Translate

11 março 2009

Petrobras 3

Ainda sobre o vazamento da informação da Petrobrás:

Dados da Petrobrás eram acessíveis a pelo menos 100
Kelly Lima, RIO
O Estado de São Paulo - 11/3/2009

Segundo diretor da estatal, é elevado o número de pessoas com acesso aos dados que vazaram para o mercado, antes da divulgação do balanço

Pelo menos cem pessoas poderiam ter deixado vazar dados preliminares sobre os resultados da Petrobrás antes da divulgação do balanço financeiro de 2008, admitiu ontem o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa. Segundo ele, a companhia recebeu, na noite de sexta-feira, denúncia de suposto vazamento dos dados do balanço, divulgado perto de 19h daquele dia.

“Nós recebemos uma denúncia na sexta-feira à noite, minutos antes da divulgação. Por isso constituímos uma comissão interna para apurar o que aconteceu. E, se aconteceu, para evitar que ocorra novamente”, disse o diretor, após o término de conferência com analistas para detalhar os dados do balanço. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também está investigando a movimentação atípica com as ações sexta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo.

Entre os analistas do setor de petróleo, circulou na tarde de sexta-feira um e-mail com cerca de 45 páginas contendo parte dos dados referentes ao balanço que seria divulgado horas depois. Segundo informações de bastidores, o e-mail tinha até mesmo a carta do presidente José Sérgio Gabrielli, analisando os resultados da companhia.

O correio eletrônico teria circulado durante duas horas antes do fechamento do pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ao fim do pregão, as ações preferenciais da estatal caíram 1,27%. As ordinárias, 1,84%. Durante o dia, porém, chegaram a cair mais de 4%, num movimento que, segundo analistas, demonstra antecipação do mercado aos resultados.

Barbassa descartou que o vazamento possa ter ocorrido durante teleconferência do conselho de administração, que inclui Gabrielli e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A reunião ocorreu no fim da tarde de sexta-feira para a aprovação dos dados finais do balanço. “Não foi isso, com certeza. O dado que supostamente pode ter vazado era preliminar, não eram dados finais.”

Segundo Barbassa, é elevado o número de pessoas com acesso a estes dados no processo de elaboração. “Tem uma equipe grande envolvida, o pessoal da contabilidade, de RI (Relações com Investidores), a nossa auditoria externa, mais os tradutores. Em torno de cem pessoas.”

Não é a primeira vez que a Petrobrás está envolvida em denúncia de vazamento de informações. No início de 2007, a empresa enfrentou problema semelhante, pouco antes do anúncio da compra da Ipiranga, em operação que envolveu ainda a Braskem e o grupo Ultra.

FRASES

Almir Barbassa
Diretor financeiro da Petrobrás
“Nós recebemos uma denúncia na sexta-feira à noite, minutos antes da divulgação”

“O dado que supostamente pode ter vazado era preliminar, não eram dados finais”

“Tem uma equipe grande envolvida, o pessoal da contabilidade, de RI, a nossa auditoria externa, mais os tradutores. Em torno de cem pessoas”

Petrobras cria comissão para apurar vazamento de dados
KELLY LIMA
11/3/2009
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro

O diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou ontem que há sim o risco de ter ocorrido vazamento de dados contábeis da estatal petrolífera antes da divulgação do balanço financeiro da empresa, na sexta-feira passada. Segundo ele, a Petrobras está apurando se houve realmente este vazamento em comissão interna composta especificamente para este assunto."Nós recebemos uma denúncia na sexta-feira à noite, minutos antes da divulgação e por isso constituímos a comissão: para apurar o que aconteceu e, se aconteceu, para evitar que ocorra novamente", disse o diretor.

Indagado sobre a possibilidade de o vazamento ter ocorrido durante a teleconferência realizada para a reunião do Conselho de Administração da empresa no fim da tarde daquela sexta-feira, Barbassa negou: "Não foi isso com certeza. Não foi por aí. O dado que supostamente pode ter vazado era um dado preliminar, não eram dados finais. Era um dado do processo de elaboração do balanço entre quarta e quinta-feira (dias 4 e 5). Ou seja, que pode ter vazado depois da reunião de diretoria, na quinta-feira) à noite", disse Barbassa.

O diretor lembrou ainda que é elevado o número de pessoas que tem acesso a estes dados durante o processo de elaboração. "Tem uma equipe grande envolvida. Tem o pessoal da contabilidade, do RI (Relações com Investidores), o pessoal da nossa auditoria externa, mais os tradutores. Em torno de umas 100 pessoas", disse.

Ele afirmou ainda que não tem detalhes sobre exatamente quais os dados que poderiam ter vazado. Barbassa também não soube dizer quanto tempo deve levar as investigações sobre o assunto. "Eu, particularmente, nunca apurei denúncia deste tipo. Não sei quanto tempo dura", afirmou.

Barbassa diz que vazamento não ocorreu em reunião do conselho
Reuters Focus - 10/3/2009

RIO DE JANEIRO, 10 de março (Reuters) - A sindicância interna aberta pela Petrobras para apurar o vazamento de dados do balanço da estatal divulgado na sexta-feira não tem prazo para terminar, segundo o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa.

Ele informou que o dado que teria vazado era preliminar, o que indicaria que a irregularidade ocorreu antes da reunião do Conselho de Administração, na sexta-feira, feita em parte por vídeo-conferência.

"Não foi por aí", disse ao ser perguntado se a informação teria vazado na reunião do conselho por não ter sido feita pessoalmente, como geralmente ocorre, "porque o dado que nos informaram que vazou foi um dado preliminar", disse Barbassa a jornalistas após reunião com analistas.

De acordo com o executivo, cerca de 100 pessoas estavam envolvidas na elaboração do balanço, somando o pessoal da contabilidade, da área de Relações com Investidores, auditores externos e equipe de tradução, além de diretores e conselheiros.

"Nós tivemos uma denúncia e vamos apurar, para que isso que aconteceu não aconteça de novo", explicou o executivo dizendo que esta é a primeira vez que coordena uma sindicância interna.

A Comissão de Valores Mobiliários informou que também está investigando o assunto, mas não quis antecipar se encontrou movimentos suspeitos nas negociações com as ações da Petrobras.

"A CVM está examinando os negócios realizados com as ações da companhia antes da divulgação do fato relevante (do balanço)."

(Por Denise Luna; Edição de Marcelo Teixeira)

Holística

Bernanke defende regulação "holística"
Gazeta Mercantil - 11/3/2009

Nova York, 11 de Março de 2009 - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pediu ontem uma ampla revisão do modo como o governo regula o sistema financeiro para prevenir os derretimentos financeiros futuros. Numa palestra para o Conselho das Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês) em Washington, Bernanke disse que o sistema financeiro necessita ser regulado "como um todo, de uma forma holística" e que a supervisão mais rigorosa dos bancos não será suficiente para proteger contra as crises futuras.

"A regulamentação e a supervisão sólidas e eficientes das instituições bancárias, embora necessárias para reduzir o risco sistêmico, não são suficientes por si mesmas para alcançar essa meta", disse Bernanke.

Ele disse que as deficiências dos sistemas de supervisão do governo e do gerenciamento do risco do setor privado contribuíram para precipitar a crise econômica ao não assegurar que o fluxo de capital estrangeiro nos Estados Unidos fosse investido de forma prudente. Os mercados de crédito congelaram e as economias globais começaram a se contrair no que Bernanke chamou de pior crise financeira desde os anos 30.

Mesmo quando o Fed e outros bancos centrais se empenhavam para restaurar a confiança no sistema financeiro e liberar o crédito, Bernanke disse que os formuladores das políticas públicas tinham de olhar adiante para as mudanças de longo prazo no sistema financeiro.

Bernanke afirmou ainda que eles também têm de examinar o problema das instituições consideradas "grandes demais para quebrar" por causa da função que elas desempenham no sistema mais amplo. Grandes instituições como o Citigroup e a seguradora American International Group (AIG) receberam bilhões em ajuda financeira enquanto o governo procurava evitar o colapso no sistema financeiro. "Na presente crise, a questão das instituições grandes demais para deixar quebrar surgiu como um enorme problema", disse Bernanke.

Especificamente, o presidente do Fed pediu supervisão "especialmente rigorosa" das empresas cujo colapso apresenta ameaça sistêmica para a economia mais ampla, e disse que os reguladores têm monitorar zelosamente a tomada de risco e a estabilidade financeira das grandes instituições financeiras, e que elas devem manter os elevados padrões de liquidez.

Bernanke pediu uma revisão das regras de contabilidade que determinam o modo como as empresas avaliam os ativos - um tema importante quando os bancos avançam com dificuldade sob o peso de títulos lastreados por hipotecas cujo valor subjacente tem caído paralelamente à queda dos preços dos imóveis residenciais. Bernanke disse que as regras contábeis e outras regras financeiras não devem amplificar os altos e baixos naturais dos ciclos dos mercados.

"A revisão adicional dos modelos de contabilidade que determinam a avaliação e a provisão para perdas serão úteis, e podem resultar em modificações das regras contábeis que reduzem seus efeitos pró-cíclicos sem comprometer as metas de divulgação e transparência", disse ele.

Numa sessão de perguntas e respostas depois do discurso, Bernanke disse que não era a favor da suspensão dos modelos de contabilidade marcados a mercado, mas disse que a debilidade nas regras vigentes deve ser identificada e corrigida.

Além disso, Bernanke pediu a criação de uma autoridade para monitorar e supervisionar os ricos amplos e sistêmicos, e disse que os formuladores das políticas públicas têm de reforçar as regras que determinam os pagamentos e as negociações de forma que os mercados financeiros possam atuar melhor sob pressão.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(The New York Times)


Não sei qual a razão, mas toda vez que escuto/leio a palavra Holística sinto cheiro de embronação.

Vazamento

Pelo menos cem são suspeitos de vazar balanço da Petrobras
11/3/2009 - Valor Econômico

A Petrobras avalia que pelo menos cem pessoas estão entre as que podem ter sido responsáveis pelo vazamento de informações referentes ao balanço de 2008, divulgado pela empresa no final da tarde da sexta-feira passada. São, entre outros, os técnicos das equipes de contabilidade e de relações internacionais da empresa, membros da auditoria externa e da equipe de tradutores, todos com acesso a todas as fases de elaboração do balanço.

"É uma equipe grande", disse ontem o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, após fazer a apresentação dos resultados da empresa para analistas e acionistas reunidos pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Rio (Apimec-Rio). Sempre falando no modo condicional sobre o ocorrido na tarde de sexta-feira, algumas horas antes da divulgação oficial dos números, Barbassa disse que já está descartada a hipótese de o vazamento ter acontecido no processo de aprovação do balanço pelo conselho de administração, realizado parte com as presenças dos integrantes, parte por videoconferência. A auditoria externa da empresa é a KPMG.

"Não foi por aí, porque o dado que teria vazado era um dado preliminar, do processo de elaboração", disse. Segundo o diretor, os números que lhe foram passados representavam o quadro do balanço na noite de quarta-feira para quinta-feira, mas ressalvou: "Não estou dizendo que o vazamento teria ocorrido de quarta para quinta-feira".

Barbassa mostrou tranquilidade em relação ao ocorrido e não chegou a ser pressionado pelos analistas. "O mais importante é evitar que aconteça de novo, se aconteceu", afirmou. A Petrobras decidiu anteontem formar uma comissão interna para investigar a ocorrência, mas o executivo não soube dizer o prazo que terá para concluir os trabalhos. Ele disse também que até ontem não sabia "exatamente o que vazou".

As preocupações dos analistas durante a apresentação foram mais focadas no baixo lucro operacional da empresa, no forte aumento da dívida e na correlação entre os preços dos combustíveis no mercado interno e no externo. Sobre o lucro operacional, que caiu de R$ 10,8 bilhões no terceiro para R$ 5,04 bilhões no quarto trimestre do ano passado, Barbassa atribuiu à ocorrência de "números não recorrentes" nos últimos três meses de 2008, principalmente resultantes da queda do preço do petróleo no mercado internacional e da variação cambial.

Segundo o executivo, se não existissem essas perdas extraordinárias, como a desvalorização dos estoques provocada pela baixa do óleo no mercado e a perda de economicidade de alguns projetos de exploração e produção de óleo pelo mesmo motivo, o resultado operacional teria sido de R$ 10,8 bilhões, ficando apenas R$ 1,38 bilhão abaixo do número do terceiro trimestre também expurgadas as mesmas rubricas.

Sobre o endividamento líquido da estatal, que cresceu 83% em 2008, passando de R$ 26,7 bilhões para R$ 48,8 bilhões, Barbassa disse que o efeito do câmbio sobre os números em reais foi muito importante (R$ 9 bilhões) e ressaltou que, sendo a Petrobras uma empresa dolarizada, o mais importante é verificar seu endividamento em dólares. Na moeda americana, a dívida cresceu somente 23%, passando de R$ 22,4 bilhões para 27,7 bilhões do final de 2007 para o de 2008.

Barbassa disse que tudo em relação à dívida da Petrobras "está dentro dos planos" e que a atual gestão tem entre os objetivos "manter a empresa dentro de um sólido 'investment grade' (grau de investimento)", condição importante para que as ações da empresa mantenham a atratividade. Ele disse ainda que os números da estatal com base na legislação americana deverão ser divulgados por volta do dia 27 deste mês.

Questionado sobre sua afirmação de que a Petrobras é uma empresa dolarizada, quando 60% da receita vem da venda de óleo diesel, gasolina e gás de cozinha (GLP), produtos cujos preços não estão atrelados ao mercado internacional, o executivo disse que esses preços são também dolarizados, só que no médio prazo e não no curto, como a nafta e o querosene de aviação. Com base no mesmo raciocínio, disse que não há prazo para o reajuste dos preços dos produtos mais vendidos.


Volto a afirmar: fiz uma pesquisa com o volume de negociação da Petrobrás e não constatei nada de anormal.

Balanço da Petrobrás

Sobre o vazamento do balanço da Petrobrás dois dias antes de sua evidenciação, abaixo uma notícia da Folha de São Paulo. É interessante notar que procurei no volume de negociação de alguns dos principais papéis da empresa e não constatei nenhuma mudança significativa no mesmo. Seria então um mistério que uma informação contábil divulgada antes do tempo não tenha propiciado ganhos por parte dos investidores.

Balanço da Petrobras vazou dois dias antes
11/3/2009
Folha de São Paulo

Cem pessoas tiveram acesso antecipado aos dados
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse ontem que dados do mais recente balanço financeiro da companhia, referentes ao quarto trimestre de 2008, vazaram para o mercado financeiro de quarta para quinta-feira, dois dias antes da divulgação oficial havida na sexta-feira à noite.

A companhia constituiu, anteontem, comissão de sindicância para investigar a origem e a extensão do vazamento. Segundo o diretor, mais de cem pessoas podem ter manuseado o relatório preliminar do balanço e originado o vazamento.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que fiscaliza o mercado de capitais, está examinando os negócios com as ações da companhia antes da divulgação do balanço.

A empresa teve lucro de R$ 7,4 bilhões no último trimestre, 32% menor do que o apurado nos três meses anteriores. O desempenho foi afetado pela queda do preço do petróleo no mercado internacional.

Barbassa disse ter sido informado sobre o vazamento minutos antes de fazer a divulgação oficial do balanço. O relatório passa pelas áreas de contabilidade, de relações com investidores, por auditores externos e por tradutores, uma vez que é divulgada versão em inglês.

Segundo ele, a companhia não sabe que informações vazaram, mas seriam dados preliminares e não definitivos.

O jornal "Valor Econômico" noticiou, na edição de ontem, que teve acesso na sexta-feira, antes da divulgação oficial, a um relatório de 44 páginas. O texto era praticamente igual ao distribuído pela empresa após o fechamento do pregão.

Descolamento

O vazamento passou despercebido pela Bolsa de Valores e pela CVM, que souberam do ocorrido apenas anteontem.

A Bovespa, segundo sua assessoria, não detectou anormalidade nos negócios com a Petrobras, na sexta-feira, quando o valor das ações ordinárias, com direito a voto, caiu 1,83% e o das preferenciais (sem direito a voto) recuou 1,26%.

Para o analista de investimentos do Banco do Brasil Nelson Mattos, a queda das ações na sexta-feira foi atípica, porque os papéis da Petrobras vinham em alta desde que a empresa divulgou seu plano estratégico, no fim de janeiro.

Há divergência entre os analistas. Para Luiz Otávio Broad, da Corretora Ágora, a queda das ações da estatal foi compatível com as variações na Bolsa.

Safra e Madoff

Os clientes do Safra Group, que estava envolvido em investimentos do fundo de Madoff, podem receber compensação por suas perdas. Entre os clientes, grandes bancos brasileiros, segundo o Financial Times.

Oposição

Anteriormente já postamos a opinião de Forbes, da revista Forbes, sobre marcação a mercado. Ele se opõe e considera uma das causas da crise financeira. Novamente sua opinião:

(...) The most disastrous Bush policy that Mr. Obama is perpetuating is mark-to-market or "fair value" accounting for banks, insurance companies and other financial institutions. (...)

Mark-to-market accounting is the principle reason why our financial system is in a meltdown. The destructiveness of mark-to-market -- which was in force before the Great Depression -- is why FDR suspended it in 1938. It was unnecessarily destroying banks.

But bad ideas never die. Mark-to-market was resurrected by the Financial Accounting Standards Board and became effective in the fall of 2007 (FASB rule 157) to the approval of the Bush administration, its Treasury Department, and the Securities and Exchange Commission. Even as FASB 157 began to take its toll on financial institutions last year, Mr. Bush refused to kill or suspend it. When Congress voiced displeasure last fall, the administration and regulatory authorities made some cosmetic changes, but the poisonous essence remained.

Obama Repeats Bush's Worst Market Mistakes
Steve Forbes - 6/3/2009 - The Wall Street Journal - A13
Mr. Forbes is chairman and CEO of Forbes Inc. and editor in chief of Forbes magazine.

Confusão

(...) Um desses desafios será fazer com que órgãos reguladores locais, acionistas e o Poder Judiciário se acostumem ao modelo International Financial Reporting Standars (IFRS, na sigla em inglês), que traz como um de seus maiores componentes a ampliação drástica do espaço para julgamentos e interpretações nos demonstrativos das companhias. "Vejo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) bastante avançada no entendimento e nos julgamentos das aplicações do IFRS. Mas o Judiciário tem demonstrado ainda não estar preparado para fazer julgamentos baseados em princípios.

Há sempre aquela necessidade de tipificar as decisões em códigos escritos", critica o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Mauro Cunha.

Na avaliação do executivo, um dos órgãos do Judiciário que tem de se adequar melhor à nova realidade é o conselhinho, vinculado ao Ministério da Fazenda, que permite que decisões tomadas por CVM e pelo Banco Central (BC) sejam revistas.


[sic. uma grande confusão aqui, não?]

Para Teixeira da Costa, o fato de não ocorrer em "céu de brigadeiro" não invalidará as principais vantagens que a adoção do IFRS trará às empresas brasileiras em médio prazo. "O maior benefício será a redução no custo das captações de recursos. O IFRS traz um conjunto de normas que facilitam o entendimento da companhia por todos os agentes de mercado", afirma o especialista.

[Isto naturalmente é um juízo de valor. Acredito não ser possível mensurar isto]
IFRS já traz novos desafios ao mercado

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 5)(Luciano Feltrin) - 5/3/2009 – Via Análise de Balanço

Livros que você leu e livros que você não leu

Sempre que participo de processos seletivos, gosto de perguntar ao entrevistado sobre um livro que leu. As respostas são diversas. Já teve um período onde a maioria das pessoas indicava Código Da Vinci. Mais recente, predomina O Monge e Executivo. Arte da Guerra também é muito citado. (E como moro em Brasília, livros de concurso, quando o candidato é sincero!)

Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha revela os segredos dos livros e sua leitura. Já sabemos que muitas pessoas mentem quando perguntado sobre o livro que leu e gostou, muitas vezes para impressionar as outras pessoas.

Pois bem, Segundo a pesquisa dois terço das pessoas admitem mentir sobre o assunto, conforme revela uma pesquisa do World Book Day.

O mais interessante é a presença de certos livros entre aqueles citados. Começa a lista com um autor inglês, George Orwell, e o clássico 1984. A lista dos dez mais é a seguinte:

1. 1984 - George Orwell (42%)
2. Guerra e Paz - Leo Tolstoy (31%)
3. Ulisses - James Joyce (25%)
4. Bíblia (24%)
5. Madame Bovary - Gustave Flaubert (16%)
6. Uma breve história do tempo - Stephen Hawking (15%)
7. Midnight's Children - Salman Rushdie (14%)
8. Em busca do Tempo perdido - Marcel Proust (9%)
9. Dreams from My Father - Barack Obama (6%)
10. The Selfish Gene - Richard Dawkins (6%)

Fonte: Poll reveals UK's reading secrets

(Já li 1984 e Ulisses. O primeiro tudo bem; mas acreditar que alguém leu e gostou de Ulisses é difícil.)

Mesmo com esta pesquisa, irei continuar perguntando que livro a pessoa leu. Não para entender ou classificar um candidato, mas dar uma pequena parcela de contribuição para leitura num país de analfabetos.

Gráfico

O gráfico abaixo mostra o histórico do índice P/L da SP 500. Muitas pessoas não gostam deste índice por confrontar uma informação de mercado com outra contábil. Mas a força do gráfico mostra que claramente os sintomos da bolha em 1929, final da década de 60 e a bolha da internet. Observe que os níveis atuais de P/E mostram que o mercado ajustou-se a sua média histórica. Fonte: Aqui

Sorte ou friamente calculado?

Outra fraqueza que se transformou em vantagem durante a crise é a severa lista de exigências para a liberação do crédito no Brasil, que incluem garantias, entradas e altas taxas de juros que elevam o custo do financiamento. Segundo a publicação, isso desencoraja consumidores e empresas a assumirem os "selvagens riscos" que quebraram vários bancos na Europa e na América. "Em vez disso, o crédito no Brasil está suavemente decaindo, e não em colapso".
Brasil é beneficiado por sua indolência
Portal Exame Via Claudia Cruz

Mapa da Proibição de Bebida no Mundo

O mapa abaixo mostra a partir de que idade é permitido o jovem tomar bebida alcoólica. O Brasil está no meio termo.



Clique na imagem para ver melhor.

Fonte: NY Times via MJPerry Blog

Efeitos da IFRS

O primeiro balanço do setor de construção, divulgado ontem pela Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), mostra que o impacto das alterações contábeis no segmento será bastante expressivo e deverá reduzir indicadores importantes, como receita, resultado operacional e a última linha do balanço.

As empresas passam a ter que descontar, de uma só vez, despesas comerciais e de vendas - como gastos com estande e marketing - que antes eram descontados conforme o andamento da obra. Outra mudança importante é o ajuste a valor presente, que inclui, por exemplo, a diferença entre o valor à vista e a prazo de um imóvel, além da contabilização de terrenos.

No caso da CCDI, as novas regras contábeis tiraram R$ 44,9 milhões do lucro anual da empresa por conta, principalmente, da "baixa de despesas comerciais ativadas", que representaram R$ 32,3 milhões, e de "ajustes a valor presente", que somaram R$ 8,6 milhões. (...)
CCDI tem prejuízo com novas regras contábeis
5/3/2009 - Valor Econômico


Conforme afirmei anteriormente, em alguns países onde a IFRS foi adotada o setor imobiliário foi muito afetado pelas normas.

GE

(...) No fim de 2008, a GE informou que havia contabilizado US$ 4 bilhões em perdas não reconhecidas de um total de US$ 37 bilhões investidos em prédios comerciais, ou cerca de 11%. AGoldman Sachs e a Blackstone fiveram, respectivamente, baixas contábeis de 25% e 30% em suas carteiras de investimentos imobiliários.

Se a GE fizesse a baixa de 25% na carteira de investimentos imobiliários, isso teria um impacto de US$ 9 bilhões nos lucros e no patrimônio, disseram analistas do UBS em relatório divulgado na terça-feira. No relatório, os analistas disseram que a GE pode precisar levantar capital adicional, em parte por causa de perdas pendentes da carteira imobiliária. A GE reduziu os investimentos imobiliários, mas aumentou os empréstimos para o setor. Por isso, os ativos imobiliários aumentaram US$ 6 bilhões, ou 8%, no ano passado.

A GE informou que não precisaria marcar a mercado seus ativos imobiliários porque eles são investimentos de longo prazo. Ela tradicionalmente compra propriedades, faz reformas e depois as vende.
(...)

Crise de confiança derruba ações da GE; empresa reage em comunicado
Serena Ng, Paul Glader e Lingling Wei, The Wall Street Journal
5/3/2009 - The Wall Street Journal Americas - 1


Observem a contradição do texto (grifo meu).

Reserva e Crise

Este assunto já foi tratado aqui. Mas é interessante a discussão sobre a reserva para períodos de crise.

Grupo sugere que companhias façam reserva para crises
5/3/2009
Valor Econômico

Transformar a receita de economia doméstica da vovó em regra contábil. A idéia em discussão na elite do universo da contabilidade é como fazer as companhias, especialmente os bancos, pouparem mais em tempos de bonança para terem um colchão de segurança para épocas ruins.

Esse é o assunto que mais tem tomado tempo nos debates do Comitê da Crise Financeira criado em dezembro pelos dois principais reguladores de normas contábeis do mundo, o Iasb, que emite as normas do padrão internacional IFRS, e o Fasb, que cuida das regras americanas.

O objetivo desse grupo, formado principalmente por agentes de mercado que não são contadores, é oferecer um relatório com sugestões ao Iasb e ao Fasb de como a contabilidade pode contribuir para prevenir ou detectar precocemente as crises.

A questão foi parar no universo contábil porque a economia desejada seria feita por meio de uma reserva ou provisão. Hoje, em Nova York, o comitê da crise tratará mais uma vez da questão em seu terceiro encontro, que avaliará a possibilidade de fornecer um pré-relatório para a reunião do G-20 que ocorrerá em abril. A agenda do comitê prevê mais três encontros até julho. (...)

A discussão sobre a economia durante os ciclos positivos, chamada de provisionamento dinâmico ou anticíclico, parte dos reguladores do sistema financeiro e economistas, mas enfrenta forte resistência dos especialistas em contabilidade. A inspiração vem do modelo espanhol. (...)

10 março 2009

Rir é o melhor remédio

Método do tijolo para contratação de funcionários

O método consiste em:

1- Colocar todos os candidatos num galpão.

2- Disponibilizar 200 tijolos para cada um.

3- Não dê orientação alguma sobre o que fazer.

4- Tranque-os lá.

Após seis horas, volte e verifique o que fizeram.

Segue a análise dos resultados:

1 - Os que contaram os tijolos, contrate como contadores.

2 - Os que contaram e em seguida recontaram os tijolos, são auditores.

3 - Os que espalharam os tijolos são engenheiros.

4 - Os que tiverem arrumado os tijolos de maneira muito estranha, difícil de entender, coloque-os no Planejamento, Projeto e Implantação Controle de Produção.

5 - Os que estiverem jogando tijolos uns nos outros, coloque-os em Operações.

6 - Os que estiverem dormindo, coloque-os na Segurança.

7 - Aqueles que picaram os tijolos em pedacinhos e estiverem tentando montá-los novamente, devem ir direto à Tecnologia da Informação.

8 - Os que estiverem sentados sem fazer nada ou batendo papo furado, são dos Recursos Humanos.

9 - Os que disserem que fizeram de tudo para diminuir o estoque mas a concorrência está desleal e será preciso pensar em maiores facilidades, são vendedores natos.

10 - Os que já tiverem saído, são gerentes.

11 - Os que estiverem olhando pela janela com o olhar perdido no infinito, são os responsáveis pelo Planejamento Estratégico.

12 - Os que estiverem conversando entre si com as mãos no bolso demonstrando que nem sequer tocaram nos tijolos e jamais fariam isso, cumprimente- os com muito respeito e coloque-os na Diretoria.

13 - Os que levantaram um muro e se esconderam atrás são do Departamento de Marketing.

14 - Os que afirmarem não estar vendo tijolo algum na sala, são advogados, encaminhem ao Departamento Jurídico.

15 - Os que reclamarem que os tijolos estão uma porcaria, sem identificação, sem padronização e com medidas erradas, coloque na Qualidade.

16 - Os que começarem a chamar os demais de companheiros , elimine-os imediatamente antes que criem um sindicato.


Enviado por André Calvo, grato.

Teste #33

Grau de Dificuldade: **
Partindo de uma letra A, siga as linhas e sem repetir a mesma letra descubra uma palavra vinculada à contabilidade. Todas as letras só podem ser usadas uma única vez e todas as letras serão usadas.



Resposta do Anterior: 1) Sim. Lyra Tavares foi presidente do CFC entre 1946 e 1955. O Chanel 5 foi criado por Gabrielle Bonheur Chanel ou Coco Chanel em 1921; 2) Não, pois Beaver nasceu em 1940 e o incêndio ocorreu em 1937; 3) Não. A batalha de Alcácer-Quibir ocorreu em 1578, quando morre o rei Sebastião de Portugal. Ibn Taymiyyah viveu entre 1263 e 1328 e escreveu no livro Hisba sobre a contabilidade entre os muçulmanos.

Normas Brasileiras de Contabilidade

As grandes mudanças na contabilidade brasileira fizeram com que o capítulo do livro de Teoria ficasse defasado. Aqui uma dica imprescindível do blog Notícias Contábeis.

A partir da Resolução do Conselho, fiz duas figuras para que você, caro leitor, possa entender o que nos espera no futuro com as normas brasileiras de contabilidade. (Se você acha que hoje está confusa, imagine quando as normas estiverem convergindo):



Abaixo, o detalhamento das normas técnicas:



Além destas, existem a Interpretação Técnica (quando a redação da norma técnica ficou muito confusa e ninguém conseguiu entender direito, emite-se uma "interpretação" do texto) e o Comunicado Técnico, de caráter transitório.

Links

Uma analise critica do acordo entre AIG e Tesouro dos EUA

Ego economia em crise também

A questão do copyright no xadrez

Empresas poderão responder por corrupção

Petrobras

Petrobras cria comissão interna para apurar vazamento de balanço
Valor Econômico - 10/3/2009

A Petrobras vai constituir uma comissão interna para apurar vazamento de informações relativas aos resultados do quarto trimestre de 2008.

Desde sexta-feira o mercado está em polvorosa com a divulgação, antes do fechamento do pregão, de uma cópia preliminar com os números do balanço da Petrobras. A companhia inicialmente disse que não tinha conhecimento de nenhum vazamento de dados, mas ontem à noite informou que criou uma comissão de sindicância.

A circulação dos números da maior empresa brasileira com o pregão ainda em funcionamento causou espanto em alguns analistas, que ainda esperavam a divulgação oficial do balanço. Eles ficaram ainda mais perplexos quando confirmaram que os números preliminares batiam com os oficiais.

Um e-mail com o balanço preliminar da Petrobras rapidamente correu o mercado na sexta-feira e, antes do fechamento da Bovespa, às 18h, bancos, corretoras e gestoras de recursos de terceiros já sabiam o resultado da companhia no quarto trimestre e no ano inteiro de 2008.

Na própria sexta, o Valor teve a informação do vazamento e procurou a direção da companhia, que só se pronunciou ontem à noite sobre o assunto. O material que vazou, do qual o Valor teve acesso, possui 44 páginas, com todos os dados sobre o desempenho da companhia e até a carta com os comentários do presidente, José Sergio Gabrielli de Azevedo.

O texto é praticamente o mesmo do que foi divulgado após o fechamento da Bovespa, mas todas as páginas possuem uma espécie de marca ao fundo com a palavra "preliminar". O documento também mostra que alguns ajustes ainda seriam feitos, como as remissões de uma página para outra.

Ontem a Petrobras divulgou uma nota informando que constituiu comissão interna para apurar o vazamento de informações dos resultados. Um profissional de mercado disse ao Valor que recebeu o e-mail de outro profissional às 17h20. Há relatos de profissionais do mercado de que o material começou a circular a partir das 16h, duas horas antes do fechamento do pregão.

O Valor apurou que pelo menos um analista notificou a Petrobras sobre a existência do documento, enviando cópia para a área de relações com investidores no próprio dia. Na sexta, as ações ordinárias (com direito a voto) da companhia caíram 1,83% e as preferenciais (sem voto), 1,26%.

Remuneração e executivos da Merrill no Brasil

Merrill Lynch fez aposta cara no Brasil quando mercado engasgava
Antonio Regalado, The Wall Street Journal
10/03/2009

No início do ano passado, a Merrill Lynch & Co. apostou pesado no Brasil quando atraiu um ex-banqueiro de investimentos do UBS Pactual, Alexandre Bettamio, e nove outros especialistas em fusões no país, oferecendo-lhes milhões em bônus garantidos. Bettamio recebeu pelo menos US$ 7 milhões, segundo pessoas a par da questão.

Mas os banqueiros de investimentos da Merrill na América Latina, incluindo Brasil, México e Argentina, geraram receita de uns US$ 50 milhões até o fim de dezembro, enquanto criaram pelo menos US$ 100 milhões em despesas, a maioria ligada a salários, disse uma pessoa familiarizada com os resultados. A Merrill não quis comentar os números.

Embora esses valores sejam só uma gota no prejuízo total de US$ 27,6 bilhões da empresa em 2008, o revés é um raro exemplo de banqueiros de investimento que custaram a seu empregador mais do que renderam. Os bônus também mostram como a Merrill estava disposta a pagar agressivamente por talento, enquanto conduzia seu ambicioso plano de expansão fora dos Estados Unidos, num período em que já contabilizava perdas gigantescas com suas operações.

Durante o boom do mercado, os bônus pré-estabelecidos e outras mordomias eram oferecidos rotineiramente pelas firmas de Wall Street que tentavam incrementar suas operações ao redor do mundo. A Merrill não foi considerada especialmente esbanjadora, mas o pagamento em torno de US$ 3,5 bilhões em bônus durante seus últimos dias como uma empresa independente lançou uma luz nada lisonjeira sobre seu sistema de remuneração. A Merrill fez acordo para ser comprada pelo Bank of America Corp. em setembro, mas agora seus bônus, pagos em dezembro, estão sendo investigando pelo procurador-geral do Estado de Nova York, Andrew Cuomo.

Entre os executivos da Merrill intimados por Cuomo está Andrea Orcel, o principal banqueiro de investimentos da Merrill, que teve um papel crucial nas contratações brasileiras. O ex-presidente John Thain também considerava o Brasil como uma das oportunidades de crescimento mais promissoras para a empresa.

"As perspectivas de crescimento fora dos EUA na verdade são melhores do que nos EUA, e não há motivo para não lucrarmos com isso", disse Thain em janeiro de 2008.

Para atrair os dez banqueiros brasileiros, oriundos principalmente do UBS Pactual e do Credit Suisse Group, a Merrill ofereceu pagamentos garantidos, que recrutadores e pessoas a par das operações da firma acreditam estar na faixa de US$ 50 milhões a US$ 60 milhões em dinheiro e ações.

Uma porta-voz da divisão do Bank of America que inclui a Merrill disse que a empresa não comenta sobre os bônus, mas que as operações latino-americanas foram de modo geral lucrativas em 2008. "A Merrill Lynch obteve na América Latina o segundo ano mais lucrativo da sua história, e o Brasil foi o que mais contribuiu para esse feito", disse a porta-voz.

Uma chuva de subscrições para ofertas iniciais de ações ajudou a transformar São Paulo num dos mercados mais lucrativos do mundo para bancos de investimentos, em parte por causa da falta de gente talentosa. Em 2007, os salários na versão local de Wall Street, a Avenida Brigageiro Faria Lima, tinham subido de 20% a 30% mais do que cargos equivalentes em Nova York, segundo recrutadores.

A Merrill não foi a única empresa a oferecer salários polpudos no Brasil. Mas nenhum concorrente se expandiu tanto nos dias da alta do mercado. "Esses valores eram realistas para o mercado daquele momento", diz Ademar Couto, consultor de capital humano da firma de recrutamento Ray & Berndtson Group em São Paulo. "Hoje em dia, estão totalmente fora da realidade."

Segundo um memorando interno da Merrill, a "expansão de larga escala na equipe" deveria revigorar os negócios da Merrill e "prejudicar" as operações dos dois bancos suíços, que estão entre os maiores do mercado brasileiro de banco de investimentos. Nos anos 90, a Merrill tinha um papel importante no país, mas perdeu mercado quando ficou fora da onda de aberturas de capital de empresas de médio porte.

Ainda em setembro, a Merrill continuava a elogiar Bettamio e sua turma, incluindo Adriano Borges, um especialista em fusões no setor imobiliário que foi recrutado quando trabalhava no Credit Suisse. A equipe foi elogiada por Thain e o presidente do Bank of America, Kenneth Lewis, pouco depois de o banco americano, sediado em Charlotte, na Carolina do Norte, anunciar a aquisição da Merrill.

Mas a expansão das operações brasileiras da Merrill não poderia ter ocorrido num momento pior. Quando a equipe de Bettamio chegou, o mercado de abertura de capital no Brasil estava praticamente paralisado.

No fim do ano passado, a Merrill tinha perdido ainda mais brilho na região. Para todo o ano, ela caiu para a décima colocação ou pior em operações latino-americanas com dívidas, ações ou fusões e aquisições, segundo a Thomson Reuters. No Brasil, a Merrill foi responsável por apenas US$ 330 milhões em novas operações com ações, ficando em 14º lugar, com uma participação de 1,8% do mercado. Em 2007 a Merrill estava em 5º.

Também não ajudou que a Merrill teve se retirar da abertura de capital, em junho, da petrolífera OGX Petróleo e Gás Participações SA, depois que o analista de petróleo e gás da firma em Nova York desconfiou da polpuda avaliação para a empresa, de US$ 22 bilhões. Isso custou à Merrill cerca de US$ 30 milhões em comissões.

Apesar dos resultados ruins, a Merrill ainda devia milhões em bônus garantidos, o que provocou dificuldades para pagar outros executivos. Bettamio, que agora chefia as operações da Merrill no Brasil, não devolveu dinheiro nenhum de seu bônus, disseram pessoas a par da situação. Mas, depois que a Merrill cancelou as festas de fim de ano para economizar, Bettamio e outros pagaram do próprio bolso uma festa no Cafe de la Musique, um restaurante da moda em São Paulo.

O Bank of America afirmou que ainda espera que as contratações brasileiras deem o devido retorno à firma. "Contratamos a equipe com um plano de longo prazo em mente, e estamos satisfeitos porque eles estão atendendo às nossas expectativas", disse um porta-voz. "Nosso compromisso é continuar construindo nossa marca e nossa capacidade no Brasil."

(Colaborou Susanne Craig)