, os bens estão bloqueados na justiça e existem diversos processos na justiça contra estes ativos. Um deles é o desvio de 170 milhões de reais do Fórum Trabalhista de São Paulo, aquele edifício do famoso juiz Lalau. A dívida já está em quase 500 milhões de reais. Outro, mais 150 milhões de reais em tributos do governo do Distrito Federal. Assim, quem pagaria 32 bilhões de reais por um patrimônio que não pode vender? Mais ainda, por um ativo sujeito a um grande conjunto de passivos? Outro aspecto que coloca em dúvida o valor apurado pela Veja Brasília é o fato de que os ativos estão concentrados (ou não diversificados). Assim, o anúncio de uma venda maciça de terrenos irá provocar uma queda natural dos preços. Finalmente, não é fácil de encontrar uma empresa ou pessoa que possua um valor elevado para “adquirir” este patrimônio. A redução dos potenciais compradores diminui o preço potencial destes ativos.

Clique aqui para ver imagem

A avaliação da Veja Brasília provavelmente foi realizada com base no valor de mercado de troca. A melhor metodologia seria utilizar o fluxo de caixa descontado dos alugueis que seriam obtidos. Mas a análise da avaliação realizada mostra que somente 9,8 bilhões de reais seriam passiveis de gerar fluxo de caixa de aluguéis. Por enquanto esta renda não está sendo bloqueada na justiça, embora não exista garantia de que isto não venha a ocorrer num futuro próximo.

Curso de Contabilidade Básica: Carga Tributária

As pessoas, físicas ou jurídicas, vivem reclamando que pagam muito imposto. No caso de uma empresa existe uma maneira interessante de verificar qual o peso da carga tributária: através da demonstração do valor adicionado (DVA).

Para mostrar como isto ocorre, usamos as informações da Ambev, uma empresa na área de bebidas. Este tipo de empresa é muito visado pelo governo por três motivos: (1) comercializa um produto não essencial, (2) gera, no futuro, um ônus muito elevado para rede de saúde (doenças associadas ao peso e alcoolismo) e (3) é fácil de tributar. Falta dinheiro, aumenta a alíquota do cigarro e bebida. Para verificar quanto a Ambev gerou de impostos é necessário usar a DVA onde esta informação aparece claramente.


No ano de 2013 a Ambev arrecadou quase 17 bilhões de reais de impostos. Isto foi quase 0,5 bilhão a mais que em 2012. Muito ou pouco? Uma forma de tentar responder é fazer uma comparação com outra conta como, por exemplo, a receita. Como a receita foi de 53,6 bilhões de reais, o valor com impostos da empresa representa 31,7% da receita. A grosso modo, para cada $10 que você paga por um produto da empresa (cerveja ou refrigerante), R$3 estão sendo destinados para o governo. No ano anterior esta percentagem era um pouco maior, de 32,6%. Ou seja, a empresa conseguiu uma “economia” com tributos.

O DVA mostra também que o governo federal e os estados são mais sedentos. Pouco é deixado de imposto no município. A razão é óbvia: como uma fábrica gera muito emprego para a região, o município muitas vezes abre mão de impostos para receber benefícios sob a forma de atração de outras empresas e redução de desemprego.


Por que o sequestro das alunas da Nigéria deveria importar para você?




Os sequestradores pedem repetidamente pelo fim da "educação ocidental".
"As garotas deveriam ir e se casar ao invés de ir para a escola".


Terrorism isn't isolated
Just imagine if 276 girls had been kidnapped in the United States. The response would be mass outrage and a forceful demand for a response.

As borders become more irrelevant for terrorists, the whole world needs to take notice of the likes of Boko Haram.

"We need to take ownership as if this happened in Chicago or this happened in Washington, D.C.," said Nicole Lee, outgoing president of the TransAfrica Forum. "We need to be talking about this. ... 
We need to make sure our own government is helping in any way that we can."

What the Boko Haram has set out to do in Africa's most populous nation is as heinous as the havoc the Taliban is wreaking.

"They actually originated as a group called the Nigerian Taliban, which kind of explains where they're coming from," said CNN's national security analyst Peter Bergen. "They are aiming to impose Taliban-style rule on much of Nigeria, particularly in the north where they are based."

The group's name itself means "Western education is sinful" in the local Hausa language. Its aim is to impose a stricter enforcement of Sharia law. The group especially opposes the education of women.


Under its version of Sharia law, women should be at home raising children and looking after their husbands, not at school learning to read and write.

[..,]

In November, the militant group abducted dozens of Christian girls and women, most of whom were later rescued by the military deep in a forest in Maiduguri. At the time of their rescue, some were pregnant or had children, and others had been forcibly converted to Islam and married off to their kidnappers.

Officials told CNN the Obama administration is sharing intelligence with Nigerian authorities and could provide other assistance, but there is no plan to send U.S. troops.

A group of U.S. senators from both parties has introduced a resolution calling for the United States to help the Nigerian government improve school security and go after Boko Haram.

The resolution stops short of calling for sending American troops. Instead, it urges "timely civilian assistance" from the United States and allied African nations to help rescue the abducted students.
Rights groups are therefore heartened at the groundswell of support, with the globally trending hashtag #BringBackOurGirls.

Crowds from Los Angeles to London rallied over the weekend.

"I think one of the most beautiful things that has happened is people are taking the hashtag, putting them in front of them and saying, 'Bring back our girls,'" Lee said. "I think people are doing that. It's catching fire."

Lançamento de Livro


Listas: Profissionais e Confiança da população brasileira

1. Bombeiros - 92%
2. Professores - 82%
3. Paramédicos - 81%
4. Pilotos - 80%
5. Farmacêuticos - 76%
6. Enfermeiros - 72%
7. Arquitetos - 72%
8. Médicos - 66%
9. Jornalistas - 66%
10. Engenheiros e técnicos - 64%
11. Soldados - 61%
12. Juízes - 59%
13. Motoristas de táxi - 57%
14. Atores - 57%
15. Condutores de trens e metrô - 56%
16. Especialistas em computação e software - 56%
...

Advogados - 41%
Agentes de seguros - 30%
Prefeitos - 14%
Políticos - 6%

Fonte: Aqui

07 maio 2014

Rir é o melhor remédio

Oferta e procura? Classificado de 1920

Curso de Contabilidade Básica: Quando o Balanço é diferente

A padronização de vários aspectos do balanço patrimonial traz para o usuário uma “zona de conforto”. Assim, quando olhamos esta demonstração já sabemos o que esperar em termos de apresentação. Mas em algumas situações somos pegos de surpresa. A figura a seguir foi retirada das demonstrações contábeis da Dufry - trata-se da empresa que possui lojas de conveniência em aeroportos. Ao acessar as Demonstrações Financeiras confesso que estava interessado na questão cambial. Mas o balanço realmente chamou a atenção. Marquei cinco pontos para discutir aqui.

Em primeiro lugar, a empresa usa o termo “balanço patrimonial consolidado interino”. Com isto está querendo mostrar que se trata da informação durante o ano de 2014, mais precisamente do final do primeiro trimestre.

O segundo aspecto é a unidade de medida. Em  geral estamos acostumados com balanços em reais. A demonstração da Dufry apresenta valores em CHF e reais. Uma pesquisa na internet irá mostrar que CHF não se trata de nenhuma substância química, mas refere-se ao franco suíço. Mas não queira descobrir isto na demonstração da empresa, pois você não irá achar.

Terceiro, a empresa destaca o fato de que os valores não são auditados. E o destaque é expressivo, já que as duas colunas estão grifadas.

Quarto, e que realmente chamou a atenção: a ordem do ativo. Na primeira vez que olhei pensei que a empresa não tinha circulante. Mas a empresa apresentou a ordem começando da menor liquidez. Ou seja, adotou o padrão inglês de balanço.

Quinto, e como consequência do anterior, o passivo e patrimônio líquido estão posicionados abaixo do ativo, novamente a ordem inglesa, e na ordem inversa que estamos acostumados. Ou seja, começa pelo patrimônio líquido e termina no passivo circulante.

A empresa está errada? Não necessariamente. A opção é plenamente válida, apesar de causar estranheza no usuário brasileiro num primeiro momento.  


Padrão para operações conjuntas

O IASB emitiu um novo padrão para as aquisições de operações conjuntas. Refere-se a IFRS 11. A norma encontra-se no site da entidade

Listas: As séries com maiores notas no ImdB

O Imdb é um endereço onde os filmes e séries são pontuadas pelos seus leitores. O ranking é um bom termômetro da popularidade entre os espectadores. Eis as melhores séries segundo o ImdB:

1. Irmãos de Guerra - 9,6 de nota (2001)
2. Breaking Bad - 9,6 (2008)
3. Cosmos: A Space-Time Odyssey 9,5 (2014)
4. Planet Earth 9,5 (2006)
5. Game of Thrones - 9,5 (2011)
6. A Escuta - 9,4 (2002)
7. True Detective - 9,4 (2014)
8. Sherlock - 9.3 (2010)
9. Cosmos - 9,3 (1980)
10. Human Planet 9,3 (2011)

Buscas no Google

Infográfico mostra as coisas estranhas que as pessoas buscam no Google

Contando com o anonimato proporcionado pela internet, as pessoas usam o Google para buscar toda e qualquer coisa imaginável – e inimaginável também. Coisas que, muitas vezes, elas jamais teriam coragem de perguntar no chamado ‘mundo real’. Do curioso ao bizarro passando pelo desesperado, esse infográfico produzido pela Search Factory revela com que tipo de requisiçoes o Google precisa lidar todos os dias, mostrando quantas vezes por mês determinada busca foi realizada. “Nao ficaríamos surpresos se algum dia desses o Google entrasse em greve”, brinca o Shortlist ;-)

Via BlueBus

Divulgação de Oferta pública

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, editou nesta terça-feira (6) a norma que dispensa as companhias de capital aberto de publicarem avisos obrigatórios de ofertas públicas em jornais de grande circulação no país. O objetivo, segundo o órgão, é diminuir os custos de acesso das empresas ao mercado de capitais brasileiro, deixando-o mais atraente como forma de financiamento. A norma dispensa a publicação dos avisos em jornais, mas exige que os documentos estejam na internet, nas páginas da empresa emissora, do ofertante, da instituição intermediária, da própria CVM e da entidade administradora do mercado em que os papéis da emissora serão negociados (por exemplo, na BM&FBovespa no caso de lançamento de ações)

Fonte: Folha

Contabilidade criativa

Sobre a contabilidade pública brasileira

Conforme dados apresentados pela Associação Contas Abertas, os restos a pagar (RAP) incluídos no Orçamento de 2014 da União somam R$ 218,4 bilhões, montante 23,6% maior que o do ano passado. Em 2013, esse montante foi de R$ 176,7 bilhões. Apesar de os restos a pagar superarem os R$ 200 bilhões, o governo só tem à disposição R$ 33,6 bilhões de anos anteriores para gastar imediatamente. O valor refere-se aos valores já processados. Ou seja: verbas que passaram pela fase de liquidação e podem ser executadas a qualquer momento.

De acordo com a jornalista Dyelle Menezes, da Associação Contas Abertas, a prática do governo de prorrogar pagamentos previstos de um ano para o outro colaborou para elevar o resultado do superávit primário de 2013. O resultado primário é a diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo-se da conta as receitas e despesas com juros.

– O resultado primário foi inflado por manobras orçamentárias. Essa passagem do Orçamento de um ano para o ano seguinte fere o princípio da anualidade do Orçamento e forma um Orçamento paralelo. Um exemplo disso é que dos R$ 42 bilhões investidos no ano passado apenas 16 bilhões eram do Orçamento do ano. O restante era proveniente dos restos a pagar. Isso é uma bola de neve! – advertiu Dyelle.

Segundo a organização não governamental, as contas do governo carecem de transparência. Mesma opinião manifestou Mansueto Almeida, especialista em finanças públicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, os restos a pagar vm sendo utilizados para inflar artificialmente o resultado primário.

– O governo não paga, ele espera a virada do ano para pagar. É muito claro que foi isso que ocorreu este ano. A despesa do setor público em janeiro é menor do que a de dezembro. Neste ano, foi o contrário porque o governo represou várias das despesas de 2013 para janeiro de 2014. Resto a pagar é um problema porque o governo pode empenhar tudo que é obrigatório na área de educação e saúde e ele pode atrasar bastante o pagamento – apontou.


(Via Agência Senado)

06 maio 2014

Rir é o melhor remédio


Acesso limitado ao e-mail


Na semana passada, recebi uma resposta automática de um homem que eu vinha tentando contatar, dizendo que ele estava " fora do escritório e com acesso limitado ao e-mail". Eu a ignorei.

No mesmo dia, Adam Parker, chefe da área de análises de ações do Morgan Stanley nos Estados Unidos, recebeu uma mensagem parecida. Ele não a ignorou. Em vez disso, encaminhou a mensagem para seus clientes, decretando que a desculpa "acesso limitado ao e-mail" é conversa fiada. Em sua opinião, praticamente não existem mais lugares no planeta onde seja impossível checar e-mails. O que essa frase realmente significa é: estou cansado, com preguiça e tenho o direito de não responder.

Parker está certo. Essa desculpa não funciona mais. Mas ele está errado ao criticá-la com tanta veemência. Às vezes, todos ficamos cansados ou com preguiça, estamos de folga ou mesmo não propensos a fazer algo que nos foi pedido. O que precisamos é de desculpas melhores. O problema é que a tecnologia está acabando com todas as velhas desculpas. "O cheque já foi enviado" não funciona mais, uma vez que ninguém mais usa cheque. "O cachorro comeu a minha lição de casa", que já era uma desculpa esfarrapada, é ainda menos convincente agora que grande parte do dever de casa é feito no computador. Assim como "o aquecedor de água explodiu e estou esperando o encanador", uma vez que você pode trabalhar em casa - desde que seu laptop também não tenha explodido.

Até mesmo as novas desculpas criadas pela tecnologia estão começando a parecer esfarrapadas. "Seu e-mail deve ter sido pego pelo filtro de spams" é uma mentira inofensiva e conveniente que eu sempre usei, mas à medida que os filtros vão ficando melhores, o valor dessa desculpa está diminuindo.

Então, quais delas ainda funcionam? Um recurso honesto é dizer que você está ocupado demais - que tem o bônus de fazer você parecer importante. "Sinto muito por não ter respondido, é que eu estava abarrotado de serviço". Eu costumava usar isso, mas estou tentando parar. Para começar, pessoas realmente importantes nunca enviam mensagens afirmando que estão abarrotadas de serviço. Além do mais, todo mundo acha que é ocupado (embora, como observei recentemente, nenhum de nós é tão ocupado como imagina).

Alegar estar muito ocupado não sugere que você é importante, mas que é ineficiente. Uma alternativa é invocar um compromisso prévio. Às vezes funciona, mas é um tiro que pode sair pela culatra. Eu já disse "acho que no dia 27 não vai dar" e ouvi a outra pessoa responder que o evento foi transferido para o dia 29. Aí, você não tem saída. Melhor é afirmar que se está no meio de uma emergência familiar - mas mentir quanto a isso, até mesmo para os não supersticiosos, soa como um convite para que algo verdadeiramente calamitoso recaia sobre a família.

A emergência familiar definitiva, claro, é a morte - atemporal, final e intocada pela tecnologia. Mas até mesmo essa desculpa está perdendo a força. Uma amiga, enlutada com a morte da mãe, descobriu depois de duas semanas que seu "cartão de liberdade" não estava sendo muito bem visto. Todos esperam um retorno rápido à normalidade.

A melhor desculpa de que tomei conhecimento recentemente vem de um executivo que cancelou uma reunião com um colega meu, alegando que "um problema legal surgiu". A genialidade dessa frase é que ela tem um tom sério e muito severo. Por mais que meu colega quisesse responder, ele não o fez: Meu Deus, que tipo de problema? Uma fraude? Falência? Um crime?

Como não posso alegar um problema legal, cada vez mais busco refúgio na verdade. Quando me perguntaram na semana passada se eu queria participar de um programa de TV que vai ao ar às 22h30, não fingi que estava ocupada, disse apenas que a essa hora já estou na cama. Quando me perguntaram se eu queria participar de uma noite de entrega de prêmios, expliquei que esses eventos não me fazem revelar o que tenho de melhor. Tal objetividade é uma vitória tripla: você não precisa se sentir mal por contar uma mentira; não há reviravoltas; e não chamam você novamente.

A mesma abordagem funciona para respostas de quem está fora do escritório. Não há necessidade de alegar acesso limitado ao e-mail. Ou você é o tipo de pessoa valorizada pelo Morgan Stanley e que trabalha nos feriados - caso em que você não precisa de um e-mail dizendo que você não está no escritório -, ou você vê os feriados como feriados. Aí, a melhor solução é dizer "estou fora até o dia X. Lerei sua mensagem quando voltar", esquivando-se assim de precisar responder.


Lucy Kellaway é colunista do "Financial Times". Sua coluna é publicada às segundas-feiras na editoria de Carreira via Valor.





Novo malabarismo fiscal

Novo malabarismo fiscal

05 de maio de 2014
Editorial O Estado de S.Paulo
Como ficaram evidentes as manobras de que o governo Dilma lançou mão até agora para alcançar resultados fiscais maquiados, mas próximos das metas prometidas, os responsáveis pelas finanças federais redescobriram velhos estratagemas. Estão retardando os repasses e os pagamentos devidos, inclusive da área social, para evitar que os números comprovem a persistente deterioração da política fiscal e ampliem a desconfiança com relação ao governo da presidente que busca avidamente a reeleição.

O governo já havia feito isso no fim do ano passado, quando, sem nenhum pudor, retardou os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) para Estados e municípios, necessários para o custeio da assistência médica à população. Agora, como mostrou reportagem do jornal O Globo (28/4), estendeu a prática para a Previdência Social, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Bolsa Família e o programa Minha Casa, Minha Vida.

O objetivo é alcançar, por quaisquer meios, a meta de superávit primário, que, em fevereiro, foi revista para R$ 91,3 bilhões, ou 1,9% do PIB projetado para 2014 (era de 2,1% do PIB). A meta, porém, está se tornando cada vez mais distante, por causa da feroz resistência do governo aos cortes de despesas, das projeções superdimensionadas das receitas e subdimensionadas dos gastos e dos dispêndios adicionais em que o Tesouro incorrerá para corrigir graves erros do programa de redução da tarifa de energia elétrica anunciado pela presidente em 2012.

Os parâmetros utilizados para fixar essa meta são questionáveis, quando não inteiramente irreais. O déficit previsto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é de cerca de R$ 40 bilhões, resultado que, se alcançado, reverteria a tendência histórica de aumento do rombo (em 2013, foi de R$ 50 bilhões), sem que nenhuma nova medida tenha sido adotada para justificar tal redução.

O déficit artificialmente comprimido da Previdência foi incluído nos documentos que acompanham o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015. Também no caso das despesas com seguro-desemprego e do abono salarial, as projeções que acompanham o projeto da LDO, de responsabilidade dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, são menores do que as previstas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Os gastos com seguro-desemprego foram reduzidos de R$ 35,1 bilhões para R$ 27,7 bilhões e com abono salarial, de R$ 16,7 bilhões para R$ 15,2 bilhões.

Quanto mais distante a meta do superávit primário, maiores parecem ser o esforço e a criatividade da área financeira do governo na busca de artifícios para alcançá-la.

No caso da Previdência, de acordo com a reportagem citada, o governo negociou com o Conselho Nacional de Justiça o adiamento para novembro dos pagamentos de precatórios normalmente feitos em abril. O resultado só aparecerá em dezembro, depois da eleição presidencial. Também estão sendo retardados os repasses aos bancos para o pagamento de aposentadorias de até um salário mínimo. No Minha Casa, Minha Vida, os pagamentos às construtoras, antes liberados logo depois da medição, agora demoram até 30 dias.

Com o atraso de repasses, o FAT tornou-se devedor da Caixa Econômica Federal, responsável pelos pagamentos dos benefícios custeados pelo fundo. É um problema adicional para um fundo que, tendo registrado um rombo de R$ 10,3 bilhões no ano passado, precisará de aportes volumosos em 2014 e 2015 para equilibrar suas contas.

Segundo a reportagem mencionada, os pagamentos devidos, mas adiados já somam R$ 10 bilhões. A meta de superávit primário do governo federal é de R$ 80,8 bilhões (o restante compete a Estados e municípios). Mas essa meta foi montada sem levar em conta os R$ 10 bilhões das transferências adiadas, os prováveis R$ 10 bilhões a mais no déficit previdenciário e as despesas adicionais causadas pelos erros do programa de tarifas de energia, que podem somar dezenas de bilhões. Pode até ser alcançada, mas é enganosa.

Curso de Contabilidade Básica: Reapresentação

Em determinadas situações uma entidade pode divulgar um conjunto de informação contábil inadequado. Isto pode ocorrer pelas mais diferentes razões, incluindo erro. Nestas situações, a entidade, preocupada com o seu usuário, poderá reapresentar sua contabilidade, destacando tal fato. Isto pode ocorrer ao longo do exercício social seguinte ou no próximo exercício social. O importante é que fique claro para o usuário o motivo da reapresentação.

Observe o pedaço do balanço patrimonial do Santos Futebol Clube. O clube de futebol destacou na coluna de 31 de dezembro de 2012 que se trata de valores diferentes daqueles divulgados anteriormente.

Na nota explicativa, o clube informa a razão da reapresentação: mudança no critério de contabilização do direito de imagem dos jogadores, conforme uma norma contábil.

No caso do Santos, as mudanças reduzem o ativo circulante e parte do não circulante, mas aumenta o intangível na mesma proporção. Ou seja, não existe alteração no total do ativo. Já as mudanças no passivo são bem menores.

Cinco Questões para o Fasb

Segundo o Journal of Accountancy (Five key issues FASB may change in financial reporting), a entidade que faz as normas nos Estados Unidos está preparando alterações relevantes que podem alterar as demonstrações contábeis num futuro próximo. Isto inclui, segundo Russell Golden, redução na complexidade das informações atuais. Para Golden, serão cinco itens a serem estudados pelo Fasb nos próximos anos, conforme palestra na 13th annual Financial Reporting Conference, realizada na cidade de Nova Iorque. A primeira é a questão da mensuração, que abrange uma mudança na abordagem conceitual. Este tema está pouco presente na estrutura conceitual básica atual. O segundo aspecto é a apresentação, em particular da demonstração do resultado. Isto incluiria a classificação do resultado em recorrente (e não recorrente) e operacional (e não operacional). A mudança aqui poderia também afetar a DFC. O terceiro aspecto refere-se a evidenciação de informação. O quarto aspecto está relacionado com o passivo e patrimônio líquido. Finalmente, o hedge accounting também deveria ser discutido para ser melhor retratado.

Listas: Governança de TI

Ranking Geral do Governo em TI
1. Banco Central do Brasil
2. Petrobras
3. Marinha do Brasil
4. CEF
5. Departamento de Polícia Federal
6. TCU
7. Hospital de Clínicas de Porto Alegre
8. Empresa Gestora de Ativos
9. Inmetro
10. BNDES
11. CHESF
12. Receita Federal
13. Ministério da Defesa Comando do Exército DCT
14. Ministério da Defesa Comando do Exercito DGP
15. MEC
16. TSE
17. TST
18. Aneel
19. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
20. Ministério da Defesa Comando do Exercito DECEx

(Imagem: homenagem a série The It Crowd)

05 maio 2014

Rir é o melhor remédio


História da Contabilidade: Plano Cruzado

Em 1967 o governo brasileiro decidiu cortar três zeros da moeda da época http://www.contabilidade-financeira.com/2013/12/historia-da-contabilidade-o-final-da.html . Em poucos dias, a contabilidade deveria fazer a adaptação para “nova moeda”. O problema inflacionário persistiu nos anos seguintes. Em 1986, durante o primeiro governo após o regime militar, decretou-se o Plano Cruzado, com intuito de reduzir a inflação. O gráfico a seguir mostra a evolução dos preços, medida pelo INPC do IBGE, de agosto de 1983 a agosto de 1987.

É possível perceber que no período anterior ao plano a inflação atingia a marca de 15% ao mês. De março de 1986 até outubro a inflação ficou abaixo de 2% ao mês. Mas em novembro o índice aumentou para 3,29%, passando para 7,27% e 16,82% nos dois meses seguintes. Ou seja, foi um plano que teve a duração de oito meses.

Na realidade, o Plano dependia do congelamento dos preços. Para isto, o governo fez a tarefa de casa, impondo para as empresas estatais ou de setores controlados (petróleo, siderurgia, telecomunicações, entre outras) este congelamento. Para os demais setores, tentou-se ou importar produtos ou combater os “inimigos” do Plano Cruzado, incluindo os pecuaristas, supermercados, entre outros. Criou-se a figura do cidadão “fiscal”, que denunciava as empresas.

Para a contabilidade, o Plano Cruzado representou umdesafio. Ao contrário do que ocorreu em 1967, quando a adaptação consistia em simplesmente cortar três zeros dos números contábeis, o Plano de 1986 obrigou a uma série de ajustes. Para as maiores empresas do país, a receita federal exigiu um balanço extra dos dois primeiros meses de 1986.

Os ajustes foram de tal ordem que algumas empresas divulgaram uma demonstração relativa a conta do Ajuste do Programa de Estabilização Econômica. Algumas contas tiveram que ser ajustada a inflação existente nos preços dos ativos e passivos. Por exemplo, uma conta a receber necessitava ser trazido a valor presente antes da conversão para a nova moeda, o Cruzado. Outra implicação foi a necessidade de “ensinar” os ajustes necessários decorrentes do Plano: artigos, cursos e até livros foram elaborados para permitir que os profissionais pudessem fazer os ajustes decorrentes do Plano Cruzado.


O Plano Cruzado foi o primeiro de uma série de “planos econômicos” fracassados. Como todos estes planos, trouxe oportunidades de trabalho e crescimento da profissão. Populista, sem atacar os problemas centrais do país e atabalhoado na execução, não deixou saudades.