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05 maio 2014

História da Contabilidade: Plano Cruzado

Em 1967 o governo brasileiro decidiu cortar três zeros da moeda da época http://www.contabilidade-financeira.com/2013/12/historia-da-contabilidade-o-final-da.html . Em poucos dias, a contabilidade deveria fazer a adaptação para “nova moeda”. O problema inflacionário persistiu nos anos seguintes. Em 1986, durante o primeiro governo após o regime militar, decretou-se o Plano Cruzado, com intuito de reduzir a inflação. O gráfico a seguir mostra a evolução dos preços, medida pelo INPC do IBGE, de agosto de 1983 a agosto de 1987.

É possível perceber que no período anterior ao plano a inflação atingia a marca de 15% ao mês. De março de 1986 até outubro a inflação ficou abaixo de 2% ao mês. Mas em novembro o índice aumentou para 3,29%, passando para 7,27% e 16,82% nos dois meses seguintes. Ou seja, foi um plano que teve a duração de oito meses.

Na realidade, o Plano dependia do congelamento dos preços. Para isto, o governo fez a tarefa de casa, impondo para as empresas estatais ou de setores controlados (petróleo, siderurgia, telecomunicações, entre outras) este congelamento. Para os demais setores, tentou-se ou importar produtos ou combater os “inimigos” do Plano Cruzado, incluindo os pecuaristas, supermercados, entre outros. Criou-se a figura do cidadão “fiscal”, que denunciava as empresas.

Para a contabilidade, o Plano Cruzado representou umdesafio. Ao contrário do que ocorreu em 1967, quando a adaptação consistia em simplesmente cortar três zeros dos números contábeis, o Plano de 1986 obrigou a uma série de ajustes. Para as maiores empresas do país, a receita federal exigiu um balanço extra dos dois primeiros meses de 1986.

Os ajustes foram de tal ordem que algumas empresas divulgaram uma demonstração relativa a conta do Ajuste do Programa de Estabilização Econômica. Algumas contas tiveram que ser ajustada a inflação existente nos preços dos ativos e passivos. Por exemplo, uma conta a receber necessitava ser trazido a valor presente antes da conversão para a nova moeda, o Cruzado. Outra implicação foi a necessidade de “ensinar” os ajustes necessários decorrentes do Plano: artigos, cursos e até livros foram elaborados para permitir que os profissionais pudessem fazer os ajustes decorrentes do Plano Cruzado.


O Plano Cruzado foi o primeiro de uma série de “planos econômicos” fracassados. Como todos estes planos, trouxe oportunidades de trabalho e crescimento da profissão. Populista, sem atacar os problemas centrais do país e atabalhoado na execução, não deixou saudades. 

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