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06 março 2011

Loteria

As loterias da Caixa Econômica Federal atingiram a arrecadação recorde R$ 8,8 bilhões no ano passado, superando em 19,8% o montante de 2009 (R$ 7,3 bilhões). O resultado superou a previsão de crescimento de 10% traçada pelo banco público no começo do ano. (Apostas em loterias da Caixa batem recorde em 2010 – Valor 4 mar 2011)
Racionalmente, as pessoas não deveriam jogar na loteria. Entretanto, o resultado da CEF mostra que as pessoas não seguem um padrão esperado de racionalidade. O grande problema é que a loteria esportiva não deixa de ser um imposto altamente regressivo. Em geral, as pessoas pobres apostam mais, proporcionalmente com certeza, que os ricos. Assim, o resultado da loteria indica, em termos econômicos, que aumentou a arrecadação regressiva por parte do governo.

Sexo e Seguro

Sexo e Seguro - Postado por Pedro Correia

Houve gritos de protesto da indústria de seguros, quando o Tribunal de Justiça Europeu decidiu em 1º de março que o sexo de uma pessoa não deve ser usado para definir as políticas de seguro. As seguradoras afirmaram que vai sair caro para alguns : não existirá mais prêmios baratos para motoristas cuidadosas do sexo feminino, e as anualidades mais baixas para os homens de vida mais curta.





A decisão desencadeou um caloroso debate sobre se a ciência atuarial, que avalia fatores como expectativa de vida e a propensão de um indivíduo destruir carros, não poderia usar apenas outros dados além do sexo para calcular os possíveis acontecimentos . Como por exemplo usar dados sobre a alimentação e hábitos de direção ou a localização e a riqueza. Os atuários já utilizam alguns desses fatores.

A Advogada-geral do tribunal alegou que, tendo em conta as mudanças sociais, modelos de risco não podem mais ser claramente relacionadas com o sexo de uma pessoa. Isso foi uma "espécie de critério de substituição " para outras funções e era incompatível com o princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres, ela disse.

O caso foi apresentado por Test-Achats, um grupo de consumidores belga, argumentando que um artigo da União Europeia de 2004 sobre igualdade de tratamento de bens e serviços era falho: com uma condição muito desagradável, o artigo 5 (2), tinha dado injustificadamente aos Estados a opção de permitir que o o uso continuado dos dados aturiais baseado no sexo para definir os prêmios de risco. Os juízes concordaram com o Test-Achats e eliminaram o artigo 5 (2). A partir de 21 de dezembro de 2012 todos os novos contratos de seguros terão de cumprir com a nova regra.

Os atuários dizem que o uso de outros fatores nos seus cálculos além do sexo é perfeitamente possível. Pode haver um choque para os prêmios de motos para as mulheres jovens na Grã-Bretanha, mas muitas seguradoras já usam como base de seus prémios o carro e não o motorista. A Bélgica tem seguro de carro unissex desde 2007.

A situação da Bélgica não é suficiente para acalmar o clima na Grã-Bretanha. A grande questão é a das pensões: as anuidades são muito mais comuns na Grã-Bretanha do que no resto da Europa.

Restringir a capacidade das seguradoras de refletir os riscos no momento de fixar os prêmios pode causar problemas. As seguradoras argumentam que a remoção do sexo como fator de avaliação irá adicionar incerteza a conta de todos. Usar mais detalhes sobre as características dos indivíduos também vai aumentar os custos. Se os prêmios mais elevados irão desestimular as pessoas a pouparem para pagar a anuidade, por exemplo, o acórdão do tribunal não vai ajudar ninguém.

Tradução livre de Pedro Correia

05 março 2011

Rir é o melhor remédio


Marty pede a jovem que segure algo. Comercial engraçado e da paquera bem-humorada.

Economia comportamental e Valuation

Economia comportamental e Valuation - Postado por Pedro Correia

Aswath Damoradan fez breve análise da integração da economia comportamental com a avaliação de ativos. Segundo o professor de finanças da Stern School of Business para ganhar dinheiro com valuation é preciso avaliar o valor dos ativos mas seu preço deve se mover em direção aquele valor. A economia comportamental proporciona diversas dimensões sobre o assunto. Ele formulou três perguntas de modo a mostrar a relevância da integração da economia comportamental com o valuation. São estas:

1º- Por que diferentes analistas chegam a diferentes estimativas de valor para a mesma empresa? Quando você avalia o valor de uma empresa, você é um dos muitos a fazê-lo, muitas vezes com base na mesma informação que os outros investidores, e muitas vezes usando os mesmos modelos. Então, por que diferentes analistas chegam a diferentes estimativas do valor? Ao olhar para a interação entre psicologia e avaliação, a economia comportamental proporciona insights interessantes sobre porque os valores que chegamos são diferentes (e por extensão, por que alguns de nós são os compradores e outros são vendedores) e os erros sistemáticos (superavaliação ou subavaliação) que nós fazemos por conseqüência.

2ª Por que o preço difere do valor? No mundo da economia clássica, o preço pode desviar do valor, porque os investidores cometem erros, ou porque o preço pode refletir informações que o analista não pode ter, ou vice-versa. Com a economia comportamental, estamos aprendendo que, que os investidores podem se comportar de maneiras (por exemplo: se recusar a vender “lossers”, querer fazer parte da multidão, ser bastante confiante e avaliar de forma equivocada as probabilidades) o que faz com que os preços divirjam do valor em quantidades significativas.

3ª Quando o valor e o preço vão convergir? A eco
nomia comportamental pode nos fornecer pistas sobre a rapidez com que a convergência entre preço e valor vai acontecer e por que a velocidade pode variar entre os diferentes ativos. Isso seria extremamente útil para o investidor. Assim, poderemos ser capazes de responder a uma pergunta que, historicamente, nos iludiu: Se eu comprar uma ação barata hoje (e estou certo sobre o preço ser o mais barato), quanto tempo tenho de esperar até que minha “aposta” retorne o que paguei?

Como investidores, nos cabe não só se familiarizar com os achados em finanças comportamentais, mas também devemos reconhecer quando o instinto de seguir pode danificar carteiras. Meir Statman, um dos economistas comportamentais que mais gosto, escreveu um grande livro sobre como os investidores podem vencer os seus impulsos e tomar melhores decisões.
Tradução livre de Pedro Correia

Despesa de publicidade?

Saiu barato para o grupo coreano LG os R$ 200 mil pagos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sua primeira palestra após deixar o cargo. Fabricante de televisões, celulares, computadores e eletrodomésticos, o grupo contratou Lula para falar na quarta-feira sobre a economia brasileira a clientes do setor de varejo em um centro de convenções de São Paulo. Lula e a LG foram notícia e apareceram em jornais, sites, TVs e rádios de todo o país. Somente para se ter uma ideia da economia em publicidade, a exposição por 30 segundos no intervalo do “Jornal Nacional”, da TV Globo, foi de R$ 570 mil por 3 inserções semanais em 2010, de acordo com um anunciante ouvido pelo Valor. (...) No meio publicitário, a estratégia foi considerada uma boa sacada. “Quem dera ter pensado nisso antes”, comentou o presidente de uma agência paulista. “Eles conseguiram atrair uma simpatia generalizada em relação à marca e por um valor irrisório. Conseguiram o destaque e ainda geraram um ‘buzz’ altíssimo”, afirmou Eduardo Tomiya, sócio diretor da BrandAnalytics. Na linguagem dos executivos de marketing, buzz é o barulho criado em torno de uma ação na mídia. “Quem faz isso [expor a marca ao lado de uma figura pública], o faz intencionalmente, dentro de um planejamento claro. E não precisa se preocupar em manter, nos meses seguintes, esse barulho gerado com a ação. É tão barato que já foi obtido retorno imediato.” Do Valor Econômico - Investimento publicitário em Lula saiu barato, avaliam agências - Ana Paula Grabois e Adriana Mattos - 4 de março de 2011
O valor pago, mais as despesas (aluguel, pessoal etc), poderiam ser considerados despesas de publicidade? Ou seriam classificadas como treinamento?

Efeitos do poder de compra da Petrobrás nos seus fornecedores.

Efeitos do poder de compra da Petrobrás nos seus fornecedores. - Por Pedro Correia

Entre 2009 e 2010, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um amplo estudo para estimar o impacto das atividades da Petrobras sobre o desenvolvimento produtivo e tecnológico dos seus fornecedores no Brasil. O estudo foi publicado em novembro de 2010 e está disponível em um livro no site do IPEA.Quando se compara os fornecedores da Petrobras com os não fornecedores, nota-se que os primeiros: a) pagam um salário médio 80% maior; b) têm um porte médio maior (ganhos de escala); c) rotatividade da mão de obra menor; d) empregam 42,1% de todos os engenheiros que têm carteira assinada na indústria e serviços selecionados pelo estudo; e e) empregam também 43,3% dos profissionais científicos e 45,9% dos pesquisadores dos setores analisados. No entanto, os resultados não são tão espetaculares quando se investigam os efeitos dinâmicos do relacionamento com a Petrobras.

No caso do engajamento em atividades de inovação, o resultado da pesquisa mostra que, de fato, o crescimento no número de pesquisadores, engenheiros e profissionais científicos é maior para empresas que passam a fornecer para a Petrobras do que para os não fornecedores. No entanto, na pesquisa qualitativa com cerca de 100 fornecedores, 75% deles afirmam que o desenvolvimento de novos produtos decorreu de esforços próprios de inovação e apenas 8,3% destacam a parceria com a Petrobras como principal fonte. Ou seja, as empresas inovam por esforço próprio e não porque contam com uma ajuda tutorial da Petrobras.

Os pesquisadores investigaram também se o fato de se tornar um fornecedor da Petrobras aumentaria o acesso ao crédito do BNDES e se aumentaria o investimento. Essa hipótese, no entanto, não foi comprovada.

Um dos capítulos do livro (capítulo 5) analisa o efeito da Petrobras nos fornecedores de máquinas e equipamentos. As empresas que fornecem para a estatal são grandes exportadoras (exportaram US$ 2,3 bilhões em 2006), mas são também grandes importadores (importaram US$ 2 bilhões no mesmo período). Adicionalmente, a tabela 1 da página 63 mostra que, com exceção de três produtos, a demanda da petroleira não chega a 10% do total de compras do setor, o que mostra ser a demanda da Petrobras insuficiente para modificar o padrão de especialização da indústria de máquinas e equipamentos no Brasil. No caso da inovação neste setor, apesar de os fornecedores da Petrobras empregarem um maior número de trabalhadores em carreiras técnico-cientificas, “esses profissionais estariam sendo empregados mais para a adaptação tecnológica do que para a geração de tecnologias endógenas às firmas” (página 75).

O capítulo 6 analisa a indústria naval e mostra que as encomendas da Petrobras foram importantes para reativar a indústria naval no Brasil que, em 2009, já empregavam cerca de 232 mil trabalhadores. No entanto, dados para a indústria naval mostraram também que os gastos em P&D (em percentual da receita líquida) são inexpressivos no setor e que existem apenas 21 pessoas (sendo sete deles doutores) ocupados em P&D. Ao contrário do Japão e Coreia do Sul, está-se criando, no Brasil, uma grande indústria de montagem de navios; ou indústrias maquiladoras do setor naval (páginas 84-85).

Por fim, um dado interessante, que não aparece no livro publicado mas escutei de pesquisadores que participaram da pesquisa, é que mais da metade das compras da Petrobras (entre 55% e 60%), no setor industrial doméstico, de 2004 a 2007, são compras de empresas brasileiras de capital estrangeiro. Ou seja, a exigência de conteúdo nacional parece estar funcionando muito mais para atrair empresas estrangeiras para o Brasil do que como estímulo ao desenvolvimento de empresas nacionais.

Em resumo, a Petrobras é uma grande empresa, com acionistas estrangeiros e com mais da metade de fornecedores industriais que são empresas estrangeiras no Brasil. Isso não é, necessariamente, ruim; e talvez seja essencial para que a estatal continue como a empresa mais inovadora no Brasil e América do Sul. Dito isso, precisamos entender que os dilemas para o crescimento do Brasil são muito maiores que o crescimento da Petrobras. Assim, controle o seu entusiasmo com o “petróleo é nosso”.

As compras da Petrobras: controle seu entusiasmo
Mansueto Almeida é técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Valor Econômico - 04/03/2011

Uma tese é uma tese

Uma tese é uma tese - Mario Prata
Postado por Isabel Sales

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290.

Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza.

Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.

- O quê? Pirou?

- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.

04 março 2011

Rir é o melhor remédio



Cúpido na frente do empregado da Receita Federal. Cupido tenta fazer com que o funcionário seja compassivo, com suas flechas...

Filho de Kadafi investigado por plágio

Filho de Kadafi investigado por plágio em sua tese de doutorado

Fonte: O Globo

Diante de um escândalo envolvendo acusações de plágio na tese de doutorado defendida em 2007 pelo filho preferido do ditador Muamar Kadafi, a London School of Economics (LSE), prestigiosa instituição britânica, está empregando esforços para desvincular sua imagem do regime líbio.

Além de afirmar que está investigando acusações de que Saif al-Islam tenha copiado ou contratado um ghostwriter para escrever o trabalho de 429 páginas - que disserta principalmente sobre o direito de todos os indivíduos a participar do poder político - a LSE anunciou o corte de todos os laços financeiros com a família Kadafi.

A instituição havia aceitado - sob protestos de um único professor - uma doação de 1,5 milhão de libras (cerca de R$ 4 milhões) de uma organização comandada por al-Islam, mas a LSE afirma que, até hoje, recebeu apenas 300 mil libras do filho do ditador.

Essa soma será agora empregada num programa de bolsas de estudos destinadas a estudantes líbios, e a direção afirmou que não cobrará da Fundação Kadafi para o Desenvolvimento de Caridade Internacional o resto do valor prometido.

Na semana passada, estudantes da LSE haviam ocupado a sala dos professores e o escritório do diretor em protesto à associação da imagem da universidade ao regime de Trípoli.

- Os alunos estão dizendo: 'É dinheiro sujo, devolva' - afirmou Charlotte Gerada, presidente do grêmio estudantil. - A LSE tem orgulho de ser comprometida com a justiça social e os princípios democráticos, e nós deveríamos pensar com mais cuidado sobre a origem do dinheiro que aceitamos.

Para o diretor da instituição, Howard Davies, a doação foi um risco que se voltou contra eles.

- Não estou envergonhado pelo que fizemos com o dinheiro, mas está claro que ele vem de uma fonte com a qual não queríamos estar associados atualmente - explicou Davies.

Um dos mentores de al-Islam na escola, David Held lamentou o caminho escolhido pelo jovem, que é descrito pelo professor como "uma pessoa dividida entre a lealdade à família e o desejo de seu país".

- Os eventos recentes mostram que ele, tragicamente, mas fatalmente, fez as escolhas erradas - julgou Held.

Ironicamente ou não, o conteúdo de sua tese, "O Papel da Sociedade Civil na Democratização de Instituições Globais", contrasta profundamente com a mais recente imagem de al-Islam mostrada ao mundo.

Apesar de ter levado anos para construir uma reputação de reformista e aberto a mudanças políticas - o que lhe rendeu um bom trânsito com lideranças ocidentais - na hora do aperto, al-Islam foi à televisão alertar que "rios de sangue correriam" caso os rebeldes continuassem a tentar derrubar o governo. A mesma pessoa que, quatro anos antes, defendia em sua tese que "a liberdade é um direito inalienável dos indivíduos, e um governo justo deve protegê-la em sua Constituição e em suas leis".

O escândalo estourou quando um grupo de blogueiros afirmou ter encontrado 17 plágios na tese, que tem como base os autores John Rawls, David Hume e Ned McClennen.

Postado por Isabel Sales. Indicado por Glauber Barbosa, a quem agradeço.

(Leia mais aqui)

Teste do Marshmallow

Teste do Marshmallow - Postado por Pedro Correia
Para testar a capacidade de uma pessoa esperar uma recompensa, o professor Walter Mischel, da Universidade de Stanford, na Califórnia conduziu, em 1972, o Teste do Marshmallow. O teste foi feito com um grupo de crianças de quatro anos de idade, cada um das quais recebeu um marshmallow. Se a criança pudesse resistir a comer o marshmallow, era prometido que ela receberia outro. Em suma, busca-se medir quanto uma criança consegue esperar para obter alguma coisa em troca.

Os cientistas analisaram o tempo que cada criança resistiu à tentação de comer o marshmallow, e se isso teve ou não algum efeito sobre sua vida. Em seguida, os pesquisadores da universidade, estudaram o progresso no desenvolvimento de cada criança participante na adolescência, e relataram que as crianças capazes de esperar a recompensa eram mais bem ajustadas psicologicamente, tinham mais confiança e, como estudantes do ensino médio, tiveram notas significativamente maiores.

Veja o vídeo e entenda o teste.
Os resultados forneceram aos pesquisadores grande conhecimento sobre a psicologia do auto-controle. O experimento foi repetido muitas vezes depois, e o estudo original da Universidade de Stanford é considerado como uma das experiências mais bem sucedidas sobre o comportamento humano.
Essa habilidade de o indivíduo esperar o que ele quer é um atributo intelectual conhecido como auto-controle, força de vontade, etc. Assim, em termos de contabilidade, o investidor deve calcular o valor presente líquido de recompensas futuras, e adiar recompensas a curto prazo de menor valor
. O teste também está relacionado com um dos parâmetros mais interessantes, usados e estudados na teoria econômica que é o que representa a taxa de desconto intertemporal (ou impaciência), o beta.
Pra quem gostou do vídeo.Veja mais aqui.

Por que os filmes afetam o comportamento do mercado?

Existem duas maneiras dos filmes que estão passando no cinema afetarem o mercado acionário. A primeira, através do desempenho do setor, que poderá afetar a bolsa. Se uma empresa de cinema, com capital aberto, obtém boas bilheterias, isto irá valorizar suas ações. É difícil acreditar que isto seja relevante já que o setor de cinema representa muito pouco do mercado de ações.

Uma pesquisa conduzida por uma professora da Universidade de Copenhague, Gabriele Lepori, descobriu que existe uma relação entre os filmes de comédia e o mercado (Positive Mood, Risk attitudes, and investment decisions: Field evidence from comedy movie attendance in the U.S.).

Nos dias de hoje, um filme quando estréia concentra suas forças na primeira semana de exibição. Nesta data, o filme ocupa muitas salas e as pessoas querem assistir o filme o mais cedo possível. Assim, nos dias atuais, é possível determinar os efeitos de um filme sobre o mercado acionário considerando a data de sua estréia (sexta-feira, geralmente) e o desempenho do mercado no dia seguinte (segunda-feira).

Lepori usou dados entre 1995 a 2010, que incluiu o número de pessoas que assistiram filmes e o tipo de filme. A questão explorada por Lepori são as comédias. Quando as pessoas assistem uma comédia isto pode ter efeito sobre o risco. Existem duas teorias aqui: uma afirma que o bom humor tende a sinalizar de forma positiva sobre o ambiente, aumentando o nível de risco assumido; outra, afirma que o bom humor tende a fazer com que os investidores desejem manter o status quo. Ou seja, há controvérsia na teoria se assistindo a uma comédia aumentaríamos ou reduziríamos o nível de risco.

O interessante do trabalho de Lepori é que ela isolou o efeito de outras variáveis. Com isto, a pesquisadora pode verificar se uma comédia de muito sucesso provoca uma redução no mercado acionário.

Leia Mais aqui 

Custo

Genial este estudo de caso sobre custos: como as empresas conseguem economizar no custo de fabricação e ainda criam um produto diferenciado. O chocolate com ar!
A receita das barras de chocolate é razoavelmente comum: cacau, manteiga de cacau ou outros óleos, adoçantes e, talvez, algumas nozes ou frutas. Com os atuais preços do cacau, açúcar e outras commodities nas alturas, os fabricantes de doces estão descobrindo que um simples ingrediente - ar - pode ajudar a inflar os lucros. A Nestlé vem dando grande destaque a sua marca e chocolate aerado - Aero [vendido no Brasil como Suflair] -, a Barry Callebaut está agregando mais ar aos recheios e a Cadbury lançou em 2010 uma nova versão de suas barras arejadas Wispa, depois de ter reintroduzido a marca em 2007. Nos últimos quatro anos, os preços do cacau mais do que dobraram em meio às baixas colheitas e ao aumento da demanda. Em 22 de fevereiro, o cacau atingiu cotação de US$ 3.608 por tonelada, nível que não era visto há 30 anos. O açúcar, ao qual os fabricantes normalmente recorrem quando o cacau está muito elevado, também está em alta, após o mau clima ter prejudicado as colheitas no Brasil. Os contratos futuros do açúcar refinado chegaram a US$ 857 por tonelada em 2 de fevereiro, maior patamar desde, pelo menos, 1989. Isso torna o "ar" um passo natural. A densidade do chocolate pode ser cortada até pela metade com o acréscimo de dióxido de carbono ou óxido nitroso para fazer bolhas, diz Stephen Beckett, autor de "The Science of Chocolate" e ex-pesquisador da Nestlé. "Quando se areja, o chocolate tende a ficar mais cremoso", diz Beckett. "Sua densidade fica tão baixa que derrete mais facilmente e proporciona um sabor diferente." Os fabricantes de chocolate dizem que as bolhas de ar tornam os doces mais cremosos e os fazem engordar menos. Um benefício adicional é que o ar aumenta o volume do doce, sem trazer grande custo adicional, embora existam limites à estratégia, já que a maioria das barras é precificada de acordo com o peso. "O ar equivale a menos calorias e, na verdade, é possível vender isso", diz James Amoroso, consultor especializado em indústrias alimentícias, que trabalha em Walchwil, Suíça. "Se você tiver algo light [...] você pode ganhar dinheiro." O executivo-chefe da Nestlé, Paul Bulcke, diz que há muito "potencial de eficiência" com os doces. Acrescenta, no entanto, que "não brincaria demasiado com a substituição do cacau". "Não queremos simplesmente dizer: 'Como podemos tirar o chocolate [do produto]?'" A Nestlé gastará 15 milhões de libras esterlinas (US$ 24 milhões) para comercializar o Aero no Reino Unido e Irlanda neste ano, o maior orçamento promocional da empresa já reservado para a marca de chocolate aerado. A Callebaut, que produz chocolate em grandes volumes para a Nestlé, Hershey e Kraft Foods, entre outras empresas, está lançando recheios aerados "texturizados", como caramelo e avelã, para algumas de suas barras. Adicionar ar oferece uma melhor "experiência ao paladar", diz Paul Pruett, executivo-chefe da Bubble Chocolate, de Salem, Massachusetts, que começou a vender chocolate aerado nos Estados Unidos em 2009. As empresas buscam há muito tempo formas de produzir doces mais baratos para os mercados de massa. A Cadbury começou a vender uma barra Dairy Milk menor no Reino Unido. Com dois quadrados a menos, a barra ficou com 120 gramas, em vez dos 140 gramas anteriores. Uma alternativa é adicionar óleo vegetal, embora muitos países tenham regulamentação sobre os ingredientes de qualquer doce que seja vendido como sendo chocolate. Na União Europeia, por exemplo, o conteúdo de gordura nos doces rotulados como chocolate precisa ter pelo menos 95% de manteiga de cacau. As primeiras barras arejadas chegaram às prateleiras em 1935, quando a Rowntree, posteriormente comprada pela Nestlé, lançou o Aero. Em 1937, a Nestlé começou a vender chocolates aerados sob sua marca Cailler. No fim dos anos 30, a Rowntree vendeu máquinas de arejamento para rivais como a Lindt & Sprüngli e Van Houten. Nos anos 80, fabricantes na União Soviética começaram a produzir barras arejadas. Embora a tecnologia tenha se mantido ao longo dos anos, o consultor Amoroso adverte que os fabricantes não deveriam introduzir muitas mudanças rapidamente. "É preciso atrair o consumidor", diz. "De outra forma, esqueçam
Valor Econômico - Ar no Chocolate ajuda a aumentar o lucro - Tom Mulier - Bloomberg, via Valor Econômico (fonte, aqui)

Indústria de Música


O gráfico mostra a evolução do mercado de música, de 1973 até os dias de hoje. Os valores estão ajustados pela inflação e pela população, o que torna o gráfico mais real. De azul, no início da série histórica, os discos de vinil. Depois, as fitas cassetes. Os CDs substituíram o vinil e resultado no ápice da indústria, no final dos anos 1990. A era digital mostra a crise da indústria.

Entretanto o gráfico não diz que a "nova era" apresenta uma vantagem sobre as anteriores: o menor custo de distribuição e de produção. 

Imposto Efetivo no mundo


Nós usamos informações publicamente disponíveis das demonstrações contábeis para 11.602 empresas de capital aberto de 82 países entre 1988-2009 para estimar o nível  de imposto efetivo dos países (ETRs). Descobrimos que o local de uma multinacional e suas subsidiárias afeta substancialmente seu imposto efetivo em todo o mundo. As empresas japonesas sempre enfrentaram maior ETRs. Multinacionais dos EUA estão entre as mais tributadas.Multinacionais sediadas em paraísos fiscais enfrentam as mais baixas taxas. Nós achamos que ETRs têm diminuído ao longo das últimas duas décadas; no entanto, a classificação ordinal de países com impostos elevados para países com baixos impostos pouco mudou. Também encontramos pouca diferença entre os ETRs das multinacionais e das empresas nacionais. 

Douglas A. Shackelford

Previsão é para os pássaros (e ratos), não para os humanos

No experimento, os pesquisadores faziam piscar duas luzes, uma verde e uma vermelha, numa tela. Quatro de cada cinco vezes era a verde; na outra vez, a luz vermelha acendia. Mas a seqüência exata era mantida aleatória. Quando recompensado se a escolha era correta, ratos e pombos rapidamente descobriam que a melhor estratégia era sempre escolher verde, garantindo 80 por cento de acertos. Os seres humanos, no entanto, tentaram antecipar quando a luz vermelha acendia. Esta estratégia equivocada leva em média as pessoas a escolherem a luz com precisão de apenas 68 por cento no tempo. Mais estranho ainda os seres humanos persistiam nesse comportamento, mesmo quando os investigadores dizem a eles que as luzes piscando eram aleatórias. E enquanto os roedores e pássaros aprenderam rapidamente como maximizar sua pontuação, as pessoas muitas vezes tinham pior desempenho quanto mais eles tentavam descobrir.
Forecasting Is for the Birds (and Rats) - By CATHERINE RAMPELL

Comitê de Identificação de Riscos


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instituiu o Comitê de Identificação de Riscos (CIR), composto pelos membros do Colegiado, pelos titulares das Superintendências e pelos titulares da Procuradoria Federal Especializada – PFE e da recém-criada Assessoria de Análise e Pesquisa - ASA. A CVM poderá, quando entender que é relevante, convidar participantes do mercado para reuniões do CIR.

O CIR tem por objetivo o exame regular das atividades do mercado e de seus participantes, em particular os impactos de novos produtos, atividades e serviços. Adicionalmente, esse fórum de discussão tem por tarefa analisar se os poderes conferidos ao regulador, sua estrutura operacional e seus regulamentos são suficientes para mitigar os potenciais riscos emergentes identificados.

Dessa forma, o Comitê de Identificação de Riscos complementa os diversos mecanismos de identificação e monitoramento de riscos já existentes na CVM, como é o caso, por exemplo, da supervisão preventiva orientada pelo modelo de supervisão baseada em risco, além de formalizar e conferir um caráter mais sistemático à atividade de avaliação dos seus mercados já realizada pelas áreas da CVM.

A constituição do CIR reflete a conclusão a que chegaram reguladores do mundo todo quanto a formas de prevenção de novas crises como a crise financeira internacional que eclodiu em 2008. O consenso internacional aponta para a necessidade de uma atuação permanente dos supervisores e reguladores dos mercados na identificação de inovações e mudanças significativas, e dos mecanismos de mitigação de riscos que devem ser implementados para lidar com novas realidades.

O CIR permitirá à CVM atender aos Princípios 6 e 7 da International Organization of Securities Commissions – IOSCO, aprovados em 2010 e que estabelecem (i) a necessidade de o regulador adotar um processo, apropriado ao seu mandato, de monitoramento/gerenciamento/mitigação do risco sistêmico ou contribuir com esse processo e (ii) a necessidade de o regulador implantar um processo regular de revisão do perímetro regulatório ou contribuir para essa ação.

Título do tesouro

O gráfico mostra a evolução de 200 anos do título do tesouro dos EUA.

03 março 2011

Rir é o melhor remédio

Qualidade acima de tudo. Fonte: New Yorker

Teste 441

Você reclama do orçamento público brasileiro. Mas alguns dos problemas parecem universais. Veja por exemplo o gasto com o patrocínio das equipes da Nascar (corrida de automóveis) por parte do Tio Sam. Este gasto está no orçamento:

 (a) da defesa
 (b) da saúde
 (c) da indústria

 Resposta do anterior: Argentina. Fonte: aqui

Por que situação do Brasil é preocupante?

O Brasil é a letra inicial dos BRICs. A economia está crescendo, os investimentos confirmam um otimismo, iremos sediar dois eventos esportivos internacionais etc. Mas a situação do Brasil é confortável?

Um relatório da Nomura mostra uma situação desconfortável. Veja o seguinte quadro, de setembro de 2010. Os ativos correspondem aos investimentos de brasileiros no exterior, além das reservas. Observe que os ativos brasileiros representam 548 bilhões de dólares, sendo 166 investimentos diretos no exterior e 275 bilhões em reservas. O grande problema é que estas reservas estão investidas em títulos de baixo risco, com baixa remuneração.


Agora o passivo. São 436 bilhões de dólares em investimento direto, 386 bilhões em ações, 221 em títulos de renda fixa e 156 em outros investimentos. Enquanto os ativos possuem um rendimento de 6,7%, o passivo é remunerado a 16,5%. A conta é simples:

Remuneração do ativo = 548 bilhões x 6,7% = 37 bilhões por ano

Remuneração do passivo = 1205 bilhões x 16,5% = 199 bilhões

A diferença é de 162 bilhões. Como cobrir esta diferença? Uma resposta é através da balança comercial. Mas sabemos que o desempenho nos últimos anos tem sido decepcionante, em parte por conta do câmbio.

Outra possibilidade é a transformação do país em exportador de petróleo. Mas será possível isto a curto prazo?

O Financial Times, ao analisar o relatório da Nomura, faz algumas ponderações: (a) a análise é realizada usando suposições históricas, que podem não repetir; (b) a economia brasileira ainda é muito fechada, indicando que os fatores internos podem ser relevantes; e (c) existe uma grande semelhança com o Brasil da década de setenta.