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04 dezembro 2012

Petróleo, erro estratégico

Nesta semana, foi publicado um livro que ajudei a organizar, chamado “Petróleo – reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro” (Campus, 2012). A organização foi conjunta com Luiz Paulo Vellozo Lucas e o livro, além dos organizadores, contou com artigos de 19 autores, entre eles alguns dos mais conceituados analistas do setor de energia.
Na sua apresentação, fazemos uma distinção entre erros simples e estratégicos. Uma pessoa pode ir a um restaurante e escolher mal o prato. É algo sem maiores consequências. Já casar com a pessoa errada pode ser fonte de dor de cabeça por muitos anos para ambas partes.
Analogamente, uma empresa pode planejar a produção de um mês julgando que a demanda vai ser X e a demanda ser 10% maior, perdendo a chance de aproveitar melhor o momento, mas podendo se recuperar no mês seguinte. Já o erro poderá ser fatal se ela escolher apostar tudo num produto que está sendo abandonado pelos consumidores.
Esse tipo de equívoco é o que se denomina de “erro estratégico”. Trata-se de atos que moldam a ação de um agente durante anos e podem, no limite, levar à falência (quando se trata de uma empresa).
A comparação é válida para as economias. Um país pode reduzir juros quando deveria aumentá-los ou aumentá-los quando deveria reduzir, mas nada disso é muito grave, pois trata-se de uma decisão errada com efeitos limitados e que pode ser corrigida pouco tempo depois. Opções estratégicas, porém, têm efeitos duradouros.
[...]Os historiadores que analisarem no futuro a primeira década do atual século provavelmente qualificarão de forma parecida a mudança de regime feita pelo Brasil em 2010 no setor de petróleo, quando adotou a partilha e resolveu privilegiar a política de conteúdo local, jogando pela janela um modelo que tinha dado certo durante 13 anos, com resultados espetaculares. Enquanto o modelo de concessão vigorou sozinho, foram realizadas diversas rodadas de licitação, as reservas provadas do país dobraram, a produção elevou-se em 150 % e a arrecadação acumulada da soma da participação especial e dos royalties alcançou mais de R$ 160 bilhões. Tudo funcionava muito bem, até o setor ser atropelado pela agenda ideológica que orientou a mudança de regime.
Confirmando mais uma vez o sarcasmo de Delfim Netto, de que “quando o governo compra um circo, o anão começa a crescer”, a intervenção oficial travou o setor. Embora o cidadão comum possa julgar que o setor de petróleo vai de vento em popa, os fatos demonstram o contrário: as metas de produção não têm sido alcançadas, o país – cada vez mais distante da autossuficiência – importa quantidades crescentes de derivados e as empresas – incluindo a Petrobras – penam por conta do radicalismo da política de conteúdo local. No longo prazo, nada poderia ser mais preocupante do que a redução da área exploratória, do pico de mais de 340 mil km2 em 2009, para apenas um terço disso atualmente, devido à falta de novos leilões nos últimos anos.
A presidente queixa-se da falta de investimentos no país e, nos meios oficiais, as reclamações são contra o ambiente internacional de crise. A questão, porém, é que apesar da crise, há países da América Latina que estão muito bem, com destaque para Chile, Peru e Colômbia. Este último, especificamente, tem uma empresa de petróleo (Ecopetrol) que tem dado um “show de bola” no mercado internacional, seguindo os passos da Petrobras de 1997/ 2009 e rivalizando com ela em valor de mercado, apesar de ter ativos que são uma fração modesta dos ativos da nossa estatal.
Como diz corretamente Wagner Freire, antigo quadro histórico da Petrobras e que ajudou a escrever a história de sucesso da empresa, em um dos capítulos do livro, “as diferenças [entre as empresas] são enormes, mas o que conta mesmo para o valor de mercado é o que o mercado pensa sobre a administração da companhia e o comando do controlador”. Nesse sentido, a combinação de 1) incerteza regulatória; 2) guerra federativa; 3) ausência de leilões; 4) excessos da política de conteúdo local; e 5) controle de preços, está sendo uma “bola de ferro” que impede o retorno do ciclo virtuoso do setor, que poderia ter um papel fundamental para o crescimento do PIB. A revisão do modelo regulatório do setor deveria entrar na agenda, sob pena de perdermos uma oportunidade histórica de utilizar adequadamente a riqueza de nosso solo.

Política Fiscal e a participação da sociedade


Recentemente o governo federal anunciou que não conseguirá alcançar a meta do resultado primário para o setor público de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Apesar dessa notícia não ter sido uma surpresa para quem acompanha as contas públicas, uma análise mais detalhada dos dados assusta e levanta dúvidas sobre a capacidade de o governo federal conciliar sua agenda de aumento do investimento público com redução da carga tributária.
É interessante observar que enquanto todos parecem ter opinião formada sobre taxa de juros e sobre os erros e acertos do Banco Central, o cidadão comum fica alheio ao debate anual do orçamento que é, justamente, a área na qual decisões políticas são mais importantes do que decisões técnicas. Em vez de discutir "juros" (política monetária), o cidadão brasileiro deveria se envolver mais no debate fiscal, pois neste as decisões são políticas. Mas isso não acontece por pelo menos três motivos.
Primeiro, não há dentro do próprio governo um consenso de como as estatísticas fiscais são divulgadas. Por exemplo, a despesa primária (gasto não financeiro do governo federal), em 2011, foi de 17,5% do PIB de acordo com o Tesouro Nacional. No entanto, o Boletim da Secretaria de Comunicação da Social da Presidência da República, Nº 1656, de 13 de novembro de 2012 mostra que: "os investimentos anuais do governo federal em políticas sociais saltaram de 13% do PIB há dez anos para quase 17% em 2012."
[...]Segundo, há ainda no Brasil falta de informação quanto ao custo de alguns programas. Cito dois que passaram a ser importantes: o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES. Independentemente do mérito desses dois programas, o custo deles deveria ser claro para que a sociedade pudesse decidir se quer gastar mais ou menos com esses programas frente a outras despesas e outros investimentos.
No entanto, poucas pessoas têm ideia do custo desses programas. No caso do MCMV, praticamente metade do custo desse programa de 2009 a 2011 foi bancado pelo FGTS. E o seu custo não é pequeno. O custo total desse programa, inclusive os subsídios pagos pelo FGTS, passou de R$ 2,8 bilhões, em 2009, para um valor que ficará próximo a R$ 17 bilhões este ano.
O caso do PSI é ainda mais nebuloso. O governo federal se recusa a dar informações relativas ao custo desse programa. Vale lembrar que os empréstimos do Tesouro Nacional para os bancos públicos saíram de um valor inferior a R$ 10 bilhões, no início de 2008, para R$ 369,1 bilhões, em setembro. É muito provável que o estoque desses empréstimos cresça para meio trilhão de reais nos próximos dois anos. 
Terceiro, apesar de o governo ter um baixo controle sobre a execução orçamentária, já que apenas 10% da despesa não financeira pode ser considerada discricionária, na prática o governo vem utilizando de artifícios que têm tornado a execução das despesas obrigatórias ainda mais rígidas. Um exemplo disso é o crescimento excessivo do saldo de restos a pagar não processados, recursos empenhados de anos anteriores que são pagos no ano corrente.
[...]As despesas de anos anteriores passam a competir com despesas do orçamento do ano e, em algum ano, o equilíbrio precisa vir ou pelo aumento maior da receita ou por uma queda do primário.
Infelizmente, enquanto não houver maior transparência no custo das politicas públicas e no debate e execução do orçamento, o debate fiscal ficará restrito a “especialistas” e não a quem de fato importa neste debate que é o cidadão, que utiliza serviços públicos e paga uma carga tributária de primeiro mundo.


Mulheres e negociações salariais


Although some scholars have suggested that the income gap between men and women is due to women’s reluctance to negotiate salaries, a new study at the University of Chicago shows that given an invitation, women are just as willing as men to negotiate for more pay.
Men, however, are more likely than women to ask for more money when there is no explicit statement in a job description that wages are negotiable, the study showed.
“We find that simple manipulations of the contract environment can significantly shift the gender composition of the applicant pool,” said UChicago economist John List, the Homer J. Livingston Professor in Economics.
List was a co-author of a paper based on a study of people responding to job advertisements in which salaries were advertised either as negotiable or fixed. Women were three times more likely to apply for jobs with negotiable salaries and to pursue negotiations once they applied, the study found.
Among those responding to an explicit salary offer, 8 percent of women and 11 percent of men initiated salary negotiations. When the salary was described as negotiable, 24 percent of women and 22 percent of men pursued salary discussions.
“By merely adding the information that the wage is ‘negotiable,’ we successfully reduced the gender gap in applications by approximately 45 percent,” said List.
Previous studies have shown that men are nine times more likely than women to ask for more money when applying for a job, but this paper is the first to use a field experiment to look at gender differences in the way men and women approach salary negotiations.
[...]The study found that when men determined that salary was fixed, their probability of applying was 47 percent, compared with 32 percent for women. When salary was negotiable, the probability of women applying increased to 33 percent, whereas men’s probability decreased to 42 percent.
Despite efforts to promote gender equality, women make about three-fourths as much as men, surveys have shown. Additionally, women hold only 2.5 percent of the highest paid jobs in American firms. The gap in wages begins when a person is hired, so encouraging negotiations from the beginning is likely to have a long-term impact on salary, List said.
A variety of factors may explain the gender differences in salary, including negotiations after a person is hired and differences in women’s willingness to negotiate for jobs other than the ones advertised, the paper concluded.

Auditoria, China e SEC

O organismo regulador do mercado de ações dos Estados Unidos, SEC, acusou nesta segunda-feira cinco grandes empresas de auditoria de ocultar informações de empresas chinesas registradas nas bolsas americanas.

"Os materiais de auditoria estão sendo procurados como parte das investigações de nove empresas chinesas", disse a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. As cinco empresas acusadas são BDO China Dahua, Deloitte Touche Tohmatsu Certified Public Accountants, Ernst & Young Hua Ming, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian.

Segundo a SEC, foram violadas as leis do Securities Exchange Act e a Lei Sarbanes-Oxley, que exige que empresas estrangeiras de contabilidade pública forneçam informações à SEC quando requeridas.

Investigadores da SEC têm tentado obter essas informações há meses, mas as auditorias têm se recusado a cooperar, diz o comunicado.

"As empresas que realizam auditorias sabendo que não pode cumprir com as leis que exigem o acesso a esses documentos devem enfrentar sanções graves", disse Robert Khuzami, diretor da Divisão de Execução da SEC.

SEC acusa grandes empresas de auditoria de ocultar dados de empresas chinesas
Por AFP


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03 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Como descrever Breaking Bad para diferentes pessoas. Mais outras aqui.

HP

Os números referentes a aquisição da empresa Autonomy por parte da HP e a recente baixa contábil contam uma história interessante.

Quando a HP comprou a Autonomy, o valor de mercado da empresa era de 5,9 bilhões. A HP pagou 11 bilhões de dólares, um adicional de 5,1 bilhões. O valor contábil da empresa era de 2,1, indicando que o prêmio sobre o valor contábil pago pela HP foi de 8,9 bilhões. Logo após a aquisição, a HP perdeu 15 bilhões de dólares de valor de mercado. É bem verdade que parte da redução do valor de mercado deve-se a outros fatores, mas provavelmente a aquisição talvez tenha influenciado na penalização do mercado.

Na baixa contábil realizada recentemente o valor foi de 8,8 bilhões, sendo cinco bilhões referentes à perda de valor do negócio, em razão de “problemas contábeis”. Observe que este valor é muito próximo ao ágio pago pela HP em relação ao valor de mercado da empresa.

Coincidência?

Doação contábil

Geralmente o contador é visto como uma figura sem sentimentos, “neutro”, que não ajuda o próximo. A Accounting for International Development (AfID) mostra que isto não é verdadeiro. Fundada em 2009, esta entidade procura oferecer serviços profissionais para aqueles que não possuem experiência ou tempo.

Se um hospital faz um bom trabalho numa região pobre, é necessário informar, através de demonstrações financeiras adequadas ao doador, o seu trabalho. Além dos profissionais voltados para atividades fins, as entidades em fins lucrativos também necessitam de apoio na área financeira.

A AfID auxilia mais de 150 entidades, com 300 voluntários enviados a países pobres do mundo. A entidade recebe apoio de diversas organizações, inclusive empresas de auditoria como KPMG, E&Y, Deloitte, BDO, Grant Thornton, PwC, entre outras.

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Por que cai o investimento?

Autor: Armando Castelar
Correio Braziliense - 28/11/2012

O pífio desempenho do PIB em 2012 reflete em parte o menor crescimento do consumo das famílias, que deve fechar o ano na faixa de 3%, contra 4% em 2011. Essa perda de dinamismo ocorreu a despeito da significativa alta na massa salarial real, de quase 6%, fruto de um mercado de trabalho cada vez mais apertado, sendo explicada provavelmente pela expansão mais lenta do crédito às famílias.
O principal destaque negativo do ano será, porém, a queda no investimento, que pode superar 3%, contra alta de 5% em 2011. Essa queda é tão mais notável quando se leva em conta os inúmeros benefícios que o governo vem dando às empresas que se dispõem a investir: depreciação acelerada, empréstimos do BNDES com juros reais negativos, isenções tributárias, proteção tarifária, além, claro, da redução de 5,25 pontos percentuais na Selic. O que explica o investimento cair dessa forma?
Não há uma única explicação, mas um conjunto de fatores. Primeiro, o agravamento do quadro econômico internacional, com o aprofundamento da crise europeia e suas repercussões sobre os EUA e a China. Em particular, os exportadores de commodities sofrem com a redução da demanda por seus produtos e quedas nos seus preços e é natural que adiem projetos de expansão da capacidade de produção.
Não obstante, a crise está longe de explicar tudo ou possivelmente a maior parte dessa retração. Basta ver que outros países latino-americanos, em geral ainda mais dependentes da exportação de commodities que o Brasil, estão investindo mais este ano do que em 2011: Chile, mais 9%; Peru, mais 5%; Colômbia, mais 3%; por exemplo.
Segundo, a indústria segue com desempenho bastante fraco, devendo apresentar contração na sua produção de 2,3% este ano. Com capacidade ociosa relativamente alta, faz pouco sentido para as empresas industriais investirem, especialmente com o encarecimento dos bens de capital importados, a partir da desvalorização do real. Além disso, com a alta dos salários e a queda da produtividade, o custo unitário do trabalho aumentou acima da inflação, comprimindo as margens do setor e reduzindo o retorno a ser obtido de novos investimentos.
Terceiro, o setor de construção residencial deu uma parada de arrumação, por conta da alta pronunciada nos custos, em especial de mão de obra, que reduziram as margens.[...]

Quarto, problemas de gestão e o combate à corrupção fizeram com que o volume de investimento público fique bem aquém do que poderia ser se todos os recursos disponíveis fossem utilizados. Recentemente, o ministro dos Transportes anunciou, por exemplo, que o investimento da pasta deve cair este ano cerca de 14% em termos reais.
Quinto, o uso das estatais como instrumento de combate à inflação está comprimindo suas margens de lucro e, consequentemente, sua capacidade de investimento. A Petrobras é o melhor exemplo, mas as Companhias Docas também sofrem com tarifas defasadas; e com a queda das taxas de eletricidade, a Eletrobras igualmente deve ter sua capacidade de investimento comprometida.
Sexto, aumentou a incerteza regulatória na economia, a partir de um número grande de medidas pontuais e temporárias de estímulos, proteção, isenções tributárias etc. Além disso, o governo está promovendo mudanças significativas na regulação da infraestrutura, o que também reduz o ímpeto investidor das empresas. Não surpreende, assim, que a taxa de investimento no setor este ano deva ficar abaixo de 2% do PIB pela primeira vez em mais de década e meia.
Não é claro que esse quadro vá mudar significativamente em 2013. O cenário externo tende a permanecer desfavorável; os problemas de gestão no setor público não devem se resolver com rapidez e o impacto das mudanças regulatórias ainda deve se fazer sentir ano que vem.
A possibilidade de recuperação fica centrada, portanto, na retomada da produção industrial, que poderia estimular a expansão de capacidade; no crescimento da construção residencial, a partir do equacionamento de custos e margens; e no avanço do programa de privatização de rodovias e ferrovias, que vem associado a compromissos de investimento.
Parece pouco, especialmente dada a meta de elevar a taxa de investimento dos 18,5% projetados para 2012 para o patamar de 23%, como deseja o governo. Para atingir essa meta será imprescindível melhorar o clima de investimento e corrigir as distorções que hoje limitam as inversões do governo e suas empresas.

02 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio










Fonte: Aqui

Frase

Se o objetivo da SEC é servir como defensor do investidor, não há muito para Ms Schapiro para se vangloriar.

The Economist - sobre o legado de Mary Schapiro na SEC (via Business Insider)

Responsabilidade Fiscal no mundo

Trabalho do FMI sobre leis de responsabilidade fiscal no mundo:

Fiscal Rules Dataset
1985 - 2012

IMF Fiscal Affairs Department
November, 2012

What are Fiscal Rules? A fiscal rule imposes a long-lasting constraint on fiscal policy through numerical limits on budgetary aggregates. Fiscal rules typically aim at correcting distorted incentives and containing pressures to overspend, particularly in good times, so as to ensure fiscal responsibility and debt sustainability.

About this Dataset: It provides systematic information on the use and design of fiscal rules covering national and supranational fiscal rules in 81 countries from 1985 to end-March 2012. The dataset covers four types of rules: budget balance rules (BBR), debt rules (DR), expenditure rules (ER), and revenue rules (RR), applying to the central or general government or the public sector. It also presents details on various characteristics of rules, such as their legal basis, coverage, escape clauses, as well as enforcement procedures, and takes stock of key supporting features that are in place, including independent monitoring bodies and fiscal responsibility laws.

Artigo: Fiscal Rules in Response to the Crisis—Toward the “Next-Generation” Rules. A New Dataset

O mapa abaixo é interativo e pode ser acessado aqui.




Usando Finanças Comportamentais para investir


Como a Mint escolhe os papéis para entrar na carteira?

A ideia das finanças comportamentais é se aproveitar dos vieses de mercado criado por emoções humanas, irracionais, para entrar na contramão - por exemplo, hoje estamos ‘aplicados’ em bancos e energia. Nós duvidamos das convicções dos gestores. Não casamos com ações. Trabalhamos com um grupo de 20 ações, distribuídas igualmente, e reavaliamos as carteiras após as divulgações de resultados trimestrais, se for o caso. Tudo o que acontece entre um resultado e outro é boato, emoções. Mas é preciso ter visão de longo prazo. Estudos recentes mostram que nenhuma crise financeira, por pior que seja, dura mais do que quatro anos. Não acreditamos em previsão de futuro, olhamos passado e presente. O que nos interessa é o preço. O princípio é simples, difícil é transformar o princípio em processo. Hoje, o processo é maior do que os gestores. Aplicamos a filosofia com muito rigor desde 2009. Fazemos uma alocação que pode ser chamada de anticrise. Vamos na direção oposta à manada.O segredo é separar as empresas puro-sangue das pangarés.

(Texto completo aqui)

01 dezembro 2012

Nova Campeã de Xadrez

Terminou hoje o torneio que apontaria a campeã mundial de xadrez. Anteriormente postamos  sobre o efeito do nervosismo no desempenho das jogadoras: num dos jogos, entre Stefanova e Sebag, 10% das jogadas eram fracas. A mesma Stefanova chegou a final contra a ucraniana Ana Ushenina e perdeu no desempate - duas partidas rápidas.

O sistema de disputa foi o "mata-mata": quem perdia estava fora da disputa. Isto eliminou a ex-campeã, a jovem chinesa Hou Yifan, e a melhor no rating, a indiana Koneru Humpy, ambas na segunda rodada. A campeã é somente 37a. no rating de melhores jogadoras de xadrez, com 2452 pontos. Não é sequer a melhor jogadora da Ucrânia (é a terceira).

Anna é a 16a. campeã do mundo, a primeira da Ucrânia (segunda, se considerar Lyudmila Rudenko, campeã pela antiga URSS).

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – Esta atriz, com dívidas com o fisco, recebeu uma ajuda de 100 mil dólares do ator Martin Sheen:

Jamie Lee Curtis
Jennifer Lopez
Lindsay Lohan

2 – As empresas multinacionais que possuem ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos podem apresentar a contabilidade pelas normas do Iasb. Entretanto, destas mil empresas, mais de ____ usam as normas dos Estados Unidos

Cem
Duzentas
Quinhentas

3 – A empresa Autonomy, que foi adquirida no passado pela HP e é a principal causa do resultado negativo, pagou em 2010, para Deloitte,

1,2 milhão em auditoria
1,5 milhão em consultoria
2,7 milhões de dólares no total

4 – O regulador inglês multou o banco UBS em 29,7 milhões de libras por falhas:

Na ausência de um conselho administrativo
Na evidenciação contábil
Nos controles internos

5 – Uma das consequências dos problemas contábeis da HP foi

A destituição da CEO responsável pela aquisição da Autonomy
O rebaixamento da nota dos títulos de crédito de longo prazo
Uma multa do imposto de renda dos EUA

6 – A crise das empresas estatais está tão séria que

A margem líquida teve o pior desempenho em vinte anos
O índice P/L é de 20
O valor patrimonial é maior que o valor de mercado

7 – A meta atuarial irá diminuir dos 6% para 4,5%. Isto tende a

Aumentar o passivo das empresas com fundos de pensão
Diminuir o passivo das empresas com fundos de pensão
Só irá alterar a contabilidade dos fundos de pensão

8 – Numa pesquisa realizada pela PwC, ____ discordaram da afirmativa que não faz diferença se o balanço era auditado ou não.

67%
75%
80%

9 – As autoridades bancárias deste país estão questionando seriamente a adoção das normas internacionais e suas consequências sobre os balanços das instituições financeiras:

Espanha
França
Inglaterra

10 – Discutimos no blog muitas vezes sobre a padronização. Nesta semana algo inusitado: a padronização

Do gabarito das provas da Unesp
Dos pareceres dos tribunais de contas
Dos relatórios de administração

Fato da Semana

Fato: A saída de Mary Schapiro da SEC e a entrada de Elisse Walter no seu lugar.

Qual a relevância disto? A SEC é a entidade que endossa os padrões contábeis produzidos pelo Fasb nos Estados Unidos. Em última instância, cabe a SEC dar a última palavra sobre a contabilidade no maior mercado de capitais do mundo.

A troca aparentemente não altera muito a política da SEC para área contábil por dois motivos: a) no passado Walter seguiu Schapiro nas decisões na SEC, o que significa que a troca preserva a continuidade das decisões na agência; b) o mandato de Walter pode ser curto, uma vez que até o final de 2013 deverá ser sabatinada pelo Senado dos Estados Unidos. Além disto, a SEC possui  um orçamento de 1,3 bilhão de dólar, muito pouco para a quantidade de entidades que deve fiscalizar.

Entretanto a presidência da SEC poderá tomar decisões importantes referente a continuidade ou não do processo de convergência com as normas internacionais de contabilidade. Walter, há anos, informou que apoiava a adoção das IFRS nos Estados Unidos.

Positivo ou negativo? Em razão da aparente continuidade, fica tudo como está. Quem gostava da postura de Schapiro, a substituição por Walter será a manutenção das suas políticas.

Desdobramentos – A decisão de Obama talvez implique na não decisão pela convergência até final de 2013. Entretanto, pode ser que Walter tenha uma postura mais independente agora que virou chefe.

Próxima HP

Segundo Jonathan Weil, a próxima empresa que irá efetuar uma grande baixa contábil poderá ser a Xerox. No começo de 2007 a empresa tinha uma valor de mercado de 16 bilhões de dólares. Desde então, comprou 41 empresas por 9 bilhões. Mas o valor de mercado da empresa hoje é de 8,6 bilhões.

Mas não são as únicas, segundo Weil: Telecom Italia, Fiat, Nasdaq e Credit Agricole também possuem o mesmo problema.

John Coltrane



Ouça a performance e evoloução de John Coltrane durante os anos 1960,1961,1965,em turnês na Alemanha (60 e 61) e Bélgica(65). Coltrane foi um dos melhores saxofonistas e ícone da história do jazz. Ele tocava sax soprano, alto, tenor e clarineta baixa. São gravações históricas de excelente qualidade, quase duas horas de música de excelente qualidade.

Aumenta a demanda por auditores

O número de em­presas no Brasil contratando auditores para investigar sus­peitas de fraude e corrupção au­mentou. Somente a Pricewater- houseCoopers (PwC) atendeu 100 companhias de julho de 2011 a se­tembro deste ano. É quase o dobro do número de casos registrados nos 15 meses anteriores a esse período. A KPMG, outra grande firma que opera na área de prevenção e investigação, registrou um crescimento de 30% na procura por seus audito­res entre os meses de janeiro e se­tembro em relação a todo o ano passado. São casos de fraudes inter­nas para beneficiar um grupo de profissionais, de roubos de ativos ou de corrupção envolvendo funcioná­rios e agentes públicos.

Tradicional­mente, os grandes clientes desse tipo de serviço são as multinacionais, que têm de fornecer relatórios à matriz por causa de exigências legais no país de origem. Nos Estados Unidos, no mês passado, uma reportagem do jornal The Wall Street Journal mos­trou que três múltis gastaram juntas um total de 456 milhões de dólares com escritórios de auditoria para investigar e fortalecer seus controles internos na esperança de conseguir penalidades mais leves, ou mesmo escapar de sentenças judiciais seve­ras. A Avon, sob alegação de que empregados pagavam propinas na China; a Weatherford, de óleo e gás, sob suspeita de violação das leis de exportação na Europa, Iraque e Áfri­ca; e a rede varejista Walmart, depois de ter sua subsidiária no México denunciada por prática de suborno de autoridades públicas para conseguir crescer rapidamente no país.

No Brasil, o desfecho dessas in­vestigações muitas vezes é manti­do em sigilo. Os envolvidos são demitidos e o caso é abafado, em­bora existam exemplos recentes noticiados pela imprensa. “O tra­balho que fazemos é muito factual. Levantamos evidências para al­guém da empresa julgar, demitir ou afastar os envolvidos. São pro­vas que também podem ser usadas na Justiça, se necessário”, diz José Francisco Compagno, sócio e líder de investigação de fraudes da consultoria Ernst & Young Terco (EY&T). Atualmente, José Fran­cisco lidera uma equipe de 50 pes­soas. Em 2005, ela tinha apenas cinco profissionais. No ano passa­do, a EY&T atendeu 70 empresas, quase metade delas brasileiras. Por causa do crescimento na demanda, o time de auditores da PwC, espe­cializados nessa atividade, aumen­tou de três para 32 nos últimos três anos. Na KPMG, foram contratados cinco auditores este ano — a equi­pe tem atualmente 30.

Segundo Leonardo Lopes, diretor da área de investigação da PwC, em 90% dos casos a existência de corrupção é comprovada. “Apesar de a maioria das suspeitas de frau­des se confirmar, acredito que a quantidade dessas descobertas nem se alterou tanto assim. O que mu­dou mesmo foi a consciência dos acionistas e dos gestores, princi­palmente aqueles de companhias brasileiras, que estão mais atentos aos deslizes dos empregados”, diz Humberto Salicetti, sócio e líder da área de investigação da KMPG. Os casos mais comuns estão em em­presas dos setores farmacêutico, de telecomunicações, construção civil, infraestrutura e financeiro. Normalmente, basta uma suspeita ou uma denúncia anônima para ativar o alerta das companhias e acionar uma investigação interna, que pode custar de 20 000 reais, para um caso simples que dure até duas semanas, a 1 milhão de reais ou mais, para casos mais complexos de até um ano de investigação.

Lei brasileira

Como se vê, esse mercado de inves­tigação tem crescido no Brasil e no mundo, dando também mais opor­tunidade de trabalho a profissionais com diversas formações, principal­mente advogados, financistas e engenheiros que lidam com proces­sos internos e normas. Se depender do Projeto de Lei 6 826/10, de au­toria da Presidência da República, que tramita na Câmara dos Depu­tados, a preocupação das compa­nhias por aqui de serem pegas com suspeita de fraude e atos de cor­rupção vai aumentar e os serviços de auditorias investigativas tam­bém. As firmas que ainda não têm profissionais internos na área res­ponsável por fazer cumprir as nor­mas de conduta, terão de contratar, avaliam os especialistas.

O projeto, que está sob análise de uma comissão especial na Câmara, responsabiliza administrativa e civilmente as empresas e seus pro­fissionais por atos praticados por qualquer agente ou órgão que as represente contra a administração pública (nacional ou estrangeira), com punições severas, como multas de 0,1% a 20% do faturamento bru­to anual até a suspensão temporá­ria ou dissolução da companhia. Hoje, apenas pessoas físicas são punidas. “Isso reduzirá muito os casos de corrupção, pois não vai adiantar apenas afastar o funcio­nário, como as empresas estão acostumadas a fazer nesses casos. Elas vão ser responsabilizadas de qualquer forma”, diz o relator do projeto, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). Se aprovado pela comissão, o projeto segue direto para avaliação do Senado.

Entretanto, um movimento endos­sado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trabalha para que ele seja revisto e votado pelo plená­rio da Câmara antes disso. Se acon­tecer, a previsão é de que o projeto não vire lei por mais um ano. “Ques­tionamos a falta de defesa por parte da empresa, que o projeto ignora impondo uma culpa presumida”, diz Sérgio Campinho, advogado da CNI. O projeto de lei é uma resposta do Brasil à convenção anticorrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 1997. Dos 33 países sig­natários, o Brasil é um dos três, ao lado da Argentina e Irlanda, que ain­da não têm legislação sobre o assun­to. O projeto brasileiro se espelha na americana FCPA e na inglesa UK Bribery - leis estrangeiras que pu­nem delitos de fraude corporativa.

O número de empresas com códi­gos rígidos ainda é pequeno. Das 1 400 companhias associadas ao Instituto Ethos, pouco mais de 200 assinaram um pacto para a instala­ção de códigos de ética e condutas. “Um código é um início importante. Passa a mensagem para aprofundar o assunto, depois qualificar e treinar os funcionários para esse risco, atuando também na cadeia que lhe presta serviço”, diz Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.

Se já está demonstrado que a cor­rupção não é um fenômeno restrito ao Brasil, e que os avanços das rela­ções internacionais e a intensifica­ção da globalização elevaram o risco de fraude, identificar situações de atos suspeitos é primordial para um profissional que não quer se envolver e arriscar sua carreira. Manter as conversas estritamente profissionais nas negociações, principalmente nas relações com o poder público, é uma maneira de se defender.


Esquadrão antifraude - 30 de Novembro de 2012 - Revista Você S/A - LUIZ DE FRANÇA

Banco da Inglaterra

O Banco da Inglaterra quer que as instituições bancárias do Reino Unido façam uma avaliação mais adequada das perdas ocultas existente nos balanços, informou o The Guardian. A declaração implica em dizer que os balanços dos bancos daquele país não estão adequados.

Uma das preocupações, segundo o Guardian, é a norma internacional de contabilidade.

As regras contábeis atuais [leia-se IFRS] não permitem aos bancos tomar atitudes para as estimativas de perdas futuras, apenas para as perdas que podem ser prever com precisão. (Bank of England fears that financial system needs more capital - 30 de Novembro de 2012 - The Guardian - Jill Treanor and Larry Elliott)